imprensa@sieeesp.com.br
DIRETORIA
Presidente
Benjamin Ribeiro da Silva
Colégio Albert Einstein Matéria de Capa
1º Vice-presidente
José Augusto de Mattos Lourenço
Colégio São João Gualberto
4 A educação que parou no tempo
2º Vice-presidente
Waldman Biolcati
Curso Cidade de Araçatuba
1º Tesoureiro
José Antonio Figueiredo Antiório
Colégio Padre Anchieta
Drogas Saúde
10 36
2º Tesoureiro
Antonio Batista Grosso
Colégio Átomo
Esteroides A doença
1º Secretário
Itamar Heráclio Góes Silva anabolizantes meningocócica
Educ Empreendimentos Educacionais
2º Secretário
Antonio Francisco dos Santos
Crime Virtual Entrevista
40
Colégio Novo Acadêmico
Marília
Educação Digital Prevenção
20 44
Luiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437
Ribeirão Preto
João A. A. Velloso - (16) 3610-0217 Revolução industrial Projeto de prevenção
Osasco de conflitos e
José Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327
violência na escola
Presidente Prudente Certificação
Antonio Batista Grosso - (18) 3223-2510
Santos
22 Vale a pena ser uma Digital
48
Ermenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349
54
Gisele Carmona
Ygor Jegorow (estagiário)
Viagem Educacional -
Assessoria de Imprensa e
Produção Editorial Singapura e Coreia Cursos
Editor-chefe: Adhemar Oricchio
Editor gráfico: Balduino Ferreira Leite
Site: Gisele Carmona
Redes Sociais: Ygor Jegorow
Impressão: Companygraf
Reflexão
Colaboradores
• Ana Paula Saab • Antonio Higa
• Carlos Alberto Nonino
• Clemente de Sousa Lemes
34 Aproximando o aluno
• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira
• José Maria Tomazela • José Rodrigues
do conhecimento
• Ulisses de Souza
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Av. das Carinás, 525 - São Paulo - SP
CEP 04086-011 - (11) 5583-5500
2 Escola Particular
Editorial
Benjamin
A escola particular
Ribeiro da Silva
Presidente do Sieeesp
Sindicato dos Estabelacimentos de
discriminada
Ensino no Estado de São Paulo
benjamin@einstein24h.com.br
Somos
absolutamente a
M ais uma vez, e de forma
ideológica, aqueles que
se intitulam os formuladores da
política de Estado e não de Governo
para não ficarmos à mercê dos
Senhores de plantão que mudam
favor da ampliação
política educacional brasileira as diretrizes ao sabor de suas do debate público
trabalham em detrimento da escola conveniências e ideologias. Pela
particular. Passados quatro anos da leitura do documento, depreende- e democrático da
1ª Conferência Nacional de Educação,
em 2010, e tendo como medida a
se que sob o argumento da defesa
da qualidade de ensino pretende-se
educação nacional
recente aprovação do Plano Nacional impor uma linha ideológica única,
de Educação, chegamos ao Conae vulneradora não só da garantia
2014 com os mesmos desafios que se de liberdade de iniciativa, mas
apresentaram quando da constituinte igualmente vulneradora do direito à
de 1988. Novamente, esses ideólogos pluralidade de ideias e de concepções
pretendem colocar em discussão pedagógicas. Tais liberdades não são educação privada brasileira ofertará
garantias constitucionais tão favores concedidos às instituições serviços na ordem de 68,5 bilhões
arduamente conquistadas pelo privadas de ensino. São direitos de reais, ou seja, 1,7% do PIB. Se o
segmento educacional privado. constitucionalmente assegurados. governo quiser abrir mão das escolas
Alicerçados em uma retórica O legislador constituinte não só particulares, terá que arcar com
que pretenderia outorgar maior garantiu tais liberdades como esses recursos anualmente, fora os
participação democrática na igualmente afirmou ser princípio impostos arrecadados pelo setor
discussão da educação nacional, constitucional do desenvolvimento privado de ensino, sem contar com a
o texto elaborado pelo Fórum do ensino a “coexistência de estrutura física.
Nacional de Educação retorna a instituições públicas e privadas”. Por fim, reiteramos a firme posição
antigas postulações, tais como Como em 2010, as entidades de que o segmento educacional
gestão democrática das instituições representativas da escola particular privado não teme ser fiscalizado,
educacionais privadas e dirigismo brasileira divulgaram uma moção mas rejeita toda e qualquer
estatal, capitaneado pela União para a melhoria da qualidade da pretensão de retirada do seu direito
Federal, sob o conveniente educação básica, na qual repudiam à livre iniciativa, de sua liberdade de
argumento da defesa da qualidade a forma como o setor privado é ensinar e, principalmente, de sua
do ensino. Somos absolutamente a tratado, sem voz, nem vez nas equiparação ao segmento público. Na
favor da ampliação do debate público discussões para a elaboração de um 2ª Conferência Nacional de Educação,
e democrático da educação nacional. Plano Nacional de Educação. recentemente terminada, o que
Todavia, a imposição de ingerência Nós, do setor particular, se assistiu foi um constrangedor
na gestão da instituição privada acreditamos que podemos contribuir espetáculo de discriminação
de ensino é uma grave ameaça à de maneira significativa para o e preconceito contra a escola
garantia constitucional da liberdade engrandecimento da educação particular. Não há necessidade dessa
de iniciativa. brasileira, porém, precisamos ter postura, pois estamos aqui para
Entendemos que a educação respeitado o trabalho que realizamos. participar desse debate e contribuir
não é pública nem privada e o ideal Queremos destacar que, segundo com os rumos da política desse setor
seria o estabelecimento de uma o IBGE, estima-se para 2014 que a importante para a nação.
Escola Particular 3
Matéria de Capa
4 Escola Particular
Todos nós temos de pensar seriamente
em mudanças radicais na qualidade de
nosso ensino em todos os níveis
Gisele Carmona
era o que, hoje, chamaríamos de projeto aumentar salários, mas trabalhar de modo
pedagógico. Neste momento histórico, o sistêmico esta valorização, onde sejam
Marquês de Pombal expulsou os jesuítas, contemplados os salários, a formação
Professor Hamilton Werneck destruiu o sistema educacional vigente e e as condições de trabalho. “Dentro da
implantou um sistema público de ensino formação profissional é necessário que
com uma peculiaridade: não havia profes- as faculdades que formam professores
sores. Como os anteriores eram missioná- cuidem de licenciaturas decentes, com
rios, criou-se a ideia de que profissionais carga horária digna da formação de um
neste ramo deveriam ser “sacerdotes” bom profissional, exigindo trabalhos de
da educação”. conclusão de curso e evitando a formação
Escola Particular 5
Matéria de Capa
em menos de quatro anos. Em cada licen- um modo ou outro, seleciona seus candi- a produção do leve e caro (um chip, por
ciatura necessitamos de maior ênfase à datos, a escola pública não pode fazer isto. exemplo). Os produtos leves e caros, assim
prática do ensino com desenvolvimento de Todos nós temos de pensar seriamente em se apresentam porque adicionam tecnolo-
metodologias que contemplem os modos mudanças radicais na qualidade de nosso gia e refletem a formação dos profissionais
modernos de aprendizagem. Precisamos ensino em todos os níveis, caso contrário, que trabalham nessas indústrias. Quanto
mudar o foco, hoje muito forte no teaching perderemos a grande oportunidade ofe- melhor a formação mais será possível
(ensino) e pouco interessado no learning recida pela distribuição da população, que agregar valor ao produto. Por esta razão,
(aprendizagem)”. exige dos gestores a melhoria da parcela poucos trabalhando sustentarão grandes
Segundo o professor, não podemos que sustentará, em breve, uma terceira grupos de aposentados”.
continuar a debater questões mesquinhas idade maior”. Werneck salienta que nós temos vinte e
que envolvem a não informação dos resul- Todos são unânimes em afirmar que cinco anos para solucionar esta questão ou
tados do ENEM, por exemplo, para camu- um país só atinge sua real capacidade de nos depararemos com o colapso de nossa
flar os resultados entre escolas. Se houve, desenvolvimento através da educação, no economia, mesmo com grande exploração
por parte do Ministério da Educação, um entanto, o que o Brasil apresenta é uma de petróleo. O Instituto de Previdência So-
redirecionamento do ENEM, deixando mentalidade ainda muito pequena, cheia cial já estuda o impacto do óbito, no Brasil
de ser avaliação do ensino médio, para de empecilhos que o impedem de se desen- e neste século, aos 120 anos.
ser ferramenta de seleção para o ensino volver. É isso que ele mostra nesse exemplo Basta imaginar o custo dessa previdên-
superior, que sejam coerentes enfrentando que cita: “Ouvi a seguinte pergunta em cia para avaliarmos o salto qualitativo da
a realidade dos resultados. Além disso, uma cidade da Amazônia: — Professor, se educação para fazer frente a ela. Portanto,
outra discussão mesquinha para ele é o todos aprenderem, quem trabalhará para segundo ele, não há mais lugar para ges-
embate que existe entre escola pública e a gente? Trata-se de mentalidade anterior tores públicos colocarem entraves ao de-
particular. “Não devemos perder tempo. à abolição da escravatura. Temos de insistir senvolvimento da educação. Ficar contra
Não há condição de se estabelecer esta para que, ao lado do pesado e barato concursos públicos, formação continuada
comparação porque a escola particular, de (exploração de minérios) incrementemos de professores, avaliação institucional,
Em cada
licenciatura
necessitamos
de maior ênfase
à prática do
ensino com
desenvolvimento
de metodologias
que contemplem os
modos modernos
de aprendizagem
6 Escola Particular
Escola Particular 7
Matéria de Capa
condições dignas de trabalho e salário ecutivo teria de se dar tempo ao tempo, in- produção e seremos um dos cinco maiores
representa um atraso inconcebível. clusive para que o país tivesse como aplicar produtores de petróleo do mundo. Nosso
Questionamos sobre a forma como os as verbas para a educação definidas pelo II PIB será muito maior e, consequentemente,
projetos são tratados, sendo de governo PNE. A gravidade maior para este atraso o governo federal poderá provocar um
ao invés de Estado, e mudando de direção é que não temos garantias de aprovação grande impacto na educação quando esti-
cada vez que há mudanças de seus repre- neste ano eleitoral e, após a aprovação, os ver aplicando 10% desse PIB. O aspecto mais
sentantes. Para ele, quando a educação estados e municípios terão mais um ano negativo é a falta de planejamento tendo
passa a ser plano de governo o resultado para fazer as adaptações. Vê-se, então, em vista as possibilidades aventadas com
nós conhecemos. “Basta olhar para o Brasil. que este plano, na melhor das hipóteses a exploração do pré-sal.
Somos avessos ao planejamento e, cada chegará à ponta de nosso sistema educacio- Para o professor, um fato é claro, ele
um, ao ser eleito, sente-se um pequeno nal entre 2016 e 2026. 50% do tempo terão permitirá, se houver uma federalização
rei ou rainha para destruir o que a dinastia sido dedicados ao debate. Os propalados maior da educação, um aumento sig-
anterior fez. E, enquanto implanta o seu 10% do PIB aplicáveis à educação, como o nificativo de escolas federais tecnológicas,
molde, o país gasta um dinheiro que pode- legislativo federal votou, estarão plena- maiores financiamentos para a educação
ria ser muito mais bem empregado”. mente aplicados somente em 2026. Até de jovens dentro e fora do país, tanto em
Ele afirma que a educação sofre com 2021 vamos nos contentar com 5% do PIB escolas públicas gratuitas, como particula-
essas mudanças e nem a Lei da Respon- para a educação”. res, melhoria da formação dos professores
sabilidade Fiscal conseguiu inibir estes com- Para ele, o mais importante refere- tornando a carreira mais atraente, maiores
portamentos. Não temos continuidade por se ao ritmo da caminhada. No passo salários para a classe e melhores condições
culpa de nossos princípios políticos. “Veja atual, os resultados do IDEB só atingirão de trabalho. “Isso é o que um país decente
bem, encontrei num município brasileiro as metas propostas para 2022, em 2052. apresenta. A educação é cara, não importa
quatro professores lecionando sem con- Werneck ainda ironiza dizendo que, se por o sistema que a administre. Se alguém
curso. Todos eram disléxicos. Trocavam a milagre tivermos uma aceleração após a desejar uma educação barata deve investir
letra no quadro de giz e os alunos copiavam aplicação plena do PNE, podemos atingir na ignorância”.
com a troca. Noutra cidade perguntei à esta meta na metade deste século. “Cor- O planejamento deverá atender à flexi-
secretária de educação se o profissional responde ao limite de tempo para não se bilidade de maior ou menor PIB, esperado
em questão era concursado. Ao saber que perder outra geração de brasileiros com para o ano de 2020. “Se tudo continuar no
se tratava de mais um contratado conclui péssima educação, o que significa maior ritmo atual, podemos chegar lá com um
sobre o porquê de sua escrita, usando a dificuldade de agregar valor aos produtos PIB em torno de DOIS TRILHÕES E MEIO
letra “G” para grafar a palavra “HOJE”. Os e conseguir melhor distribuição de renda. DE DÓLARES! Valores exatos para o PIB
concursos não resolvem todos os proble- A permanecer este quadro, os menos fa- em 2020, não temos. Perspectivas positivas
mas, mas podem ajudar muito”. vorecidos economicamente, só chegarão à existem e podem nortear um bom planeja-
O professor comenta que a demora universidade através de cotas porque não mento com uma visão otimista, moderada
para a aprovação do PNE (Plano Nacional terão uma educação pública, gratuita e de ou pessimista”.
de Educação), que ficou em discussão qualidade como preconiza a Constituição Werneck comenta que se não tiver-
dentro do Congresso Nacional de 2011 até Federal em vigor”. mos uma reforma tributária os estados
2014, já é uma prova inconteste que nossos Em relação ao valor do petróleo ex- e municípios não conseguirão arcar com
representantes no legislativo não priorizam traído do pré-sal, ele lembra que tudo as despesas da educação. “Teríamos que
a educação. dependerá de oferta e procura. Werneck federalizar com a exigência de que esta-
“Há os que analisam de outro ângulo: diz que dentro dos parâmetros espera- dos e municípios cumpram a Constituição
para aprovar o que foi proposto pelo ex- dos, em 2020 mais que dobraremos nossa Federal em relação aos concursos. Não se
8 Escola Particular
pode conceber uma boa educação sem que cola particular, com a quantidade de alu- ou mudança de patamares salariais os que
os profissionais não tenham um plano de nos que abriga, não conseguirá atender realmente merecem”.
carreira que lhes dê a garantia de salários às demandas do país. A escola pública O erro sindical será apresentar-se con-
dignos e de uma aposentadoria segura. para ser boa deve sofrer uma interven- tra a meritocracia por acobertamento dos
Hoje, os abonos e demais valores adiciona- ção da sociedade e, o melhor caminho deslizes cometidos por seus filiados.
dos ao salário deixam de existir quando da será através dos conselhos municipais A última conclusão: a avaliação profis-
aposentadoria do profissional”. de educação, contanto que eles sejam sional. O mérito depende da avaliação.
Para ele, maior supervisão, seja fede- eleitos democraticamente e deixem de Esta avaliação só tem sentido e valor se
ral ou estadual, quanto aos currículos e ser vespeiros preparados através das for continuada. Avaliar o desempenho
programas dos cursos de educação é ex- nomeações políticas, exatamente com somente num momento do ano letivo
tremamente necessária, além da avaliação este perfil, para que não funcionem”. pode apresentar distorções comprome-
de desempenho e avaliação institucional. Ao final da entrevista, Werneck aponta tendo o processo. “O mérito precisa ser
“As escolas particulares, de modo algumas conclusões sobre a debatida levado em conta, no entanto, trata-se de
sistemático ou assistemático, se quiserem questão da meritocracia. A primeira é que algo complexo que envolve uma avalia-
ser projetadas em direção ao topo, fa- só podemos pensar em meritocracia se ção do profissional e do sistema em que
zem essas avaliações e, se o profissional oferecemos condições de trabalho com- ele está inserido. Creio que isto é válido
não atende às melhorias desejadas não patíveis com os resultados esperados. tanto para a escola pública, quanto para
continua nesse sistema de ensino. Por “Nesse sentido entendo que os sindica- a particular”.
que a população brasileira não pode ter tos têm a obrigação de alertar quando a *Ratio Studiorum é uma coletânea
o direito de avaliar os profissionais da premiação de mais salário é observada fundamentada em experiências vivencia-
educação pública, se eles são pagos pelos somente de um lado da balança, qual seja, das no Colégio Romano e adicionada a
contribuintes? Temos de ter medidas avali- a do profissional que está em sala de aula”. observações pedagógicas de outros colé-
adoras para todos, para podermos exigir No sistema público há o perigo do gios. A intenção era instruir rapidamente
o empenho de todos. Precisamos banir a profissional ser relapso, não atingir metas os jesuítas docentes sobre a natureza, a
política partidária do mundo educacional. desejadas pelo gestor e pela sociedade extensão e as obrigações do seu cargo. A
Deputado não deve indicar diretor de es- e continuar atuando de modo relaxado, Ratio (se pronuncia rácio) é constituída por
cola, nem vereador desejar empregar pro- apoiado na estabilidade conferida pelo uma sistematização da pedagogia jesuítica
fessor. Senadores da república não devem seu contrato. Tal fato ocorre muito pouco contendo 467 regras que cobrem todas as
ter “feudos” para garantir, através de seus na escola particular, onde os contratos não atividades dos agentes diretamente ligados
deputados federais, as nomeações de co- conferem estabilidade. ao ensino. Era recomendado que o profes-
ordenadores de ensino das várias regiões “Nesse caso, chego à minha outra sor nunca se afastasse do estilo filosófico
de um estado. Estes comportamentos conclusão: se o gestor oferece condições de Aristóteles e da teologia de Santo Tomás
que caracterizam um tipo de “clientela” de trabalho e de formação ele pode e de Aquino.
não faz parte da essência da democracia”, deve exigir o cumprimento do contrato Para saber mais sobre Hamilton Wer-
rebate o professor. de trabalho firmado entre as partes. E, neck, acesse:
Em relação ao ensino público e privado, num segundo passo, premiar com abonos www.hamiltonwerneck.com.br •
ele menciona que se trata de uma questão
de condomínio. Por si, as escolas públicas
deveriam ser tão boas que não haveria ne-
cessidade de escola particular. Ou podería-
mos ter um sistema alemão, holandês,
chileno, por exemplo, onde os professores
são funcionários públicos e por eles pagos,
enquanto a gestão pode ser variada.
“Poderíamos ter associações ges-
toras de escolas, como organizações
particulares estabelecendo convênios
com o poder público. Há um atraso a ser
superado no Brasil que remonta ao Mar-
quês de Pombal. É essa questão de que o
dinheiro público só pode financiar o que
é público. E, analisando, se o que for pú-
blico é péssimo, será que devo continuar
a engolir este purgante e não posso exigir
que o governo que emana do povo, e em
seu nome é exercido, possa gerir melhor
o que cobra de impostos dos cidadãos?
Temos de superar este contrassenso, do
mesmo modo que temos de exigir melhor
preparação de nossos educadores. A es-
Escola Particular 9
Drogas
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O s esteróides anabolizantes são um
grupo de substâncias em que se
inclui a testosterona, o hormônio natural
Nas últimas décadas o uso dessas
substâncias vem se popularizando entre
os jovens e, apesar dos prejuízos médicos
masculino, além de dezenas de hormônios e psiquiátricos envolvidos, convivemos
sintéticos derivados da própria testos- hoje com um grande número de adoles-
terona, que foram desenvolvidos nos úl- centes que inadvertidamente buscam nos
timos cinquenta anos. Essas substâncias esteróides anabolizantes uma maneira
são responsáveis pelo aparecimento das rápida e fácil de ganhar músculos.
características sexuais masculinas e são O hormônio testosterona é respon-
capazes de produzir um efeito anabólico, sável pelos traços masculinizantes como
isto é, produzem um aumento na síntese de crescimento de barba, força e desenvolvi-
proteínas para desenvolvimento de múscu- O uso dessas mento muscular. Eles também podem
los e assim provocam aumento significativo causar mudanças no cérebro e no corpo de
da massa muscular, da força, de explosão e substâncias vem quem os utiliza e aumentar as chances de
do volume da musculatura corporal.
Atualmente essas substâncias são legal- se popularizando se desenvolver problemas graves de saúde.
Uma grande ironia é que enquanto a
mente produzidas para utilização médica
em pacientes com doenças que causam entre os jovens maioria dos jovens procura nos esteróides
uma maneira rápida de desenvolver mús-
perda e atrofia muscular ou doenças re- culos e melhorar sua aparência “externa”.
lacionadas com perda hormonal, sendo tas profissionais. Há casos que ganharam Internamente esse jovem está destruindo
vendidos com receita médica sob a forma notoriedade e repercussão, como o do ex- seu organismo. Essas drogas são capazes
de comprimidos e ampolas injetáveis. velocista olímpico canadense Ben Johnson, de enfraquecer o sistema imunológico,
Essas substâncias foram amplamente nos jogos olímpicos de 1988, em Seul. Ou responsável pelas defesas naturais do
utilizadas por atletas profissionais com a da velocista americana tricampeã olímpica organismo contra doenças e infecções.
intenção de melhorar seu desempenho, Florence Griffith Joyner, que nunca fora Lesões no fígado e até câncer hepático po-
mas, com a descoberta de seus malefícios, flagrada em exames antidoping, mas que dem ser causados nesses jovens usuários.
foram banidas oficialmente dos esportes conviveu com fortes suspeitas de uso de Os ossos podem ter seu crescimento
há aproximadamente trinta anos. Apesar esteróides anabolizantes até sua morte pre- interrompido em crianças e adolescentes,
desse fato, constantemente observamos matura, durante uma suposta crise convul- devido ao fechamento prematuro das
nos noticiários esportivos flagrantes do siva, enquanto dormia em sua residência, epífises ósseas (regiões responsáveis pelo
uso de esteróides anabolizantes por atle- na Califórnia, aos 38 anos de idade. crescimento ósseo).
•••••••••••••••••••••••••••
10 Escola Particular
Escola Particular 11
Drogas
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O uso desse
tipo de droga é
mais comum entre
adolescentes,
principalmente
do sexo
masculino
••••••••••••••••••
12 Escola Particular
•••••••••••••••••• jovens experimentam a perda de alguns
quilos de massa muscular e podem
apresentar um medo exagerado de ficar
A síndrome de magros, fenômeno denominado mega-
rexia ou dismorfia muscular. Trata-se de
abstinência causada uma síndrome frequentemente associada
a jovens que fazem uso de esteróides
pelos esteróides anabolizantes, um tipo de transtorno dis-
mórfico corporal em que a pessoa se sente
anabolizantes fraca e pequena, mesmo apresentando-se
forte e musculosa. Esses jovens praticam
é caracterizada musculação de maneira exagerada, com-
pulsiva e evitam situações de exposição
por sintomas de seus corpos, como praias, piscinas,
Escola Particular 13
Crime Virtual
Responsabilidade
civil e criminal
- Ilícitos cibernéticos -
P ara o Poder Judiciário a internet não
constitui um campo novo de atuação,
sobretudo, um diferente meio para realiza-
Rumo à reflexão sobre os impactos
da conectividade no ambiente familiar e
escolar, comecemos reconhecendo que
a importância e a necessidade de se ater à
idade mínima exigida para determinados
acessos, podem levar pais a responder,
ção de crimes igualmente praticados no nunca se ouviu tanto falar em liberdade inclusive, pelo crime de negligência.
mundo real. de expressão e acesso irrestrito a infor- Seja por negligência ou desinformação,
Tendo como porta de entrada as vulne- mações. pais que não atribuem ao ambiente virtual o
rabilidades ou a falsa sensação de anoni- Muito triste constatar que, quando mesmo valor e necessidade de cuidado que
mato, crimes contra a honra (injúria, calúnia não são vítimas, muitos dos crimes contra o fazem no ambiente físico, não somente
e difamação), extorsão, ameaças, pornogra- a honra são praticados por crianças e ado- deixam seus filhos vulneráveis a sérios
fia infantil, racismo e muitos outros, vêm lescentes através da internet. problemas, como também, assumem o
aumentando a cada minuto na internet Não criar regras para o uso responsável risco de serem interpelados judicialmente
e, com a aplicação das legislações penal desta poderosa ferramenta, não conversar a ter que indenizar um terceiro por dano
e civil vigentes, o Judiciário vem coibindo sobre os riscos a que estão sujeitos quando causado por aqueles, vez que, de acordo
fortemente a sensação de impunidade que utilizada de forma inadequada e, princi- com o artigo 932 do Código Civil, os pais
persiste em reinar neste ambiente. palmente, deixar de explicar claramente são responsáveis pela reparação civil decor-
Quando não
são vítimas, muitos
dos crimes contra a
honra são praticados
por crianças e
adolescentes através
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da internet
14 Escola Particular
Escola Particular 15
Crime Virtual
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Dispor de ferramentas tecnológicas que
possam incentivar os alunos e aprimorar os
meios de aprendizagem é excelente
rente de atos ilícitos praticados pelos filhos Aprimorando este entendimento,
menores. o inciso IV do artigo 932 do Código Civil,
Por outro lado, é claro que, dispor de prevê que são também responsáveis pela
ferramentas tecnológicas que possam reparação civil, dentre outros, estabe-
incentivar os alunos e aprimorar os meios lecimentos onde se albergue por dinheiro,
de aprendizagem é excelente, assim como mesmo que para fins de educação, pelos
a capacitação de professores e alunos para seus educandos.
o seu uso adequado, mas, o grande desafio Assim, é preciso admitir que, em
do educador de hoje está em como direcio- tempos de internet, a responsabilidade
nar o uso das TICs para o bem, ou seja, como das instituições de ensino extrapola o que
orientar seus educandos a explorar todos ocorre nos seus domínios. Há de considerar
os benefícios que este avanço fantástico que a escola inicia um importante ciclo da
propicia, ignorar seus aspectos negativos e vida em sociedade da criança, é na escola
aguçar sua sensibilidade para discernir um que a criança começa a compreender que
mal que possa estar falsamente “revestido apesar de importante, sua opinião não é a
de bem”. única, e, gradativamente, que seu direito
Os dirigentes dos estabelecimentos termina onde começa o do outro. Assim,
de ensino são também responsáveis por não se pode dizer que a responsabilidade
contribuir na formação do indivíduo. Com da escola se restringe à integridade física
efeito, o artigo 2° da Lei 9.394/96 - Lei de de seus alunos, mas também por sua inte-
Diretrizes e Bases da Educação ratificou o gridade moral, já que os danos incidentes
previsto no artigo 53 do Estatuto da Criança sobre esta influenciam substancialmente
e do Adolescente, ao atribuir à educação o no processo de aprendizagem.
compromisso de preparar os educandos Logo, instituições de ensino que ado-
para o exercício da cidadania. tam o cuidado de tratar do assunto desde o
16 Escola Particular
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contrato de prestação de serviços firmado prévia e expressamente comunicado, é são voluntária dos mesmos para o efetivo
com os pais, que implementam a utilização lícito o monitoramento da escola em seus envolvimento no desenvolvimento educa-
de regulamentos internos, regras de con- ambientes físicos e digitais. cional de seus filhos. •
duta para o uso da tecnologia, promovem Quanto a eles, filhos e alunos meno-
campanhas de conscientização e, principal- res de 18 (dezoito) anos, são penalmente
mente, que praticam a prevenção em sua inimputáveis e para que civilmente, pais e Dra. Alessandra Borelli
rotina regular, seja por meio de palestras, educadores não sofram prejuízos, a palavra CEO da Nethics Educação
Digital, Coordenadora do
workshops ou outras atividades dirigidas de ordem é prevenir, orientando e estabe- Núcleo de Combate aos
Crimes Contra a Inocência
ou inseridas nas matérias regulares, cer- lecendo regras claras de disciplina. da Comissão de Direito
Eletrônico e Crimes de
tamente terão seus riscos de responsabili- Manter os pais informados e envolvidos Alta Tecnologia da OAB/
zação potencialmente mitigados, além de deve ser uma das estratégias de ensino SP, membro efetivo da
Comissão Permanente
reduzida a possibilidade de ter seus alunos do educador, sobretudo para não gastar de Estudos de Tecnologia e Informação do Instituto
dos Advogados de São Paulo, educadora, advogada
envolvidos em incidentes digitais. Neste energia se defendendo, mas ao contrário, especialista em Direito Digital e Co-Fundadora da Rede
Doctors Way.
contexto, é válido lembrar que, uma vez através de métodos ativos, suscitar a ade-
Escola Particular 17
Jurídico
UM OU DOIS
CONTRATOS DE TRABALHO?
O importante
é obervar os
direitos inerentes
às duas funções,
estabelecidos na lei
e nas Convenções
Coletivas de
Trabalho
1169200601110000 DF 01169-2006-011-10-
00-0 (TRT-10)
Ementa: PROFESSOR E COORDENA-
DOR DE CURSO. DOIS CONTRATOS DE
TRABALHO FIRMADOS COM O MESMO EM-
18 Escola Particular
Escola Particular 19
Educação Digital
Revolução Industrial,
Revolução Educacional? Parte II
O desenvolvimento
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humano decorre
de interações de
natureza social
seus espectros de alcance. Na perspectiva
da educação básica, conteúdos de conhe-
cimento dessa natureza são importantes
à medida que tendem a gerar ‘lstros de
referência’ na formação do pensamento
científico e tecnológico dos estudantes.
No entanto, para além das referências
estanques oferecidas pelas referidas leis
e modelos, apresentam-se no âmbito do
Saber Sábio (aquele derivado da pesquisa
científica) atualizações importantes para as
teorias citadas e, em muitas delas, conhe-
cimento que atualmente as situam como
‘casos particulares’ de teorias e leis mais
abrangentes. Acresça-se a este fato que
no âmbito da aplicabilidade das referências
citadas como exemplo, os desdobramentos
de sua aplicabilidade na perspectiva tec-
nológica alcança a dimensão que configura
o próprio mundo contemporâneo.
Mais do que ‘teorias’ o que se tem é a
modelagem e formatação de processos,
produtos e ações que fazem do cotidiano
sua mais contunde expressão. E é precisa-
mente neste ponto, em que decodificar o
20 Escola Particular
volvimento na contemporaneidade? A
vanguarda está frequentemente presente A revolução perfil do cidadão na contemporaneidade
exige uma elevada capacidade de leitura
na educação?
A revolução industrial iniciada na In-
industrial iniciada contextual, problematização, obtenção e
organização de informações relevantes,
glaterra no século 18, demorou mais de
100 anos para ganhar dimensão global; as
na Inglaterra no publicação de conhecimento explícito e
comunicação. É como se o antigo discurso
máquinas a vapor levaram mais de 50 anos
para dobrar sua produtividade. Em apenas
século 18, demorou da exploração ‘capital-trabalho’ se redi-
misse na ampla perspectiva do trabalho-
15 anos a popularização dos computadores
e da Internet já promoveu transformações
mais de 100 anos capital intelectual.
Diante de tal cenário, a escola contem-
profundas na cultura e na sociedade. Nas para ganhar porânea de educação básica se vê diante de
fábricas inteligentes, os produtos ‘con- desafios provavelmente nunca experimen-
versam’ ao longo das linhas de montagem. dimensão global tados antes. Se persistir em suas crenças
A convergência digital e a colaboração em lineares e de cunho propedêutico, que
sistemas automatizados geridos por huma- efetiva contribuição pode oferecer para a
nos se constituem em elementos essenciais por conhecimento anacrônico e ab- sociedade na formação de seus cidadãos?
do novo paradigma. surdamente desvinculado de qualquer Se for atraída por modismos transitórios,
Atualmente (2014), o impacto econômi- contexto que se lhes integre um mínimo como poderá realizar um trabalho educativo
co global decorrente dos sistemas de de sentido. mais profundo, significativo e duradouro?
automação na indústria é da ordem de 2,3 No sentido inverso ao do discurso ide- Haverá cenários e decisões que permitam
trilhões de dólares. O avanço da computa- ológico que enfatiza o impacto das ‘caixas superar as dicotomias reais ou aparentes
ção está permitindo criar versões digitais negras’ nos processos de construção e conduzir a escola e a educação para uma
de uma fábrica real. A redução no tempo de e desconstrução crítica da realidade, o posição madura e de vanguarda? •
lançamento de produtos em empresas que (Continua na próxima edição)
utilizam plataformas em fábricas digitais é
da ordem de 50%.
Na maioria esmagadora de nossas Cassiano Zeferino de Carvalho Neto é pós-doutorado em educação digital pelo ITA e
doutorado em engenharia e gestão do conhecimento pela UFSC; é mestre em educação
escolas da educação básica (e em muitos científica e tecnológica (UFSC) e especialista em qualidade na educação básica (INEAM/OEA/
USA). Tem licenciaturas em Física e Pedagogia (PUCSP). É fundador e atual presidente do
casos na superior) o modelo educacional Instituto Galileo Galilei para a Educação (IGGE), e também fundador e diretor executivo da
‘fabril’ do século 18 permanece pouco Laborciencia editora. www.carvalhonetocz.com. Contato: carvalhonetocz@gmail.com.
alterado. ‘Caixinhas mentais vazias’ Esta coluna conta com o apoio do Instituto Galileo Galilei para a Educação (www.igge.org.br)
continuam tentando ser preenchidas
Escola Particular 21
Certificação
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Nem todas as escolas, ao abrirem, cum-
prem as exigências para o funcionamento.
Com o objetivo de orientar a regula-
mentação dessas escolas, garantindo aos
pais mais segurança na hora da matrícula, o
Sieeesp, criou o Projeto “Escola Legal” que,
em seu sétimo ano de atuação, contabiliza
1.530 instituições de ensino cadastradas
que já se encontram de acordo com a lei.
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Certificação
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Escola Particular 25
Leitura
• “Acho chato”.
Resposta: Chato vai ficar o seu papo
se você não começar a ler.
• “Acho difícil”.
Resposta: Ler é um exercício como
qualquer outro. Comece por um livro
fácil e vá subindo de nível.
26 Escola Particular
• “Eu não sei ler”. • “Eu não sei que livro ler”. • “Eu tenho baixa visão”.
Resposta: Entre na alfabetização. Resposta: Liberdade sem escolha é Resposta: Você não é o único. Muitos
Existem escolas espalhadas pelo cativeiro. Você precisa ser cativo do têm olhos saudáveis e padecem do
País que atendem crianças, jovens que te cativa! Para conhecer a obra, mesmo mal. Busque recursos de lei-
e adultos com a mesma demanda. E analise a capa, o título, as orelhas; tura para deficientes visuais. Você po-
lembre-se: não adianta nada aprender abra o livro, cheire-o e leia a biografia derá não ter acesso a todos os livros,
o alfabeto e continuar não entenden- do autor. Busque ler sobre assuntos mas poderá ler se quiser. E a leitura
do o significado das palavras. Então, que você gosta. Mas também tente ampliará a sua visão, pelo menos a sua
mãos a obra, pois você tem um longo se aventurar em outros temas. visão sobre a vida e o mundo.
caminho a percorrer.
• “Eu gosto de fazer outras coisas”. • “Livros costumam ter muitas pá-
Resposta: Você não precisa ser um ginas”.
expert em leitura. Basta dividir seu Resposta: Claro, afinal, ele é um livro.
tempo entre as atividades. Equilíbrio Se não gosta de livros longos, leia os
é fundamental. curtos. Você perceberá que tem livros
que são pequenos na forma e imensos
na fôrma. Alguns livros pequenos in-
clusive são infinitamente mais difíceis
de ler do que os grandões. Esqueça
• “Não existem livrarias na minha
as páginas e se apegue ao conteúdo.
cidade”.
Lembre-se: a aparência distrai, a es-
Resposta: Você já ouviu falar em com-
sência conquista.
pras pela Internet?
• “Livro é caro”.
Resposta: Se você não pode comprar
um livro caro, compre um mais barato
ou de segunda mão, ou peça empres-
tado na biblioteca. Se preferir, entre
no site www.dominiopublico.gov.br
e baixe livros de graça na Internet. •
Escola Particular 27
Viagem Educacional
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NOVAS DATAS
(ABRIL DE 2015)
Com Tour em Abu Dhabi e Tailândia
Oswaldo Tavares
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acrescentar o investimento no treinamento
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de professores, uma certa flexibilidade
curricular e o esforço para desenvolver
talentos individuais. Hoje, como efeito, os
alunos estão adaptados a um mundo pós-
industrial e globalizado, e o país aparece
como a 4ª praça financeira e o 3° PIB per
capita do mundo.
Nossa delegação participará, em abril,
de um seminário sobre o sistema de educa-
ção: resultados e desafios; conhecerá como
são qualificados e reciclados professores
e gestores, com efetiva participação do
reconhecido NIE - National Institute of Edu-
cation e a Academy of Principals; visitará
pré-escolas apoiadas pela Early Childhood
Em Singapura foi adotado um conjunto de
Development Agency, bem como escolas
privadas e públicas como a Future Schools,
políticas governamentais que priorizaram
Raffles Institute, Hwa Chong e o laureado o ensino de qualidade ao de cumprimento
ITE - Institute of Technical Education, den-
tre outros. de metas quantitativas
COREIA A consciência de que o esforço na edu- base nos seguintes princípios: todos têm
A Coreia possui uma tradição histórica cação é o principal fator de melhoria de de ter iguais oportunidades de acesso à
de mais de 5000 anos. Inventaram a 1ª renda e de vida motivou escolas e profes- educação de qualidade, desde o ensino
tecnologia de impressão, e o alfabeto lo- sores, famílias e estudantes. A prioridade básico ao superior; todos têm direito a
cal, simples e fácil de aprender, estimulou dada à implementação de uma educação excelentes professores; o reconhecimento
a sociedade a valorizar a necessidade de de qualidade, que desse suporte ao cresci- nos estudos tem por base a meritocracia.
ler e aprender, criando os alicerces sócio- mento da economia, norteia o progresso Em abril, vivenciaremos a 2ª etapa
culturais que explicam a “febre por educa- econômico e sóciocultural da Coreia, com do sistema educacional, pois o país está
ção” dos anos 60, produzindo o milagre de
transformar a Coreia num dragão asiático e
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num dos países mais poderosos do mundo.
Hoje, com tecnologia de ponta e sofisti-
cada industrialização, é membro do G-20,
e marcas como Samsung, LG e Hyundai
destacam-se nas áreas de TI, construção
naval e indústria automobilística.
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Escola Particular 29
Viagem Educacional
realizando uma reforma que procura o pelos laços econômicos entre ambos os
equilíbrio entre o ensino acadêmico muito países. Fomos recebidos pelo vice ministro
competitivo e o estímulo ao desenvolvi- de Educação, Sr. Kim, Shin Ho, que se com-
mento da vocação e habilidades individu- prometeu a coordenar o seminário sobre
ais. Conheceremos um dos sistemas mais educação coreano e houve o permanente
flexíveis, pois desde o ensino médio ofe- acompanhamento do Sr. Oh, Sok Jin, adido
rece os tradicionais cursos acadêmicos, cultural da Embaixada da Coreia no Brasil.
bem como escolas high tech, de arte, com As autoridades dos Metropolitan Of-
classes especiais (a maioria ligadas a Funda- fices de ambos os centros irão selecionar as
ções comerciais e industriais), colégios melhores escolas públicas a serem visitadas
politécnicos e vocacionais com diversas por nossos educadores, e a Association
especialidades. for Korea Private School Foundation está Keum Joa, Choi (Chefe do Depto. de Estudos
Nossa viagem incluiu a capital edu- empenhada em selecionar as instituições Brasileiros da Univ. Hankuk), Oswaldo Tavares,
Kim, Shin Ho (Vice Ministro de Educação) e Oh,
cacional do País, Daejeon, onde foram privadas. Com esse programa teremos Sok Jin (Adido Cultural da Coreia no Brasil)
instalados todos os ministérios, inclusive o uma visão completa da educação básica
de Educação, e a Capital Seoul. Foi gerado do País e, certamente, a delegação trará
um grande interesse pela próxima visita amplos conhecimentos para a introdução
da delegação brasileira, principalmente de inovações em suas escolas.
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Almoço oferecido pelo Diretor Geral do
Metropolitan Education Office, Chio, Kyong Ho
Rose Garden.
Carlos Gorito, Oswaldo Tavares e Edmundo Fujita
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(Adido Cultural)
30 Escola Particular
Escola Particular 31
Viagem Educacional
A PROGRAMAÇÃO
Como nas viagens anteriores, serão realizados seminários e visitas técnicas a
escolas, estimulando a troca de experiências. A delegação conta com a participação
de educadores de todo o País, incluindo desde a pré-escola, a educação infantil, e
o ensino médio e técnico. Haverá sempre a presença de intérprete e acompanha-
mento de pessoal do Sieeesp e do IES, empresa organizadora da viagem. O roteiro
é o seguinte, sujeito a pequenas alterações:
11/4 Saída de Guarulhos pela Etihad, uma Templo de Dawn e o River Front, dentre
das melhores companhias aéreas outros.
12/4 Chegada a Abu Dhabi, para uma 21/4 Visita ao típico e colorido mercado
parada destinada a descanso de longo flutuante de Saduak e almoço no Rose
trecho aéreo. Garden
Hospedagem no Hotel Beach Rotana 22/4 Manhã: embarque para o famoso bal-
Towers ou similar. neário de Phuket, com suas praias e ilhas
13/4 Tour de Abu Dhabi, visitando a paradisíacas. Hospedagem no Outrigger
belíssima capital, com sua arquitetura Laguna Phuket Beach resort.
arrojada, a maior Mesquita dos Emirados
23/4 Excursão de barco privativo para
e o famoso Parque da Ferrari.
conhecer Nga Bay, Patang Beach e a
14/4 Saída para Singapura. Recepção e famosa ilha PhiPhi
traslado ao Hotel Hilton, em Orchard
Road, ou similar 24/4 Manhã livre e embarque para a
Coreia.
15/4 Seminário organizado pelo Minis-
tério de Educação. Visita a uma escola 25/4 Recepção em Seoul. Hospedagem
privada no Hotel Grand Ambassador. Tour para
conhecer o Gyeongbok Palace, National
16/4 Visita a 2 escolas por grupo e ao Na- Folk Museum, Insadong Alley e suas an-
tional Education Institute
tiguidades, Namdaenum Market, dentre
17/4 Visita a 2 escolas por grupo, in- outros atrativos.
cluindo o ITE- Institute of Technical
Education 26/4 Excursão para conhecer a mais famo-
sa área desmilitarizada do mundo-DMZ,
18/4 Visita de dia inteiro a este centro- visita ao Imjingak Park e ao Observatório
multicultural, onde Oriente e Ocidente Dorasan, Unification Village e retorno
se mesclam com muita harmonia. Visita para assistir ao Nanta Show
a Chinatown, Little India, Colonial District
e Kampong-Glam, Garden by the Bay, 27/4 Ida a Daejeon, a 160 quilometros de
Marina Bay Sands, além das opções de Seoul, para seminário organizado pelo
shopping de Orchard Road. Ministério de Educação e o Metropolitan
Education Office. À tarde, visita a escolas
19/4 Dia Livre ou opcional Sentosa Island,
em 2 grupos. Retorno a Seoul.
o centro mais famoso de diversão local. Á
noite, embarque para a Tailândia. 28/4 Visita a escolas, selecionadas pelo
20/4 Hospedagem no Millenium Hilton. Seoul Metropolitan Office
Tour de Bangkok, a Veneza do Oriente, 29/4 Visita a escolas, selecionadas pela
com destaque para sua arquitetura Associação de Escolas Privadas da Coreia
tradicional: o belíssimo Grand Palace e o
Santuário do Budha de Esmeralda, Chao 30/4 À 1h05 voo de retorno ao Brasil, com
Phraya River (o Rio dos Reis) e cruzeiro escala em Abu Dhabi e chegada às 19hs do
para ver seus atrativos: as palafitas, o mesmo dia a Guarulhos.
COMO PARTICIPAR
Para mais informações ou inscrever-se, consulte o site viagemeducacional.com.
br ou contate o IES pelo telefone (11) 4702-9414 ou oswaldo@ies.tur.br.
Os pagamentos podem ser parcelados, mas como as vagas são limitadas reco-
mendamos sua adesão o mais rápido possível.
Não deixe de participar! Conheça dois sistemas de educação modelo.
32 Escola Particular
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Reflexão
APROXIMANDO
O ALUNO DO
CONHECIMENTO
Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser
condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que posso
ir mais além dele. Está é a diferença profunda entre o ser
condicionado e o ser determinado.
Paulo Freire
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Lucy Duró
Pedagoga, Psicopedagoga
e membro do Laboratório
Interinstitucional de
Pesquisa em Psicologia
Escolar do Instituto de
Psicologia da Universidade
de São Paulo.
evoluireducacional.com.br
Escola Particular 35
Saúde
A doença meningocócica
Forma potencialmente grave de meningite, dentre os estados
brasileiros, tem o maior número de casos notificados em São Paulo
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Saúde
Figura 1. Distribuição dos novos casos confirmados de doença meningocócica invasiva no Brasil em
todas as faixas etárias em 2013. Adaptado do banco de dados do SINAN 20148.
38 Escola Particular
Figura 2. Distribuição por sorogrupos dos casos confirmados de doença meningocócica invasiva no estado de São Paulo em crianças menores de 5
anos de idade, e crianças e adolescentes de 5 a 19 anos de idade em 2013. Adaptado do banco de dados do SINAN 20148.
Na faixa etária de crianças e adolescen- de idade. Com exceção da faixa etária de A Sociedade Brasileira de Pediatria
tes de 5-19 anos de idade no estado de São 1 a 4 anos, como também em lactentes (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imuni-
Paulo em 2013 (Figura 2), o MenC (80-84%) menores de 1 ano de idade, o número zações (SBIm) recomendam uma dose de
seguido de MenW e MenY (que represen- de novos casos de DMI em crianças no reforço para as crianças aos 5 e aos 11 anos
taram juntos 7-8% dos casos) foram os Ensino Fundamental I ou II e no Ensino de idade com uma vacina meningocócica
principais causadores da DMI, semelhante Médio aumentou neste período, prin- conjugada, preferencialmente, uma que
ao que se observa nesta faixa etária para cipalmente em adolescentes de 15 a 19 proteja de forma mais ampla contra os
o Brasil como um todo8. anos, cujo aumento foi de 75%8. sorogrupos ACWY 9,10.
Considerando-se as faixas etárias de Atribui-se a queda no número de novos Em síntese, todos precisamos ter acesso
crianças em idade pré-escolar, escolar e casos de DMI em crianças de 0-4 anos de à informação apropriada para saber como
adolescentes no estado de São Paulo, idade à introdução da vacina meningocóci- minimizar os riscos de infecção pelos prin-
é possível observar, como ilustrado na ca C conjugada no Programa Nacional de cipais sorogrupos meningocócicos causa-
figura 3, que o número de novos casos Imunizações (PNI) para crianças menores dores dessa doença devastadora, mas que
confirmados da DMI de 2003 a 2013 não de 2 anos de idade no final de 2010, as quais ao mesmo tempo é potencialmente passível
vem diminuindo de maneira significativa devem estar hoje com aproximadamente de prevenção. Em caso de dúvida ou para
em crianças e adolescentes de 5 a 19 anos 4-5 anos de idade. mais informações, fale com seu médico. •
Referências
1. CDC. Meningococcal disease. In: Pink book. Capítulo
13, páginas 193-212. Encontrado em http://www.cdc.gov/
vaccines/pubs/pinkbook/downloads/mening.pdf. Acessado
em 23/10/2014.
2. Christensen H, et al. Meningococcal carriage by age: a
systematic review and meta-analysis. Lancet Infect Dis.
2010;10:853-861
3. Rosenstein NE, et al. N Eng J Med. 2001;344:1378-1388.
4. Brigham KS, et al. Curr Opin Pediatr. 2009;21:437-443.
5. Davison KL, et al. Arch Dis Child. 2004;89:256-260.
6. CDC. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2012;61:217-21.
7. CDC. MMWR. 2007;56:1265-1266.
8. SINAN DataSUS 2014 (última atualização em 19/08/2014).
Encontrado em: http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/
tabnet/dh?sinannet/meningite/bases/meninbrnet.def.
Acessado em 23/10/2014.
9. Calendário de Vacinação da Criança. Recomendações
da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – 2014/2015.
Encontrado em: http://www.sbim.org.br/wp-content/
uploads/2014/09/calend-sbim-crianca-2014-15-140908-a.pdf.
Acessado em 23/10/2014.
10. Calendário Vacinal 2014. Recomendação da Sociedade
Figura 3. Casos notificados de doença meningocócica invasiva entre crianças e adolescentes no Brasileira de Pediatria. Encontrado em: http://www.sbp.com.
estado de São Paulo de 2003 a 2013. Adaptado do banco de dados do SINAN 20148. br/pdfs/calendario_vacinal2014.pdf. Acessado em 23/10/2014.
Escola Particular 39
Entrevista
office.microsoft.com
Felicidade não é de brinquedo
Ygor Jegorow
40 Escola Particular
brinquedo de lado. Essas são as dicas que Muitas pessoas dizem
damos no livro. Mostramos a visão da cri-
que se sentem melhor
Divulgação
ança e como os pais podem educar.
AS – É importante o adulto ter claro
aquilo em que ele acredita, o que acha quando compram um
bom e o que considera adequado para a
criança. Ele tem de avaliar o produto todo, carro novo, o celular
analisar a necessidade emocional. O que
ela está querendo naquele momento? O de última tecnologia.
difícil é ter tempo para olhar pra ela, mas
isso é necessário. Mas será que só
EP – E como esse senso crítico pode
vale isso?
ser ensinado?
LV – A ideia é de que, com a educação
dentro da família e dentro da escola, se
pode ensinar à criança a função como con-
sumidores. Hoje, com a internet, podemos
reclamar nas mídias sócias e a empresa vai
ver essa reclamação e saber que não esta-
mos gostando daquilo. Temos de ensinar
os mais novos a ter o senso crítico sobre o
que a publicidade passa, e pensar, quando nisso, deixando claro que a visão da escola LV – A consequência disso é mesmo a
for comprar o produto, se realmente a é educacional. É interessante mostrar que infelicidade, porque como a criança deseja
criança precisa daquilo ou se ela só está o material diferente não vai fazer o aluno coisas emocionais relacionadas aos produ-
pensando na imagem que a propaganda ser mais ou menos importante. Tudo isso tos, o brinquedo não consegue substituir a
está passando. De que se a menina usar tem de ser um trabalho persistente. Pode parte emocional que ela precisa. O ato de
certa sandália, ela ficará mais bonita, se proibir a criança de entrar com a mochila do brincar e estar próximo dos amigos. Às ve-
quer o produto apenas por status. Mickey? Claro que não, mas temos de fazer zes você dá o brinquedo, mas o que queria
AS – O legal é desmascarar a propa- esse trabalho com a família. Sem contar é estar cheio de amigos em volta. Tudo isso
ganda para a criança. Com o tempo, ela vai que a criança não tem poder de compra. resulta num armário cheio de brinquedos.
sacando o que a mensagem quer passar. Portanto, os pais não devem comprar nada Porque se você dá o brinquedo, mas não
Mas você corre o risco da criança perceber da empresa que se dirige diretamente à brinca no tapete, vai pro fundo do armário.
até nos pais, essa falta de senso crítico. A criança. O pai é o responsável pela compra. É um modelo que vira uma bola de neve. Ela
criança pode começar a perguntar: “Mas, LV – Tem de se levar esse debate às imediatamente passa a desejar outra coisa,
mãe, pra que outro par de sapatos”? Nós famílias. O ideal é que família e escola con- ganha aquilo e joga no armário.
temos a esperança de ter um futuro melhor sigam falar a mesma língua. Nessa questão AS – Eu não posso suprir as minhas ne-
com tudo isso. Muitas pessoas dizem que de consumo, é formar consumidores me- cessidades com brinquedos. Pode ocasio-
se sentem melhor quando compram um lhores, pois as pessoas que sabem consumir nar uma angústia que não tem tamanho.
carro novo, o celular de última tecnologia. são mais felizes. Você cria adultos capazes Primeiro que a criança acredita que o pai e
Mas será que só vale isso? de consumir com responsabilidade. Uma a mãe estão ali para protegê-la. Se o pai e a
coisa que sempre falamos: o marketing não mãe compram tudo e não conseguem atin-
EP – Alguns alunos usam materiais de é ruim. Ele é um departamento da empresa gir a satisfação, o pai e a mãe vão ser des-
marcas famosas, cadernos com fotos de que atende as necessidades das pessoas. E valorizados dentro dela. E esse vazio não
algum personagem famoso na capa, ou nós como consumidores, demonstramos será preenchido com coisas compráveis.
outro material que seja mais caro e que as nossas necessidades. Se você olha um Estamos formando consumistas. O que é
pode causar diferença entre os alunos. O produto que tem uma determinada cam- isso? Aquele que compra e não usa. “Ah, eu
que a escola pode fazer para resolver essa panha que você não concorda, não compre. estou triste, estou precisando comprar al-
situação? A empresa vai mudar a ferramenta dela, guma coisa”. Compra e vai continuar triste.
AS – O primeiro contato deve ser feito pois o papel da empresa é vender produtos, Estamos dando uma ideia falsa pra essa
na reunião de pais da escola e especificar gerar empregos, movimentar a economia criança e não estamos analisando o que
que o material de escola não deve ter e nada disso é errado. O que é errado é a ela precisa de verdade. Se meu filho precisa
personagens. Deixar claro que não é ne- gente, como consumidor, aceitar coisas de coisas demais, o que está acontecendo
cessário, pois é mais caro e nem sempre é o que não são boas para nós, nem para a na- com ele? O que está acontecendo conosco?
material mais eficiente. Na medida em que tureza. Por isso, o consumidor consciente É essa a imagem que estou passando para
eu tiro a estimulação do produto que está é capaz de analisar o que é necessário, o ele? De que quando estou deprimido, vou
sendo vendido, ele passa a ser um produto que é bom e tem qualidade. E comprar e ao shopping? Primeiro que shopping foi
que tem o mesmo uso que os outros. Uma usar de fato, porque usamos os produtos feito para comprar e não passear. Impos-
caneta cheia de luzes ou plumas distrai a pela nossa sobrevivência, pelo nosso bem- sível você ir e não comprar nada. As luzes, as
criança. Essa pode ser uma argumentação estar, pelo nosso conforto. E tudo isso é vitrines, tudo é programado para te induzir
forte. Deixar claro de que é do produto que muito válido. A gente tem de aprender a comprar. Aí, compro alguma coisa na liqui-
eu preciso e não do personagem. O mate- a consumir com responsabilidade e isso dação, eu mesma que há pouco disse que
rial adequado é aquele que serve o aluno, começa na infância. não compraria nada. É a mesma coisa de ir
que funciona adequadamente. Esse é um a um restaurante e não comer nada, ficar
papel da escola e dos pais. Se for o caso, a EP – A noção de felicidade que a publi- só olhando. Tudo isso resulta em angústia
escola pode chamar os pais que insistem cidade passa para a criança pode frustrá-la? e armários cheios de coisas. •
Escola Particular 41
Orientação
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Escola Particular 43
Prevenção
Projeto de Prevenção
de Conflitos
e Violência na Escola
A presentamos a seguir, orientações
legais e práticas para a escola elabo-
rar um projeto de prevenção de conflitos
Alvos sugeridos:
1. redução e prevenção do consumo
de drogas entre alunos, servidores e pro-
A escolha do alvo deve ser con-
sensual entre direção, professores e
servidores da escola. Para identificar o
e violência. fessores; alvo a ser alcançado, primeiro é preciso
2. redução da violência na escola (rou- abordar professores e servidores da es-
1º. É preciso identificar o problema da bos, agressões físicas, tráfico de drogas cola. Será preciso avaliar o engajamento
escola a ser enfrentado (alvo) etc.); e união dos professores e servidores aos
É fundamental que a comunidade esco- 3. redução dos abusos físicos e sexuais projetos da escola. Se não houver uma
lar identifique o alvo a ser tratado no pro- contra alunos; unidade importante, será necessário
jeto. É essencial que este alvo seja consenso 4. redução dos conflitos entre alunos/ desenvolver atividades de fortaleci-
entre direção, professores e servidores da famílias e escola/professores. Os conflitos mento dos laços emocionais, sociais e
escola. Alunos e famílias também podem aqui são de relacionamento e convivência. profissionais entre direção, professores
ser ouvidos. * Os conflitos violentos já foram abordador no item 2. e servidores.
44 Escola Particular
Há questões políticas, ideológicas e
pessoais importantes a considerar. O am- O que importa se que um importante alvo inicial era
desestimular o consumo de cigarros na
biente político-governamental, sindical,
partidário e até de relacionamento entre
é manter o alvo escola pelos estudantes. Ao se fazer um
levantamento, descobrimos que muitos
os profissionais deve ser avaliado. O con-
senso deve ser construído, conquistado,
escolhido em professores fumavam na escola, alguns
até mesmo em sala de aula. Pois bem, o pri-
jamais imposto.
Este consenso e união entre a direção,
mente, para não meiro alvo de intervenção foi conscientizar
e alcançar consenso com estes professores
professores e servidores da escola sobre
o alvo a atingir é o elemento chave no
desviar na execução fumantes, para que deixassem de fumar
na escola, sendo, assim, um bom modelo
projeto. Uma vez que o corpo docente está do projeto, nem para os alunos.
consciente de sua importância como mode- Nesta fase, é hora de autocrítica e
lo aos alunos e famílias tudo fica mais fácil. abraçar mais de reflexão sobre as atitudes e comportamen-
tos dos educadores e servidores. É muito
2º. Elaborar o projeto da Escola um alvo interessante organizar uma relação com as
Uma vez que o consenso foi alcan- ocorrências escolares mais relevantes con-
çado e o alvo escolhido, partimos para cernentes ao alvo escolhido. Por exemplo,
a execução do projeto. Devemos ter em se o alvo escolhido foi a redução dos abusos
mente que o projeto deve priorizar o alvo 3. alunos usuários de drogas tendem a contra alunos, verificar como a escola lidou
escolhido. Sabemos que os temas se inter- se tornar muito indisciplinados. com estes casos nos últimos anos.
relacionam. Por exemplo, ao lidar com a O que importa é manter o alvo escolhi- O objetivo é verificar se a escola tem
prevenção do uso de drogas pelos alunos do em mente, para não desviar na execução sido causa de conflitos, e, em caso positivo,
estaremos lidando também com questões do projeto, nem abraçar mais de um alvo. agir melhor.
de violência (relacionadas ou não com o Atividades sugeridas: Palestras, mesas
tráfico de drogas, por exemplo) ou abusos Execução do projeto redondas, concurso de trabalhos sobre o
na infância (muitos usuários de droga foram alvo escolhido são algumas sugestões de
vítima de abusos na infância). 1ª Etapa: direção, professores e servi- atividades pedagógicas para este grupo.
Outro exemplo. Se o alvo for a redução dores da escola.
de conflitos na escola, e o diagnóstico Independentemente do alvo escolhido, 2ª Etapa: famílias dos alunos e vizi-
identifica que muitos professores são a primeira reflexão da direção, professores nhança da escola.
ameaçados por familiares de alunos e alu- e servidores da escola deve ser: “onde É preciso abordar as famílias dos alu-
nos, em razão da revolta com a aplicação de posso estar sendo causa do problema nos. O diagnóstico familiar é fundamental.
medidas disciplinares, pode ser que esteja que desejo combater?” Por incrível que Qual o perfil de envolvimento das famílias
ocorrendo duas coisas: pareça, muitas vezes, fazemos aquilo que com a escola ? O nível econômico e social
1. exagero nas punições pelos profes- criticamos. Veja o caso real abaixo. também é importante. Há casos, em que
sores ou não esclarecimento aos alunos e Caso real – Em uma escola pública as famílias dos alunos são muito envolvidas
pais sobre as medidas disciplinares; estabelecemos o alvo a alcançar: prevenir com a escola. Em outros, não. Neste último
2. desestrutura familiar (alcoolismo, e reduzir o consumo de drogas e bebidas caso, é preciso diagnosticar os motivos do
transtorno mental etc.) alcoólicas entre os alunos. Identificou- afastamento ou ausência da família em
Escola Particular 45
Prevenção
relação à escola e aos filhos. Nem sempre participem da formulação do alvo a ser
é uma situação de simples desinteresse. Po- alcançado. Mas isto vai depender muito da
dem ser vários fatores: trabalho árduo dos escola, se de ensino fundamental ou médio.
pais, falta de informação ou consciência Todas as atividades pedagógicas terão
dos familiares, envolvimento com drogas/ como meta alcançar o alvo escolhido pela
alcoolismo etc. direção da escola. Nossa experiência revela
Com as famílias, várias atividades po- a maior eficácia das atividades quando a
dem ser realizadas: cafés da manhã, bingos, escola designa profissional para estimular
sorteios, palestras, orientações individuais, e acompanhar atividades complementares
ações sociais (dentista, capacitação laboral após as atividades de orientação do pro-
etc.). Todas as atividades têm o objetivo de jeto, tais como:
trazer os familiares dos alunos à escola, e • estabelecer consensualmente metas
estabelecer um bom relacionamento. individuais para cada professor.
Importante: os pais ou padrastos de • realizar atividades de estímulo à
alunos são os mais resistentes em com- aplicação dos conhecimentos no dia a dia.
parecer a reuniões na escola. Isto é um • reforçar conhecimentos estratégicos
fato quase universal. Para superar esta ministrados nas reuniões ou palestras.
resistência sugiro duas atividades que vão • realizar avaliações individuais da
atrair este público-alvo: capacitação ministrada.
1. bingo com premiação específica para • Estimular comportamentos novos
homens (bicicleta, aparelhos eletrônicos dos professores, em conformidade com as
etc.); orientações ministradas.
2. ação social com dentista. Ao final do programa, os profissionais
A vizinhança da escola também é muito e as famílias devem avaliar os resultados
importante. Moradores, comerciantes ou alcançados pelo projeto. •
igrejas próximas à escola podem ajudar
muito. É muito importante ouvi-los e, se
possível, cooperar com eles.
Guilherme Schelb
Programa Proteger
3ª Etapa: alunos. contato@programaproteger.
com.br
O último grupo a ser alcançado são os
alunos. Quando me refiro a último, não me
refiro apenas cronologicamente, pois é pos-
sível que os alunos (e suas famílias) também
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Não podemos deixar escapar: muitas Cabe à escola buscar metodologia colar devem estar a serviço da construção
crianças e jovens estão viciados no ele- para essa alfabetização. É forçoso rever o de uma personalidade nada egocêntrica e
trônico. Não se trata de apresentar um momento de colocar as crianças frente ao mais sociocêntrica.
receituário. Todavia, não nos custa discutir computador e, depois, adequar o tempo e Com desculpas pela crueza, diríamos
a tese da autoridade de pais e de profes- a dose de seu uso. a Machado de Assis: assentar crianças
sores. Hierarquia não exclui a afetividade; A conduta dos professores, a escolha e jovens frente aos computadores é
comando não se afasta da amorosidade e do material, a opção por metodologias e o mesmo que colocá-los no ventre da
autoridade não significa desamor. a inserção de tecnologias no currículo es- besta. •
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