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14/05/2019 Gilberto Gil: “Bolsonaro me inspira a oração”

Gilberto Gil:
“Bolsonaro me inspira
a oração”
Sobre Lula, compositor diz que ex-presidente inspira compaixão: “É uma pedra
bruta, não lapidável”

BRASIL

Agência Estado 

14/05/2019 14:03 . atualizado em 14/05/2019 19:26


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“J á antes da sua eleição a presidente, eu rezava todo dia para que ele se
fizesse suficientemente compreensível para mim e para que eu pudesse
também me tornar suficientemente compreensível para ele. Para que nós
nos compatibilizássemos em nossas diferenças” (‘Amai o próximo como a
ti mesmo’).”

“Estamos com medo do futuro. Isso é inédito.”

“O Lula me inspira compaixão. É uma pedra bruta, não lapidável.”

“Figuras humanas a admirar, a reverenciar e a tomar como exemplo. Um


general como Rondon, um cientista como Einstein, um jogador como
Garrincha, um músico como João Gilberto, uma escritora como Simone de
Beauvoir, uma cantora como Beyoncé, um político como Barack Obama,
uma atriz como Fernanda Torres, uma jornalista como Renata Lo Prete, um
santo como Yogananda. Quem mais? Valha-me Deus!” 
https://www.metropoles.com/brasil/gilberto-gil-bolsonaro-me-inspira-a-oracao 1/13
14/05/2019 “A gente sabe que qualquer coisa que
Gilberto Gil: venha
“Bolsonarodeste governo
me inspira a oração” pode ter um viés

de retaliação, um viés de vingança, um viés de perseguição. No Ministério


da Educação, por exemplo, você tem atitudes nitidamente enviesadas. Mas,
no caso da Lei Rouanet, não há evidências disso. Abriram-se exceções
razoáveis, como para museus, por exemplo.”

“Informação e desinformação chegaram juntas à Internet, lucidez e


estupidez também. O Tao dá o Um. O Um dá o Dois, que dá o Três, que dá
Tudo. A velha sabedoria chinesa!”

Pois então, como o autor de A Paz, de Andar com Fé, de Tempo Rei,
de Filhos de Gandhi, de Oriente, de Super Homem, de Realce, de
Luar, de Vamos Fugir – e de tantas outras canções clássicas que
praticamente formaram gerações e gerações de brasileiros – tem
vivido estes dias de apreensão e de intolerância?

É com enorme satisfação que o blog Inconsciente Coletivo estende o


tapete persa para que Gilberto Gil, aos 76 anos, artista, aprendiz e
mestre das filosofias, ex-ministro, pudesse compartilhar
seus insights e pensamentos.

Por uma contingência das agendas, a entrevista acabou sendo feita


por escrito, o que resultou em mais qualidade, pois assim Gil teve
tempo para formular melhor as respostas. Quem ganha é o leitor,
que certamente acabará por se familiarizar com seu modo de
articular as ideias.

Gil passou por um período de repetidas internações hospitalares,


com problemas renais e cardíacos. Sai desse ciclo com a saúde em
conformidade com a idade, como relata aqui.

E com uma agenda lotada de shows de seu último trabalho, o ótimo


Ok Ok Ok, pelo Brasil afora e pelo verão europeu.

Dividimos a entrevista em quatro partes: Brasil, cultura, internet e


filosofias.

BRASIL

1 – Em Ok Ok Ok, os versos dizem “Já sei que querem a minha


opinião, como interpreto a tal, a vil situação”. Qual seria esta vil
situação?

Parece consensual a percepção de que o “espírito do tempo” se


manifesta, cada vez mais, como um “espírito de porco” (tomando
emprestada uma expressão popular pejorativa). As coisas vão de mal
a pior, a descrença e o desânimo se abatem sobre a multidão, as
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14/05/2019 soluções se transformam em novos
Gilberto problemas
Gil: “Bolsonaro mais
me inspira complexos, a
a oração”

tentação regressiva ganha cada vez mais espaço, e a queixa reverbera


altissonante.

A tarefa historicamente atribuída aos formadores de opinião


(intelectuais, comunicadores, artistas e tais), de produzirem uma
crítica consistente da situação, fica ampliada exponencialmente.
Somam-se a esses setores os milhões de anônimos, num jogo
alucinante de opiniões e contraopiniões nas redes sociais, como se
houvéssemos chegado, afinal, à “Grande Babel”.

É disso que trata, num tom pessoalmente defensivo, a letra de Ok Ok


Ok: as minhas opiniões (como as de todo mundo) seriam cada vez
mais tragadas pelo buraco negro do ruído contemporâneo, daí se
tornarem desprovidas de peso e contundência, quase irrelevantes.

Por aí falta trabalho, renda, poder aquisitivo, tudo. Opinião é o que


não falta!

2 – Que diagnóstico você faz do Brasil?

Numa civilização ainda não inteiramente voltada para as promessas


do futuro, parcialmente entregue ao anacronismo sócio-político-
econômico do passado colonial e neocolonial, tentada a embarcar
num arcaico populismo sedutor sob as bênçãos de uma democracia
vacilante, o Brasil teima em contrariar nossas expectativas de um
novo salto civilizacional. (Recomendo a audição da canção “Outros
viram”, de minha autoria com Jorge Mautner).

Esboça-se, pela primeira vez em nossa história, o temor de que a


redenção brasileira esteja lidando não apenas com mais um
adiamento, mas com o fantasma de uma terrível impossibilidade.
Estamos com medo do futuro. Isso é inédito.

3 – Qual sua visão histórica a respeito de nossa trajetória? Houve


ditadura? Há chance de haver ditadura?

Desde acontecimentos como a Empresa Brasil, resultante das


articulações das Companhia das Índias
Ocidentais/Orientais/Holandesas com as elites europeias no século
XVI, inaugurando, aqui, com a indústria da cana-de-açúcar, o que se
pode considerar como o primeiro grande momento da globalização
industrial (via escravidão), como acentua Luiz Gonzaga de Souza
Lima em seu livro “A Refundação do Brasil”; passando por vários
ciclos posteriores de tentativas de inserção do país nas
modernidades várias propostas por Europa e depois EE.UU –
incluídos, aí, para além das novas configurações da economia nos

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14/05/2019 trópicos, os arranjos institucionais de governos
Gilberto Gil: “Bolsonaro me inspira do Brasil, no
a oração”

Império, na Velha República, no Estado Novo, na República


Constitucionalista pós-II Guerra Mundial.

Chegamos à Ditadura de 1964, um arranjo institucional ensejado pela


Guerra Fria, EE.UU/URSS, como tentativa, segundo os relatos
históricos mais corriqueiros, de impedir, aqui, a implantação de uma
República Sindicalista de feição soviética.

A Constituição de 1988 inaugura um novo ciclo republicano, num


arranjo institucional que se denominou de Nova República. É o que
temos agora, veremos até quando.

As chances de voltarmos a ter uma ditadura parecem estar sujeitas, a


meu ver, mais a uma mudança de tendência internacional que
propriamente ao surgimento de um novo surto do fenômeno no
Brasil. Se as investidas autoritárias, impulsionadas pelo ativismo
conspiratório de novos grupos de ultradireita (ou de velha esquerda)
na Europa e algures, apoiados por partidos neoconservadores,
governantes populistas e ideólogos passadistas, aqui e ali, como
Steve Bannon e Olavo de Carvalho; se essas investidas se consolidam
como uma tendência irreversível no mundo, aí sim, as chances de
uma nova ditadura, por aqui, podem crescer perigosamente. Até
então, a propensão libertária da maioria do povo, as miragens
futuristas dos negócios e dos costumes, o aprendizado histórico das
Forças Armadas, o imperativo tecnológico desbravador, o imperativo
ambiental mitigador, conspiram a favor de mais e melhor
democracia, assim esperamos.

4 – O que é ser negro no Brasil?

O padrão civilizatório dominante tem sido o padrão eurocêntrico: o


homem branco da Antiga Grécia, da Roma Imperial, das várias
Europas, medievais, renascentistas e modernas se impondo ao
mundo colonizado, submetendo os povos originários de todo o
planeta ao seu modelo técnico, político, cultural e religioso. À
exceção da China, da Índia e do Oriente Médio, que garantiram, em
tempos passados, um certo protagonismo civilizatório aos seus
povos, com reflexos no mundo, quem ditou as regras do
desenvolvimento do planeta foram os brancos da Europa.

Com a emergência das Américas e da ainda hoje subestimada África,


o panorama tende a mudar. Os povos originários e os negros afro-
americanos do Norte, do Centro e do Sul do Hemisfério Oeste do
planeta passaram a ter um papel relevante na formação das novas
civilizações. Malgrado o quase extermínio indígena e a escravidão
negra, o cenário vai mudando para os povos novos (na expressão de
Darcy Ribeiro). Essa gente vai empurrando o mundo para uma
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14/05/2019 evolução social. É isso que acho
Gilbertoque é ser negro
Gil: “Bolsonaro me inspirano Brasil. Como
a oração”

prega Jorge Mautner: “Jesus de Nazaré e os Tambores do


Candomblé”.

E vai se forjando um homem “geneticamente modificado”. Novas


sementes transgênicas para lavouras humanas futuras.

É isso que é ser negro no Brasil: fazer parte desse experimento de


humanidade nova, uma vez exorcizados, em definitivo, o flagelo, o
martírio e a desumanização a que ainda é submetido.

5 – O que é ser evangélico no Brasil?

A Reforma, o ramo do cristianismo surgido do cisma luterano, tem


nos EE.UU a sua expressão mais viva: o pragmatismo existencial, o
valor econômico da vida produtiva como bem maior, a formação de
comunidades colaborativas e solidárias em torno do amor a Cristo,
um senso mais abertamente prático do aqui agora. Elementos que
ajudaram a forjar uma nação de espírito racionalista, uma nação de
envergadura técnica, atlética e artística de alto valor.

O protestantismo chega ao Brasil com esse mesmo ideário, em


especial hoje em dia, em suas novas versões pentecostais. Mas com
um problema novo, que não enfrentou nos EE.UU.

Aqui, diferentemente dos EE.UU, o protestantismo se encontra num


cenário de renhida competição com o cristianismo católico, que
chegou primeiro e de longa data associado ao poder econômico e
político, detentor de uma relação privilegiada com as vertentes
religiosas do animismo afro-ameríndio e do kardecismo.

As lideranças evangélicas brasileiras se veem tentadas a concentrar


energias na luta por espaços na política e na economia. Estabelecem
estratégias cada vez mais voltadas para a conquista de amplos
segmentos populares para a sustentação de uma ambição
hegemônica.

O potencial de conflito com as demais confissões religiosas


abraçadas por vastos setores da população ganha, assim, proporções
significativas. Opta-se por um proselitismo belicoso que ameaça a
convivência civilizada entre as várias confissões.

Esse é um aspecto, talvez o mais relevante, da situação atual dos


evangélicos no Brasil.

6 – O que é ser artista no Brasil?

https://www.metropoles.com/brasil/gilberto-gil-bolsonaro-me-inspira-a-oracao 5/13
14/05/2019 É como ser artista em qualquer
Gilbertolugar: optar
Gil: “Bolsonaro me por
inspirauma leitura
a oração”

transversal de todas as realidades ao redor. A arte é o deslocamento


permanente do concreto para o abstrato e ao revés. Fusões,
transfusões, confusões em precipitações permanentes de gestos,
palavras, cores, sons e tudo mais que faça compreender a forma.
Performar.

Aqui, no Brasil, as artes se beneficiam da amplidão do país. Vários


povos, vários climas, vários modos de expressar beleza, crueza,
dureza, vida, morte, o transgredir e o transcender. Aqui, ser artista é
projetar o que queremos ser.

7 – O que Bolsonaro te inspira?

Tudo que me coloca diante da incompreensão me inspira a oração.


Quando eu não sei o que as coisas são, eu oro, medito, peço para que
elas se revelem com clareza e adequação.

Já antes da sua eleição a presidente, eu rezava todo dia para que ele
se fizesse suficientemente compreensível para mim e para que eu
pudesse também me tornar suficientemente compreensível para ele.
Para que nós nos compatibilizássemos em nossas diferenças ( “Amai
o próximo como a ti mesmo”).

Hoje, ele continua inspirando minhas orações no mesmo sentido.

8 – O que Sergio Moro te inspira?

O Moro, desde sempre, me inspirou a contemplação do mistério.


Mais do que alguém diferente de mim, ele me inspirava como alguém
que é portador do enigma. Um certo ar permanente de interrogação,
um não deixar bem claro aonde quer chegar, o que quer dizer, o que
quer provar.

No Moro, mora um mistério!

9 – O que Lula te inspira?

O Lula me inspira compaixão. Sempre foi assim, desde que se tornou


porta-voz do homem comum, em busca de uma solidariedade
irrecusável, de uma irremediável comunhão com a trágica condição
humana, de um entregar-se ao ímpeto de soldado destemido na luta
pela quimera da emancipação.

Lula é uma pedra bruta, não lapidável.

10 – Meu pai tem brincado, dizendo que “Deus não é mais


brasileiro”…
https://www.metropoles.com/brasil/gilberto-gil-bolsonaro-me-inspira-a-oracao 6/13
14/05/2019 Acho que Deus continua a ser brasileiro.
Gilberto Gil: “BolsonaroOme
que o aseu
inspira pai talvez tenha
oração”

esquecido é que o Diabo também é!

CULTURA

11 – Que achou da extinção do Ministério da Cultura?

Como eu já havia me manifestado, não penso que seja fundamental a


existência de um Minc. É uma tradição de muitos países da Europa e
que, aqui, já se adotara. A Itália e a Inglaterra, por exemplo, têm mais
de um: um para cada setor relevante da vida cultural – Patrimônio,
Indústrias Criativas, Artes e outros. Já os EE.UU nunca tiveram um
Minc.

O essencial são as políticas públicas para o setor, sua adequação,


abrangência, eficácia e a correta localização na máquina estatal. Se
não estiverem num Minc, essas políticas devem estar em algum
lugar do governo à altura da sua importância.

12 – Sobre a reformulação da Lei Rouanet, gostaria que


comentasse a respeito. Por estes dias saiu um artigo na Folha
dizendo que os projetos culturais devem encarecer e diminuir com
esta nova diretriz.

Desde as gestões do Minc no governo Lula, ajustes na Lei de


Incentivo à Cultura são propostos. Ajustes necessários para que a lei
vá se tornando mais funcional e mais aderente ao seu propósito
original, de estimular o crescimento do investimento privado em
cultura. A gestão atual resolveu fazer adequações na lei. Os setores
culturais vêm se mobilizando para discutir a nova Lei de Incentivo
com o governo e as melhores maneiras de implementá-la. O
aperfeiçoamento do aperfeiçoamento. Esperamos que o ministro
encarregado promova a continuação do debate com os setores
implicados.

13 – A classe artística parece assustada com essas mexidas, fala-se


de uma suposta perseguição.

Por que se colocar as coisas nesses termos? Não há evidências


factuais disso.

A gente sabe que qualquer coisa que venha deste governo pode ter
um viés de retaliação, um viés de vingança, um viés de perseguição.
No Ministério da Educação, por exemplo, você tem atitudes
nitidamente enviesadas.

https://www.metropoles.com/brasil/gilberto-gil-bolsonaro-me-inspira-a-oracao 7/13
14/05/2019 Mas, no caso da Lei Rouanet, nãoGil:há
Gilberto evidências
“Bolsonaro me inspiradisso.
a oração” Abriram-se

exceções razoáveis, como para museus, por exemplo.

Há dois ou três dias, li nota do ministro dizendo em resumo que não


ia receber os setores da cultura para discutir a proposta de reforma.
Acho que é fundamental, necessário, que o ministro esteja decidido a
manter o diálogo com a classe artística, no sentido de
aperfeiçoamento da lei.

14 – Gostaria de propor uma reflexão sobre o termo “guerras


culturais” e toda uma disputa ideológica em torno da sexualidade.

As guerras culturais se dão natural e permanentemente no seio da


sociedade. Setores que querem isso e setores que querem aquilo. Os
deslocamentos vão se dando conforme o isso ou o aquilo adquiram
hegemonias parciais suficientes para impor um padrão.

Hoje, no Brasil, os setores conservadores, especialmente agora que


passam a contar, em muitos casos, com a força política dos
evangélicos, adquirem um poder considerável para propor uma
agenda que seja abraçada pelo Estado, via Executivo e Legislativo. No
caso das questões de gênero, essa disposição torna-se clara.

Entretanto, os setores progressistas encontram um certo


contraponto no Judiciário, que frequentemente tem se manifestado
solidário com as demandas da franja moderna da sociedade.

 15 – O que é ser progressista hoje?

É o que sempre foi ser progressista: um aliado aos que buscam mais
justiça social, mais igualdade de participação na distribuição da
renda obtida com a produção cada vez mais limpa da riqueza cada vez
mais baseada nos parâmetros da melhor ciência e no usufruto do
melhor conhecimento tradicional. O progressista é um aliado dos
que propugnam e trabalham pela convergência cada vez mais
harmoniosa entre as mais diversas visões de mundo.

16 – Como você se define ideologicamente?

Num pequeno fragmento de letra e música em um dos meus velhos


discos, minhas filhas Nara, Preta Maria e Maria cantam: “minha
ideologia é o nascer de cada dia e minha religião é a luz na
escuridão”. Hoje, já mais velho e mais afeito aos embates sangrentos
em que se engalfinham as mais variadas facções políticas e religiosas
mundo afora, sinto-me cada vez mais afiliado a esse sentimento.

https://www.metropoles.com/brasil/gilberto-gil-bolsonaro-me-inspira-a-oracao 8/13
14/05/2019 Como ensinava Carvaka, mestre da“Bolsonaro
Gilberto Gil: antigameescola
inspira a materialista
oração” da
filosofia indiana, tudo parece condensar-se na dimensão palpável da
matéria, e nada deveria ir além do objetivo hedonista: “boa digestão
e nenhuma consciência”.

INTERNET

17 – Em sua gestão como ministro, falava-se bastante sobre


liberdade digital. Mas outro dia li um tweet do Marcelo Rubens
Paiva que achei bastante significativo. Dizia ele, “A internet foi
festejada quando fundada como o definitivo acesso e
democratização da informação. O que ninguém contava é que
haveria também uma democratização da desinformação e da
estupidez”. Poderia comentar a respeito?

Pois é. Uma vez mais, a nossa ilusão de que uma coisa é só uma coisa
nos confunde. Não. Uma coisa é várias, no mínimo duas.

Informação e desinformação chegaram juntas à Internet, lucidez e


estupidez, também. O Tao dá o Um. O Um dá o Dois, que dá o Três,
que dá Tudo. A velha sabedoria chinesa!

18 – E aproveitando, fale um pouco sobre a “maldição do


Zuckerberg” e sobre fake news.

O Zuckerberg, menino inteligente, formado nas escolas do


Ciberespaço Ascensional, fez tudo que foi preparado para fazer: um
novo e imenso aparato tecnológico a serviço, ao mesmo tempo, da
cibernética regeneradora e do negócio enriquecedor. Ficou com os
problemas de ambos; impasses que só podem ser gradativamente
superados pelo empirismo essencial que rege todo o mundo do
empreender. Tentativa e erro, como em todo experimento novo.
Aperfeiçoamento tecnológico permanente e ajuste sociológico
constante. O jovem Zuck vem buscando respostas, junto com os
governos, a comunidade dos usuários e o setor tecnológico, para
ajustar ao melhor padrão a equação liberdade/regulação. Vamos ver
no que dá.

Fake News? Atire a primeira pedra aquele que…

FILOSOFIAS

19 – Você passou por uma série de internações. Como está sua


saúde hoje em dia?
https://www.metropoles.com/brasil/gilberto-gil-bolsonaro-me-inspira-a-oracao 9/13
14/05/2019 Submetido a exames, procedimentos cirúrgicos,
Gilberto Gil: “Bolsonaro me inspira aremédios,
oração” orações e
rituais propiciatórios, paciência de paciente, resistência e resignação
de espírito cordato, chego aos dias de hoje com a saúde em
conformidade com a idade.

20 – O que aprendeu com o tempo? Com a velhice?

Quanto mais aprendo, menos sei. Tenho que me comprazer com a


alternância natural entre o conforto do silêncio e do sono e o cansaço
da vigília e da espera.

A cada dia, uma agonia. A cada noite, um sonho.

21 – O que te dá alegria, hoje em dia?

Tocar violão e não ter alergia.

22 – Quais seus medos?

Me dá medo tudo que, ainda por vir, possa vir a me assustar.

23 – Como tem se cuidado? Como é sua rotina? Medita?

Para o corpo, tudo que é preciso: médico, dentista, oculista,


motorista; atenção com escadas, banheiros, calçadas; frutas, carnes,
legumes.

Para o espírito, livros, música, cinema, futebol, filhos, netos,


amigos.

Para a meditação, a enxurrada da existência em seu fluir, ora manso,


ora não tanto.

24 – Ainda usa maconha? Se pudesse falar sobre sua relação com


a cannabis, sobre uso recreativo e uso medicinal e se acha que
deveria ser legalizada.

Não uso mais. Enquanto usei, foi um grande aliado, especialmente


para a exploração dos meandros mais etéreos da música. Bela
ferramenta de introspecção. A leve taquicardia que causava tornou-a
proibitiva para o meu coração já mais cansado (assim como o vinho
para o meu fígado mais usado).

O uso medicinal da maconha está em franco desenvolvimento. Acho


que logo será legalizada.

25 – O que tem passado pela sua cabeça?


https://www.metropoles.com/brasil/gilberto-gil-bolsonaro-me-inspira-a-oracao 10/13
14/05/2019 Passa uma hora que chora, passa um
Gilberto Gil: dia de
“Bolsonaro mealegria; passa um
inspira a oração”

fragmento imenso de um momento congelado que não passa de um


fiapo de tempo preso ao passado, que não passa de um fio de cabelo
embaraçado no agora, já enrolado no logo mais sem cabeça.

26 – Quem são seus heróis?

 Herói é coisa de conto de fada. Mesmo que para um homem velho as


fantasias de infância continuem, numa certa medida, ocupando
espaços na alma, a fantasia do herói já não cabe no mundo estrito da
realidade. Figuras humanas a admirar, reverenciar e a tomar como
exemplo, sim; devem povoar nosso imaginário e estimular nossa
busca do bom, do belo e do justo. Heróis, propriamente, não.

27 – Poderia nomear algumas destas figuras humanas?

Um general como Rondon, um cientista como Einstein, um jogador


como Garrincha, um músico como João Gilberto, uma escritora como
Simone de Beauvoir, uma cantora como Beyoncé, um político como
Barack Obama, uma atriz como Fernanda Torres, uma jornalista
como Renata Lo Prete, um santo como Yogananda. Quem mais?
Valha-me Deus!

28 – Existiria alguma música ou poesia que traduzisse seu estado


de espírito atual?

A Gal cantando Caymmi na abertura da novela “Porto dos Milagres”,


que eu tenho visto todos esses últimos dias.

Agenda de shows Ok Ok Ok

Maio:

 18 – Brumadinho / MG
Festival Meca Inhotim

Junho:

 06 – Joao Pessoa / PB


Teatro Pedra do Reino

08 – Recife / PE
Teatro Guararapes

15 – Rio de Janeiro/ RJ


Vivo Rio

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14/05/2019 22 – São Paulo / SP Gilberto Gil: “Bolsonaro me inspira a oração”

Tom Brasil

Julho:

 05 – Viena / Austria


Viena State Opera

07 – Londres / UK
Sherpherds Bush

08 – Barcelona / Espanha


Festival Pedralbes

10 – Copenhagen / Dinamarca


DR Koncerthuset – Copenhagen Jazz Festival

12 – Rotterdam / Holanda


North Sea Jazz Festival

14 – Berlin / Alemanha


Haus der Kulturen der Welt

19 – Lisboa / Portugal


Centro Cultural de Belem

 22 – Munique / Alemanha


Bayerischer Hof

24 – Antuerpia / Belgica


Openluchttheater

26 – Barcelonnette / França


Festival Les Enfants du Jazz

27 – Vence / França


Festival Les Nuits du Sua

30 – Saint Moritz / Suica


festival de Jazz de Saint Moritz

Agosto:

01 – Verbier / Suiça


Salle dês Combins – Festival de Verbier

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14/05/2019 03 – Paimpol / França Gilberto Gil: “Bolsonaro me inspira a oração”

Festival du chant de marin de Paimpol

05 – Marciac / França


Festival Jazz in Marciac

07 – Karlsruhe / Alemanha


Zeltfestival

11 – Hamburg / Alemanha


Elbphilharmonie

13 – Oslo / Noruega


Concert House – Oslo Jazz Festival

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