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ANÁLISE TEMPORAL DO USO DA TERRA EM PARTE DO MUNICÍPIO DE VIÇOSA DO

CEARÁ. CEARÁ *

Land UsesTemporalAnalysis in Part of Viçosado Ceará County,Ceará,Brazil

MARIA INÊS MApURUNGA MIRANDA FERREIRA


TEÓGENESSENNA DE OLIVEIRA ***

RESUMO
A cobertura vegetal tem um papel imprescindível na proteção e conservaçãodosrecursosnaturais,
principalmente no que diz respeito aossolos.O presenteestudoobjetiva analisaro uso dasterrasem áreado
município de Viçosa do Ceará-CE,entreos anosde 1958e 1988,utilizando técnicasde sensoriamentoremoto
e geoprocessamento,para avaliar a degradaçãoda cobertura vegetal dasunidadesfitoecológicas: Floresta
SubperenifóliaTropical Pluvio-Nebular (mataúmida), FlorestaCaducifólia Espinhosa(caatinga)e o carrasco.
A cobertura vegetal foi fotointerpretada a partir de padrõesfotográficos adaptados,utilizando técnicas de
sensoriamentoremoto aéreoe geoprocessamento,estabelecendo-se
regrasde cruzamentodos dadosobtidos.
Priorizou-seasunidadesfitoecológicasem relaçãoàsdemaisclassesde uso (áreacom cultura,capoeirae solo
exposto), obtendo-se,assim,o mapa de degradaçãoda cobertura vegetal na áreaestudada.Comprovou-se,
com astécnicasutilizadas,a degradaçãoda coberturavegetalda áreaestudadaem funçãodo usointensivo das
terras(elevadaconcentraçãominifundiária) de solos. A vegetaçãodo tipo mataúmida foi a mais degradadano
período estudado,por estar associadaa solos férteis e disponibilidade de água,seguido do carrascoe, por
último, a caatinga.A presençade espéciesvegetaisde ambientesxerófilos em áreasquepredominavammata
úmida é um dos indicadoresdascondiçõesdegradadasdo ambiente.

Palavras-Chaves: Ceará,cobertura vegetal, serni-árido, sensoriamentoremoto, uso do solo, Viçosa do Ce-


ará

SUMMARY
The coverage has a very important role in tenns of protection and conservation of the natural resources,
mainly with respect to the soils. The present investigations, thus, had the objective both to map and to analyze
theland use stages (from 1958 to 1988) ofsites locatedatthe Viçosa do Cearácounty, State ofCeará, Brazil,
in arder to evaluate the degradation of the forest coverage corresponding to main phytoecological units of the
area.Those units were: subperenifolium tropical forest pluvio nebular (humid forest), prickly caducifolium forest

"Parte da dissertaçãoda primeira autora,apresentada ao DeQ~amentode Ciênciasdo Solo, da UniversidadeFederaldo


Ceará, como parte das eXIgências para a obtenção do título de Mestre em Agronomia, área de concentração Solos e Nutrição
de Plantas.
""Geógrafa,Departamento de Geografia, Universidade Federal do Ceará,CEP 60.455 - 760, Fortaleza, CE.
"""Professor Adjunto ill, ~partamento de Ciências do Solo, Universidade Federal do Ceará, CEP 60.455 - 760, Fortaleza, CE.
End. Eletrônico: teogenesWufc.br. Bolsista do CNPq.
(caatinga), and caatinga typical forest. The area of the forest coverage was photoanalyzed throUgh photography
standart models by using aerial sensor remate and geoprocessing techiniques. This procedure allowed the use of
data-crossing roles on the obtained data. Phytoecological units were selected a priori in relation to other land use
classes (land areas with crops, under fallow, and denuded soils) and, thus, it was obtained a forest coverage
degradation mar which included the selected units above mentioned. It was demonstrad, with the techiniques
USed,the degradation of the forest coverage caused by the intensive division of the land area (great number of
sma11fanns). The greatest land degradation stagewas the unit hurnid forest in the period studied due its association
with fertile soils and water disponibility, followed by caatinga typical forest and Caatinga. The presence of plant
xerofitic species in the urnid forest could be one of degradation indicators.

Key Words: Ceará, forest coverage, Land uses, remote sensor, semi -arid, Viçosa do Ceará

INTRODUÇÃO 4,3 %) mas, como a vegetaçãoleva de 10-15 anos


Indicações a partir de estudo feito por para recuperar mais de 90 % da biomassa original,
SAMPAIO e SALCEDOI5, revisando dados dispo- afeta áreastotais de 10 a 15 vezesmaiores. Os auto-
níveisnaliteratura,paraaproposiçãode diretrizespara res comentamque asretiradascitadas,associadasàs
o manejo sustentávelde solosno semi-árido do Nor- áreasagrícolas,sãoresponsáveispelamaior partedas
destebrasileiro, confirmam claramente que grande áreasdesmatadasnestesestados,o que corresponde
partedaeconomiaagrícolanordestinaestáfortemente a 53 % no Ceará, 66 % no Rio Grande do Norte, 49
sustentadana exploraçãodosrecursosnaturais,prin- % na ParaIoae 55 % em Pernambuco,em 1992,ten-
cipalmenteno que serefere ao extrativismo da cober- do crescido 5,21, 9 e 10 %, respectivamente,em 19
tura vegetal,o superpastejodaspastagensnativas e a anos (PNUD-FAO-ffiAMA-SUDENE13).
exploraçãoagrícola semqualquer tipo de preocupa- Estesdadostornam bastanteevidenteque as
ção conservacionista.Reforçandoestesargumentos, reservasflorestais naturais,tanto da região litorânea
ARAÚJO FILHO e CARVALHOI, comentam que quanto da semi-árida, estãosendoutilizadas para o
73 % do consumode energiaprimária, para a indús- suprimentodestademanda,com gravesconseqüênci-
tria de algunsestadosnordestinos,tem como fonte o as,perfeitamenteperceptíveis,a começarpela redu-
carvão e a lenha e, em termos globais, o uso destas ção da biodiversidade (flora e fauna), inclusive com
fontes atende33 % do consumode energia. espéciesameaçadasde extinção (FIGUEIREDO et
Como exemplo, SAMPAIO e SALCEDOl5 a1.S),
pela reduçãodo potencial de produçãoagrícola
comentam que, considerando a produção média de dos solose pelasconseqüênciassócio-políticas,evi-
lenha dascaatingas(24 m3ha-1ou 70 estéreoha-I), e dentespelamigraçãosemprecrescentedo meio rural.
o fator de conversão de lenha para carvão de 12,5 Todos estesfatores, em conjunto, culminam com a
estéreoha-1Mg-I(pNUD-FAO-ffiAMA 12),estesnú- degradaçãodo ambiente. SÁ et al.14apontamo Cea-
meroscorresponderiamao corte raso de 5,Oxl 03km2 rá como um dos mais degradadosestadosdo Nor-
no Ceará, 2,2xl03 km2 no Rio Grande do Norte, deste,com mais da metadede suasterras (52,51 %)
0,8xl03 km2 na Paraíba e 1,2xl03 km2 em classificadasentre os níveis moderado,forte a muito
Pemambuco.Sãoproporçõesanuaispequenas(1,2 a forte. Tais números eqüivalem a 77.000 km2,de um
total de 148.016 km2. Grande parte desta áreaestá subperenifólia tropical plúvio nebular (mata úmida), flo-
naregião semi-áridae é predominantementeocupada resta caducifólia espinhosa (caatinga) e carrasco, en-
por solos Bruno Não Cálcicos, Planos solos e contradas no Município, confonIle FIGUEIREDO et
Litossolos, nos quais, o binômio algodão-pecuária, al.8, a serem comentadas posterionIlente.
juntamente com a exploraçãoda vegetaçãoparapro- Geologicamente, a área selecionada acha-se
duçãode lenha,madeirae carvão,foram osprincipais representada, predominantemente, pela unidade
agentesde degradação. litoestratigráfica Formação Serra Grande, datada do
O presenteestudoobjetiva cartografare ana- Paleózoico Siluro Devoniano, e, em alguns pontos,
lisar o uso dasterras em áreado município de Viçosa rochas do embasamento cristalino, de datação mais
do Ceará-CE,entre os anosde 1958e 1988,utilizan- antiga, do Pré-Cambriano Inferior (CASTRO3),
do-se técnicas de sensoriamento remoto aéreo e inseridas na unidade de relevo Planalto da Ibiapaba
geoprocessamento,para avaliar a degradaçãoda co- (SOUZA 2°),um dos mais expressivos compartimen-
berturavegetaldasunidadesfitoecológicas:mataúmi- tos de relevo do estado do Ceará. Este escarpamento
da, caatinga e carrasco,abrangentesna áreade estu- compreende o reborbo oriental da bacia sedimentar
do. do Maranhão-Piauí (FonIlação Serra Grande).
Constituído por uma sucessão alternada de

MATERIAL E MÉTODOS camadascom diferentes resistências ao desgaste,a uni-


dade geomorfológica Formação SeITaGrande, expres-
Descrição geral da área
sa o resultado do trabalho da erosão diferencial e é
A áreaselecionada(Figura 1), parao presen-
te estudo,encontra-sena Região Nordestedo Brasil, fonIlada por declive acentuado no reverso, contras-

à noroestedo estadodo Ceará,Microrregião Ibiapaba tando com um corte abrupto ou íngreme no "front"

n° 62, mais precisamenteno município de Viçosa do escarpado, configurando a morfologia de "cuesta"

Ceará,o qual limita-se ao norte com o município de (SOUZA 19). Conforme SOUZA 18, o sopé do

Granja, ao sul e lestecom o município de Tianguáe a escarpamento é considerado uma depressão erosiva
do tipo periférico, com gênese condicionada aos pro-
oestecom o Estado do Piauí, fazendo parte de duas
cessos de circundesnudação. Essa depressão perifé-
grandesbaciashidrográficas:Rio Parnalôae Coreaú.
O mesmo ocupa uma áreade 1.283km2,cujo acesso rica, unidade de relevo que compreende a outra parte
inserida no mapeamento, está relacionada com a uni-
se faz pela BR-222, distante 344 km da cidade de
dade geológica do embasamento cristalino.
Fortaleza, capital do Estadodo Ceará (SOUZA 9).
A área específica do estudo possui 292,62 As condições de clima e cobertura vegetal da
área em estudo estão relacionados aos demais com-
km2, ou seja, 22,81% da áreado município, e seen-
contrainclusa entreasseguintescoordenadasgeográ- ponentes do quadro natural, apresentando caracterís-
ticas mais ou menos diversificadas. SOUZA 18 propõe
ficas: 3029' 07" e 3042' 19" latitude S e 4102' 26" e
4109' 53" longitude W. Abrange parte da depressão zoneamentocom basena classificação de Gaussen,
periférica atingindo a menor altitude de 130m e parte citadapor BRASil.. 2.Tal métodorelacionao ritmo das
do relevo mais elevado(topo da "cuesta"daIbiapaba) temperaturase precipitaçõesduranteo ano,utilizando

atingindo 837 m. Essaáreafoi selecionadamediante médiasmensaise considerandoos estadosfavoráveis

apreciaçãode três unidadesfitoecológicas: floresta e desfavoráveis à vegetação,fundamentando-se na


determinaçãodosperíodossecose índicexeroténnico,
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ESTADO DO CEARA'
MICRORREGIÃO DA IBIAPABA

4'°

30°

MUNicíPIO DE ViÇOSA DO CEARA'


ÁREA DE ESTUDO

Figura 1 - Localizaçãoda áreade estudono municípiode Viçosa do Ceará,CE


Figure 1 - Location o/ studiedarea in the Viçosado Cearácounty,CE

observado conjuntamente com as unidades pica! quentede secaacentuada(3 a 4 mesessecos)e


fitoecológicas descritaspor FIGUEIREDO et aI.se média (5 a 6 mesessecos)com índices xerotérmico
adaptadaspara esseestudo.Sendoassim,pela classi- entre 40 e 100 e 100 e 150, média pluviométrica de
ficação de Gaussentem-se: 1.Área úmida: clima tro- 1000 mm, temperaturasmédias anuais em tomo de
24 °C, apresentando cobertura vegetal do tipo flores- segundo BRASIL2, podem ser encontrados o
ta subperenifólia tropical plúvio-nebular (mata úmida), Podzólico Vermelho-Amarelo eutrófico
localizada no reverso imediato do Planalto da Ibiapaba; (ARGISSOLO) e o Litólico distrófico (NEOSSOLO).
2. Área subúmida: compreendida pela vertente de bar- Os solosda áreade estudotêm sido utilizados
lavento e sopé da Chapada da Ibiapaba, apresenta exclusivamente para as práticas de agricultura, tais
clima tropical quente, de seca média, índice como, plantios de fruteiras, hortaliças e culturas de
xerotérrnico entre 100 e 150, número de meses secos subsistênciabem como práticas de criatório extensi-
entre 5 e 6, média pluviométrica que varia de 900 a vo. Tradicionalmentesãodesmatadasasáreaspara o
1.000 mm, com máximas ocorrendo de fevereiro a plantio das culturas, sucedendoas queimadas. São
maio e escassezde chuva de agosto a dezembro, tem- utilizadas as leiras e o plantio em covas com uso de
peratura média anual oscilando entre 23 e 28 °C e enxadae de capina manual, observando-seum des-
cobertura vegetal em que predomina a mata seca, de- gaste do solo agrícola em tomo de 30 % e 40 %
nominada de floresta subcaducifólia tropical pluvial, (EMATER CE5).
ocorrendo tanto espécies da mata úmida como da ca- Fotointerpretaçào
atinga; e 3. Área semi-árida: compreende a parte da Recorreu-sea uma análisetemporal (aborda-
depressãoperiférica, bem como o reverso da "cuesta", gem setorial do uso e ocupaçãodas terras) para de-
clima tropical quente de seca acentuada com índice tenninar cartograficamenteasalteraçõesocasionadas
xerotérrnico entre 150 e 200, com 7 a 8 meses seco, pelo uso das terras em questão. Foi feita a
temperaturas médias anuais de 27 a 29 °C, vegetação fotointerpretação
utilizandofotografiasaéreasdosanos
do tipo floresta caducifólia espinhosa, considerada de 1958 e 1988.As de 1958 foram cedidaspelo Ins-
caatinga arbórea hipoxerófila, ocorrendo também a tituto de Planejamento do Estado do Ceará
unidade fitoecológica carrasco (reverso da "cuesta"), (IPLANCE), encontrando-sena escalaaproximada
com xerofilismo semelhante ao da caatinga. de 1:25.000e datam de maio de 1958, sendoutiliza-
As principais classes de solos ocorrentes no das oito faixas de vôos, perfazendo o total de 655
reverso e reverso imediato da cuestas da área em es- fotografias.As fotografias de 1988foram adquiridas
tudo, de acordo com SUDENE21, são na sua maioria pelo Departamentode Ciências do Solo da UFC, na
solos com boas propriedades físicas por serem pro- escalaaproximadade 1:32.500,datadasde setembro
fundos, apresentarem boa porosidade e de 1988, sendoutilizadas duasfaixas de vôos perfa-
permeabilidade, porém quimicamente pobres, cons- zendoo total de 17fotografias.Foramtambémutiliza-
tatado pela baixa fertilidade e alto grau de acidez. São dos folhas planialtimétricas, na escalade 1:100.000,
encontradas as seguintes classes de solo e a corres- correspondendoasnomenclaturas:24-Y -C-V - Viço-
pondente ordem de no atual sistema de classificação sado Cearáe SA24- Y -Chaval.
de solos (FERREIRA 7): Latossolos Vermelho-Ama- Nesta etapa, para a interpretação das foto-
relo eutrófico e Vermelho-Escuro e Acinzentado, am- grafias aéreas,foram utilizados os estereoscópiosde
bos distróficos (LATOS SOLOS), o Podzólico Ver- bolso e de espelhos.Baseou-senos elementos con-
melho-Amarelo eutrófico latossolíco (ARGISSOLO), vencionaisdeinterpretaçãofotográfica,taiscomo: for-
o Litólico distrófico e Areias Quartzosas (ambos ma, tonalidade e cor, textura, padrão, aspectosasso-
NEOSSOLOS), hidromórficas ou não, mas distróficas. ciados, posição no relevo, adaptadosa descrição de
Já na vertente da "cuesta" e na depressão periférica, KÔFFLER10 e SANTOS et al.16.Esseselementos
convencionaisque compõe a chave de interpretação as áreasde culturas perenes, anuais e semiperenes,
paraidentificar cadaclassede uso, foram imprescin- issoporque,foi impossívelsepará-Iasdevido ao gran-
díveisna obtençãodasseguintesclasses:mataúmida, de fracionamentodasterrasque ocorre na área.Mes-
caatinga,carrasco,mataciliar, capoeira,áreacom cul- mo com as fotografias aéreas em boa escala de
tura, solo exposto (Tabela 1). visualização,nãofoi possíveldiferenciá-Ias.Aquelas
Dentreessasclasses,trêsforam priorizadasno que apresentavamuma áreamapeável,ou seja,áreas
sentidode seremdetectadasalteraçõesocorridas nas que eram possíveis diferenciar, achou-se por bem
mesmasconformeobjetivo do trabalho.Sãoelas:mata homogeneizá-lasnuma única classe,a qual foi deno-
úmida, carrascoe caatinga(unidadesfitoecológicas) minada de áreacom culturas, com o objetivo de não
conforme caracterizadasna descriçãoda áreade es- omitir nem aumentaras áreascom diversos fins agrí-
tudo. Vale ressaltarque essasunidadesfitoecológicas colas.
foram consideradaspor FIGUEIREDO et al.9tendo Foi incorporada também à essa classe, áreas
em vista asdiferençaslitológicas, estruturageológica, com pastagens, pois as mesmas apresentavam tama-
a compartirnentaçãotopográfica,o clima regional, os nhos bem reduzidos impróprios ao mapeamento, os
mesoclimas e os solos, tomando-as unidadesde ve- chamados "currais", no topo da "cuesta" e próximo a
getaçãocaracterística(natural),em conformidadecom borda da escarpa. Enquanto que na depressão perifé-
o ambienteformado pelosfatoresnaturaisacimacita- rica as pastagens se incorporavam em áreas mais sig-
dos.Entretanto,existeposiçãocontrária sobreasuni- nificativas ao mapeamento, por isso tomaram-se ho-
dadescarrasco e caatinga no que diz respeito a ser mogêneas na classede culturas com a mesma finalida-
uma vegetação natural. COIMBRA FILHO e CÂ- de do mapeamento que se deu para as culturas pere-
MARA4 as consideramcomo uma vegetação nes, anuais e semiperenes. Outra classe que permitiu a
descaracterizadadevido asvárias sucessõesvegetais homogeneização foi a de capoeira, classe compreen-
ocorridas no decorrer dos anos. Este estudo não dida pela vegetação secundária que sucede a derru-
desconsideraa segundaaflrnlativa, porém, toma por bada das matas, considerando-se capoeira do tipo
basea primeira na tentativa de apresentaro que o tra- arbustiva e arbórea.
balho se propôs: avaliar a degradaçãoda cobertura A classe de solo exposto também foi
vegetal nos anos de 1958 e 1988. homogeneizada considerando tanto os afloramentos
As classesde uso não seenquadraramem sua rochosos como os solos desnudos ocasionados pelos
totalidadedentro de um esquemaconvencional.Pro- desmatamentos. A classe de mata ciliar não se permi-
curou-sehomogeneizá-lasdevido assemelhanças
en- tiu a homogeneização, sendo definida como matas que
contradascom relaçãoaospadrõesfotográficos.Uma se estendem às margens dos rios.
dashomogeneizaçõesde classesse deu mediante a É importante salientar que na fotointerpretação,
semelhançados padrõesfotográficos da caatinga,lo- além das classesjá mencionadas, foram também con-
calizadana depressãoperiférica, com a da mata seca sideradas: sede, vilas, lagoas, campo de pouso. Estas
situadanasencostase serrotes.Não selevou em con- classesserviram apenaspara somar-se ao total da área
sideraçãoa composiçãoflonstica. A homogeneização já mencionada.
dessasduasunidadesfitoecológicasresultouna classe Geoprocessamento
caatinga. Após a fotointerpretação, os dados obtidos
Outra homogeneizaçãode classesedeu com foram transferidos para a forma digital, formando uma
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base de dados com o uso do sistema de informação rasco. Isso foi necessáriopara comprovar ou não as
geográfica (SOl), programa SOI/lNPE, versão 2.3, afirmações de COIMBRA FILHO e CÂMARA 4. O
instalado em um computador PC-486-33C e periféri- referido cruzamentogerouentãoum novo PI obtendo
cos, mesa digitalizadora e plotter, seguindo as seguin- a cartadefInitiva, ou seja,o mapade alteração(Figura
tes etapas: inicialmente foi feita a criação do projeto, 3) do uso com suasclassese respectivaslegendas.
ou seja, definiu-se a área de estudo em escala de A última etapaconsistiunaediçãoda áreasen-
1:50.000, projeção UTM CÓRREOO e unidade de do mensuradasas áreasdos mapasno computador e
medida em metros; em seguida criou-se os planos de editado o relatório das mesmasem km2, sendocon-
informação (PI) referentes ao uso 1 e uso 2 (referen- vertida parahectaree percentual.
tes aos "overlays" dos anos de 1958 e 1988). Com o
uso da mesa digitalizadora fez-se a calibração da car-
ta base e dos "overlays" para a entrada de dados. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados obtidos foram transferidos a partir Analisandoosresultadosda fotointetpretação

da digitalização da base cartográfica (drenagem e es- efetuada(Tabela2), observou-se,em primeiro lugar,

trada) e o uso na época 1 (1958) e época 2 (1988). que os númerosreferentesao ano de 1988diferem do

Fez-se o ajuste de linhas, identificação dos polígonos Tabela 3, isso porque determinadas classesforam

com a devida colocação dos centróides. fotointerpretadas, como capoeira, áreacom cultura,

A conversão dos dados foi feita pela transfor- por exemplo,enquantono [mal do períodoconsidera-

mação (rasterização) dos polígonos em imagem e do, apresentaram elementos que permitiram

transformação dos planos de informação (uso 1 e uso fotointerpretá-la como mata.

2) para uma mesma resolução. De acordocom o Tabela2, a mataúmida apre-

A partir da confecção dos mapas de uso 1 sentouum decréscimoem cercade 50 % ao longo do

(1958) (Figura 2) e de uso 2 (1988) (Figura 3) foi período estudado,a caatingaaumentouem 3,8 %, e o

elaborado um arquivo de regras, o qual consistiu em carrascopermaneceuinalterado.

citar as regras utilizadas para fazer o cruzamento dos É importante salientarque o Tabela2 tem sua

dois planos de informação referentes ao uso 1 (1958) importância, enquantoque, no processodo resultado
e uso 2 (1988). final, esterecai ao cruzamento(Tabela3, Figura 1).

Em seguida fez-se a manipulação dos dados


A área de estudo abordada perfaz 292,620

com o cruzamento dos PI de acordo com o arquivo


km2 (Tabela 2), ou seja, 22,81 % da área total do

de regras criado, em que foram cruzadas as classes de município. Porém, a área do cruzamento referiu-se

interesse (mata úmida, carrasco e caatinga) do mapa apenas a 52,87 % dessa área, ou seja, 154,70 km2

de uso 1 com as demais classes (capoeira, área com (Tabela 3, Figura 2).
cultura, solo exposto) do mapa de uso 2. O cruza- Com relaçãoa áreatotal do cruzamento,ape-

mento se deu também entre as próprias unidades


nas 19,13 % compreendeua mata úmida e suasalte-

fitoecológicas do mapa de uso 1 com as do mapa de rações, sendo que 7,45 km2 (25,17 %) de sua área

uso 2, isto é, mata úmida com mata úmida, caatinga não foi alterada,ou seja,continua mata.A maior ex-

com caatinga, carrasco com carrasco. Entretanto, a tensãodessaunidade seencontraocupadapor cultu-

mata úmida foi a única unidade fitoecológica a ser cru- ras perfazendoum total de 13,26km2 (44,81 %), en-

zada com as outras duas unidades: caatinga e o car- quanto 6,06 km2 (20,48 %) estáocupadapor capoei-
af2s'

Figura 2 - Uso da terra em áreado município de Viçosado Ceará,CE, no ano de 1958.


Figure 2 - Land usesin part of Viçosado Cearácounty,CE, in theyear of 1958.

ra. É importante salientarque nessaáreaé onde ocor- afirmou FERREIRA 7 e detectadonasfotografias aé-
re uma maior concentraçãode minifúndios, conforme reas dos anos de 1958 e 1988. Isso se deve ao
~5'

41'112'

Figura 3 - Uso da terra em área do município de Viçosa do Ceará, CE, no ano de 1988
Figure 3 - Land uses in part of Viçosa do Ceará county, CE, in the year of 1988.

posicionamentodessaunidadefitoecológicano rever- orográficas e ventos úmidos. Outros fatores impor-


so imediato de "cuesta" beneficiada pelas chuvas tantesque agregam a concentraçãode minifúndios, são:
Tabela3 - Distribuiçãodos cruzamentosdasclassesde uso dasterrasem áreado município
de Viçosa do Ceará,CE.
Table 3 - Distribution of crossingof usesland classesin part of Viçosado Ceará county,
CE

-- -- -
Mata úmida -7 mataúmida 7,45 744,70 25,17
Forest humid -7 Forest humid
Mata úmida -7 Área c/ cultura 13,26 1326,00 44,81
Forest humid -7 Cultivatedarea
Mata úmida -7capoeira 6,06 606,00 20,48
Forest humid -7 Second growth
vegetation
Mata úmida -7 carrasco 1,27 126,90 4,29
Forest humid -7 Scrubland
Mata úmida -7 caatinga 1,08 108,40 3,66
Forest humid -7 Caatinga
Mata úmida -7so10exposto 0,47 46,90 1,59
~o:est ~umid -7 Exposedsoil
Subtotal 29,59 2.958,90 100,00
Subtotal

Caatinga~ caatinga 56,30 5630,00 80,16


Caatinga -7 caatinga
Caatinga~ Área com cultura 6,43 643,00 9,15
Caatinga -7 Cultivatedarea
Caatinga~capoeira 5,52 551,80 7,86
Caatinga -7 Secondgrowth vegetation
Caatinga~ solo exposto ,99 198,80 2,83
Caatinga -7 Exposedsoi!

Carrasco7 carrasco 40,69 4069,10 74,24


Scrubland 7 Scrubland
Carrasco7 Área com cultura 8,19 819,20 14,94
Scrubland -7 Cultivatedarea
Carrasco7 capoeira 5,84 584,10 10,66
Scrub land 7 Ssecond growth
vegetation
Carrasco7sol0 exposto 0,09 8,50 0,16
Scrubland -7 Exposedsoil

154,70 15.463,40 100,00

a presençade águae de solos (Podzólico Verrnelho- Amarelo distrófico) com melhoresqualidades,sere-


Amarelo eutrófico latossólicoe LatossoloVerrnelho- lacionado aos demais solos encontrados na área de
A
LEGENDA-LEGEND

-N &bada - Road
,"'. Cu~ dá~ -S...m

+ 3°42'
41'b2'

Figura 4 - Alteraçãodo usoda terra em áreado município de Viçosa do Ceará-CE.


Figure 4 - Land usesalteration in part of Viçosado Cearácounty,CE.

estudo.Porém.essesfatoresque sãofavoráveisà agri- retirada da mata úmida, implicando num decréscimo


cultura, podem sucumbir aosefeitos desastrososda de matériaorgânica,responsávelpor uma melhor fer-
tilidade dessessolos,já que os mesmosapresentam o uso na época2 o aumentodessaunidade com rela-
sériaslimitações no que diz respeitoà suafertilidade ção ao mapa de uso 1. Isso pode ser explicado pelo
natural, além de deixá-los desprotegidosaosimpac- seu alto poder de regeneração,que para atingir um
tos das gotas de chuvas, permitindo a sua grande porte não é preciso mais do que dez anos.
desestruturaçãoe carreamentoparaasáreasmais re- Assim, confunde-seno próprio padrão fotográfico o
baixadasdo relevo. A retirada da mataúmida no de- quevem a sercaatingae capoeiradessaunidade,com-
correr desses30 anospode ter afetado as nascentes provando mais uma vez a afirmação de COIMBRA
dos rios, como tambémpode estarcontribuindo para FILHO e CÂMARA 4, quandocitam que a caatingaé

a diminuição do lençol freático. uma formação vegetal descaracterizada.Dessaárea


O carrasco e a caatinga indicam a presença de caatinga, 6,43 km2 (9,15 %) tomou-se áreacom
de xerofilismo nessa unidade, ocasionado pelos cultivo; 5,52 km2 (7,86 %) seencontrou ocupadapor
desmatamentose queimadas.Simbolizamuma acen- capoeira, considerada recente devido o seu porte
tuadadegradaçãoda terra compreendendouma área arbustivo. Com uma áreamais reduzida, porém, de-
de 2,353 krn2 (7,95 %), confirmando às afmnativas nunciando uma alteraçãomais pertinente, tem-se os
deCOIMBRA Fll..HOe CÂMARA4,LOEFGRENII solos expostosocupando 1,99km2 (2,83 %) da área.
e SOUZA 17quando descrevema presençade espé- Estesseencontramnasvertentesmais íngremespro-
cies da caatinga e do carrasco em ambientes antes piciadospelosdesmatamentos
e queimadasna aplica-
coberto por matas úmidas, caracterizandoassim os ção da agricultura empírica, destituída de técnicas
efeitosdo usoindisciplinado. conservacionistas, conduzindo a prática do cultivo
O solo exposto, apesarde ocupar a menor morro abaixo.
área dessaunidade, 0,47 krn2 (1,59 %), é indicador No decorrer dos 30 anos a caatinga decres-
de mais uma das alteraçõesnegativassofridasnessa ceu apenas19,84 % correspondendoa eliminação de
unidadefitoecológica. 13,94 km2, ou seja, 1.393,6 ha.
Foi constatado,por meio dasfotografias aé- A unidadecarrascocompreendeu544,81km2
reasde 1958,na faixa úmida do município,a presença da área de estudo, ou seja, 35,44 %. A mesma, a
dos babaçus, sendo que no ano de 1988 sua exemplo da caatinga, apresentou-sepouco alterada
espacializaçãona áreatomou-se maior, sobrepondo compreendendo40,69km2(74,24 %) do total da área
àsoutrasespéciesda mata úmida que aospoucosvão inalterada.
desaparecendo. Essaunidadeseencontraem um ambientenão
Através dos dadosobtidos,pode-sedizer que apropriadopara a agricultura devido a securada área
no intervalo de 30 anos a cobertura vegetal (mata ocasionadapela falta de umidade impedida pela bar-
úmida) diminuiu 74,82 %, correspondendoà elimina- reira formadapelo reversoimediato da "cuesta" indo
ção de 22,142 krn2, ou seja, 2.214,20 ha. a seufavor apenasos ventossecos.Os solosnosquais
Com relaçãoa unidadecaatingae suasaltera- se encontram são na maioria Areias Quartzosas
ções sofridas no decorrer dos 30 anospode-sedizer distróficasapresentando
baixa fertilidade natural,dre-
que 70,24 krn2da áreade estudocobrem a áreadesta nagem excessiva e baixa retenção de água. Não há
unidade.As alteraçõesforam poucassecomparadas acumulaçãodehúmuse a umidadejunto com osnutri-
com a da mata úmida sendo que 56,30 krn2 (80,16 entesdo solo sãoinsuficientesparao desenvolvimen-
%) permaneceramcomo caatinga.Foi observadoque to de plantascultivadas.
As áreasantesocupadaspor essaunidade, e toda sua totalidade. Com a apreciação deste Tabela e
agora por culturas, compreendem 8,19 km2 (14,94 o que foi visto em termos de alteração da mata úmida,
%); enquanto 5,84 km2 (10,66 %) estão ocupadas foi possível avaliar que os desmatamentos venham au-
por capoeiras.Isso foi observadopróximo aosrios e mentar, já que há perspectivas para a agricultura co-
riachos,ondeutilizam-seda agriculturairrigadaque na mercial, no que diz respeito, a cultura de hortaliças.
suamaioria é compostapor hortaliças.O solo expos- Informações locais indicaram alterações na produção
to ocupa apenas0,09 km2 (0,16 %) dessaunidade agrícola sendo atribuídas aos desgastesdos solos.
fitoecológica, não sendosignificativo, já que os pro- Ainda com relação a área não cruzada, foi
cessoserosivos em termos de relevo acentuadonão observado em quase toda sua extensão nas margens
são sentidos nessaárea,pois a mesma apresenta-se dos rios na área cimeira da "cuesta", sobre os solos
plana à suaveondulada.A maior limitação dos solos Areias Quartzosas hidromórficas, a sua ocupação com
encontradosnessaárearecai sobrea baixa fertilidade. culturas e/ou capoeiras. Essa ocupação se dá com
No intervalo de 30 anos observou-se que a culturas de subsistência e cana-de-açúcar nos chama-
cobertura vegetal dessaunidade decresceu25,76%, dos baixios, aproveitando a presença de água já que a
correspondendoa 144,118km2 ou seja, 1.411,80ha rede de drenagem não é bem servida de rios devido
da área do carrasco. os solos serem profundos e porosos, os quais se per-
A mataciliar, conforme foi explicitada anteri- mitem a uma grande infiltração das águas,enriquecen-
ormente,foi cruzadacom ela própria. Apresentouum do os aqüíferos subterrâneos em detrimento da exis-
decréscimode 0,911km2,ou seja,91,1 ha. Suaredu- tência de poucos rios (Figura 1). Ainda nessaárea não
çãoé bastantesignificativa, pois semostrabem distri- cruzada encontram-se também intensamenteutilizados
buídaem váriasáreas,desdea áreacimeira da "cuesta" os solos Latossolos Vermelho-Escuro, localizados em
atéáreasda depressãoperiférica. Nota-sea suasubs- Quatiguaba, considerado em toda a região da Ibiapaba
tituição por áreascom culturas,como exemplotêm-se o solos mais rico para a agricultura, devido as suas
a cana-de-açúcar,culturas de subsistência,e capoei- boas propriedades químicas e físicas, porém, o seu
raso uso contínuo pode está sobrecarregando a sua capa-
No mapa de alteração (Figura 2), que apre- cidade produtiva.
senta o resultado das áreas cruzadas podem ser ob-
servadas várias manchas em branco, isso quer dizer,
CONCLUSÕ~
que as mesmas não participaram do cruzamento por
Comprovou-se,com astécnicasutilizadas,que:
serem áreas que no decorrer dos 30 anos já vinham
A degradaçãoda cobertura vegetal da área
sendo ocupadas com culturas e/ou pastagem (classe
estudadaem função do uso intensivo dasterras (ele-
de área com cultura) e capoeiras (classe de capoeira).
vadaconcentraçãominifundiária) de solos.
Essa área intensamente cultivada perfaz o to-
A vegetação do tipo mata úmida foi a mais
tal de 138 km2, ou seja, 47,16% da área de estudo
degradadano período estudado,por estarassociada
abrangendo tanto áreas da parte cimeira da cuesta,
a solos férteis e disponibilidade de água,seguidodo
como da depressãoperiférica, porém, ela ocupa gran-
carrascoe, por último, a Caatinga.
de parte da área compreendida pela classe de solo:
A presençadeespéciesvegetaisde ambientes
Podzólico Vennelho- Amarelo eutrófico latossólico, jus-
xerófilos em áreasque predominavammata úmida é
tamente, onde a mata úmida está inserida em quase
um dos indicadoresdas condiçõesdegradadasdo CORRÊA, H.B., MIRANDA, P. T.C.,
ambiente. FERNANDES, A., BRAID, E.C.M., SILVA,
E. V., CAMPOS, J .A. Relatório técnico-

AGRADECIMENTOS científico sobrerecursosbiológicos e condições

Os autoresagradecemà FundaçãoCearense de biodiversidade. In: FIGUEIREDO, M.

deMetereologiae RecursosHídricos, especificamen- A.( Coord.). Recursos biológicos e condições

te aostécnicos da áreade Pedologia, pelo apoio téc- de biodiversidade. Fortaleza, Projeto Áridas;

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