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Destruir a civilização?
Willful Disobedience
Acredito que todos os anarquistas concordariam que nós queremos acabar com
cada instituição, estrutura e sistema de dominação e exploração. A rejeição
dessas coisas é, no final, o significado básico do anarquismo. Muitos também
concordariam que entre essas instituições, estruturas e sistemas estão o Estado, a
propriedade privada, a religião, a lei, a família patriarcal, a divisão de classes, etc.
Nos últimos anos, alguns anarquistas começaram a falar no que parece ser
termos amplos sobre a necessidade de destruir a civilização. Isso tem levado,
logicamente, a uma reação de defesa da civilização. Infelizmente, esse debate
tem criado atritos, consistindo em ofensas, más representações mútuas e disputas
"territoriais" sobre a posse do rótulo "anarquista", ao invés de ocorrer uma
argumentação verdadeira. Um dos problemas (embora provavelmente não o mais
significante deles) atrás dessa incapacidade de realmente se debater a questão é
que poucas pessoas de cada lado desse debate têm tentado explicar exatamente
o que querem dizer por "civilização". Ao invés disso, ela permanece como um
termo nebuloso que representa tudo que é ruim para um lado e tudo que é bom
para o outro.
Até então já deve parecer óbvio que eu rejeito qualquer modelo de um mundo
ideal (e desconfio de qualquer visão que seja perfeita demais - suspeito que aí o
indivíduo tenha desaparecido). Uma vez que a essência de uma luta
revolucionária se enquadrando com ideais anarquistas é a reapropriação da vida
pelos indivíduos que foram explorados, despossuídos e dominados, seria no
processo dessa luta que as pessoas decidiriam como elas deveriam criar suas
vidas, o que neste mundo elas sentem que podem apropriar para aumentar a sua
liberdade, abrir possibilidades e adicioná-las ao seu prazer, e o que seria apenas
um fardo sendo roubado da alegria da vida e das possibilidades existentes de
expandir nossa liberdade. Eu não vejo como tal processo poderia criar um modelo
único, universal e social.É preferivel, inúmeros experimentos variando
drasticamente de um lugar ao outro e se modificando com o decorrer do tempo,
poderiam refletir as necessidades, desejos, sonhos e aspirações de cada e todos
indivíduos.
Então, vamos sim destruir a civilização, essa rede de dominação, mas não no
nome de algum modelo qualquer, de uma moralidade asceta de sacrifício ou de
uma desintegração mística para uma suposta harmonia não alienada com a
Natureza, mas antes, pela reapropriação de nossas vidas, a re-criação coletiva de
nós mesmos como indivíduos únicos e não controlados, esta é a destruição da
civilização - dessa rede de dominação de dez mil anos, que se espalhou pelo
mundo - e a iniciação a essa maravilhosa e assustadora jornada ao desconhecido
que é a nossa liberdade.
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Tradução: Erva Daninha - iniciativa anarquista anti-civilização
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