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O DESCARTE INADEQUADO DE PILHAS E BATERIAS

USADAS E OS IMPACTOS SÓCIO-AMBIENTAIS PROVOCADOS


PELA AÇÃO DO CONSUMIDOR

THE IMPROPER DISPOSAL OF USED BATTERIES AND THE


SOCIOENVIRONMENTAL IMPACTS CAUSED BY THE CONSUMER’S ACTS

Melk Barbosa Marques


Graduado em Química pela Universidade do Estado do Amapá – UEAP e professor de ensino médio
da rede pública.
melkbarbosa35@hotmail.com

Elenia Baker da Cunha


Especialista, mestre e doutoranda em Administração.
prof.elenia@yahoo.com.br

RESUMO

O presente artigo objetiva ressaltar aspectos relacionados ao contexto histórico da origem das pilhas e
baterias, assim como suas aplicações e o impacto que pode ocorrer devido sua utilização e descarte incorreto.
Pretende-se apresentar a toxicidade dos metais pesados e as consequências da exposição do ser humano e do
meio ambiente a estes metais. Foram abordados aspectos da legislação brasileira sobre pilhas e baterias,
medidas de conscientização, e a implementação do sistema de logística reversa de forma integrada e
estratégica. Desta forma, é possível criar um sincronismo entre todos os subsistemas organizacionais
(produtor/consumidor/produtor). Neste sentido, o trabalho mostra a importância dos fabricantes
disponibilizarem locais apropriados para coleta de pilhas e baterias de modo que tenham uma destinação final
adequada. Não se pode isentar os fabricantes da sua responsabilidade pelos procedimentos de reutilização,
reciclagem, tratamento e/ou disposição final ambientalmente adequada tais produtos, conforme definido nas
leis específicas para estes processos.

Palavras-chave : Pilhas e baterias. Impacto ambiental. Legislação. Logística Reversa.


O descarte inadequado de pilhas e baterias usadas e os impactos socioambientais

ABSTRACT

The present article aims at emphasizing aspects related to the historical context of the origin of batteries as
well as its applications and the impact that may occur due to its use and improper disposal. It is intended to
present the toxicity of heavy metals and the consequences of human and environment exposure to these
metals. Issues of Brazilian legislation on batteries, awareness measures and the implementation of reverse
logistic were addressed in an integrated and strategic way. In this way, it is possible to create a synchronism
between all organizational subsystems (producer/consumer/producer). In this sense, the study shows the
importance of manufacturers to provide appropriate locations for collection of batteries so that they have a
better final destination. Manufacturers cannot be exempted from their product liability for reusing procedures,
recycling, treatment and/or final disposal environmentally appropriate for such products, as defined in the
specific laws to these processes.

Key words: Batteries. Environmental impact. Legislation. Reverse Logistics.

Caderno Meio Ambiente e Sustentabilidade | vol.2 n.2 | jan/jun 2013


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INTRODUÇÃO

A indústria eletrônica tem investido fortemente em novas tecnologias que


surpreendam o mundo, de maneira que estas se tornem necessárias para o homem e seu
cotidiano, cada vez mais conectado.
Em um curto período de tempo surgem equipamentos eletrônicos com novas
funções, novos designers, e até mesmo novos equipamentos que revolucionam o mercado.
Tanta tecnologia não conseguiu, ainda, condicionar a vida de um aparelho por um curto
período de tempo sem uma fonte renovável, deixando de usar baterias e pilhas como fonte
geradora de energia para esses produtos.
Tais evidências tornam as baterias e pilhas indispensáveis para os dias de hoje, cada
vez mais os equipamentos necessitam de uma fonte móvel de energia. É raro encontrar
alguém que não utilize um computador portátil, celular ou relógio, e com o número de
consumidores crescendo a cada ano, tornam-se evidentes as limitações destas fontes. Os
problemas mais comuns destes aparelhos são os curtos períodos de tempo que as baterias
mantêm carga, o fato de que as baterias perdem gradualmente a capacidade de recarga e a
dificuldade na hora do descarte, pois possuem materiais nocivos ao meio ambiente.
Objetivando-se atender as necessidades dos inúmeros equipamentos existentes no
mercado, as indústrias fabricantes comercializam, ao mesmo tempo, vários tipos de baterias
e pilhas com intuito de atender tais necessidades. Porém, observa-se atualmente a utilização
de alguns materiais alternativos, mas a produção em larga escala ainda é baseada nos
modelos tradicionais. O custo mais elevado, a disponibilidade de materiais mais nobres para
a fabricação de baterias mais modernas e eficientes, o preço final para o consumidor
parecem ser barreiras, além de falta de incentivo financeiro ao desenvolvimento de
tecnologias alternativas.
Nesse contexto, é importante conciliar o estudo do descarte desses produtos e os
possíveis impactos ambientais e sociais, que possam ocasionar danos ao meio ambiente e a
saúde da população.

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Concernente ao exposto pretende-se abordar, objetivamente, o funcionamento das


pilhas e baterias que mais frequentemente são comercializadas. Por outro lado, dado que
alguns desses produtos disponíveis no mercado se utilizam de materiais tóxicos, e levando
em consideração que muitos países, inclusive o Brasil, necessitam de estudos na área
mencionada, devido aos riscos à saúde humana e ao meio ambiente que estes sistemas
eletroquímicos apresentam, justifica-se o desenvolvimento de tal pesquisa que corrobore
para o crescimento de informações que possam nortear a sociedade e aos produtores,
sempre que possível.
Os métodos de obtenção determinados para elaboração do presente artigo foram
definidos por meio de cinco etapas:
1ª Etapa: Estudo de referências para embasamento.
2ª Etapa: Levantamento de dados sobre impactos difusos, tendo em vista, o artigo
não abordar um local específico impactado pela ação do consumidor.
3ª Etapa: Análise biológica referenciada dos metais pesados no organismo.
4ª Etapa: Avaliação do gerenciamento de algumas empresas produtoras de pilhas e
baterias.
5ª Etapa: Consulta às normas regulamentadoras sobre o descarte e destinação de
tais produtos.
Embora o homem conhecesse a eletricidade desde a Grécia antiga, seu
aproveitamento, e o conhecimento de sua natureza, só começaram a surgir a partir do fim
do século XVIII. Nessa época, a eletricidade era produzida por fricção (eletricidade estática),
não se conhecia ainda a corrente elétrica tal como nos dias de hoje.
Foi Alessandro Volta (1745-1827) quem inventou a bateria elétrica, conhecida como
pilha de Volta (Figura 1), baseado em estudos feitos por Luigi Galvani (1737-1798), professor
de anatomia da Universidade de Bolonha, Itália.
Numa de suas experiências, Galvani pendurou uma rã pelas pernas utilizando
ganchos de cobre, presos a um suporte de ferro. Devido à brisa, as pernas da rã balançavam

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e Galvani notou que, quando tocavam o suporte de ferro, elas se contraíam. Ele atribuiu as
contrações a uma corrente elétrica produzida pela própria rã.
Volta tinha dúvidas quanto a essa explicação. Sua ideia era a de que a corrente
elétrica poderia estar sendo produzida pelo contato entre os líquidos biológicos da rã e dois
metais diferentes. Assim começou a investigar essa possibilidade.
O dispositivo criado por Volta consistia em um pilha de discos de zinco intercalados
com discos de prata e separados por papel umedecido com solução de ácido. Com uma pilha
de 60 discos, uma pessoa poderia sentir um choque elétrico quando tocava as duas
extremidades da pilha. Pela primeira vez, se constatava a produção espontânea de
eletricidade (sem fricção). Volta, porém, não associou a produção de corrente elétrica com a
ocorrência de transformação química. Foi Hamphry Davy (1778-1829) que, ao estudar os
experimentos de Volta, sugeriu que a eletricidade poderia resultar de uma transformação
química.

Figura 1: Pilha de Volta

Algumas décadas depois, é inventada em 1866, pelo francês George Leclanché


(Figura 2), a ideia da pilha que daria lugar a pilha seca dos dias atuais. Este modelo consiste
numa solução aquosa de cloreto de amônio, sendo o elétrodo positivo constituído por uma
barra de grafite colocado dentro de um vaso poroso contendo no seu interior uma massa
formada por uma mistura de pó de carvão e dióxido de magnésio.

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O elétrodo negativo é uma vareta de zinco.

Figura 2: Pilha de Leclanché

As atuais pilhas secas são constituídas por um invólucro de zinco - o ânodo, e um


eletrodo central de grafite envolto por uma pasta de dióxido de manganês - o cátodo. A
volta do dióxido de manganês encontra-se o eletrólito formado por uma pasta de cloreto de
amônio e cloreto de zinco em gel. O nome de pilha seca advém do fato de antes da
descoberta de Leclanché as pilhas utilizavam recipientes com soluções aquosas, como a
pilha de Daniell (Figura XXX).

Figura 3: Pilha de Daniell

Desde a descoberta do invento que mudaria a concepção de fonte de energia em


pequena escala até contemporaneidade muitos outros modelos surgiram visando um melhor
desempenho, melhores características e adaptação às necessidades emergentes.

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O primeiro acumulador de todos foi inventado por Gaston Planté em 1860 (Figura 4).
O experimento consistia em duas placas de chumbo, chamadas de eletrodo, mergulhadas
num eletrólito de ácido sulfúrico diluído (curiosamente esta estrutura ainda é utilizada nos
nossos dias). Após alguns anos Thomas Edison inventa o acumulador de niquel-ferro (NiFe) -
os metais dos eletrodos, recorrendo a uma solução de hidróxido de potássio para o
eletrólito. Uma variante deste ultima é o acumulador de niquel-cádmio (NiCad).

Figura 4: Bateria/acumulador de Gaston Planté

A resolução CONAMA 401/08 define bateria como acumuladores recarregáveis ou


conjuntos de pilhas, interligados em série ou em paralelo, e pilhas como sendo geradores
eletroquímicos de energia elétrica, mediante conversão de energia química, podendo ser do
tipo primária (não recarregável) ou secundária (recarregável). Segundo Usberco e Salvador
(1999), pilhas e baterias são dispositivos nos quais uma reação espontânea de óxido-redução
produz corrente elétrica.
É importante destacar que as duas tem a mesma finalidade, a produção de corrente
elétrica para abastecimento de alguma fonte ou produto, contudo, suas características, seu
funcionamento e sua composição se diferem muito.
Existem dois tipos básicos de pilhas secas: as primárias (não-recarregáveis) e as
secundárias ou acumulador, conhecidas como bateria. As pilhas primárias são aquelas que
devem ser descartadas, uma vez descarregadas. Nesse tipo de pilhas as reações químicas são
irreversíveis, pois a reação química acaba por destruir um dos eletrodos, normalmente o
negativo.
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Nas pilhas secundárias, as reações químicas são reversíveis, possibilitando o seu


recarregamento (BRENNIMAN, 1994). Para que isto aconteça uma corrente elétrica, oriunda
de uma fonte externa (carregador) deve passar pela pilha, fazendo com que esta retorne a
sua condição inicial. Cada bateria recarregável substitui centenas de baterias primárias,
levando a um custo final menor.
Wolf e Conceição (2003) relatam que as pilhas de uso geral são compostas de zinco,
manganês, aço, carbono, cloretos e água. Sendo que o zinco, o manganês e o aço podem ser
reciclados e o carbono apenas reutilizado.
As pilhas e baterias mais comercializadas são as não recarregáveis de zinco-carbono,
com baixos teores de mercúrio. São aquelas pequenas, que se usa no controle remoto ou no
relógio de parede. As recarregáveis do tipo níquel-cádmio, assim como as baterias de carros,
são de alto risco tóxico.
Esses elementos são mini usinas portáteis que transformam energia química em
energia elétrica, composta de eletrodos, eletrólitos e outros materiais que são adicionados
para controlar ou conter as reações químicas dentro dela (RUSSEL, 1981; LYZNICKI et al.,
1994).
Os eletrólitos podem ser ácidos ou básicos, de acordo com o tipo de pilha. Em
contramão, os eletrodos são constituídos de uma variedade de metais, potencialmente
perigosos, que são os metais pesados (chumbo, níquel, cádmio, mercúrio, cobre, zinco,
manganês e prata), responsáveis pelos danos causados ao meio ambiente e à saúde
humana.
Brenniman (1994) afirma que a distinção técnica entre pilhas e baterias é o fato de a
pilha representar a unidade mais simples, ou seja, unidade mínima. Sendo constituída de um
ânodo (polo negativo) e um cátodo (polo positivo), mergulhados no eletrólito que facilita a
reação química entre os dois eletrodos, já a bateria é um conjunto de pilhas interligadas
convenientemente, composta por cátodos e ânodos múltiplos.
Esses produtos podem apresentar formas cilíndricas, retangulares, na forma de
botões, conforme sua finalidade. Sendo classificadas conforme seus sistemas químicos.
(FIRJAN et al., 2000).
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Pilhas e baterias possuem categorias úmidas (wet cell battery) e secas (dry cell
battery). As baterias de chumbo-ácido são as baterias úmidas mais comuns e era inicialmente
usado somente em automóveis, nelas o eletrólito é um líquido. As baterias ou pilhas
domésticas, ou não automotivas, são as pilhas e baterias secas. (FISHBEIN,1998; SLABAUGH
& PARSONS, 1983). O eletrólito, nesse tipo de dispositivo, apresenta-se na forma de pasta,
gel ou outra matriz sólida. (LYZNICKI et al., 1990; MENDES & SILVA, 1994).
Nesta última década constatou-se uma proliferação significativa de aparelhos
eletroeletrônicos portáteis, tais como: celulares, câmeras fotográficas, filmadoras,
computadores, barbeadores, lanternas, brinquedos, jogos, relógios, ferramentas elétricas,
agendas eletrônicas, walkie-talkies, aparelhos de som, instrumentos de medição e aferição,
equipamentos médicos, etc.
Em consequência, aumentou consideravelmente a demanda por pilhas e baterias
cada vez mais compactas, mais leves e de melhor desempenho. A compreensão dos
princípios de funcionamento e das composições dessa grande variedade de pilhas e baterias
existentes no mercado legal brasileiro se faz necessário, tendo em vista que tais
componentes podem afetar diretamente a vida da sociedade.
Apresentam-se em diversos tamanhos e formatos: cilíndricas, retangulares e,
principalmente, de botões. Pesam cerca de 2,5g, sendo 30% do seu peso total constituído por
mercúrio inorgânico e, contém alto teor energético por unidade de peso ou volume, devido a
quantidade substancial de oxigênio. Apresentam vantagens como: vida longa, alta
densidade de energia, boa estabilidade e liberação instantânea de grande intensidade de
energia.
Basta a presença de uma única pilha de mercúrio, em seis toneladas de resíduos,
para ultrapassar o limite do teor de mercúrio no resíduo sólido urbano permitido por lei.
Parte desse elemento contido nas baterias apresenta-se sob sua forma mais tóxica, o
metilmercúrio. Por isso, devem ser coletadas, tratadas e dispostas adequadamente.
Com área abrangente de utilização, podem dispor-se por duas classes: (1) baterias
abertas - grandes unidades e (2) baterias de níquel-cádmio recarregáveis, portáteis, lacradas,
de gás comprimido, fabricadas nos formatos de botão e cilíndrico. É importante ressaltar
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que a porcentagem de cádmio presente nestes tipos de baterias é menor do que a do níquel,
pois representa cerca de 15% do peso total.
Funcionam em condições extremas de temperatura e possuem excelentes
características técnicas. São mais eficientes e seguras, não necessitam de manutenção, são
mais baratas do que as de hidreto metálico/óxido de níquel (Ni-MH) e que as de íons lítio (Li-
íon), mas são afetadas por corrente, tempo de carga, temperatura, tempo de uso e outros
fatores.
Apresentam vantagens como: longa vida útil e são extremamente econômicas.
Porém, podem explodir, se houver aumento de pressão em seu interior, resultando em
sobrecarga, curto-circuito ou carga reversa, devido ao uso inadequado. Quando exauridas,
transformam-se em resíduos perigosos, devendo ser segregadas, armazenadas, tratadas e
dispostas adequadamente, mas apenas parte das baterias de celular é coletada. (REIDLER,
2010; GÜNTHER, 1998).
Apresentam formato cilíndrico e prismático, seus materiais ativos são o chumbo
metálico e o monóxido de chumbo. Têm aplicações semelhantes às de níquel-cádmio e,
apesar de menor eficiência, apresentam a vantagem do baixo custo. Contudo, apesar de seu
baixo custo, o chumbo é tão prejudicial quanto o cádmio, do ponto de vista sanitário e
ambiental. Quando esgotadas, devem ser segregadas, armazenadas, tratadas e dispostas
adequadamente.
No Brasil, os métodos desenvolvidos para a reciclagem das pilhas ainda são
escassos, por isso, em sua maioria, são utilizados os sistemas de coletas e armazenamento
em blocos de concreto fechados.
A definição técnica para metais pesados é a de elementos químicos com densidade
acima de 4 ou 5 g/cm3 e que podem causar danos ao meio ambiente. (ALLOWAY, 1990;
WOLFF & CONCEIÇÃO, 2003). Alguns dos principais metais pesados presentes na
composição de pilhas e baterias estão listados.

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1. Cádmio (Cd): dividido em fragmentos finos, o cádmio é moderadamente


inflamável e explosivo, pois o contato com agentes oxidantes pode provocar incêndio ou
explosão. Determinados compostos do cádmio, principalmente o clorato e o bromato,
podem explodir sob a ação do calor, por choque ou por contato com produtos redutores
(MERCK, 2002).
2. Chumbo (Pb): o chumbo é uma massa sólida, não apresentando riscos, se
armazenado e estocado adequadamente. Entretanto, o dano está baseado na inalação d o pó
ou emissões de gases, possíveis durante a obtenção de chumbo metálico ou de reações
químicas. Por outro lado, certos compostos de chumbo, como o clorato e o bicromato,
podem explodir sob a ação de calor, de choque, ou por contato com produtos redutores
(MERCK, 2002).
3. Cobalto (Co): é um metal estável; não há riscos, se armazenado
adequadamente (MERCK, 2002).
4. Cromo (Cr): o metal finamente dividido oferece perigo de incêndio. Apresenta
incompatibilidade química com carbonatos, bases fortes e ácidos minerais. Todos os
compostos de cromo devem ser considerados como altamente tóxicos e poluentes. (MERCK,
2002).
5. Lítio (Li): reage violentamente com a água, liberando gás hidrogênio (H2).
Altamente inflamável, causa queimaduras em contato com a pele e os olhos. O lítio deve ser
manuseado em condições especiais, por ser um metal muito corrosivo. O armazenamento
do lítio metálico deve ser feito em frasco de vidro contendo líquido inerte, em ausência de
água e de oxigênio (MERCK, 2002).
6. Manganês (Mn): no manuseio e armazenamento, devem ser evitadas as
seguintes condições: calor, chama e fontes de centelha. Apresenta incompatibilidade com
água, ácidos fortes, fósforo e agentes oxidantes fortes (MERCK, 2002).
7. Mercúrio (Hg): provoca envenenamento por vapores tóxicos, especialmente
quando aquecido (MERCK, 2002).

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Todos os tipos de pilhas e baterias encontrados contêm mercúrio, com exceção das
baterias de Lítio (Li). O mercúrio está presente nelas em quantidades variadas, dependendo
das necessidades do sistema. A função do mercúrio, nas pilhas que não o utilizam como
eletrodo, é de armazenar as impurezas contidas em suas matérias primas, as quais geram
gases que podem prejudicar seu desempenho e segurança.
Este metal funciona como elemento passivo de inibição, controlando reações
indesejáveis e aumentando seu desempenho. Sem o mercúrio, a pilha enche-se de ar,
podendo causar vazamento ou, até mesmo, explosão (ABINEE, 1994; BYD, 2001; NEMA, 1996;
ATSDR, 2002; ENVIRONMENT CANADÁ, 1991; U.S. EPA, 2002; CONAMA, 1999).
8. Níquel (Ni): estável na forma compacta. O metal pulverizado e os fumos de Ni
podem inflamar-se espontaneamente. Incompatível com alumínio, cloreto de alumínio, p-
dioxinas, hidrogênio, metanol, não metais, oxidantes e compostos de enxofre. Reage
violenta ou explosivamente com anilina, sulfeto de hidrogênio, solventes inflamáveis,
hidrazina e pós metálicos (especialmente zinco, alumínio e magnésio). (MERCK, 2002).
9. Prata (Ag): os sais de prata são incompatíveis com ácidos fortes e bases fortes.
(MERCK, 2002).
10. Zinco (Zn): o zinco puro é atóxico, mas os gases liberados pelo aquecimento
do metal, ou por reações químicas, podem irritar as vias respiratórias, se inalados . (MERCK,
2002).
Quando expostos aos metais pesados, encontrados nas pilhas e baterias, o homem e
o meio ambiente sofrem com as consequências. A disponibilidade e a toxicidade de um metal
estão relacionadas com vários fatores como: a forma química em que o metal se apresenta
no ambiente; as vias de introdução do metal no organismo; a sua biotransforma ção em
subprodutos tóxicos; a emissão para o ambiente até o aparecimento dos sintomas da
intoxicação.
Na natureza, uma pilha pode levar séculos para se decompor. Os metais pesados,
porém, podem demorar milhões de anos para perderem suas propriedades tóxica s. Em
contato com a umidade, água, calor ou outras substâncias químicas, os componentes tóxicos

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vazam e contaminam tudo por onde passam, podendo provocar impactos irreparáveis no
solo, na água, nas plantas, nos animais e, principalmente, no homem.
Dentre os mais de 118 elementos químicos conhecidos atualmente, 84 são metais.
Enfatiza-se, então, que as possibilidades de contaminação ambiental por metais sejam
numerosas. Sua ocorrência natural, porém, não deve ser considerada como perigosa, pois
faz parte do equilíbrio dos ecossistemas.
Alguns metais, apesar de sua toxicidade, ocorrem na natureza de maneira escassa
ou são insolúveis, não oferecendo ameaça real à saúde pública e ao ambiente. Entretanto,
atualmente, devido a fontes antropogênicas, verifica-se um grande aumento na circulação
de metais no solo, na água e no ar e seu acúmulo na cadeia alimentar. A mobilidade de um
metal varia com o grau de turbulência do meio aéreo e aquático.
Tais metais, quando dispostos no meio ambiente, estão sujeitos a fenômenos de
deposição, ou seja, sedimentação gravitacional, a precipitação, a impactação, a adsorção e
troca química. O comportamento desses elementos em águas naturais é diretamente
influenciado pela quantidade e qualidade do material em suspensão presente. Uma parte
dos metais é adsorvida aos sólidos em suspensão, originando-se uma fase particulada e uma
fase dissolvida do metal.
As reações entre essas duas fases podem ser de natureza iônica, física ou química,
ocorrendo normalmente uma combinação dessas três formas. A relação entre as fases
dissolvida e particulada do sistema é, basicamente, determinada por fatores como: tipo de
partícula, pH, grau de solubilidade da substância química e presença de outros compostos.
Se introduzidos no meio aquático por lixiviação e no meio aéreo por gases de incineração, os
metais pesados são redistribuídos através dos ciclos geológico (ação temporal) e biológico.
O ciclo biológico inclui a bioconcentração em plantas e animais e a incorporação na
cadeia alimentar, principalmente, por meio da água e do solo.
A destruição de espécies naturais do ecossistema pode ser causada por
determinados compostos metálicos, podendo ocorrer uma seleção dos organismos capazes
de sobreviver à ação dessas substâncias. Muitas plantas e animais desenvolvem tolerância
para um particular metal em excesso, que acaba sendo utilizado para seu desenvolvimento
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normal, podendo causar um problema ambiental ao transferir o metal acumulado a


organismos mais suscetíveis ao seu efeito, por meio da cadeia alimentar. (FIRJAN, 2000;
GÜNTHER, 1998).
Nas águas os contaminantes são expostos a diversas transformações químicas e
bioquímicas, podendo afetar sua disponibilidade biológica ou de toxicidade, de modo a
aumentá-las ou diminuí-las, como supracitado.
Aproximadamente cada bateria ou pilha depositada de forma errada no meio
ambiente contamina uma área de cerca de um metro quadrado. Portanto, o dano ambiental
pode ser ainda maior dependendo da quantidade de pilhas e baterias jogadas nos lixões
(ROA, 2009). A dissolução de metais pesados que seja despejado em aterros sanitários
impróprios contamina lençóis freáticos e o ambiente local. (ROA, 2009).
Pilhas e baterias comuns podem ser descartadas no lixo doméstico de acor do com a
determinação do Conama. A situação é diferente quando o assunto são as baterias de
celular, automotivas e as industriais que não podem ser dispostas em lixo comum, mas esses
produtos acabam sendo depositados em aterros sanitários, onde só poderiam s er
descartados se houvesse o tratamento correto do chorume (substância líquida encontrada
em lixões), que contaminado com metais pesados agrava ainda mais a contaminação da
terra e dos lençóis freáticos. (ROA, 2009).
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica - Abinee, as
pilhas de uso doméstico provenientes de suas quatro associadas (detentoras das marcas
Duracell, Energizer, Eveready, Panasonic, Rayovac e Varta) estão livres de metais pesados
(como cádmio e mercúrio) e por essa razão podem ser depositadas no lixo domiciliar. No
entanto, 33% das pilhas disponíveis no mercado são "piratas", oferecendo risco ao meio
ambiente e à saúde das pessoas.
O interesse no comportamento dos metais pesados é motivado, principalmente,
pelos efeitos biológicos que podem causar. A maioria desses elementos é essencial ao bom
funcionamento dos organismos vivos, na forma de traços, mas potencialmente tóxicos a
todo tipo de vida, quando em concentrações elevadas ou em determinadas combinações
químicas.
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Por suas propriedades tóxicas e bioacumulação, os metais pesados presentes nos


produtos em questão merecem atenção especial, pois os danos acarretados ao ambiente e
aos seres vivos são graves e muitas vezes irreversíveis. Sinergismo e antagonismo dos efeitos
tóxicos são mecanismos que podem ocorrer entre os metais.
Se um elemento potencialmente tóxico é absorvido pelo organismo humano, em
concentrações elevadas, pode causar danos à sua estrutura, penetrando nas células e
alterando seu funcionamento normal, com inibição das atividades enzimáticas. Em alguns
casos, os sintomas da intoxicação só serão observados em Iongo prazo, pois vários serão os
fatores interferentes nos efeitos negativos causados por esses elementos. (SNAM, 1992;
FIRJAN, 2000).
O nível tóxico de um determinado metal, assim como sua disponibilidade
(capacidade de interação de um contaminante com um sistema biológico), está relacionada a
vários fatores, tais como: forma química em que o metal encontra-se no ambiente, sua
capacidade de biotransformação em subprodutos mais ou menos tóxicos, vias de introdução
do metal no organismo humano. Sendo que, as principais vias de introdução no organismo
são pelo ar inalado, por via oral ou por via dérmica.
Grande parte dos metais pesados afeta múltiplos sistemas orgânicos, sendo que os
alvos da toxicidade são os processos bioquímicos específicos (enzimas) e/ou membranas de
células e organelas.
O efeito tóxico do metal envolve, geralmente, uma interação entre o íon metálico
livre e o alvo toxicológico. Fatores exógenos como: interação e exposição concorrente com
outros metais tóxicos, idade, hábitos alimentares, estilo de vida, consumo de álcool e fumo
entre outros, podem influenciar, direta ou indiretamente, a toxicidade dos metais para o
indivíduo. Por outro lado, os metais essenciais ao organismo podem alterar metabolicamente
a toxicidade, por interação ao nível celular. (FIRJAN, 2000; Goyer, 1986).
Tais fatores colocam podem colocar em risco a vida da população que fizer uso
desses recursos, direta e indiretamente, pois a toxicidade desses metais não se dissemina na
cadeia alimentar, nem na perpetuação das espécies.

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Outros fatores como poeiras e fumos contendo metais pesados, podem penetrar o
organismo pelo aparelho respiratório, porém a distribuição, deposição, retenção e absorção
no organismo dependem das propriedades físico-químicas do material inalado. (WOLFF &
CONCEIÇÃO, 2003).
Os metais pesados presentes nesses acumuladores elétricos possuem alto poder de
disseminação e uma capacidade surpreendente de acumular-se no corpo humano e em todos
os organismos vivos, que são incapazes de metabolizá-los ou eliminá-los. Por isso, são tão
perigosos para a saúde dos seres vivos.
O Quadro 1 apresenta os principais efeitos à saúde devido a alguns metais presentes
nas pilhas e baterias estudadas.
Quadro 1: Principais efeitos à saúde devido a alguns metais presentes nas pilhas e baterias estudadas

PRINCIPAIS EFEITOS À SAÚDE PRINCIPAIS EFEITOS À SAÚDE


 Câncer  Disfunção cerebral e do Sistema Neurológico
Cd  Disfunções digestivas Mn  Disfunções renais, hepáticas e respiratórias.
(*)  Problemas pulmonares e no Sistema  Teratogênico
Respiratório
 Anemia  Congestão, inapetência, indigestão.
 Disfunção renal  Dermatite
 Dores abdominais (cólica, espasmo,  Distúrbios gastrintestinais (com hemorragia)
rigidez).  Elevação da pressão arterial
Pb(*) Hg
 Encefalopatia (sonolência, distúrbios  Inflamações na boca e lesões no aparelho
metais, (*) digestivo
convulsão, coma).  Lesões renais
 Neurite periférica (paralisia)  Distúrbios neurológicos e lesões cerebrais
 Problemas pulmonares  Teratogênico, mutagênico e possível
 Teratogênico carcinogênico.
 Lesões pulmonares e no Sistema  Câncer
Respiratório  Lesões no Sistema Respiratório
Co  Distúrbios hematológicos Ni  Distúrbios gastrintestinais
 Possível carcinogênico humano  Alterações no Sistema Imunológico
 Lesões e irritações na pele  Dermatites
 Distúrbios gastrintestinais  Teratogênico, genotóxico e mutagênico.
 Efeitos cardíacos
 Câncer do aparelho respiratório  Argíria (descoloração da pele e outros tecidos)
Cr (*)  Lesões nasais e perfuração do septo e na  Dores estomacais e distúrbios digestivos
pele Ag  Problemas no Sistema Respiratório
 Distúrbios no fígado e rins, podendo ser  Necrose da medula óssea, fígado, rins e lesões
letal. oculares.
 Distúrbios gastrintestinais
 Disfunções renais e respiratórias  Alterações hematológicas
Li  Disfunções do Sistema Neurológico Zn  Lesões pulmonares e no Sistema Respiratório
 Cáustico sobre a pele e mucosas  Distúrbios gastrintestinais
 Teratogênico  Lesões no pâncreas
Fontes: ASTDR (2002); U.S. EPA (2002); WHO (2002).

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Melk Barbosa Marques e Elenia Baker da Cunha

* Esses metais estão incluídos na Lista “TOP 20” da USEPA, entre as 20 substâncias
mais perigosas à saúde e ao ambiente: Cd, Cr, Hg, Pb (CERCLA 2002).
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), em 1999, aprovou uma
resolução inédita na América Latina (Resolução CONAMA n°257, de 30.06.99), que aborda os
impactos ambientais negativos devido ao descarte inadequado de pilhas e baterias usadas e
trata de sua disposição final.
A Resolução explica que os fabricantes e importadores devem recolher o material e
promover a destinação final, de forma que seja fiscalizado pelos órgãos públicos ambientais.
Esta ainda estabelece que as pilhas e baterias, quando esgotadas após o uso, devem
ser entregues pelos usuários aos locais que as comercializaram ou então à rede de
assistência técnica autorizada, em seguida devem ser repassadas aos fabricantes e
importadores, para que assim passem por procedimentos de reutilização, reciclagem,
tratamento ou disposição final adequada.
Outras resoluções que dispõe sobre as pilhas e baterias foram aprovadas após a
resolução 257/99 do CONAMA. A atual resolução do CONAMA nº 401/08, entrou em vigor em
2009, e determina as novas reduções nos limites de mercúrio, cádmio e chumbo permitidos
na composição das pilhas e baterias.
Tais reduções implicam até 0,0005% em peso de mercúrio quando for do tipo pilha
ou acumulador portátil, de até 0,002% em peso de cádmio quando for do tipo pilha ou
acumulador portátil, de até 2,0% em peso de mercúrio quando for do tipo pilha-botão,
bateria de pilha botão e pilha miniatura (Resolução CONAMA 263/99) e de até 0,1% em peso
de chumbo em todas. As baterias, com sistema eletroquímico chumbo-ácido, não poderão
possuir teores de metais acima dos seguintes limites: mercúrio 0,005% em peso, e cádmio
0,010% em peso.
Na impossibilidade de reutilização ou reciclagem das pilhas e baterias descritas no
art. 1º da resolução, a destinação final ocorrerá por incineração, conforma as condições
técnicas previstas na NBR – 11175, e os padrões de qualidade do ar estabelecidos pela
Resolução Conama nº 03, de 28 de junho de 1990.

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O descarte inadequado de pilhas e baterias usadas e os impactos socioambientais

Ainda segundo a resolução, os estabelecimentos que comercializam esses produtos,


bem como a rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes e importadores desses
produtos, ficam obrigados a aceitar dos usuários a devolução das unidades usadas, cujas
características sejam similares àquelas comercializadas, com vistas aos procedimentos
referidos na mesma.
A lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes
relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos,
às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos
aplicáveis.
O PNRS, como é conhecido, define a importância dos Planos Estaduais e Municipais
de Resíduos Sólidos. Tais Planos devem atender ao previsto para os planos estaduais e
municipais, estabelecendo soluções integradas para a coleta seletiva, a recuperação e a
reciclagem, o tratamento e a destinação final dos resíduos sólidos urbanos e, consideradas
as peculiaridades microrregionais, outros tipos de resíduos.
Tendo em vista que, segundo o artigo 20 do plano, cabe ao poder público atu ar,
subsidiariamente, com vistas a minimizar ou cessar o dano, logo que tome conhecimento de
evento lesivo ao meio ambiente ou à saúde pública, relacionado ao gerenciamento de
resíduos sólidos. Porém os responsáveis pelo dano ressarcirão integralmente o poder
público pelos gastos decorrentes das ações empreendidas.
Conforme dados do CONAMA as empresas que desobedecerem à norma de
recolhimento dos produtos poderão ser enquadradas na Lei de Crimes Ambientais. Os
fabricantes e importadores devem promover a identificação desses produtos através das
embalagens e se possível colocar nos produtos um símbolo que permita ao usuário distingui-
los dos demais tipos de pilhas e baterias comercializados. Dependendo do material dos quais
são feitas, algumas pilhas e baterias podem ser jogadas em lixo doméstico.
No Brasil a ideia de coleta seletiva é recente, pilhas e baterias tiveram início no dia 22
de julho de 2000 e a reciclagem de alguns tipos de pilhas e baterias, começou no dia 22 de
julho de 2001. (CONAMA, 1999). Devido à inexistência de estrutura de coleta e poucas
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Melk Barbosa Marques e Elenia Baker da Cunha

empresas na área de reciclagem, o material coletado se tornou um problema para muitas


cidades brasileiras.
Segundo a resolução do CONAMA 257/99, as pilhas e baterias que contenham em
suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, necessárias ao
funcionamento de quaisquer tipos de aparelhos, veículos ou sistemas, móveis ou fixos, bem
como os produtos eletroeletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de
forma não substituível, após seu esgotamento energético, deveriam ser entregues pelos
usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica
autorizada pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para
que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização,
reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.
Este processo de retorno ao fabricante chama-se Logística Reversa. Segundo a lei
12.305/10, este é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por
um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição
dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros
ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.
Porém a implantação de um programa de coleta seletiva de pilhas e baterias
necessita da definição da área de atuação, da identificação da entidade gestora do
programa, assim como a identificação dos parceiros, o apoio financeiro e/ou institucional; a
capacitação de mão-de obra para as atividades de coleta, segregação, acondicionamento e
armazenamento das pilhas e baterias; a identificação dos pontos de coleta; a definição da
opção de destino final do material recolhido e a instalação das cestas coletoras.
O objetivo dessas atitudes de logística reversa está na busca de melhoria de imagem
junto aos consumidores dessas empresas, uma vez que o número de clientes que se
preocupam com os impactos possíveis ao meio ambiente por meio destes, aumenta
constantemente (BERTÉ e EDELVINO, 2009), pois esta visa minimizar os estes danos
provocados por tais produtos, em visão da necessidade de adequação das empresas
fabricantes à realidade do mercado contemporâneo.

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O descarte inadequado de pilhas e baterias usadas e os impactos socioambientais

Contudo, não apenas a consciência e a legislação ambiental são suficientes para


divulgação de resultados significativos em determinado período de tempo. As normas da
série ISO 14000 também incentivam a essas empresas adotarem as práticas da logística
reversa, uma vez os consumidores e o mercado, começaram a exigir o chamado selo verde
para adquirir matérias-primas e/ou produtos acabados.
Portanto, à medida que as empresas começam a reciclar produtos oriundos de
pilhas e baterias, estas são tratadas novamente com matéria-prima e não mais como lixo,
postura que caracteriza a logística reversa.
Para que essas medidas sejam aplicáveis, as empresas tem que dispor de um aparato
tecnológico para tratar os resíduos provenientes dos produtos em questão. A tecnologia
para reciclagem de resíduos como cádmio, mercúrio e chumbo é cara e recente, fazendo
com que poucas fábricas utilizem este recurso.
Não obstante, existem processos de reciclagem: hidrometalúrgico ou o
pirometalúrgico, onde a reciclagem hidrometalúrgica utiliza água e alguns componentes
químicos para dissolver o metal, como chumbo, cádmio ou mercúrio presente na pilha ou
bateria. O processo pirometalúgico, que é o mais economicamente viável, é realizado a altas
temperaturas, em fornos fechados não oferecendo risco de contaminação ao meio
ambiente. (PRO-CIVITAS, 2005).
Pilhas alcalinas compostas por zinco e baterias de celulares que não contenham
chumbo podem ser descartadas em lixo doméstico, pois não oferecem risco ao meio
ambiente. (PRO-CIVITAS, 2005).
As etapas de tratamento de minérios usam técnicas para separação dos minérios de
acordo com suas diferentes propriedades como densidade, condutividade, comportamento
magnético, entre outros. No caso das pilhas não recarregáveis, este proces so é também
utilizado inicialmente na reciclagem, quando as pilhas são moídas e o ferro da carcaça é
retirado por meio de separação magnética. Nesse processo ocorre a concentração da fração
de ferro metálico que será depois conduzido a um processo de reciclagem hidro metalúrgico
ou piro metalúrgico. (BERNARDES et al., 2004).

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Melk Barbosa Marques e Elenia Baker da Cunha

Medidas de práticas ambientais é uma tendência competitiva para as empresas no


mercado, sendo necessário incentivo para que essas empresas adotem ações que favoreçam
o meio ambiente. É necessário que haja divulgação de inovações de tecnologias ambientais e
capacitação de uso destas práticas pelas empresas, desenvolvimento de projetos de
pesquisas voltadas à sustentabilidade, acesso a financiamentos e incentivos relacionados ao
campo socioambiental, realização de parcerias e reconhecimento de melhorias pelos órgãos
ambientais, atendendo as exigências da legislação ambiental. (FIESP, 2009).

CONCLUSÃO

A pilha é um peculiar exemplo de produto tecnológico desenvolvido para


proporcionar conforto e portabilidade à nossa civilização, todavia, não levou em conta o
período após seu consumo, isto é, o que fazer com ela a partir deste momento.
No Brasil, as pilhas e baterias exauridas são descartadas no lixo comum por falta de
conhecimento dos riscos que representam à saúde humana e ao ambiente, ou por carência
de outra alternativa de descarte.
Outro agravante relacionado a este produto é o mercado paralelo de pilhas
irregulares, ou seja, fabricadas ilicitamente. Fora das especificações do Conama, essas pilhas
são altamente tóxicas e perigosas para a saúde. Para que elas sejam retiradas do mercado,
além da fiscalização do governo, os consumidores precisam fiscalizar as pilhas qu e compram
e exigir que as informações sobre a origem do produto estejam claras.
Não há dúvidas que os empresários fabricantes desses produtos legalizados, irão
buscar os caminhos na logística reversa. Pois, a adaptação do sistema logístico às mudanças
ambientais provocou referenciais positivos, tornando os sistemas logísticos mais eficientes,
o que exigiu profissionais mais qualificados, com visão abrangente e sistêmica de
organizações.
Além disso, é salutar mencionar que a atual sensibilidade ecológica dos
consumidores tem levado os legisladores a promulgar leis com conceito de responsabilidade
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O descarte inadequado de pilhas e baterias usadas e os impactos socioambientais

ampliada sobre as pilhas e baterias, para que a obrigação do fabricante não termine no
momento da venda, do consumo ou da utilização do produto, mas seja responsáv el pela
minimização dos impactos ocasionados ao meio ambiente e as pessoas e/ou animais, através
de investimento em novas tecnologias ou melhorias no sistema de gerenciamento desses
produtos.
Portanto, é de fundamental importância que as organizações produtoras de pilhas e
baterias comecem a considerar os fluxos logísticos reversos no planejamento de seus canais
de distribuição.

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