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COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.

Determinação da Ficha em Cortinas de Contenção em Balanço


Executadas em Areias
John Glennedy Bezerra Gurgel
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, glennedybg@yahoo.com.br

Olavo Francisco dos Santos Júnior


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, olavo@ct.ufrn.br

Yuri Daniel Jatobá Costa


Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil, ydjcosta@ct.ufrn.br

Carina Maia Lins Costa


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil,
cmlins@gmail.com

RESUMO: O trabalho apresenta uma análise paramétrica aplicada a cortinas de contenção em


balanço executadas em areias não saturadas. O estudo analisa a influência do ângulo de atrito do
solo, do fator de segurança ao tombamento da estrutura e da altura de escavação na determinação da
ficha. Utilizou-se um procedimento que reduz o coeficiente do empuxo passivo (Kp), para levar em
consideração a diferença nos deslocamentos necessários para mobilização dos empuxos passivo e
ativo. A partir disso, foram desenvolvidas expressões para o equilíbrio de momento em função do
ângulo de atrito, da altura de escavação e do fator de segurança. Verificou-se que a ficha é
diretamente proporcional à altura da escavação, e que o coeficiente de proporcionalidade (α)
aumenta linearmente com o fator de segurança e decresce com o ângulo de atrito do solo.
Utilizando-se regressões, obteve-se uma tabela que mostra o coeficiente de proporcionalidade (α)
em função do ângulo de atrito da areia e do fator de segurança quanto ao tombamento da estrutura.
A ficha é determinada multiplicando-se o coeficiente de proporcionalidade (α) pela altura da
escavação. Por fim, comparou-se o procedimento de cálculo adotado neste trabalho com o método
de Blum. Ficou evidenciado que o referido procedimento superestimou o valor da ficha em relação
ao método de Blum. Nos intervalos aqui estudados de valores de ângulos de atrito e fator de
segurança, a razão entre a ficha determinada pelo procedimento utilizado e a ficha calculada pelo
método de Blum variou entre 1,07 e 1,34.

PALAVRAS-CHAVE: Ficha, Cortina de Contenção, Fator de Segurança, Ângulo de Atrito,


Escavação, Solo Arenoso.

1 INTRODUÇÃO Escorar a contenção na estrutura do edifício


é uma solução interessante, entretanto, essa
Obras de contenção do terreno são necessárias concepção nem sempre pode ser utilizada. Em
em vários projetos de engenharia. Em escavações com altura até 5 m, que são os casos
Natal/RN, por exemplo, essas estruturas são de subsolo único, é viável a utilização de
amplamente utilizadas em construções de cortinas de contenção em balanço. Em
subsolos de edifícios. As soluções comumente escavações com alturas maiores torna-se mais
adotadas são as cortinas de contenção em indicado a opção pela cortina atirantada.
balanço e as cortinas atirantadas. Também há Sondagens de Simples Reconhecimento
casos em que as estruturas de contenção são (SPT) realizadas na Zona Sul de Natal/RN
escoradas na própria estrutura do edifício. mostraram que grande parte da área urbana

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apresenta solo constituído por areias finas e


médias, sem a presença de lençol freático 1
Ep = × K p ×γ × f 2 (2)
próximo a superfície (SILVA et al., 2002). 2
Em cortinas de contenção em balanço, a Onde:
ficha é o elemento que garante o equilíbrio da K a → Coeficiente de empuxo ativo (função do
estrutura (MARZIONNA et al., 1998). Os
ângulo de atrito do solo).
métodos existentes para determinar esse
K p → Coeficiente de empuxo passivo (função
elemento recaem em expressões que, sem o
auxílio computacional, são de difícil resolução do ângulo de atrito do solo).
e só podem ser determinadas por tentativas. γ → Massa específica aparente do solo.
Portanto, para a elaboração de pré- H → Altura de escavação.
dimensionamentos em projetos de estruturas de f → Ficha da estrutura de contenção.
contenção, procedimentos que facilitem a
obtenção da ficha de cortinas em balanço são O coeficiente de segurança da estrutura
plausíveis. quanto ao tombamento é calculado através da
Este trabalho apresenta um estudo equação 3, mostrada abaixo:
paramétrico em cortinas de contenção em
balanço executadas em areias não saturadas que Me
objetiva obter um procedimento de cálculo que FS = (3)
Mi
facilite a determinação da ficha nesse tipo de
estrutura. As simulações foram realizadas com
o intuito de analisar-se a influência do ângulo Onde:
de atrito da areia, do fator de segurança adotado FS → Fator de segurança quanto ao
pelo projetista e da altura da escavação. tombamento da estrutura.
M e → Momento gerado pela forças que
2 PROCEDIMENTOS DE CÁLCULO fornecem estabilidade à estrutura.
M i → Momento provocado pelas forças que
A Figura 1 apresenta a geometria do problema geram instabilidade na estrutura.
estudado neste trabalho. O empuxo ativo (Ea) e
o empuxo passivo (Ep) foram determinados pela O momento de estabilidade é calculado
teoria de Rankine. As fórmulas estão mostradas multiplicando-se o empuxo passivo pela
nas equações 1 e 2. distância entre o ponto B (Figura 1) e o ponto
de aplicação dessa força. O momento de
instabilidade é determinado pela multiplicação
entre o empuxo ativo e a distância entre o ponto
B (Figura 1) e o ponto de aplicação desse
empuxo.
Para o equilíbrio das forças horizontais,
admite-se a existência de um contra-empuxo
(Ec) que equilibra o sistema (MARZIONNA et
al., 1998). Esse contra-empuxo não influencia
no equilíbrio ao tombamento, pois é aplicado no
ponto B, onde é calculado o equilíbrio de
momentos.
Substituindo-se as equações 1 e 2 na equação
3, com a consideração dos braços de alavanca
Figura 1. Geometria do problema.
para o cálculo dos momentos, encontra-se a
seguinte equação:
1
× K a × γ × (H + f )
2
Ea = (1) A× f 3 + B × f 2 + C × f + D = 0 (4)
2

2
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valores de ângulo de atrito estudados, os


Onde: gráficos apresentaram a mesma configuração
A = FS × K a − K p
* mostrada no gráfico da Figura 2, ou seja, a ficha
é diretamente proporcional à altura da
B = 3 × FS × K a × H
escavação e pode ser determinada pela seguinte
C = 3 × FS × K a × H 2 equação:
D = FS × K a × H 3
f =α ×H (5)
* Kp
Kp =
1,5 O coeficiente de proporcionalidade (α) é
função do fator de segurança quanto ao
O coeficiente de empuxo passivo (Kp) é tombamento e do ângulo de atrito do solo.
reduzido porque o deslocamento necessário Calculou-se por regressão linear, em todas as
para mobilizá-lo é bem superior ao análises, o valor do coeficiente de
deslocamento necessário para mobilizar o proporcionalidade (α) e relacionou-se o mesmo
empuxo ativo. Estudos experimentais em areias com o fator de segurança.
constataram que o deslocamento necessário A Figura 3 mostra um gráfico que relaciona
para mobilizar o empuxo passivo é em torno de o fator de segurança com o coeficiente de
8 a 15 vezes maior do que o deslocamento proporcionalidade (α). Verifica-se, para todos
necessário para mobilizar o empuxo ativo os ângulos de atrito, que o coeficiente de
(CRAIG, 2007). Por isso, torna-se justificável a proporcionalidade (α) varia aproximadamente
redução do coeficiente do empuxo passivo. de forma linear. Portanto, o coeficiente de
Na equação 4, os coeficientes A, B, C e D proporcionalidade (α) pode ser obtido pela
são todos conhecidos. Uma das raízes dessa equação abaixo:
equação é o valor da ficha mínima necessária
para garantir a estabilidade da estrutura. Foi α = β1 × FS + β 2 (6)
desenvolvida uma rotina para determinação
dessa ficha mínima. Os dados de entrada dessa Os coeficientes β1 e β2 dependem do ângulo
rotina são: altura da escavação, ângulo de atrito de atrito do solo e representam as inclinações e
do solo e o fator de segurança desejado. os termos independentes da equação de cada
As simulações foram realizadas para altura reta apresentada na Figura 3, respectivamente.
de escavação entre 1 e 7 metros, com Os valores desses coeficientes foram
incremento de 0,25 metros. O fator de determinados por regressão linear e depois
segurança variou entre os valores de 1,50 e relacionados com o ângulo de atrito do solo.
2,20, com incremento de 0,10. Por fim, o A Figura 4 mostra a relação entre o ângulo
ângulo de atrito variou entre os valores de 28° e de atrito do solo e o coeficiente β1. O gráfico
40° com incremento de 1° evidencia que o coeficiente β1 diminui,
seguindo uma função potência, com o aumento
3 RESULTADOS E ANÁLISES do ângulo de atrito. O referido coeficiente pode
ser obtido pela fórmula abaixo:
Depois de realizada todas as simulações,
relacionaram-se as fichas encontradas com a
β1 = γ 1 × φ γ 2
(7)
altura da escavação. A Figura 2 apresenta um
gráfico que relaciona esses parâmetros para um
ângulo de atrito igual a 30°. Para todos os

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Figura 2. Gráfico altura de escavação x ficha (Φ=30°).

Figura 3. Relação fator de segurança x coeficiente de proporcionalidade (α).

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Por regressão determinaram-se os coeficientes -35,01717, respectivamente.


γ1 e γ2. Seus valores são iguais a 808126,5218 e
-3,9544, respectivamente.

Figura 5. Relação ângulo de atrito x coeficiente β2.

Figura 4. Relação ângulo de atrito x coeficiente β1. Verifica-se, portanto, que para um
determinado valor de ângulo de atrito é possível
O gráfico da Figura 5 relaciona o ângulo de calcular os coeficientes β1 e β2 (equações 7 e 8,
atrito com o coeficiente β2. Nele, constata-se respectivamente). Em seguida, para um dado
que o coeficiente β2 aumenta, seguindo uma coeficiente de segurança, pode-se calcular o
equação do 3° grau, com o aumento do ângulo coeficiente de proporcionalidade (α) através da
de atrito. O coeficiente β2 pode, portanto, ser equação 6.
determinado pela fórmula seguinte: A Tabela 1 apresenta valores dos
coeficientes de proporcionalidade (α) em
β 2 = ∆1 × φ 3 + ∆ 2 × φ 2 + ∆ 3 × φ + ∆ 4 (8) função do fator de segurança e do ângulo de
atrito da areia. A ficha é determinada
multiplicando-se esse coeficiente pela altura da
Por regressão, foram determinados os
escavação (equação 5).
coeficientes da equação 8. Os valores de ∆1, ∆2,
∆3 e ∆4 estão mostrados no gráfico da Figura 5
e são iguais a 0,00064; -0,07321; 2,78148 e

Tabela 1. Coeficientes de proporcionalidade (α).em função do fator de segurança e do ângulo de atrito.


Fator de Segurança
Φ
1,50 1,60 1,70 1,80 1,90 2,00 2,10 2,20
28° 1,907533 2,060612 2,213691 2,366771 2,519850 2,672929 2,826008 2,979088
29° 1,788556 1,921801 2,055047 2,188292 2,321538 2,454783 2,588028 2,721274
30° 1,681999 1,798527 1,915056 2,031584 2,148112 2,264641 2,381169 2,497697
31° 1,583171 1,685528 1,787886 1,890244 1,992601 2,094959 2,197316 2,299674
32° 1,489154 1,579435 1,669716 1,759997 1,850278 1,940559 2,030840 2,121121
33° 1,398397 1,478335 1,558272 1,638210 1,718147 1,798085 1,878022 1,957960
34° 1,310408 1,381445 1,452481 1,523518 1,594554 1,665591 1,736628 1,807664
35° 1,225524 1,288867 1,352211 1,415554 1,478897 1,542240 1,605584 1,668927
36° 1,144736 1,201402 1,258068 1,314734 1,371400 1,428065 1,484731 1,541397
37° 1,069554 1,120401 1,171249 1,222096 1,272943 1,323791 1,374638 1,425485
38° 1,001902 1,047660 1,093418 1,139177 1,184935 1,230693 1,276451 1,322209
39° 0,944036 0,985328 1,026619 1,067911 1,109202 1,150494 1,191785 1,233077
40° 0,898484 0,935842 0,973199 1,010557 1,047915 1,085273 1,122630 1,159988

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Um procedimento bastante usado para de segurança ao tombamento, e quanto menor


determinar a ficha mínima em cortinas de for o ângulo de atrito da areia, maior será a taxa
contenção em balanço é o método de Blum de crescimento dessa razão em função do fator
(BOWLES, 1988). A Figura 6 apresenta um de segurança. Ainda com relação ao ângulo de
diagrama resultante de tensões horizontais que é atrito, evidencia-se que para valores mais
utilizado para determinar a ficha mínima por elevados o método utilizado aproxima-se mais
esse método. No método de Blum o coeficiente do método de Blum. Nos intervalos aqui
de empuxo passivo (Kp) não é reduzido. Na estudados de valores de ângulos de atrito e fator
Figura 6, D representa a ficha calculada de segurança, a razão entre a ficha determinada
considerando-se o Kp integral, x representa a pelo procedimento utilizado e a ficha calculada
distância entre o ponto em que a tensão pelo método de Blum variou entre 1,07 e 1,34.
horizontal passiva é igual a tensão horizontal
ativa e o ponto B (que corresponde a
extremidade da ficha obtida considerando-se o
Kp integral). O método considera um acréscimo
na ficha de 0,2x, conforme mostrado na Figura
6. Esse acréscimo tem como objetivo garantir o
equilíbrio das forças horizontais
(MARZIONNA et al., 1998).
A Figura 7 mostra um gráfico que compara o
procedimento de cálculo utilizado neste
trabalho e o método de Blum. Verifica-se que o
procedimento de reduzir o Kp superestima a
ficha calculada pelo método de Blum. Constata-
se também que a razão entre a ficha Figura 6. Método de Blum: Diagrama resultante de
determinada pelo procedimento utilizado e a tensões horizontais.
ficha calculada pelo método de Blum aumenta
de forma quase linear com o aumento do fator

Figura 7. Comparação entre o procedimento de cálculo adotado e o método de Blum.

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4 CONCLUSÕES SILVA, E. A. J.; SANTOS JR., O. F.; JESUS, A. P.;


AMARAL, R. F. (2002). Caracterização Geológica,
Geomorfológica e Geotécnica de Sedimentos do Setor
Apresentou-se um estudo paramétrico aplicado Sul de Natal/RN, com Base em Análises de Perfis de
a cortinas de contenção em balanço executadas Sondagens de Simples Reconhecimento, 10°
em areias não saturadas. O estudo mostrou que Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e
a ficha determinada pelo procedimento de Ambiental. Ouro Preto.
cálculo apresentado é diretamente proporcional WINTERKORN, H. F.; FANG, H. (1975): Foundation
Engineering Handbook, Van Nostrand Reynold
à altura da escavação, e que o coeficiente de Company, New York.
proporcionalidade (α) cresce linearmente com o
fator de segurança ao tombamento e decresce
com o ângulo de atrito da areia.
Usando-se regressões, chegou-se a uma
tabela que mostra o valor do coeficiente de
proporcionalidade (α) em função do ângulo de
atrito da areia e do fator de segurança ao
tombamento. Com essa tabela, a determinação
da ficha em estruturas de contenção em balanço
executadas em areias não saturadas tornou-se
mais prática, pois é necessário apenas
multiplicar o coeficiente de proporcionalidade
(α) pela altura da escavação, evitando-se assim
cálculos extensos na determinação desse
elemento.
Comparações realizadas entre o
procedimento de cálculo adotado e o método de
Blum mostraram que o primeiro superestimou o
valor da ficha em relação ao segundo. Ficou
constatado que a razão entre a ficha
determinada pelo procedimento adotado e a
ficha calculada pelo método de Blum cresce de
forma quase linear com o fator de segurança ao
tombamento da estrutura, e que a taxa de
crescimento dessa razão diminui com o
aumento do ângulo de atrito. Quanto maior for
o ângulo de atrito, menor será diferença entre as
fichas determinadas por ambos os
procedimentos. Nos intervalos aqui estudados
de valores de ângulos de atrito e fator de
segurança, essa razão variou entre 1,07 e 1,34.

REFERÊNCIAS

BOWLES, J. E. (1988): Foundation Analysis and


Design,4th Ed., McGraw Hill International Editions,
New York.
GRAIG, R. F. (2007): Mecânica dos Solos. 7. ed.,
Tradução de Amir Kurban, LTC, Rio de Janeiro.
MARZIONNA, J. D.; MAFFEI, C. E. M.; FERREIRA,
A. A.; CAPUTO, A. N. (1998). Análise, projeto e
execução de escavações e contenções. In:
Fundações – Teoria e prática, 2. ed., Hachich et al.
(eds.), cap. 15. Pini, São Paulo.

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