Hoje transamos melhor o frio da Suécia mas acostumar mesmo a gente não
acostuma. Nos fins de setembro, começo de outuvro, a gente olha pro céu e vê os
bandos de pássaros voando para o Sul e dá vontade de gritar não apenas abaixo a
ditadura mas sim: abaixo a ditadura urgentemente.
A luta é pela anistia ampla, geral e irrestrita mas que puder ir voltando, ir
saindo da cadeia não deve vacilar pois é sempre uma vitória parcial.
Vitória mesmo só haverá quando saírem todos da cadeia e voltarem todos.
Mas nem por isso nimguém deve ficar na cadeia até que se liberte o último.
As pessoas que possam dar testemunhos, fazer palestras sobre a anistia,
depoimentos sobre tortura são importantíssimas do lado de fora da cadia,
do lade de dentro do Brasil.
Muitos elementos dessa estória [que ele acabou de contar] estão no nosso
cotidiano: falta o passaporte, falta a passegem de bolta. Mas quase todos
estamos querendo voltar num carnaval, qe não precisa ser aquele carnaval
de quatro dias, mas o carnaval da democracia. Quase todos estamos
atravessando aquele que pode ser o último inverno europeu de nosso
exílio e quase todos, isto é muito importante, pensamos que a anistia não é
uma concessãoo mas si alfo que depende muito de nossa capacidade de
luta.
É importante que a anistia, creio, não seja apenas uma lei que permita a saída da
cadeia, a volta à terra. É importante também romper esse bloqueio profissional
que se criou no País, somente porque as pessoas discordavam e discordam da
ditadura militar.
Não tenham dúvida que lutando por isso estejam lutando por algo que nos toca
profundamente. E mesmo se equecemos o lado humano, que para quem não é
tecnocrata tem um grande peso, a gente vê logo que está diante de um problema
de interesse nacional. São mais de dez mil pessoas uqe já tinham uma formação
profissional ou se encaminhavam para isso e que dispuseram de uma chance
inédita: a formação quase que maciça nas melhores universidades europeias,
norte e latino-americanas e agora estão ansiosas para voltar ao Brasil e
contribuir com uma futura sociedade democrática.
Conhecemos suecos, alemães, franceses, italianos, hoklandeses, ingleses (...) que
não só se aproximaram de nós como em muitos casos chegaram a estudar a
História do Brasil contemporâneo para melhor fazer campanha da anistia. Houve
alguns que inclusive aprenderam o portuguêsns, trabalhando hoje rapidamente
na traduçãoo para sesu idicomas de nossos comunicados. Que festa não vamos
preparar para eles quando chegar o dia! Mas solhamos um pouco para o futuro
vemos que todo esse trabalho montado aqui não vai se limitar apenas à anistia.
Como nossa vola ao Brasil deixaremos montados inúmeros embriões de
associações culturais , enfim organismos de amizade com o povo daqui, não
apenas co, os governos. E as entidades que se interessarem pelo Brasil no
período que imensas possibilidades não ficarão abertas com nossa presença no
Brasil, estabelecendo vínculos diretos entre nosso País e elas? A luta pela anistia
favoreceu nosso encontro com o mundo. Umas das coisas que mais sonho é ver
uma escola de samba desfilando pelas ruas de Havana. Vai ser incrível a a
quentidade de cubano deixando tudo para trás e caindo no samba. (...) O mundo
inteiro sabe que existe uma esquerda noo Brasil. O mundo inteiro sabe que parte
dessa esquerda está na cadeia e no exílio. O mundo inteiro só vai acreditar que a
democracia começou quando ouvir a notícia da anistia ampla, geral e irrestrita.
Outro dia uma amigo sueco dizia sobre nós algo que me orgulho muito:
“os brasileiros, em certos momentos, me ensianaram algo que era difícil
compreender com minha formação protestante: a gente pode fazer política e ser
feliz ao mesmo tempo.”
´e isso aí. Abraçø em todos que perguntarem por mim. Como na música, diz que
vou levando e diz mais, repetindo um jornalista amigo meu: aqui a gente vive
muito pior do que merece mas muito melhor do que a ditadutra desejaria que a
gente vivesse.