Anderson Emmanuel Gomes Fonseca Tolentino(1); Laila Moreira Bacurau(1); Lais Sampaio
Machado(1); Sergio Luís de Oliveira(2); Anderson Henrique Barbosa(3)
(1) Bolsista de Inic. Científica, Engenharia Civil, Universidade Federal do Vale do São Francisco
(2) Professor Assistente, Universidade Federal do Vale do São Francisco
(3) Professor Adjunto, Universidade Federal do Vale do São Francisco
Av. Antônio Carlos Magalhães,510, Country Club, Juazeiro-BA, CEP 48902-300
Tel: (74) 2102 7624, anderhb@yahoo.com.br
Resumo
A problemática com os resíduos de pneus aflora como uma questão a ser discutida. No Brasil, as
resoluções 258, 301 e 416 do CONAMA definem as responsabilidades sobre a geração destes resíduos.
Apesar de poder ser recuperado, aumentando a sua vida útil, o resíduo ainda representa um problema em
relação a sua reciclagem após a extinção de sua vida útil. Neste contexto, surge a ideia da reciclagem deste
resíduo para a utilização em compostos cimentícios, em especial as fibras de aço contidas no pneu. Neste
trabalho objetiva-se estudar a união da fibra de aço reciclada de pneu com o concreto e observação de suas
propriedades mecânicas de resistência. As fibras foram coletadas em empresas que realizam recuperação
deste material, passando por um processo de beneficiamento e classificação, sendo produzidas isoladas
(diâmetro de aproximadamente 0,35 mm) e no feixe de fibras (diâmetro de aproximadamente 1 mm), como
encontrada no pneu, ambas com comprimento de 6 cm. Posteriormente as fibras foram utilizadas para a
produção de concretos convencionais, e realizados ensaios em corpos-de-prova cilíndricos de 10 cm x 20
cm e prismáticos de 15 cm x 15 cm x 75 cm. Os ensaios apontam para a contribuição da fibra na resistência
à tração dos concretos, que podem ser comparados com a contribuição percentual nesta propriedade
gerada pela inserção de fibras de aço industrializadas, com reconhecida eficiência.
Abstract
The problem with waste tire arises as an question to be discussed. In Brazil, the 258, 301 and 416 CONAMA
resolutions define the responsibilities on the generation of this waste. Although it can be recovered by
increasing their useful life, the residue is still a problem with recycling after the extinction of life. In this
context, there is the idea of the waste recycling for use in cementitious composites, in particular steel fibers
contained in the tire. This work presentes a study of the union of steel fiber recycled tire with concrete and
the observation of their mechanical properties. The fibers were collected on companies that make recovery
of the material, through a process of classification, being produced isolated (diameter 0.35 mm) and fibers
cable (diameter 1 mm), as found in the tire, both with a length of 6 cm. After this classification, the fibers
were used for the production of conventional concrete, and made tests in cylindrical specimens of 10 cm x
20 cm and prismatic specimens of 15 cm x 15 cm x 75 cm. Tests results point to the contribution of the fiber
in tensile strength of concrete, which can be compared with the percentage contribution in this property
generated by industrialized steel fibers inclusion, which have recognized efficiency.
2 Procedimento experimental
A experimentação necessária para o desenvolvimento do estudo foi realizada no
laboratório de materiais e técnicas construtivas – LABMATEC/UNIVASF
Os resíduos foram coletados em empresas que realizam o processo de recapeamento de
pneus, sendo realizada uma triagem para separação da fibra de aço e das raspas de
borracha.
As fibras obtidas foram caracterizadas observando sua resistência à tração. Observou-se
as especificações contidas na NBR 15530:2007 (Fibras de aço para concreto –
Especificações), que pudessem caracterizar as fibras obtidas da reciclagem, mas tomou-
se como parâmetro apenas a resistência à tração, o diâmetro e o fator de forma.
Os concretos foram dosados tendo como base as proporções apresentadas pelo método
da ABCP, proposto por RODRIGUES (1998), com a respectiva inserção das fibras nos
percentuais de 1%, 2%, 3% e 5% de fibras em relação à massa de cimento da mistura.
Para caracterização no estado endurecido serão avaliadas:
Resistência à compressão: de acordo com a NBR 5739:2007 (Concreto - Ensaios
de compressão de corpos-de-prova cilíndricos).
ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 2
Resistência à tração por compressão diametral: de acordo com a NBR 7222:2011
(Concreto e argamassa — Determinação da resistência à tração por compressão
diametral de corpos de prova cilíndricos).
Resistência à tração na flexão de 4 pontos: segundo a norma NBR 12142:2010
(Concreto — Determinação da resistência à tração na flexão de corpos de prova
prismáticos).
3 Resultados e discussões
Inicialmente, foram testadas fibras finas do pneu. As fibras geralmente vem em forma de
feixe, sendo as mesmas separadas manualmente, conforme detalhes apresentados nas
figuras 1 a 4, desde a coleta ao beneficiamento.
Para tal, foram moldados um número mínimo de 2 corpos-de-prova para medição dos
ensaios de caracterização mecânica propostos.
Detalhes da moldagem dos corpos-de-prova podem ser visualizados nas figuras 6 e 7.
Os corpos-de-prova prismáticos para ensaio de tração na flexão de 4 pontos foram
moldados somente com a aplicação das fibras até metade da altura da forma, sendo na
hora do ensaio a região da fibra colocada na posição para absorver os esforços de tração.
4 Conclusões
De posse dos resultados pode-se concluir:
As fibras de pneus, tanto as finas como as grossas mostraram ser passíveis de
aplicação em concretos, melhorando sua capacidade de resistência à tração na
flexão de no mínimo 17,5%.
Não ocorreu redução significativa dos concretos em absorver esforços de
compressão.
Estas fibras apresentaram uma dificuldade de aplicação devido a aglutinação,
requerendo cuidados durante a mistura, sendo reduzido a medida que o diâmetro é
aumentado (fibra grossa).
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739: Concreto - Ensaios
de compressão de corpos-de-prova cilíndricos, Rio de Janeiro, 2007.
_____. NBR 15530: Fibras de aço para concreto – Especificações, Rio de Janeiro,
2007.
PERES, M. V. N. N.; GRAEFF, A. G.; CHIES, J. A.; PILAKOUTAS, K.; SILVA FILHO, L. C.
P. Avaliação do comportamento do concreto com adição de fibras de aço
originadas da reciclagem de pneus. 52º Congresso Brasileiro do Concreto, Fortaleza-
CE,2010.