RESENHA
É bem verdade que o Estado vem ao longo dos anos, tentando suprir sua inercia
estatal, com politicas punitivas contrárias aos princípios basilares de um Estado que se
diz democrático. Analogicamente, no Brasil, segundo dados do Conselho Nacional de
Justiça, a população carcerária chega a 726 mil presos, destes muitos ainda estão sem
sentença transitada em julgado. Entendo, por oportuno, que economicamente falando,
para surgir uma nova vaga para um presidiário, o Estado gasta aproximadamente 40 mil
reais, devido o aparato que se cerceia a segurança pública. Em Minas Gerais, por
exemplo, o preso custa em média R$ 2,7 mil por mês.
É necessário entender que os Strikes cometidos são, mitas vezes, irrisórios e deve-
se a falta de estrutura social do estado em cumprir seu papel. Uma criança que não tem
oportunidade de estudar, nasce numa família desestruturada, tem grande chances de
crescer e se desenvolver no meio da criminalidade. O sociólogo Boaventura de Souza
Santos, português reconhecido mundialmente por sua brilhante tese, realizou um intenso
trabalho nas favelas do Rio de Janeiro reconhecendo suas peculiaridades e engendrando
o que as autoridades penalistas se omitem de fazer. Não é fácil, porém, tentar o caminho
mais curto dificilmente resolveria os problemas e descasos que vem passando o nosso
país. A violência é exorbitante, os altos índices de criminalidade crescem cada vez mais.
Os números mostram que a maioria dos criminosos são reincidentes e isso, por si só, já
não traz uma visão que só punir não resolve. É necessário ir além.
Vivemos sob a ótima de uma meritocracia que passa despercebida ao longo dos
anos trazendo uma sensação de igualdade. Na verdade, há que se discutir que não se
pode punir exacerbadamente. Aqui deixo uma indagação, não vejo com bons olhos as
soluções fáceis, há que se buscar os caminhos mais longos, porém, eficazes. Fazer
algumas indagações, sempre que necessário, é de boa sorte. Como disse Boaventura de
Souza Santos:
“Temos o direito de ser iguais quando a nossa
diferença nos inferioriza; e temos o direito de
ser diferentes quando a nossa igualdade nos
descaracteriza. Daí a necessidade de uma
igualdade que reconheça as diferenças e de
uma diferença que não produza, alimente ou
reproduza as desigualdades.”
(SOUZA SANTOS, Boaventura de)
https://blog.ebeji.com.br/o-que-e-a-teoria-do-three-strikes-and-youre-out/
https://jus.com.br/artigos/18971/three-strikes-and-you-re-out
https://blog.ebeji.com.br/o-que-e-a-teoria-do-three-strikes-and-youre-out/
http://www.cnj.jus.br/sistema-carcerario-e-execucao-penal/cidadania-nos-presidios
http://blogs.diariodepernambuco.com.br/segurancapublica/?p=11079
https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2017/01/15/interna_politica,839547/darcy-
ribeiro-estava-certo-educacao-e-o-caminho-para-reduzir-crime.shtml