RESUMO: Este artigo apresenta uma análise do uso e limitações das ferramentas da teoria de
adensamento de solos quando aplicados aos resíduos sólidos urbanos. Para isso, a partir de uma
célula edomêtrica constituída de aço inox e de grandes dimensões (diâmetro interno de 400mm e
400 mm de altura), foram executados 2 ensaios de compressão confinada em resíduos sólidos
urbanos. Cada ensaio foi executado procurando evitar a biodegradação do material orgânico, com o
propósito, de se entender a compressibilidade dos resíduos sob influencia estrita dos fatores
mecânicos. Desta maneira, foi possível monitorar e conhecer os principais fatores que influenciam
na compressibilidade dos resíduos sólidos urbanos. Finalmente, os resultados e análises deste
trabalho mostraram que os mecanismos que governam a compressibilidade dos resíduos sólidos
urbanos são distintos aos dos solos, em conseqüência resultam interpretações diferentes.
1
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
Câmara
de ar
RSU
2
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
3
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
resíduos é quase ausente nos ensaios constituídos em parte por líquidos e gases na
edométricos. sua composição (materiais orgânicos
preferencialmente). Além disso, devido ao
4.1. Análise do comportamento da curva de incremento das concentrações de ST e STV em
compressibilidade nos resíduos sólidos função do tempo (Figuras 7 e 8), a variabilidade
urbanos do C’c, pode ser também a influência pela perda
de massa sólida dos corpos de prova.
Devido à grande heterogeneidade dos No entanto, o comportamento do trecho
componentes dos RSU, o peso específico dos virgem não tenha definido uma linha reta
sólidos e índice de vazios são parâmetros (Figuras 9 e 10), apresenta-se na Tabela 2 os
difíceis de se determinar. Optou-se por estudar valores médios de coeficientes de compressão
a compressibilidade no laboratório, usando determinados para os dois ensaios.
parâmetros de compressibilidade em função das
deformações verticais específicas (εv = ΔH/Ho). Tabela 2 – Coeficientes de compressão (C’c) e expansão
Desta maneira, as Figuras 9 e 10 apresentam as (C’e) de RSU.
Propriedades 1º ensaio 2º ensaio
curvas de compressibilidade do 1º e 2º ensaio
C'c 0,34 0,35
edométrico. C'e 0,02 0,05
log de tensão (kPa) γ (kN/m3) 6,93 7,63
10 100 1000 wi% 48,06 50,84
30 orgânico (%) 37,62 20,76
deformação (Ɛ %)
25
C’c-1’ propriedades mecânicas de alguns elementos
35
sob efeito de um carregamento.
45 C’c-2’
55 C’c-3’ 4.2. Análise do comportamento da curva de
deformação em função do logaritmo do
65
tempo.
Figura 10 – Curva deformação vs. logaritmo da tensão,
obtida para quinta amostra de RSU, com teor de material Para as amostras de 37,62% e 20,76% de teor
orgânico de 20,76%. orgânico (1º e 2º ensaio) apresentam-se nas
Figuras 11 e 12 os resultados comparativos
Pelo observado nas Figuras 9 a 10, os entre as deformações (ε) e volumes de
trechos virgens das curvas de compressibilidade chorumens produzidos em função do logaritmo
não definem perfeitamente uma linha reta. Desta do tempo (log t). Embora foram aplicados
maneira ao igual que a literatura revisada, pode- quatro estágios de carregamento (50, 100, 200 e
se dizer que quanto maior são os incrementos de 400 kPa), apresentam-se nas Figuras 11 e 12 os
deformação vs. Log. da tensão (ε vs. log σ) o resultados comparativos para as cargas de 50 e
valor do coeficiente de compressão (C’c) tende a 200 kPa.
diminuir ligeiramente. Esta variação do C’c Conforme comentado anteriormente, para os
deve-se à mudança rápida das propriedades corpos de prova ensaiados, a produção do
mecânicas dos elementos inicialmente
5
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
chorume ocorre durante todo estagio de cada trechos de deformações e, com inclinações
carregamento aplicado (Figuras 11 e 12). diferentes. O primeiro trecho ocorre num curto
intervalo de tempo (4 minutos
aproximadamente). Em seguida um segundo
trecho com inclinação menor à anterior é
desenvolvida. Já no caso das deformações
registradas sob o carregamento de 200 kPa, o
desenvolvimento do primeiro trecho de
deformação ocorre num tempo mais curto que
200 kPa os registrados sob efeito da carga de 50 kPa.
Isto em virtude a redução dos índices de vazios
e pelo incremento da consistência das amostras
devido aos carregamentos aplicados
anteriormente (50 e 100 kPa).
Segundo a teoria de adensamento de solos, o
primeiro trecho corresponderia à fase de
compressão primária e o segundo à fase de
compressão secundária (Figuras 11 e 12). No
entanto, pelas diferenças marcantes entre os
solos e os resíduos sólidos e, pelas observações
50 kPa
levantadas no Item 4.1, nesta pesquisa optou-se
por denominar as deformações do primeiro
trecho como 1ª fase de deformações. Assim
Figura 11 - Curvas deformação e produção de lixiviado também, as deformações do segundo trecho
em função do Log. do tempo (1º ensaio, 37,62% como 2ª fase de deformações.
orgânico). Pelo observado nas Figuras 11 e 12,
percebe-se que as maiores produções de
chorume ocorre na 2ª fase de deformações (2º
trecho). Segundo a teoria de Terzaghi no
adensamento secundário dos solos não há mais
fluxo hidráulico. Portanto, a 2ª fase de
deformação não pode ter os mesmos princípios
200 kPa hidráulico-mecânicos que o adensamento
secundário dos solos.
Percebe-se nos gráficos da Figura 11 que o
inicio do desenvolvimento da 2ª fase de
deformação ocorre de forma parabólica,
embora, apresentem uma tendência linear com
o transcorrer do tempo. Esta distorção no início
da 2ª fase deve-se provavelmente às
50 kPa velocidades decrescentes das deformações em
função da escala logarítmica do tempo. Já no
caso dos gráficos da Figura 12 esta distorção
não se apresenta muito significativa.
Com o propósito de obter parâmetros de
Figura 12 - Curvas deformação e produção de lixiviado
em função do Log. do tempo (2º ensaio, 20,76% compressibilidade referente à 2ª fase de
orgânico). deformação foram determinados os coeficientes
Com respeito às deformações registradas sob de compressão para as respectivas amostras de
o carregamento de 50 kPa, observa-se em RSU ensaiadas (37,62% orgânico, 20,76%
ambas as amostras (Figuras 11 e 12) que as orgânico), os quais são mostrados na Tabela 3.
curvas ε vs. log t definem praticamente dois
6
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.
7
COBRAMSEG 2010: ENGENHARIA GEOTÉCNICA PARA O DESENVOLVIMENTO, INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE. © 2010 ABMS.