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PARABELO

PARABELO
nº zero ano 1

nº zero ano 1
parabelo
rosto JUNHO 07
2
parabelo jabá 15
JUNHO 07

PARABELO. Arma. Jogo de armar. Preparar-se


para a guerra. Par e Elo.
Palavra: modo de inserção no mundo; mundo de Agradecimentos
palavra; aqui larvas, lavas e lavras. A todos os colabores; a Direção da Faculdade de Letras
Safra de vinho bom: anos contemporâneos. (FALE) da UFJF; ao DCE, Sempre em Frente; a Gilvan
Literatura: mundo de simultâneos. Procópio pelo apoio e estímulo; a Fernando Fábio Fiorese
Imagem há. Ar imagem. Nascente. Não admite – Furtado, (decassílabo de tempos heróicos) pelas primeiras
admire – olhos descansados. orientações; ao AnfiteArte pelo convite ao TrêsCorpos; ao
Permite descanso de Onan. Há quem goste... C.A. de Letras, A Hora e a Vez... chegamos; ao Pedro Ivo, por
ter posto todo mundo no contato; a Paulo Motta, que sem os
Antigos (não tão) e novos (se são, se sabe?); todos TrêsCorpos não faria possível o PARABELO; Patrícia e
recentes sempre, que encontrados, comungam. Safira, nossas mátrias, sem elas não haveria nem convite.
Resmungos? Alguns.

Homenagem de tempo ido, mas ainda nosso


presente próximo: da Lira a Gula... nossos
dentes:
Fernando Fábio Fiorese Furtado, André
Monteiro, Anderson Pires, Fred Spada, Thiago
Berzoini, Jorge Adeodato, Carolina Barreto,
Maiara Zortéa, Pedro Teixeira, Francisco Franco,
Carlos Magno Létes, Giuliano César Kid, Hierro
Castaño, Daniel Albergaria. Klavdjo-Ferlinghetti:
tradução.

Universo da imagem oferecido as nossas lentes:


Thiago Macedo, Tainá Novellino, Thalia Fersi,
Romiti Drugo e Ave-Google.
Estudo do Íntimo Específico:
Alex Badaró, grata caneta.

Performando o pacote:
TrêsCorpos:
Paulo Motta, Raíssa Ralôla e André de Freitas
Sobrinho.

Não é movimento.
Não é fratria. Editores:
Não é confraria. André de Freitas Sobrinho
Não é manifesto. Tainá Novellino
Somos nós, entrelaçados.
Seleção de Textos:
Agradecidos, André de Freitas Sobrinho
até a próxima.
Curadoria de Imagens:
Os Editores Tainá Novellino

Diagramação:
Tainá Novellino
André de Freitas Sobrinho

Layout, Design Gráfico:


Tainá Novellino

Ilustrações:
Tiago Macedo (páginas 4 e 5)
Tainá Novellino (páginas 3 e 6)
Ben Shahn (páginas 12 e 14) Apoio
Alex Badaró (página 13) Produção, Criação de Áudio e Estúdio de Ensaio

Fotografias: Rua Coronel Barros, 40


Romiti Drugo (páginas 10 e 11) São Mateus
Colaborações, distribuição, (32) 3232 8215 3083 0344
contato com os colaboradores, sugestões e críticas Capa por: Tainá Novellino vol2@globo.com
jornalparabelo@gmail.com 4ª Capa: Thalia Fersi
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cader
neta JUNHO 07
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parabelo JUNHO 07
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Fernando Fábio
IMPROVISO PARA EUGÉNIO DE ANDRADE Fiorese Furtado
Projeto de Extensão Cultura no Campus Performance:
RUBRO NO BRANCO TALES, O MOLE
Ciclo de Cinema
Alvo alvo, antes nada, à espera da seta. A não ser pelo rumor da mão
TrêsCorpos indestra, a distância de branco a branco era o deserto. Escrever não "Não dura o duro", dizia a namorada
Cinema: Visão e Previsão Encontro de Linguagens encontra, sequer as rosas murchas na moldura. Entanto, o rubor do diante de um caralho já quase morto,
Quartas-feiras, às 16 h Música Eletro-Acústica, Dança e Poesia menino deixa impressa uma gota de sangue em cada poema. tanto o usou, a direito e a torto,
Anfiteatro da Faculdade de Letras – UFJF Paulo Motta, Raíssa Ralôla e André de Freitas Sobrinho SOL NO SIGNO a agora inconsolável e ingrata.
Como setembros para debruçar-se, como janelas onde a cal queima,
30/05 1 de Junho (única apresentação) alheia à chama por que arde. Eis a rosa, de palavras gasta - mas E, sem o saber, repetia o que Tales
Alphaville Anfiteatro da Faculdade de Letras – UFJF pronunciá-la basta para ser atravessado pelo mar. E é tamanha a disse aos pés das pirâmides do Egito,
Jean-Luc Godard, 1965, França/Itália, 99 min. 18:30 horas música que só resta aprumar o corpo - para a mãe ou para a festa? decerto com diversa razão e fito,
Apresentação: William Salgado NU NA PRONÚNCIA pois tratava de outros, menores males.
Entrada Franca Desconcerta o metro com ostinato rigore: régua de água a medir a
06/06 sílaba pela sibila, pelo silêncio, pelo cílio da sombra. Descalça a voz Talvez se soubesse a lição do sábio,
A Laranja Mecânica Teatro: para dizer ao mínimo, para mudar a neve em cal. Pode ser página, não encontraria para desmenti-lo
Stanley Kubrick, 1971, Inglaterra, 138 min. muro, barco, contanto que o sol saiba o homem e sua hora. um modo tão rápido, destro e fácil:
Apresentação: Rafael Leite
"Meshschane - Os pequenos burgueses" prepara a língua, umedece os lábios
13/06 Inspirada na obra homônima de Máximo Gorki e, sem mais delongas, inicia aquilo
Matrix Direção: Thiago Berzoini que Tales não conhecia por felatio.
Andy Wachowski e Larry Wachowski, 1999, EUA, 136 min. Elenco: Cia. Teatral Caravela das Artes
Apresentação: Paulo Roberto Figueira
Casa de Cultura da UFJF
20/06 Av. Rio Branco, 3372 (em frente a Santa Casa)
Solaris 1 de Junho até 1 de Julho
Andrei Tarkovsky, 1972, Rússia, 166 min. 19 horas
Apresentação: Nilson Alvarenga Somente aos sábados e domingos
Ingressos: 5 reais (preço único)
27/06
Blade Runner – O Caçador de Andróides Festival: Francisco
Ridley Scott, 1982, EUA, 118 min.
Apresentação: Luciano Mesquita Mulheres no Volante
Amor de neto Franco
Expressões do Feminino: debates, oficinas e shows O casal ferve a poucos metros dali, próximos a um poste, nove horas da noite. Ela tem o biótipo meio traveco e o cara, um maracujá
velho de calças de prega. Sim, transam de roupa na rua – que ainda apresenta alguns transeuntes em segundo plano. São nove horas e George
23 de Junho vibra com o que vê através do visor LCD.
CCBM – Centro Cultural Bernardo Mascarenhas
(entrada pela Praça Antônio Carlos) Trepem sem roupa, era o que queria, mas foi interrompido pela avó que veio dizer para não ir para a cama tarde. Comer pastel de milho
Shows a partir das 15 horas. com a vovó pela manhã; há dias não diz nada com nada, apenas arrasta pantufas no piso de sinteco. Não parecia melhor que uma madrugada
de emoções. Sacrificaria o pastel. Foda-se.

O maracujá estava de braguilha aberta quando retornou com o zoom. O aparente travesti colocava as unhas postiças sobre a silhueta
que se formou a contra-luz. Mete nela. Mete. A falta de coito atormenta George. Faltava posição ao casal na esquina de frente a sua janela.
[PAUSE].

George levanta-se atordoado, abre a janela e sussurra pra fora: – Ei! seu velho, não vai meter na puta? – as unhas saem rapidamente da
caverna do velhusco. Cai a ficha da ansiedade de George. O casal dá as mãos e sai à procura de um lugar sem voyeur.

Poucas luzes do prédio em frente estão acesas. Uma mulher de meia idade fuma um cigarro na varanda. George sorri maliciosamente.
[MODE>CAM] A mulher está no foco enquanto contempla a noite e os insetos que voam em torno da luz do poste. Uma criança chega e
agarra sua perna. O cigarro voa até o asfalto e a mulher levanta a criança beijando suas bochechas. [PAUSE]. Que porra é essa? George não havia
despertado para o incesto e a pedofilia.

[OFF]. George vai à cozinha. Um vidro de palmito está aberto sobre a toalha de renda azul que agora forra as estantes da geladeira
nova. Furioso, o ato de abrir o vidro, torna-se uma tarefa complicada. O vidro abre quando a manga do pijama entra em ação. Os palmitos
agora estão no chão e a manga do pijama está ensopada. George desiste. Os palmitos ficam para as formigas. Foda-se.

A porta está entreaberta, uma meia-luz invade o corredor. A velha está dormindo com o abajur ligado e o novo romance de Barbara
Delinsky está sob seu colo. A aparência é serena, George adentra. Parado olha fixamente para os móveis antigos e a grande cama com colchão
de molas. [MODE ON]. A câmera agora está sob um tripé logo na entrada do quarto. Os pés estão encobertos pela calça que desceu até o chão.

Um lenço salmão ao lado da cabeceira é usado de mordaça. Não há pressa. Enquanto sodomiza a avó, olha para os lados procurando
possíveis amigos para que tudo termine em um bukkake. Foda-se.
parabelo JUNHO 07
4
parabelo coda JUNHO 07
13

Dores, dores profundas estas


De quem se abdica, se consterna Daniel
Cruento à Lá Cocteau²³ a ter a sagrada certeza do indizível.
Dito, pro entre a falta de seus atos. Tentativa-se
Albergaria
A orgia dos sátiros,
Do indizível, faz ouvir-se pelo não dito, Devaneios loucos de sonho de bacante,
oculta pelas paredes intangíveis
de teus cristais de fita isolante, O menino e o tempo Pelo não feito, pelo não percebido alma morta de desejos alucinantes,
escuta-se ao longe, do irrealizável que poderia ter sido. construções sombrias de visões ofuscantes,
atráves das curvas imagens constantes em noites inebriantes.
O menino tem pensando muito no tempo,
dos seus vendavais uivantes. Sofrer, sofrer como forma de dizer;
e naquele vai-e-vém tenebroso,
E pelos meus olhos do não fazer indizível. De quem seguiu o rumo com altivez.
de esmeralda cintilantes, do pêndulo
De construir o mundo, como uma tez,
que na verdade nada mais são de um relógio antigo,
Ser fazer o indizível em forma de dor. colhendo dos lírios que se fez,
do que chamas oscilantes que lanceta o que era,
Pois quando tiveres acumulado todo este não dito, visões profundas de sua palidez.
de uma vingança acalentada, e transforma no que é.
antiquada e esquecida, Sempre impiedoso. Este não feito,
eu vi meninos, de pernas tortas Este irrealizável do que poderia ter sido. Sonhos peremptórios de situações construídas.
Te transforma no homem,
em cima de pernas certas, de pau, Noites mal dormidas no silêncio das matinas.
que correu quando criança e hoje,
erguidos do meio restará uma profunda capacidade de sofrer Situação forjada no seio da alma destruída.
não corre mais,
de um cataclisma social o que ainda se poderia fazer.
só espera.
pelas ruas de pedra pomes, Desconstrução primordial do ser que se canta,
com estátuas de chouriço, cruas Só, espera.
Sendo resistir-se ao que se faz com lenços plácidos para sensações que se alevantam.
de onde derretia e escorria, Espera.
para na dor, De mórbida e lânguida frustrações que me acalantam.
aquela baba grossa
a qual escorregou ela que legitimar-se como ato
insana corria nua
e assustada, me abraçou,
não era medo, era astúcia!
Então num quarto vazio nos deitamos,
ela adormeceu em sete anos.
Sete horas, eu acordei e abandonei
o que por sete séculos eu procurei,
em sete meses achei, em sete minutos venerei, Fred MARGINAL
e segui meu caminho,
fosse como servo, Spada I
embora rei.e procurei...procurei? Réu confesso,
Eu caminhava dia após dia e noite após noite, roubo apenas versos.
mas nunca achei novamente,
aqueles olhos dormentes,
Os corações, eu seqüestro.
e coração pulsante.
Minha pústula era ungüento, II
que escorría de meu peito madrugada é toque:
frio e suado a mão enxerga melhor à meia luz.
e lavei minha face triste com o sangue
que expeliste, coração meu,
tu não mais existe! AUTO DE FÉ Hierro
À minha fome insaciável
me guardei enquanto pude, III
saudade da Elis Castaño
então veio aquele seio tão amável Solo sagrado,
que suguei com sede interminável, Dia feliz. Feliz de compras pela tevê. Querem que os consumamos consumados e consumidos pelos assentos carcomidos
a cama era seu espaço
mas era amargo o veneno que saía soltando pêlos de gato. Pêlos em todos os cantos desse lugar apertado.
de acolhimento –
de teus mamilos, noite e dia, Maldição os maldizeres daqueles malditos de baixo naipe que rabiscam as paredes desses corredores imundos. Corredores bons
minha bílis corría meu esofago. só os da São Silvestre.
Eu sofria! e o gozo liberto
Adoro morangos, creme de leite e crime! Como vão sem castigo esses que andam aí. Pensa como penso? Penso, penso logo, logo
Fechei minha boca encalacrada de prazer, rezava a cartilha
pouco resolvo. Patologia: decartesianismo!
refugiei me sozinho, não havia mais nada a se fazer. do Velho Testamento.
Estorvado arrasto esse corpo pelas beiradas, haja parede pra suportar, haja cera líquida. Vivo sem mulher mas não sem
Repousei em tão doce praça,
que acordei banhado na poça abandono.
IV
de lama ressecada, Mais um gomo da mexerica: mexeriqueiros de plantão esse povo a cata do lixo. A menina da limpeza chega amanhã. Ainda não
Roçar a pele,
que a chuva ácida de tuas lágrimas separei os cuecões. Nem poderia: há uma semana não troco.
os pêlos,
espirraram em minha cangalha O gato ainda ronrona, perambulo sentado de banda à outra. Viva o mundo terremoto remoto. Remoto o tempo que me adiaram
orifícios –
Que soltou-se ali mesmo, o legista. Existe lá legista pra vivo? Minha irmã disse que eu deveria procurar um.
caiu ao chão, e fiquei mais leve Queria um copo de água. Porra de gato que não serve pra nada, nem pra me servir, nem de companhia, nem de nada. Faz uma
sem ter o que carregar, só o relógio no pulso, os arrepios
gracinha aí ô bichano...bicho preguiçoso, a cara do dono! Minha outra irmã que deu. Sabia que eu era asmático...ela adora sadismo, só não
e as unhas nas mãos, são ossos do ofício.
esperava que eu fosse masô.
largas e afiadas,
Interfone, tá um pouco longe. Também o puto do porteiro não serve de nada mesmo. Acho que me rouba alguns centavos
me protegiam do que mais pudesse V
vir a ser ameaça. quando peço pães. Diz que agora é vendido por peso. Vá saber? Qual a moeda corrente mesmo?
"E eu deitado contigo":
Lembrei de teu ventre, tu querias ser ressecada. Me sinto útil colaborando na condução do infeliz. Preferia conduzi-lo à beirada de um precipício.
a poesia permanece aqui,
Mas para teu nobre sofrimento, Não agüento mais minhas costas nesse assento, acho que vou me levantar. Não faço isso desde a última vez que dirigi. Sinto
com o futuro que espreitamos.
a minha prole foi gerada. saudade da Elis...pó no whisky!
E mesmo mortos, são de prata Ai!
e te acompanham nessa estrada. Sempre dá em chão quando tento isso...sai daí gato, não gosto que me lamba a boca!
Para sempre seus, minha amada.
trans 12 5
parabelo
lato JUNHO 07 parabelo JUNHO 07

Carolina
Lawrence HOMO OBLIQUUS
I AM WAITING
1º fragmento Ferlinghetti Barreto
I. CERTEZA II. CORAGEM III. VONTADE IV. INSISTÊNCIA V. DESEJO
transcriação
I am waiting for my case to come up
Cláudio O que nos resta Enfrentar Lutamos com Corpo Somos
and I am waiting
for a rebirth of wonder Calabria além
dos ossos?
o tédio
como quem coleciona
o silêncio
e jogamos os dados
que tange a
pedra
árbitros livres
em nosso
and I am waiting for someone insetos com esmero que tinge o livre arbítrio
to really discover America A pálida escrita (-tura) é catalogar o ocaso
and wail ou a carcaça flutuante? eterno zumbido do Mas acabamos que acorda Olhar e ver pedras
and I am waiting Into Darkness, in Granada nada por lamber a o cerne é galgar os
for the discovery Somente odes frustradas soando cruelmente síncope dos e que debruça degraus de rosto
of a new symbolic western frontier O if I were not so unhappy cravadas na porta atrás das orelhas lábios e no teto a no espaço de uma
and I am waiting I could write great poetry! entre-aberta vaga ânsia centelha
for the American Eagle Dusk falls through the olive trees dos nossos desejos reverberar de tornar-se
Federico Garcia Lorca o cinza das dois para, depois...
to really spread its wings
Leaps about among them paixões humanas para
and straighten up and fly right numa nuvem de
Dodging the dark as it falls upon him depois
and I am waiting pólvora
O if only I could leap like him no simples ato voltar a si próprio
for the Age of Anxiety de uma nos conscientizarmos
And make great songs
to drop dead fala (mais só do que nunca.) de que a
Instead I swing about wildly
and I am waiting escolha existe
as in a children's
for the war to be fought jungle gym
which will make the world safe in a vacant lot by Ben Shahn (sempre existiu.)
for anarchy jump up suddenly
and I am waiting upon the back of a running horse
for the final withering away in the face of a plains' twister
of all governments And paddle away slowly
and I am perpetually awaiting into total darkness
a rebirth of wonder in a Dove boat. Maiara
Zortéa
Estou Esperando Rumo à escuridão, em Granada Pra que se preocupar
Com a sintaxe qualitativa
Estou esperando que o meu caso chegue Ah! se eu não fosse tão infeliz Com a excreção das formigas
e estou esperando Poderia escrever boa poesia! Com os quadrados dos catetos
um renascimento do encanto A noite cai sobre as oliveiras Com os Bourbon e os Capuleto?
e estou esperando que alguém Federico Garcia Lorca Saber eu nunca quis
realmente descubra a América
e lamente
Salta entre elas
Esquivando-se das trevas que lhe vão
da Lira a Gula
2 pulinhos para fora do útero Sobre a Revolução de Avis
Porque é azul o anis
e estou esperando caindo De onde vem a palavra “bis”
I
a descoberta Ah! se eu ao menos saltasse como ele tenho em ti a chaga do meu corpo entorpecido André Tem gente que não vai aprender
de uma nova fronteira ocidental simbólica
e estou esperando
E fizesse grandes canções
Ao invés disso me lanço ao alto
e isso ainda não é romantismo. Monteiro Sobre as guerras no Irã
A conversão de dólar pra real
que a Águia Americana como num balanço Porque com o sol sai a manhã
II
realmente abra as asas de um parque infantil Que o mercúrio é um metal
tenho feito barbaridades oficiais em nome do meu grande amor. ontem, por
e se aprume e voe direito num terreno baldio de Ben Shahn Nem todo mundo sabe
exemplo, cortei todos os pulsos do meu corpo. eles devem estar chegando por aí e
e estou esperando de repente pulo Quem foi Constantino e Teodósio
eu espero que você se dê bem com eles. não era isso que você queria? e não se
que a Era da Ansiedade sobre o dorso de um cavalo a galope Ou o que significa simpósio
preocupe: a embalagem é segura e nada será desperdiçado na travessia. pelo menos,
caia morta diante de um furacão das planícies Como funciona a bolsa
foi isso que os homens da transportadora me disseram. vieram buscar aqui em casa
e estou esperando E saio remando devagar Porque árabe quebra a louça
antes do jantar com toda delicadeza do mundo. trabalho fino, sem nojo do sangue
que a guerra se concretize rumo à escuridão total E nem por isso
derramado e sem a menor necessidade da tradicional gorjeta. não me perguntaram
(o que vai deixar o mundo seguro Eles são piores que eu
nada sobre o meu grande amor. melhor assim, porque eu não saberia dizer palavra e
para a anarquia) Talvez até mais felizes...
o meu silêncio certamente não diria tudo. hoje, como conseqüência lógica e cínica,
e estou esperando (e menos inoportunos).
devo receber visitas mortas, inoportunas e familiares, devidamente acompanhadas
a decomposição definitiva por um espanto de ocasião. só peço a deus que ainda me sobre algum tempo para ir
de todos os governos ufes
ao bar. de preferência, desconhecido. assim que o material chegar em suas mãos,
e eu estou perpetuamente esperando uft
não se esqueça de aguçar a curiosidade de seu espírito. para concluir, não bastaria
um renascimento do encanto ufa!
dizer que nem sempre o amor é um lugar solitário e triste, ou seja: se você quiser
falar comigo, é melhor e é possível que você me ressuscite. ânimo com os meus
pulsos. agora eles são seus. com amor, adeus.

Ben Shahn. Paterson [New Jersey].


serigraph in black, 1953
6
Três 11
parabelo JUNHO 07 parabelo Corpos JUNHO 07
JUNHO 07
JUNHO 07
LÉTES, André de Freitas
Chuva Carlos Magno Poesia demais pra pouco riso:
início de uma provocação emulada
Sobrinho
A Poética Componente de TrêsCorpos
Respeito, o fio progride em açoite e comunica na surra a necessidade de praça e jornal para exibir: respeito. Com meticulosa
classificação se entornavam sobre o chinelo sujeira, e sobre elas os pés em caminhada. O que não fosse chinelo ganhava meias recheadas de i)
Quando me foi proposto participar do
virtude em marcha. Veneno, escorrendo por venosas ruas vazias de sangue, lavando o que há de comum na soberba volúpia dos espinhos que Filho do primeiro ato
TrêsCorpos eu começava a respirar na saída de um
lhes sobressaem. O que foi emprestado ao homem sob a forma de pedra trincada em mãos abertas lhe desce aquecendo as pernas a confirmar o barro anterior
conceito afunilado, na saída de um corpus em que havia
desespero por trás de suas metálicas risadas. Parado, exibia com orgulho as fronteiras que lhe separavam de toda animalidade, e se esquecia do monumento de palavra
começo, meio e quase fim: projeto de um livro construído
afável torpor a que se sucumbia experimentando a carne ritmada contra si. Por isso sua destreza significava em sombras sua sonoridade presa.
para existir teleologicamente. A empreitada oferecida por
oblíqua, resumindo-se sob o escudo do ritmo e da potencialidade castradora daquilo que se arrasta. Sendo começo
Paulo Motta era diversa da anterior: texto de afetividades,
marca de um dia ido
mas efetivamente relação com linguagens. Um conceito
o começo é passado:
aberto, em que texto, música, imagem em dança agiriam
não sigo.
com autonomia, encontrando sentido em quem especta.
Pensando na proposta, coloquei em curso o que
ii)
Anderson Pássaro-cenário
encontro como sentido: o vão do verso. Espaço lacunar:

the stooges- funhouse!


Pires nato mudo
mundo mar
espera de complementariedade, embora não-passiva;
criação do assistente ator-autor; platéia que não se
amoldura; leitor-eleitor co-partícipe, co-motor. Espera-
duro
se. O corpo: aceno cênico e polissêmico; o som: acento no
Precisava de algo mais forte urgentemente, porque acabava de perder todos os parâmetros gesso ermo
espaço.
Mais vodka, porque o que chamava de inspiração talvez não passasse de loucura parede cal
No terreno das dúvidas: suporte. Os cavaletes
Não existe nenhuma torre de marfim ou um bar aberto depois do apocalipse sob olhos
que amparam e suportam os textos de hoje, seja em modo
Mais cocaína, porque o que era amor agora é pura obsessão escuros.
Solo Sem Som eletrônico ou enlivrado, talvez tenham limitado o
Mais cerveja e um carro com motor potente Para Raíssa Ralôla universo fônico da poesia. Não é problema recente; é
Algo mais forte, alma inquieta, que se alimentou de tudo … e nada bastou iii)
desde império impresso. Nasce então oportunidade de
A gris cor
Houvesse visto antes remeter a performance ao estado primeiro da poesia,
do olho acidental
calava a folha. voltar ao lírico... mais dançarina colírica; mais timbres de
Todos precisam de um abraço de perdão capta lavra
colagem.
Ou um tiro de misericórdia de trivial toque
Nu no cru da pele Música, não canção. Palavra em forma,
que não vem
languidedos mudos tateiam restituída ao direito de ser voz. Voz qual acontecimento
Um pensamento no sol, outro na noite e mata
invisível de cordas rebatidas... reverberada em alteridade.
O que ela chama de “consciência” é uma câmara de tortura (ainda verde)
como quem fere
Giuliano comovimento de opalas
A Mira
O seu amor só gerou tristeza César Kid separadas
e
E sua beleza se cobriu com o véu do tempo no plano vazio
A Derrubada.
Que tudo desgasta do belo inútil.
Tudo enfraquece O telefone tocou. Resolvi não atender, tenho que terminar de Em meus sentidos frouxos
iv)
escrever um monte de frases que jogadas em páginas servirão de sento pra te ouvir movimentos
A câmera oferecida
triscando mostarda o vento da sala
inspiração a algum louco por narcóticos e vadiagem encontrar à vaidade do ofício
mobilizando mobílias e zodíacos
o excesso que falta
sentido em suas divagações etílicas em ouvidos alheios. O barulho parca ponta do meu freio
Daquela seca símica glossária
queda caiada do risco.
desse aparelho de merda me incomoda, mas não o suficiente para pendulando-lá no entre-trovão teclar
engritei o grito...
me fazer atendê-lo. Continuo a escrever. Linhas torpes e sem graça v)
O garoto acordou
se enfileiram na página que vai deixando de ser branca sem ao Dentro do rouge rubi rugido
vidro em forma
cri co-movido então do ente:
menos conter algo que merece ser lido. O ruído continua firme. permuta do entre
Só as penas do corpo são contemporâneas
no vão do verso
e Bailarinas não vestem alfaiate.
Parece querer a todo custo minha atenção. Sou mais forte. Outras cortado de branco
e rente
letras flutuam no papel... e o maldito aparelho continua a gritar a mão só sabe
para mim. Queria escrever uma tragédia, mas os deuses me deixam das coisas simples.

louco: Que barulho infernal! Começo a gritar com o papel para vi)
abafar o tilintar deste Titã incansável que continua a me torturar. Máscara do entre-ato
uma metáfora dura
Mas ele continua a testar meus nervos e eu a postos: de frente para feita só de unhas
delírio essencial da pedra gasta
a máquina, papel no acerto, dedos preparados... as idéias dançam na nulidade do cume
com a campainha... Sol, sal, mar... triiiimmm... bela, lábios, baton... a palavra do poeta
é uma arma sem disparo
triiiimmm... sangue, areia, lagrimas... triiiimmm... barulho, ... não zumbe.
telefone, janela... triiimmm... cabeça da véia lá em baixo... parou de
chamar! www.artnet.com.br/pmotta/trescorpos.htm
Três 10
parabelo
7
parabelo Corpos JUNHO 07
JUNHO 07
JUNHO 07

Paulo Pedro
Descrição
Motta Teixeira
O evento multimídia TrêsCorpos é um trabalho processual desenvolvido em Juiz de Meu telegrama em 1976
Fora, Minas Gerais, Brasil, por Raissa Ralôla (dança), André de Freitas Sobrinho (poesia) e quase nada, a mais alta nota
Paulo Motta (música eletroacústica). TrêsCorpos foi desenvolvido a partir do convite de quase nada, seu olhar não se importa
Paulo Motta a Raissa e André para participarem de uma apresentação (que inicialmente seria senhorita, de tão criança que quase se mata
individual) integrada ao projeto Anfitearte – projeto criado e desenvolvido pelos alunos de tão Romena, de tão pequena
Rafael Roque Leite e Rafael Miranda Meireles do Curso de Filosofia da Universidade um novo amor, um panorama
Federal de Juiz de Fora. Posteriormente, a Faculdade de Letras (FALE) e o CA do Curso de meu telegrama em 1976
Letras sugeriram que o evento fosse realizado no Anfiteatro dessa faculdade.
Este trabalho solo de Paulo Motta progrediu, então, para um trabalho conjunto –
posteriormente denominado TrêsCorpos –, no qual cada participante se responsabiliza por Imagem
sua área artística específica. O desenvolvimento do trabalho se dá, assim, pela colaboração
mútua entre seus participantes, sem que algum deles delibere definitivamente os Reflexo no espelho: imagem. A minha imagem.
desenvolvimentos individuais dos demais integrantes. Tal característica qualifica o trabalho Chão de Eletro-Acústica Confiro-a todo dia, de noite e de dia, por acaso.
como sendo colaborativo e interdisciplinar, no qual cada gênero artístico se deixa perpassar Para Paulo Motta Fotogramas, desenhos, retratos, indiscretas digitalizadas,
pelos demais, criando uma atmosfera propícia à integração estética. Só tudo existindo para ser imagem, e enfim, encantar espelhos...
faz;
torta a via entende Espelhos existem imagens
Multi-Impressões Meta-Premonitivas tímpanos conclusos
da nota de uma xícara fraturada Começaram cedo descobrindo que o céu não era tão tranqüilo quanto imaginavam.
O movimento do corpo da dançarina movimenta o silêncio do espaço à sua volta. Poderiam cerrar estrelas, encantar baleias num gozo eterno, cínico e eterno.
Impregna o movimento dos sons dos instrumentos musicais e se amálgama com a aialasalaia – Sus! Tendes vocalize Insuportável, coisa pra anjo, pra santo ou pra dromedário.
espacialização dos sons eletrônicos pré-gravados. O instrumentista se movimenta no palco
e no auditório, entre os freqüentadores. Os sons se movimentam pelo espaço cênico, agora Intervalos
não mais restrito a área do palco. O corpo do instrumentista se movimenta pelo espaço em
cênico ampliado. O corpo do instrumentista se movimenta e amplia o espaço cênico. O Seqüências Jorge
corpo do poeta se movimenta estaticamente em sua fala e sua poesia caminha por entre os
freqüentadores. O movimento do corpo da dançarina afeta os corpos do poeta e do
finismundo do silêncio Adeodato
instrumetista. Os movimentos dos corpos se afetam mutuamente. Dança, poesia e música Dedos
Micro-Narrativas sem Cotidiano
não são "coadjuvantes". gestos de luz
A música acontece não como "música de fundo" para "ilustrar" a poesia e a dança. Porto Alegre até parece ok, após um oitava olhada. Sinto pela biblioteca, pelas garotas bonitas, pela beleza urbana e o ar de pouco
ardem
Dança e poesia compreendem-se como sendo autônomas, assim como a música: eventos metropolitana de Curitiba. Mas não há nada que você não se acostume, certo?
de agudas nervuras
que acontecem simultaneamente, corpos que se afetam nos sons da palavra, nos sons da e grávidas cordas graves O Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia e pá.
música, no silêncio volitivo do corpo da dançarina. Modulações. Em suas autonomias,
poesia, música e dança afetam-se. Intertextualidade. peso Segue o baile.
A poesia, já escrita, é modulada e alterada na leitura, sempre com novas e inéditas de não-
inflexões (f)vocais. De frente para o público: a platéia se transforma, assim, em seu palco. conter .Fue
Determinação e indeterminação. Modulações. Inversões. O músico dialoga com os sons o vento Se te queres ficar, fica; se te vais, vai que eu entendo, não há muito o que fazer nesses casos. As pessoas mais admiráveis são desprendidas
pré-gravados em suporte fixo e com a poesia e a dança. a fibra por saberem que não pertencem ao aqui, é seu dever apenas passar, para exemplificar a engenhosa transitoriedade traquina de toda a
Triplo direcionamento. Três corpos físicos: dançarina, poeta, músico. Três corpos imastigável existência. No máximo, aferram-se às mentes de alguns, vivendo em memórias – por sorte, também:algo passageiro.
estéticos: poesia, dança, música. Seis corpos. Imanência transcendente. Transcendência nas muradas do verbo
imanente. Os três corpos físicos transcendem-se continuamente a si mesmos e se .Prenúncio
metamorfoseiam na construção permanente dos três corpos estéticos. O sentido silente mar vem... Como li e pus de lado, será mais ou menos como: os rapazes planejavam pegar juntos um veleiro que demorava três meses para chegar,
dos corpos. O sentido silente e invisível da dança. O sentido silente e invisível da poesia. O sim vem... carga e escalas e total a seiscentos ou algo parecido. "Claro que vamos, Monito, mas antes é necessário juntar os seiscentos mangos e não é
sentido silente e invisível da música. A invisibilidade do sentido aparece no corpo-dança vem agora fácil, o ordenado vai embora em cigarros e uma mulherzinha". Um dia não se viram mais, já não se falava do veleiro: "É preciso pensar no
silente, no corpo-música silente, no corpo-poesia silente. O aparecer do sentido, no entanto, vem, mas de frente... amanhã, Shepp, meu velho".
não o torna visível, não o torna audível: o sentido aparece, mas não obstante, permanece que verso só me aborrece. E isso é dito mas, conforme lido e acreditado, é assim:
invisível, silente; o sentido é sentido na percepção, pois percepção requer o envolvimento
dos sentidos com o que se percebe. .Anúncio
Os pés da dançarina tocam o solo, produzem sons e rompem o silêncio da dança "Al fin y al cabo, no hay persona que no se encuentre consigo misma"
movimento. Som sem som. Audição, escuta, movimento, visão: sentir com os sentidos.
Volição. A poesia rasga a pele: "lã de zinco". Sangramento de sons-movimentos. Os Muito, bastante, deveras desagradável ouvir "lógicos" e "óbvios" por parte do alheio no pós-posto. Particularmente, prefiro um "mas é
sentidos sentem com a escuta, com a visão, com o olhar, com o tato. Alternâncias. claro" humilde. "Claro" é palavrinha mais acessível, educada, destituída de toda a carga presunçosa dessas outras. Sem contar que a clareza
Metamorfose. está ao alcance de qualquer um enquanto, dizem, apenas sábios conseguem enxergar o óbvio.
A integração entre música, dança e poesia em TrêsCorpos é a queda inusitada de um
pássaro. Os TrêsCorpos acolhem a sucessão dos momentos e dos movimentos sempre com Coisas aqui: mesa, cadeira, banco, cinco polegadas de tv, quadros para disfarçar o branco e um sistema de aquecimento ineficiente em seus
perplexidades individuais compartilhadas. Sabe-se da urgência de se otimizar cada disparos regulares. Um lugar, a cama -- agora nada, embora.
movimento, cada gesto, cada palavra, cada silêncio. Chances poucas de que se consiga Embora tudo tenha que seguir, às vezes volta.
reproduzir movimentos e sons e palavras e sons e movimentos e palavras. Em cada um que
assiste, uma nova chave. Traga as suas. Volta. Fico.
Diga a todos.
parabelo
Gale
ria
8
JUNHO 07 parabelo
Gale
ria
9
JUNHO 07

O corpo e a vontade do corpo.


Traços de expressão do particular.
A indiscreta lupa.
Olhos de vão.

“O ventre
é um convite
e a vírgula
é o vão do inteiro”.

Estudo de carvão e esfera,


marca no indiscutível da curva-mulher:
casa da palavra que mora na moldura.
Risco dissolvido na boca.
Desenho e risco.
Arisco risco.
Árido a risco.
Arrisco.
Arrisque.
Espie o íntimo possível,
o íntimo específico,
íntima origem...
desenho originário, o risco da costela.

Evoquemos Eva,
primeva...

risquemos Adão.

Alex Badaró,

nasceu em Leopoldina, radicado em Juiz de Fora,


bacharelando em Artes Plásticas pela UFJF e pai.

Participou das Exposições:

HQ e Literatura - CCBM, 2005 (quadrinhos) Alex


Inspiração - Espaço Cultural Reitoria e Galeria Azul, 2006 Badaró
(collage e desenho)

e agora aqui, no PARABELO.


estudo
do íntimo
específico

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