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Expediente / Índice

imprensa@sieeesp.com.br

DIRETORIA Matéria de Capa


Presidente
Benjamin Ribeiro da Silva
Colégio Albert Einstein
4 Perspectivas da economia brasileira
1º Vice-presidente
José Augusto de Mattos Lourenço
Colégio São João Gualberto

2º Vice-presidente
Waldman Biolcati
Educação Infantil Reflexão
10 40
Curso Cidade de Araçatuba

1º Tesoureiro
José Antonio Figueiredo Antiório Reggio Emilia Ganhar ou perder:
Colégio Padre Anchieta
Excelência em O que nos faz mais
2º Tesoureiro
Antonio Batista Grosso Educação Infantil humanos?
Colégio Átomo

1º Secretário
Itamar Heráclio Góes Silva
Aprendizagem Motivação
12 44
Educ Empreendimentos Educacionais

2º Secretário
Antonio Francisco dos Santos Neurociência da Tratamento adequado
Colégio Novo Acadêmico
aprendizagem à Educação
Diretores de regionais

ABCDMR
Oswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008 Literatura Empreendedorismo
Araçatuba
Waldman Biolcati - (18) 3623-1168 14 Projeto Primeira 46 1º Congresso Estadual
Bauru
Gerson Trevizani - (14) 3227-8503
Página - Incentiva a da Mulher Empresária
Campinas
leitura da literatura
Antonio F. dos Santos - (19) 3236-6333 brasileira
Cidadania
Guarulhos
Wilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

Marília Alfabetização
48 O fim da infância, o
Luiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437

Ribeirão Preto
João A. A. Velloso - (16) 3610-0217
18 Família e alfabetização
desejo pelo prazer e o
direito à felicidade
Osasco
- Uma parceria
José Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327 indispensável
Anuidade Escolar
Presidente Prudente
Antonio Batista Grosso - (18) 3223-2510 49 Contrato de
Santos Jurídico Prestação de Serviços
Ermenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349

São José dos Campos


Maria Helena Baeza - (12) 3931-0086
22 A Lei da Palmada Educacionais
São José do Rio Preto
trouxe alguma
Cenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545 inovação?
Sorocaba
Edgar Delbem - (15) 3231-8459 52 Obrigações
Viagem Educacional
OUTUBRO DE 2014
Editor
Adhemar Oricchio - MTB 8.171
24 Jornada pelo interior
Repórteres
Gisele Carmona
Ygor Jegorow (estagiário)
54 Cursos
Desenvolvimento Infantil
Assessoria de Imprensa e
Produção Editorial
Editor-chefe: Adhemar Oricchio
Editor gráfico: Balduino Ferreira Leite
30 Tecnologia e
Site: Gisele Carmona
Redes Sociais: Ygor Jegorow crianças: Limites e
Impressão: Companygraf
responsabilidades
Colaboradores
• Ana Paula Saab • Antonio Higa
• Carlos Alberto Nonino
• Clemente de Sousa Lemes
Intercâmbio
34
• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira
• José Maria Tomazela • José Rodrigues
• Ulisses de Souza
www.sieeesp.org.br
Educadores chineses
Av. das Carinás, 525 - São Paulo - SP
CEP 04086-011 - (11) 5583-5500
visitam o Brasil

2 Escola Particular
Editorial

As revelações Benjamin
Ribeiro da Silva
Presidente do Sieeesp

do IBED Sindicato dos Estabelacimentos de


Ensino no Estado de São Paulo
benjamin@einstein24h.com.br

Mais uma vez os resultados


apresentados pelo Ideb 2013 (Índice
usada para calcular o Ideb e o
desempenho das particulares, só
É necessário
de Desenvolvimento da Educação que a promessa não foi cumprida e, rever conceitos,
Básica) frustram as expectativas
de especialistas e das pessoas
portanto, apenas uma amostra da
rede privada faz parte da avaliação.
principalmente no
interessadas em ver a melhoria do A rede particular teve piora ensino médio
ensino no Brasil. Após oito anos de na nota do ensino médio. Dos 27
avaliações, os números mostram Estados, apenas Roraima atingiu
que os primeiros anos do ensino a meta estabelecida pelo governo
fundamental (1º ao 4º) continuam federal, além do que 18 Estados
melhorando, mas os anos finais (6º ao tiveram nota menor em 2013
9º) e o ensino médio estagnaram e comparando a 2011. Nas séries finais
não alcançaram as metas estimadas. do ensino fundamental, 24 Estados
Dos 27 Estados brasileiros, 16 não alcançaram o patamar previsto
obtiveram um Ideb pior em 2013 do para 2013, mas as notas cresceram
que dois anos antes e outros seis, em 10 Estados, caíram em 11 e ficaram Na rede particular, a nota do ensino
apesar de terem resultados melhores, estáveis em seis. Em compensação, médio baixou de 5,7, em 2011, para
ainda ficaram abaixo das metas. no primeiro ciclo do ensino 5,4, em 2013, mas assim mesmo segue
Na média nacional, o ensino médio fundamental (1º ao 5º ano) a situação à frente das escolas públicas.
manteve os mesmos 3,7 pontos de melhora, pois 15 Estados conseguiram Na constatação final, percebe-
2011, nas redes pública e municipal, atingir a meta e 22 apresentaram se que o sistema educacional tem
quando deveria ter chegado a 3,9. crescimento na nota. melhorado para os estudantes mais
Só para lembrar, o Índice de A escola particular vive uma novos, mas esse ganho se perde
Desenvolvimento da Educação situação peculiar, pois além de não com o passar das séries. Isso nos
Básica mostra a evolução na ser obrigada a participar das provas leva a uma reflexão: é necessário
qualidade da educação nos ensinos de avaliação, teve aumentado rever conceitos, principalmente no
fundamental e médio. É calculado o número de matriculas em sua ensino médio.
a cada dois anos, em escala de zero rede. Isso se deve principalmente Por outro lado, relatório
a dez, e é usado o Censo Escolar a melhoria da economia e muitas publicado recentemente pela OCDE
para medir a aprovação e médias do famílias, que anteriormente não (Organização para a Cooperação e
Sistema de Avaliação da Educação tinham condições, optaram pelo Desenvolvimento Econômico) mostra
Básica (Saeb) e da Prova Brasil ensino pago. Só para se ter ideia, de que o gasto público em educação por
para mensurar o desempenho. 2010 a 2013, a educação básica do aluno no Brasil representa um terço
Como é usado o Saeb, os índices ensino privado teve um crescimento do valor que é investido, em média,
da escola particular são feitos por de 1.100.000 matriculas; enquanto pelos países mais desenvolvidos
amostragem, não existindo um isso, o total de matriculados na do mundo. Enquanto aqui se gasta
ranking para esse segmento de educação básica do país teve uma menos de 3 mil dólares por estudante
ensino. Em 2012, o então ministro queda de 51,5 milhões para 50 milhões a cada ano, lá investem 9 mil dólares.
da Educação Aloizio Mercadante no mesmo período. Isso fez com que Será que é só essa a diferença? Ou
afirmou que todas as escolas a participação da rede privada no também, e principalmente, falta
privadas seriam obrigadas a fazer, total de alunos matriculados subisse gestão e planejamento? Temos um
em 2013, a Prova Brasil, avaliação de 14,7%, em 2010, para 17,2%, em 2013. longo caminho a percorrer.

Escola Particular 3
Matéria de Capa

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Adhemar Oricchio

O professor de economia, Salomão Quadros (FGV),


apresenta aos mantenedores o que acontece na economia
brasileira entre 2014 e 2015 e as perspectivas para 2016.

4 Escola Particular
E mbora as autoridades brasileiras
demonstrem otimismo, o cres-
cimento da economia chinesa aquém
do que se poderia imaginar, além da
recuperação da economia americana,
embora de forma lenta e gradual, acabam
A questão que deve se
afetando e diminuindo os investimentos tornar dominante em relação
estrangeiros no Brasil, trazendo um clima
de expectativa para a economia e a so- ao mercado de trabalho é a
ciedade brasileira, principalmente para
necessidade de qualificação

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o setor particular de ensino.
Para orientar e dirimir dúvidas dos
mantenedores de escolas quanto à situa- da mão de obra
ção, a revista Escola Particular entrevistou
o professor Salomão Quadros, da Funda-
ção Getúlio Vargas, que elaborou estudo
recente para a Fenep sobre a situação da
escola particular brasileira e é autor de
várias pesquisas econômicas na área educa-
cional. Ele nos mostra o quadro real do que
acontecerá neste final de 2014 e em 2015.
O economista enfatiza que a economia
brasileira deve crescer menos de 1% em
2014 e algo não muito diferente em 2015, o
que significa que o PIB per capita recuará
por dois anos consecutivos. Ressalta que
a preocupação com a preservação do
emprego e da renda tornam o consumidor
mais cauteloso com suas decisões que en- não muito diferente em 2015. Significa que o embora os salários estejam aquém do
volvem gastos de maior vulto, sobretudo os PIB per capita recuará por dois anos consecu- esperado. Gostaríamos de uma análise
que representam endividamento. tivos. O baixo crescimento em 2014 decorre a respeito.
Alerta que, para 2015, são esperados primeiramente do adiamento de diferentes
ajustes macroeconômicos que devem inclu- tipos de investimentos: do setor industrial, S. Quadros – Hoje, no Brasil, o mercado
ir redução de gastos públicos, tributação, das obras de infraestrutura, da construção de trabalho ainda apresenta um dinamismo
correção de tarifas e aumentos de juros. residencial etc. Ao mesmo tempo, o con- que contrasta com os resultados do PIB e
Durante essa fase de ajustes, a economia sumo das famílias está crescendo mais da produção industrial. Nos últimos anos,
crescerá menos, o emprego será afetado lentamente do que nos anos anteriores. A houve um movimento intenso de formali-
e pode haver algum repique inflacionário. preocupação com a preservação do em- zação, o que ajudou a corrigir defasagens
E recomenda: “os empresários da escola prego e da renda tornam o consumidor mais históricas nos salários. Este desempenho
particular devem se precaver quanto a cauteloso em suas decisões que envolvem destacado do mercado de trabalho deve
eventuais atrasos de pagamentos, mas, os gastos de maior vulto, em especial os que arrefecer em 2015, mas sem levar a um
efeitos negativos associados a este cenário requerem endividamento. aumento do desemprego. Há um compo-
não devem ser de grandes proporções”. Em 2015, são esperados ajustes macro- nente demográfico que contribui para a
E finaliza: em 2016, a economia pode econômicos que devem incluir redução de moderação do crescimento da força de
acelerar o crescimento com inflação con- gastos públicos, tributação, correção de trabalho. Nestas circunstâncias, ainda que
trolada. Acompanhe a íntegra da entrevista. tarifas, aumentos de juros etc. Durante a as empresas contratem em menor ritmo,
fase de ajuste, a economia crescerá me- não haverá um desequilíbrio capaz de
Escola Particular – O crescimento da nos, o emprego será afetado e pode haver provocar a redução dos salários.
economia chinesa aquém do esperado; algum repique inflacionário. Neste cenário, A questão que deve se tornar domi-
a recuperação da econômica americana não é impossível que grupos de consumi- nante em relação ao mercado de trabalho
(ainda de forma lenta, mas gradual), ao que dores se vejam em dificuldade e possam é a necessidade de qualificação da mão
parece, acabam afetando e diminuindo ter de reduzir seus gastos. de obra. Somente com profissionais mais
os investimentos estrangeiros no Brasil. Os empresários da escola particular de- qualificados é que o país poderá deslanchar.
Somado a isso, alguns desencontros das vem se precaver quanto a eventuais atrasos Caso contrário, cairemos numa armadilha
políticas e dos pronunciamentos na área de pagamentos. De qualquer maneira, os de baixa produtividade que comprometerá
econômica do governo, trazem preocupa- efeitos negativos associados a este cenário o nosso potencial de crescimento.
ções aos empresários e, principalmente, não devem ser de grandes proporções.
nos meios da escola particular. Gostaría- Mais importante do que isto, eles tendem a EP – Cada vez mais brasileiros ingres-
mos de uma análise sua sobre os rumos da desaparecer à medida que o ajuste avançar. sam na classe média, segundo informações
economia brasileira e até que ponto o setor Em 2016, a economia pode acelerar o cres- governamentais. Eles já passam dos 30
educacional privado pode sofrer com essas cimento com inflação controlada. milhões. O Sr. confirma esses números?
incertezas, se é que elas existem. Com isso aumenta a demanda do consumo?
Salomão Quadros – A economia brasilei- EP – Ao que consta o nível de em- Estamos preparados para isso? E a política
ra deve crescer menos de 1% em 2014 e algo pregos tem se mantido favoravelmente, de juros brasileira?

Escola Particular 5
Matéria de Capa

são os cursos de direito e administração.


Formações como as de engenharia do
Embora a demografia petróleo ou ambiental atendem às deman-
das do setor industrial, enquanto moda e
favoreça o ensino fundamental, gastronomia respondem às tendências de
ampliação e diversificação do consumo.
comparativamente ao básico, Educação a distância e interiorização no
sentido geográfico também estão entre
ainda existe um amplo os caminhos trilhados pelo ensino superior
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privado. Quanto à participação no PIB,


espaço a ser explorado pela tem se mantido estável já que há outros
setores, notadamente entre os serviços,
educação infantil que estão ganhando estatura na economia.

EP – A grita é geral com relação a


carga tributária abusiva. De que forma
esses tributos oneram o setor privado de
ensino? O que pode e deve ser feito para
desonerar a folha de pagamentos desses
estabelecimentos?
S. Quadros – Um dos estudos feitos
para a Fenep pela FGV, há mais de cinco
anos, propunha uma desoneração parcial
da folha de pagamento, mas indiscriminada
entre setores econômicos. Ela deveria ser
parcial porque não há como prescindir
da folha de pagamento como base para
financiamento da seguridade social. Tam-
S. Quadros – Os números dependem ainda cresce fortemente. Este é um fator pouco deveria privilegiar este ou aquele
do que se estipule como fronteira da determinante para o planejamento estra- segmento. A folha de pagamento do setor
classe média. De qualquer maneira, pelos tégico da atividade. Além disso, como já educacional privado como porcentual do
indicadores mais usados, o número está salientado, a qualificação da mão de obra faturamento é três vezes maior do que
correto. Trava-se agora um debate sobre é essencial para que o país cresça a taxas a proporção média da economia. Mas a
a continuidade desse processo. O expres- elevadas, sem as quais a difusão de melho- política de desoneração seguida pelo go-
sivo aumento da renda das famílias mais res padrões de vida se dará de maneira verno foi diferente, e hoje, diante da neces-
pobres nos últimos anos é um fato incon- lenta e pouco eficaz. sidade de ajuste fiscal, é pouco provável
testável. Reduziu a imensa desigualdade que tenha continuidade.
que sempre caracterizou o Brasil, mas EP – Recordamos das pesquisas feitas
pode ter chegado ao limite. A incorporação pelo Sr. para a Fenep, nos anos de 2005 EP – Vez ou outra aparecem sugestões
destas famílias ao mercado consumidor e 2006. Na época o setor educacional de se descontar 100% das despesas com
lhes permitiu aumentos substanciais de privado respondia por 1,3% do PIB nacional. educação no Imposto de Renda, assim
rendimentos. Novos aumentos terão de vir Esses números estão mantidos? O Sr. têm como é feito com a área de saúde. Isso
de ganhos de produtividade, o que exige números mais atualizados? seria viável? Seria a forma de resolver
formação de capital humano. É um desafio, S. Quadros – Em 2013, o setor educacio- os problemas para mantenedores, pais
um modelo diferente do que nos trouxe nal privado atingiu a marca de aproxima- e alunos?
até aqui. Quanto aos juros, são altos em damente 13,7 milhões de matrículas. Um S. Quadros – Esta proposta é inviável.
grande medida porque os resultados fiscais em cada cinco domicílios brasileiros possui O setor educacional privado possui um
são apertados, os gastos crescem acima pelo menos um morador matriculado na faturamento líquido de mais de 65 bilhões
do PIB e a tributação não pode aumentar rede privada. A maior parcela, pouco mais de reais em valores de 2012. Esta cifra
indefinidamente. Mas esta combinação re- de 8 milhões, está no ensino básico. Mas corresponde a 1,5% do PIB. O governo não
flete preferências sociais e deve prosseguir. o ensino superior cresce em ritmo mais poderia abrir mão de uma base tributária
acelerado, aumentando em cerca de 8% tão ampla, sob pena de graves desequilí-
EP – Com relação ao setor educacional, ao ano seu corpo discente. Embora a de- brios fiscais. Isso posto, é possível elaborar
o que podemos esperar? Particularmente mografia favoreça o ensino fundamental, propostas mais realistas de isenção, que
no ensino privado, quais as perspectivas comparativamente ao básico, ainda existe beneficiem, sobretudo, os novos partici-
para as escolas? No seu entendimento, um amplo espaço a ser explorado pela pantes da classe média, que tendem a diri-
qual o melhor rumo a ser seguido pelos educação infantil, já que as matrículas em gir parcela crescente de seus rendimentos
mantenedores? creches e pré-escolas devem crescer em ao ensino privado. Medidas nesta direção,
S. Quadros – O Brasil passa por uma resposta à presença crescente da mulher atentas à necessidade de equilíbrio fiscal,
transição demográfica que afeta forte- no mercado de trabalho e das dificuldades podem ajudar a construir a continuidade
mente o setor educacional privado. O de se dispor de empregados domésticos. do modelo de inclusão social que fun-
número de crianças está em queda en- O ensino superior, por sua vez, não tem cionou com sucesso nos últimos anos, mas
quanto o de jovens, acima de 18 anos, crescido apenas pelas vias tradicionais, que encontra-se próximo da saturação. •

6 Escola Particular
Escola Particular 7
Matéria de Capa

Salomão Lipcovitch Quadros da Silva

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Com 54 anos, é formado em Engenharia Elétrica pela PUC-RJ (1974-1978),
mestre em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ (1979/1981) e cursou
o Doutorado em Economia, na Fundação Getulio Vargas - FGV (1983/1988).

Trabalha no Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV desde 1980.


Atualmente é responsável pelo cálculo e divulgação dos índices de preços
integrantes do sistema IGP (Índice Geral de Preços). É também Coordenador
de Estudos Setoriais no IBRE, tendo editado relatórios de pesquisa e de
acompanhamento conjuntural sobre a indústria brasileira de embalagem, o
segmento privado de educação, os macrossetores da saúde e da construção
e a economia fluminense, entre outros.

Na área de pesquisas econômicas, foi coordenador técnico da Sonda-


gem Conjuntural da Indústria de Transformação (1999/2003) e responsável
executivo pelos rankings e premiações empresariais e pelas pesquisas de
preços agrícolas do IBRE. Professor de macroeconomia nos cursos de MBA
da FGV (desde 1996) e ex-professor de estatística e pesquisa operacional
nas faculdades de engenharia e economia da PUC-RJ e de economia do
setor público da Universidade Santa Úrsula.

Representante da FGV em seminários técnicos internacionais (Seminário


sobre Sondagens Conjunturais promovido pela OCDE, Bruxelas, novem-
bro de 2003 e Seminário sobre Indicadores Antecedentes em Países Não
Membros da OCDE, Paris, abril de 2005) e em cursos de aperfeiçoamento
(Indicadores Econômicos, Bureau of Labor Statistics, Washington, abril/
maio de 1993). Consultor e elaborador de pareceres econômicos na área
de cálculos financeiros.

Palestrante e colaborador de jornais, revistas e programas de televisão


especializados em economia. Publicou os livros: “A economia brasileira em
gráficos” (1995) e “Muito Além dos índices – crônicas, história e entrelinhas
da inflação” (2008), ambos pela Editora FGV.

8 Escola Particular
Escola Particular 9
Educação Infantil

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Trabalhos infantis
É difícil conceber a ideia de que exista
uma Educação Infantil de referência
mundial. Porém, há uma abordagem peda- Reggionarra, evento em que toda a cidade foram expostos por
gógica que chama atenção pelo respeito – pais, tios, avós, estudantes – se mobiliza
às infâncias e pelo desenvolvimento das para contar histórias para as crianças. Na toda a região
“cem linguagens da criança”, baseada em ocasião, trabalhos infantis foram expostos
princípios de respeito, responsabilidade e por toda a região. teriais reciclados e a criatividade resultam
participação na vida comunitária. Trata-se Nossa recepção não pôde ser me- em um excelente resultado estético.
da cidade de Reggio Emilia, no norte da lhor: moradores da cidade, voluntários, Depois de vivenciar a abordagem de
Itália, que instituiu, após a Segunda Guerra levaram-nos para reconhecer espaços, Reggio, é possível identificar a afinidade
Mundial, um sistema educacional capaz de pontos históricos, culturais e religiosos do entre o Projeto Marista para a Educação In-
oferecer às crianças de zero a seis anos os Centro. A caminhada pelas ruas, todas as fantil da Coleção Currículo em Movimento
melhores serviços de educação. manhãs, até chegar ao local do evento já e o Projeto Educativo de Reggio Emilia.
O resultado é de admirar: a educação era de aprendizado. Observar as crianças Tal fato, inclusive, fez com que o Colégio
pública contempla todas as crianças das indo às escolas, acompanhadas pelos pais, Marista Arquidiocesano fosse escolhido,
mães que desejam ter seus filhos nas cre- os adultos andando de bicicleta, caminhar em agosto, para receber a Conferência
ches ou nas salas de aula, incluindo filhos de pelas praças e bosques – extremamente Redsolare Brasil, com o tema “Diálogos
imigrantes africanos, chineses e famílias do bem cuidados – para o “brincar”, deixou- entre Cidade e Escola: O Projeto Educativo
Leste Europeu. A educação infantil absorve me a certeza de que a filosofia de Loris de Reggio Emilia e as Aprendizagens das
17% do orçamento do município e todos Malaguzzi, pedagogo de Reggio Emilia, não Crianças”, na qual se comemorou os dez
veem o porcentual como investimento, e fica apenas nos livros. anos da Redsolare na América Latina, insti-
não como despesa. O curso do qual participamos – muitos tuição que divulga as propostas educativas
“A educação é um bem público, como Maristas também estiveram por lá – teve vivenciadas na cidade de Reggio Emilia.
a água. Então ela precisa ser desfrutada uma parte teórica e outra parte de visitas, O diálogo entre a educação Marista e
em iguais condições por todos”. Essa é a organizadas em pequenos grupos, incluin- a de Reggio Emilia é evidente. Também no
máxima da cidade-referência onde crianças do conversas com pedagogos, professores caso dos Maristas, tudo começou com Mar-
são respeitadas como cidadãs. Educadores locais. Na parte da visitação, notei que celino Champagnat, na França, pensando
de diversos países têm a oportunidade de as escolas possuem espaços amplos de em crianças. •
conhecer in loco como funciona o projeto parques, bosques, com poucos brinquedos,
educacional – que não se impõe como único privilegiando a área verde. Em geral, não
e ideal, mas pressupõe troca de experiên- possuem mais do que 70 crianças e estão
cias –, além de vivenciar e compartilhar divididas entre creches e pré-escolas. Marisa Ester Rosseto
Diretora Educacional
histórias, valores e objetivos. Há diferenças significativas entre os do Colégio Marista
Arquidiocesano de São
centros educativos. Porém, o que mais Paulo
Relato de uma educadora chamou-me a atenção foram os espaços
A cidade de Reggio é encantadora. No e suas possibilidades. A simplicidade da
dia em que chegamos, estava terminando o construção das escolas, a utilização de ma-

10 Escola Particular
Escola Particular 11
Aprendizagem

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como as emoções negativas
afetam o desempenho escolar

P or aprendizagem entende-se um
complexo processo que se estabelece
entre o indivíduo e suas novas relações
Uma das características mais impor-
tantes do cérebro é sua capacidade de ge-
rar novos neurônios e novas redes neurais
com o meio ambiente e que provoca uma continuamente, num processo conhecido
alteração na estrutura mental. É uma das como neuroplasticidade. Esse fenômeno
habilidades neurais mais importantes à facilita a formação de novas memórias e
sobrevivência do ser humano e dos ani- consolidação da aprendizagem, mas é pre-
mais. Por meio dessa interação, o homem judicada pelo stress excessivo, ansiedade e
adquire e desenvolve competências in- estados emocionais negativos.
dispensáveis para sua sobrevivência. O
cérebro, no ser humano, apresenta-se mais AMÍGDALA DO HIPOCAMPO
desenvolvido que nos animais e, com isso, As informações que recebemos do
possibilita maior desenvolvimento cogni- meio ambiente são captadas pelos nossos
tivo e adaptativo. órgãos do sentido e enviadas ao cérebro
onde são processadas, discriminadas ao
O CÉREBRO TRINO mesmo tempo em que somos afetados
Na evolução das espécies o cérebro de- pelo seu conteúdo emocional. Os estímulos
senvolveu-se em três diferentes unidades seguem para uma região do cérebro conhe-
funcionais: cérebro reptiliano, cérebro dos cida como amígdala ou corpo amigdaloide,
mamíferos inferiores e o cérebro racional. importante centro neural situado no lobo
O primeiro, formado pela medula espinal temporal. É na amígdala que as informa-
e porções basais do prosencéfalo, é capaz ções emocionais são processadas, onde o
de prover reflexos simples como aqueles conteúdo emocional é identificado.
observados nos répteis. Regula funções vi- A amígdala também possui associações
tais básicas como fome, sede, temperatura com o sistema nervoso vegetativo, que
corpórea, reprodução. O segundo cérebro controla o funcionamento dos órgãos ab-
permite que os mamíferos inferiores apre- dominais, dentre eles o coração. Por exem-
sentem emoções mais simples e vivam em plo, nas fortes emoções há um aumento da
comunidade. Este sistema de emoções é frequência cardiaca, disparando o coração.
chamado de sistema límbico. Mais recente-
mente, desenvolveu-se o terceiro cérebro, AMÍGDALA E APRENDIZAGEM
o neocórtex, o “cérebro inteligente”, A amígdala, portanto, tem uma função
responsável pelo avanço cognitivo do ser primordial por conexão com importantes
humano. centros relacionados às emoções, cog-

12 Escola Particular
nição, aprendizagem, recuperação de
informações, planejamento, tomada de
cardíaca, onde o coração encontra-se em
conexão direta com o cérebro, informando-
O sujeito torna-se
decisões e reações dos órgãos viscerais.
Em 2007, Yang e colaboradores publi-
o de que as emoções e o corpo estão em
perfeita harmonia.
mais focado,
caram no Neuroscience Letters uma pesqui-
sa avaliando a função da amígdala usando
No estado de coerência cardíaca a amíg-
dala normaliza seu funcionamento, reduzin-
com atenção
ressonância magnética. Demostraram que do a hiper-reatividade. Pela repetição desse concentrada, mais
esse núcleo apresenta-se demasiadamente estado, a pessoa permanece em equilíbrio
ativo em diversos transtornos psicológicos, emocional, permitindo que o stress, a ansie- apto a aprender
como no stress, transtorno de ansiedade, dade e outros estados psicoemocionais, que
transtorno de stress pós-traumático entre consomem energia e a concentração, sejam Politécnica da USP (Projeto NAGI) a NPT
outras. Os transtornos de humor, stress e naturalmente mitigados. desenvolveu o Método Neurocoaching NPT
ansiedade mostram acoplamentos modi- O estado de coerência cardíaca permite para Alto Desempenho com o objetivo de
ficados entre o processamento de eventos à pessoa se tornar mais consciente de sua atender escolas, empresas e instituições. O
emocionalmente alterados e atividades do capacidade de regular as emoções, propicia método é fundamentado no treinamento
sistema nervoso visceral: o biofeedback é autoconhecimento e autorregulação fisio- com biofeedback cardioEmotion acompa-
uma maneira prática e objetiva de avaliar lógica. Com isso, o sujeito torna-se mais fo- nhado por monitores qualificados da NPT.
essa atividade. cado, com atenção concentrada, mais apto Portanto, o uso do biofeedback pro-
a aprender, o que facilita a memorização. porciona melhores condições para o apren-
BIOFEEDBACK E COERÊNCIA CARDÍACA No estado de coerência cardíaca há uma dizado, memorização, desempenho nas
Biofeedback (retroalimentação bio- maior oxigenação do córtex pré-frontal, provas e exames, obtidos pela regulação
lógica) é uma tecnologia que capta os que melhora o raciocínio, o planejamento e emocional, aumento de foco e concentra-
sinais de batimentos cardíacos por meio de a tomada de decisões. Ao mesmo tempo, há ção, redução do stress e ansiedade. •
sensores não invasivos e os envia a um pro- redução do hormônio do stress (cortisol) e
grama de computador onde os dados são aumento do DHEA (hormônio da juventude).
analisados, disponibilizando o resultado ao Entre os principais equipamentos
usuário. Por meio de exercícios de simples utilizados para treinamento do estado Dr. Marco Fabio Coghi
Para contatar o autor:
realização, o sujeito consegue facilmente de coerência cardíaca encontra-se o bio- marco@nptronics.com.br
nptronics.com.br
alterar sua pulsação, transformando-a de feedback cardioEmotion, produzido pela
caótica e desorganizada em uma pulsação empresa NPT – Neuropsicotronics, sediada
harmônica e coerente. Esse estado de no Cietec, centro de inovação da Universi-
equilíbrio é conhecido como coerência dade de São Paulo. Com o apoio da Escola

Escola Particular 13
Literatura
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H á dois anos o ator Clovys Torres e a desejávamos produzir um evento literário


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produtora Cândida Morales se conhe- e, sim, construir um projeto para aproximar


ceram num projeto de dança e descobriram a literatura e seus autores do cotidiano das
um prazer em comum: a leitura. Dessa pessoas”.
descoberta nasceu o projeto Primeira O Primeira Página somou esforços e
Página, encontro com grandes escritores parcerias para surgir, já com destaque,
com o objetivo de criar um espaço contínuo na cena cultural. O primeiro convidado a
de discussão e apreciação da literatura participar foi Ferreira Gullar, seguido por
brasileira que logo foi abraçado pela PUC- Adélia Prado, Luis Fernando Veríssimo,
São Paulo (na pós-graduação da Faculdade Milton Hatoum, Ruth Rocha, Ruy Castro e,
de Letras) e pelo TUCA. agora em outubro, Marcelo Rubens Paiva
O que os curadores desejavam era criar e Milton Hatoum. Além dos dois curadores, o palco é
um espaço de debate, experimentação Fugindo dos padrões das feiras e sempre composto por um jornalista cul-
e confraternização do hábito da leitura. eventos literários, os curadores-produ- tural, um ator e uma atriz, que participam
“Não é explicar a literatura, mas oferecer a tores criaram um formato que mistura da conversa sobre vida e obra com o au-
boa leitura e comungar o prazer de ler com linguagens – teatro, música, bate-papo tor. Já estiveram presentes Paschoal da
outras pessoas!”, observa Cândida. “Não e leitura. Conceição, Rosi Campos, Elias Andreato,
Regina Braga, Wellington Nogueira, Ilna
Divulgação

Kaplan, Clarisse Abujamra, Walderez de


Barros e Denise Weinberg.
“O bate papo é sempre muito rico
e aproxima o autor da platéia pelo viés
humano e não da celebridade ou da figura
intocável do autor que fica na estante!”, diz
Clovys. Outro aspecto que Cândida destaca
é a importância da clareza de propósito:
“Contribuir para a difusão da leitura de
grandes escritores brasileiros pela via sen-
sorial. O compartilhamento do prazer em
ler e conhecer é a causa à qual o Primeira
Página se dedica.”

14 Escola Particular
Escola Particular 15
Literatura

Sessão especial no mês do professor


O Primeira Página inova e promove Milton Hatoum e Marcelo Rubens Paiva
um encontro entre dois grandes escritores serão recebidos no palco do TUCA pelos
brasileiros. Os curadores querem discutir o curadores Cândida Morales e Clovys Torres,
processo criativo, as influências literárias, acompanhados do jornalista Leo Madeira
as questões brasileiras do momento e a e dos atores Denise Del Vecchio e Claudio
responsabilidade do escritor na sociedade Fontana, para um bate papo permeado
contemporânea. O objetivo é proporcionar de leitura de textos das suas obras, numa
uma experiência sensorial e única de en- experiência cheia de curiosidades sobre o
contro, onde a literatura é a grande estrela. universo que envolve estes dois escritores.

MILTON HATOUM
Nos anos 60, Milton Hatoum foi vocalista de banda de rock em Manaus. O
moleque de 15 anos deixou família e cidade, no período da ditadura, e migrou
para Brasília. Depois foi para São Paulo, onde fez Arquitetura na USP. Deprimido
pela repressão, conseguiu uma bolsa e foi estudar em Barcelona, Paris e Madri,
antes de começar a dar aulas de literatura em Manaus. Escreveu quatro romances
premiados, além de crônicas e contos. Filho de libaneses, entre o árabe e o por-
tuguês, Hatoum ouvia as histórias do avô misturadas às dos caboclos às margens
do Rio Negro. Encontrar a voz do narrador, o contador de histórias, construir essa
voz em meio a culturas tão diferentes, personagens que não são protagonistas e
que habitam as periferias do mundo, parece ser o dilema instigante da criação de
Milton Hatoum.

CLUBES DE LEITURA PRIMEIRA PÁGINA Divulgação

Ler é prazeroso, mas dividir o hábito da leitura é ainda mais gostoso


Em 2013, quando os curadores nem bem tinham criado o Primeira Página, já
sonhavam com uma rede de incentivo à leitura com encontros e trocas através da
literatura, discutindo e lendo autores brasileiros.
Logo de inicio esse desejo reverberou num coletivo e surgiram reuniões mais
descontraídas, soltas e festivas. Um ano depois, o Primeira Página comemora o
lançamento dos Clubes de Leitura Primeira Página São 25 parceiros que vão ler e
discutir os textos dos autores convidados no mês que antecede ao encontro no
TUCA, realizando Clubes em universidades, museus, praças, residências particu-
lares, escolas, bibliotecas e espaços culturais. A ideia é criar uma platéia crítica e
leitora, interessada em conhecer mais dos autores brasileiros.
Os clubes são formados por pessoas de diversas origens e perfis sócio-econômi-
cos. Elas se conectam pela literatura, pelo encontro e participam com propriedade
de conteúdo e maior interesse no autor do mês. Esta rede é muito importante não
só porque fomenta o hábito da leitura, mas também porque cria espaços de troca
e de discussão sobre a literatura brasileira e seus autores.
Em outubro os clubes estão lendo as obras de Marcelo Rubens Paiva e Milton
Hatoum, os dois convidados do mês (com direito a sessão especial para professores
e parceria com o Sieeesp).

16 Escola Particular
MARCELO RUBENS PAIVA

Divulgação
Marcelo Rubens Paiva escreve ro-
mances, peças de teatro e um blog. Já
escreveu roteiros para cinema, letras
de música e apresentou programa
de TV. Estudou na Escola de Comu-
nicações e Artes da USP, frequentou
o mestrado em Teoria Literária da
Unicamp e o King Fellow Program da
Universidade de Stanford, na Califór-
nia. Nas suas múltiplas formas de dizer,
persiste o desejo de aprender, de ex-
perimentar. Sua linguagem coloquial,
anárquica, expressa as questões da
cultura urbana, do sexo, das drogas, e
de compreensão e reconstrução de si.
Marcelo Rubens Paiva publicou
seu primeiro livro em 1982, “Feliz tação dos movimentos dos braços e uma periência, iniciou o processo de aprender a
Ano Velho”. A tragédia que sofreu o possível profissão, começou a escrever escrever escrevendo. Depois vieram “Ble-
obrigou a recomeçar. Diante de uma contos, crônicas e críticas. Convidado por caute”, “Malu de Bicicleta”, “As Fêmeas”,
máquina de escrever, sentado numa um amigo da família, Caio Graco, editor vários prêmios, traduções, peças de teatro,
cadeira de rodas, buscando a reabili- da Brasiliense, a escrever sobre sua ex- exemplos de uma produção incansável. •

SERVIÇO: ENCONTRO COM MARCELO RUBENS PAIVA e MILTON HATOUM


Data: 28 de outubro de 2014 Horário: 15hs
Local: Teatro Tuca – Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes – São Paulo
Ingressos: R$ 25, (meia entrada) e R$ 50, (inteira) PROFESSORES ASSOCIADOS AO SIEEESP – pagam R$ 20,00.
Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou diretamente no SIEEESP.

Escola Particular 17
Alfabetização

“Criança é um bichinho
imitador. Se nunca vê os
adultos de que gosta e que

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admira com um livro na
mão, ou falando de um bom
livro, não vai ser despertada
para a leitura. Mas se
viver cercada de leitores,
naturalmente tende a ler
também. Acho que a fórmula
seria: exemplo, curiosidade
e acesso a bons livros.
Geralmente funciona.”
Ana Maria Machado

C omo a família poderia auxiliar e ace-


lerar o processo de alfabetização de
uma criança nos dias de hoje?
Como aprendemos a falar, andar, cozi-
nhar, dirigir?
Aprendemos porque estamos inseridos
taria muito de compartilhar com outro
adulto uma estrofe ou um trecho especial
de sua leitura do momento, seja de um
A resposta a essa pergunta poderia ser: num grupo social que fala, anda, dirige jornal, de um artigo ou de uma história
sendo leitora! porque necessita disso tudo. interessante?
Nas mais recentes concepções de Aprendemos pela existência desses • Quantas vezes você pede para as
aprendizagem e de desenvolvimento hu- atos em gerações anteriores. crianças que não a interrompam por um
mano não residem mais dúvidas sobre Aprendemos pela necessidade vital tempinho, porque está lendo?
isso. Só aprendemos se vivemos em um dessas ações. • Quantos dias da semana são desti-
contexto no qual as pessoas que utilizam Com a leitura e a escrita não deveria ser nados para uma leitura com as crianças e
o conhecimento consigam nos ensinar as diferente. Todavia, para que isso ocorra, é com os jovens?
vantagens de seus usos e como funcionam. preciso, como diz Armindo Trevisan, gostar • Quantas vezes por mês há momen-
Isso fica evidente quando observamos para criar no outro o gosto. Trabalho de tos de empréstimos ou aquisição de livros
a tranquilidade de crianças bem pequenas emoção e afeto que só pode partir daqueles novos para a casa?
interagindo, competentemente, com os que se dispõem verdadeiramente a isto. • Quantas vezes ao ano você comemo-
mais recentes equipamentos eletrôni- Portanto, é chegada a hora de ques- ra o término de mais um livro lido?
cos (celulares, controles remoto, tablets, tionar: o que a família tem feito, além de Talvez a ênfase dada à leitura e à escrita
smartphones e outros). enfatizar as exigências da escola, para não esteja sendo muito forte. O modelo
Tal processo só ocorre porque a força formar leitores e escritores? da rotina doméstica não favorece e nem
do exemplo é mais forte do que a própria Vamos refletir sobre isso. Vamos fazer valoriza o ato de ler e de escrever.
metodologia: primeiramente as crianças a mea-culpa? Talvez a própria família não considere
desejam utilizar aquilo que tanto prazer • De uma maneira geral, o que, comu- interessante ou importante a função da
dá aos adultos. Depois, então, é que elas mente é realizado quando os adultos da língua escrita, que pode nos catapultar para
observam ou pedem explicações sobre família estão com as suas crianças? todos os lugares, para tempos remotos e
como funciona tal objeto. E, imediata- • Em que momento do dia os jovens e futuros, sem que saiamos do mesmo lugar.
mente, todos se admiram e fazem questão as crianças da casa constatam o prazer dos Não é mera coincidência! Os aspectos
de explicar em que tecla pressionar ou adultos por uma boa leitura? acima mencionados são os sete pecados
qual parte da tela tocar para obter este ou • Quantas vezes as crianças de sua capitais com relação à formação do leitor
aquele efeito desejado. casa foram silenciadas porque você gos- e do escritor!

18 Escola Particular
Ninguém • Você já percebeu que a letra de seu
nome é a mesma que inicia o nome deste
aprende o produto (um refrigerante, por exemplo)?
• O que você acha que está escrito nes-
que não tem ta parte do jornal: a letra de uma música,
uma notícia ou uma receita de bolo? Eu vou
significado ler para você ver se acertou.
• Sua escola tem o nome de uma per-
para a sonagem de tal programa infantil. Vamos
escrevê-lo?
sociedade • Vou ler este poeminha (ou esta
história) para você. Se gostou, desenhe
na qual está
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nele uma “carinha feliz”. Se não gostou,


uma “carinha triste”.
inserido • O nome de seu cachorro rima com o
nome de sua prima. Veja como se escreve
da mesma forma.
Revise sua rotina e converse com todos com a escrita: para aprender a escrever o • Vamos escrever um cartão de ani-
os membros de sua família. Percebam-se sujeito necessita de mediação adequada versário para fulano?
e organizem-se, pois não é necessário de outro sujeito que saiba escrever e, • Vamos pintar da mesma cor as letras
que apenas o pai ou só a mãe facilitem sobretudo, que este compreenda porque que se repetem nos nomes dos que moram
esse encontro prazeroso e determinante é tão importante ler e escrever em uma nesta casa?
com a escrita. Avós, cuidadoras, tias, sociedade letrada. Dizendo um pouco Enfim, é bom reconhecer o que é sig-
empregadas, madrinhas, babás, vizinhas, diferente: ninguém aprende o que não nificativo para a criança para que possamos
primos ou irmãos mais velhos, todos são tem significado para a sociedade na qual mediar adequadamente essa construção
mediadores em potencial. Basta, para isso, está inserido. humana.
que percebam a importância de tal ato e se Nada impede que pais e irmãos mais Em um programa de Formação da Famí-
proponham a partilhar prazeres, sonhos, velhos recorram a esses referenciais para lia Leitora, costumo apresentar aos pais um
encantamentos e paixão. ampliar a capacidade de compreensão decálogo de como não formar leitores. E
Não há como negar que dificilmente sobre a escrita que a criança em processo gostaria que todos pensassem sobre isso
alguém se torna leitor sozinho, como de alfabetização possui. Basta chamar-lhe e sobre a responsabilidade da família na
afirma Marisa Lajolo. O mesmo ocorre a atenção para alguns fatos como: formação de suas crianças.

Escola Particular 19
Alfabetização

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Em que momento do dia
os jovens e as crianças
da casa constatam o
prazer dos adultos por
uma boa leitura?
DECÁLOGO:
COMO NÃO FORMAR LEITORES
• Nunca leia na presença das crianças
e dos jovens de sua casa, pois eles podem
desejar imitar essa atitude.

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• Jamais demonstre prazer caso al-
guém o veja lendo, porque isso poderia
ser motivo de questionamento e imitação.
• Evite ler em voz alta, para outro
adulto, estrofes de poemas ou trechos do
romance que está lendo, porque os mes-
mos o emocionaram e podem emocionar
outros membros da família.
• Permita que todos falem com você,
gritem e deixem a TV em alto volume VEM LER COMIGO
enquanto você lê, porque ler não exige
entrega e, portanto, nem concentração. Tão pequenas, quem diria!
• Não pense em ler algo interessante São apenas 26.
dirigido para as crianças e jovens da casa, E quem sabe combiná-las.
afinal, eles já estão entretidos com jogos Lê o mundo de uma vez.
eletrônicos, redes sociais e TV.
• Procure não mostrar a ninguém da Combinadas entre si
família o livro que você acabou de empres- Podem palavras formar.
tar, de ganhar ou de comprar. Eles pode- Palavras têm o poder
riam cobrar um livro também. De o mundo transformar.
• Quando, emocionado, você con-
cluir um romance, como por exemplo, Os O que escrevem aqui
Miseráveis, de Victor Hugo, jamais demons- Outros podem ler por lá
tre a sensação de vazio e, sobretudo, de E quem ler pode escrever
completude que te acometeu nesse mo- Pra elogiar ou contrariar.
mento mágico.
• Sempre que seu filho estiver as- Coisas escritas há tempos
sistindo a um programa televisivo, novela Ainda têm seu valor
ou filme baseado em obras literárias, não Basta estarem registradas
comente, nem o informe a respeito. Deixe- Em papel e com amor.
o pensando que aquela obra foi criada para
aquele momento. Por isso é tão importante
• Nunca faça alusão a uma história ou A todos alfabetizar
livro que marcou sua infância. Pois o mundo que queremos
• Jamais, nunca, em tempo algum Ainda temos de criar.
demonstre sua emoção ao lembrar que,
na infância, havia quem lesse para você. São poucos os que percebem
Para finalizar, quem sabe o poema a A importância de tal ato,
seguir consiga sensibilizar as crianças a Mas a leitura é a porta
respeito da importância da escrita para a Pra sermos cidadão de fato.
libertação e autonomia do ser humano. •

Sandra Mara Bozza Martins


Mestre em Ciências da Educação, Especialista em Linguística e em Literatura Infantil,
Professora de Língua Portuguesa, de Linguística e de Metodologia do Ensino,
Alfabetização e de Literatura Infantil.
Autora de livros técnicos e didáticos na área de Língua Portuguesa e Avaliação.

20 Escola Particular
Escola Particular 21
Jurídico

A Lei da Palmada trouxe


alguma inovação?

freeimages.com
N o dia 27 de junho de 2014 foi promul-
gada a Lei nº. 13.010, que teve como
escolares, como temas transversais, dos
conteúdos relativos aos direitos humanos e
objetivo a alteração das Leis nº. 8.069 –
Estatuto da Criança e do Adolescente – e
Os castigos à prevenção de todas as formas de violência
contra a criança e o adolescente.
da Lei 9.394 - Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.
moderados de O que chama a atenção na lei da Palma-
da é a previsão ampliada dos responsáveis,
Referida lei tem como escopo a pre-
visão de estabelecer o direito da criança
outrora nunca tanto pela educação e proteção, quanto na
punição destes em caso de infração à lei,
e do adolescente de serem educados e fizeram mal a ou seja, os responsáveis não se restringem
cuidados, sem o uso de castigos físicos ou mais ao modelo antigo, do pai e da mãe. A
de tratamento cruel e degradante, como ninguém lei ampliou o leque de responsáveis pela
formas de correção, disciplina, educação educação, pelo cuidado e pela proteção das
ou qualquer outro pretexto, pelos pais, crianças e dos adolescentes. Vê-se, nesse
pelos integrantes da família ampliada, aspecto, o intuito do legislador de reconhe-
pelos responsáveis, pelos agentes públicos Obviamente é certo que a criança e o cer e prestigiar as diferentes formas de
executores de medidas sócioeducativas ou adolescente devem ser tratados com dig- família dos tempos modernos.
por qualquer pessoa encarregada de cuidar nidade e respeito, sem qualquer dano à sua Assim, a nosso ver, a Lei da Palmada
deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. integridade física e moral e isso não é novi- não inovou muito. Porém, é certo que deve
O castigo físico acima referido consiste dade, pois, são valores, princípios e direitos ser aplicada e obedecida. Por outro lado,
na ação de natureza disciplinar ou punitiva já previstos na nossa Constituição Federal e quanto aos castigos moderados de outrora,
aplicada com o uso da força física sobre a em várias leis infraconstitucionais. estes nunca fizeram mal a ninguém. Pelo
criança ou adolescente e que resulte em Além do que, a previsão é que, no caso contrário, em muitos casos contribuíram
sofrimento físico ou lesão. de infração à lei, os sujeitos infratores de- para a formação do caráter dos cidadãos
Por outro lado, o tratamento cruel verão ser encaminhados a programa oficial de hoje. •
ou degradante trata-se da conduta que ou comunitário de proteção à família; a
humilhe, ameace ou ridicularize a criança tratamento psicológico ou psiquiátrico; a
ou adolescente. cursos ou programas de orientação; obri-
Sem querer desmerecer a Lei da Pal- gação de encaminhamento da criança a Josiane Siqueira Mendes
Advogada do Sieeesp
mada, não vemos grandes mudanças no tratamento especializado; e advertência.
seu texto, visto que as previsões legais Segundo a lei, tais medidas deverão ser
constantes do Estatuto da Criança e do aplicadas pelos Conselhos Tutelares.
Adolescente já preveem várias formas de No que se refere à alteração da LDB,
cuidado e proteção destes. esta se refere à inserção nos currículos

22 Escola Particular
Escola Particular 23
Viagem Educacional
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Ana Paula Saab

“O tripé ‘qualidade da escola particular, política eficiente de cobrança e cálculos de custos


bem feitos’ é fundamental no desafio de manter o crescimento da rede privada,
mesmo diante de um cenário pouco positivo.”

O cenário econômico para 2015 e as ex-


pectativas quanto ao novo governo
colocam as escolas particulares em estado
José dos Campos, Guarulhos e São Paulo,
num total de 3 mil quilômetros.
A maior expectativa dos mantenedores
aumento real, já temos 9,5%. Se o reajuste
for menor que isso, a escola corre um sério
risco de não suportar um eventual revés na
de alerta. É preciso ter foco na qualidade girou em torno dos reajustes das mensali- economia em 2015”, explicou o presidente
do serviço, cautela nos investimentos e dades escolares, que deve ser de, no mínimo, do sindicato, Benjamin Ribeiro da Silva.
manter uma boa política de cobrança para 10%, segundo orientação do sindicato. “Con- Ele lembra que o governo está segu-
não ter prejuízo nos próximos 12 meses. tabilizando a inflação do ano, que deve ficar rando os preços para conter a inflação, e
Essas foram algumas das orientações em torno de 7%, o aumento real de 2% a ser que a qualquer momento eles podem dis-
dadas aos mantenedores de escolas concedido aos professores em convenção parar, causando até mesmo uma recessão
privadas do estado de São Paulo que coletiva, mais meio por cento que foi dado no ano que vem. “Vão aumentar os custos
participaram das reuniões da segunda jor- em participação nos lucros, também como da telefonia, do transporte, da energia
nada de 2014, da diretoria do Sieeesp, pelo
interior e capital. De 15 a 24 de setembro,
o presidente, Benjamin Ribeiro da Silva e o
vice-presidente, José Augusto de Mattos O governo está segurando os preços
Lourenço, mantiveram encontros com
mantenedores das regiões de Bauru, Marí-
para conter a inflação, e a qualquer
lia, Presidente Prudente, Araçatuba, São
José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Campi-
momento eles podem disparar
nas, Sorocaba, Santos, Santo André, São

24 Escola Particular
Escola Particular 25
Viagem Educacional

Arquivo Sieeesp
A escola particular
elétrica, do combustível e, se a escola não
fizer um reajuste bem calculado agora, não tem absorvido
vai ter como se manter”, afirmou o presi-
dente, lembrando que as mantenedoras alunos da rede
têm apenas uma vez ao ano para fazer esse
reajuste – até 10 de dezembro. “Depois não pública em razão
se mexe mais no valor”, acrescentou.
Em entrevista à revista Escola Particular da melhora na
(nessa edição), o professor de Economia
da Fundação Getúlio Vargas, Salomão
renda das famílias
Quadros, afirma que o crescimento da
economia brasileira não deve passar de 1%
em 2014 e também em 2015, o que significa de crescimento do setor. O estudo aponta
que o PIB per capta deverá recuar por dois um aumento de 2% a 5%, em média, no
anos consecutivos. Por isso, os empresários número de matrículas em quase todos os
de escolas particulares devem se precaver segmentos da escola particular entre 2012
de eventuais atrasos nos pagamentos das e 2013.
mensalidades. “A escola particular tem absorvido
alunos da rede pública em razão da melhora
Crise e crescimento na renda das famílias. Por isso, o desafio
A dúvida é saber se os efeitos negativos para os próximos anos é manter o número
da economia podem ser tão grandes a de alunos ou até mesmo o crescimento,
ponto de colocar em xeque o crescimento mesmo com um cenário que pode não ser
que a escola particular tem registrado nos tão positivo”, analisa.
últimos anos. Nos últimos três anos o número de
Dados do Censo da Escola Particular matrículas na educação básica do ensino
2013, feito pelo Ministério da Educação, privado aumentou em 1,1 milhão, enquanto
confirmaram mais uma vez essa tendência o total de matriculados na educação básica
Arquivo Sieeesp

26 Escola Particular
Arquivo Sieeesp
Fazer a tarefa de
casa na hora de
cobrar o aluno
inadimplente
é condição
fundamental para
manter as contas
em dia
do País caiu de 51,5 milhões para 50 milhões Inadimplência número foi de 8,05%. Para Benjamin, apesar
no mesmo período. Isso representa um au- Fazer a tarefa de casa na hora de cobrar de estável, esse índice ainda é alto.
mento de 14,7% em 2014 para 17,2% em 2013. o aluno inadimplente é condição fundamen- Entre as 13 regiões de abrangência
Itens como segurança e qualidade do tal para manter as contas em dia, lembra o do Sieeesp no estado de São Paulo, as
ensino colocam a escola particular como o presidente do Sieeesp, Benjamim Ribeiro regiões do ABCDMR (Santo André, São
principal sonho de consumo da classe mé- da Silva. Bernardo do Campo, São Caetano, Dia-
dia, antes mesmo da casa própria, segundo A orientação parece que vem sendo dema, Mauá e Ribeirão Pires) e Campinas
o presidente do Sieeesp. seguida, uma vez que a média de inadim- apresentaram os menores índices de
O Censo mais recente também aponta plência nas escolas particulares do estado inadimplência em julho passado – 3,87%
o território paulista como carro-chefe da de São Paulo tem se mantido estável nos e 5%, respectivamente. Já as regiões
educação do país, com seus mais de 11 últimos 12 meses. de São José dos Campos e São José do
milhões de alunos distribuídos em mais de A média de inadimplência no estado, de Rio Preto apresentaram os índices mais
28.500 escolas, das quais, 10.026 são escolas janeiro a julho de 2014, é de 7,31%, enquanto elevados no perído – 9,76% e 8,77%, res-
particulares, com 2,1 milhões de alunos. no mesmo período do ano passado esse pectivamente. •

Escola Particular 27
28 Escola Particular
Escola Particular 29
Desenvolvimento
Infantil

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Tecnologia E CRIANÇAS:
limites e responsabilidades
A tualmente é comum vermos crianças
bem pequenas utilizando tablets e
celulares com eficiência e desenvoltura de
A internet, por exemplo, é capaz de
instigar a criança a conhecer coisas novas.
Já o uso de jogos eletrônicos pode auxiliar
Durante o “1º Seminário de Educação
Office Brasil Escolar – A convivência do
tradicional e do digital na educação infan-
gente grande. com relação à memória, raciocínio lógico e til”, realizado em agosto, Sando comentou
Muitas vezes, aliás, elas apresentam um também a motricidade. que as crianças pequenas aprendem pela
domínio maior do que os adultos na con- Para o filósofo, educador e autor do convivência, como as que, ainda muito no-
dução das novas tecnologias. A pergunta, livro Notas e reflexões sobre educação, Mar- vas, já desbloqueiam celulares ou acionam
então, é inevitável: será que isso é positivo? celo Sando, o aluno deveria ser orientado sozinhas o DVD.
Especialistas alertam para a neces- a construir seu conhecimento a partir dos Sobre os excessos, ele diz: “O fato é que
sidade de limitar o uso da tecnologia e próprios interesses e ritmo. as crianças nem sempre estão vivendo com
que ela não deve substituir as brincadeiras
tradicionais, mas não se pode negar que
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há benefícios.
Um deles é estimular a criança a apren-
der cada vez mais. A tecnologia pode ser
usada como uma ferramenta pedagógica.

Especialistas
alertam para a
necessidade de
limitar o uso da
tecnologia

30 Escola Particular
Escola Particular 31
Desenvolvimento
Infantil

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adultos equilibrados.” Ou seja, o uso da tec- filhos menores, previstos no artigo 932
nologia deve ser feito com responsabilidade. do Código Civil, abrange certamente os
A Academia Norte-americana e a So- atos praticados por seus “pupilos” no
ciedade Canadense, ambas de Pediatria, mundo digital e se um dano for causado a
recomendam que crianças de até dois anos outrem a estes pais caberá pagar a devida
não sejam expostas a tablets, celulares ou indenização.
outros eletrônicos e que, dos três aos cinco Da mesma forma, os crimes contra
anos, essas diversões não ocupem mais do honra que tanto se tem ouvido falar na
que uma hora diária da rotina infantil. Dessa cruel e triste prática do cyber(bullying)
idade em diante, o limite pode ser ampliado também encontra tipificação na lei penal
a, no máximo, duas horas por dia. e seus autores estão sujeitos ao devido
Se por um tempo limitado o uso da ajuizamento de ação e consequente conde-
tecnologia pode beneficiar as crianças, nação, e, repita-se, se estes autores forem
a utilização excessiva tende a causar menores, a seus pais caberá assumir a
dificuldades de socialização, exposição responsabilidade pelos prejuízos causados
ao cyberbullying, obesidade e limitação de à vitima, ressaltando o agravante atribuído
repertório, entre outros fatores. pelas ofensas realizadas por meio da inter-
Aline Richetto, professora de didática net, dada a notória e maior abrangência de
aplicada ao cuidado na Faculdade Santa sua repercussão.
Marcelina, afirma que hoje em dia a criança Assim, cabe aos pais, portanto, limitar
encontra tudo pronto e pré-ordenado, e direcionar o uso da tecnologia de forma
o que contraria a liberdade intrínseca às positiva para seus filhos, e aos educadores
brincadeiras, aumenta a passividade e inserir em suas programações pedagógicas
prejudica a capacidade de interagir social- a educação digital.
mente: “Ao brincar, a criança conversa, A tarefa não é fácil, mas é preciso agir,
aprende a criar e a seguir regras, a ser mais não há tempo a perder. •
tolerante a respeitar o colega, o que não
acontece só por estar com o dedinho no
aplicativo.” Tatiana Ramil, jornalista
Outro aspecto extremamente preocu-
pante é o fato de muitos pais acreditarem
que a internet tem o cunho exclusivo de
divertir e entreter seus filhos, o que não
passa de um desejo insensato.
Crianças precisam de supervisão,
adolescentes de orientação e medidas Alessandra Borelli, CEO
da Nethics – Educação
disciplinares adequadas. A internet não Digital e Coordenadora do
Núcleo de Combate aos
é uma terra sem lei, os direitos e deveres Crimes Contra a Inocência
previstos na Constituição Federal são da Comissão de Direito
Eletrônico e Crimes de Alta
também aplicáveis no espaço virtual. Tecnologia da OAB/SP
A responsabilidade civil dos pais pelos

32 Escola Particular
Escola Particular 33
Intercâmbio

N o dia 19 de setembro o Sieeesp rece-


beu a visita de uma delegação de
educadores chineses.
Em retribuição à viagem educacional
àquele país asiático, realizada em 2013 por
um grupo de 86 mantenedores brasileiros,
eles também se interessaram em conhecer
o sistema educacional do Brasil e fizeram
questão de mandar um grupo que esteve
em São Paulo para passar o dia conhecendo
mais de nossas escolas.
Para que a recepção fosse perfeita e
que a comunicação não tivesse problemas,
Juliana Wu, diretora do colégio São Bento,
colaborou como intérprete, traduzindo
português para chinês, e vice versa, com
grande facilidade.
Marlene Schneider, responsável pelo
departamento pedagógico do Sieeesp,
apresentou o sindicato e apontou aos
chineses os principais números das esco-
las particulares e da educação brasileira,
Gisele Carmona
conforme o último censo.
freeimages.com

34 Escola Particular
Arquivo Sieeesp
Os membros da delegação chinesa,
interessados, retribuíram com diversas
questões, demonstrando extrema atenção
a tudo que estava sendo dito. Os maiores
pontos de interesse apresentados foram
com questões relacionadas à sobrevivência
financeira das escolas e plano de carreira
para professores.
Márcia Gomez, também do departa-
mento pedagógico do sindicato, explicou
sobre o funcionamento das gratificações
nas escolas municipais, já que trabalhou
nessa área e conhece a forma de reconhe-
cimento.
Também conversou com os educadores vou a delegação a uma típica churrascaria, hino chinês orquestrado – que os chineses
asiáticos Sueli Conte, diretora do colégio onde puderam provar diversos tipos de cantaram com orgulho –, ao hino nacional
Renovação. Ela explicou o funcionamento carnes de boa qualidade, além da famosa brasileiro e algumas das nossas principais
de uma escola particular e sanou as dúvidas caipirinha. músicas populares, como Garota de Ipa-
sobre a formação de professores e os mé- Após o almoço, os visitantes conhece- nema.
todos pedagógicos de ensino aos alunos. ram o colégio Renovação e tiveram uma Conheceram também algumas salas de
Ao final da reunião, todos os visitantes bela recepção. As crianças, dos dois lados aula e conversaram com alunos, contando
receberam um folder em inglês sobre o de um tapete vermelho direcionado aos com a colaboração da tradutora Juliana.
Sieeesp e seus departamentos. Muito convidados, seguravam bandeirinhas do Depois a delegação seguiu para o colé-
generosos, presentearam o sindicato com Brasil e da China. gio Tarsilla do Amaral, especializado em
diversos símbolos típicos de seu país. Posteriormente, foram encaminhados berçário e educação infantil.
Para conhecer a culinária brasileira, ao auditório, onde assistiram à apresen- A diretora, Edna Marchini, fez uma
Oswaldo Tavares, diretor do IES Turismo, le- tação do coral da escola, com direito ao apresentação do trabalho da escola e

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Escola Particular 35
Intercâmbio

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contou quem foi Tarsilla do Amaral aos

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visitantes.
Também aproveitou para deixar expos-
tos diversos trabalhos artísticos de alunos,
para que os chineses pudessem apreciar e
fotografar.
O ambiente estava repleto de cores e
houve um lanche da tarde muito variado,
recheado de frutas da época, bolos, sucos,
pães de queijo e água. Além disso, as crian-
ças rodeavam o local aguardando o mo-
mento de sua apresentação aos chineses.
Após as palavras da diretora, as crian-
ças foram até seus visitantes e entregaram
alguns presentes. Os chineses, muito feli-
zes com a recepção, chegaram inclusive a
abraçá-las e segurá-las no colo, como uma Ficaram muito felizes quando a delegação
forma de demonstração de carinho. retribuiu seus acenos, se despedindo, por
Na saída, muitas mãozinhas se le- fim, do Brasil.
vantaram para se despedir, enquanto A delegação embarcou naquele mesmo
ouvia-se sonoramente “tchaus” vindos dia de volta à China, mas a impressão que
de todos os lados. Os brasileirinhos levam é muito boa e, com certeza, todo o
demonstraram muita afabilidade com os carinho e atenção com que foram recebi-
estrangeiros e ansiavam por despedidas. dos será repercutido em seu país. •
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Escola Particular 39
Reflexão

GANHAR OU PERDER:
O QUE NOS FAZ MAIS HUMANOS?
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V amos a uma primeira reflexão. Há


muito tempo vivemos a lógica da com- Em uma Ah! Se apenas palavras fossem sufi-
cientes... mas, definitivamente, não são.
petição. E, segundo esta lógica, há ganha-
dores e perdedores. Ora, se a condição do
sociedade na qual Com crianças, quem dá o tom é a atitude.
A atitude é a protagonista da formação de
ganhador é, intrinsicamente, relacionada à
do perdedor, ou seja, eles são, paradoxal-
a competição está valores morais e éticos, aqueles necessários
para a vida coletiva. Por isso, é preciso
mente, codependentes, seria fácil deduzir,
inclusive com base na teoria da imprevisibi-
presente em todos cuidado com o que falamos e com o que
fazemos! Somos referência de formação
lidade, que há momentos em que se ganha
e outros em que se perde.
os setores, de gente que, posteriormente, também
formará gente.
Vamos à segunda reflexão. O indivíduo ganhar é quase Partindo deste pressuposto, pretendo
se constitui nas relações estabelecidas com levantar algumas questões que julgo rele-
a cultura e com outros humanos, portanto, uma obrigação vantes, principalmente, pensando na cole-
quer queira ou não, somos referência de tividade dessa “gente” ainda em formação.
conduta para crianças e jovens. Há alguns meses, a população brasileira
As palavras têm certo impacto sobre as assistiu aos jogos da Copa do Mundo, na
nossas ações. Para um adulto, em muitos qualidade de anfitriã. Certamente, a maio-
casos, apenas uma frase escrita ou mesmo ria torceu muito pelo nosso país: Brasil. Digo
falada é suficiente para fazê-lo viver uma a maioria, porque existem os do contra por
nova experiência. Uma frase bem cons- no chão. Deixou de pensar que só seria “espírito de contradição” e os do contra
truída nos convida a refletir e até a mudar feliz quando viesse a viver no “Fantástico por razões políticas. Não há como negar
de comportamento. Por exemplo, no caso Mundo de Bob” no qual tudo é possível, que essa maioria esperava ganhar, e, o mais
da escritora Leila Ferreira (2013) uma frase inclusive só ganhar. gostoso, ganhar em casa. E, ganhar, além da
lida num outdoor em Paris fez com que Assim, uma simples frase pode abrir tão desejada sexta estrela, significava ir às
ela mudasse o seu conceito de felicidade: novos horizontes. Entretanto, embora a ruas com alegria, brindar, cantar, comemo-
“a felicidade é a soma de pequenas feli- palavra exerça influência sobre a criança rar, rir, dançar, pular e, o mais importante:
cidades”1. Provavelmente, a partir de um e o jovem, certamente, em decorrência estar junto. O povo brasileiro estava com-
novo entendimento a respeito de “o que é do pouco repertório e dos poucos anos de partilhando uma total felicidade. Assim, a
ser feliz”, ela passou a ter outro olhar frente vivência, a atitude tem um valor muito mais condição era ganhar ou ganhar, como se
à vida, com menos expectativa e mais pé significativo sobre a sua formação. perder não fizesse parte do nosso vocabu-

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Escola Particular 41
Reflexão

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lário. Estávamos vivendo “no Fantástico Tudo por um título ou uma estrela a mais na
Mundo de Bob”. E trouxemos junto nossas camisa. Será que vale a pena? Será que nos
crianças e jovens. esquecemos, naquele instante, de o que é
De repente, “o mundo de Bob”, do sor- ser gente, gente de verdade?
riso fácil, da alegria escancarada, da felici- A vaidade e a Sem dúvidas, em uma sociedade na
dade contagiante – da Pátria amada, Salve! qual a competição está presente em todos
Salve! – em questão de minutos, evaporou, maravilha de os setores, ganhar é quase uma obrigação
dando lugar às lágrimas, à tristeza, ao des- e muitos esquecem de considerar o que
prezo, à revolta. Uma revolta que arrancou “ganhar” nos tornou realmente importa. Em uma orquestra,
a bandeira do lugar mais alto do mastro
e a jogou no chão, em um movimento de vítimas do nosso cada qual oferece o seu quinhão para que
TODOS possam sair ganhando. Essa é a
destruição, como se faz com qualquer
objeto sem valor, como se faz com o lixo. próprio ego lógica da cooperação. Em um jogo coletivo
como o futebol, embora a lógica seja a
Nesse momento, as expectativas frustra- competição, os verdadeiros apreciadores,
das de alguns permitiram uma insanidade jogadores, no caso do Brasil, por exemplo. chamam a atenção para o futebol arte, para
tal que, de repente, esqueceram do que é Entretanto, isso foi desconsiderado quando o espetáculo.
ser brasileiro. A euforia do “ganhar” cegou buscou-se os ditos culpados para a feroz Por isso, fiquemos atentos: nós adultos
o povo, (ter satisfação, estar contente, condenação. Será que temos consciência somos referência de conduta! Ganhar ou
encantado, determinado e certo) ficou do quanto fizemos sofrer? Será que sabe- perder? O que importa? Ali, está o espetá-
radicalmente oposta ao “perder” mani- mos que peso de nossa acusação ensinou culo! Não obstante, saibamos apreciá-lo
festado pelos sentimentos de (frustração, que é proibido perder? E pior, que perder é para que nossas crianças e jovens apren-
decepção, perplexidade). A vaidade e a vergonhoso, que não é digno? Será que es- dam onde está o verdadeiro valor. Esse é o
maravilha de “ganhar” nos tornou vítimas quecemos que perder faz parte do jogo, faz nosso legado. •
do nosso próprio ego. parte da vida? Será que nos esquecemos da
Certamente, nenhum jogador, sobre- compaixão, da solidariedade, sentimento e
tudo aquele que preza a sua profissão, gestos tão fáceis de serem praticados por
entra em um jogo para perder. Além disso, nós, em determinadas ocasiões? Lucy Duró
Pedagoga, Psicopedagoga
existem inúmeros fatores envolvidos em Será que temos consciência de que ma- e membro do Laboratório
Interinstitucional de
uma partida de futebol, desde a atuação do chucamos pessoas! Certamente, algumas Pesquisa em Psicologia
Escolar do Instituto de
juiz ao pouco tempo de convívio entre os ficarão marcadas pelo resto de suas vidas. Psicologia da Universidade
de São Paulo.
evoluireducacional.com.br
1 FERREIRA, Leila. Viver não dói. São Paulo: Principium, 2013.

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Escola Particular 43
Motivação

Políticas públicas que


valorizem a educação
precisam ser priorizadas

T odo início de ano é sempre doloroso


para o bolso das famílias, principal-
mente àquelas que precisam preparar seus
construtoras e empresas aéreas, por exem-
plo, encarece itens essenciais para o bom
desempenho de estudantes.
parte significativa dos empregos e devem,
portanto, ser incentivadas, para garantir a
estabilidade econômica e o desenvolvim-
filhos para um novo período letivo. A alta Essa proposta pretende corrigir esse ento social das comunidades e, em conse-
carga tributária embutida nos materiais erro fundamental, barateando diversos quência, no conjunto, do país.
escolares acaba tornando essas compras componentes das listas de material escolar A essência deste artigo eu relaciono
anuais uma das maiores preocupações como lápis, borrachas, canetas, réguas, à minha experiência de vida. Sendo filho
daqueles que têm menor poder aquisitivo, cadernos e fichários, entre vários outros. de um servente de serviços gerais, sei
mas que compreendem a importância da Em um cenário onde ocupamos a 58° bem a dificuldade que meus pais tinham
educação de seus filhos e, portanto, que- posição entre os 65 países comparados, fi- para comprar material escolar para que
rem adquirir produtos de qualidade para cando no patamar de países como Albânia, eu pudesse estudar. Até hoje me lembro
sua formação. Jordânia, Argentina e Tunísia, há muito que bem do cheiro dos cadernos novos, da
Para se ter ideia, segundo levantamento se fazer. Políticas públicas que valorizem a tinta dos livros. Graças a Deus, apesar
feito em São Paulo pelo Instituto Brasileiro educação precisam ser priorizadas não só das dificuldades financeiras, meus pais
de Planejamento Tributário e divulgado dentro do discurso político,mas também sabiam bem da importância da educa-
pela Associação Brasileira de Fabricantes e de forma efetiva dentro do Congresso ção e souberam me transmitir valores
Importadores de Artigos Escolares, a carga Nacional. essenciais para a vida, inclusive o gosto
tributária desses materiais começa a partir É papel dos políticos analisar os pro- pelo conhecimento. E foi através da edu-
de 35%. Em alguns produtos, como canetas blemas e apresentar soluções adequadas às cação e do trabalho que eu pude realizar
e réguas, ela chega a quase 50%. tendências globais que possam contribuir o sonho que para a maioria parecia impos-
Em um país que está na lanterna dos continuamente com o desenvolvimento da sível: ser astronauta.
rankings internacionais de educação, nossa sociedade. Como diria Paulo Freire: “A educação é
abaixo até mesmo de vizinhos com bem Além de evitar que os pais comecem o um ato político de transformação social”.
menos dinheiro arrecadado, é evidente ano no vermelho, reduzindo sensivelmente E eu pergunto: “Para que serve a
que precisamos reduzir os gastos dos o impacto da educação na dívida orça- política, afinal, do ponto de vista do ci-
brasileiros para manter um filho na es- mentária das famílias no começo do ano, dadão, a quem os políticos devem inteira
cola. Em outros países onde o sistema essa iniciativa também ajuda a fomentar satisfação, senão para permitir a transfor-
educacional é bem mais desenvolvido que pequenos e médios empreendedores, mação social?”
o nosso,como na Alemanha, por exemplo, como as papelarias, diminuindo a economia Nós podemos, juntos, induzir essa
os incentivos fiscais são bem maiores. informal do setor e gerando empregos transformação. Basta que façamos boas es-
O Brasil precisa criar ferramentas que para o Brasil. colhas quando decidimos, pelo voto, quem
possam garantir oportunidades iguais a Lembre-se de que as pequenas e serão nossos representantes políticos. Esse
todas as pessoas, independentemente de médias empresas são responsáveis por é o nosso desafio. •
sua classe social. Como pai e educador, gos-
taria de ressaltar a importância do projeto
de lei em tramitação no Congresso (desde Marcos Pontes
2009!) que autoriza a isenção de impostos Embaixador da ONU para o Desenvolvimento Industrial
www.marcospontes.com.br
dos materiais escolares. Nascido em Bauru, SP, em 1963, Marcos Pontes atualmente é Astronauta à disposição do
Brasil, aguardando a escalação pelo governo para seu segundo voo espacial, é Palestrante
De fato, simplesmente usando o bom Motivacional, Coach Especialista em Desempenho Pessoal e Desenvolvimento Profissional,
Mestre em Engenharia de Sistemas, Engenheiro Aeronáutico pelo ITA, Diretor Técnico do
senso, podemos ver que a tributação do Instituto Nacional para o Desenvolvimento Espacial e Aeronáutico,Empresário, Consultor
material escolar no Brasil é um verdadeiro Técnico, Embaixador das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, Presidente da
Fundação Astronauta Marcos Pontes e Autor de três livros: “Missão Cumprida. A historia
absurdo. O mesmo Governo que aprova a completa da primeira missão espacial brasileira”, “É Possível! Como transformar seus sonhos
em realidade” e “O Menino do Espaço”, todos publicados pela editora Chris McHilliard do Brasil.
dedução de despesas de instituições como

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Escola Particular 45
Empreendedorismo

1º Congresso Estadual
da Mulher Empresária
da tarde. Na pauta, estavam as ações do
Ministério para facilitar a vida das pequenas
empresas.
Presente ao evento, o professor José
Antônio Figueiredo Antiório, presidente da
FEEESP (Federação dos Estabelecimentos
de Ensino no Estado de São Paulo) e diretor-
tesoureiro do Sieeesp, destacou a presença
Fotos: Paulo Pampolin (divulgação)

da mulher brasileira no meio empresarial e


seu espírito empreendedor, parabenizando
os organizadores.

O 1º Congresso Estadual da Mulher Em-


presária reuniu 500 empresárias de
todo o Estado no último dia 29 de agosto.
empresários. “Temos uma falha nas asso-
ciações: elas são muito masculinas”, disse,
aplaudido depois pela plateia feminina.
O evento, realizado no Hotel Renais- “Essa é uma constatação. Fizemos uma
sance (capital), é uma iniciativa da Asso- pesquisa no estado que mostra isso com
ciação Comercial de São Paulo (ACSP) e da clareza. Não fomos capazes, ainda, de criar
Federação das Associações Comerciais do um ambiente, uma porta aberta, para que
Estado de São Paulo (Facesp). a empreendedora – mulher – adentre às
As empreendedoras assistiram a pa- ACs. E isso está sendo feito, estamos crian-
lestras de líderes como Luiza Helena Traja- do ambientes de comunicação, modos e
no (Magazine Luiza), Sonia Hess (Dudalina) meios de fazer com que isso aconteça”,
e a atriz e produtora teatral Nicette Bruno. revelou Amato.
Participaram também de capacitações e
networking, debateram temas nacionais e
Marília de Castro, coordenadora institu-
cional da ACSP e do 1º Congresso Estadual
Aqui estamos
estaduais e conheceram novas oportuni-
dades de empreendedorismo.
da Mulher Empresária, comemorou a rea-
lização do evento. “Temos de destacar um
para celebrar o
Durante a abertura, Rogério Amato,
presidente da ACSP e da Facesp e presi-
fato que nos empolgou neste processo: as
Caravanas que começaram a se inscrever –
protagonismo da
dente-interino da Confederação das As-
sociações Comerciais e Empresariais do
como Mogi das Cruzes, Franca, Guarulhos,
São João da Boa Vista, Piracicaba, Santo
mulher brasileira
Brasil (CACB), falou sobre a necessidade André e tantas outras. E o trabalho das
de as Associações Comerciais contarem distritais da ACSP na capital”, afirmou ela, O Congresso
com mais mulheres em seus quadros de também muito aplaudida. “Aqui estamos Os objetivos do 1º Congresso Estadual
para celebrar o protagonismo da mulher da Mulher Empresária foram estimular o
brasileira, mulheres inteligentes, com- empreendedorismo feminino; promover
promissadas com o Brasil, ousadas, des- debates sobre temas nacionais e estaduais;
temidas. Mulheres que amam seus filhos e gerar networking entre as participantes;
seus companheiros. Mulheres que fazem capacitação, informação e troca de ex-
acontecer. Que criam emprego e renda. periências; ampliação de oportunidades
Que têm atitude empreendedora no palco de negócios; integração e fomento ao as-
e na plateia”, finalizou a coordenadora. sociativismo; criação de novos núcleos de
Também participaram da abertura mulheres empresárias nos municípios; mo-
Fádua Sleiman e Marly Baruffaldi, coordena- tivação para novos desafios; estruturação
doras do Conselho da Mulher Empreende- de um cenário favorável para o empreen-
dora da FACESP e integrantes da Comissão dedorismo. Juntas, ACSP e Facesp reúnem
Organizadora do Congresso. mais de 200 mil empresários associados em
O ministro da Micro e Pequena Empresa todo o Estado – e querem, cada vez mais,
e vice-governador paulista, Guilherme incentivar a participação das mulheres no
Afif Domingos, fez palestra no período mundo empresarial. •

Veja o álbum de fotos do 1º Congresso Estadual da Mulher Empresária:


https://www.facebook.com/media/set/?set=a.711055018962215.1073741845.130756613658728&type=1

46 Escola Particular
Escola Particular 4774
Cidadania

O FIM DA INFÂNCIA,
O DESEJO PELO PRAZER E
O DIREITO À FELICIDADE

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A pós a aprovação da Lei que torna
obrigatória a inclusão de lições de Trabalho é o que
cidadania no currículo escolar, professores
vêm buscando maneiras de adequar os
não falta nesse país,
conceitos desta matéria com a realidade
de seus alunos.
principalmente na
Desde 1995, o Brasil vive certo prag-
matismo político, focado em uma visão
construção de uma
populista, com polarização entre os dois
principais partidos e ínfima alternância
base social mais
de poder. justa que ocupe o
Devido ao poder de compra das classes
C, D e E, subsidiadas por políticas governa- vácuo deixado para
mentais eleitoreiras, empresários de todos
os setores da economia instituíram novos trás após a algazarra
critérios de avaliação sobre a demanda por
produtos para agradar esse novo mercado eleitoral e populista
consumidor. Em vez de as classes menos
abastadas obterem acesso aos produtos do poder público
antes voltados apenas para os mais ricos,
o resultado que se viu foi um nivelamento
inferior da qualidade dos serviços ofere-
cidos. O resultado mais preocupante e cimento, e sim, pela conquista dos sonhos que, há duas décadas, dependem de pro-
evidente no setor cultural foi a extinção da financeiros e das realizações pessoais. jetos governamentais para sobreviver em
indústria fonográfica infantil e a sublimação Sofremos com o silêncio de nossos troca de votos. E mesmo que não houvesse
do conceito de infância em decorrência das antigos heróis, os intelectuais de outrora, emprego, trabalho é o que não falta nesse
novas demandas populares. que “morreram” com o fim da ditadura. país, principalmente na construção de uma
Nesse interim, crianças e adolescentes Esses estão vivendo o auge de suas car- base social mais justa que ocupe o vácuo
passam a encarar sua própria existência reiras, reconhecidos não só por um povo deixado para trás após a algazarra eleitoral
em meio à coletividade como uma forma condescendente, como também por e populista do poder público.
única e inequívoca de autossatisfação. As políticos de todos os partidos, que de Em épocas de eleição, é possível
próprias famílias incentivam esse com- fato “partem” hoje o bolo que sobrou observar que todos os candidatos são
portamento. Os jovens são os primeiros após a vitória da esquerda democrata muito parecidos e, de fato, uma simples
a exigir o direito de serem felizes, sem o (reconhecida na visão do “bem”) contra análise do passado de cada um mostrará
esforço necessário para a manutenção do os déspotas da tirania de outrora (reco- que são todos oriundos de uma mesma
progresso coletivo. Acreditam na indefec- nhecidos como “vilões”). vertente política. O que difere a escola
tibilidade de seus conhecimentos, vão às “Mas nunca se viu tanta gente no de um comércio é a transformação do
escolas visando apenas o vestibular e vão ensino superior”, dirão alguns políticos da próximo, não só através do estudo
às universidades com o único propósito de base governista. Verdade plena e recon- sistemático, mas do exemplo. E para isso,
entrar para o mercado de trabalho. fortante! Mas não será o bastante quando nunca foi tão necessário o professor ter
Ingressam no mercado de trabalho observarmos a motivação e a qualidade paciência, capacidade de reflexão e olhar
com o único propósito de arrancar dali o dos profissionais que chegam ao mercado perspectivo. •
seu naco de felicidade, para si e para os de trabalho.
seus. Não há visão de coletividade. E os Em defesa própria, algumas famílias
professores, que poderiam entender-se que parasitam o sistema social do Governo João Pedro Roriz
Palestrante e escritor
fomentadores desse ideal, acabam venci- se defenderão: “mas não existe tanta opor- juvenil: autor de
Almanaque da Cidadania.
dos pelas intensas atribuições curriculares tunidade de emprego no Brasil”. Refutarei:
e pela demanda de escolas tecnicistas que esse é mais um dos contos da carochinha
cada vez mais vendem uma imagem de da nossa velha-nova república. Emprego há,
transformação, mas não através do conhe- para profissionais, não para aventureiros

48 Escola Particular
Anuidade Escolar

Contrato de Prestação de
Serviços Educacionais
Considerações para um tema sempre atual

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D esde o advento da Lei 9.870/99, de
23 de novembro de 1999, que trata Um sem número de mantenedores
do valor total das anuidades escolares,
que a realidade da relação escola/aluno
ainda rematricula alunos inadimplentes
mudou totalmente, além do assombro
inicial gerado pela intervenção legislativa.
do ano anterior, fazendo perpetuar a
É certo que antes dela, o Código de
Defesa do Consumidor – Lei 8.078 de 1990,
inadimplência no ano seguinte
já havia trazido muitas mudanças no âmbito
das relações de consumo e serviços, que Ingressava assim, no meio social, um Desde sua edição, a lei só foi alterada
ainda estavam sendo inseridas no meio diploma legal que passou a regular a forma por duas Medidas Provisórias em data
social, interpretado o alcance de suas de relacionamento aluno versus pai versus próxima a sua edição, em 1999 e 2000
normas pelos tribunais, como ocorre até escola, com a fixação de critérios para o e em novembro de 2013, com a edição
os dias de hoje. valor a ser contratado, ou valor da anui- da Lei 12.886 que introduziu o parágrafo
A primeira, dentre as grandes mudan- dade e para os vários níveis de ensino, o 7º, ao artigo 1º, que torna nula cláusula
ças impostas pela Lei 9.870/99 foi a obriga- que representava uma grande novidade contratual que obrigue contratante ao
toriedade de celebração de contrato, entre para a escola particular, deixando de lado pagamento de adicional ou fornecimento
o estabelecimento de ensino e o aluno, o velhos hábitos de gerenciamento “familiar de material de uso coletivo dos estudantes
pai de aluno ou o responsável (artigo 1º) e obsoleto” dos seus recursos. Fixou regras ou da instituição, devendo os custos serem
quanto ao valor das anuidades ou semes- para estabelecimento do preço das anui- sempre considerados nos cálculos do valor
tralidades escolares do ensino pré-escolar, dades e planilha para apuração do preço a das anuidades ou das semestralidades
fundamental, médio e superior. ser praticado. escolares.

Escola Particular 49
Anuidade Escolar

O segmento educacional, pode-se dizer

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que é o único que ainda está sob regulação
estatal, através do controle pela planilha
de preços. Dado o tempo da edição da lei
9.870/99 tal imposição poderia ter sido
minorada, e expurgada a necessidade de
planilha da legislação, para que o próprio
segmento pudesse administrar seus preços
de acordo com as necessidades de cada um,
e as imposições do livre mercado.
Mas, aspectos benéficos surgiram e
estão presentes no cotidiano das escolas,
pois a partir de então pode-se dizer que as
relações com pais ou alunos, em todos os
níveis citados, pré-escolar, fundamental,
médio e superior, mudaram sintomatica-
mente e trouxeram para o seio das institui-
Uma mudança
ções uma necessidade de controle interno,
de geração de sistemas de cadastro de
de política
alunos, de cobrança ágil, de organização,
que têm sido muito salutares até os dias de
gerencial faz-se
hoje, como resultado direto da imposição
destas normas.
necessária
Mas, de fato, o que se observa ainda no
seio das instituições de ensino, é a vigência de cobrança ou executivas, para haver as Para aqueles que resistem em abraçar
de velhas práticas não condizentes com a mensalidades não pagas pelos devedores, a os instrumentos legais ao seu dispor para
modernidade e meios instrumentais de despeito do Código Civil de 2003 conceder- conter/reprimir de vez a inadimplência
cobrança existentes e de contenção da lhes 05 anos de prazo prescricional para fica, pode-se dizer, o conselho, para uma
inadimplência, propiciados pelo contrato exercitar tal direito. mudança radical de conduta em prol de
de serviços educacionais, que, se utilizados, Ora, essas condutas do mantenedor só uma maior valorização da atividade, com
trazem grandes benefícios para a escola. lhe trazem dissabores, descrédito quanto benefícios para todo o segmento particular
Assim um sem número de mantene- aos rumos da atividade que abraçaram, de ensino.
dores ainda rematricula alunos inadimplen- quando, em verdade, uma administração Enfim, uma mudança de política geren-
tes do ano anterior, fazendo perpetuar a gerencial e financeira adequadas à lei e ins- cial faz-se necessária e deve ser adotada na
inadimplência no ano seguinte, e o descara- trumentos legais, pode minimizar, e muito, prática pela maioria das escolas, benefici-
mento dos responsáveis legais em manter estes nefastos efeitos. ando o seu relacionamento com a própria
seu filho na escola, mesmo sem pagar. É certo que ao adotar o contrato de comunidade. •
Apesar de ter à sua mão os meios de serviços, o mantenedor usufruiu, também,
negativação do devedor, como SCPC e de benefícios diretos inseridos no contrato
Serasa, ambos autorizados pelo Código no decorrer destes quase 15 anos de vigên- Dra. Maria Cristina Melo
de Defesa do Consumidor e viabilizados cia da Lei 9.870/99, como autorização de Sócia e Coordenadora da
Celso Carlos Fernandes e
por meio de convênio com estes órgãos, uso do direito de imagem, salvaguarda do Melo Advocacia; advogada
com mais de 30 anos
não se lança mão deste instrumento legal, patrimônio da escola e de terceiros, contra de trabalho nas áreas
de Assessoria Jurídica,
que tem provado gerar efeitos positivos danos causados pelos próprios alunos, Preventiva e Contenciosa;
para a escola. sucessão de empresas, consentâneas com mais de 28 anos de Atuação
Exclusiva no Segmento
Ainda, nota-se, a resistência das esco- a evolução e modificação das necessidades Educacional; especializada em Direito Consumerista
pela FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas.
las em promover as competentes ações sociais.

50 Escola Particular
Escola Particular 51
Classiesp

AGENDA de obrigações • NOVEMBRO DE 2014 •


• 06/11/2014 SALÁRIOS - ref. 10/2014 • 25/11/2014 COFINS – Faturamento - ref. 10/2014
• 07/11/2014 FGTS - ref. 10/2014 PIS – Faturamento - ref. 10/2014
CAGED - ref. 10/2014 • 28/11/2014 IRPJ – (Mensal) - ref. 10/2014
CSLL – (Mensal) - ref. 10/2014
• 10/11/2014 ISS (Capital) - ref. 10/2014 1ª Parcela do 13º Salário
• 14/11/2014 INSS (Individual) - ref. 10/2014
• 20/11/2014 INSS (Empresa) - ref. 10/2014 Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade
SIMPLES NACIONAL - ref. 10/2014 helpescola@helpescola.com.br
PIS – Folha de Pagamentos - ref. 10/2014 (11) 3399-5546 / 3399-4385

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Cursos

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