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RELATÓRIO EXECUTIVO

V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) Graduandos (as) das
IFES

1
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis

V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as)


Graduandos (as) das IFES - 2018

(para diagramação)

Uberlândia
Maio de 2019

2
ANDIFES OBSERVATÓRIO FONAPRACE

Reitor Reinaldo Centoducatte (UFES) Suzi Alves Camey – UFRGS


Presidente Coordenadora

Reitor João Carlos Salles Pires da Silva Aline Souza Araújo – UNIFAL
(UFBA)
1º Vice-Presidente Erivã Garcia Velasco – UFMT

Reitora Margarida de Aquino Cunha Josimeire de Omena Leite – UFAL


(UFAC)
Suplente Maisa Miralva da Siva – UFG

Reitor Edward Madureira Brasil (UFG) Márcia Cristina de Oliveira – CEFET – RJ


2º Vice-Presidente
Maria Goretti da Fonseca – UFRB
Reitora Cleuza Maria Sobral Dias (FURG)
Suplente Monica Cristina Barbosa Pereira – UFAM

Gustavo Henrique de Sousa Balduino Noriel Viana Pereira - UFU


Secretário Executivo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE
FONAPRACE UBERLÂNDIA

César Augusto Da Ros – UFRRJ Valder Steffen Júnior


Coordendor Nacional Reitor

Maria Rita de Assis César – UFPR Orlando César Mantese


1º Vice-Coordendora Vice-Reitor

Manuel Antônio de Andrade Furtado Neto – Edilson José Graciolli


UFC Diretor do Instituto de Ciências Sociais
2ª Vice-Coordenador
Patrícia Vieira Trópia
Mônica Cristina Barbosa Pereira – UFAM Coordenadora Geral
1ª Secretária
Leonardo Barbosa e Silva
Maísa Miralva da Silva – UFG Vice-Coordenador
2º Secretário

3
V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) Graduandos (as) das
IFES - 2018

Idealização
Observatório do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis – FONAPRACE

Realização
Universidade Federal de Uberlândia

Coordenação Geral
Patrícia Vieira Trópia (UFU)

Vice-Coordenação
Leonardo Barbosa e Silva (UFU)

Concepção
Observatório FONAPRACE
Leonardo Barbosa e Silva (UFU) e Patrícia Vieira Trópia (UFU)

Sistema de Coleta de Dados


Alexsandro Souza Mariano (UFU) e Romualdo Mathias Filho (UFU)

Crítica e sistematização dos dados


Patrícia Vieira Trópia (UFU) e Leonardo Barbosa e Silva (UFU)

Desenho Metodológico e Expansão Amostral


André Santiago Maia (FUNDACENTRO - BA)

Relatório
Darcilene Cláudio Gomes (Pesquisadora)
Davisson Charles Cangussu de Souza (UNIFESP)
João Feres Jr. (UERJ)
Leonardo Barbosa e Silva (UFU)
Patrícia Vieira Trópia (UFU)

Secretária da Pesquisa
Fernanda Belisário

Estagiários
Jhonatan Soares (UFU)
Anna Laura Ferreira (UFU)
Marcelo Gonçalves dos Reis Filho (UFU)
Luiz Gustavo dos Reis Batista (UFU)
Samuel Silveira de Lima (UFU)

Equipe ANDIFES
Ana Claudia da Cruz Lisboa
Carlos Antonio Martins
Cintia Matos Palma
Douglas Kellweyn de Araujo Garcia
Eliandra Alves de Souza
Erivan de Almeida Ribeiro
Lívia de Oliveira Miranda Leite

4
Sumário

SUMÁRIO 5

LISTA DE QUADROS 7

LISTA DE TABELAS 8

LISTA DE FIGURAS 9

LISTA DE GRÁFICOS 10

1. INTRODUÇÃO 11

1.1. O CONTEXTO DE EXPANSÃO DAS IFES 11


1.2 A V PESQUISA DE PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL DOS (AS) GRADUANDOS DAS
INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR 22
1.2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO UNIVERSO PESQUISADO 22
1.2.2 SOBRE O RELATÓRIO 31
1.2.3 SEXO DOS (AS) GRADUANDOS (AS) 33
1.2.4 FAIXA ETÁRIA DOS (AS) GRADUANDOS (AS) 34
1.2.5 COR OU RAÇA DOS (AS) GRADUANDOS (AS) 35
1.2.6 RENDA MENSAL BRUTA DO GRUPO FAMILIAR E RENDA MENSAL PER CAPITA FAMILIAR DOS (AS)
GRADUANDOS (AS) 40
1.2.7 ESTUDANTES OCUPADOS (AS) 50
1.2.8 NATUREZA ADMINISTRATIVA DA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO DOS (AS) GRADUANDOS (AS) 53
1.2.9 REGIÃO GEOGRÁFICA DE CAMPI DOS (AS) GRADUANDOS (AS) 54
1.2.10 ANO DE INGRESSO DOS (AS) GRADUANDOS (AS) 55

2. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS 59

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 86

4. DESENHO METODOLÓGICO DA V PESQUISA 88

4.1 A DIVULGAÇÃO DA V PESQUISA NACIONAL DE PERFIL SOCIOECONÔMICO E CULTURAL 88


4.2 O PROCESSO DE COLETA DE DADOS 97
4.2.1 O QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO DA V PESQUISA 97
4.2.2 JUSTIFICATIVA DO QUESTIONÁRIO ELETRÔNICO E ONLINE 101
4.2.3 REQUISITOS DO SISTEMA 102
4.2.4. FUNCIONALIDADES DO SISTEMA 102
ÁREA EXCLUSIVA PARA IFES 103
INTERFACE (API) PARA VALIDAÇÃO DE ESTUDANTES 106
RANKING DE PARTICIPAÇÃO 106
4.2.5 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA 107

5
4.3 DESENHO AMOSTRAL 117
4.3.1 UNIVERSO DA PESQUISA 118
4.3.2 ESTRATIFICAÇÃO E ALOCAÇÃO DA AMOSTRA 120
4.3.3 PONDERAÇÃO DA AMOSTRA 124
4.3.4 CRÍTICA E CONSISTÊNCIA DOS DADOS 127
4.3.5 TAMANHO AMOSTRAL 133

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 144

6. ANEXOS 147

6
Lista de Quadros

Quadro 4-1 Ações de comunicação implementadas pelas IFES durante o levantamento da V Pesquisa _ 91
Quadro 4-2 Instituições e endereços de seus vídeos de divulgação ___________________________________ 93
Quadro 4-3 Lista de entrevistas de gestores (as) das IFES para divulgação da V Pesquisa ____________ 94
Quadro 4-4 Inovações no questionário eletrônico __________________________________________________ 98
Quadro 4-5 Informações contidas no cadastro de discentes nas 65 IFES - 2018 ______________________ 119
Quadro 4-6 Estrutura da base de dados __________________________________________________________ 128

7
Lista de Tabelas
Tabela 1-1 Evolução do volume de recursos PNAES (2008-2018) - Brasil ____________________________ 13
Tabela 1-2 Número e taxa de crescimento das instituições federais de ensino superior e de campi, por
regiões geográficas, 2002 e 2017 – Brasil__________________________________________________________ 17
Tabela 1-3 Expansão de indicadores acadêmicos na educação superior - universidades federais – por
região - 2002-2017 ______________________________________________________________________________ 17
Tabela 1-4 Graduandos (as), segundo IFES (Em números absolutos e %) - 2018 ______________________ 25
Tabela 1-5 Localização administrativa, faixa de IDHM, natureza e percentual de discentes por cidade do
campus, segundo IFES – 2018 ___________________________________________________________________ 28
Tabela 1-6 Sexo dos (as) estudantes das IFES – 1996 a 2018 (%) ____________________________________________ 33
Tabela 1-7 Graduandos (as) e população brasileira por sexo, segundo região geográfica de campus – 1996
a 2018 (em %) __________________________________________________________________________________ 34
Tabela 1-8 Média de idade dos (as) graduandos (as) segundo sexo - 1996 a 2018 (em %) ______________ 34
Tabela 1-9 Graduandos (as) segundo a faixa etária – 1996 a 2018 (%) _______________________________ 35
Tabela 1-10 Graduandos (as) e população brasileira segundo Cor ou Raça – 1996 a 2018 (%) __________ 36
Tabela 1-11 Graduandos (as) segundo Cor ou Raça – 2003 a 2018 ___________________________________ 36
Tabela 1-12 Graduandos (as) segundo Cor ou Raça por região – 1996 a 2018 (%) _____________________ 37
Tabela 1-13 Graduandos (as) por cor ou raça, segundo as unidades da federação – 2018 (em %) _______ 39
Tabela 1-14 Graduandos (as), por região geográfica, segundo Faixa de Renda Bruta do Grupo Familiar 42
Tabela 1-15 - Graduandos (as), por Faixa de Renda Per capita do Grupo Familiar ____________________ 45
Tabela 1-16 Graduandos (as) com Renda Mensal Familiar Per Capita “Até 1 e meio SM”, por região
geográfica, segundo Faixa de Renda Mensal Per Capita - 2018 _____________________________________ 47
Tabela 1-17 Graduandos (as) segundo a região geográfica de campus – 2018 _________________________ 55
Tabela 1-18 Graduandos (as) por ingresso, segundo faixa de ano de ingresso - 2018 __________________ 56
Tabela 4-1 Número de estudantes de graduação nas 65 IFES - 2018 _______________________________ 118
Tabela 4-2 Total de estudantes de graduação nas 65 IFES, média e desvio-padrão do tempo de matrícula
dos estudantes por estrato - 2018 _______________________________________________________________ 120
Tabela 4-3 Tamanho da amostra idealizada de estudantes de graduação nas 65 IFES via AAE - 2018 123
Tabela 4-4 Tamanho da amostra final de estudantes de graduação nas 65 IFES obtida via questionário
online e fração amostral - 2018 __________________________________________________________________ 133
Tabela 4-5 Distribuições marginais populacionais e amostrais não ponderadas para as variáveis
auxiliares - 2018 _______________________________________________________________________________ 134
Tabela 4-6 Distribuições marginais populacionais e amostrais ponderadas para as variáveis auxiliares -
2018 __________________________________________________________________________________________ 139

8
Lista de Figuras
Figura 1-1 Distribuição de cursos por áreas do conhecimento do CNPq - 2018 ________________________ 24
Figura 1-2 IFES, segundo Unidade da Federação – 2018 (em números absolutos) ____________________ 27
Figura 1-3 Renda mensal nominal familiar per capita de até 1 e meio SM, por região geográfica ______ 48
Figura 2-1 Cor e raça dos (as) graduandos (as) – 2018 _____________________________________________ 60
Figura 2-2 Perfil básico dos (as) graduandos (as) por região geográfica dos campi das IFES - 2018 _____ 62
Figura 4-1 Banner criado pela UFOB _____________________________________________________________ 89
Figura 4-2 Arte do e-mail da UFRGS. ____________________________________________________________ 92
Figura 4-3 Banners disponibilizado no Facebook da UFRGS _______________________________________ 95
Figura 4-4 Interface V Pesquisa de Perfil _________________________________________________________ 98
Figura 4-5 Questionário para envio de dados _____________________________________________________ 104
Figura 4-6 Página com orientação sobre a divulgação da pesquisa _________________________________ 105
Figura 4-7 Exemplo de Relatório de participação de estudantes, com 11 primeiros cursos ordenados em
ordem alfabética _______________________________________________________________________________ 105
Figura 4-8 Imagem do ranking de preenchimento dos questionários com as dez primeiras posições ___ 106
Figura 4-9 Questionário com exemplo de pergunta sobre cor ou raça, na proporção de uma tela de celular
(360px x 640px), caricatura de um indígena e tema de dados pessoais em cores azul turquesa e ícone de
um documento _________________________________________________________________________________ 113
Figura 4-10 Questionário com pergunta sobre deficiência, na proporção de uma tela de tablet (768px x
1024px), caricatura de uma mulher branca e tema de dados pessoais em cores azul turquesa e ícone de
um documento _________________________________________________________________________________ 113
Figura 4-11 Questionário com pergunta sobre frequência de estudo na biblioteca, caricatura de uma
mulher negra e tema de perguntas acadêmicas em cor vermelha e ícone de um capelo _______________ 114
Figura 4-12 Questionário com pergunta sobre domínio da língua inglesa, com caricatura de uma mulher
francesa e tema de perguntas culturais em cor amarela e ícone de um pincel. _______________________ 114
Figura 4-13 Questionário com pergunta sobre meio de transporte, caricatura de um cadeirante e tema de
perguntas de moradia em cor verde e ícone de uma casa __________________________________________ 115
Figura 4-14 Tela de finalização do questionário __________________________________________________ 116
Figura 4-15 Imagens com caricaturas que compunham o questionário de preenchimento para expressar
diversidade ____________________________________________________________________________________ 117

9
Lista de Gráficos
Gráfico 1-1 Vagas ofertadas na graduação presencial nas universidades federais de 2003 a 2017 ______ 16
Gráfico 1-2 - Número de ingressantes nas universidades federais via SISU - 2010-2015 - Brasil _______ 18
Gráfico 1-3 - Percentual de IFES, de discentes de IFES e populacional, segundo região geográfica _____ 26
Gráfico 1-4 Graduandos (as) com renda mensal familiar per capita até 1 e meio SM, segundo faixa de
renda - 2018 ____________________________________________________________________________________ 46
Gráfico 1-5 Percentual de (as) graduandos (as) das IFES, segundo faixas de renda mensal familiar per
capita selecionadas, por ano de realização da Pesquisa de Perfil – 1996 – 2018 (em %)________________ 50
Gráfico 1-6 - Graduandos (as) segundo tipo de escola de Ensino Médio, por Unidade da Federação, 2018 54
Gráfico 1-7 Graduandos (as), por forma de ingresso, segundo faixa de ano de ingresso – 2018 _________ 57

10
1. INTRODUÇÃO
A pesquisa de perfil socioeconômico dos (as) estudantes de graduação das
Instituições Federais de Ensino Superior é um levantamento realizado, desde 1996, pelo
Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Estudantis (FONAPRACE) - vinculado à
Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
(ANDIFES) - com o objetivo de descrever o perfil médio socioeconômico e cultural dos (as)
discentes das Instituições Federais de Ensino Superior.
Esta pesquisa tem cumprido o relevante papel de instrumentalizar todos (as) os
(as) envolvidos (as) na gestão das políticas de assistência estudantil por meio de
diagnósticos, análises, acompanhamentos e avaliações.
Além do diagnóstico mais preciso para definição de políticas públicas, a defesa
da universidade pública, em geral, e da Assistência Estudantil, particularmente,
depende de um rigoroso conhecimento de sua realidade social. Quem é o seu público?
Qual é a matéria prima sobre a qual ela se dirige? Qual a composição social das IFES
brasileiras?1
Em 2018, foi realizada a quinta onda da pesquisa de perfil
ANDIFES/FONAPRACE, intitulada V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e
Cultural dos (as) Graduandos (as) das IFES, cujo processo de coleta, crítica e consistência
dos dados, desenho metodológico e resultados são objeto de exposição e análise do
presente relatório.

1.1. O contexto de expansão das IFES

Para tirarmos todas as consequências dos dados coletados durante a V Pesquisa


de Perfil ANDIFES/FONAPRACE é essencial situarmos o contexto de expansão das IFES
brasileiras.
A democratização do acesso ao ensino superior, resultante da ampliação do
número de Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), cursos e vagas, da
interiorização dos campi das mesmas instituições, da maior mobilidade territorial via
ENEM/SISU e da reserva de vagas para estudantes com origem em escolas públicas, por

1A sigla IFES se refere ao conjunto das 63 universidades federais existentes até fevereiro de 2018 e aos
Cefets MG e RJ.

11
meio de cotas (Renda, PPI – pretos, pardos e indígenas - e Pessoas com Deficiência),
modificou radicalmente o perfil da recente geração de discentes dos cursos de graduação
das universidades federais e dos Cefets MG e RJ.
A IV Pesquisa, realizada em 2014/15, já havia identificado que nas
universidades federais e nos Cefets MG e RJ era mais frequente a presença de estudantes
negros e de origem popular e que este perfil original apresentava novos desafios para a
permanência e sucesso acadêmico, principalmente daqueles considerados vulneráveis
(FONAPRACE/ANDIFES, 2016).
Os desafios expressos acima foram sentidos pelas IFES e pelo governo federal.
No âmbito da ANDIFES, várias manifestações de sua Diretoria e, particularmente, do
Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assistência Estudantil ocuparam-se do relato das
dificuldades de manutenção das políticas de permanência dado o descompasso entre o
volume de recursos destinados à área e a modificação rápida do perfil dos discentes das
instituições (FONAPRACE/ANDIFES, 2016). A alocação de recursos para assistência
estudantil no Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais –
REUNI – e a criação do Programa Nacional de Assistência estudantil (BRASIL, 2010) –
PNAES – evidenciaram a preocupação governamental com o processo de expansão e
democratização do acesso às IFES2.
Até o ano de 2012, parte dos recursos do REUNI (BRASIL, 2007) eram
destinados exclusivamente para a assistência estudantil. Assim, as instituições
contavam com um suplemento significativo em seu orçamento para o desenvolvimento
de políticas de permanência. Notadamente tratava-se da percepção de que o processo de
expansão exigiria a cobertura de discentes que, por suas próprias condições, não
conseguiriam guardar adequadamente seu vínculo acadêmico. A partir de 2013, as
universidades e Cefets ou financiavam a assistência com recursos próprios ou valiam-se

2O decreto 7.234 de julho de 2010 instituiu o Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES com
o objetivo de democratizar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal;
minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais na permanência e conclusão da educação
superior; reduzir as taxas de retenção e evasão; e contribuir para a promoção da inclusão social pela
educação. Definiu 10 áreas em que as ações de assistência deveriam ser desenvolvidas. Definiu no artigo
5º. o perfil prioritário estudantil beneficiário dos recursos: “estudantes oriundos da rede pública de
educação básica ou com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio, sem prejuízo de demais
requisitos fixados pelas instituições federais de ensino superior”.

12
do PNAES. Por seu turno, o PNAES dedicou, até 2016, volumes sempre crescentes para
as políticas de permanência, saindo de R$ 125 milhões em 2008, para pouco mais de R$
1 bilhão em 2016, sofrendo todavia queda para R$987 milhões em 2017 e R$957 milhões
em 2018.

Tabela 1-1 Evolução do volume de recursos PNAES (2008-2018) - Brasil


Ano PNAES NACIONAL %
2008 R$ 125.300.000,00 -
2009 R$ 203.000.000,00 62,0
2010 R$ 304.000.000,00 49,8
2011 R$ 395.189.588,00 30,0
2012 R$ 503.843.628,00 27,5
2013 R$ 603.787.226,00 19,8
2014 R$ 742.720.249,00 23,0
2015 R$ 895.026.718,00 20,5
2016 R$ 1.030.037.000,00 15,1
2017 R$ 987.484.620,00 - 4,1
2018 R$ 957.178.952,00 - 3,1
Fonte: Apud. SILVA; COSTA, 2018.

Raros são os estudos de avaliação das políticas de assistência estudantil. Não


têm sido produzidos dados sistematizados, acompanhados de reflexões robustas acerca
das políticas de Assistência Estudantil e sua contribuição para a manutenção do vínculo
do discente com o sistema, para o sucesso e o desempenho acadêmico, nem no âmbito do
Ministério da Educação, nem, eventualmente, por parte das próprias instituições federais
através de seus pesquisadores. São mais frequentes os estudos de caso, isolando uma
instituição, a atuação de uma categoria profissional ou uma ação dentro do programa
PNAES (BARBOSA, 2017; CARVALHO, 2013; COSTA, 2010, 2011; KOWALSKI, 2012;
SILVEIRA; OTHERS, 2012; VARGAS, 2011). Estudos que apresentam abordagens
nacionais e generalizantes (COSTA, 2011; IMPERATORI, 2017; SANCHES, 2013) ou
mesmo trabalhos de revisão da bibliografia (CARVALHO, 2015) ainda são pouco
numerosos, não obstante sua importância estratégica para o acesso ao direito à educação.
As pesquisas de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das
IFES, realizadas pelo FONAPRACE, com apoio da ANDIFES nos anos de 1996, 2003,
2010, 2014 e 2018, vieram preencher uma lacuna importante pois não se conheciam
aspectos fundamentais do perfil básico socioeconômico e cultural dos (as) discentes dos
cursos de graduação. Ademais era preciso evidenciar, por meio de pesquisas sistemáticas,
as recentes mudanças no perfil estudantil.
13
Embrião do FONAPRACE, o Fórum Nacional de Assuntos Comunitários e
Estudantis foi criado em 1987 (FONAPRACE/ANDIFES; PROEX/UFU, 2012).
Posteriormente, receberia a denominação de Fórum Nacional de Pró-Reitores de
Assuntos Comunitários e Estudantis e mais recentemente Fórum Nacional de Pró-
Reitores de Assuntos e Estudantis.
O FONAPRACE, ao longo de sua primeira década de existência, concentrava
suas atividades na produção e “identificação de dados confiáveis que fundamentassem a
formulação e elaboração de uma proposta de política de assistência ao estudante”
(FONAPRACE/ANDIFES; PROEX/UFU, 2012, p. 19).
No período de 1993 a 1996, foram realizados pelo FONAPRACE estudos sobre
residências universitárias, restaurantes universitários, saúde estudantil, dentre outros
temas. Em 1994 foi feito o primeiro levantamento amostral de perfil socioeconômico dos
graduandos das IFES, mas, como os dados produzidos careciam de maior consistência,
decidiu-se pela realização em 1996 da I Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos
Estudantes de Graduação das IFES Brasileiras, com o intuito de fomentar a formulação
e implantação de políticas sociais que garantissem a permanência dos (as) estudantes de
graduação no interior das Instituições. Foram pesquisadas 44 IFES, o equivalente a
84,62% das 52 instituições federais de ensino superior então existentes. A principal
descoberta da I Pesquisa de Perfil foi a presença de 44,29% de estudantes de origem
familiar das “categorias C, D e E” - o que representava uma demanda real e potencial
para a assistência estudantil.
Nas edições seguintes da pesquisa de Perfil, o FONAPRACE visou aperfeiçoar
o mecanismo de coleta e a análise dos dados, tornando-os mais profundos, amplos e
seriados.
A II Pesquisa do Perfil foi realizada no período de novembro de 2003 a março de
2004, dela participando 47 IFES, o equivalente a 88,68% do total de 53 instituições
federais. Novamente a pesquisa revelava que 42,8% dos estudantes “encontram-se nas
classes [de renda] C, D, E” cuja renda média familiar mensal atingia, no máximo, R$
927,00, valor contido na faixa vulnerabilidade social.
A terceira edição da Pesquisa de Perfil ocorreu em 2010, desta vez com
estudantes de 56 IFES. Constatou-se que 43,7% dos (as) estudantes pertenciam às

14
“classes [de renda] C, D e E”.3 Nesta edição descobriu-se ainda que havia aumentado a
presença de estudantes pretos, de 5,9% para 8,7%, e de pardos, de 28,3 para 32,1%, dado
que refletia a institucionalização das políticas de ação afirmativas e do REUNI, não
obstante o percentual de negros ainda fosse inferior (40,8%) aos 50,7% apurados pelo
Censo 2010 do IBGE.
A grande inflexão das IFES brasileiras rumo à democratização do acesso, tanto
por critérios econômicos quanto raciais, foi captada pela IV Pesquisa, realizada em 2014,
cujos resultados principais serão destacados ainda nesta introdução. Antes importa notar
as mudanças institucionais que pressionaram as IFES a se abrirem ainda mais para
cerca de 1 milhão de estudantes de graduação em cursos presenciais.
O ensino superior brasileiro foi marcado, desde sua origem até o final dos anos
1980, pela presença estatal na organização e regulação do sistema (SAVIANI, 2010). A
partir dos anos 1950, o compromisso de superação do subdesenvolvimento deu ao sistema
universitário brasileiro um perfil híbrido e assimétrico. Em sua dimensão pública, o
acesso às universidades era restrito e distribuído de modo a contemplar as regiões
metropolitanas. Por seu turno, a rede privada de ensino superior era agraciada com
incentivos especiais para seu crescimento e expansão (MARQUES; CEPÊDA, 2012).
Este padrão foi alterado nos anos que sucederam a promulgação da Constituição
de 1988, abrindo cada vez mais espaço para o modelo anglo-saxão, em sua versão
estadunidense, que estreita os laços entre a produção universitária e as demandas do
mercado. Durante a década de 1990, constatar-se-ia a paralisia do processo de expansão
do ensino superior federal brasileiro e, ao mesmo tempo, o crescimento substancial das
instituições privadas com ou sem fins lucrativos. Vitimada por uma perspectiva
fiscalista, a reforma do ensino superior empreendida nos anos 1990 voltou-se para a
diversificação das fontes de financiamento e dos modelos de Instituições de Ensino
Superior, bem como para a redução dos custos por estudante.
Durante os anos 2000, houve significativa expansão de vagas e instituições
federais de ensino superior. No período 2003-2017 registrou-se um crescimento de 260%

3 Desde a IV Pesquisa, a terminologia A, B, C, D e E para classificar as faixas de renda estudantis foi


abandonada. Optou-se, desde então, por levantar a renda e interpretá-la como montante de rendimentos
familiares por entendermos que classe social constitui uma categoria analítica muito mais complexa,
relacional, cuja identificação está condicionada ao conhecimento de relações sociais, posições na estrutura
produtiva, tendências políticas e orientações ideológicas das pessoas e grupos – o que não é o objetivo desta
pesquisa.

15
no número de vagas ofertadas. Apenas em 2017 foram mais de 393.000 vagas em cursos
de graduação presencial como mostra o Gráfico 1-1 abaixo.

Gráfico 1-1 Vagas ofertadas na graduação presencial nas universidades federais de 2003 a 2017

393.550
375.859
450.000

363.417
359.884
400.000

307.190
350.000

239.942
231.530
300.000

218.152
186.894
250.000
150.869
139.875
132.203

200.000
116.348
109.802
109.184

150.000

100.000

50.000

0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: INEP, 2018a.

O crescimento do número de vagas tem relação direta com a abertura de novas


instituições federais de ensino superior. Foram criadas 18 novas IFES no período de 2005
a 2017, contemplando quatro das cinco regiões do país4.
Houve um crescimento de 40% no percentual de universidades federais no país,
com valores mais significativos na região Sul, seguida da região Nordeste. Em termos de
novos campi abertos no mesmo processo de expansão, eram 148 em 2002, alcançando 408
em 2017, registrando-se crescimento de 176% em quinze anos. Em termos regionais, o
Nordeste e o Norte lideraram a expansão.

4A UFOB foi criada em 2014 e compõe a população da pesquisa. Cinco novas universidades foram criadas
em 2018, após o início da V Pesquisa: Universidade Federal de Catalão (UFCat), Universidade Federal de
Rondonópolis (UFR), Universidade Federal de Jataí (UFJ), Universidade Federal do Agreste de
Pernambuco (UFAPE) e Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFCPAR).

16
Tabela 1-2 Número e taxa de crescimento das instituições federais de ensino superior e de campi, por
regiões geográficas, 2002 e 2017 – Brasil
Universidades Campi
Região 2002 2017 % 2002 2017 %
Norte 8 10 25, 24 69 187,5
Nordeste 12 18 50, 30 106 253,3
Sul 6 11 83,3 29 76 162,1
Sudeste 15 19 26,6 46 110 139,1
Centro-oeste 4 5 25, 19 47 147,4
Total 45 63 40, 148 408 175,7
Fonte: BRASIL, 2014; INEP, 2018b.

Movimento semelhante pode ser observado nos indicadores que apresentam a


variação no quantitativo de cursos, vagas e matrículas nas universidades federais. No
que tange aos cursos, todas as regiões apresentaram um crescimento expressivo, com a
ampliação superior a 100%, exceto no Norte. O mesmo raciocínio vale para as novas vagas
abertas. Para o caso das matrículas, as regiões Sul, Sudeste e Nordeste capitaneiam a
expansão (Tabela 1-3).

Tabela 1-3 Expansão de indicadores acadêmicos na educação superior - universidades federais – por região
- 2002-2017
CURSOS VAGAS MATRÍCULAS
Região 2002 2017 % 2002 2017 % 2002 2017 %
Norte 478 617 29,1 16.755 38.900 132,2 76.779 137.605 79,2
Nordeste 583 1.254 115,1 33.587 121.975 263,2 147.464 342.932 132,6
Sul 286 905 216,4 17.152 72.078 320,2 75.985 190.022 150,1
Sudeste 430 1.254 191,6 32.509 117.669 262,0 139.641 341.398 144,5
Centro-
oeste 270 541 100,4 13.260 42.928 223,7 60.590 108.847 79,7

TOTAL 2.047 4.571 123,3 113.263 393.550 247,5 500.459 1.120.804 124,0
Fonte: BRASIL, 2014; INEP, 2018b.

Cepêda e Marques (2012) compreendem que esse movimento expansionista


refletiu o mergulho do país no “novo desenvolvimentismo”. A expansão quantitativa
também carregaria consigo transformações de ordem qualitativa. Os investimentos
foram orientados para romper com a lógica pretérita e, em razão disto, buscou contrapor-
se à concentração de instituições federais de ensino superior em regiões metropolitanas,
de maior poder aquisitivo e indicadores socioeconômicos mais favoráveis. Com efeito,
foram contempladas as regiões com grande densidade demográfica e baixa cobertura
universitária pública, mais afastadas dos grandes centros e com demandas específicas de

17
cursos de licenciatura ou regiões de fronteira com características de integração e
escoamento regional. Além disso, foram considerados os papéis de internacionalização e
integração interna e externa ao distribuir espacialmente os campi. Merece nota a função
desempenhada pela UNILA, UNILAB, UFFS e UFOPA (MARQUES; CEPÊDA, 2012).
Por sua vez, as expansões quantitativa e qualitativa do ensino federal superior
brasileiro foram acompanhadas pela utilização de novos mecanismos de recrutamento de
discentes. No lugar dos tradicionais vestibulares, instituiu-se o Sistema de Seleção
Unificada – SISU –, sistema informatizado que se vale das notas obtidas por estudantes
no Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) para alocar candidatos (as) entre as
instituições credenciadas.
Pode-se imaginar que a onda de oportunidades apresentada pelo SISU a
milhares de estudantes do ensino médio, para que encontrem uma vaga em
universidades de todo o país, constitui um potencial importante de mobilidade territorial.
Tal mobilidade implica deslocamento também de toda a diversidade regional brasileira,
transformando os campi em espaços mais diversos e cosmopolitas e, por isso, complexos.
Hoje o SISU é um sistema que atrai um número de estudantes crescente, como mostra o
estudo realizado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) e
expresso no Gráfico 1-2.

Gráfico 1-2 - Número de ingressantes nas universidades federais via SISU - 2010-2015 - Brasil

3.000.000

2.500.000

2.000.000
2.791.334
2.559.987

1.500.000
1.949.958
1.757.399

1.000.000
1.080.193
793.920

500.000

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015

Fonte: RISTOFF, 2016.

18
Além do SISU, deve-se também dar destaque ao impacto da Lei Federal nº
12.711/2012, conhecida como lei de cotas, sobre as universidades federais.
Em estudo realizado dois anos após a promulgação da lei, o Grupo de Estudos
Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA-UERJ) já atestava o caráter inclusivo
da política. Propondo uma razão entre o percentual de cotas estabelecidas nas
universidades das várias regiões do país e a proporção de estudantes pretos e pardos em
cada uma das instituições, o grupo criou um Índice de Inclusão Racial. De acordo com o
Índice de Inclusão Racial (IIR), quanto mais próximo de 1 (um), mais significativa é a
inclusão. Em 2012, as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul
apresentavam índices de Inclusão Racial - nas respectivas ordens - de 0,18, 0,19, 0,14,
0,09 e 0,48. No ano de 2014, já com a vigência da Lei de cotas, os índices avançaram para
os patamares, também respectivamente, de 0,37, 0,38, 0,44, 0,47 e 0,70 (DAFLON;
JÚNIOR; CAMPOS, 2013).
A IV Pesquisa de Perfil dos (as) Graduandos (as) das IFES (ANDIFES, 2016)
identificou este movimento e as mudanças no perfil socioeconômico e cultural dos (as)
graduandos (as). Evidenciou um cenário particular, com inúmeros indicadores
comprobatórios de que o ensino superior federal havia se tornado mais acessível, popular
e inclusivo.
Este cenário colocou gestores (as) públicos (as) diante da responsabilidade de
fazer avançar este processo, reduzindo os níveis de desigualdade do país, mirando as
condições para que discentes em situação de vulnerabilidade social e econômica
pudessem gozar das mesmas oportunidades educacionais que seus colegas mais
abastados, garantindo que a educação superior, tal como definido pela Lei Federal
12.852/2013 (Estatuto da Juventude), fosse um direito de todos (as).
A IV Pesquisa mostrou que, em 2014, as IFES eram mais negras. Em 2003,
autodeclarados (as) brancos (as) somavam 59,4% da população dessas instituições, em
2010 esse índice cai para 53,9% e em 2014/5 chega a 45,7%. Na tendência oposta,
autodeclarados (as) pretos (as) tinham crescido em participação nas IFES na respectiva
cronologia de 5,9%, para 8,7% e 9,8%. Pardos (as), na mesma trajetória, foram de 28,3%
para 32,1% e em 2014/5 compunham 37,8% da população-alvo. Em outras palavras,
47,6% dos (as) estudantes das IFES eram negros (as), em 2014. Em valores absolutos,

19
quase triplicou sua participação, comprovando o efeito das políticas de democratização
do acesso.
A principal descoberta da IV Pesquisa foi o percentual de estudantes incluídos
na faixa de renda de cobertura do PNAES nos cursos de graduação presenciais de 63
instituições federais pesquisadas em 2014: 66,2% dos (as) discentes viviam, em 2014/15,
com renda mensal familiar per capita de até 1 e meio salários mínimos, sendo que 32%
vivia com até meio salário mínimo e 22% com renda entre meio e 1 salário mínimo. Pela
primeira vez, o percentual de estudantes com renda per capita de até 1 e meio SM atingia
a maioria absoluta do universo pesquisado.
Estes dados permitiram o questionamento de teses e formulações propaladas no
senso comum, segundo as quais as universidades públicas federais seriam frequentadas
por setores das elites culturais e econômicas do país.
Em relatório publicado pelo Banco Mundial, intitulado “Um ajuste justo.
Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil” (BIRD, 2017), critica-se o
atual modelo universitário público brasileiro. No referido documento afirma-se que
estudantes das instituições públicas de ensino superior tendem a ser das famílias mais
ricas e que teriam frequentado escolas privadas de Ensino Médio5.
Apoiada em rigorosa metodologia, a IV Pesquisa mostrava que as Instituições
Federais de Ensino Superior, reais e concretas, eram muito diferentes da imagem
difundida e comumente caracterizada como instituições de elite.
As IFES são instituições heterogêneas, plurais e compostas por estudantes
oriundos de todas as classes e frações de classe. A rigor, as universidades federais não
são, nem devem ser, monopolizadas pelos setores econômica ou culturalmente
dominantes do país.

5 A divergência entre os dados aqui expostos e aqueles defendidos pelo BIRD parece repousar na diferença
de metodologia de captura do dado. Tal como revela seu relatório, o Banco se vale dos dados da PNAD
recortando o público universitário exclusivamente entre pessoas de 18 a 24 anos. É bem verdade que esta
é a faixa etária predominante nas IFES brasileiras, todavia a IV Pesquisa revelou que aproximadamente
30% dos discentes encontram-se fora desta faixa, assim como se verá que a V Pesquisa comprovou que a
idade média está aumentando e já alcançou o limite desta faixa etária. Portanto, a pesquisa do Banco
Mundial recorta o público pesquisado de forma a não contemplar a totalidade da população discente
universitária, ignora a tendência recente e produz um desenho do perfil mais distante da realidade. Por
sua vez, a PNAD é uma pesquisa por amostra domiciliar com abrangência nacional mas que não pesquisa
todos os municípios. Ademais os dados sobre estudantes que frequentam o ensino superior público não
desagrega a natureza administrativa municipal, estadual ou federal. Isto posto, ratifica-se neste relatório
o achado na série de pesquisas empreendidas pela ANDIFES/FONAPRACE.

20
Dois de cada três estudantes ativos em cursos de graduação presenciais das
IFES (66,19%) pertenciam a famílias com renda per capita de até 1 e meio salários
mínimos (ANDIFES, 2016), faixa de renda que, segundo o Decreto do PNAES, define o
público alvo em situação de vulnerabilidade social e econômica e por isso coberto pela
assistência estudantil. Do total dos (as) discentes incluídos na faixa de renda mensal
familiar “até 1 e meio SM”, 81,5% viviam com até um salário mínimo.
O efeito das cotas sobre o ingresso daqueles que possuíam níveis de renda mais
baixos fez com que dobrasse o percentual relativamente ao registrado na pesquisa de
2010.
Em relação ao nível de escolaridade dos pais, a IV Pesquisa revelara que 64,1%
de discentes do sexo masculino e 66% do feminino já tinham nível de escolaridade
superior ao de suas mães e que 66,6% dos estudantes do sexo feminino e 69,4% do
masculino tinham nível de escolaridade superior ao de seus pais. Estes dados indicavam
um impacto geracional proporcionado pela ampliação das oportunidades de acesso às
IFES brasileiras.
Finalmente, a pesquisa demonstrara que a maioria dos (as) estudantes havia
frequentado escolas públicas no ensino médio. Do total, 64,1% dos estudantes tinham
realizado o Ensino Médio em escolas públicas, enquanto 35,9% frequentaram escolas
particulares.
Com efeito, cada vez mais o público universitário se aproximava das
características sociodemográficas da população brasileira nos coortes cor ou raça e sexo.
Ademais o percentual de discentes incluídos nas faixas de renda per capita familiar
abaixo de 1 e meio salário mínimo haviam crescido. Dito de outra forma, a IV Pesquisa
de perfil discente indicava que a democratização das instituições federais de ensino
superior era uma tendência real, que todavia precisaria ser confirmada em nova onda.
As tendências encontradas em 2014 se confirmam na V Pesquisa de Perfil,
realizada em 2018. Ademais, a V Pesquisa identifica a consolidação do processo de
democratização das IFES brasileiras.

21
1.2 A V Pesquisa de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as)
Graduandos das Instituições Federais de Ensino Superior

A V Pesquisa de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) Graduandos (as) das


Instituições Federais de Ensino Superior visou levantar um conjunto de informações
relativas ao perfil socioeconômico e cultural dos graduandos das IFES brasileiras, mais
precisamente sobre perfil básico, moradia, origem familiar, trabalho, histórico escolar,
vida acadêmica, atividades culturais, saúde e qualidade de vida e, finalmente,
dificuldades estudantis e emocionais.
Outro objetivo foi a consolidação da série histórica com uma nova onda de
pesquisa.
Finalmente, buscou produzir indicadores que permitam aos gestores monitorar
as políticas direcionadas ao ensino superior, avaliar seus resultados, aprofundá-las e
corrigir eventuais desvios de rota.6

1.2.1 Características gerais do universo pesquisado


O universo investigado pela V Pesquisa foi composto por estudantes de cursos
de graduação presenciais de todas as 63 universidades federais existentes até fevereiro
de 2018, bem como pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais e pelo
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, do Rio de Janeiro,
totalizando 65 IFES.
Dados básicos sobre este universo foram obtidos a partir de informações
enviadas pelas próprias IFES, via sistema de cadastramento de estudantes,
especialmente criado pela equipe de Tecnologia da Informação da UFU. Ao final do
processo de cadastramento de estudantes, chegou-se ao volume de 1.200.300 (um milhão,

6 A V Pesquisa de Perfil foi formalizada por meio de Convênio firmado entre ANDIFES/FONAPRACE e a
Universidade Federal de Uberlândia, que ficou responsável pela coordenação geral, concepção,
desenvolvimento e análise dos dados da pesquisa. O Convênio firmado explicita todo o desenho da pesquisa
– cronograma, produtos, recursos e equipe, composta por coordenação, analistas, secretaria, pessoal de
Tecnologia da Informação, estatístico e estagiários. Exceto os analistas, oriundos de universidades públicas
e fundações de pesquisa nacionais, escolhidos pela coordenação em função de sua reconhecida competência
na análise de perfil social, o restante da equipe pertence à Universidade Federal de Uberlândia que, além
da cessão de docentes e técnico-administrativos, hospeda o sistema de armazenamento dos dados.

22
duzentos mil e trezentos) discentes7, distribuídos por 65 IFES e por 395 campi,
ingressantes no período entre 2000-2018. Estes discentes tem matrícula ativa em 355
cursos, distribuídos nos turnos Diurno, Noturno e Integral, para obtenção dos graus de
Bacharelado, Licenciatura, Bacharelado e Licenciatura e Tecnológico.
Os cursos estão distribuídos pelas áreas do conhecimento do CNPq, como mostra
a figura abaixo.

7 Findo o período de coleta, iniciou-se a fase de crítica e consistência dos dados, que levou ao refinamento
da população pois entre cadastrados pelas IFES foram encontrados estudantes de cursos não presenciais
e de Pós-graduação. Ver detalhes no item “Desenho metodológico da Pesquisa”.

23
Figura 1-1 Distribuição de cursos por áreas do conhecimento do CNPq - 2018

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

24
As IFES apresentam características particulares, tais como o volume de
estudantes, ano de fundação, localização geográfica e número de campi. A Tabela 1-4
mostra o número e percentual de estudantes ativos em cursos de graduação presencias,
segundo as IFES.

Tabela 1-4 Graduandos (as), segundo IFES (Em números absolutos e %) - 2018
IFES Freq. % IFES Freq. % IFES Freq. %
CEFET-MG 6379 0,5 UFMS 19852 1,7 UFSCAR 14036 1,2
CEFET-RJ 7210 0,6 UFMT 28481 2,4 UFSJ 10328 0,9
FURG 10670 0,9 UFOB 3348 0,3 UFSM 21334 1,8
UFABC 14790 1,2 UFOP 12102 1 UFT 15156 1,3
UFAC 11376 0,9 UFOPA 5303 0,4 UFTM 6985 0,6
UFAL 28994 2,4 UFPA 51191 4,3 UFU 26656 2,2
UFAM 29393 2,4 UFPB 29616 2,5 UFV 15587 1,3
UFBA 38674 3,2 UFPE 31419 2,6 UFVJM 8949 0,7
UFC 29991 2,5 UFPEL 18425 1,5 UNB 37354 3,1
UNIFAL-
UFCA 3264 0,3 UFPI 27483 2,3 6533 0,5
MG
UFCG 18228 1,5 UFPR 32204 2,7 UNIFAP 9151 0,8
UFCSPA 2713 0,2 UFRA 7158 0,6 UNIFEI 8053 0,7
UFERSA 9703 0,8 UFRB 10591 0,9 UNIFESP 13443 1,1
UFES 25418 2,1 UFRGS 30952 2,6 UNIFESSPA 5190 0,4
UFF 47155 3,9 UFRJ 50571 4,2 UNILA 4339 0,4
UFFS 9466 0,8 UFRN 31850 2,7 UNILAB 4375 0,4
UFG 30633 2,6 UFRPE 15088 1,3 UNIPAMPA 12865 1,1
UFGD 7712 0,6 UFRR 6959 0,6 UNIR 10305 0,9
UFJF 17838 1,5 UFRRJ 15926 1,3 UNIRIO 11011 0,9
UFLA 10844 0,9 UFS 28457 2,4 UNIVASF 6984 0,6
UFMA 33579 2,8 UFSB 3396 0,3 UTFPR 32714 2,7
UFMG 30348 2,5 UFSC 34205 2,8 Total 1200300 100,0
Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

As IFES com maior número de estudantes são as universidades federais do Pará


(UFPA), Rio de Janeiro (UFRJ) e Fluminense (UFF) cada qual com mais de 47 mil
estudantes de graduação presenciais ativos. As universidades federais da Bahia (UFBA),
Nacional de Brasília (UNB), Santa Catarina (UFSC), Maranhão (UFMA), Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR), Rio Grande do Norte (UFRN), do Paraná (UFPR), de
Pernambuco (UFPE), do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Goiás (UFG) e de Minas Gerais
(UFMG) possuem cada qual entre 30 e 40 mil estudantes. No outro extremo, encontram-
se instituições federais com menos de 5 mil discentes de graduação, tais como UNILAB,
UNILA, UFSB, UFOB, UFCA, UFCSPA.

25
A distribuição das instituições federais de ensino superior e do número de
estudantes guarda relação com o tamanho da população das distintas regiões geográficas
no país. Nota-se que, excetuando-se o Sudeste, a proporção de estudantes acompanha o
percentual de população aferido em cada região, com vantagem para os primeiros. A
visualização da distribuição pode ser conferida no Gráfico 1-3.
O caso do Sudeste difere das demais regiões pois o percentual de estudantes
matriculados (as) na região é significativamente inferior ao tamanho da população.
Enquanto o Sudeste concentra 42,1% da população brasileira, reúne 30,0% dos discentes
matriculados nas IFES do país.
É provável que essa partilha dos graduandos reflita a política de interiorização
das universidades federais promovida a partir de meados dos anos 2000, conforme
indicado por Cepêda (2012), Vinhais (2013) e IPEA (2018).

Gráfico 1-3 - Percentual de IFES, de discentes de IFES e populacional, segundo região geográfica

IFES Discentes Censo 2012

45,0 42,1
40,0
35,0 32,3
29,6 30
30,0 27,7 27,8

25,0
20,0 16,917,5
15,4 14,3
15,0 12,6
10,3
10,0 8,4 7,7 7,4
5,0
0,0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste
Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
* IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais; Censo, 2010.

Espacialmente, as IFES estão distribuídas por todos os estados da Federação.


Minas Gerais é o estado com o maior número absoluto de IFES e de discentes. São 12
IFES - onze universidades e o Cefet-MG - onde estudam 160.602 estudantes. O estado
com o segundo maior número de IFES é o Rio Grande do Sul, totalizando sete
universidades federais. O Rio de Janeiro tem quatro universidades federais e o Cefet-RJ,
a Bahia e o Pará quatro universidades cada.
26
Figura 1-2 IFES, segundo Unidade da Federação – 2018 (em números absolutos)

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

No período 2000-2010, o percentual de universidades localizadas no interior do


país cresceu mais de 125,0%, passando de doze em 2000 para 27, em 2010, enquanto na
mesma vaga o incremento nas capitais foi de apenas 14,8 p.p., segundo dados do IPEA
(NIQUITO; RIBEIRO; PORTUGAL, 2018).
No período 2010-2018, a interiorização aprofunda-se ainda mais, considerando
que o número de IFES localizadas nas capitais chega a 13 unidades e no interior a 52. O
percentual de instituições federais localizadas no interior do país cresceu 92,6%,
passando de 27, em 2010, para 52, até fevereiro de 2018.
Observa-se a mesma dinâmica de expansão de campi para cidades localizadas
no interior dos estados. Considerando as cidades dos campi das IFES, segundo localização
administrativa, nota-se o predomínio de campi em cidades do interior, perfazendo 81,3%
(N=321), como mostra a Tabela 1-5.8

8 A expansão das IFES no sentido da interiorização - criação de novas universidades ou de novos campi em
cidades do interior – constituiu diretriz de política pública. O relatório da comissão instituída pela Portaria
No. 126/2012 para análise da expansão das universidades federais mostra que a interiorização fora
concebida como estímulo ao desenvolvimento econômico e social das regiões, desenvolvimento que tem sido
observado pelas pesquisas de Cepêda (2012), Vinhais (2013) e de recente estudo publicado pelo IPEA
(NIQUITO; RIBEIRO; PORTUGAL, 2018). Vinhais verificou que no período 2000 a 2010 houve um efeito
positivo da ordem de 3,3 p.p. sobre a “média do logaritmo da renda per capita” dos municípios em que os
novos campi foram criados. A criação de uma nova universidade ou novo campus tende a produzir impactos,
para além daqueles imperativamente incidentes sobre o público alvo, jovens em vias de formação e
profissionalização no ensino superior. Goddard e Kempton (2011) apontam, entre estes impactos, a geração

27
Embora a maioria das IFES e de campi estejam localizados em cidades do
interior, é equilibrado o percentual de estudantes nas capitais e no interior.
Considerando o total de discentes, 50,5% estudam em cidades localizadas em capitais e
49,5% no interior.
Em suma, o universo pesquisado está distribuído por 395 campi.
Regionalmente, o Sudeste e Nordeste concentram a maioria absoluta (52,9%) dos campi
das IFES pesquisadas. A região com o menor percentual é a Centro-Oeste com 10,6%,
seguida da Norte, com 17,5% e Sul com 19,0% (Tabela 1-5).

Tabela 1-5 Localização administrativa, faixa de IDHM, natureza e percentual de discentes por cidade do
campus, segundo IFES – 2018
% de cidade de % de cidade de % de discentes por
Campus por % de cidade do campus por Faixa de Campus segundo cidade de Campus
localização IDHM natureza do campus por localização
administrativa sede X avançado administrativa
Muito
Capital Interior Baixo Médio Alto Avançado Sede Capital Interior
alto
CEFET-MG 22,2 77,8 11,1 66,7 22,2 77,8 22,2 65,1 34,9
CEFET-RJ 14,3 85,7 100,0 85,7 14,3 56,1 43,9
FURG 100,0 20,0 80,0 60,0 40,0 100,0
UFABC 100,0 100,0 50,0 50,0 100,0
UFAC 25,0 75,0 50,0 25,0 25,0 75,0 25,0 74,2 25,8
UFAL 33,3 66,7 33,3 33,3 33,3 66,7 33,3 71,0 29,0
UFAM 50,0 50,0 20,0 30,0 50,0 50,0 50,0 73,7 26,3
UFBA 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 93,9 6,1
UFC 37,5 62,5 50,0 50,0 62,5 37,5 88,5 11,5
UFCA 100,0 85,7 14,3 64,3 35,7 100,0
UFCG 100,0 14,3 57,1 28,6 85,7 14,3 100,0
UFCSPA 100,0 100,0 100,0 100,0
UFERSA 100,0 75,0 25,0 75,0 25,0 100,0
UFES 66,7 33,3 33,3 66,7 66,7 33,3 88,6 11,4
UFF 100,0 47,4 52,6 47,4 52,6 100,0
UFFS 100,0 100,0 83,3 16,7 100,0
UFG 28,6 71,4 100,0 71,4 28,6 74,2 25,8
UFGD 100,0 100,0 100,0 100,0
UFJF 100,0 100,0 50,0 50,0 100,0
UFLA 100,0 100,0 100,0 100,0
UFMA 11,1 88,9 22,2 55,6 22,2 88,9 11,1 68,8 31,2
UFMG 75,0 25,0 25,0 75,0 25,0 75,0 96,8 3,2
UFMS 57,1 42,9 4,8 95,2 42,9 57,1 55,9 44,1
UFMT 20,0 80,0 100,0 80,0 20,0 56,0 44,0
UFOB 100,0 14,3 14,3 57,1 14,3 57,1 42,9 100,0
UFOP 100,0 100,0 66,7 33,3 100,0

de empregos, investimentos em infraestrutura, ampliação da demanda por bens e serviços. O estudo


realizado pelo IPEA revela o impacto econômico e social sobre municípios que receberam novos campi de
universidades federais. Foram testados os impactos sobre a renda domiciliar per capita, o nível de
escolaridade das pessoas adultas, a taxa de fecundidade total e o nível de desigualdade de renda. Os
resultados do estudo mostram, de forma robusta, que houve melhora na renda domiciliar per capita das
famílias e redução da taxa de fecundidade. Revela ainda que os municípios de menor porte tendem a ser
mais afetados positivamente na dimensão do desenvolvimento pela criação de um novo campus.

28
UFOPA 100,0 40,0 60,0 90,0 10,0 100,0
UFPA 9,1 90,9 18,2 63,6 18,2 90,9 9,1 66,9 33,1
UFPB 100,0 100,0 100,0 79,3 20,7
UFPE 25,0 75,0 75,0 25,0 75,0 25,0 79,5 20,5
UFPEL 100,0 14,3 85,7 14,3 85,7 100,0
UFPI 20,0 80,0 60,0 40,0 80,0 20,0 60,8 39,2
UFPR 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 83,3 16,7
UFRA 16,7 83,3 33,3 33,3 33,3 83,3 16,7 43,9 56,1
UFRB 100,0 100,0 66,7 33,3 100,0
UFRGS 80,0 20,0 20,0 80,0 20,0 80,0 99,0 1,0
UFRJ 75,0 25,0 100,0 25,0 75,0 94,3 5,7
UFRN 20,0 80,0 60,0 40,0 60,0 40,0 89,1 10,9
UFRPE 25,0 75,0 75,0 25,0 75,0 25,0 60,0 40,0
UFRR 100,0 100,0 100,0 100,0
UFRRJ 100,0 100,0 66,7 33,3 100,0
UFS 16,7 83,3 16,7 66,7 16,7 83,3 16,7 6,6 93,4
UFSB 100,0 54,5 45,5 54,5 45,5 100,0
UFSC 20,0 80,0 40,0 60,0 80,0 20,0 83,9 16,1
UFSCAR 100,0 25,0 50,0 25,0 75,0 25,0 100,0
UFSJ 100,0 100,0 50,0 50,0 100,0
UFSM 100,0 100,0 60,0 40,0 100,0
UFT 14,3 85,7 42,9 57,1 85,7 14,3 40,1 59,9
UFTM 100,0 100,0 50,0 50,0 100,0
UFU 100,0 100,0 45,5 54,5 100,0
UFV 100,0 100,0 66,7 33,3 100,0
UFVJM 100,0 25,0 75,0 75,0 25,0 100,0
UNB 40,0 60,0 20,0 20,0 60,0 60,0 40,0 87,4 12,6
UNIFAL-MG 100,0 100,0 66,7 33,3 100,0
UNIFAP 40,0 60,0 20,0 40,0 40,0 60,0 40,0 83,5 16,5
UNIFEI 100,0 100,0 50,0 50,0 100,0
UNIFESP 16,7 83,3 50,0 50,0 83,3 16,7 14,1 85,9
UNIFESSPA 100,0 20,0 80,0 80,0 20,0 100,0
UNILA 100,0 100,0 100,0 100,0
UNILAB 100,0 100,0 66,7 33,3 100,0
UNIPAMPA 100,0 6,7 93,3 93,3 6,7 100,0
UNIR 12,5 87,5 25,0 75,0 87,5 12,5 54,9 45,1
UNIRIO 100,0 100,0 100,0 100,0
UNIVASF 100,0 100,0 66,7 33,3 100,0
UTFPR 7,7 92,3 7,7 84,6 7,7 92,3 7,7 28,5 71,5
Total 18,7 81,3 5,6 26,1 58,2 10,1 63,0 37,0 50,5 49,5
Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

Os campi sede são em menor número: 146 (36,9%) contra 249 avançados
(63,1%). Todavia concentram o maior percentual de estudantes de graduação presenciais
(72,5%).
Quase 2/3 dos (as) graduandos (as) estudam em campi situados em cidades cujo
IDHM é alto. São 12,2% de estudantes cujos campi se localizam em cidades com IDHM
médio, 64,7% em cidades com IDHM alto e 21,4% muito alto. É pouco relevante o
percentual em cidades com IDHM baixo (1,7%).
Estes estudantes estão ativos em cursos de graduação cujo registro mais
longínquo é o ano 2000 e o mais recente é 2018. Por faixa de ano de ingresso constata-se

29
que “Até 2012” ingressaram 11,9% dos (as) graduandos (as). Entre 2013-2016 são 54,3%.
No ano de 2017 ingressaram 20,0% e, em 2018, 13,6% do universo pesquisado.
O universo pesquisado está distribuído entre dois semestres de ingresso. No
primeiro semestre letivo ingressaram 2/3 dos (as) graduandos (66,1%) e no segundo
semestre 1/3 deles. Quanto ao grau dos cursos de graduação presenciais, 73,4% dos (as)
estudantes estão matriculados em cursos de Bacharelado, 24,2% de Licenciatura, 1% de
Bacharelado e Licenciatura e 1,4% Tecnológico.
Quanto à nacionalidade, 99,2% dos (as) estudantes nasceram no Brasil e 0,8%
são estrangeiros. A maioria relativa de estudantes das IFES nasceu no estado de Minas
Gerais, seguido do Rio de Janeiro e São Paulo, o que torna a região Sudeste a região de
origem da maioria relativa dos (as) discentes das IFES.
Quanto ao ano de fundação das IFES, há quarenta instituições consolidadas,
criadas há mais de 40 anos, dezessete médio consolidadas, fundadas entre 10 e 25 anos,
e oito novas IFES, instituídas nos últimos 10 anos, tomando-se como referência fevereiro
de 2018, quando a V Pesquisa foi iniciada.
Trata-se de patrimônio público robusto, construído ao longo de quase 100 anos,
cujo último arranque, ocorrido no período 2002 até 2013, foi responsável pela sua quase
duplicação.
Das 36 universidades brasileiras classificadas entre as melhores do mundo, 32
são públicas. As 20 universidades que mais produzem ciência no Brasil são públicas: 15
são universidades federais e 5 estaduais (EXAME, 2018).
O aumento recente deste patrimônio foi possível pelo aporte de recursos e
volume de bens e serviços, entre os quais da Assistência Estudantil, que, ao longo de
quase uma década, diversificou o tipo de cobertura e demanda assistida.
Foram ampliados os focos, objetivos e instrumentos de cobertura da assistência
estudantil, tais como, inclusão digital, acessibilidade, apoio pedagógico, ampliação dos
itens de suporte à moradia (mobília, gás, internet etc.), amparo para estudantes com
filhos, incorporação da participação dos estudantes na definição de políticas de
Assistência Estudantil e, muito especialmente, as modificações na política de bolsas
adotadas pelas IFES (FONAPRACE/ANDIFES, 2018).

30
1.2.2 Sobre o relatório
Decidiu-se pela elaboração de um relatório que desenhasse o perfil nacional dos
graduandos das IFES, com recorte regional ou estadual, sem identificação dos dados por
universidade e Cefet.9
Os eixos do relatório foram elaborados e analisados, tomando-se as principais
tendências obtidas com as frequências simples de cada questão contida no questionário,
cruzadas com variáveis de recorte, buscando testar e verificar a consistência dos dados
encontrados. As variáveis de recorte foram discutidas e estabelecidas em reunião do
Observatório FONAPRACE, realizada em Uberlândia nos dias 29 e 30 agosto, e em
reunião com a equipe de analistas, ocorrida dias 27 e 28 de setembro de 2018. Na IV
pesquisa as variáveis de recorte foram sexo, cor, região e renda. Em 2018, vê-se com
facilidade, elas foram significativamente ampliadas.
As variáveis de recorte são: Sexo (p300); Faixa etária (agrupamento da p.200);
Cor ou raça (p600); Renda mensal bruta do grupo familiar e renda mensal per capita
(p5600 e p5701); Estudantes ocupados (agrupamento da p5000); Natureza
administrativa da escola de ensino médio (agrupamento da p1400); Região geográfica do
campus (agrupamento de campus conforme região); Faixa de ano de ingresso
(agrupamento do ano de ingresso)10.
Muito embora interesse a este relatório a análise de todas as variáveis e perfis,
optou-se por enfatizar o que se tem chamado de estudantes “vulneráveis”. Isto porque a
concepção da pesquisa tem origem no FONAPRACE, órgão assessor da ANDIFES. O
FONAPRACE tem sido um dos principais espaços de formulação e reflexão sobre as
políticas de assistência estudantil do país e foi o lócus de onde emergiu, dentre outras
ações, o próprio PNAES. Seu objetivo é garantir que as políticas estudantis impeçam que
vulnerabilidades sociais obstaculizem a fruição do direito à educação. Ou seja, objetiva-

9 Optou-se por desenvolver uma análise de natureza a partir de comparações com dados das pesquisas de
perfil anteriores, eventualmente com o Censo do Ensino Superior/MEC, Pnad Contínua/IBGE,
Censo/IBGE. A equipe de relatores foi composta por Darcilene Claudio Gomes, Davisson Charles Cangussu
de Souza (UNIFESP), João Feres Júnior (UERJ), Leonardo Barbosa e Silva (UFU) e Patrícia Vieira Trópia
(UFU). O desenho amostral foi elaborado por André Santiago Maia (FUNDACENTRO/BA). A equipe foi
coordenada por Patrícia Vieira Trópia (UFU), com secretaria de Fernanda Duarte Belisário. Contamos com
a participação de Marcelo Tragtenberg (UFSC) que, por motivos estritamente pessoais, não pode
efetivamente participar da fase de redação do relatório.
10 As faixas de ano de ingresso criadas foram: Ingressantes 2018, Ingressantes 2017; Ingressantes 2013-

2016; Ingressantes até 2012. Faixa de ano de ingresso e Região de campus são variáveis de recorte cujos
dados foram obtidos a partir de informações fornecidas pelas IFES.

31
se que quaisquer desigualdades não obstem o acesso às oportunidades educacionais. De
quais desigualdades trataremos?
O FONAPRACE utiliza recorrentemente o termo vulnerabilidades para identificar
situações de desigualdades, frequentes na Política Nacional de Assistência Social
(PNAS). Considera-se vulneráveis, os
“indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade,
pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em
termos étnico, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de
deficiências; exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas
públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violência
advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não
inserção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e
alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco
pessoal e social” (BRASIL; CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL, 2004).

Neste sentido, quando se fala em vulnerabilidades em termos gerais, interessa-se


pela condição decorrente da pobreza e da privação (ausência de renda, precário ou
inexistente acesso aos serviços públicos), da fragilização de vínculos afetivos, relacionais
e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências,
dentre outras). Tem-se claro que não se trata, simples e exclusivamente, de uma condição
de renda, na medida em que é possível estar vulnerável em muitas situações sem que
sua renda familiar mensal per capita esteja abaixo dos parâmetros do PNAES. Mais do
que isto, vulnerabilidades distintas podem se combinar, multiplicando seus efeitos.
Não obstante parta de uma percepção ampla das vulnerabilidades e busque
sempre captá-las no público observado, neste relatório são recorrentes as análises
relativas à variável de recorte “renda familiar mensal per capita”. A razão para tal
encontra-se no próprio PNAES. O Programa define o público alvo das políticas por ele
financiadas através da chave de renda familiar mensal per capita de “até um e meio
salários mínimos”. Com efeito, para que o relatório cumpra os objetivos de jogar luz sobre
as condições de vulnerabilidade e instrumentalize as políticas de assistência, optou-se
por tratar das várias formas de perda de vínculos social, afetivo, relacionais e de
pertencimento, enfatizando, todavia, a privação de renda.
Por fim, espera-se que os dados apresentados neste Relatório levantem
importantes questões que possam ser aprofundadas em pesquisas futuras.

32
1.2.3 Sexo dos (as) graduandos (as)
A tendência de crescimento da participação do sexo feminino se confirma ao
longo das pesquisas de perfil estudantil da IFES, enquanto que na composição nacional
da população as proporções permaneceram estáveis ao longo dos anos, com ligeira
superioridade deste sexo. Partindo de uma proporção praticamente idêntica à
populacional na pesquisa de 1996, a participação de estudantes do sexo feminino cresceu,
pesquisa após pesquisa, até alcançar em 2018 sua superioridade, em torno de 3 pontos
percentuais (p.p).
A superioridade de estudantes do sexo feminino nas IFES (3,5 p.p. acima da
composição nacional) pode ser compreendida pois elas já são maioria absoluta também
no ensino médio e, por sua vez, estudantes do sexo masculino, egressos ou evadidos do
ensino médio, têm entrada “precoce” no mercado de trabalho.

Tabela 1-6 Sexo dos (as) estudantes das IFES – 1996 a 2018 (%)

Sexo Pesquisa 1996¹ 2003¹ 2010¹ 2014¹ 2018


IFES 51,4 53,0 53,5 52,4 54,6
Feminino
PNAD/IBGE 51,2 51,2 51,0 51,6 51,1
IFES 48,6 47,0 46,5 47,5 45,1
Masculino
PNAD/IBGE 48,8 48,8 49,0 48,4 48,9
Sem declaração - - - 0,2 0,3
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Pesquisas Anuais de Domicílios (1996, 2003 e 2014) e
Censo 2010. V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
¹ FONAPRACE/ANDIFES (1997, 2004, 2011, 2016).

No que toca à distribuição do sexo dos estudantes das IFES nas regiões, houve
um aumento da proporção feminina em 2018 em relação à pesquisa passada, com exceção
da região Centro-Oeste onde essa proporção permaneceu estável. No Nordeste o
crescimento foi da ordem de 2 p.p., no Sul em torno de 2,5 p.p. e no Sudeste atingiu 3 p.p.
Em todas as regiões estudantes do sexo feminino superam os do sexo masculino na
composição do corpo discente das IFES (Tabela 1-7). Tomados os Estados, elas são
maioria, exceto no Ceará e no Rio Grande do Norte.

33
Tabela 1-7 Graduandos (as) e população brasileira por sexo, segundo região geográfica de campus – 1996
a 2018 (em %)
Região Sexo Pesquisa 1996¹ 2003¹ 2010¹ 2014¹ 2018
IFES 54,9 53,8 ND 53,3 53,4
Feminino
PNAD/Censo 50,6 50,7 50,4 50,5 51,0
Centro-Oeste IFES 45,1 46,2 ND 46,5 46,3
Masculino
PNAD/Censo 49,4 49,3 49,7 49,5 49,0
Sem declaração IFES - - - 0,2 0,3
IFES 51,0 51,4 ND 50,6 52,5
Feminino
PNAD/Censo 51,4 51,0 51,2 51,8 51,2
Nordeste IFES 49,0 48,6 ND 49,3 47,2
Masculino
PNAD/Censo 48,6 49,0 48,8 48,2 48,8
Sem declaração - - - 0,1 - 0,3
IFES 53,3 57,0 ND 51,8 55,1
Feminino
PNAD/Censo 50,8 50,8 49,5 49,9 49,8
Norte IFES 46,7 43,0 ND 48,1 44,7
Masculino
PNAD/Censo 49,2 49,2 50,5 50,1 50,2
Sem declaração IFES - - - 0,1 0,2
IFES 52,3 53,4 ND 53,8 56,7
Feminino
PNAD/Censo 51,3 51,6 51,4 51,9 51,6
Sudeste IFES 47,7 46,6 ND 46,0 43,0
Masculino
PNAD/Censo 48,7 48,4 48,6 48,1 48,4
Sem declaração IFES - - - 0,2 0,3
IFES 47,7 52,6 ND 52,6 55,2
Feminino
PNAD/Censo 51,0 51,1 50,9 51,5 51,0
Sul IFES 52,3 47,4 ND 47,1 44,4
Masculino
PNAD/Censo 49,0 48,9 49,1 48,5 49,0
Sem declaração IFES - - - 0,3 0,4
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Pesquisas Anuais de Domicílios (1996, 2003 e 2014) e
Censo 2010. V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
¹ FONAPRACE/ANDIFES (1997, 2004, 2011, 2016).

1.2.4 Faixa etária dos (as) graduandos (as)

A idade média dos estudantes de graduação apresentou estabilidade em relação


à pesquisa de 2014, que, por seu turno, mostrou uma elevação da média etária dos (as)
discentes que se mantinha estável em cerca de 23 anos desde a primeira pesquisa até
2010, conforme Tabela 1-8.

Tabela 1-8 Média de idade dos (as) graduandos (as) segundo sexo - 1996 a 2018 (em %)
Sexo 1996¹ 2003¹ 2010¹ 2014¹ 2018
Feminino 23,0 - - 24,2 24,0
Masculino 23,3 - - 24,9 24,7
Sem declaração - - - 25,5 24,9
Total 23,1 23,0 23,0 24,5 24,4
Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
¹FONAPRACE/ANDIFES (1997, 2004, 2011, 2016).

34
Na distribuição desses estudantes por faixas etárias da Tabela 1-9, pode-se
notar que houve uma redução, entre 1996 e 2014, do grupo daqueles com menos do que
20 anos, com aumento das faixas maiores ou iguais a 25 anos. Em 2018, contudo, vemos
uma retomada do grupo com menos do que 20 anos, que aumentou sua participação em
3,7%.

Tabela 1-9 Graduandos (as) segundo a faixa etária – 1996 a 2018 (%)
Idade (faixa) 1996¹ 2003¹ 2010¹ 2014¹ 2018
Menor que 20 21,4 23,8 16,8 14,9 18,6
De 20 a 24 53,8 53,8 57,7 51,9 49,3
De 25 a 29 14,6 12,5 16,4 18,4 17,3
Maior ou igual a 30 10,2 9,9 9,1 14,7 14,8
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
¹FONAPRACE/ANDIFES (1997, 2004, 2011, 2016).

1.2.5 Cor ou Raça dos (as) graduandos (as)


As mudanças na composição de cor e raça dos estudantes das IFES foram
bastante significativas nos últimos 15 anos.
A primeira pesquisa não investigou esse tema, o que nos impede de estender a
análise àquele período. A partir dos dados de 2003 nota-se um crescimento da
participação de pardos e pretos e uma diminuição dos brancos, que eram 59,4% dos
estudantes e passaram a ser 43,3% em 2018 (Tabela 1-10). Tal mudança é, em parte,
resultado da adoção de políticas de ação afirmativa nas universidades federais, que
começaram a ser implantadas de modo pontual e autônomo a partir de 2005 e foram se
espalhando ao longo dos anos por todo o sistema de educação superior federal,
particularmente a partir da criação do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (Reuni), de 2007, e da criação de um programa
federal de ação afirmativa obrigatório por meio da Lei nº 12.711 de 2012. De 2003 a 2018
os pardos aumentaram sua participação entre estudantes em 11 p.p. e os pretos mais que
dobraram.

35
Tabela 1-10 Graduandos (as) e população brasileira segundo Cor ou Raça – 1996 a 2018 (%)
Cor ou Raça Pesquisa 1996¹ 2003¹ 2010¹ 20142 2018
IFES - 4,5 3,1 2,3 2,1
Amarela
PNAD/IBGE 0,4 0,4 1,1 0,5 0,4
IFES - 59,4 53,9 45,7 43,3
Branca
PNAD/IBGE 55,2 52,0 47,7 45,5 38,6
IFES - 28,3 32,1 37,8 39,2
Parda
PNAD/IBGE 38,2 41,5 43,1 45,1 52,5
IFES - 5,9 8,7 9,8 12,0*
Preta
PNAD/IBGE 6,0 5,9 7,6 8,6 8,1
IFES - 2,0 0,9 0,6 0,9**
Indígena
PNAD/IBGE 0,2 0,2 0,4 0,4 0,4
IFES - - - 3,8 2,5
Sem declaração
PNAD/IBGE - - - - -
Fontes: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Pesquisas Anuais de Domicílios (1996, 2003 e 2014) e
Censo 2010. V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
¹FONAPRACE/ANDIFES (1997, 2004, 2011, 2016).
* Pretos, em 2018, corresponde a soma das categorias “Pretos – não quilombolas” e “Pretos quilombolas”.
** Indígenas, em 2018, corresponde a soma das categorias “Indígenas Não Aldeados” e “Indígenas Aldeados”.

É interessante notar que no mesmo período o perfil de cor e raça da população


também se transformou, com um aumento expressivo daqueles que se declaram pretos e
pardos e diminuição dos brancos. Mesmo assim, o crescimento de pretos, pardos e
indígenas entre estudantes das IFES foi superior ao seu crescimento na população
brasileira. A tabela 1-11 mostra que houve crescimento ininterrupto, em números
absolutos, de estudantes brancos (as), pretos (as) e pardos (as) no período 2003-2018.
Entre estudantes amarelos (as) o ciclo é também de crescimento, registrando-se pequena
queda entre 2003 e 2010. Entre indígenas, houve queda em 2010 e 2014, relativamente
a 2003. Mas em 2018 a participação indígena supera o número identificado em 2003.

Tabela 1-11 Graduandos (as) segundo Cor ou Raça – 2003 a 2018


Cor ou Raça 2003¹ 2010¹ 2014¹ 2018
Amarela 21.122 20.079 21.977 25.643
Branca 278.811 353.871 429.149 520.008
Parda 132.834 210.498 354.688 470.227
Preta 27.693 57.218 92.240 143.599
Indígena 9.388 6.102 6.014 10.736
Outra - 8.399 -
Sem declaração - - 35.536 30.087
Total 469.848 656.167 939.604 1.200.300
Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
¹ FONAPRACE/ANDIFES (1997, 2004, 2011, 2016).

36
Houve forte expansão do sistema de educação superior pública no período,
liderado pelas federais, mas isso não é necessariamente garantia de inclusão racial, pois
tal expansão poderia ter se dado em moldes excludentes, ou mesmo conservando o status
quo. Não foi ao que assistimos.
A partir de 2014, quando as cotas raciais nas federais já acumulavam quase 10
anos de existência e já surtia efeito a Lei nº 12.711 (Lei das Cotas) (BRASIL, 2012), em
seu segundo ano de implantação, pretos e pardos somados ultrapassaram os brancos
entre os graduandos. Em 2014 sua participação era somente 1,9 p.p. superior à de seus
colegas brancos. Em 2018 essa diferença atingiu 7,9 p.p, marca bastante expressiva dado
o histórico de exclusão desses grupos em espaços de prestígio social e poder, como as
universidades públicas.

Tabela 1-12 Graduandos (as) segundo Cor ou Raça por região – 1996 a 2018 (%)
Região Cor e Raça Pesquisa 1996¹ 2003¹ 2010¹ 2014¹ 2018
IFES - 5,3 4,5 3,0 2,6
Amarela
PNAD/Censo 0,6 0,4 1,5 0,5 0,6
IFES - 51,8 51,2 41,8 42,1
Branca
PNAD/Censo 48,3 43,0 41,8 39,9 36,4
IFES - 35,1 33,9 39,7 40,5
Parda
PNAD/Censo 46,6 51,8 49,1 51,2 54,3
Centro-Oeste IFES - 6,3 8,5 10,6 11,1
Preta
PNAD/Censo 4,0 4,5 6,7 8,1 8,3
IFES - 1,5 0,6 0,6 0,8
Indígena
PNAD/Censo 0,5 0,4 0,9 0,4 0,4
IFES - - - 4,4 2,9
Sem declaração
PNAD/Censo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Outra IFES - - 1,5 - -
IFES - 6,3 4,1 3,0 2,4
Amarela
PNAD/Censo 0,1 0,2 1,2 0,1 0,2
IFES - 44,2 37,1 31,0 28,4
Branca
PNAD/Censo 30,6 28,6 29,4 27,0 23,2
IFES - 38,1 43,5 49,3 50,3
Parda
PNAD/Censo 62,9 64,6 59,4 61,9 67,3
Nordeste IFES - 8,6 12,5 12,9 15,5
Preta
PNAD/Censo 6,1 6,5 9,5 10,5 9,0
IFES - 2,9 1,7 0,6 0,9
Indígena
PNAD/Censo 0,2 0,2 0,4 0,4 0,2
IFES - - - 3,2 2,4
Sem declaração
PNAD/Censo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Outra IFES - - 1,1 - -

37
IFES - 5,3 4,3 2,4 2,2
Amarela
PNAD/Censo 0,4 0,3 1,1 0,2 0,3
IFES - 33,0 24,9 22,1 19,0
Branca
PNAD/Censo 28,5 26,4 23,5 22,1 19,1
IFES - 51,6 55,0 60,7 61,4
Parda
PNAD/Censo 67,2 69,2 66,9 69,3 72,9
Norte IFES - 6,8 13,4 10,6 13,1
Preta
PNAD/Censo 3,7 3,9 6,6 6,9 6,3
IFES - 3,3 1,9 1,8 2,7
Indígena
PNAD/Censo 0,2 0,2 1,9 1,4 1,5
IFES - - - 2,4 1,6
Sem declaração
PNAD/Censo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Outra IFES - - 0,6 -
IFES - 3,1 1,8 2,0 1,9
Amarela
PNAD/Censo 0,6 0,6 1,1 0,8 0,6
IFES - 70,1 64,9 53,5 50,8
Branca
PNAD/Censo 65,4 62,0 55,2 53,0 46,3
IFES - 20,6 24,7 30,2 32,2
Parda
PNAD/Censo 26,5 30,3 35,7 36,8 42,6
Sudeste IFES - 4,7 6,5 9,2 11,7
Preta
PNAD/Censo 7,4 6,9 7,9 9,2 10,4
IFES - 1,5 0,3 0,4 0,4
Indígena
PNAD/Censo 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1
IFES - - - 4,8 2,9
Sem declaração
PNAD/Censo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Outra IFES - - 1,8 -
IFES - 2,5 1,8 1,5 1,7
Amarela
PNAD/Censo 0,4 0,4 0,7 0,6 0,4
IFES - 88,2 84,6 75,0 74,0
Branca
PNAD/Censo 85,9 82,3 78,5 76,0 76,5
IFES - 6,4 9,0 14,6 15,5
Parda
PNAD/Censo 10,5 13,5 16,5 18,9 19,2
Sul IFES - 2,3 3,1 5,0 6,1
Preta
PNAD/Censo 3,1 3,7 4,1 4,3 3,8
IFES - 0,6 0,4 0,3 0,4
Indígena
PNAD/Censo 0,1 0,2 0,3 0,3 0,1
IFES - - - 3,7 2,3
Sem declaração
PNAD/Censo 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Outra IFES - - 1,1 - -
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): Pesquisas Anuais de Domicílios (1996, 2003 e 2014) e
Censo 2010. V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
¹ FONAPRACE/ANDIFES (1997, 2004, 2011, 2016).

Outra consequência da universalização dos critérios dos programas de ação


afirmativa nas IFES aparece quando desagregamos os dados por estado e se calcula o
38
Índice de Inclusão Racial (IIR) criado pelo GEMAA (Grupo de Estudos Multidisciplinares
sobre Ação Afirmativa – IESP/UERJ), que corresponde à proporção agregada de pretos,
pardos e indígenas entre os estudantes, dividida pela proporção desses grupos na
população de cada unidade da federação, como na Tabela 1-13.

Tabela 1-13 Graduandos (as) por cor ou raça, segundo as unidades da federação – 2018 (em %)
%PPI Pop.
UF Branca Parda Preta* Indígena** Amarela IIR
Geral
AC 15,7 66,8 11,6 1,1 3,0 74,3 1,07
AL 27,0 53,2 12,4 0,8 3,3 67,2 0,99
AM 20,4 65,6 5,3 3,6 2,9 77,9 0,95
AP 21,9 59,2 14,5 1,5 1,6 75,0 1,00
BA 18,0 46,7 30,5 1,1 1,3 76,7 1,02
CE 29,2 56,4 9,1 1,0 2,2 66,8 0,99
DF 41,8 39,4 12,0 0,5 2,1 56,2 0,92
ES 47,5 37,0 11,2 0,5 1,3 57,2 0,85
GO 40,8 43,4 10,4 0,4 2,3 56,7 0,95
MA 21,8 53,7 18,6 1,2 2,3 76,7 0,95
MG 47,1 37,3 10,7 0,2 1,6 53,7 0,89
MS 47,1 38,5 7,1 2,4 3,1 51,5 0,93
MT 34,6 45,2 14,3 1,3 2,5 61,4 0,99
PA 17,7 62,4 14,8 1,5 2,1 77,3 1,01
PB 34,5 50,5 8,6 1,2 3,4 58,9 1,02
PE 35,5 45,7 11,6 1,4 2,7 62,4 0,94
PI 22,0 58,5 14,6 0,3 2,7 73,5 0,99
PR 74,1 17,6 3,6 0,2 2,7 28,5 0,74
RJ 49,1 31,4 14,9 0,4 1,3 51,8 0,90
RN 42,9 44,8 8,0 0,3 2,0 57,8 0,91
RO 25,7 54,6 11,7 4,2 1,9 63,3 1,11
RR 15,9 55,1 6,1 20,8 1,1 78,1 1,05
RS 78,8 11,4 6,6 0,4 0,5 16,4 1,11
SC 85,0 9,0 2,7 0,4 0,8 15,6 0,77
SE 18,8 60,4 16,2 0,5 2,6 70,5 1,09
SP 61,0 24,2 8,2 0,3 3,8 34,7 0,94
TO 16,2 54,9 23,7 2,0 2,3 73,2 1,10
Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
* Pretos corresponde a soma das categorias “Pretos – não quilombolas” e “Pretos quilombolas”.
** Indígenas corresponde a soma das categorias “Indígenas Não Aldeados” e “Indígenas Aldeados”.

É notável o fato de que o Índice de Inclusão Racial flutue em torno de 1 na


maioria das unidades da federação, ou seja, o perfil racial dos estudantes das IFES se
aproxima bastante daquele da população.

39
Até o advento da Lei de Cotas, em 2012, as IFES públicas da região Sudeste
tinham sido bastante resistentes à adoção de políticas de ação afirmativa. A legislação
forçou as federais a adotar tais políticas. As consequências, após 6 anos de funcionamento
dos critérios, são visíveis.

1.2.6 Renda mensal bruta do grupo familiar e renda mensal per capita familiar dos (as)
graduandos (as)

A distribuição dos (as) discentes por faixas de renda, principal variável na


delimitação das políticas de assistência estudantil das IFES, é muito provavelmente um
dos dados mais esperados e importantes da V Pesquisa.

Renda mensal bruta do grupo familiar


De partida e considerando a renda mensal bruta do grupo familiar dos
estudantes (por faixas em salários mínimos), é possível estabelecer algumas comparações
com as duas últimas pesquisas anteriores, a despeito de aspectos metodológicos
diferenciais na captação do dado sobre renda11.
Inicialmente, identifica-se um aumento no percentual de estudantes sem renda
de 0,5% em 2010 para 1,1% em 2014, seguido de queda, em 2018, quando alcança 0,7%.
Eram quase 10 mil graduandos (as) em 2014 e, em 2018, são 8.570.
A maioria relativa dos (as) discentes concentra-se em 2010, 2014 e 2018 na faixa
“Mais de 1 a 2 SM”, respectivamente 18,1%, 23,4% e 23,5%.
Embora nacionalmente 23,5% dos (as) estudantes estejam concentrados (as) na
faixa de renda mensal bruta do grupo familiar “Mais de 1 a 2 SM”, este percentual varia
segundo as regiões do país. Três a cada 10 estudantes das regiões Norte e Nordeste,
31,7% e 28,2% respectivamente, têm renda mensal bruta do grupo familiar na faixa de

11Em 2014 a pergunta sobre renda foi por faixa de renda o que levou a coordenação da pesquisa a estimar
a renda per capita e a faixa até 1 e meio salários mínimos. Na versão atual, as questões relativas a renda
(renda do trabalho e renda mensal bruta do grupo familiar) foram abertas, de modo que pudéssemos
comparar médias e agrupar a renda por faixas em Salários Mínimos. O detalhamento das questões do
questionário encontra-se no item “Desenho metodológico da pesquisa”, na parte final deste Relatório.
Toma-se como referência o valor do salário mínimo praticado a partir de 01/01/2018 até 31/12/2019:
R$954,00 (novecentos e cinquenta e quatro reais).

40
“Mais de 1 a 2 SM”, enquanto nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a relação é de
aproximadamente dois a cada 10 estudantes, 18,3%, 19,5% e 20,4% respectivamente.
O percentual de estudantes com renda mensal bruta do grupo familiar de “Até
3 SM” não se alterou de 2014 para 2018. São 50,9%, o que significa, em números
absolutos, 473.215 estudantes em 2014 e 592.822, em 2018.
Regionalmente, nota-se diferenças significativas também nesta faixa de renda.
A maioria absoluta dos (as) estudantes do Norte, 67,4%, e do Nordeste, 62,2%, tem renda
mensal bruta do grupo familiar “Até 3 SM”, enquanto nas regiões Sul, Sudeste e Centro-
Oeste este percentual é de 39,9%, 42,1% e 42,9%. A maior diferença é de 27,5 p.p. entre
as regiões Sul e Norte.
Já chamava a atenção que 25,3% dos (as) estudantes do Centro-Oeste tinha
renda mensal bruta do grupo familiar “Acima de 10 SM”, em 2010, caindo para 17,3% em
2014, mantendo-se próximo a este percentual (16,8%), em 2018. Mas as diferenças
regionais continuam acentuadas, pois no Norte apenas 5,6% de discentes, e no Nordeste
7,6%, têm renda mensal bruta do grupo familiar “Acima de 10 SM”. A renda média
mensal bruta do grupo familiar em 2018 é de R$4.326,56.

41
Tabela 1-14 Graduandos (as), por região geográfica, segundo Faixa de Renda Bruta do Grupo Familiar
Faixa de Renda Bruta do Grupo Familiar - Série Histórica / Por região do País

Região do campus
BRASIL
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

2010*

2014*

2018

2010

2014

2018

2010

2014

2018

2010

2014

2018

2010

2014

2018

2010

2014

2018
Freq. 559 1454 862 1233 2854 2328 724 2528 3128 169 2211 1443 312 922 809 2953 9989 8570

Sem renda % (L) 18,9 14,6 10,1 41,8 28,6 27,2 24,5 25,4 36,5 5,7 22,2 16,8 10,6 9,3 9,4 100,0 100,0 100,0

% (C) 0,8 1,2 0,6 0,6 1,1 0,7 0,4 0,9 0,9 0,2 1,3 0,7 0,5 0,9 0,7 0,5 1,1 0,7

Freq. 1175 2806 5292 1921 7243 11248 503 2007 3229 282 11727 1825 263 828 1155 4134 14661 22749

Até meio SM % (L) 28,4 19,2 23,3 46,5 49,6 49,4 12,2 13,7 14,2 6,8 11,8 8,0 6,4 5,7 5,1 100,0 100,0 100,0

% (C) 1,7 2,3 3,6 1,0 2,7 3,3 0,3 0,7 0,9 0,3 1,0 0,9 0,4 0,8 1,0 0,6 1,6 2,0

Freq. 12721 19218 24725 20439 44862 52163 7526 17452 19615 3968 10963 9322 2,83 7,01 7032 47572 99505 112857

Mais de meio a 1 SM % (L) 26,7 19,3 21,9 43,0 45,1 46,2 15,8 17,5 17,4 8,3 11,0 8,3 6,0 7,1 6,2 100,0 100,0 100,0

% (C) 18,0 15,9 16,9 10,1 16,9 15,1 3,7 6,1 5,6 3,5 6,6 4,6 4,1 7,1 5,9 7,3 10,6 9,7

Freq. 20288 35964 46258 46539 75567 97243 27268 53977 68039 15152 36056 37359 9699 18936 24468 119029 220229 273367

Mais de 1 a 2 SM % (L) 17,0 16,2 16,9 39,1 34,3 35,6 22,9 24,5 24,9 12,7 16,4 13,7 8,2 8,6 9,0 100,0 100,0 100,0

(C) 28,7 29,5 31,7 23,0 28,5 28,2 13,6 18,8 19,5 13,4 21,6 18,4 14,0 19,0 20,4 18,1 23,4 23,5

Freq. 9889 16687 22180 30487 38960 53923 26987 42729 56151 15772 26760 32777 9990 13734 18818 93110 138870 183849

Mais de 2 a 3 SM (L) 10,6 12,0 12,1 32,7 28,1 29,3 29,0 30,8 30,5 16,9 19,3 17,8 10,7 9,9 10,2 100,0 100,0 100,0

% (C) 14,0 13,8 15,2 15,1 14,7 15,6 13,4 14,9 16,1 14,0 16,1 16,1 14,4 13,8 15,7 14,2 14,8 15,8

Freq. 6590 9817 13755 21491 21806 35792 20808 29268 46397 13359 17444 27598 5968 9280 14752 68241 87615 138294

Mais de 3 a 4 SM % (L) 9,7 11,2 10,0 31,5 23,1 25,9 30,5 33,4 33,6 19,6 19,9 20,0 8,7 10,6 10,7 100,0 100,0 100,0

(C) 9,3 8,1 9,4 10,6 7,2 10,4 10,3 10,2 13,3 11,9 10,5 13,6 8,6 9,3 12,3 10,4 9,3 11,9

Freq. 4269 9155 7627 13505 19182 20064 17025 29022 29080 9526 17263 17123 4576 8519 8591 48884 83141 82485

Mais de 4 a 5 SM % (L) 8,7 11,0 9,3 27,6 23,1 24,3 34,8 34,9 35,3 19,5 20,8 20,8 9,4 10,3 10,4 100,0 100,0 100,0

% (C) 6,0 7,6 5,2 6,7 7,2 5,8 8,5 10,1 8,3 8,5 10,4 8,4 6,6 8,6 7,2 7,5 8,9 7,1

Freq. 2902 6796 8011 11524 13059 20201 16462 22490 30660 9369 12425 19159 4119 6814 10443 44357 61583 88474

Mais de 5 a 6 SM % (L) 6,5 11,0 9,1 26,0 21,2 22,8 37,1 36,5 34,7 21,1 20,2 21,7 9,3 11,1 11,8 100,0 100,0 100,0

% (C) 4,1 5,6 5,5 5,7 4,9 5,9 8,2 7,8 8,8 8,3 7,5 9,4 6,0 6,9 8,7 6,8 6,6 7,6

42
Freq. 2102 4148 3601 7703 8726 9976 9821 16433 16608 6133 8701 9821 3088 5225 5105 28806 43234 45111

Mais de 6 a 7 SM % (L) 7,3 9,6 8,0 26,7 20,2 22,1 34,1 38,0 36,8 21,3 20,1 21,8 10,7 12,1 11,3 100,0 100,0 100,0

% (C) 3,0 3,4 2,5 3,8 3,3 2,9 4,9 5,7 4,8 5,4 5,2 4,8 4,5 5,3 4,3 4,4 4,6 3,9

Freq. 2194 2334 2498 7581 5423 6916 9559 9839 11960 5738 5759 7034 4278 3479 3634 29331 26835 32042

Mais de 7 a 8 SM % (L) 7,5 8,7 7,8 25,9 20,2 21,6 32,6 36,7 37,3 19,6 21,5 22,0 14,6 13,0 11,3 100,0 100,0 100,0

% (C) 3,1 1,9 1,7 3,8 2,1 2,0 4,8 3,4 3,4 5,1 3,5 3,5 6,2 3,5 3,0 4,5 2,9 2,8

Freq. 1387 2648 2307 4347 5229 6957 6641 9961 11537 2796 5314 7409 1675 3503 3574 16798 26655 31784

Mais de 8 a 9 SM % (L) 8,3 9,9 7,3 25,9 19,6 21,9 39,5 37,4 36,3 16,6 19,9 23,3 10,0 13,1 11,2 100,0 100,0 100,0

% (C) 2,0 2,2 1,6 2,2 2,0 2,0 3,3 3,5 3,3 2,5 3,2 3,6 2,4 3,6 3,0 2,6 2,8 2,7

Freq. 2216 2571 824 10735 4970 2255 16904 11447 4182 8376 4762 2701 4908 4032 1386 43110 27782 11348

Mais de 9 a 10 SM % (L) 5,1 9,3 7,3 24,9 17,9 19,9 39,2 41,2 36,9 19,4 17,1 23,8 11,4 14,5 12,2 100,0 100,0 100,0

% (C) 3,1 2,1 0,6 5,3 1,9 0,7 8,4 4,0 1,2 7,4 2,9 1,3 7,1 4,1 1,2 6,6 3,0 1,0

Freq. 4509 7861 8219 24658 17203 26115 40993 39933 49041 22097 17368 30040 17508 17209 20142 109711 99574 133557

Mais de 10 SM % (L) 4,1 7,9 6,2 22,5 17,3 19,6 37,4 40,1 36,7 20,1 17,4 22,5 16,0 17,3 15,1 100,0 100,0 100,0

% (C) 6,4 6,5 5,6 12,2 6,5 7,6 20,4 13,9 14,0 19,6 10,4 14,8 25,3 17,3 16,8 16,7 10,6 11,5

Freq. 70788 121187 146159 202169 266084 345181 201242 287087 349627 112738 166752 203611 69230 99494 119909 656167 939604 1164487

TOTAL % (L) 10,8 12,9 12,6 30,8 28,2 29,6 30,7 30,6 30,0 17,2 17,2 17,8 10,6 10,6 10,3 100,0 100,0 100,0

% (C) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos graduandos das IFES (2018).
*FONAPRACE/ANDIFES (1997, 2004, 2011, 2016).

43
Renda mensal per capita familiar
Dividindo-se a renda mensal bruta do grupo familiar pelo número de membros
da família, encontra-se a renda mensal per capita dos (as) discentes.
O MEC destina recursos para as IFES aplicarem em políticas de assistência
estudantil. A aplicação deste recurso é regulada pelo Decreto Nº 7.234, de 19 de Julho de
2010, que define como público alvo prioritário estudantes oriundos da rede pública de
educação básica ou com renda familiar per capita de “até um salário mínimo e meio”,
razão pela qual descobrir o percentual de estudantes nesta faixa de renda passa a ser
decisivo como referência para ações e políticas das IFES.
Na IV Pesquisa o percentual de estudantes com renda per capita familiar de
“Até 1 e meio SM” não pode ser diretamente calculado, dado que o questionário utilizado
apresentava apenas a faixa de renda “Mais de 1 e até 2 SM”. Entretanto, por
interpolação, obteve-se o percentual de estudantes com renda “Até 1 e meio SM”
(R$1.086,00) que alcançou, em 2014, 66,2% do total de estudantes, cerca de 2/3 da
população.
Na V Pesquisa, o percentual de estudantes inseridos na faixa de renda mensal
familiar per capita “até 1 e meio SM” cresceu 4 p.p., alcançando 70,2% do universo
pesquisado.
Do total dos estudantes, 26,6% vivem em famílias com renda per capita de “até
meio SM” e 26,9% com renda per capita “mais de meio a 1 SM”. Neste sentido, mais da
metade (53,5%) dos (as) graduandos (as) pertence a famílias com renda mensal per capita
“até 1 SM”. Na faixa de renda per capita “mais de 1 a 1 e meio SM” estão 16,6%. Inseridos
na faixa “Mais de 1 e meio SM” encontram-se 26,9% deste público e 3,0% não
responderam (Tabela 1-14).12
Em números absolutos 319.342 estudantes estão na faixa de renda per capita “Até
meio SM”.

12Na V Pesquisa, as faixas de renda per capita familiar foram definidas a posteriori, a partir da informação
nominal sobre a renda mensal bruta do grupo familiar. Neste sentido, ganhou-se maior exatidão na
produção deste dado. Visando ainda eliminar vieses sempre existentes na coleta de dados sobre renda, tal
como sobejamente aponta a bibliografia, definiu-se como “não respondentes” todos os valores de renda
bruta familiar menores que R$100,00 (cem reais) e maiores que R$50.000,00 (cinquenta mil reais), de tal
modo que a renda mensal per capita de até 1 e meio SM alcança 70,2% da população-alvo (incluídos os que
não responderam) ou 72,3%, excluídos os que não responderam. Neste relatório, trabalhamos com os dados
de renda incluindo os não respondentes.

44
No primeiro quartil encontram-se estudantes com renda per capita familiar até
R$450,00, enquanto no último quartil se situam aqueles com renda per capita familiar
acima de R$1500,00.

Tabela 1-15 - Graduandos (as), por Faixa de Renda Per capita do Grupo Familiar
Faixa de renda mensal familiar per capita %
Até meio SM 26,6
Mais de meio a 1 SM 26,9
Mais de 1 a 1 e meio SM 16,6
Sub-total Até 1 e meio SM 70,2
Mais de 1 e meio a 3 SM 16,7
Mais de 3 a 5 SM 5,9
Mais de 5 a 7 SM 2,8
Mais de 7 a 10 SM 0,8
Mais de 10 a 20 SM 0,6
Mais de 20 SM 0,1
Não respondeu 3,0
Total 100,0
Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

Quando se considera apenas os (as) estudantes dentro da faixa de renda mensal


familiar per capita de “Até 1 e meio SM”, 37,9% tem renda per capita de “Até meio SM”
e 76,3% de “Até 1 SM”. Ou seja 3 a cada 4 estudantes que atendem ao perfil de renda
definido pelo Decreto que dispõe sobre o PNAES têm renda per capita na faixa de “Até 1
SM”, conforme .

45
Gráfico 1-4 Graduandos (as) com renda mensal familiar per capita até 1 e meio SM, segundo faixa de renda
- 2018

23,7
37,9

38,4

Até meio SM Mais de meio a 1 SM Mais de 1 a 1 e meio SM

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

O percentual de estudantes com renda mensal familiar per capita de “Até 1 e


meio SM” cresceu em todas as regiões (Tabela 1-16). A região Nordeste - que continha,
em 2014, o mais alto percentual de estudantes incluídos na faixa de renda per capita “Até
1 e meio SM” - teve um crescimento, em 2018, de 1,64 p.p.. Todavia, com crescimento de
5,73 p.p., o Norte ultrapassou o Nordeste de modo que, em 2018, aquela região contém o
maior percentual de estudantes nesta faixa de renda: 81,9%.13 Cresceu o percentual de
discentes com renda inferior a 1 e meio SM também na região Sudeste (5,62 p.p.). No Sul,
o aumento foi pouco significante, mas no Centro-Oeste foi revelador pois cresceu 7,53 p.p.
Este aumento no Centro-Oeste tirou a região da condição de melhor renda, que agora é
ocupada pelo Sul.
Este crescimento deveu-se ao aumento percentual de estudantes inseridos em
famílias com renda mensal per capita “Mais de 1 a 1 e meio SM”. Nota-se que caiu, em
todas as regiões, o percentual de estudantes com renda mensal familiar per capita de

13
A base material destas mudanças no perfil de renda regional pode estar associada à dinâmica econômica,
marcada pela agudização da crise, menos cruel na região Nordeste que ficou, de acordo com a literatura,
em parte blindada. O estudo de Araújo (2017) mostra que o PIB do Nordeste passou a acompanhar de perto
o movimento cíclico da dinâmica econômica nacional e tendeu a apresentar taxa de incremento um pouco
menor do que a média do país, nas fases de expansão, e taxa de retração menor nos momentos de crise. A
autora mostra que o padrão de crescimento na região, ocorrido nos anos 2000, afetou positivamente o
Nordeste em função da dinâmica econômica e do mercado de trabalho, além do aumento na renda
resultante da adoção de políticas sociais. Afirma inclusive que houve redução da desigualdade
intrarregional nos indicadores do mercado de trabalho, renda e demografia.

46
“Até meio SM”. E variou de região a região o percentual daqueles com renda per capita
“Mais de meio a 1 SM”.

Tabela 1-16 Graduandos (as) com Renda Mensal Familiar Per Capita “Até 1 e meio SM”, por região
geográfica, segundo Faixa de Renda Mensal Per Capita - 2018
Faixa Renda mensal per capita
Região do campus
Brasil
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Ano 2014* 2018 2014* 2018 2014* 2018 2014* 2018 2014* 2018 2014* 2018
Até Freq. 55621 67706 121388 135873 64265 64046 36408 28617 22677 23101 300359 319343
meio
SM % (C) 45,9 44,8 45,8 38,3 22,3 17,8 21,8 13,6 22,8 18,6 32,0 26,6

Até Freq. 80643 106169 178359 230436 128653 164261 76254 84807 42837 56935 506746 642608
1 SM % (C) 66,5 70,2 67,3 64,9 44,8 45,6 45,7 40,4 43,1 45,9 53,9 53,5
Até Freq. 92189 123789 203225 278093 169912 233386 100676 127747 55886 79011 621887 842026
1e
meio % (C) 76,1 81,9 76,7 78,3 59,2 64,8 60,4 60,9 56,2 63,7 66,2 70,2
SM
Total Freq. 121187 151182 265084 355041 287087 360160 166752 209887 99494 124032 939604 1200302

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
*FONAPRACE/ANDIFES (2016).

A renda média nominal familiar per capita dos (as) discentes é de R$1.328,08,
muito próxima da renda nominal mensal domiciliar per capita da população residente no
Brasil, que, em 2018, é de R$1.373,00 (IBGE, 2018).
Regionalmente, todavia, há discrepâncias, conforme a Figura 1-3. As regiões
Norte e Nordeste encontram-se abaixo da renda nominal média nacional. Na região Norte
a renda nominal média per capita é R$884,28, menos de 1 SM, e no Nordeste de
R$1.046,62. No Sudeste a renda média per capita é de R$1.510,89, no Sul é de R$1.632,42
e na região Centro-Oeste a renda média é de R$1.631,20.

47
Figura 1-3 Renda mensal nominal familiar per capita de até 1 e meio SM, por região geográfica

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

48
A V Pesquisa revela que 53,5% dos (as) graduandos das IFES estão na faixa de
renda mensal familiar per capita de “Até 1 SM” e 70,2% na faixa de renda mensal familiar
per capita de “Até 1 e meio SM”.
É importante notar que, em um país marcado por profundas desigualdades
sociais e educacionais, o (a) estudante universitário (a) não faz parte da camada mais
pobre da população, já que os setores mais pobres e miseráveis nem mesmo chegam a
concluir o Ensino Médio, principal fator de exclusão ao Ensino Superior.
Não obstante, é revelador que o percentual de estudantes pertencentes a
famílias com renda mensal per capita “Até 1 e meio SM” tenha saltado de 44,3%, em
1996, para 66,2% em 2014, alcançando 70,2% em 2018, o maior patamar da série
histórica.
Verifica-se que o crescimento no percentual de estudantes inseridos na faixa de
renda mensal familiar per capita “até 1 e meio SM” foi maior nas subfaixas de renda
“mais de meio a 1SM” (de 21,96% para 26,93%) e “mais de 1 a 1 e meio SM” (de 12,26%
para 16,61%). Por sua vez, a faixa de renda “até meio SM” sofreu uma inflexão (de 31,97%
para 26,61%), expressão da conjuntura econômica recente, marcada pela crise e pela
implementação de políticas de austeridade fiscal (OLIVEIRA, 2019).

49
Gráfico 1-5 Percentual de (as) graduandos (as) das IFES, segundo faixas de renda mensal familiar per
capita selecionadas, por ano de realização da Pesquisa de Perfil – 1996 – 2018 (em %)

80,00
70,2
66,2
70,00

16,61
60,00 12,26

50,00 44,3 42,8 43,7

21,96
40,00 26,93

30,00 30,50
30,90 33,60

20,00
31,97
26,61
10,00
10,50
11,10 9,60
3,30 0,80
0,00 0,50
1996 2003 2010 2014 2018
até meio SM mais de meio a 1 SM mais de um a um e meio SM

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
FONAPRACE/ANDIFES (1997, 2004, 2011, 2016).

1.2.7 Estudantes ocupados (as)


Sensível à trajetória acadêmica dos (as) discentes trabalhadores (as), a equipe
responsável pela V Pesquisa elegeu também a variável “estudantes ocupados (as)” como
recorte.
Em 2014 o percentual de estudantes trabalhadores (as) era de 35,3%, 5,4 p.p a
mais do que em 2018. Em 2018, do total de discentes, 29,9% são trabalhadores (as). Por
sua vez 40,6% não trabalham mas estão à procura de trabalho, ou seja estão
desempregados, e 29,5% não trabalham (inativos).
Estudantes ocupados (as) têm um perfil específico, quando isolados (as) da
população-alvo das IFES.
Estudantes ocupados do sexo masculino são majoritários (50,1%), pretos e
pardos perfazem 50,4%, 7 a cada 10 estudantes trabalhadores (as) são solteiros (as) –

50
diferentemente, 9 a cada 10 estudantes que não trabalham são solteiros (as). Estão
concentrados (as) em cursos das áreas de Ciências Sociais Aplicadas e Ciências
Humanas, não coincidindo com as áreas de conhecimento predominantes entre os não
trabalhadores. Estes concentram-se mais nas áreas de Engenharias e Ciências da Saúde.
Outra especificidade dos (as) estudantes trabalhadores (as) é o fato de serem
mais velhos (as) pois a maioria está na faixa etária de “25 anos e mais”, em contraste com
a faixa etária de “18 a 24 anos” na qual se situam quase ¾ dos (as) não trabalhadores
(as).
Em relação ao vínculo com o trabalho, é importante ressaltar que 24,4% são
estagiários (as), sendo os (as) demais trabalhadores (as) formais e informais. Do total de
estudantes ocupados (as), 31,7% tem carteira assinada e 17,0% são funcionários (as)
públicos (as). Têm vínculos precários (sem carteira assinada, sem carteira assinada ou
com contrato ajudando familiares, com contrato temporário em uma empresa,
organização social ou órgão estatal) 20,0% dos estudantes ocupados (as) e outro tipo de
contrato 7,0%. Trabalham mais de 30 horas semanais 45,9% dos (as) estudantes ocupados
(as), o que certamente afeta o tempo e as condições de estudo.
A maioria absoluta dos (as) estudantes ocupados (as) recebe “Até 1 e meio SM”
(62,2%). Dentre estudantes ocupados (as) que recebem “Até 1 e meio SM”, pouco mais de
¼ é o (a) principal mantenedor (a) do seu grupo familiar. Entre aqueles (as) que recebem
“Mais de 1 e meio a 3 SM”, 49,1% são os (as) mantenedores (as) de seu grupo familiar,
enquanto entre os (as) que recebem “Mais de 3 SM”, 73,1% são os (as) mantenedores (as)
principais. Do total de ocupados (as), 37,8% são mantenedores (as) principais de seu
grupo familiar.
Estudam no período noturno 48,4% dos (as) estudantes ocupados (as) e, destes,
26,0% frequentam cursos no turno Diurno e 25,6% no Integral. Dentre estudantes do
Noturno, quase metade são trabalhadores (as). Estudantes ocupados que frequentam o
turno Noturno vieram de escolas públicas de Ensino Médio no percentual de 72,1%,
quando o percentual de nosso público-alvo oriundo da rede pública de Ensino Médio é
64,7%.
Frequentam semanalmente o espaço das bibliotecas 44,1% dos (as) estudantes
ocupados (as). Dentre eles, 27,7% não as frequentam e 28,2% o faz menos de uma vez

51
por semana. Por sua vez, 78,8% dos (as) estudantes trabalhadores (as) estudam até 10
horas semanais fora da sala de aula, enquanto 21,2% estudam mais de 10 horas.
Estudantes ocupados (as) se informam, em 51,9% dos casos, pela mídia
eletrônica formal (Jornal, Revista, Portais de notícias etc.); 54,9% deles (as) afirmam que
aumentou o número de obras literárias lidas depois que entraram na universidade; 45,2%
indicam o aumento do número de filmes assistidos depois de seu ingresso na
universidade; e, finalmente, 42,8% indicam o aumento de sua participação política.
A maioria relativa dos (as) estudantes ocupados (as) - 46,1% - usa transporte
coletivo (Metrô, ônibus, van, embarcação, trem etc.) para se deslocar até a universidade,
enquanto 34,1% usa transporte próprio (carro, moto etc.).
Sobre eventuais dificuldades que interferem em suas vidas e no contexto
acadêmico, nota-se que questões materiais de natureza financeira, hábito de estudo,
carga de trabalhos estudantis e tempo de deslocamento tendem a afetar estudantes
ocupados (as), ainda que, fundamentalmente, em pequena proporção. Por exemplo, afeta
18,4% dos (as) ocupados (as) o tempo de deslocamento até o local de estudo, 19,3%
dificuldades financeiras, 19,7% deles são afetados por carga excessiva de trabalhos
estudantis.
O que interfere mesmo na trajetória acadêmica destes estudantes é a jornada
trabalhada. Mais de 1/3 dos (as) estudantes trabalhadores (as) são afetados (as) pela
carga horária excessiva de trabalho (34,0%), forte indicador de que é o trabalho – e não o
estudo em si - o evento que mais interfere em suas vidas e no contexto acadêmico.
Corrobora esta interpretação o dado captado sobre eventual abandono do curso.
Dentre estudantes ocupados (as), 54,3% pensaram em abandonar o curso, 1,5
p.p. acima da média. Dentre as razões para tal, 23,6% alegam dificuldades financeiras e
25,1% o nível de exigência (carga elevada de trabalhos acadêmicos). Todavia, mais da
metade dos (as) ocupados (as) indica dificuldade de conciliar trabalho e estudo. Dentre
estudantes ocupados que fizeram trancamento de matrícula, 37,0% alegou motivo de
trabalho, contra apenas 9,9% que alegou insatisfação com o curso. Finalmente, um dado
interessante do perfil de estudantes ocupados (as) é sua perspectiva após formado (a). A
cada 10 estudantes, apenas 1 faria um novo curso, enquanto 4 a cada 10 fariam pós-
graduação.

52
Nas últimas décadas as instituições federais de ensino superior abriram suas
portas, sob o imperativo das políticas educacionais como o REUNI, para estudantes
trabalhadores (as). Este público representa hoje 29,9% da população-alvo. A bibliografia
indica que a ampliação deste público específico depende da expansão das vagas em cursos
noturnos, as quais, por sua vez, representam hoje, nas IFES, 29,3% do total de suas
matrículas (INEP, 2014).

1.2.8 Natureza administrativa da escola de Ensino Médio dos (as) graduandos (as)
Há algum tempo, quase dois terços da população discente das IFES cursa o
ensino médio em escolas públicas. Em 2014, o percentual de estudantes que havia
cursado integralmente, ou na maior parte do tempo, escolas públicas de ensino médio era
de 64,0%.
Em 2018, estudantes que cursaram ensino médio em escolas públicas são
maioria absoluta (64,7%), praticamente o mesmo percentual encontrado na pesquisa de
2014. Estudaram em escolas particulares 35,3%.

53
Gráfico 1-6 - Graduandos (as) segundo tipo de escola de Ensino Médio, por Unidade da Federação, 2018

120,0%

100,0%

80,0%

60,0%

40,0%

20,0%

0,0%
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO

Somente em escola pública Maior parte em escola pública


Somente em escola particular Maior parte em escola particular
Somente em escola particular com bolsa Maior parte em escola particular com bolsa

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

A maioria dos graduandos cursou o ensino médio em escolas públicas, qualquer


que seja a Unidades da Federação, exceto o Distrito Federal. O predomínio de estudantes
oriundos do sistema público de ensino médio também se verifica em todas as áreas do
conhecimento do CNPq.
Outra revelação importante trazida pelo dado diz respeito ao fato de que as cotas
têm reservado metade das vagas para este público, portanto uma parcela tem ingressado
via ampla concorrência, prescindindo da reserva de vagas, sobretudo por sua
insuficiência para atender ao público demandante potencial.

1.2.9 Região Geográfica de campi dos (as) graduandos (as)


A distribuição dos (as) graduandos (as) por região geográfica de campi, em 2018,
revela que o Sudeste tem reduzido predomínio sobre o Nordeste, mas juntas estas regiões
perfazem 59,6% do total de matrículas nas IFES.
O percentual de discentes por região é superior ao percentual populacional por
região no Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste. Exceção é a região Sudeste onde, como se
nota pela Tabela 1-17, o percentual populacional é superior ao de discentes.

54
Tabela 1-17 Graduandos (as) segundo a região geográfica de campus – 2018
População por
Região Freq. %
região (%)*
Norte 151.182 12,6 8,7

Nordeste 355.041 29,6 27,2

Sudeste 360.160 30,0 42,1

Sul 209.887 17,5 14,3

Centro-Oeste 124.031 10,3 7,7

Nacional 1.200.300 100,0 100,0


Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).
* Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais (2012)

1.2.10 Ano de ingresso dos (as) graduandos (as)


A variável ano de ingresso permite captar aspectos das trajetórias e dos
percursos acadêmicos de discentes em alguns momentos do curso: na condição de
ingressantes, veteranos e formandos.
Criou-se a variável “Faixa de ano de ingresso”, a partir da informação sobre ano
de ingresso, agrupado nos seguintes intervalos: ingressantes em 2018 (13,6%),
ingressantes em 2017 (20,0%), ingressantes no período 2013-2016 (54,3%), bem como de
ingressantes até 2012 (12,0%).
Os efeitos da implementação de novos mecanismos de recrutamento de
discentes para as IFES, que levou à substituição total ou parcial dos tradicionais
vestibulares pelo Sistema de Seleção Unificada – SISU, bem como da adoção da política
de cotas, são claramente verificados quando se analisa os “Meios de ingresso” e “Formas
de ingresso” segundo “Faixa de ano de ingresso”, por exemplo.
O percentual de discentes que ingressou por meio do ENEM/SISU em 2018 é
mais do que o dobro, relativamente aos ingressantes até 2012. Relação inversa se observa
quando a forma de ingresso é o “Vestibular”.
À medida que dista do presente, maior é o percentual de discentes que entrou
via processos seletivos vestibulares.
O percentual de discentes que ingressou por meio de “Avaliação Seriada” é de
2,6%, média que é ultrapassada pelos estudantes que ingressaram até 2012. Não se
altera significativamente, segundo a faixa de ano de ingresso, o percentual de estudantes
que entraram nas IFES por meio de Convênio PEC – G (em média 0,2%), por

55
Transferência (2,0%) ou “Sobrevaga” (0,3%), embora o percentual seja ligeiramente
menor para os ingressantes até 2012.

Tabela 1-18 Graduandos (as) por ingresso, segundo faixa de ano de ingresso - 2018

Transferência
ENEM/SISU

Portador de
Vestibular

Sobrevaga

respondeu
Avaliação

Convênio
(PEC G)

diploma
Seriada

Total
Não
Freq. 27222 3659 125866 251 3063 2290 701 0 163052
Ingressante 2018 % (L) 16,7 2,2 77,2 0,2 1,9 1,4 0,4 0,0 100,0
% (C) 8,6 11,7 15,6 9,0 13,0 13,9 21,9 0,0 13,6
Freq. 38488 5608 186250 416 4936 4044 812 13 240567
Ingressante 2017 % (L) 16,0 2,3 77,4 0,2 2,1 1,7 0,3 0,0 100,0
% (C) 12,1 18,0 23,1 14,9 21,0 24,6 25,3 26,5 20,0
Freq. 169152 16888 441285 1618 13194 8425 1524 28 652114
Ingressante 2013-2016 % (L) 25,9 2,6 67,7 0,2 2,0 1,3 0,2 0,0 100,0
% (C) 53,2 54,2 54,8 58,1 56,0 51,3 47,5 57,1 54,3
Freq. 82951 4998 51895 499 2367 1678 171 8 144567
Ingressante até 2012 % (L) 57,4 3,5 35,9 0,3 1,6 1,2 0,1 0,0 100,0
% (C) 26,1 16,0 6,4 17,9 10,0 10,2 5,3 16,3 12,0
Freq. 317813 31153 805296 2784 23560 16437 3208 49 1200300
Total % (L) 26,5 2,6 67,1 0,2 2,0 1,4 0,3 0,0 100,0
% (C) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

O efeito da adoção das cotas é também claramente verificado quando se analisa


a variável “Forma de ingresso”.
À medida que o ano de ingresso do estudante se aproxima do presente, tende a
diminuir o percentual de ingressantes por ampla concorrência e, contrariamente, a
aumentar o percentual de cotistas. Além disso, o efeito da política de cotas na “Faixa de
ano de ingresso” é notório qualquer que seja a modalidade de cotas considerada.

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Gráfico 1-7 Graduandos (as), por forma de ingresso, segundo faixa de ano de ingresso – 2018
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Ingressante até Ingressante 2013- Ingressante 2017 Ingressante 2018
2012 2016

Ampla Concorrência Cotas

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

Como resumo das variáveis de recorte temos o seguinte perfil discente das IFES
brasileiras: 54,6% do universo pesquisado é composto por estudantes do sexo feminino,
um crescimento de 3 p.p. relativamente a 2014.
A média etária é de 24,43 anos, sendo que estudantes na faixa de “20 a 24 anos”
permanecem maioria, embora tenha crescido quase 4 p.p. estudantes na faixa “Menos de
20 anos”.
Aumentou o percentual de negros (pretos quilombolas, pretos não quilombolas
e pardos) que, pela primeira vez no espectro temporal das pesquisas de perfil da
ANDIFES/FONAPRACE, alcança a maioria absoluta do universo pesquisado. Ainda que
o perfil de cor e raça da população brasileira também tenha se alterado, de 2014 para
2018, o aumento de pretos, pardos e indígenas identificado pela V Pesquisa foi superior
ao crescimento populacional.
Cresceu o percentual de estudantes com renda mensal familiar per capita “até
1 e meio SM” – de 66,2% em 2014 para 70,2% em 2018 -, um aumento de 4 p.p., ou seja,
em 2018, 7 a cada 10 discentes estão incluídos neste perfil de renda coberto pelo PNAES.
A V Pesquisa pode ter captado as mudanças regionais econômicas – em
particular na renda – ocorridas nos últimos quatro anos no país. É interessante verificar
que a região Nordeste concentrava o maior percentual de estudantes com renda mensal
familiar per capita de “Até 1 e meio SM” em 2014 mas foi ultrapassada pela Norte.
Cresceu também o percentual de estudantes com renda mensal familiar per capita de

57
“Até 1 e meio SM” no Sudeste e no Centro-Oeste de tal modo que a menor proporção
destes estudantes se encontra no Sul do país.
Estudantes trabalhadores constituem 29,9%, dentre os quais 48,4% estudam no
período noturno.
Do total de discentes das IFES, 64,7% estudaram integral ou a maior parte do
tempo em escolas públicas de ensino médio, dado que coloca por terra a distorcida
imagem da “trajetória invertida”, segundo a qual estudantes das públicas federais vieram
do ensino médio privado. A trajetória estudantil dominante hoje nas IFES é de ingresso
de estudantes que cursaram Ensino Médio público.
Finalmente em termos regionais, Sudeste e Nordeste quase empatam em
densidade populacional do universo pesquisado. O Sudeste concentra 30,0% dos
discentes, enquanto o Nordeste 29,5%.
A seguir apresenta-se a síntese dos principais resultados encontrados.

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2. SÍNTESE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS

O que mudou em relação ao Perfil Básico?


A tendência de crescimento da participação discente do sexo feminino continua
ascendente, alcançando 54,6% da população-alvo, um aumento 3,2% em 2018,
relativamente a 1996. Em todas as regiões geográficas, discentes do sexo feminino
superam os do sexo masculino na composição do corpo discente das IFES. O exame dos
dados relativos à distribuição regional de graduandos por declaração de sexo novamente
revela homogeneidade. É importante insistir nessa característica das IFES, pois a alta
desigualdade regional é um dos problemas históricos mais renitentes da sociedade
brasileira.
Há uma associação entre o sexo dos graduandos e sua distribuição pelas áreas do
conhecimento. Estudantes do sexo masculino aparecem na proporção de 2 para 1 nas
Ciências Exatas e da Terra e Engenharias, enquanto o inverso se verifica nas Ciências
da Saúde, Ciências Biológicas, Ciências Humanas e Linguística e Letras.
A superioridade numérica do sexo feminino nas IFES brasileiras, em todas as
regiões e 3,5 p.p. acima da composição feminina da população brasileira, é expressão de
um fenômeno que se verifica no próprio percurso educacional e muito antes delas
entrarem no ensino superior, posto que já são maioria no ensino médio. Ademais, pessoas
do sexo feminino buscam o ensino superior como forma de reduzir as desigualdades
sociais, almejando carreiras e remuneração que lhes garantam minimamente conciliar,
por exemplo, maternidade e trabalho, em determinado momento profissional, e usufruir
de benefícios e direitos trabalhistas. Baseando-nos em uma abordagem relacional da
divisão sexual, há que se ponderar que a subrepresentação de estudantes do sexo
masculino no ensino médio e no superior também tem relação com a entrada “precoce”
no mercado de trabalho, que cultural e socialmente é deles mais exigida.
A idade média dos (as) discentes é de 24,43 anos. Registra-se pequena queda
relativamente a 2014, quando alcançou a maior média de toda a série histórica com 24,54
anos.
A primeira grande descoberta da V Pesquisa diz respeito ao perfil racial estudantil
nas IFES brasileiras. Aumentou o percentual de negros (as) [pretos (as)quilombolas,
pretos (as) não quilombolas e pardos(as)] que, pela primeira vez no espectro temporal das

59
pesquisas de perfil da ANDIFES, alcança a maioria absoluta do universo pesquisado:
51,2%. Outro dado impactante é o número de indígenas aldeados e pretos quilombolas.
Dobrou o número de indígenas aldeados. Eram 2.329, em 2014, chegando a 4.672 em
2018. Em relação a pretos quilombolas, eram 4.231 e hoje são 10.747. O contingente
estudantil de pretos quilombolas cresceu cerca de uma vez e meia, ou seja 154%. Ainda
que o perfil de cor e raça da população brasileira também tenha se alterado, no período
2014-18, o aumento de pretos, pardos e indígenas identificado pela V Pesquisa foi
superior ao crescimento populacional.

Figura 2-1 Cor e raça dos (as) graduandos (as) – 2018

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

60
As perguntas sobre gênero e orientação sexual foram inovações do questionário da
V Pesquisa. Como previsto, a proporção de graduandos (as) que se declararam trans, na
questão sobre gênero, é bem pequena, da ordem de 0,2% em todo país. Aqueles que se
declaram cis são maioria, tanto entre mulheres como homens, mas se agruparmos todos
os respondentes que negam tal identidade, obtemos uma proporção nacional de 11,6%,
com um pico de 18,2% na região Norte. Tais números nos levam a pensar que a
universidade pública de fato é um espaço onde a heteronormatividade, para não dizer
cis-normatividade, tende a ser cada vez mais questionada. No que diz respeito à
orientação sexual, pouco mais de 1/5 dos (as) discentes não se classifica como
heterossexual.
O percentual de estudantes que têm filhos continua muito próximo daquele
identificado pela IV Pesquisa. São 11,4%, de tal modo que cerca de 1 a cada 10 discentes
tem filhos. Dentre estudantes com 4 ou mais filhos, a maioria absoluta (53,4%) é do sexo
masculino. Dentre estudantes com 1 filho quase 60% são do sexo feminino. À medida que
cresce o número de filhos (as) diminui o percentual de estudantes do sexo feminino, o que
indica que maternidade e vida acadêmica são mais difíceis de conciliar, quando
estudantes elas têm mais de 1 filho (a). Estado civil tem peso sobre a condição de
paternidade e maternidade de discentes, pois têm filhos (as) 82,7% dos (as) viúvos (as),
72,3% dentre os (as) que são separados (as), 53,7% dos (as) casados (as) e apenas 3,9%
dos (as) solteiros (as). A maioria absoluta de estudantes solteiros (as) com filhos (as) é,
notadamente, do sexo feminino: 68,5%.
Outra descoberta da V Pesquisa é o crescimento do percentual de estudantes
inseridos na faixa de renda mensal familiar per capita de “Até 1 e meio SM”, balizada
pelos critérios de cobertura do PNAES. De forma robusta, a V Pesquisa revela que 70,2%
do total de discentes das IFES têm renda mensal per capita de “Até 1 e meio SM”, 4 p.p.
acima do perfil identificado em 2014. Regionalmente há discrepâncias, mas em todas elas
o percentual de estudantes inseridos nesta faixa de renda está acima de 60% da
população-alvo. O Nordeste era, em 2014, a região com o maior percentual de estudantes
na faixa de renda mensal familiar per capita de “Até 1 e meio SM”, tendo sido superado,
em 2018, pelo Norte. Por seu turno, o Centro-Oeste, que em 2014 concentrava o menor
percentual, foi ultrapassado pelo Sul. A renda mensal per capita média do grupo familiar
da população-alvo é de R$1.328,08.

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A Figura 2-2 sintetiza o perfil básico dos (as) graduandos das 63 universidades
federais e dos Cefets MG e RJ por região geográfica.

Figura 2-2 Perfil básico dos (as) graduandos (as) por região geográfica dos campi das IFES - 2018

62
Como moram e se deslocam? Em que situação trabalha quem estuda? E qual a renda
dos (as) graduandos das IFES, em 2018?
Pouco mais de ¾ dos (as) graduandos (as) residem no município onde cursam a
graduação (77,2%), enquanto 22,8% fazem uso da migração pendular para estudar. O
perfil dos (as) discentes que vão e voltam diariamente é engrossado por pretos (as)
quilombolas e a indígenas aldeados, enquanto na outra ponta, entre os que mais residem
nos municípios onde estudam, se encontram estudantes trabalhadores.
Residir no município onde cursa a graduação não é o único indicador de qualidade
de vida dos (as) estudantes, principalmente porque não revela a distância e o tempo de
deslocamento diário. Porém, a análise desta variável permite indicar que se trata de um
distintivo social.
Estudantes que residem e estudam no mesmo município são, majoritariamente, do
sexo feminino (54,7%). Os dados mostram também que 44,6% são brancos (as), 49,9%
negros (as) e 68,3% pertencem a famílias com renda mensal familiar per capita “até 1 e
meio SM”. O percentual que estudou em escolas públicas é de 62,9%. A maioria relativa
não trabalha e está à procura de trabalho (39,6%), reside em capitais e estuda em campus
sede nas regiões Nordeste e Sudeste.
Estudantes expostos (as) à situação de migração pendular são majoritariamente do
sexo feminino (54,6%); 55,2% são negros (as) e 39% brancos (as) e 76,3% pertencem a
famílias com renda mensal familiar per capita “até 1 e meio SM”. O percentual de
estudantes que frequentaram escola pública é de 71,1p.p. A maioria ingressou por ampla
concorrência (52,4%), mas o percentual de cotistas é de 47,6 p.p.
A maioria dos (as) estudantes que residem e estudam no mesmo município leva
menos de 30 minutos no deslocamento diário até o campus (58,3%), mas 25,4% gasta
mais de 30 minutos a 1 hora e 16,3% mais de 1 hora diária de deslocamento. Aqueles
que não residem no município onde estudam despendem, como esperado, mais tempo no
deslocamento diário até o campus: 22,4% gasta menos de 20 minutos, 28,9% mais de 30
minutos a 1 hora e 48,7% mais de 1 hora.
Relativamente à IV Pesquisa, houve aumento na proporção de estudantes que
vivem na casa dos pais [pais, mães ou responsáveis] e a redução de quem vive em
“república”. Também é notória a diminuição da porcentagem daqueles (as) que vivem em
moradia coletiva, na casa de amigos e em moradias pertencentes à universidade. Ora,

63
apesar da construção de residências universitárias em algumas IFES nos últimos anos,
o aumento da população estudantil pode ter sido proporcionalmente maior do que de
vagas nas moradias estudantis criadas ou ampliadas. As demais situações de moradia
pouco se alteraram entre uma pesquisa e outra. Há uma leve tendência de estudantes do
sexo masculino morarem em “república” e do sexo feminino na casa dos pais [pais, mães
ou responsáveis], o que, em hipótese, tem relação com a construção simbólica de papéis
de gênero.
Todavia, é notável a maior tendência de estudantes do Sudeste de viver em
“república”; a menor tendência de viver na casa dos pais [pais, mães ou responsáveis] e
de outros familiares e a maior tendência a viver sozinho (a), em “república”, pensão e
casa de amigos (as) por parte de estudantes do Sul; e a maior tendência de viver na casa
de pais/mães e familiares por parte dos estudantes do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Os fatores regionais aqui presentes são complexos, pois envolvem questões culturais e
socioeconômicas que escapam à nossa análise. Entrementes, a maior tendência à forte
presença de “república” no Sudeste pode ser a forma que os estudantes encontram de
driblar os altos preços do aluguel nas grandes metrópoles desta região.
Foi identificada pela V Pesquisa uma relação entre tipo de moradia e faixa de ano
de ingresso. À medida que avança na graduação, uma parcela de estudantes abandona a
casa dos pais [pais, mães e responsáveis] ou de outros familiares, bem como outras formas
transitórias como casa de amigos (as) e pensões, e cresce a parcela dos que estabelecem
família indo morar com companheiro/a ou cônjuge.
À medida que aumenta o tempo de ingresso, cresce o percentual de estudantes que
passam a utilizar dos equipamentos de moradia universitários, exceto entre os que
ingressaram até 2012. Entre ingressantes 2018, 1,2% vivem em moradia pertencente à
universidade, entre ingressantes 2017, são 1,7%. Entre ingressantes 2013-2016 são 2,1%,
percentual que cai para 1,5p.p. entre ingressantes até 2012. Neste caso, informações
sobre existência de moradia estudantil e processos de solicitação deste benefício podem
ser mais acessíveis internamente e à medida que os (as) graduandos (as) avançam no
curso. Por sua vez, os (as) que ingressaram até 2012 utilizariam menos os equipamentos
de moradia em função de se encontrarem no final do curso – próximos, portanto, ao
período de formatura –, ou em situações especiais de conclusão e já inseridos no mercado
de trabalho.

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Captado pela V Pesquisa, a maior proporção de residentes em moradias
universitárias está entre estudantes pretos e indígenas, do sexo masculino, das regiões
Nordeste, Sudeste e Sul, que ingressaram entre 2013-2016 por cotas, que estudaram em
escola púbica, que são inativos ou se encontram desocupados e que possuem renda per
capita familiar de até 1,5 SM.
Discentes do sexo feminino usam mais transporte coletivo e do sexo masculino
compensam esta diferença utilizando com maior frequência transporte próprio e bicicleta.
Como se sabe, culturalmente, a figura masculina é mais incentivada tanto ao uso do
automóvel quanto à prática esportiva. Por sua vez, embora o transporte coletivo seja
reconhecidamente um espaço de assédio sexual – ao ponto de nas grandes metrópoles
existirem vagões em trens e metrô exclusivos para o sexo feminino –, o deslocamento a
pé ou de bicicleta expõe este sexo a situações de igual violência e vulnerabilidade. O
percentual de pedestres é mais alto entre pretos (as) quilombolas e indígenas aldeados
(as). Já o percentual de discentes que usam transporte próprio é mais elevado entre
amarelos e brancos que perfazem 46,7% do total.
Se o meio de transporte utilizado expressa a condição socioeconômica de estudantes,
o tempo gasto no deslocamento tem relação com a qualidade de vida estudantil, até
mesmo pelo impacto que têm sobre o tempo disponível para os estudos.
Aproximadamente metade dos (as) discentes (49,9%) leva mais de 30 minutos para
chegar à universidade, totalizando pelo menos 1 hora no trajeto diário, enquanto pouco
menos de ¼ gasta mais de 1 hora em cada trajeto, totalizando nada mais nada menos do
que 2 horas no trajeto diário. Duas horas no trajeto diário! Este tempo supera a média
do deslocamento diário do (a) trabalhador (a) brasileiro (a) nas grandes metrópoles,
média que coloca o Brasil como um dos países com maiores problemas em relação à
questão do deslocamento urbano. Segundo estudo do IPEA (2013), no ano de 2009 o tempo
médio de viagem nas áreas metropolitanas analisadas era de 38 minutos contra 23,3
minutos nas áreas não metropolitanas. Na comparação internacional apontada pelo
estudo, São Paulo e Rio de Janeiro, bem como a média das regiões metropolitanas
brasileiras, aparecem atrás apenas de Xangai e à frente de diversas cidades do mundo,
tais como Londres, Nova Iorque e Tóquio. Muito embora as universidades federais e os
Cefets estejam majoritariamente concentrados em cidades do interior, é nas capitais que
se concentra a maioria absoluta dos (as) pesquisados (as).

65
Um dos objetivos da implantação do REUNI foi promover a descentralização das
IFES, especialmente a sua interiorização, permitindo maior capilaridade e cobertura
geográfica do acesso ao Ensino Superior federal gratuito no Brasil. Ainda assim, a
persistência da centralização territorial da universidade pública no Brasil obriga muitos
estudantes a trajetos intermunicipais e a enfrentar o trânsito engarrafado nas regiões
metropolitanas. Se, por um lado, as dimensões do território brasileiro e a concentração
populacional em grandes metrópoles são fatores que explicam os grandes deslocamentos
de uma parcela dos estudantes, por outro, a ineficiência da rede de transporte contribui
para a ampliação do tempo gasto no trajeto até à universidade. Nesse sentido, estudantes
que vivem em cidades vizinhas ou regiões distantes do campus, tendencialmente
inseridos no perfil socioeconômico mais desfavorecido, são aqueles que mais sofrem com
este problema, o que justifica e releva o caráter imperativo de políticas de assistência
estudantil como o auxílio à moradia e ao transporte.
Existe uma correlação entre distância percorrida e desejo de abandonar o curso, mas
é uma relação fraca. À medida que aumenta a distância para o deslocamento, cresce a
frequência com que discentes pensam em abandonar seus cursos. Os dados da V Pesquisa
mostram que, entre estudantes que se deslocam “Menos de 1 km”, a metade já pensou
em abandonar o curso. Entre discentes que precisam se deslocar “Entre 1 e 5 km”, 51,9%
já pensaram em abandono. O deslocamento de “5 a 10 km” eleva este percentual para
52,5%; de “10 a 50 km” é de 53,9%, de “50 a 100 km” é de 55,9% e mais de 100 km
permanece próximo à última faixa, com 55,8%.
A análise do deslocamento estudantil mostra ainda algumas questões julgadas
centrais para o planejamento das políticas educacionais em consonância com a vida nas
cidades brasileiras, sobretudo nas metrópoles:
1) a precariedade da infraestrutura urbana e a ineficiência do transporte público,
tendo em vista que diversas estatísticas mundiais colocam as metrópoles brasileiras no
topo das que possuem maiores níveis de congestionamento e tempo médio de
deslocamento para o trabalho (o que também se aplica ao estudo, como vimos);
2) a necessidade de intermediação do Ministério da Educação com os governos
estaduais e municipais para a promoção de políticas de investimento em infraestrutura
urbana, melhoria e gratuidade do transporte que facilitem o acesso aos campi
universitários;

66
3) o investimento do Governo Federal em moradias estudantis que contribuam para
fixar estudantes nas imediações da universidade, diminuindo a distância percorrida e o
tempo de deslocamento, incentivando a utilização de meios de transporte não
motorizados que possibilitem a melhoria da qualidade de vida e o aumento do tempo de
estudo como forma de aprimorar o rendimento acadêmico.
A V Pesquisa revela claramente que há um déficit de moradia estudantil nas
universidades brasileiras, pois 22,8% dos (as) estudantes não residem no município onde
cursa a graduação, 23,69% gastam mais de 1 hora e 39,6% percorrem mais de 10km no
trajeto até a universidade. Ademais a ausência de moradia estudantil na maioria dos
campi, bem como o processo de gentrificação nos bairros universitários, inclusive em
regiões de implantação recente das IFES, contribui para a não fixação dos estudantes
nas imediações do campus, obrigando-os a longos deslocamentos, o que diminui o tempo
para os estudos.
Um breve exercício para estimar o déficit de moradia estudantil nas universidades
brasileiras revela o tamanho do desafio que reitorias das IFES têm pela frente. Levando-
se em conta o deslocamento de mais de 50km e a renda per capita familiar de “Até 1 e
meio SM” como critérios para o acesso à moradia estudantil, conclui-se, apenas com base
nestes critérios, que 6,4% de estudantes das IFES seriam potenciais residentes de
moradias estudantis, porcentagem que é aproximadamente 3,5 vezes maior do que o total
de estudantes que vivem atualmente em moradias da universidade (1,8%). Levando-se
em conta ainda o total de estudantes com este perfil de renda que mora a menos de 50km,
mas que se mudaram de municípios mais distantes para cursar a universidade, e que já
gastam parte de sua remuneração ou auxílio moradia com aluguel em “repúblicas”,
pensionatos etc., este número é ainda maior.
De qualquer forma, em posse apenas dessas informações parciais, pode-se afirmar
que existe um grande déficit de moradia estudantil nas IFES, o que nos permite concluir
que a política de investimento em construção de unidades habitacionais para os
estudantes de mais baixa renda seria uma forma de contribuir para a permanência
estudantil e a melhoria da qualidade da vida acadêmica nas universidades públicas
brasileiras.
O percentual de estudantes ocupados (que trabalham) caiu 5,5 pontos percentuais
da IV para a V Pesquisa. Em 2018, 29,9% são ocupados, 27,1% corresponde ao total de

67
estudantes do sexo feminino e 33,2% do sexo masculino. As regiões Sul e Centro-Oeste
concentram os maiores percentuais de estudantes ocupados (as), juntas perfazem 67,6%.
A maioria relativa (31,7%) possui carteira assinada, 24,4% são estagiários (as) e 17%
funcionários (as) públicos (as). Por sua vez, 13% não possui carteira assinada; 4,5% têm
contrato temporário em empresa, organização social ou órgão estatal; 2,5% sem carteira
ou contrato ajudando familiares; e 7% possui outro tipo de vínculo.
Relativamente à IV Pesquisa, as mudanças mais significativas foram o aumento da
proporção de estudantes ocupados com carteira assinada e a diminuição daqueles que
são funcionários públicos e que trabalham sem carteira assinada. Somando-se, todavia,
quem trabalha sem carteira, sob um contrato temporário ou de estágio, identificam-se
que 44,4%, têm trabalho precário, percentual próximo ao captado em 2014.
A V Pesquisa revela que 75,7% dos (as) estudantes ocupados (as) trabalham até 40
horas e 24,3% trabalham mais de 40 horas. Na graduação, o tempo de aula em cursos de
meio período geralmente é de 20 horas semanais, sem contar o tempo de estudo
necessário extraclasse. Compatibilizar trabalho e estudo é, então, um malabarismo, pois
exige esforços sociais (pessoais, familiares) de monta.
Dentre estudantes que fizeram trancamento de matrícula o maior percentual é
justamente o de ocupados (21,6%). Mas, dentre estes, não são razões de natureza
pedagógica/acadêmica, ou de insatisfação com o curso, de saúde, ou ainda financeira que
mais “pegam” os (as) ocupados. Este é um dado muito importante. Mais de 1/3 dos (as)
ocupados (as) são afetados (as) pela carga horária excessiva no trabalho (34%), forte
indicador de que é o trabalho – e não o estudo em si – o evento que mais interfere em
suas vidas e no contexto acadêmico. Corrobora esta interpretação o dado captado sobre
eventual abandono do curso.
Outro dado de grande importância social, identificado pela V Pesquisa, é o impacto
geracional e na trajetória familiar do acesso dos (as) graduandos nas IFES brasileiras.
Em 2014, 53,5% (as) discentes já tinham nível de escolaridade superior ao de suas
mães e pais, um inegável impacto geracional proporcionado pela ampliação das
oportunidades de acesso às IFES brasileiras, impacto que se confirma, agora e
novamente, com os dados da V Pesquisa. Em 2018, 50,8% dos (as) estudantes tem origem
em famílias em que nem o pai, nem a mãe, ou quem os (as) criou como tal, tiveram acesso
à universidade. A cada 10 estudantes 5 estão fazendo história relativamente aos pais e

68
mães. Em nossa compreensão, não é pequeno o significado social e simbólico no seio
familiar do ingresso pioneiro de filhos e filhas nas instituições federais de ensino superior
com potencial de, inclusive, imantar, num ciclo mais amplo de relações sociais e
familiares, o desejo de construir mesma trajetória e almejar semelhantes objetivos.
A análise da escolaridade dos familiares demonstra que os (as) estudantes das IFES
estão longe de constituírem a elite do país em termos de acesso ao sistema educacional.
A renda é uma variável decisiva e determinante do perfil discente.
Já destacamos nos parágrafos anteriores o perfil de renda dos (as) graduandos (as).
Ao agruparmos a renda em por faixas de renda mensal per capita, obtivemos os valores
seguintes: 70,2% dos (as ) estudantes recebem “Até 1 e meio SM”; 17,3% têm renda
mensal familiar per capita “Mais de 1 a 3 SM”; e 10,4% “Mais de 3 SM”.
Dentre estudantes inseridos na faixa de renda mensal familiar per capita de “Até 1
e meio SM”, mais de ¾ situa-se na faixa “Até 1 SM” e cerca de ¼ na faixa “Até meio SM”.
Com o olhar voltado para a série histórica, atingiu-se em 2018 o maior patamar, em
termos percentuais, de estudantes com o perfil do público-alvo do PNAES.
Há uma clara desigualdade de renda quando se observam os critérios de sexo e cor
ou raça. De forma geral, estudantes do sexo masculino possuem uma renda média mensal
familiar per capita (RMMFPC) R$ 233,38 superior à mesma renda das pessoas do sexo
feminino, representando uma diferença de 16%. Para qualquer cor ou raça, os valores
femininos sempre são menores do que os masculinos, sendo que as menores diferenças
aparecem para indígenas e as maiores para a cor preta quilombola.
O recorte racial revela, por sua vez, que estudantes de cor branca possuem as
maiores RMMFPC, superando a cifra de R$ 1.720,00, enquanto para a cor parda o valor
é de R$ 1.033,00 (com defasagem aproximada de 40%), para a preta não quilombola é de
R$ 912,00 (aproximadamente 47% de defasagem), para a preta quilombola é de R$ 625
(aproximadamente 64% de defasagem), para indígena não aldeado é de R$ 854,00
(aproximadamente 50% de defasagem), para indígena aldeado é de R$ 414,00
(aproximadamente 76% de defasagem).
É relevante o indicador do grau de autonomia financeira dos estudantes. Apenas
15,5% são independentes financeiramente. A ampla maioria depende da família para sua
subsistência. Entre os principais mantenedores do grupo familiar, 39,9% são o
pai/padrasto e 31,9% a mãe/madrasta, 6,4% o cônjuge ou companheiro/a; 2,9% o avô ou a

69
avó; 1,4% o irmão ou a irmã; 0,2% o filho ou a filha, além de 1,8% outra pessoa.
Estudantes que não podem contar com ajuda dos pais e mães ou que estão incluídos na
faixa de renda “Até 1 e meio SM” não podem prescindir das políticas de fomento ao ensino,
à pesquisa, à extensão e à assistência estudantil, sob pena de serem alijados de forma
implacável.

Quais são os itinerários estudantis típicos? Alguns itinerários surpreendem.


A V Pesquisa evidencia que a escola pública de Ensino Médio é responsável pela
formação de 64,7% da população-alvo. A maior frequência é de estudantes formados
somente em escolas públicas (60,4%), percentual praticamente idêntico ao registrado em
2014 (60,2%). Estudantes que cursaram o Ensino Médio somente em escolares
particulares representam 26%, ou seja pouco mais de ¼ do total, enquanto os que
frequentaram a maior parte na rede privada são 4,1%.
Na atual versão da pesquisa, buscou-se aperfeiçoar os tipos de vínculo com escolas
particulares de Ensino Médio. Procurou-se conhecer o percentual de estudantes que,
embora frequentassem escolas particulares, o tenham feito na condição de bolsistas,
relevando que 2,3% estão nesta situação. A mudança na estratificação da questão veio a
calhar, pois ao que tudo indica o percentual 4,9 p.p. mais elevado de estudantes que
frequentaram escolas particulares em 2014, relativamente a 2018, incluía, certamente,
estudantes bolsistas, entre os (as) quais secundaristas em condição de vulnerabilidade.
Frequentavam exclusivamente escolas públicas de Ensino Médio 37,5% dos (as)
graduandos pesquisados em 2010, percentual que sobe para 60,2% em 2014 e para 60,4%
em 2018.
Portanto, não se fundamenta em dados a percepção segundo a qual as universidades
federais são compostas hoje por estudantes que frequentaram escolas particulares de
Ensino Médio. O mito segundo o qual as IFES brasileiras são frequentadas por
estudantes de escolas particulares cai definitivamente por terra com os dados
identificados em 2014 e consolidados em 2018.
Nem nas áreas de Engenharias e Ciências da Saúde a trajetória invertida é
majoritária nacionalmente. Este resultado sequer se modifica regionalmente. Qualquer
que seja a região e a área de conhecimento do curso, o percentual de estudantes oriundos
de escolas públicas de Ensino Médio é superior ao de escolas particulares, muito embora

70
existam algumas discrepâncias. Elas são mais acentuadas no Sudeste onde a diferença
entre estudantes de escola pública e escola particular é menor nas Engenharias e
Ciências da Saúde. O mesmo ocorre na região Sul. No Centro-Oeste identifica-se a menor
diferença (de apenas 1 p.p.) entre o tipo de escola de Ensino Médio frequentado. Nas
Engenharias, nesta região, o percentual de estudantes de escolas públicas é de 50,8%.
O ENEM/SISU responde, em 2018, pelo acesso de 67,1% dos (as) estudantes,
seguido pelos Vestibulares (26,5%). Houve um aumento de 18,1 p.p. em relação a 2014.
ENEM/SISU é o sistema mais importante de ingresso para estudantes amarelos (as),
brancos (as), pardos (as), pretos (as) quilombolas e não quilombolas e indígenas não
aldeados (as). A exceção fica por conta de 54,1% de indígenas aldeados (as) que ingressam
por meio de Vestibular, dado que precisa ser melhor investigado mas que pode ter relação
com os processos vestibulares especiais para indígenas aldeados em algumas IFES. Na
região Sul o percentual de estudantes que ingressaram via Vestibulares é de 43,9% e no
Norte de 38,6%, quando nacionalmente este percentual é de 26,5%. No Nordeste o
percentual de estudantes que ingressa via ENEM/SISU é de 77,6%, 10,5 p.p. acima da
média nacional. No Sul, por sua vez, o percentual que ingressa pelo ENEM/SISU é de
50,5%, cerca de 17 p.p. abaixo da nacional. Nalgumas universidades federais do Sul do
país, os tradicionais vestibulares têm peso decisivo, ainda que em outras esta forma de
ingresso praticamente não ocorra.
A V Pesquisa capta a evolução dos cotistas na população-alvo. Apesar da Lei de
cotas estabelecer o percentual de 50% de cotistas por IFES, nacionalmente ainda estamos
aquém da meta. Há duas razões para isso, uma delas é que o ingresso por ampla
concorrência ainda supera o percentual de ingresso por cotas. Aqueles são 58,1%,
enquanto as modalidades de cotas agrupadas correspondem a 41,9% do total dos (as)
graduandos (as) pesquisados. A outra é que muitas IFES só atingiram o percentual de
50% de cotistas no ingresso em 2016, portanto entre os ingressantes anteriores a 2016 a
proporção de ingressantes por ampla concorrência era ainda maior.14
A importância da política de cotas fica evidenciada quando analisamos a evolução
das formas de ingresso segundo ano de ingresso. Neste sentido, a pesquisa capta que os
(as) primeiros (as) cotistas ingressam em 2005 e que de lá para cá o percentual foi
crescente e especialmente robusto a partir 2013, já sob efeito da Lei 12.711 de 2012. Do

14 Os percentuais são: 57,5% em 2015, 61,8% em 2014, 68,3% em 2013 e 74,2%, em 2012.

71
total de ingressantes em 2005, 3,1% são cotistas. Em 2010, cotistas são quase ¼ dos
ingressantes. Em 2014, são 38,2%, em 2017 cotistas são 49,4%. Em 2018, o percentual de
cotistas é de 48,3%. Explica a pequena queda no percentual de cotistas o fato da pesquisa
ter sido realizada no primeiro semestre letivo de 2018.
Dentre as modalidades de cotas, a cota “Escola Pública/PPI/Renda até 1 e meio SM”
é a responsável pelo ingresso de quase 1/3 dos (as) cotistas (32,4%).
Qualquer que seja a modalidade de cotas, a maioria dos cotistas tem renda familiar
per capita de “Até 1 e meio SM”.
O percentual de cotistas incluídos (as) na faixa de renda familiar per capita de “Até
1 e meio SM” é superior a 93% nas seguintes modalidades: Escola Pública/PPI/Renda até
1 e meio SM, Escola Pública/Renda até 1 e meio SM e Escola
Pública/PPI/Deficiência/Renda até 1 e meio SM.
Nesta faixa de renda encontram-se 89,7% dos cotistas que ingressaram na
modalidade Escola Pública/Deficiência/Renda até 1 e meio SM, 80,8% dos que
ingressaram na modalidade Escola Pública/Independente de Renda/PPI/Deficiência e
80,7% na modalidade Outra Cota. O percentual de cotistas nesta faixa de renda é de
75,5% entre os que ingressaram por Escola Pública/PPI/Independente de Renda e 74,2%
pela modalidade Escola Pública/Independente de Renda/Deficiência.
O menor percentual de cotistas com renda per capita “Até 1 e meio SM” (67%) foi
encontrado entre estudantes que ingressaram na modalidade cota Escola
Pública/Independente de Renda.
Ora, é muito claro que a faixa de renda mensal familiar per capita da maioria dos
(as) cotistas torna-os (as) potencialmente candidatos (as) a demandantes de políticas de
assistência estudantil. Neste sentido, é imperativo que gestores conheçam e se atentem
para a realidade socioeconômica destes discentes cotistas, posto que 48% deles têm, em
2018, renda mensal familiar per capita de até meio SM (R$477,00).
A distribuição da população-alvo da pesquisa por turnos do curso releva clássicas
desigualdades e dualidades. O Integral corresponde ao turno de 43,9% dos (as)
graduandos (as), enquanto o Noturno corresponde a 29,3% e o Diurno a 26,8%.
A universidade é ligeiramente mais branca (47,3%) em cursos de turno Integral e
mais próxima do perfil racial da população brasileira em cursos de turno Diurno e

72
Noturno, em que negros perfazem 54,6% e 53,9% respectivamente e brancos representam
39,6% e 40,7% respectivamente.
O Noturno é o turno de quase metade dos estudantes trabalhadores (as). Entre
estudantes do Noturno 49,4% são trabalhadores (as) e 37,3% não trabalham, embora
estejam à procura de emprego. As universidades federais e os Cefets se abriram mais
para negros (as), estudantes de menor renda, oriundos de escolas públicas de Ensino
Médio, indígenas e quilombolas, mas ainda precisam se expandir em direção aos
trabalhadores, cujo imperativo é a ampliação de vagas em cursos noturnos.
O curso matriculado corresponde à primeira opção de 82,9% do total dos (as)
graduandos (as), sugerindo que há relação entre inscrição (demanda) e matrícula no
curso desejado (oferta). As discrepâncias ocorrem, por exemplo, em função da renda.
Quanto mais alta a renda mensal per capita, maior o percentual de estudantes que
ingressam em primeira opção. Na faixa de renda mensal per capita “Até 1 e meio SM”
encontram-se 81% destes graduandos, na faixa “Mais de 1 e meio SM” estão 84,5% e com
renda “Mais de 1 e meio 3 SM”, 87,3%. O significativo percentual de estudantes que
ingressam em primeira opção tem, seguramente, relação com o aumento da oferta de
vagas oferecidas no ensino superior brasileiro, impulsionado pela política de expansão,
com peso importante do fator ENEM/SISU.
Satisfação com os cursos e permanência nas carreiras escolhidas envolvem muitas
variáveis de natureza objetiva e subjetiva: a faixa etária do (a) estudante
(majoritariamente jovem, ainda imaturo para definir as trajetórias acadêmicas), o capital
cultural do (a) discente, a expectativa familiar, o nível de exigência e as dificuldades
encontradas para se adaptar à vida universitária e ao próprio curso, as condições
materiais que se dispõem (se precisa trabalhar ou não ou como pode se manter), a
identificação ou frustação com carreiras. Todas estas variáveis interferem na trajetória
acadêmica.
Quando ingressam, os (as) discentes estão entusiasmados (as) com o ingresso na
universidade. Após esta fase inicial, não é incomum a descoberta de inabilidades e bem
cedo os imperativos da sobrevivência se apresentam (altos custos com moradia,
transporte, livros etc.), sobretudo quando se trata de estudantes inseridos nas faixas de
renda mais baixas ou de ocupados. A V Pesquisa revela, de forma afirmativa, que não
trocariam de curso 60,1% dos (as) graduandos (as). A tendência a não trocar de curso é,

73
entrementes, menor entre os graduandos que ingressaram mais recentemente e,
inversamente, maior entre veteranos. Como tendência estes dados são compreensíveis.
Afinal, os custos implicados na troca de um curso são supostamente maiores para os
veteranos, porque envolvem decisões pessoais que têm consequências mais fáceis de
serem enfrentadas quando se está ainda nos primeiros semestres. Com exceção de quem
já está retido, com um tempo de curso maior do que o necessário, ou próximo ao
jubilamento, “começar de novo” supõe determinação pessoal, apoio familiar e condições
materiais quase nunca disponíveis aos que precisam enfrentar a dura realidade da vida.
Em relação ao tempo de estudos fora da sala de aula e utilização do espaço da
biblioteca, a V Pesquisa identifica que 65,5% estudam até 10 horas semanais e que 18,3%
utilizam a biblioteca uma vez por semana, pouco mais de ¼ dos (as) graduandos de duas
a três vezes por semana (26,7%) e 10,3% quatro ou mais vezes. Em contrapartida 44,8%
usam menos de uma vez por semana ou não frequentam a biblioteca.
O envolvimento com atividades e programas acadêmicos é um evento na trajetória
de 45,1% dos (as) discentes. Entre os (as) graduandos (as) que estudam no Sudeste, 50,2%
participam de programas acadêmicos. No Sul, este percentual é de 49,4%, enquanto
Centro-Oeste, Nordeste e Norte apresentam percentuais menores: 44,4%; 40,9% e 37,7%,
respectivamente. Nacionalmente, do contingente dos (as) que participavam de atividades
ou programas, 53,4% o fazem de forma remunerada, dado que revela a importância da
estrutura de bolsas e outras remunerações na dinâmica da produção científica,
tecnológica e formação profissional. É sempre oportuno ressaltar que, dentre as 20
universidades públicas que mais produzem ciência no Brasil, 15 são universidades
federais e 5 estaduais.
Quando o recorte utilizado observa a autodeclaração de cor ou raça, somente
estudantes de cor branca estão sobrerepresentados nas atividades ou programas
acadêmicos, uma vez que são 43,3% da população-alvo, mas correspondem a 47,2% das
vagas. Ou seja, para as oportunidades que a universidade reserva para uma formação
qualificada, há uma ocupação mais do que proporcional do grupo racial dominante.
No universo da assistência estudantil, os serviços, ações ou programas mais
utilizados foram, por ordem decrescente: alimentação (acesso aos restaurantes
universitários, com ou sem bolsa ou auxílio financeiro), com 17,3% de estudantes
respondendo “sim”; transporte (via bolsa, isenções ou auxílios financeiros), com 8,2%;

74
bolsa permanência da instituição, com 7,6%; e moradia (acesso à moradias estudantis, a
bolsas ou auxílios financeiros), com 7,5% de respostas positivas. Dignos de nota são
também os acessos a atendimento psicológico (3,0%) e médico (2,9%), sempre via garantia
de atendimento gratuito ou por meio de bolsas ou auxílio financeiro correspondente. O
empréstimo de material didático (como calculadoras, instrumental odontológico,
instrumentos musicais etc.) é usufruído por 2,1% dos estudantes. Os demais serviços e
ações não alcançaram 2% de respostas positivas.
Relativamente à IV Pesquisa de Perfil, de 2014, todos os programas e ações no
campo da assistência estudantil apresentaram queda da cobertura, isto é, em todos os
programas os percentuais de estudantes atendidos em 2018 são inferiores aos aferidos
em 2014. Por exemplo: em 2014, 44,2% participavam dos programas de alimentação,
18,4% de transporte, 11,7% de moradia e 11,4% de bolsa permanência institucional,
enquanto em 2018 são 17,3%, 8,2%, 7,5% e 7,6% respectivamente. Como entender este
recuo? Como exposto na Introdução, os recursos destinados ao PNAES foram crescentes
até o orçamento de 2016. Para 2017 e 2018 foram observadas reduções nos valores
nominais, 4,1% e 3,1% respectivamente. Ademais, se levarmos em consideração que a
extinção de alguns programas governamentais produziu sobrecarga às políticas de
permanência e que a inflação nos anos de 2016 (que deveria ser reposta em 2017) foi de
6,3% e a de 2017 ficou em 3,0%, pode-se estimar uma redução real de R$ 197 milhões de
reais.
Este movimento de contração do financiamento foi acompanhado, pari passu, pela
consolidação da democratização do acesso às IFES via sistema de cotas, tal como já foi
apresentado neste Relatório. Em síntese, com forte redução do financiamento seria
natural que os indicadores de cobertura fossem atingidos.

Quais as trajetórias acadêmicas típicas?


Como aponta a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a boa formação
universitária em sua amplitude responde àquilo que seriam as finalidades do ensino
superior, que, espera-se, seja bem sucedido quando seu corpo discente participa
ativamente da criação cultural, do pensamento reflexivo, do desenvolvimento da
sociedade brasileira, da divulgação da ciência e da produção de conhecimento sobre sua

75
realidade local e mundial. Esta missão pode ser desenvolvida, entre outras, por meio da
participação política da vida social, em movimentos sociais e associações.
O percentual de estudantes ativistas é de 28,4%, enquanto, em 2014, o índice era
de 27,4%.
O Censo da Educação Superior (INEP, 2017) mostra que os maiores índices de
conclusão e menores índices de evasão estão associados à participação discente em
atividades e programas acadêmicos de ensino, pesquisa e extensão, bem como sua
cobertura por programas de assistência estudantil. Mas a V Pesquisa identifica outro
fator associado a maiores índices de conclusão e menores de evasão: a participação
política.
Trata-se de uma novidade importante que ambos os programas também estejam
associados à maior participação política, permitindo constatar que a boa formação parece
estar ligada à aproximação entre os três fatores. Os dados apontam que estudantes
envolvidos em movimentos e associações estão mais interessados em ingressar na pós-
graduação, comparativamente aos não ativistas. Ativistas trancam menos matrícula
quando a razão é trabalho (20,1% contra 23,0%), insatisfação com o curso (10,9% contra
11,3%), maternidade (3,4% contra 5,1%) e dificuldade de aprender (7,2% contra 8,3%),
mas trancam mais quando a razão é saúde (19,5% contra 16,3%) ou impedimento
financeiro (11,7% contra 9,7%).
Neste sentido, a imagem cristalizada no senso comum, que aponta para ativistas
como discentes que protelam sua conclusão de curso e perfazem trajetórias de baixo
rendimento acadêmico, neste momento encontra-se em xeque.
A pesquisa conseguiu captar a presença importante dos movimentos identitários
(gênero, LGBTT e negro) que se desdobram em um sem número de coletivos, cuja
organização menos tradicional tem se espraiado pela militância estudantil. Também
captou, de forma significativa, a presença de participação em associações atléticas que,
via de regra, apresentam uma capacidade organizativa direcionada para a articulação de
atletas e eventos, dispensando poucos esforços para o ativismo de conteúdo contestador
ou crítico.
O movimento estudantil agrega a maioria simples dos engajamentos. É o que mais
diretamente se dirige às questões da educação superior. Nas precisas palavras de Paula
(2003, p.12), “o movimento estudantil é e foi um espaço de atuação que permite à

76
juventude uma percepção de que os problemas brasileiros podem ser discutidos e
enfrentados, e não simplesmente sofridos ou ignorados”.
Como esperado, o percentual de discentes que se informa por meio de mídias
eletrônicas, sejam jornais, revistas ou portais de notícias, quase alcança 87%, pouco
menor do que já tinha sido encontrado na IV Pesquisa. Nenhuma outra fonte de
informação tem tanta presença e importância de norte a sul do país, acompanhando
tendência internacional e, forçoso reconhecer, as características da faixa etária
dominante da população-alvo entre “18 e 24 anos”.
O uso de computadores é destacadamente extenso. Aproximadamente 80% dos (as)
discentes indicam ter alguma ou muita experiência com as máquinas, enquanto 19,3%
dizem ter alguma noção e 1,3% nenhuma noção. Em 2014, a IV Pesquisa havia registrado
o percentual de 83,5%. De todo modo, supera o patamar encontrado em 2010, quando o
índice alcançou 78,0%. Estudantes do sexo masculino têm mais experiencia no uso de
computadores, ocorrendo o mesmo para estudantes brancos (as) de ambos os sexos. Neste
quesito, vale chamar a atenção para o percentual de indígenas que correspondem a 0,9%
da população-alvo, mas a 3,3% do total de discentes que não possui experiência com uso
de computadores.
Para as IFES, ter estudantes com acesso e domínio de outros idiomas compõe uma
condição importante do processo de internacionalização, entendido como participação na
produção internacional de ciência e inovação tecnológica. Ademais, para inúmeras
carreiras é requisito o conhecimento de outros idiomas.
A IV e a V Pesquisas de Perfil mostraram que a língua estrangeira predominante
no ambiente das universidades e Cefets é a inglesa. Esta língua constitui aquela que
discentes possuem maior domínio (bom para 33,2% e regular para 40,1%). Apenas a
compreensão da língua espanhola se aproxima da inglesa. O aspecto positivo é que vem
crescendo, desde a I Pesquisa, o percentual de estudantes que tem bom domínio do inglês
e caindo o percentual daqueles que não tem nenhum domínio. Mas discrepâncias foram
identificadas quando detalhamos o perfil em função dos clássicos marcadores sociais de
desigualdade. Em relação ao domínio de línguas, o bom domínio da língua inglesa mostra-
se associado e proporcional à renda per capita média familiar mensal, ou seja, quanto
maior a renda auferida pela família do (a) estudante, maior é o domínio manifesto do

77
idioma. Ademais não há regionalmente proporcionalidade em relação ao domínio do
inglês.
Colocamo-nos uma questão: o domínio de línguas estrangeiras foi adquirido antes
ou depois do ingresso na universidade? Fizemos um exercício. Ao isolarmos estudantes
ingressantes em 2018 poder-se-ia inferir se padrões de acesso desiguais seriam resultado
daquilo que Bourdieu e Passeron, autores clássicos da sociologia francesa, entendem por
herança cultural. Dos discentes ingressantes em 2018, 30,8% possuem bom domínio,
40,2% um domínio regular e 29,0% nenhum domínio. Estes valores estão muito próximos
à distribuição média de toda a população das IFES, indicando que aquele padrão herdado
no ingresso se mantém razoavelmente de forma generalizada pelo corpo discente, ou, dito
de outra forma, a vida acadêmica não tem sido muito determinante na alteração da
distribuição pretérita de acesso à língua estrangeira, o que nos leva a concordar com a
análise daqueles autores.
Adaptado ao caso estudado, o segundo idioma seria um elemento do passado social
transformado em passivo escolar. Uma vez que a universidade exalta e condiciona o
acesso a um conjunto de oportunidades acadêmicas fundamentais a uma formação de
excelência ao domínio de língua estrangeira, o próprio funcionamento regular da
instituição reproduzirá as desigualdades herdadas do passado social do (a) discente.
Quebrar o círculo da reprodução exigiria das IFES ações ainda mais agressivas que
ofertem cursos de língua estrangeira.
Inovou-se no questionário da V Pesquisa com o acréscimo de perguntas sobre a
frequência de leitura de obras literárias, assistência a filmes, peças teatrais e shows e
participação na vida política. A intenção foi captar, por meio destes indicadores, o impacto
da vida universitária na trajetória estudantil. A rigor, partiu-se do desejo de mensurar
o quanto culturalmente a universidade transforma seus e suas discentes, sobretudo para
aquelas pessoas cuja origem social normalmente as privam. Já existem estudos que
mostram que, mesmo em ambientes universitários, há muita dificuldade em tornar a
leitura um hábito (TOURINHO, 2012).
Os dados da V Pesquisa apontam que a vida universitária impacta no capital
cultural quando se observa a frequência com que estudantes leem, assistem e participam
de atividades culturais e políticas. Os impactos mais notáveis se expressam na leitura,
uma vez que aproximadamente metade do público revela que aumentou o número de

78
obras literárias lidas. Para filmes, a ampliação foi percebida por 42% e 40,4% para a
participação política. Para as peças teatrais e os shows assistidos, somente 14,5% e
21,4%, respectivamente, acusaram alteração positiva. É impactante a informação de que,
para os últimos casos, 66,5% e 51% dos (as) estudantes informaram não ter havido
qualquer alteração na sua assistência. Plateias teatrais não são espontâneas e
internacionalmente são produzidas, seja pelos hábitos familiares, seja pela escolarização
e pela ação de políticas culturais. O mesmo vale para leitura de obras literárias. Shows
são, em geral, onerosos aos pagantes, mas o conhecimento tácito mostra que, quando
patrocinados, em geral em período das denominadas “calouradas”, geram plateias
massivas. Estímulo diretivo e oportunidade de acessar o inacessível são fundamentais.
A frequência de leitura de obras literárias aumentou justamente entre discentes
pretos quilombolas (68,2%) e não quilombola (58,7%) e indígenas aldeados (70,2%) e não
aldeados(63,4). A V Pesquisa mostra que quanto menor o IDHM do município em que se
localiza o campus da instituição, maior é o impacto do ingresso na universidade sobre
incremento de leitura do (a) discente. Mostra, também, que entre cotistas o percentual
de leitura de obras literárias (52,0%) está um pouco acima da média nacional (50,2%),
dado que corrobora tendências identificadas pelas pesquisas realizadas por Lemos (2017)
e por Jesus (2011).
À V Pesquisa também interessou saber as dificuldades que interferem
significativamente na vida ou no contexto acadêmico de cada estudante. Os resultados
encontrados dão conta de que uma fração muito expressiva (86,1%) dos (as) discentes
apresentam alguma dificuldade estudantil. As cinco dificuldades que mais afetam o
desempenho acadêmico, em ordem decrescente, são a falta de disciplina de estudo
(28,4%), as dificuldades financeiras (24,7%), a carga excessiva de trabalhos estudantis
(23,7%), empatada com os problemas emocionais (23,7%) e o tempo de deslocamento para
a universidade (18,9%).
Para enfrentar muitas destas dificuldades, as IFES dispõem de algum mecanismo
de intervenção, normalmente sustentado por decreto presidencial e distribuído entre as
dez áreas de atuação do PNAES (alimentação, moradia, transporte, saúde, cultura,
esporte, acessibilidade, creche, inclusão digital e apoio pedagógico). Provavelmente,
várias IFES devem colocá-los em movimento, sem que o volume e a intensidade da oferta
destes mecanismos sejam suficientes para cobrir a demanda. Ainda assim faz sentido

79
supor alguma presença das ações de assistência estudantil - uma vez que a comparação
histórica das três últimas pesquisas mostra uma redução de todos os índices mensurados
e, dificilmente, tais índices teriam refluxo sem intervenções e políticas públicas. Reforça-
se a hipótese quando se leva em consideração no intervalo temporal comparado o
crescimento robusto dos recursos do PNAES, saltando de mais de R$ 125 milhões em
2008 para mais de R$ 1 bilhão em 2016 (SILVA; COSTA, 2018). A rigor, há dificuldades,
como as relativas ao deslocamento, que podendo ser enfrentadas com algumas ações da
alçada das reitorias, extrapolam em muito o poder que cada uma delas de fato possui.
Na V Pesquisa há três indicadores de violência que foram especificamente testados,
a física, a sexual e a psicológica.
A violência física foi reclamada por 0,8% da população-alvo que percebe sua
influência no desempenho acadêmico. A violência sexual foi considerada determinante
por 0,7% das pessoas. Pessoas do sexo feminino reclamantes são 1%, enquanto as de sexo
masculino restringem-se a 0,3%. Já a violência psicológica (ou o assédio moral)
representa 3,7% do público. Estudantes do sexo feminino, indígenas não aldeados (as) e
pretos (as) não quilombolas são os grupos que mais indicam ocorrência de violência
psicológica. Estes últimos dois grupos são, ademais, os que mais se ressentem por serem
vítimas de situação de discriminação e preconceito no ambiente universitário.
Conjugadas sob o guarda-chuva das vulnerabilidades sociais, as variáveis falta de
acesso a materiais didáticos fundamentais, trabalho, tempo de deslocamento para a
universidade, maternidade e dificuldades financeiras têm um importante peso sobre o
desempenho acadêmico universitário.
Em relação à variável falta de acesso a materiais didáticos fundamentais a renda
tem um peso importante. A V Pesquisa demonstra que quanto maior a renda, menor a
dificuldade de acesso aos materiais, e por conseguinte, maior o acesso às disciplinas e às
ferramentas de aprendizagem. E o contrário também ocorre. Quanto menor a renda
maior a dificuldade, sendo, portanto, nítido que a gratuidade da educação é necessária
mas insuficiente para garantir condições de igualdade, equidade e justiça. Em relação às
dificuldades financeiras vale a mesma correlação.
No que diz respeito à carga horária excessiva de trabalho que afeta, evidentemente,
estudantes ocupados, já havíamos destacado que mais de 1/3 indicou o peso do trabalho
- e não dificuldades propriamente de aprendizagem - em seu contexto acadêmico.

80
Evasão e trancamento são temas que preocupam todas as Reitorias. Considerando-
se que existe pressão por maior “eficiência” do sistema educacional público e que a relação
ensino-aprendizagem é um processo de alta complexidade, o conhecimento dos fatores
que levam à evasão e ao trancamento é crucial para as administrações superiores das
IFES. O Censo da Educação Superior lançado em 2018, com ano de referência 2017,
mostra que as IFES possuem 70,1% de seus estudantes com a situação “cursando”, 8,6%
com “matrícula trancada”, 10,7% desvinculados do curso, 1,0% transferidos para um
curso da mesma instituição e 9,6% formados (INEP, 2018b). Estudo encomendado pelo
MEC, em 1996, apontava mais de 40 causas para evasão (COMISSÃO ESPECIAL DE
ESTUDOS SOBRE EVASÃO, 1996).
Os resultados captados pela V Pesquisa indicam que mais da metade (52,8%) dos
(as) discentes das IFES já pensou em abandonar seu curso. E quando inquiridos sobre as
razões, 32,8% apontam as dificuldades financeiras, 29,7% o nível de exigência acadêmico,
23,6% as dificuldades para conciliar os estudos e o trabalho, 21,2% os problemas de
saúde, 19,5% as dificuldades do próprio campo profissional, 19,1% os relacionamentos no
curso, 18,8% a incompatibilidade com o curso escolhido, 18,4% a insatisfação com a
qualidade do curso, 15,9% os problemas familiares e 4,7% assédio, bullyng, perseguição,
discriminação ou preconceito. Se a ideia de abandono foi aventada por percentual
significativo de discentes, o ato de trancamento se reduz a menos de 15% do universo.
A maioria expressiva afirmou que não procedeu ao trancamento geral de matrícula
para interromper o curso (85,7%). Este robusto índice aparentemente contradiz os dados
sobre abandono. Todavia, em que pese o fato de não se tratar de questões de mesma
natureza, há uma relação entre ato e pensamento na medida em que o trancamento pode
significar um primeiro passo rumo ao desligamento ou abandono do curso.
Sobre as perspectivas de futuro após o término do curso de graduação, 11,6% da
população-alvo já se decidiram por outra graduação, 47,8% pretende ingressar na pós-
graduação, enquanto a maioria absoluta pretende se inserir no mercado de trabalho
(54,0%). Interessante é a correção registrada pela V Pesquisa. Quase todos os marcadores
de vulnerabilidade ou desigualdade apontam que existe uma associação entre maior
vulnerabilidade e preferência pela pós-graduação e menor vulnerabilidade e preferência
pelo trabalho.

81
Graduandos (as) são cidadãos que precisam de atenção e cuidados. Como está a
saúde e a qualidade de vida dos (as) graduandos (as)?
A última parte da V Pesquisa foi dedicada à interpretação dos hábitos estudantis
relativos à saúde, desde a alimentação aos cuidados médicos até as dificuldades
emocionais e situações vividas que possam afetar suas trajetórias.
O comportamento alimentar é algo complexo, pois envolve determinantes externos
(como a renda) e internos (gostos, por exemplo) aos indivíduos. Além da qualidade da
alimentação, é importante conhecer a frequência em que as refeições são realizadas, cujo
ideal é no mínimo três diárias.
Em relação ao número de refeições feitas, observa-se que em média os (as)
estudantes se alimentam 3,5 vezes ao longo do dia.
Há estudantes, todavia, que fazem menos de 3 refeições por dia. Faz apenas duas
refeições diárias 12,5% do total, percentual que cresceu em relação à IV Pesquisa de Perfil
que registrara a frequência de 6,9%. Os percentuais variam regionalmente e também em
relação à cor ou raça.
A maioria dos (as) estudantes faz três refeições diárias em todas as regiões, sendo
que estes percentuais são mais elevados no Norte (48,5%) e no Nordeste (47,6%). Em
seguida estão os (as) estudantes que se alimentam quatro vezes por dia, com o Sudeste
(32%) e o Sul (28,5%) apresentando os maiores percentuais. Já o Centro-Oeste e o Norte
exibem os maiores percentuais de estudantes que se alimentam até duas vezes.
A maioria absoluta dos (as) graduandos (as) faz suas refeições em casa (57%), 30,2%
no restaurante universitário (RU), o equivalente a mais de 363 mil estudantes. Nos
restaurantes universitários, fazem 1 refeição diária 15,5%, 2 refeições 12,5% e 3 refeições
diárias 2,2% do total dos (as) pesquisados.
Considerando que estudantes que fazem mais refeições diárias possuem maior
poder aquisitivo (pessoal ou familiar) e que estudantes que fazem uma refeição diária (ou
duas) pertencem a um estrato socioeconômico mais baixo, os dados sugerem que este
último grupo depende sobremaneira da existência de restaurantes universitários
disponíveis, que normalmente oferecem refeições a preços subsidiados.
Dentre estudantes que fazem uma refeição diária nos restaurantes universitários,
a maioria (52,9%) ingressou por ampla concorrência. Mas dentre os que fazem duas
(53,6%) ou três refeições diárias (60,4%) nos restaurantes universitários, a maioria

82
ingressou como cotista. Considerando o tipo de moradia, a maioria dos estudantes que
residem em moradias estudantis (80,2%) utilizam restaurantes universitários.
Em relação aos cuidados físicos, quase 40% dos entrevistados declarou não fazer
qualquer tipo de atividade física. Na IV Pesquisa, o mesmo perfil era de 29,2%, o que faz
soar o alerta do sedentarismo no meio universitário. Não obstante, 21,4% disse fazer
atividades físicas pelo menos três vezes por semana, 13,8% uma vez por semana,
enquanto 12% menos de uma vez semanalmente. Por sua vez, 12,8% faz atividade física
todos os dias.
Pouco mais de ¼ indicaram que sua instituição não oferecia condições suficientes
para a prática de atividade física. Entre os (as) estudantes que apontaram deficiências
na oferta de condições para a prática de exercícios físicos nas universidades, ou seja, que
afirmaram que a universidade não oferece boas condições ainda que utilizem este espaço,
47,6% estudam em instituições localizadas no Norte do país, 41,9% no Nordeste, 38,9%
no Sul, 36,4% no Sudeste e 34,9% no Centro-Oeste. Note-se que as regiões Norte e
Nordeste apresentam também os maiores percentuais de não praticantes de atividades
físicas.
Em busca por atendimento médico, incluindo assistência preventiva, a maioria
absoluta recorre à rede pública de saúde (53,6%), enquanto 35,6% buscam a rede
particular mediante planos de saúde; 4,1% a rede particular sem planos de saúde; 2,7%
a serviços de saúde oferecidos pela própria universidade; 1,2% procuram ajuda informal
a amigos ou familiares. E 2,9% disseram não recorrer a nenhuma das opções acima.
Em relação à frequência de busca por atendimento médico, 51,3% disseram procurar
raramente esses serviços; 25,5% utilizavam estes serviços periodicamente, para exames
de rotina; e 23,2% usavam esses serviços periodicamente para tratamentos de saúde
específicos. Relativamente ao atendimento odontológico, 54,1% dos (as) entrevistados (as)
disseram ir ao (à) dentista quando se manifestava algum problema; 23,6% declararam ir
periodicamente ao (à) dentista, para fins de prevenção; 10,6% recorriam a atendimento
odontológico para tratamento específico; e, finalmente, 11,7% disseram não ir jamais ao
dentista.
A V Pesquisa demonstra que a maior ou menor procura por cuidados profissionais
depende do nível de renda do (a) estudante. Por exemplo, as consultas periódicas para
tratamento odontológico foram relatadas por estudantes cuja renda familiar per capita

83
era de R$ 1.957,38; já os universitários que não frequentam o dentista possuíam renda
familiar per capita de R$ 880,23.
Em um período em que as IFES incrementaram suas ações em torno do problema
da saúde mental, como, por exemplo, a adesão às campanhas denominadas “Janeiro
Branco” e “Setembro Amarelo” que visam conscientizar a comunidade acadêmica sobre
adoecimento mental, sofrimento psíquico e suicídio, dados sobre atendimento psicológico
passam a ser fundamentais. A V Pesquisa revela que 32,4% da população-alvo estiveram
ou está em atendimento psicológico (uma diferença de 1,9 p.p em relação a 2014): 13,7%
procuraram atendimento psicológico há mais de um ano, 9,0% disseram procurar
atendimento no último ano, e 9,7% declararam estar fazendo acompanhamento
psicológico.
Quando perguntados se já haviam tomado medicação psiquiátrica, 9,8%
responderam positivamente e 6,5% estavam tomando no momento da realização da
pesquisa. Entre os (as) graduandos (as) que estavam ou estiveram em tratamento
psicológico 39,9% fazem/fizeram uso de medicação psiquiátrica. Na outra ponta, ainda
que reduzida, mas de forma preocupante, entre estudantes que nunca procuraram
acompanhamento psicológico (n=811.688), 1,1% (9.200 estudantes) está tomando
medicação psiquiátrica e 3,8% (31.221) já fez uso, mas hoje não o faz mais.
Sabe-se que a rotina de estudos na universidade contribui para amplificar os
problemas relativos à saúde mental, exigindo dos estudantes posturas flexíveis e
resilientes no ambiente acadêmico. Foram citadas neste relatório pesquisas que têm
mostrado que a ocorrência de sintomas que remetem ao sofrimento psíquico é alta entre
os (as) universitários.
Nesse sentido, entre os inúmeros obstáculos enfrentados, interessava conhecer as
dificuldades emocionais que interferiam na vida acadêmica de estudantes nos 12 meses
anteriores à pesquisa. O percentual de estudantes que disseram conhecer alguma
dificuldade emocional é de 83,5%. Ansiedade afeta 6 a cada 10 estudantes. Ideia de morte
afeta 10,8% da população-alvo e pensamento suicida 8,5%. Relativamente à IV Pesquisa,
o percentual de estudantes com ideação de morte era 6,1%, enquanto pensamento suicida
afetava 4%. Está acesa a luz vermelha da atenção à saúde mental. Um crescimento
preocupante não fosse o fato de que o suicídio já é considerado a segunda causa de morte

84
entre o público universitário (SANTOS, 2017) e, ao que parece, segue em franca ascensão
no mundo inteiro.

85
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e cultural dos graduandos (as) das


Instituições Federais de Ensino Superior levantou um conjunto amplo, detalhado e
multifacetado de informações sobre a composição social dos (as) discentes das IFES
brasileiras.
Deste amplo conjunto de dados, dois são os grandes achados da pesquisa.
Primeiramente, o crescimento do número de estudantes que correspondem ao
público-alvo do PNAES: estudantes de cursos de graduação presenciais com origem em
escola pública ou com renda mensal familiar per capita de “Até 1 e meio SM”. Foi atingido
o patamar inédito de 70,2% de discentes com este perfil.
Em um país marcado por profundas desigualdades sociais e educacionais, é fato que
o (a) estudante universitário (a) não faz parte da camada mais pobre da população, já que
os setores mais pobres e miseráveis nem mesmo chegam a concluir o Ensino Médio,
principal fator de exclusão ao Ensino Superior.
Deve-se ainda atentar para o alto índice de abandono dos estudos após a conclusão
do Ensino Médio, devido à necessidade de ingressar no mercado de trabalho, por parte
dos estudantes das famílias de mais baixa renda, e pela dificuldade de conciliar a carreira
universitária com os estudos.
Não obstante, é revelador que o percentual de estudantes pertencentes a famílias
com renda mensal per capita “Até 1 e meio SM” tenha saltado de 44,3%, em 1996, para
66,2% em 2014, alcançando 70,2% em 2018, o maior patamar da série histórica.
O segundo grande achado é o percentual de estudantes autodeclarados (as) negros
(as). Pela primeira vez, desde que as pesquisas de Perfil da ANDIFES foram realizadas,
a maioria absoluta é negra, alcançando 51,2% do universo.
É igualmente importante destacar que o percentual de estudantes oriundos de
escolas públicas de ensino médio é de 64,7%.
A população do sexo feminino continua crescendo. Em 1996, este público
representava 51,4% do universo estudantil das IFES. Em 2018, representa 54,6% do
total.

86
O percentual de estudantes cotistas é crescente. Entraram pelo sistema de cotas, no
ano de 2013, 31,7% do total de ingressantes. Em 2017, do total de graduandos (as) das
IFES brasileiras 49,4% ingressaram por meio de cotas e, em 2018, 48,3%.
Aumentou também é o número de estudantes que ingressam via ENEM/SISU. Em
2018, 67,1% dos (as) estudantes ingressaram via ENEM/SISU, um aumento de 18,1 p.p.
em relação à 2014.
A universidade brasileira hoje é expressão dos esforços para sua real
democratização. Este é um importante passo para o cumprimento do papel social do
ensino superior público.
Por sua vez, também se permitiu a fruição do direito a este ensino, já consagrado no
Estatuto da Juventude, a um número cada vez maior de pessoas que tradicionalmente
eram excluídas da vida universitária. Suas famílias, suas visões de mundo, suas rendas,
sua inserção no mercado de trabalho, sua leitura da realidade jamais serão as mesmas.
E o país, vendo multiplicar as oportunidades acadêmicas a um número maior e mais
diverso de pessoas, poderá colher os frutos da ampliação em seu desenvolvimento.
Neste sentido, as conclusões apontam para o impacto das políticas de expansão, de
acesso unificado, de reserva de vagas e de permanência.
Mas também desafios se apresentam: 1) ampliar ainda mais a democratização do
acesso, para que o percentual de jovens matriculados no ensino superior atinja as metas
do Plano Nacional de Educação; e 2) garantir que todos (as) os (as) estudantes tenham
dentro das IFES iguais condições de permanência, tal como reza a Constituição
Brasileira de 1988, nossa carta magna, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Ambos
desafios implicam a consolidação e ampliação das políticas a quem se deve creditar os
resultados apontados.

87
4. DESENHO METODOLÓGICO DA V PESQUISA

Esta seção tem como objetivo apresentar o desenho metodológico da pesquisa, aqui
subdivido em três partes: o processo divulgação da pesquisa entre a população-alvo das
65 IFES; a coleta de dados, destacando aspectos formais e técnicos do questionário; o
desenho amostral, descrevendo o detalhamento do trabalho estatístico e a montagem da
Base de dados.

4.1 A divulgação da V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural

A mobilização e o convencimento de sujeitos participantes de pesquisas é um


aspecto chave para o sucesso das mesmas. Uma vez que a V Pesquisa não conseguiu ser
realizada de forma censitária e obrigatória, a divulgação exigiu grande atenção das
equipes das 65 IFES envolvidas, com apoio da ANDIFES e da coordenação da pesquisa.
Em cada uma das instituições foram mobilizadas suas Reitorias, Pró-Reitorias de
Graduação e de Assistência Estudantil, seus setores de Tecnologia da Informação e as
Assessorias de Comunicação.
O êxito só poderia ser alcançado por meio da associação entre diversas estratégias
de divulgação e formas de abordagem. O resultado alcançado expressou justamente esta
necessidade, pois as instituições ativaram sua verve comunicadora e produziram vídeos
explicativos, material publicitário, diversos tipos de mídias, panfletos, outdoors,
chamadas em rádio e TV universitárias, programas de mídias locais, malas diretas,
postagens em redes sociais e principalmente nos portais de matrícula e dos (as)
estudantes. Gestores (as) foram a campo para comunicar o envolvimento de sua
universidade, Cefets e conclamar o corpo estudantil a participar.
Todas as instituições de ensino envolvidas valeram-se de seus Portais dos (as)
Estudantes, espaços oficiais dedicados ao oferecimento de serviços a discentes (matrícula,
horários, requisições, histórico escolar etc.), para estimular o preenchimento dos
questionários desta pesquisa. Algumas IFES também o fizeram em seus Sistemas de
Matrícula, garantindo a participação no ato da renovação do vínculo e com a capacidade
de cobertura quase censitária em prazos de tempo curtíssimos.
Houve ainda ações impactantes como a constituição dos espaços da pesquisa, salas
destinadas exclusivamente para o preenchimento do questionário, com maquinário

88
disponível e visitação orientada. E, por fim, campanhas de motivação, com sorteios de
prêmios ou a promoção de eventos especialmente dedicados ao convencimento, tais como
o “Dia P” (Dia da Pesquisa).
As peças produzidas, muito representativas em número e natureza, foram
registradas com dois objetivos, primeiramente informar à comunidade interessada na
pesquisa e, posteriormente, guardar a memória das ferramentas utilizadas para que, em
versões futuras, também possam estar à disposição para contribuir para a participação
de sujeitos da pesquisa.
A peça inaugural da campanha da V Pesquisa foi produzida pela equipe de
assessoria de comunicação da UFOB (Figura 4-1). Tratava-se de um pequeno banner
amistoso passível de edição para adaptar-se às realidades das instituições envolvidas.
Esta foi, em parte, uma das marcas da campanha. Muito embora houvesse uma
coordenação, em cada IFES, de forma descentralizada eram criadas as peças
publicitárias. Estas eram distribuídas entre as 65 participantes e rapidamente utilizadas
em suas mídias.

Figura 4-1 Banner criado pela UFOB

Fonte: Material de divulgação da V Pesquisa de Perfil (2018) .

De forma geral, as IFES optaram livremente pelas alternativas de comunicação,


sendo algumas com mais adesões do que outras. No Quadro 4-1 são indicadas as
principais estratégias de divulgação e as instituições que a elas aderiram.

89
90
Quadro 4-1 Ações de comunicação implementadas pelas IFES durante o levantamento da V Pesquisa

Comunicado a órgãos
aplicação da pesquisa
Obrigatoriedade para

superiores, unidades,
portais institucionais
Vídeos Institucionais

Envio de comunicado
Adesivos para mesas

durante a matrícula

cardápio especial no
Mala direta / e-mail

acesso ao portal do

Entrevistas para a
Sorteio de prêmios

coordenações, Pró-

Criação de memes

imprensa local ou

Jornais internos
Obrigatoriedade

a docentes para

Premiação com
preenchimento

Divulgação em

e redes sociais

Reitorias etc.
Dia P (dia da

matérias em
Editorial e
Panfletos.

estudante
pesquisa)
Cartazes

nacional
Sala de

RU
UFPI UFPI UFRRJ UFRGS UFU UFU UFAM UFG UFMS UFMS TODAS UFRGS UFU UFRGS UFRGS UFU UFRGS
UFRN UFG UFTM UNILAB UFG UFRR UFVJM UFMG UFMT UFMT UFU UFRGS UFG UFU UFAL UFU
UFERSA UNB UNB UFAC UFBA UFG UFAC UFPE UFCG UTFPR UFAC
UFJF UFAC UFF UNILAB UFABC UFAM UFRGS
UFABC UFRJ UFAC UFES UFTM UFRN
UFU UFMS UFJF UFERSA UFAL
UFG UNIFAP UFVJM UFMA
UFRB UNIRIO UFGD
UFPA UFMA UFSM
UFLA UFAM UFU
UFBA UFG UNB
UFT UFCG UFRJ
UNILAB UNILAB UFF
UFSM UFSM UFTM
UFAL UFF FURG
UFAC UFLA UFRB
UFRGS UFFS UFES
UNIFEI UFAC UFVJM
UNIFAL UFRGS
UTFPR
UFJF
UNIFEI
UNIFAL
UFVJM

Fonte: V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as) graduandos (as) das IFES (2018).

91
Cada uma das estratégias de mobilização e divulgação é portadora de
particularidades locais que neste Relatório não é possível descrever. Todavia, para o
registro passaremos à descrição genérica de cada uma delas.

Mala Direta
O envio de e-mail para os estudantes atingiu duas finalidades específicas: divulgar
a V Pesquisa para a comunidade acadêmica e conscientizar os estudantes da importância
do survey enquanto instrumento de gestão, avaliação e melhorias das IFES. Todas as
IFES enviaram e-mail aos estudantes, alcançando maior ou menor êxito.
A maioria das universidades que adotaram o método de envio de mala direta para
os e-mails dos estudantes combinou essa estratégia a outras formas de abordagem. O
volume de informação, a frequência do envio das mensagens e a estrutura do e-mail
também influíram no êxito da estratégia.
Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para ilustrar com um caso, o e-
mail contava com um banner de convite, contendo a arte da pesquisa e informações
relativas ao preenchimento (Figura 4-2).

Figura 4-2 Arte do e-mail da UFRGS.

Fonte: PRAE /UFRGS

Salas para o preenchimento da Pesquisa


92
Algumas universidades disponibilizaram salas para o preenchimento do
questionário. Tratava-se de espaços físicos com equipamentos e acesso à rede mundial de
computadores. O comparecimento de discentes se fazia de forma voluntária ou guiada,
com visitações conduzidas por responsáveis das equipes locais. As instituições que se
valeram desta alternativa foram: UNB, UFPI, UFG e UFAC.
Essa estratégia também esteve associada a diferentes abordagens (divulgação de
banner convite da pesquisa nas redes sociais, portal do estudante e nas páginas
institucionais) e obteve relativo êxito em razão da divulgação da pesquisa, produção de
chamadas, vídeos, memes na internet e utilização de mídias em geral.

Divulgação de vídeos
Buscando atingir um público cada vez mais sensível aos apelos visuais,
universidades produziram vídeos institucionais com enredos bem humorados e
convidativos.
Segundo nosso levantamento, valeram-se desta estratégia: UFPI, UFERSA,
UFJF, UFABC, UFU, UFG, UFRB, UFBA. A qualidade dos vídeos e a capacidade de
difusão eram tamanhas que, em alguns casos, materiais especificamente produzidos para
uma instituição eram replicados em outras. Este foi o caso da UFPI. Para deixar acessível
cada uma destas experiências, recomenda-se a visita aos endereços eletrônicos
disponíveis no Quadro 4-2.

Quadro 4-2 Instituições e endereços de seus vídeos de divulgação


IFES Endereço do vídeo
UFPI: https://www.instagram.com/p/Bei-wa6nlfl/?taken-by=ufpi
https://www.instagram.com/p/BebOCZgnpR-/?taken-by=ufpi
UFERSA https://www.facebook.com/Ufersa/videos/1605555569527060/?hc_ref=ARRwAS-
B1I2RfjBc7lVqex7kVHNsIDnrvCNd18p2O-ENBWwzXyRCpboHzWe02SCiq-
Q&fref=gs&dti=161260820656131&hc_location=group
UFJF https://www.youtube.com/watch?v=ZT0HIKMYTdo
UFABC https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=172602083535224&id=10002356300
5681&pnref=story
UFU https://www.facebook.com/ComunicacaoUfu/videos/1115393101934375/?hc_ref=ARTX2em
0ry1TkD-Qog0P6TjT7Q9XlLcWm7c-lVl07seiWB6Uk61zjrEkVCZjYcFCnvI
UFRB https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=168862360575863&id=10002356300
5681
UFPA https://www.facebook.com/UFPAOficial/videos/1646321132072207/
UFLA https://www.youtube.com/watch?v=FjaYWeb3jhE&t=5s
https://www.facebook.com/uflabr/videos/2271708739569557/
UFBA https://www.youtube.com/watch?v=wzdaJVVpFF4
Fonte: Dados da pesquisa.

93
Entrevistas
Durante o período de preenchimento dos questionários, gestores (as) mobilizaram
suas equipes de assessoria de comunicação e instigaram-nas a ocupar os veículos de
comunicação da própria instituição ou da região. O resultado encontra-se na série de
entrevistas concedidas e que possuem seus conteúdos registrados no Quadro 4-3.

Quadro 4-3 Lista de entrevistas de gestores (as) das IFES para divulgação da V Pesquisa
IFES Endereço da Entrevista
https://www.youtube.com/watch?v=t4qZDXApcg8
UFAC
https://www.youtube.com/watch?v=rk80s1Cnb4k
http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/bom-dia-
UFRN rn/videos/v/vice-reitor-da-ufrn-fala-sobre-pesquisa-que-
traca-perfil-socioeconomico-dos-alunos/6457165/
Fonte: Dados da pesquisa.

Outras Mídias
Para tornar a comunicação mais próxima do corpo discente, algumas IFES utilizaram
GIFs e Banners em redes sociais, destaque para a produção da UFG
(https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=169456743849758&id=10002356
3005681) e da UFRGS. Esta última com seus banners dispostos abaixo.

94
Figura 4-3 Banners disponibilizado no Facebook da UFRGS

Fonte: PRAE /UFRGS

Panfletagens
A UFU, UFG, UFBA, UNILAB, UFAC, UFJF e a UFVJM distribuíram panfletos
aos estudantes.
No caso da UFU a abordagem foi feita nos restaurantes universitários e uma
equipe de estagiários foi selecionada para divulgar nos campi avançados. O sucesso da
pesquisa esteve diretamente associado à alguma mobilização institucional que envolveu
diversos órgãos e diretorias da administração pública.

Divulgação nos órgãos superiores e participação dos professores


A UFU, a UTFPR e a UFRGS apresentaram comunicações aos órgãos superiores
e também às unidades acadêmicas e coordenações de curso com o objetivo de envolver o
corpo docente, seja à frente do órgão que dirige, seja na sala de aula, com a aplicação e o
convencimento da aplicação do questionário da pesquisa.

Criação de Eventos
A UFG, UFMG e a UFAC instituíram dois dias específicos no calendário da
universidade para a realização de um evento de promoção da pesquisa. Ele ficou

95
conhecido como “O dia P” e contou com um cronograma específico de divulgação e
diversas formas de abordagem, tais como, a disponibilização de computadores em
diversos pontos da universidade com a chamada direta de monitores, panfletagem e
chamadas nas salas de aula por coordenadores de curso e demais servidores envolvidos.

Obrigatoriedade no Momento da Matrícula


A implementação da obrigatoriedade no momento da matrícula garantiu o
recolhimento intensivo dos questionários em um período curto de tempo, gerando,
consequentemente, menor dispêndio de energia.

A maioria das universidades apresentou preenchimento significativo no período de


matrícula, em valguns casos aproximando-se da totalidade da população discente, mas
sempre com substancial aumento do volume de participações nas datas que se
aproximavam da entrada dos estudantes no Sistema /Portal do Estudante.

Seis universidades implementaram a obrigatoriedade na matrícula: UFMS,


UFPE, UFERSA, UFABC, UFMT e UFES.

Elas alcançaram o maior percentual de preenchimento da pesquisa. Das dez


universidades mais bem posicionadas no ranking, cinco implementaram a
obrigatoriedade no ato da matrícula. O percentual médio de respondentes das seis
universidades que adotaram esta estratégia foi de 76,98.

Obrigatoriedade no Sistema/Portal do Estudante


Esta estratégia, apesar de um pouco menos eficiente do que a obrigatoriedade
durante a matrícula, mostrou-se muito bem sucedida.
Tratava-se de levar até o portal da instituição - por meio do qual estudantes
acessam informações sobre horários, histórico escolar, notas etc. - o questionário da
pesquisa. Assim, o discente teria acesso às informações demandadas após vencer o
preenchimento do questionário. A adoção da obrigatoriedade no Portal do Estudante
contribuiu significativamente para o aumento do número de respondentes.
Do total, 15 universidades adotaram a obrigatoriedade no Portal do Estudante ao
longo da coleta.
96
Esta estratégia foi especialmente importante para as seguintes universidades:
UFRA, UFCG, UFAM, FURG e UFTM. Das dez universidades mais bem posicionadas no
ranking, cinco optaram pela obrigatoriedade no Portal do Estudante, alcançando em o
percentual médio de 74,43 respondentes.
Considerando as 15 universidades que adotaram a obrigatoriedade no Portal, o
percentual médio de respondentes foi de 52,03.
Todo este trabalho de divulgação resultou em uma coleta que alcançou uma
amostra composta por 424.128 questionários validados. As informações técnicas sobre a
coleta e o detalhamento do desenho amostral final encontram-se a seguir.

4.2 O processo de coleta de dados

A coleta de dados foi realizada nacionalmente durante os meses de fevereiro a


junho de 2018. O período relativamente longo de coleta buscou garantir que as IFES
tivessem tempo hábil para divulgar a pesquisa – e colocar em prática as inúmeras
estratégias de divulgação acima mencionadas – entre discentes, o que não ocorre
instantaneamente, dadas as dimensões, o volume estudantil e a dispersão geográfica dos
campi e cursos em todas as IFES estudadas. Ademais os calendários de matrícula para
estudantes em geral e ingressantes 2018, em particular, eram distintos e dispersos ao
longo do primeiro semestre, o que levou à decisão de manter o questionário aberto por
pelo menos 4 meses.

4.2.1 O questionário eletrônico da V Pesquisa


O questionário, composto por 81 perguntas, foi hospedado em plataforma virtual
especialmente desenvolvida pela equipe de Tecnologia da Informação da Prograd/UFU e
a coleta propriamente dita foi feita totalmente via internet, com funcionalidades
múltiplas (computadores pessoais, notebooks, tablets, smartphones), inovando assim a
experiência acumulada com a IV Pesquisa – 2014.
A partir do envio de dados acadêmicos prévios pelas IFES, os (as) estudantes
eram automaticamente cadastrados (as) e tornavam-se aptos (as) a acessar o sistema
(www.perfil.ufu.br). Após digitarem CPF e indicarem a instituição na qual estavam
vinculados (as), podiam iniciar o preenchimento do questionário. A Figura 4-4, abaixo,
mostra imagem da interface da V Pesquisa.
97
Figura 4-4 Interface V Pesquisa de Perfil

Fonte: Dados da pesquisa.

A V Pesquisa constituiu a quinta onda de uma série histórica que vem sendo
construída desde 1996. Relativamente ao modelo de questionário de 2014, foram feitas
revisões e inovações relacionadas no Quadro 4-4, após discussão com a equipe de
analistas e o Observatório FONAPRACE.

Quadro 4-4 Inovações no questionário eletrônico


Cabeçalho Inclusão de um texto de boas-vindas para os (as) estudantes e
compromisso ético de não identificação do (a) respondente
Questão 4 - Gênero Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
Questão 5 – Orientação sexual Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
Questão 7 - Deficiência Foi alterado o texto sobre baixa visão e foram incluídas as
seguintes alternativas para a questão15:
Surdocegueira (ausente em 2014)
Múltipla (ausente em 2014)
Altas habilidades/superdotação (ausente em 2014)
Questão 8 - Estado civil As alternativas “Casado (a)” e “União Estável” foram agrupadas
em uma só alternativa em 2018: “Casado (a) ou vive uma relação
estável”.
Questão 9 - Pergunta sobre filhos Situada no “Perfil Básico” em 2018.

15Na pergunta sobre Deficiência procurou-se aprimorar a definição de baixa visão ou visão subnormal, em
função de suposta inconsistência dos dados em 2014. Particularmente, foi necessário precisar que esta
modalidade de deficiência se caracteriza pela gravidade da perda da visão não corrigível por meio de
tratamento clínico ou cirúrgico nem com o mero uso de óculos ou lentes de contato.

98
Questão 10 - Algum de seus filhos Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
mora com você?
Questão 11 - Você tem filhos de 0 a 5 Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
anos de idade?

Questão 12 – Em seu período de Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.


aula, onde ou com quem ficam seus
filhos (as) de 0 a 5 anos?
Questão 14 - Tipo de escola de Acréscimo de duas novas alternativas: “Somente em escola
Ensino Médio: particular com bolsa” e “Maior parte em escola particular com
bolsa”.

Questão 16 - Como ingressou? Foi retirada a opção “Outros” na versão de 2018.

Questão 18 – Tipo de cota Foi alterado o formato da pergunta. As alternativas para


respostas binárias são:
Cota escola pública
Pretos, pardos e indígenas
Cota por renda
Cota por deficiência
Questão 19 – Tipo de cota “Outra cota”
Questão 25 - Estuda na biblioteca Foi incluída a opção “Menos do que uma vez”
Questão 29 - Assistência estudantil- Foram incluídos textos explicativos sobre o caráter dos auxílios,
apoios e bolsas em todas as alternativas.
Foi incluída alternativa “Empréstimo de material didático”.
Questão 30 – Participação em Foram incluídos os seguintes movimentos:
organizações: Movimento negro,
Movimento feminista
Movimento LGBTT
Movimento Sindical
Atléticas estudantis
Questão 31- fonte de informação Foram incluídas:
Mídia eletrônica formal (jornal; revista; portais de notícias; etc)
Mídia eletrônica alternativa (blogs; youtubers; etc.)
Redes sociais (Twitter; Facebook; etc.)
Questão 38 - Depois que você entrou Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
na universidade o número de obras
literárias que você passou a ler:
Questão 39 - Depois que você entrou Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
na universidade o número de peças
de teatro que você passou a assistir:
Questão 40 - Depois que você entrou Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
na universidade o número de filmes
que você passou a assistir:
Questão 41 - Depois que você entrou Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
na universidade o número de Shows
que você passou a assistir:
Questão 42 - Depois que você entrou Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.16
na universidade sua participação
política:

16 Buscou-se sofisticar o levantamento de dados do perfil cultural dos (as) graduandos (as) com o acréscimo
de questões sobre determinados hábitos culturais após ingresso nas IFES, motivo pelo qual os (as)
estudante foram inquiridos sobre a frequência de leitura de obras literárias, assistência a peças de teatro,
filmes e shows. Os (as) estudantes também foram inquiridos se sua participação política havia ou não
aumentado após ingresso nas IFES.
99
Questão 48 - Deslocamento Reformulada no questionário de 2018.
Questão 49 - Tempo de deslocamento Incluída a alternativa “Mais de três horas”.
Questão 50 Renda do Trabalho e As questões relativas a renda (renda do trabalho e renda
Questão 56 - Renda mensal bruta do mensal bruta do grupo familiar) foram abertas, de modo a
grupo familiar permitir a comparação de médias e a liberdade de
agrupamentos em faixas em Salários Mínimos17.
Questão 61 - Situação da moradia Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
Questão 62 - Bens materiais da Foram excluídas as alternativas:
família Lavadora de roupas
Secadora de roupas
Micro-ondas
Banheiro
Videocassete
Geladeira
Freezer
Rádio
TV em cores
Empregado doméstico.
Questão 64 - Onde se alimenta: Foram incluídas as alternativas:
No trabalho
No transporte
Outra.
Questão 65 - Atividade física: Foi substituída a alternativa “Ocasionalmente” por “Menos de
uma vez por semana”.
Questão 66 - Procura médico: Retirada a opção “Nunca”.
Questão 69 – Dentista: Houve alteração no texto.
Questão 72 – Dificuldades Houve alteração no texto.
emocionais:
Questão 72 – Consumo de bebida Foi substituída a alternativa “Ocasionalmente” por “Menos de
alcoólica: uma vez por semana”.
Questão 73 - Consumo de cigarro: Foi substituída a alternativa “Ocasionalmente” por “Menos de
uma vez por semana”.
Questão 74- Consumo de drogas: Foi substituída a alternativa “Ocasionalmente” por “Menos de
uma vez por semana”.
Questão 75- Dificuldades para Foram incluídas as alternativas:
estudar: Tempo de deslocamento para a universidade
Problemas de saúde
Problemas emocionais
Maternidade ou paternidade
Questão 76 – Sofreu assédio moral? Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
Questão 77- Formalizou reclamação Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
de assédio?
Questão 79 – Abandono do curso? Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
Questão 80 – Razões para Incluída no questionário de 2018 e ausente em 2014.
abandono:

17 A renda mensal per capita foi encontrada dividindo-se a renda bruta mensal familiar pelo número de
membros da família mantidos pela renda. Foram criadas alguns agrupamentos por faixas de renda: 1) Até
1 e meio SM; Mais de 1 e meio a 3SM; Mais de 3 SM); 2) Até meio SM; Mais de meio a 1 SM; Mais de 1 a 1
e meio SM; 3) Até 1 e meio SM; Mais de 1 e meio a 3 SM; Mais de 3 a 5 SM; Mais de 5 a 7 SM; Mais de 7
a 10 SM; Mais de 10 a 20 SM; Mais de 20 SM; 4) Até meio SM; Mais de meio a 1 SM; Mais de 1 a 2SM;
Mais de 2 a 3 SM; Mais de 3 a 4 SM; Mais de 4 a 5 SM; Mais de 5 a 6 SM; Mais de 6 a 7 SM; Mais de 7 a
8 SM; Mais de 8 a 9 SM; Mais de 9 a 10 SM; Mais de 10 SM.

100
Fonte: Dados da pesquisa.

Durante a montagem do Banco de Dados foram identificadas inconsistências nos


filtros das perguntas q4300, “Onde você morava antes de ingressar na Universidade?”,
q4400, “Principal motivo que o levou a mudar-se para o município onde cursa a
graduação”, e q4600, “Situação da sua moradia atual”, razão pela qual elas não foram
analisadas neste Relatório. O questionário na íntegra encontra-se no Anexo 1.

4.2.2 Justificativa do questionário eletrônico e online

A qualidade das informações geradas pela pesquisa de perfil depende da


quantidade de estudantes entrevistados, da efetividade na abordagem das perguntas, da
veracidade das respostas e da mais ampla possível disponibilidade de acesso ao
questionário de coleta à população investigada. Portanto, a etapa de coleta de dados é
muito importante para o sucesso e metas da pesquisa de tipo survey, como a que
praticamos.
Diante o exposto, é notório que, sem a utilização de um sistema computacional
disponibilizado na Internet, seria inviável produzir uma massa de dados de pesquisa de
fato em âmbito nacional, sobretudo em um país com dimensões continentais como o
Brasil, com a possibilidade de ultrapassar 1 milhão de estudantes entrevistados e ainda
processar um grande volume de dados, cujo banco final pode ser bem caracterizado como
um big data. Um sistema funcional, atrativo ao público investigado e robusto em termos
técnicos seria então essencial.
Assim como em edições anteriores, foi fundamental na V Pesquisa a utilização de
um sistema para disponibilização de um questionário eletrônico aos entrevistados.
Para isso, a pesquisa contou com uma equipe de especialistas em tecnologia da
informação para elaboração, disponibilização e manutenção de um portal em que os
estudantes de graduação presenciais das 65 instituições federais de ensino superior
participantes pudessem acessar e responder ao questionário proposto na pesquisa de
perfil.

101
4.2.3 Requisitos do Sistema
A edição de 2018 da Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e cultural dos (as)
graduandos (as) das IFES possui novos requisitos de sistema, em relação às edições
anteriores.
O primeiro novo requisito foi a compatibilidade do acesso via dispositivo móvel.
Diferentemente da edição anterior, hoje a maioria da população brasileira utiliza a
internet via dispositivo móvel, como smartphones e tablets. Neste sentido, o portal
precisou se adaptar, em termos de layout e eficiência, à utilização do questionário em
aparelhos com telas grandes, tais como computadores, e com telas pequenas como os
smartphones.
Outro requisito se impôs em razão do volume de potenciais respondentes. Pela
primeira vez a pesquisa foi realizada de forma a buscar o maior número possível de
respondentes, requisito que demandaria: maior infraestrutura tecnológica para que o
sistema suportasse grandes acessos simultâneos de usuários, já que qualquer
indisponibilidade do sistema poderia ocasionar transtornos às instituições; uma interface
(API - Application Programming Interface) para a validação das participações dos
estudantes na pesquisa pelos sistemas das IFES; um gráfico com acompanhamento em
tempo real da quantidade de estudantes que responderam o questionário de forma a
acompanhar a evolução da coleta e o número de estudantes que ainda precisariam
respondê-lo ; uma interface amigável para que os estudantes, convidados a responder um
questionário extenso, o fizessem de forma prazerosa e ágil.

4.2.4. Funcionalidades do sistema


Para atendimento de todos os requisitos, como os descritos no tópico anterior, foi
necessária a reformulação de todo o sistema de coleta de dados, e para isso foi
desenvolvido um novo portal com as seguintes funcionalidades:

102
Área exclusiva para IFES
Acesso exclusivo pelos responsáveis de cada instituição participante da pesquisa
para:
• envio dos dados dos estudantes via arquivo de planilha com validação dos
dados (https://www.perfil.ufu.br/2018/ifes/), conforme

• Figura 4-5;
• gráfico com acompanhamento das participações por curso;
• banner para divulgação da pesquisa,

103
• Figura 4-6;
• relatório com a relação de participantes, Figura 4-7;
• download de arquivo com relação de participantes da pesquisa.

Figura 4-5 Questionário para envio de dados

Fonte: Dados da pesquisa.

104
Figura 4-6 Página com orientação sobre a divulgação da pesquisa

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 4-7 Exemplo de Relatório de participação de estudantes, com 11 primeiros cursos


ordenados em ordem alfabética

Fonte: Dados da pesquisa.


105
Interface (API) para validação de estudantes
A API (Application Programming Interface) constitui um mecanismo de
integração e mediação de informações que permitiu que os sistemas das IFES
verificassem na base do portal, de forma automatizada e segura, se um estudante
específico respondera ou não o questionário da pesquisa.
Com efeito, esta interface permitiu que as instituições implementassem bloqueios
na matrícula, no acesso a serviços ou em portais próprios, caso o estudante ainda não
houvesse, porventura, participado da pesquisa.
Este mecanismo pareceu-nos bastante útil em uma pesquisa com ambição
censitária, na medida em que a experiência evidenciou que apenas a implementação da
obrigatoriedade – por exemplo condicionando a matrícula à resposta ao questionário -
pode tornar a pesquisa de fato censitária.

Ranking de participação
O ranking de participação na pesquisa consiste em uma página pública contendo
um gráfico de barras e dados sobre o número e a porcentagem de estudantes participantes
da pesquisa, em relação ao total de estudantes cadastrados, por IFES. Neste gráfico é
apresentada uma classificação ordenada com as maiores participações relativas no topo
até as menores na base.
O ranking de participação das IFES era atualizado em tempo real e
possibilitava o acompanhamento da evolução das participações durante o período
de coleta de dados. Na

Figura 4-8 é apresentado o gráfico descrito com as 10 melhores


classificações.

Figura 4-8 Imagem do ranking de preenchimento dos questionários com as dez primeiras posições

106
Fonte: Dados da pesquisa.

4.2.5 Questionário da pesquisa


Na edição anterior da pesquisa, eram apresentadas ao (à) entrevistado (a) várias
perguntas em uma única página, agrupadas por eixos temáticos. As repostas eram salvas
apenas quando os usuários do sistema clicassem no botão “Próximo”. Ademais, deveriam
aguardar o servidor processar a operação para, então, responderem as próximas
perguntas, iniciadas em uma nova página. Este processo era relativamente “moroso” e
exigia rolagem da página e muitos cliques do usuário. De certa forma, face a eventual
sobrecarga de sistema, a morosidade no carregamento da página poderia levar à
desistência dos entrevistados.
Nesta quinta edição houve grande preocupação com a usabilidade do sistema com
o objetivo de maximizar o número de questionários respondidos e não perder a
oportunidade de coleta de dados de nenhum eventual participante. O principal aspecto
de melhoria na usabilidade está na forma de se responder o questionário. Buscou-se
aprimorar o questionário nos seguintes aspectos:
• Foco na pergunta: ao invés de apresentar várias perguntas simultaneamente, uma
pergunta com as opções de resposta é apresentada de cada vez, cujo intuito é

107
manter o foco do (a) entrevistado (a) para pensar apenas na resposta àquela
questão.
• Poucos cliques: Com um único clique na resposta, em caso de perguntas com única
escolha, o portal faz uma animação de transição da pergunta respondida para a
próxima pergunta. O objetivo é que o (a) entrevistado (a), ao finalizar uma
resposta, se depare, logo em seguida, com uma nova pergunta, estimulando seu
subconsciente a elaborar as respostas em um ritmo contínuo, evitando, assim, que
o (a) participante desista da pesquisa. Além disso, poucos cliques facilitam a
utilização do sistema e minimizam o tempo necessário para o entrevistado
completar o questionário.
• Todas as perguntas em memória: Ao acessar a página, o servidor envia, para o
dispositivo do (a) usuário (a), o questionário completo com todas as perguntas e
opções de resposta. Esta estratégia evita que uma possível sobrecarga no sistema
ou problemas de lentidão da internet do usuário retarde o carregamento da página,
quando o entrevistado já está respondendo o questionário.
• Resposta salva de forma assíncrona: Ao responder uma pergunta, os dados são
enviados para o servidor e armazenados no banco de dados do sistema; porém não
é necessário que o navegador do usuário aguarde o processamento da operação
para que a próxima pergunta seja apresentada. Este processo assíncrono evita o
travamento da página enquanto o entrevistado responde o questionário.
• Pergunta resumida: Cada pergunta possui um texto resumido em destaque, de
forma a facilitar a leitura dinâmica do usuário. Logo abaixo é apresentado o texto
completo da pergunta, caso o usuário não entenda o que está sendo perguntado
apenas com o texto resumido. Esta estratégia possibilita que o (a) entrevistado (a)
selecione a opção de resposta com uma leitura mais breve, contribuindo para a
agilidade em responder o questionário.
• Tema de cores para cada assunto: o questionário é dividido em eixos e cada eixo
correspondia a uma cor de fundo, indicando que passos ou etapas estavam sendo
cumpridas.
• Layout discreto mas, ao mesmo tempo, atrativo: foi criada a primeira página de
interface dos(as) graduandos (as) com o portal, onde estudantes inseriam número

108
de CPF e indicavam a instituição de pertencimento; foram criadas
individualmente páginas contendo cada uma das perguntas do questionário (

109
• Figura 4-9,


• Figura 4-10, Figura 4-11,

• Figura 4-12,

110
• Figura 4-13) e uma página final de integralização do questionário (

111
• Figura 4-14).
• Caricaturas representando a diversidade: Foram criados pequenas caricaturas
com faces (rostos) de figuras de pessoas com várias características pessoais e
sociais, de modo a representar a diversidade possível a ser captada em uma
pesquisa de perfil, como a que praticamos (Figura 4-15). Estas caricaturas, cerca
de 40 ao todo, inseridas no canto superior esquerdo das páginas, eram alterados
frequentemente de modo a, sugestivamente, indicar o tema da pesquisa, qual seja
o levantamento de perfil socioeconômico e cultural – sem com isso dispersar o
respondente.

112
Figura 4-9 Questionário com exemplo de pergunta sobre cor ou raça, na proporção de uma tela de celular
(360px x 640px), caricatura de um indígena e tema de dados pessoais em cores azul turquesa e ícone de
um documento

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 4-10 Questionário com pergunta sobre deficiência, na proporção de uma tela de tablet (768px x
1024px), caricatura de uma mulher branca e tema de dados pessoais em cores azul turquesa e ícone de
um documento

Fonte: Dados da pesquisa.


113
.
Figura 4-11 Questionário com pergunta sobre frequência de estudo na biblioteca, caricatura de uma
mulher negra e tema de perguntas acadêmicas em cor vermelha e ícone de um capelo

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 4-12 Questionário com pergunta sobre domínio da língua inglesa, com caricatura de uma mulher
francesa e tema de perguntas culturais em cor amarela e ícone de um pincel.

Fonte: Dados da pesquisa.

114
Figura 4-13 Questionário com pergunta sobre meio de transporte, caricatura de um cadeirante e tema de
perguntas de moradia em cor verde e ícone de uma casa

Fonte: Dados da pesquisa.

115
Figura 4-14 Tela de finalização do questionário

Fonte: Dados da pesquisa.

116
Figura 4-15 Imagens com caricaturas que compunham o questionário de preenchimento para expressar
diversidade

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao inovar o questionário e o ambiente de hospedagem, buscou-se tornar mais


agradável e ágil o processo de preenchimento do questionário, maximizando a qualidade
da coleta de dados e, consequentemente, das informações produzidas pela pesquisa.

4.3 Desenho amostral

Nesta parte do Relatório, apresentamos os procedimentos utilizados para


ponderar a amostra da “V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos (as)
Graduandos (as) das IFES” e explicamos os princípios estatísticos envolvidos.
117
Será apresentada uma visão geral sobre as principais etapas da ponderação
amostral, desde o cadastro com os dados primários do universo da pesquisa e da base de
dados amostrais até a obtenção dos pesos amostrais propriamente ditos.

4.3.1 Universo da pesquisa


A ANDIFES é a representante oficial das universidades federais na interlocução
com o governo federal e consiste de 2 Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets),
2 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IFETs) e 63 universidades
federais localizadas em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal.
Para esta V Pesquisa Nacional, o universo considerado compreende todos os
estudantes de graduação em cursos presenciais com matrículas ativas em 2018 nas 63
universidades federais e nos 2 Cefets. Nestas 65 instituições federais de ensino superior
(IFES) tem vínculo ativo mais de um milhão e duzentos mil discentes de graduação, em
todas as áreas do conhecimento.
Foram cadastrados, via sistema de coleta, 1.200.300 estudantes de graduação
distribuídos conforme a Tabela 4-1.

Tabela 4-1 Número de estudantes de graduação nas 65 IFES - 2018

IFES Total de discentes IFES Total de discentes


CEFET-MG 6380 UFRA 7158
CEFET-RJ 7210 UFRB 10591
FURG 10670 UFRGS 30953
UFABC 14791 UFRJ 50572
UFAC 11375 UFRN 31850
UFAL 28993 UFRPE 15087
UFAM 29392 UFRR 6959
UFBA 38675 UFRRJ 15925
UFC 29991 UFS 28456
UFCA 3264 UFSB 3396
UFCG 18228 UFSC 34206
UFCSPA 2713 UFSCAR 14036
UFERSA 9704 UFSJ 10328
UFES 25418 UFSM 21334
UFF 47156 UFT 15155
UFFS 9465 UFTM 6985

118
UFG 30633 UFU 26656
UFGD 7712 UFV 15587
UFJF 17839 UFVJM 8949
UFLA 10844 UNB 37355
UFMA 33578 UNIFAL-MG 6533
UFMG 30349 UNIFAP 9150
UFMS 19851 UNIFEI 8053
UFMT 28481 UNIFESP 13443
UFOB 3348 UNIFESSPA 5190
UFOP 12102 UNILA 4339
UFOPA 5303 UNILAB 4375
UFPA 51189 UNIPAMPA 12865
UFPB 29616 UNIR 10304
UFPE 31419 UNIRIO 11011
UFPEL 18425 UNIVASF 6984
UFPI 27482 UTFPR 32715
UFPR 32204 Total 1.200.300
Fonte: Dados da pesquisa.

As informações disponibilizadas no cadastro para estes 1.200.300 discentes estão


apresentadas no Quadro 4-5. São informações relativas à identificação do (a) discente e
às características do curso em que ele (a) está matriculado (a) na IFES. Com elas, foi
possível estabelecer o plano amostral probabilístico para a pesquisa, do modo a obter o
tamanho mínimo da amostra em cada IFES.

Quadro 4-5 Informações contidas no cadastro de discentes nas 65 IFES - 2018

Número do CPF
Nome completo
Endereço eletrônico – e-mail
Ano de ingresso na IFES
Semestre de ingresso na IFES
Código e-MEC da IFES
Nome da IFES
Código e-MEC do curso
Nome do curso
Área de conhecimento do curso
Turno do curso

119
Grau do curso
Campus
Cidade
Estado
Fonte: dados da pesquisa.

4.3.2 Estratificação e alocação da amostra


A população de interesse (população-alvo) é constituída por todos (as) os (as)
discentes com matrículas ativas no ano de 2018 nas 65 IFES listadas na Tabela 4-1.
Portanto, a unidade de seleção amostral é o (a) discente.
Para se estabelecer o tamanho amostral mínimo para cada IFES, adotou-se um
plano de amostragem aleatória estratificada (AAE), em que os estratos são as 65 IFES.
A ideia é que seja possível fornecer resultados desagregados segundo a estratificação por
IFES.
Definidos os estratos, optou-se por considerar o tempo de matrícula do (a) discente,
ou seja, há quanto tempo o (a) discente iniciou o seu curso naquela IFES, para obter o
tamanho amostral. Esta variável é expressa em anos. Assim, foi possível obter a média e
a variabilidade do tempo de matrícula para cada uma das 65 IFES e, então, seria possível
avaliar a homogeneidade dentro dos estratos. Os resultados encontram-se na Tabela 4-2.
Por exemplo, em 2018 os discentes da UNIFAP têm tempo médio de matrícula de 4,16
anos e desvio-padrão de 3,08 anos, enquanto que os da UFSB estão matriculados em
média há 2,23 anos com desvio-padrão de 1,27 anos. Estas estatísticas foram cruciais
para a determinação dos tamanhos amostrais de cada IFES (estrato).

Tabela 4-2 Total de estudantes de graduação nas 65 IFES, média e desvio-padrão do tempo de matrícula
dos estudantes por estrato - 2018
IFES Tempo de matrícula
Total de discentes
(estrato) Média Desvio-padrão
CEFET-MG 6380 3,3397 2,2861
CEFET-RJ 7210 3,2571 2,5251
FURG 10670 2,6200 2,0390
UFABC 14791 3,8918 2,6623
UFAC 11375 3,8418 2,2752
UFAL 28993 3,8556 1,9678

120
UFAM 29392 3,0156 2,0818
UFBA 38675 3,5187 2,3319
UFC 29991 2,7529 2,1184
UFCA 3264 2,6452 1,8585
UFCG 18228 2,6054 1,8432
UFCSPA 2713 2,3334 1,6028
UFERSA 9704 2,8119 1,7557
UFES 25418 3,0673 2,2767
UFF 47156 3,2034 2,1926
UFFS 9465 2,8693 1,9804
UFG 30633 2,8409 2,0474
UFGD 7712 2,9587 1,9455
UFJF 17839 3,1895 2,1663
UFLA 10844 2,9149 1,7909
UFMA 33578 4,3231 3,0887
UFMG 30349 3,6612 1,9973
UFMS 19851 2,3066 1,8224
UFMT 28481 3,0172 2,0198
UFOB 3348 2,1764 1,6342
UFOP 12102 3,0623 2,0236
UFOPA 5303 3,6982 2,0645
UFPA 51189 3,6006 2,3945
UFPB 29616 3,5594 2,0263
UFPE 31419 3,1065 1,9874
UFPEL 18425 2,9571 2,0229
UFPI 27482 3,1025 2,0986
UFPR 32204 2,7873 1,9346
UFRA 7158 2,3891 1,7363
UFRB 10591 3,3661 2,0682
UFRGS 30953 3,3530 2,1540
UFRJ 50572 3,6767 2,5912
UFRN 31850 2,7004 2,0470
UFRPE 15087 2,6470 1,8927
UFRR 6959 3,2254 2,3961
UFRRJ 15925 3,1923 2,1923
UFS 28456 3,5034 2,5962
UFSB 3396 2,2378 1,2728
UFSC 34206 2,8201 2,1203

121
UFSCAR 14036 2,7817 1,9516
UFSJ 10328 3,5054 2,0204
UFSM 21334 2,7765 1,9220
UFT 15155 2,9743 2,2544
UFTM 6985 2,8352 2,0044
UFU 26656 3,2218 2,0352
UFV 15587 2,4890 1,8154
UFVJM 8949 2,4693 1,6884
UNB 37355 3,0515 1,8777
UNIFAL-MG 6533 2,9825 1,9303
UNIFAP 9150 4,1640 3,0834
UNIFEI 8053 3,3001 2,2518
UNIFESP 13443 2,6942 1,9940
UNIFESSPA 5190 2,5810 1,8687
UNILA 4339 2,0928 1,5443
UNILAB 4375 2,8295 1,6062
UNIPAMPA 12865 2,6914 2,0956
UNIR 10304 2,7432 2,2270
UNIRIO 11011 2,9910 2,0857
UNIVASF 6984 3,1503 2,2156
UTFPR 32715 2,8840 1,9648
Fonte: Cálculo da pesquisa.

Da Tabela 4-2 pode-se observar que existem diferenças entre os tempos médios de
matrícula nas IFES e, sobretudo, entre os desvios-padrão. Estes resultados impactaram
na alocação da amostra nos estratos considerados.
Portanto, de posse dos totais de discentes nas IFES e da variabilidade da variável
tempo de matrícula, definimos os outros parâmetros estatísticos necessários para
determinar os tamanhos amostrais através da AAE.
Para a determinação do tamanho amostral via AAE, nós utilizamos a função
stratasize do pacote samplingbook do programa estatístico R (R Core Team, 2018).18
Especificando a precisão estatística de amostragem, e, os tamanhos populacionais em
cada estrato, Nh, os respectivos desvios-padrão, sh, o nível de confiança e o método de

18R Core Team (2018). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for
Statistical Computing, Vienna, Austria. URL https://www.R-project.org/.
122
alocação da amostra nos estratos, esta função stratasize nos fornece o tamanho amostral
total, n.
Para esta pesquisa, os vetores Nh e sh são dados na segunda e na terceira coluna
da Tabela 4-2, respectivamente. Adotamos como precisão amostral e = 0,01 e 96% de
confiança, visto que queríamos maximizar os tamanhos amostrais. A Alocação Ótima de
Neyman foi o método escolhido para distribuir o tamanho amostral total nos estratos.
Com estes critérios, chegamos inicialmente ao tamanho amostral calculado via
AAE de n = 165.575. O próximo passo foi dividir as n unidades da amostra total em cada
estrato.
Assumindo-se uma população finita de N unidades particionada em H
subpopulações ou estratos com tamanhos conhecidos, N1, N2,..., NH, na Alocação Ótima
de Neyman, a amostra obtida é distribuída proporcionalmente à variância em cada
estrato e ao tamanho do estrato, de acordo com a regra:
N h sh
nh = n ,

H
Ns
i =1 i i

em que h = 1,2,...,H, com H = 65 (número de estratos).

Os tamanhos amostrais alocados por IFES obtidos via AAE são dados na Tabela
4-3 e foram usados como quantidades mínimas de discentes respondentes a serem
alcançadas por cada IFES na coleta de dados. Algumas IFES tiveram estas quantidades
acrescidas e, por isso, o total amostral passou a ser de 167.462 discentes.

Tabela 4-3 Tamanho da amostra idealizada de estudantes de graduação nas 65 IFES via AAE - 2018

Tamanho da amostra Tamanho da amostra


IFES IFES
nh nh
CEFET-MG 938 UFRA 799
CEFET-RJ 1400 UFRB 1409
FURG 1399 UFRGS 4288
UFABC 2532 UFRJ 8427
UFAC 1664 UFRN 4193
UFAL 3669 UFRPE 1838
UFAM 3935 UFRR 1072
UFBA 5800 UFRRJ 2245
UFC 4086 UFS 4751

123
UFCA 653 UFSB 303
UFCG 2161 UFSC 4664
UFCSPA 543 UFSCAR 1762
UFERSA 1096 UFSJ 1342
UFES 3857 UFSM 2637
UFF 6932 UFT 2213
UFFS 1205 UFTM 900
UFG 4033 UFU 3489
UFGD 965 UFV 1820
UFJF 2485 UFVJM 972
UFLA 1249 UNB 4525
UFMA 6670 UNIFAL-MG 811
UFMG 3898 UNIFAP 1814
UFMS 2326 UNIFEI 1166
UFMT 3699 UNIFESP 1724
UFOB 670 UNIFESSPA 624
UFOP 1575 UNILA 868
UFOPA 704 UNILAB 875
UFPA 7882 UNIPAMPA 1734
UFPB 3868 UNIR 1492
UFPE 4015 UNIRIO 1477
UFPEL 2397 UNIVASF 1047
UFPI 3709 UTFPR 4134
UFPR 4032 Total 167.462
Fonte: Cálculo da pesquisa.

Ao se garantir a precisão minimamente aceitável em cada um dos estratos


considerados, com a agregação de dois ou mais deles, por exemplo, por regiões do Brasil,
a tendência é melhorar a estimativa.

4.3.3 Ponderação da amostra


A amostra da pesquisa foi obtida através de um mecanismo de auto-seleção, em
que todos os (as) estudantes tiveram acesso ao questionário, de modo online. Isso
corresponde a um caso típico de amostragem não probabilística, na qual não é possível
determinar a probabilidade de que cada estudante seja efetivamente incluído na
amostra.
124
Este tipo de levantamento tem recebido grande atenção recente dos pesquisadores
da área de estatística e muitos estudos estão sendo realizados com foco na comparação
de resultados de pesquisas com amostras não probabilísticas (após a realização de
diversos procedimentos de ajustes de seus resultados) com os resultados correspondentes
e provenientes de pesquisas com amostras probabilísticas. Um caso importante deste tipo
de comparação foi aplicado em uma pesquisa de intenção de voto para eleições dos EUA,
em que foram confrontados resultados obtidos por questionários preenchidos na web e
resultados de amostras probabilísticas (WANG et al., 2015). Após os devidos ajustes
estatísticos dos primeiros resultados, verificou-se a convergência com os resultados
obtidos via pesquisa com amostragem probabilísticas.
Em 2018, o IBGE realizou testes de coleta de informações pela internet para o
Censo Demográfico 2020, com finalidade de avaliar o autopreenchimento do questionário
e comparar com a coleta presencial. A adoção da internet como forma de coleta para
pesquisas demográficas tem crescido no mundo inteiro e é um ponto que vem sendo
discutido amplamente para o Censo 2020.
O custo de pesquisas probabilísticas é consideravelmente mais elevado do que as
pesquisas na internet e isto vem estimulando muito as pesquisas neste campo. No
entanto, assim como nas amostras probabilísticas, ajustes de não resposta se fazem
necessários. Basicamente, dois métodos são mais amplamente aplicados para estes
ajustes em pesquisas com amostras não probabilísticas.
O primeiro baseia-se na estimativa da probabilidade de seleção de cada elemento
da amostra não probabilística. Geralmente é conduzida uma segunda pesquisa entre não
participantes, obtida através de uma amostra aleatória do universo de não participantes.
Posteriormente estima-se um modelo de regressão logística para os dois grupos
(participantes da pesquisa da web e não participantes) considerando como regressores
um conjunto de variáveis (características) que são obtidas para todos os elementos das
duas amostras.
Com isto, é estimada uma probabilidade de seleção para cada elemento da amostra
dos (as) participantes da pesquisa na internet. O inverso desta probabilidade de seleção,
com alguns ajustes estatísticos, será o peso de cada elemento da amostra. Infelizmente,
este método é de difícil aplicação, tanto pela desvantagem em ter que conduzir uma

125
segunda pesquisa entre aqueles não participantes, como pelo problema de escolha prévia
de um conjunto de características que, seguramente, explicam a seleção.
Em muitas situações, pode-se melhorar a relação entre a amostra e a população
através de ajustes de ponderações amostrais de modo que os totais marginais dos pesos
ajustados em características especificadas, referidas como variáveis de controle ou
variáveis auxiliares concordem, pelo menos em parte, com os totais correspondentes para
a população. Este método de ajuste estatístico de pesquisas não probabilísticas, que é
bastante difundido em termos de aplicação, é o chamado método "Raking" (DEBELL;
KROSNICK, 2009). "Raking" é frequentemente usado para reduzir vieses de não resposta
em inquéritos por amostragem. Este é um método de pós-estratificação da amostra que
se baseia em um conjunto de variáveis auxiliares que estão disponíveis para o conjunto
do universo da pesquisa. As informações são dadas por distribuições populacionais de
variáveis que também estão disponíveis para os dados da amostra. Nós utilizamos as
distribuições marginais para as seguintes variáveis:
i. Área de conhecimento (9 categorias);
ii. Turno (13 categorias);
iii. Ano de ingresso (19 categorias);
iv. Unidade da federação (27 categorias);
v. Instituição federal de ensino superior (65 categorias);
vi. Semestre de ingresso (3 categorias); e
vii. Grau (4 categorias).
Essas variáveis auxiliares foram consideradas por estarem disponíveis para todas
as unidades da amostra e pelo fato de suas distribuições marginais serem conhecidas.
Portanto, o nosso processo de ponderação amostral, via método "Raking", fundamenta-se
em um algoritmo que obtém pesos para as unidades amostrais de forma que, após a
expansão amostral, obtemos os mesmos totais e frequências relativas marginais para
cada categoria de cada uma das variáveis auxiliares.
A população-alvo da pesquisa consiste de 1.200.300 estudantes matriculados (as)
nas IFES brasileiras em 2018.

126
4.3.4 Crítica e consistência dos dados
A coleta de dados foi realizada nacionalmente entre os dias 1º. de fevereiro a 30
de junho de 2018.
Findo o período de coleta, 459.000 estudantes participaram da V Pesquisa, dos
quais 426.664 responderam integralmente o questionário. Considerou-se integralizado o
questionário cujo (a) estudante respondera todas as questões pertinentes. Finalizada a
última pergunta, o (a) estudante visualizava um ícone de certificação, representado pela
figura de um troféu.
Nesta primeira fase de limpeza e consistência dos dados para preparação do
Banco de Dados da V Pesquisa de Perfil foram então descartados 32.336 questionários
não integralmente respondidos.
Também na fase de crítica dos dados foram tomadas decisões que levaram à
exclusão de outros questionários. Dos 426.664 questionários integralizados, decidiu-se
pela eliminação de todos aqueles respondidos em menos de 5 minutos, o que totalizou
1.571 eliminações.
Identificou-se também a existência de 988 questionários respondidos por
estudantes de cursos de graduação não presenciais (EAD, sequenciais) ou de cursos de
pós-graduação, incorretamente inscritos a partir de dados inadvertidamente fornecidos
pelas IFES. Consequentemente, foram também eliminados da população todos (as)
estudantes vinculados aos cursos não presenciais e de pós-graduação então identificados.
A amostra final obtida via questionário online, após a crítica dos dados, compõe-
se de 424.128 discentes, resultando em uma fração amostral de 35,34%.
Os questionários preenchidos eletronicamente foram transpostos para o formato
de banco de dados “csv”. O tratamento quantitativo das informações foi realizado por
meio do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).
Na Base de dados criada, cada linha equivale a um discente (que respondeu um
questionário) e nas colunas estão as perguntas. A Base de dados final é construída com
424.128 questionários (linhas) e possui 207 colunas (variáveis).
As variáveis passaram por processo de codificação, ou seja, de classificação das
informações em categorias numéricas. Todas as variáveis podem ser consultadas no
Dicionário de Variáveis, no Quadro 4-6.

127
Quadro 4-6 Estrutura da base de dados
nr_questionario Número do questionário
nr_ano_ingresso Ano de ingresso
nr_semestre_ingresso Semestre de ingresso
cd_emec_curso Código do curso
id_curso id_curso
nm_curso Nome do curso
nm_grau Nome do grau do curso
nm_campus Nome do campus
sg_estado_campus Estado do campus
nm_cidade_campus Cidade do campus
p100 [p100] País de nascimento
p101 [p101] Estado de nascimento
p102 [p102] Cidade de nascimento
p200 [p200] Idade
p300 [p300] Sexo
p400 [p400] Gênero
p500 [p500] Orientação sexual
p600 [p600]Cor
p70070001 [p70070001] Não tem deficiência
p70070002 [p70070002] Deficiência - Baixa visão ou visão subnormal
p70070003 [p70070003]Deficiência - Cegueira
p70070004 [p70070004]Deficiência - Deficiência auditiva
p70070005 [p70070005]Deficiência - Surdez
p70070006 [p70070006]Deficiência - Surdocegueira
p70070007 [p70070007] Deficiência - Física
p70070008 [p70070008] Deficiência - Intelectual
p70070009 [p70070009] Deficiência - Múltipla
p70070010 [p70070010] Deficiência - Transtorno global do desenvolvimento
p70070011 [p70070011] Deficiência - Altas habilidades / superdotação
p800 [p800] Estado civil / Situação conjugal atual
p900 [p900] Tem filhos
p1000 [p1000] Algum de seus filhos mora com você
p1100 [p1100] Tem filhos de 0 e 5 anos
p1200 [p1200] Em seu período de aula, onde ou com quem ficam seus filhos(as) de 0 a 5 anos
p1300 [p1300] A maior parte do Ensino Médio
p1400 [p1400] Tipo de escola em que cursou o Ensino Médio
p1500 [p1500] Frequentou cursinho
p1600 [p1600] Como ingressou nesta universidade
p1700 [p1700] Forma de ingresso
p1801 [p1801] Ingressou por cota de escola pública
p1802 [p1802] Ingressou por cota para Pretos/Pardos/Indígenas
p1803 [p1803] Ingressou por cota para renda bruta per capita igual ou inferior a 1,5 SM
p1804 [p1804] Ingressou por cota de deficiência
p1900 [p1900] Outra cota
p2000 [p2000] Turno

128
p2100 [p2100] Primeira opção
p2200 [p2200] Trocaria de curso
p2300 [p2300] Em média, quanto tempo dedica semanalmente aos estudos fora da sala de aula
p2400 [p2400] Em média, com que frequência utiliza a(s) biblioteca(s) durante a semana
p2500250001 [p2500250001] Atividade ou programa acadêmico - Empresa Júnior
p2500250002 [p2500250002] Atividade ou programa acadêmico - Ensino (Monitoria)
p2500250003 [p2500250003] Atividade ou programa acadêmico - Ensino (PIBID / PLI)
p2500250004 [p2500250004] Atividade ou programa acadêmico - Estágio não obrigatório (Extracurricular)
p2500250005 [p2500250005] Atividade ou programa acadêmico - Extensão (PIBEXT, PEIC etc.)
p2500250006 [p2500250006] Atividade ou programa acadêmico - Pesquisa (PIBIC, PIBIT etc.)
p2500250007 [p2500250007] Atividade ou programa acadêmico - PET (Programa de Educação Tutorial)
p2500250008 [p2500250008] Atividade ou programa acadêmico - Outra
p2500250009 [p2500250009] Atividade ou programa acadêmico - Não
p2600 [p2600] Atividade ou programa acadêmico remunerado
p2700 [p2700] Participou de Programa de Mobilidade Estudantil
p2800280001 [p2800280001] Não
p2800280002 [p2800280002] Alimentação
p2800280003 [p2800280003] Moradia
p2800280004 [p2800280004] Atendimento psicológico
p2800280005 [p2800280005] Apoio pedagógico
p2800280006 [p2800280006] Atendimento médico
p2800280007 [p2800280007] Atendimento odontológico
p2800280008 [p2800280008] Transporte
p2800280009 [p2800280009] Creche
p2800280010 [p2800280010] Esporte e Lazer
p2800280011 [p2800280011] Cultura
p2800280012 [p2800280012] Deficiência
p2800280013 [p2800280013] Inclusão digital
p2800280014 [p2800280014] Promisaes
p2800280015 [p2800280015] Bolsa permanência da instituição
p2800280016 [p2800280016] Bolsa Permanência do MEC
p2800280017 [p2800280017] Material didático
p2900290001 [p2900290001] Movimento artístico-cultural
p2900290002 [p2900290002] Movimento ecológico
p2900290003 [p2900290003] Movimento estudantil
p2900290004 [p2900290004] Movimento ou organização religiosa
p2900290005 [p2900290005] Movimento Negro
p2900290006 [p2900290006] Movimento Feminista
p2900290007 [p2900290007] Movimento LGBTT
p2900290008 [p2900290008] Movimento Sindical
p2900290009 [p2900290009] Partido político
p2900290010 [p2900290010] Atléticas estudantis
p2900290011 [p2900290011] Outras Organizações/Associações etc
p2900290012 [p2900290012] Nenhuma organização/associação
p3000 [p3000] Qual a sua principal fonte de informação?
p3100 [p3100] Qual o domínio que você tem em relação ao microcomputador?

129
p3200 [p3200] Quanto à língua estrangeira, qual o seu domínio do Inglês?
p3300 [p3300] Quanto à língua estrangeira, qual o seu domínio do Espanhol?
p3400 [p3400] Quanto à língua estrangeira, qual o seu domínio do francês?
p3500 [p3500] Quanto à língua estrangeira, qual o seu domínio do Alemão?
p3600 [p3600] Quanto à língua estrangeira, qual o seu domínio do Italiano?
p3700 [p3700] Depois que você entrou na universidade o número de obras literárias que você passou
a ler:
p3800 [p3800] Depois que você entrou na universidade o número de peças de teatro que você passou
a assistir:
p3900 [p3900] Depois que você entrou na universidade o número de filmes que você passou a
assistir:
p4000 [p4000] Depois que você entrou na universidade o número de shows que você passou a
assistir:
p4100 [p4100] Participação política
p4200 [p4200] Reside no município onde cursa a graduação
p4300 [p4300] Onde morava antes de ingressar na Universidade? País
p4301 [p4301] Onde morava antes de ingressar na Universidade? Estado
p4302 [p4302] Onde morava antes de ingressar na Universidade? Município
p4400 [p4400] Motivo que o levou a mudar-se para o município onde cursa a graduação
p4500 [p4500] Onde mora atualmente
p4600 [p4600] Situação da moradia (pergunta eliminada do banco final em função de
inconsistências)
p4700 [p4700] Meio de transporte
p4800 [p4800] Tempo gasto
p4900 [p4900] Distância
p5000 [p5000] Trabalho
p5100 [p5100] Vínculo no trabalho
p5200 [p5200] Renda do trabalho
p5300 [p5300] Jornada de trabalho
p5400 [p5400] Qual a escolaridade da mãe ou da pessoa que o(a) criou como mãe
p5500 [p5500] Qual a escolaridade do pai ou da pessoa que o(a) criou como pai
p5600 [p5600] Renda mensal bruta do seu grupo familiar
p5700 [p5700] Pessoas, incluindo você, que vivem da renda mensal do seu grupo familiar
p5701 [p5701] Renda mensal per capita
p5800 [p5800] Principal mantenedor(a) do seu grupo familiar
p5900 [p5900] Escolaridade do(a) principal mantenedor(a) do seu grupo familiar
p6000 [p6000] Situação de moradia da Família
p6101 [p6101] Na casa de sua família tem água encanada
p6102 [p6102] Na casa de sua família tem rua pavimentada
p6103 [p6103] Na casa de sua família tem acesso a Internet
p6104 [p6104] Na casa de sua família tem computador
p6105 [p6105] Na casa de sua família tem automóvel
p6106 [p6106] Na casa de sua família tem motocicleta
p6200 [p6200] Número de refeições por dia
p6300 [p6300] Onde faz suas principais refeições
p6400 [p6400] Frequência pratica atividade física
p6500 [p6500] A universidade provê condições para a realização de suas atividades físicas?
p6600 [p6600] Quando precisa de atendimento médico procura, preferencialmente
p6700 [p6700] Sua procura por serviço médico ocorre

130
p6800 [p6800] Com relação a seus cuidados dentários, você
p6900 [p6900] Procurou atendimento psicológico alguma vez em sua vida
p7000 [p7000] Já tomou medicação psiquiátrica, mesmo que tenha sido por pouco tempo
p7100 [p7100] Frequência uso de bebidas alcóolicas
p7200 [p7200] Frequência uso de tabaco
p7300 [p7300] Frequência de drogas não lícitas
p7400740001 [p7400740001] Adaptação a novas situações (Cidade, moradia, distância da família, entre
outras)
p7400740002 [p7400740002] Relacionamento familiar
p7400740003 [p7400740003] Relacionamento social / interpessoal
p7400740004 [p7400740004] Relações amorosas / conjugais
p7400740005 [p7400740005] Situação de violência física
p7400740006 [p7400740006] Situação de violência sexual
p7400740007 [p7400740007] Situação de violência psicológica / assédio moral
p7400740008 [p7400740008] Conflito de valores / conflitos religiosos
p7400740009 [p7400740009] Discriminações e preconceitos
p7400740010 [p7400740010] Dificuldades de acesso a materiais e meios de estudo (Livros, computador,
outros)
p7400740011 [p7400740011] Dificuldades financeiras
p7400740012 [p7400740012] Dificuldade de aprendizado
p7400740013 [p7400740013] Falta de disciplina / hábito de estudo
p7400740014 [p7400740014] Carga horária excessiva de trabalho
p7400740015 [p7400740015] Carga excessiva de trabalhos estudantis
p7400740016 [p7400740016] Relação professor (a) - estudante
p7400740017 [p7400740017] Tempo de deslocamento para a universidade
p7400740018 [p7400740018] Problemas de saúde
p7400740019 [p7400740019] Problemas emocionais
p7400740020 [p7400740020] Maternidade ou paternidade
p7400740021 [p7400740021] Não tenho dificuldades
p7500 [p7500] Foi vítima de assédio moral por parte de professores (as)
p7600 [p7600] Formalizou a reclamação
p7700770001 [p7700770001] Ansiedade
p7700770002 [p7700770002] Tristeza persistente
p7700770003 [p7700770003] Timidez excessiva
p7700770004 [p7700770004] Medo / pânico
p7700770005 [p7700770005] Insônia ou alterações significativas de sono
p7700770006 [p7700770006] Sensação de desamparo/ desespero/ desesperança
p7700770007 [p7700770007] Sensação de desatenção/ desorientação/ confusão mental
p7700770008 [p7700770008] Problemas alimentares
p7700770009 [p7700770009] Desânimo, falta de vontade de fazer as coisas
p7700770010 [p7700770010] Sentimento de solidão
p7700770011 [p7700770011] Ideia de morte
p7700770012 [p7700770012] Pensamento suicida
p7700770013 [p7700770013] Nenhuma
p7800 [p7800] Pensou em abandonar o seu curso
p7900790001 [p7900790001] Dificuldade de conciliar trabalho e estudo
p7900790002 [p7900790002] Pelo campo profissional

131
p7900790003 [p7900790003] Dificuldades financeiras
p7900790004 [p7900790004] Dificuldades de relacionamento no curso
p7900790005 [p7900790005] Nível de exigência (Carga de trabalho acadêmico)
p7900790006 [p7900790006] Problemas de saúde (Físico / mental)
p7900790007 [p7900790007] Problemas familiares
p7900790008 [p7900790008] Incompatibilidade com o curso
p7900790009 [p7900790009] Insatisfação com a qualidade do curso
p7900790010 [p7900790010] Assédio, bullying, perseguição, discriminação ou preconceito
p8000 [p8000] Fez trancamento geral de matrícula
p8100810001 [p8100810001] O que você pretende fazer logo após se formar? Trabalhar
p8100810002 [p8100810002] O que você pretende fazer logo após se formar? Fazer outro curso de graduação
p8100810003 [p8100810003] O que você pretende fazer logo após se formar? Ingressar na pós-graduação
p8100810004 [p8100810004] O que você pretende fazer logo após se formar? Não sei
faixa_ano_ingresso Faixa de ano de ingresso
campus_agrupada_capital_inte Cidade do campus por localização administrativa agrupada
rior
campus_idh IDHM da cidade do campus agrupada
faixa_idhm_campus Faixa de IDHM da cidade do campus
campus_agrupada Campus sede X avançado
p_regiao_campus Região do campus
p_regiao_campus_numerica Região do campus
area_conhecimento Área do Conhecimento CNPq
p_regiao_nascimento Região de nascimento
p_faixa_etaria Faixa etária
p_escola_ensino_medio_agrupa Escola que cursou o Ensino Médio agrupada
da
p_ingresso_agrupada Forma de ingresso agrupada
faixa_renda_trabalho Faixa de renda do trabalho
faixa_renda_per_capita Faixa de Renda mensal per capita
Fonte: Dados da pesquisa.

Após análise da consistência das respostas, eventuais respostas em branco


receberam o código “99”, indicando sua não declaração. Casos omissos receberam código
“0” = Não se aplica.

A base de dados está disponível no formato de arquivo tipo “sav”, para ser lida no
SPSS. O processamento da base deve utilizar a variável “peso”. O processo de calibração
dos pesos amostrais da pesquisa foi realizado usando o programa estatístico R (R Core
Team, 2018), através da função rake do pacote survey, cujo detalhamento encontra-se
abaixo.

132
4.3.5 Tamanho amostral
Com a alocação ótima, os tamanhos amostrais finais por IFES, nh, e as respectivas frações
amostrais, fh=100(nh/Nh), estão na Tabela 4-4. A amostra obtida foi bastante superior
àquela idealizada via AAE.

Tabela 4-4 Tamanho da amostra final de estudantes de graduação nas 65 IFES obtida via questionário
online e fração amostral - 2018
Amostra Amostra
IFES IFES
nh fh (%) nh fh (%)
CEFET-MG 1015 15,91 UFRA 6060 84,66
CEFET-RJ 2602 28,75 UFRB 4736 44,72
FURG 7485 70,15 UFRGS 9272 29,95
UFABC 10375 70,14 UFRJ 9718 19,22
UFAC 1737 15,27 UFRN 5901 18,53
UFAL 18094 62,41 UFRPE 8284 54,80
UFAM 20983 71,39 UFRR 2874 41,30
UFBA 5774 14,93 UFRRJ 7154 44,92
UFC 5652 18,85 UFS 4849 17,04
UFCA 1050 32,17 UFSB 1011 29,77
UFCG 13838 75,92 UFSC 5514 16,12
UFCSPA 613 22,59 UFSCAR 2079 14,81
UFERSA 7885 81,26 UFSJ 1436 13,90
UFES 16476 60,33 UFSM 10625 49,80
UFF 6831 14,31 UFT 4788 31,30
UFFS 3027 31,98 UFTM 4598 65,83
UFG 5086 16,60 UFU 12901 48,40
UFGD 3585 46,49 UFV 2174 13,95
UFJF 3343 18,74 UFVJM 2663 29,76
UFLA 2833 26,13 UNB 16271 43,41
UFMA 17819 53,07 UNIFAL-MG 1555 23,80
UFMG 4531 14,93 UNIFAP 1917 20,95
UFMS 17765 89,49 UNIFEI 1804 22,40
UFMT 19429 68,22 UNIFESP 4115 30,61
UFOB 1906 56,93 UNIFESSPA 1274 24,55
UFOP 4839 39,99 UNILA 914 21,06
UFOPA 875 16,50 UNILAB 911 20,82
UFPA 11106 21,70 UNIPAMPA 3865 30,04
UFPB 4431 14,93 UNIR 2008 19,20

133
UFPE 26727 85,07 UNIRIO 2377 21,59
UFPEL 2696 14,63 UNIVASF 2967 39,41
UFPI 10948 39,84 UTFPR 11008 33,65
UFPR 5149 15,86 Total 424.128 35,34
Fonte: Pesquisa de campo.

O peso amostral em uma pesquisa por amostragem corresponde ao valor atribuído


a cada caso (observação) na base de dados com as informações coletadas (amostra). Para
esta pesquisa, o peso amostral indica o quanto será a contribuição de cada estudante de
graduação no momento em que é computada uma estimativa através de um procedimento
estatístico (uma média, um total, uma tabela de frequências). De modo geral, ele é
empregado para compensar a sobre ou sub-amostragem em situações específicas de
estratificação desproporcional, ou seja, quando proporções de dados coletados em
determinados estratos não são iguais às proporções populacionais.
Considerando as variáveis auxiliares para as quais conhecemos as distribuições
marginais populacionais – área de conhecimento, turno, ano de ingresso, unidade da
federação, IFES, semestre de ingresso e grau –, nós estudamos as respectivas proporções
amostrais sem considerar nenhum tipo de peso (sem ponderar). A Tabela 4-5 apresenta
o comparativo entre estas distribuições marginais para as 7 variáveis; a primeira coluna
corresponde às variáveis e suas categorias; a segunda e a terceira são as proporções no
universo da pesquisa e na amostra não ponderada, respectivamente.

Tabela 4-5 Distribuições marginais populacionais e amostrais não ponderadas para as


variáveis auxiliares - 2018
Variáveis auxiliares Populacional Amostral
e suas categorias (%) (%)

Área de conhecimento
Ciências Exatas e da Terra 13,305 14,063
Ciências Biológicas 4,109 4,785
Engenharias 19,249 19,392
Ciências da Saúde 13,035 13,332
Ciências Agrárias 5,398 5,908
Ciências Sociais Aplicadas 19,835 19,786
Ciências Humanas 15,213 14,362
Linguística, Letras e Artes 8,185 6,959

134
Multidisciplinar 1,671 1,412
Turno
Diurno 13,611 12,026
Diurno e noturno 0,036 0,017
Especial 0,002 0,001
Integral 41,214 41,596
Matutino 9,408 10,614
Matutino/Noturno 0,014 0,062
Noturno 28,484 27,703
NSMT 0,246 0,271
Turno 0,008 0,007
Vespertino 6,323 7,031
Vespertino/Noturno 0,608 0,655
VSMT 0,010 0,012
Não informado 0,035 0,005
Ano de ingresso
2000 0,014 0,002
2001 0,013 0,002
2002 0,025 0,004
2003 0,021 0,005
2004 0,034 0,007
2005 0,057 0,015
2006 0,104 0,028
2007 0,182 0,058
2008 0,343 0,149
2009 0,739 0,347
2010 1,691 0,877
2011 3,200 1,973
2012 5,623 4,046
2013 9,368 7,615
2014 12,442 12,257
2015 15,035 15,765
2016 17,484 18,743
2017 20,042 22,754
2018 13,584 15,351
Unidade da federação
AC 0,948 0,410
AL 2,415 4,266
AM 2,449 4,947

135
AP 0,762 0,452
BA 4,965 3,481
CE 3,071 1,762
DF 3,112 3,836
ES 2,118 3,885
GO 2,552 1,199
MA 2,797 4,201
MG 13,380 10,302
MS 2,296 5,034
MT 2,373 4,581
PA 5,735 4,554
PB 3,986 4,307
PE 4,178 8,642
PI 2,333 2,611
PR 5,967 4,208
RJ 10,987 6,763
RN 3,462 3,250
RO 0,858 0,473
RR 0,580 0,678
RS 8,388 8,417
SC 3,131 1,561
SE 2,371 1,143
SP 3,522 3,907
TO 1,263 1,129
IFES
CEFET-MG 0,532 0,239
CEFET-RJ 0,601 0,613
FURG 0,889 1,765
UFABC 1,232 2,446
UFAC 0,948 0,410
UFAL 2,415 4,266
UFAM 2,449 4,947
UFBA 3,222 1,361
UFC 2,499 1,333
UFCA 0,272 0,248
UFCG 1,519 3,263
UFCSPA 0,226 0,145
UFERSA 0,808 1,859
UFES 2,118 3,885

136
UFF 3,929 1,611
UFFS 0,789 0,714
UFG 2,552 1,199
UFGD 0,643 0,845
UFJF 1,486 0,788
UFLA 0,903 0,668
UFMA 2,797 4,201
UFMG 2,528 1,068
UFMS 1,654 4,189
UFMT 2,373 4,581
UFOB 0,279 0,449
UFOP 1,008 1,141
UFOPA 0,442 0,206
UFPA 4,265 2,619
UFPB 2,467 1,045
UFPE 2,618 6,302
UFPEL 1,535 0,636
UFPI 2,290 2,581
UFPR 2,683 1,214
UFRA 0,596 1,429
UFRB 0,882 1,117
UFRGS 2,579 2,186
UFRJ 4,213 2,291
UFRN 2,654 1,391
UFRPE 1,257 1,953
UFRR 0,580 0,678
UFRRJ 1,327 1,687
UFS 2,371 1,143
UFSB 0,283 0,238
UFSC 2,850 1,300
UFSCAR 1,169 0,490
UFSJ 0,860 0,339
UFSM 1,777 2,505
UFT 1,263 1,129
UFTM 0,582 1,084
UFU 2,221 3,042
UFV 1,299 0,513
UFVJM 0,746 0,628
UNB 3,112 3,836

137
UNIFAL-MG 0,544 0,367
UNIFAP 0,762 0,452
UNIFEI 0,671 0,425
UNIFESP 1,120 0,970
UNIFESSPA 0,432 0,300
UNILA 0,361 0,216
UNILAB 0,364 0,215
UNIPAMPA 1,072 0,911
UNIR 0,858 0,473
UNIRIO 0,917 0,560
UNIVASF 0,582 0,700
UTFPR 2,726 2,595
Semestre de ingresso
Primeiro semestre 65,202 66,542
Segundo semestre 34,524 33,228
Não informado 0,274 0,230
Grau
Bacharelado 73,424 75,138
Bacharelado e Licenciatura 1,043 0,654
Licenciatura 24,176 23,096
Tecnológico 1,358 1,112
Fonte: pesquisa de campo.

Se os dados coletados são provenientes de uma amostra aleatória, é de se esperar


que as proporções amostrais e populacionais sejam parecidas e que não há erros
sistemáticos na coleta.
Na Tabela 4-5 é possível verificar que nossa amostra abrangeu características
bastante similares às do conjunto do universo de estudantes de graduação. Foram
observadas pequenas diferenças entre as distribuições marginais populacionais e
amostrais. Por exemplo, estudantes da área de Ciências Exatas e da Terra representam
13,31% do universo em 2018 e na nossa amostra coletada não ponderada, 14,06% são
desta área. São estas diferenças que o procedimento adotado para ponderação da amostra
buscou corrigir.
Outro ponto positivo é que a amostra coletada inclui discentes de todas as
categorias das variáveis auxiliares da nossa população-alvo, condição que nos permitiu
usar o método de calibração.

138
A calibração pelo método “Raking” contribui para combater o viés de
disponibilidade, aumentando os pesos de discentes amostrados nos grupos
subrepresentados e reduzindo os pesos de discentes dos grupos sobrerepresentados.
Desta forma, com os pesos calibrados é possível obter estimativas dos totais das variáveis
auxiliares que coincidem com os totais populacionais conhecidos. A calibração é
empregada não apenas com o propósito de obter estimativas coerentes com totais
populacionais conhecidos, mas também para reduzir a variância das estimativas ou
corrigir os vícios de não resposta e cobertura (SILVA, 2004).
Os resultados do comparativo entre as distribuições marginais populacionais para
as 7 variáveis auxiliares com as distribuições amostrais obtidas após ponderação estão
na Tabela 4-6.

Tabela 4-6 Distribuições marginais populacionais e amostrais ponderadas para as variáveis auxiliares -
2018

Populacional Amostral
Variáveis auxiliares e categorias
(%) (%)

Área de conhecimento
Ciências Exatas e da Terra 13,305 13,305
Ciências Biológicas 4,109 4,109
Engenharias 19,249 19,250
Ciências da Saúde 13,035 13,035
Ciências Agrárias 5,398 5,398
Ciências Sociais Aplicadas 19,835 19,832
Ciências Humanas 15,213 15,214
Linguística, Letras e Artes 8,185 8,186
Multidisciplinar 1,671 1,671
Turno
Diurno 13,611 13,617
Diurno e noturno 0,036 0,036
Especial 0,002 0,002
Integral 41,214 41,207
Matutino 9,408 9,408
Matutino/Noturno 0,014 0,014
Noturno 28,485 28,486
NSMT 0,246 0,246
Turno 0,008 0,008

139
Vespertino 6,323 6,323
Vespertino/Noturno 0,608 0,608
VSMT 0,010 0,010
Não informado 0,035 0,035
Ano de ingresso
2000 0,014 0,014
2001 0,013 0,013
2002 0,025 0,025
2003 0,021 0,021
2004 0,034 0,034
2005 0,057 0,057
2006 0,104 0,104
2007 0,182 0,182
2008 0,343 0,343
2009 0,739 0,739
2010 1,691 1,691
2011 3,200 3,200
2012 5,623 5,623
2013 9,368 9,368
2014 12,442 12,442
2015 15,035 15,035
2016 17,484 17,484
2017 20,042 20,042
2018 13,584 13,584
Unidade da federação
AC 0,948 0,948
AL 2,415 2,416
AM 2,449 2,449
AP 0,762 0,762
BA 4,965 4,967
CE 3,071 3,081
DF 3,112 3,112
ES 2,118 2,118
GO 2,552 2,552
MA 2,797 2,798
MG 13,380 13,380
MS 2,296 2,296
MT 2,373 2,373
PA 5,735 5,735

140
PB 3,986 3,986
PE 4,178 4,185
PI 2,333 2,315
PR 5,967 5,969
RJ 10,987 10,987
RN 3,462 3,462
RO 0,858 0,859
RR 0,580 0,580
RS 8,388 8,376
SC 3,131 3,141
SE 2,371 2,371
SP 3,522 3,522
TO 1,263 1,263
IFES
CEFET-MG 0,532 0,531
CEFET-RJ 0,601 0,601
FURG 0,889 0,889
UFABC 1,232 1,232
UFAC 0,948 0,948
UFAL 2,415 2,416
UFAM 2,449 2,449
UFBA 3,222 3,222
UFC 2,499 2,499
UFCA 0,272 0,272
UFCG 1,519 1,519
UFCSPA 0,226 0,226
UFERSA 0,808 0,808
UFES 2,118 2,118
UFF 3,929 3,929
UFFS 0,789 0,789
UFG 2,552 2,552
UFGD 0,643 0,643
UFJF 1,486 1,486
UFLA 0,903 0,903
UFMA 2,797 2,798
UFMG 2,528 2,528
UFMS 1,654 1,654
UFMT 2,373 2,373
UFOB 0,279 0,279

141
UFOP 1,008 1,008
UFOPA 0,442 0,442
UFPA 4,265 4,265
UFPB 2,467 2,467
UFPE 2,618 2,618
UFPEL 1,535 1,535
UFPI 2,290 2,290
UFPR 2,683 2,683
UFRA 0,596 0,596
UFRB 0,882 0,882
UFRGS 2,579 2,579
UFRJ 4,213 4,213
UFRN 2,654 2,654
UFRPE 1,257 1,257
UFRR 0,580 0,580
UFRRJ 1,327 1,327
UFS 2,371 2,371
UFSB 0,283 0,283
UFSC 2,850 2,850
UFSCAR 1,169 1,169
UFSJ 0,860 0,860
UFSM 1,777 1,777
UFT 1,263 1,263
UFTM 0,582 0,582
UFU 2,221 2,221
UFV 1,299 1,299
UFVJM 0,746 0,746
UNB 3,112 3,112
UNIFAL-MG 0,544 0,544
UNIFAP 0,762 0,762
UNIFEI 0,671 0,671
UNIFESP 1,120 1,120
UNIFESSPA 0,432 0,432
UNILA 0,361 0,361
UNILAB 0,364 0,364
UNIPAMPA 1,072 1,072
UNIR 0,858 0,859
UNIRIO 0,917 0,917
UNIVASF 0,582 0,582

142
UTFPR 2,726 2,725
Semestre de ingresso
Primeiro semestre 65,202 65,211
Segundo semestre 34,524 34,527
Não informado 0,274 0,262
Grau
Bacharelado 73,424 73,424
Bacharelado e Licenciatura 1,043 1,043
Licenciatura 24,176 24,176
Tecnológico 1,358 1,358
Fonte: Pesquisa de campo.

Finalmente, o processo de calibração dos pesos amostrais da pesquisa foi realizado


usando o programa estatístico R (R. CORE TEAM, 2018), através da função rake do
pacote survey. As estimativas e seus respectivos erros-padrão também foram computados
através de comandos do pacote survey.

143
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, A. T. Avaliação do Programa Nacional de Assistência Estudantil na


Universidade Federal de Alfenas. 2017.

BARBOSA E SILVA, L.; COSTA, N. C. D. Acesso e permanência em desproporção: as


insuficiências do Programa Nacional de Assistência Estudantil. Agenda Política, v. 6, n.
2, p. 166–192, 2018.

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BRASIL. 6.069. Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das


Universidades Federais - REUNI. . 24 abr. 2007.

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. 29 jul. 2010.

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146
6. ANEXOS

Formulário

Legenda
Textos em fonte vermelha são referentes à mensagem de boas-vindas ou ao conteúdo dos balões
explicativos que aparecerão quando o mouse for passado sobre o balão.
Textos em realce verde são títulos sintéticos que virão sobre as perguntas para agilizar a
compreensão do conteúdo e acelerar o preenchimento.
Textos em realce amarelo são referentes às questões que estão vinculadas ou condicionadas, isto
é, quando uma resposta elimina a necessidade do preenchimento de outras perguntas.

V Pesquisa Nacional de Perfil Socioeconômico e Cultural dos Graduandos das Instituições Federais de
Ensino Superior – 2018

Texto de boas-vindas: Oi. Esta é a V Pesquisa de Perfil de Estudantes das Universidades e CEFETs do
Brasil realizada pelo FONAPRACE/Andifes (Fórum de Pró-Reitores de Assistência Estudantil da
Associação Nacional de Dirigentes de IFES). O seu CPF somente serve para que tenhamos segurança de
que quem responde é um estudante, mas ele será substituído por um código para que você nunca seja
identificado. Então, nos ajude a te conhecer para melhorarmos o ensino superior no país.
Perfil Básico

1. Onde você nasceu? (Nascimento)


No Brasil
Em outro país

2. Qual a sua idade? (Idade)

3. Sexo:
• Feminino
• Masculino
• Sem declaração

4. Qual sua identidade de gênero (Gênero)? "Cisgêneros" são indivíduos que se identificam com o sexo
(biológico) que lhes foi designado ao nascerem; "Transexuais/Transgêneros" são indivíduos que
possuem uma outra identidade de gênero (masculino e feminino) que a que lhes foi designada ao
nascerem; "Não-Binários" são indivíduos que não definem sua identidade dentro do sistema binário
de gênero (masculino e feminino), podendo a mesma ser uma combinação de ambos os gêneros ou
estar além deles.
• Mulher Cisgênera (que se identifica com o sexo que lhe foi designado ao nascer)
• Homem Cisgênero (que se identifica com o sexo que lhe foi designado ao nascer)
• Mulher Transexual/Transgênera (possui outra identidade de gênero, diferente da que lhe foi
designada ao nascer)
• Homem Transexual/Transgênero (possui outra identidade de gênero, diferente da que lhe foi
designada ao nascer)
• Não-Binário (não definem sua identidade dentro do sistema binário homem-mulher)
• Outro
• Prefiro não me classificar
• Prefiro não responder

5. Qual sua orientação sexual? (Orientação sexual)

147
• Homossexual (É a orientação sexual caracterizada pela atração sexual e afetiva entre
indivíduos do mesmo sexo. Em termo comum para designar homens homossexuais chama-se
de “gay” e a mulheres homossexuais chama-se “lésbicas“)
• Heterossexual(É a orientação sexual caracterizada pela atração sexual e emocional entre
pessoas de sexos opostos)
• Bissexual (É a orientação sexual caracterizada pela atração sexual e sentimental entre pessoas
tanto do mesmo sexo como do sexo oposto. A diferença entre a bissexualidade e a
homossexualidade é que também pode haver hipótese de atração entre pessoas do sexo oposto)
• Pansexual (A pansexualidade também denominada como omnissexualidade, polissexualidade
ou trissexualidade é caracterizada pela atração sexual ou romântica por pessoas
independentemente do sexo ou gênero das mesmas)
• Assexual (É a falta de orientação e desejo sexual. As pessoas assexuais não sentem atração
física ou sexual para com nenhuma pessoa e não sentem desejo pelo prazer sexual, pelo que
não se identificam com nenhuma orientação sexual definida. Não é habitual que se apaixonem
ou tenham um namorado/a. Tendem a criar um laço afetivo com alguém ainda que não implique
que tenham uma relação sexual)
• Outro
• Prefiro não me classificar
• Prefiro não responder

6. Qual a sua cor ou raça? (Cor ou raça)


• Amarela
• Branca
• Parda
• Preta – quilombola (que vive em comunidades quilombolas)
• Preta - não quilombola (que não vive em comunidades quilombolas);
• Indígena aldeado (que vive em aldeia)
• Indígena não aldeado (que não vive em aldeia)
• Sem declaração

7. Possui algum tipo de deficiência? (Deficiência)

• Não
• Baixa visão ou visão subnormal (caracteriza-se perda grave de visão que não pode ser corrigida
por tratamento clínico ou cirúrgico, nem com óculos convencionais. Também pode ser descrita
como qualquer grau de dificuldade visual que cause incapacidade funcional e diminua o
desempenho visual (GASPPARETO, M. E. 2007, p. 36).
• Cegueira (há perda total da visão ou pouquíssima capacidade de enxergar, o que leva a pessoa
a necessitar do Sistema Braille como meio de leitura e escrita)
• Deficiência auditiva
• Surdez
• Surdocegueira
• Física
• Intelectual
• Múltipla
• Transtorno global do desenvolvimento (Colocar balão explicativo - pode ser: Autismo, Síndrome
de Rett, Síndrome de Heller, Síndrome de Asperger ou Transtorno global do desenvolvimento
sem outra especificação)
• Altas habilidades / superdotação

8. Estado civil / Situação conjugal atual: (Estado civil)

148
• Solteiro (a)
• Casado (a) ou vive uma relação estável
• Separado (a)
• Viúvo (a)

9. Você tem filhos? (Filhos)


• Sim, 1 filho
• Sim, 2 filhos
• Sim, 3 filhos
• Sim, 4 ou mais
• Não tenho (se marcar esta opção, não responder as três próximas questões)

10. Algum de seus filhos mora com você? (Mora com você)
• Sim
• Não

11. Você tem filhos de 0 e 5 anos? (Filho até 5 anos)


• Sim, 1 filho
• Sim, 2 filhos
• Sim, 3 filhos
• Sim, 4 ou mais

12. Em seu período de aula, onde ou com quem ficam seus filhos (as) de 0 a 5 anos? (Com quem fica)
• Creche da própria universidade
• Outra instituição educacional pública
• Instituição educacional privada
• Familiares
• Babá / empregada doméstica
• Traz para a universidade
• Sozinho

Histórico Escolar
13. A maior parte do Ensino Médio que você cursou foi: (Estudou)
• Ensino médio padrão
• Ensino médio integrado, ensino médio Técnico
• Magistério
• Educação para Jovens e Adultos (EJA) / Supletivo
• Outro

14. Em que tipo de escola você cursou o Ensino Médio? (Tipo de escola)
• Somente em escola pública
• Maior parte em escola pública
• Somente em escola particular
• Maior parte em escola particular
• Somente em escola particular com bolsa
• Maior parte em escola particular com bolsa

15. Você frequentou algum cursinho (pré-vestibular; pré-ENEM; etc.) antes de ingressar na
universidade? (Fez cursinho)
• Cursinho não governamental gratuito
149
• Cursinho governamental gratuito
• Cursinho particular
• Não

Vida acadêmica
16. Como você ingressou nesta universidade? (Como ingressou)
• Vestibular
• Avaliação Seriada
• ENEM/SISU
• Convênio (PEC G)
• Transferência
• Portador de diploma
• Sobrevaga

17. O seu ingresso nesta universidade foi através de: (Forma de Ingresso)
• Ampla Concorrência
• Cotas

18.1 A cota em que você ingressou é de escola pública? (Cota escola pública)
• Sim
• Não

18.2 A cota em que você ingressou é para Pretos/Pardos/Indígenas? (Pretos, pardos e indígena)
• Sim
• Não

18.3 A cota em que você ingressou é para renda bruta per capita igual ou inferior a 1,5 salários mínimos;
(Cota por renda)
• Sim
• Não

18.4 A cota em que você ingressou é de deficiência? (Cota por deficiência)


• Sim
• Não

18. Outra cota? (Outra cota)


• Sim
• Não

19. O curso no qual você está matriculado é de período: (Qual turno)


• Diurno
• Noturno
• Integral

20. O curso no qual você está matriculado corresponde à sua primeira opção? (Primeira opção)
• Sim
• Não

150
21. Você trocaria esse curso por outro? (Trocaria seu curso)
• Sim
• Não
• Não sei

22. Em média, quanto tempo você dedica semanalmente aos estudos fora da sala de aula? (Horas de
estudo)
• Menos de 5 horas
• Mais de 5 a 10 horas
• Mais de 10 a 15 horas
• Mais de 15 a 20 horas
• Mais de 20 a 25 horas
• Mais de 25 horas

23. Em média, com que frequência você utiliza o espaço físico da (s) biblioteca (s) durante a semana?
(Estuda na biblioteca)
• Menos do que uma vez
• Uma vez
• Duas ou três vezes
• Quatro ou mais vezes
• Não utilizo

24. Você participa de alguma atividade ou programa ACADÊMICO? (Atividade acadêmica)


• Empresa Júnior
• Ensino (monitoria)
• Ensino (PIBID / PLI)
• Estágio não obrigatório (extracurricular)
• Extensão (PIBEXT, PEIC etc.)
• Pesquisa (PIBIC, PIBIT etc.)
• PET (Programa de Educação Tutorial)
• Outra
• Não (Não responder a próxima questão)

25. Essa atividade ou programa ACADÊMICO é remunerado? (Atividade remunerada)


• Sim
• Não

26. Você participou de Programa de Mobilidade Estudantil? (Fez mobilidade)


• Sim, mobilidade nacional
• Sim, mobilidade internacional
• Não

27. Você participa ou participou de algum Programa de Assistência Estudantil oferecido pela sua
Universidade? (Usa assistência estudantil)

Alimentação (acesso ao RU com ou sem bolsa, ou auxílio financeiro); (Alimentação)


• Sim
• Não

Moradia (acesso à moradia estudantil, bolsas ou auxílio financeiro); (Moradia)


• Sim

151
Não

Atendimento psicológico (acesso a atendimento, bolsas ou auxílio financeiro); (Atendimento psicológico)


• Sim
• Não

Apoio pedagógico (acesso a atendimento, bolsas ou auxílio financeiro); (Apoio pedagógico)


• Sim
• Não

Atendimento médico (acesso a atendimento, bolsas ou auxílio financeiro); (Atendimento médico)


• Sim
• Não

Atendimento odontológico (acesso a atendimento, bolsas ou auxílio financeiro); (Atendimento


odontológico)
• Sim
• Não

Transporte (Bolsa, isenção ou auxílio financeiro); (Transporte)


• Sim
• Não

Creche (acesso à creche, bolsas ou auxílio financeiro); (Creche)


• Sim
• Não

Esporte e Lazer (bolsa, auxílio financeiro para participação em atividades, aquisição de materiais ou
atividades de esporte e lazer oferecidas pela instituição); (Esporte e Lazer)
• Sim
• Não

Cultura (apoio para participação ou organização de eventos, aquisição de materiais); (Cultura)


• Sim
• Não

Apoio aos estudantes com deficiência (acesso às tecnologias assistivas, apoio financeiro, tutor, monitor,
intérprete, bolsas ou auxílio financeiro); (Deficiência)
• Sim
• Não

Inclusão digital (acesso a dispositivos como computadores, tablets ou cursos, bolsas ou auxílio
financeiro); (Inclusão digital)
• Sim
• Não

“Promisaes”/PEC-G (programa de bolsa para estudantes estrangeiros); (Promisaes)


• Sim
• Não

Bolsa da própria universidade para permanência; (Bolsa permanência da instituição)


• Sim
• Não

Programa de Bolsa Permanência do MEC; (Bolsa permanência do MEC)


152
• Sim
• Não

Empréstimo de material didático; (calculadoras, instrumental odontológico, instrumentos musicais


etc.) (Material didático)
• Sim
• Não

Cultura
28. Você participa de quais dessas organizações? (Você participa)
• Movimento artístico-cultural
• Movimento ecológico
• Movimento estudantil
• Movimento ou organização religiosa
• Movimento Negro
• Movimento Feminista
• Movimento LGBTT
• Movimento Sindical
• Partido político
• Atléticas estudantis
• Outras Organizações/Associações etc
• Nenhuma

29. Qual a sua principal fonte de informação? (Onde se informa)


• Mídia Eletrônica Formal (jornal, revista, portais de notícias, etc.)
• Mídia Eletrônica Alternativa (Blogs, Youtubers, etc.)
• Redes Sociais (Twitter, Facebook, etc.)
• Mídia impressa (jornal, revista, etc.)
• Rádio
• Televisão (telejornal e outros programas)
• Outros.

30. Qual o domínio que você tem em relação ao microcomputador? (Domina computador)
• Tem muita experiência
• Tem experiência
• Tem alguma noção
• Não domina

31. Quanto à língua estrangeira, qual o seu domínio do Inglês? (Domina o inglês)
• Bom
• Regular
• Nenhum

32. Quanto à língua estrangeira, qual o seu domínio do Espanhol? (Domina o espanhol)
• Bom
• Regular
• Nenhum

33. Quanto à língua estrangeira, qual o seu domínio do Francês? (Domina o francês)
• Bom

153
• Regular
• Nenhum

34. Quanto à língua estrangeira, qual o seu domínio do Alemão? (Domina o alemão)
• Bom
• Regular
• Nenhum

35. Quanto à língua estrangeira, qual o seu domínio do Italiano? (Domina o italiano)
• Bom
• Regular
• Nenhum

36. Depois que você entrou na universidade o número de obras literárias que você passou a ler:
(Leitura)
• Aumentou
• Não se alterou
• Diminuiu

37. Depois que você entrou na universidade o número de peças de teatro que você passou a assistir:
(Teatro)
• Aumentou
• Diminuiu
• Não se alterou

38. Depois que você entrou na universidade o número de filmes que você passou a assistir: (Filmes)
• Aumentou
• Diminuiu
• Não se alterou

39. Depois que você entrou na universidade o número de shows que você passou a assistir: (Shows)
• Aumentou
• Diminuiu
• Não se alterou

40. Depois que você entrou na universidade sua participação política (comunidade, bairro,
movimentos, partidos, agremiações etc.): (Participação Política)
• Aumentou
• Diminuiu
• Não se alterou

Moradia
41. Atualmente você reside no município onde cursa a graduação? (Reside onde estuda)
• Sim
• Não

42. Onde você morava antes de ingressar na Universidade? (Morava antes)


• No Brasil
• Em outro país
154
43. Principal motivo que o levou a mudar-se para o município onde cursa a graduação: (Mudou por
quê)
• Acompanhar família
• Cursinho pré-vestibular
• Trabalho (Emprego)
• Universidade
• Outros
• Não mudei de município

44. Atualmente você mora: (Mora)


• Em República
• Em Pensão/Hotel/Pensionato
• Em moradia pertencente à Universidade
• Em moradia coletiva (pública, religiosa, etc.)
• Na casa dos pais
• Na casa de outros familiares
• Na casa de amigos
• Sozinho
• Com companheiro (a) ou cônjuge

45. Situação da sua moradia atual: (É moradia)


• Própria e quitada
• Própria em financiamento
• Cedida / Emprestada
• Alugada
• Pública / Gratuita
• Outra

46. Como você se desloca para a Universidade na maioria das vezes? (Meio de Transporte)
• A pé
• Bicicleta
• Transporte próprio (carro, moto, etc.)
• Carona
• Transporte coletivo (metrô, ônibus, van, embarcação, trem, etc.)
• Transporte locado (prefeitura, escolar, etc.)
• Táxi/Moto táxi

47. Considerando o meio de transporte que você mais utiliza, em média, quanto tempo você gasta para
chegar à Universidade? (Tempo gasto)

• Menos de 15 minutos
• Mais de 15 a 30 minutos
• Mais de 30 minutos a 1 hora
• Mais de 1 a 2 horas
• Mais de 2 a 3 horas
• Mais de 3 horas

48. Qual a distância entre sua moradia atual e a Universidade em que estuda? (Distância)
• Menos de 1 Km

155
• Mais de 1 a 5 Km
• Mais de 5 a 10 Km
• Mais de 10 a 50 Km
• Mais de 50 a 100 Km
• Mais de 100 Km

Trabalho e Renda
49. Você trabalha? (Se marcar uma das duas últimas opções, não responder as próximas três questões)
• Sim, tenho um trabalho remunerado
• Sim, tenho um trabalho não remunerado
• Não trabalho e NÃO ESTOU à procura de trabalho
• Não trabalho e ESTOU à procura de trabalho

50. Qual o tipo de vínculo que você tem nesse trabalho? (Vínculo)
• Trabalho com carteira assinada
• Trabalho sem carteira assinada
• Trabalho sem carteira assinada ou contrato ajudando familiares
• Trabalho com contrato temporário em uma empresa, organização social ou órgão estatal
• Sou estagiário
• Sou funcionário público
• Outro.

51. Qual a sua renda mensal neste trabalho? (Renda do trabalho)

• (R$_ _ ___ _ _,00)

52. Qual a sua jornada habitual de trabalho semanal? (Jornada de trabalho)


• Menos de 15 horas
• Mais de 15 a 20 horas
• Mais de 20 a 25 horas
• Mais de 25 a 30 horas
• Mais de 30 a 40 horas
• Mais de 40 a 44 horas
• Mais de 44 horas

Família
53. Qual a escolaridade da mãe ou da pessoa que o (a) criou como mãe? (Escolaridade da mãe)
• Não teve mãe ou pessoa que exerceu tal papel na criação;
• Sem instrução, não alfabetizada;
• Sem instrução, mas sabe ler e escrever;
• Ensino fundamental 1 (antigas 1ª a 4ª séries) – INCOMPLETO
• Ensino fundamental 1 (antigas 1ª a 4ª séries) – COMPLETO
• Ensino fundamental 2 (antigas 5ª a 8ª séries) – INCOMPLETO
• Ensino fundamental 2 (antigas 5ª a 8ª séries) – COMPLETO
• Ensino Médio (antigo 2º grau) – INCOMPLETO
• Ensino Médio (antigo 2º grau) – COMPLETO

156
• Ensino Superior – INCOMPLETO
• Ensino Superior – COMPLETO
• Especialização, Mestrado ou Doutorado

54. Qual a escolaridade do pai ou da pessoa que o (a) criou como pai? (Escolaridade do pai)
• Não teve pai ou pessoa que exerceu tal papel na criação
• Sem instrução, não alfabetizada
• Sem instrução, mas sabe ler e escrever
• Ensino fundamental 1 (antigas 1ª a 4ª séries) – INCOMPLETO
• Ensino fundamental 1 (antigas 1ª a 4ª séries) – COMPLETO
• Ensino fundamental 2 (antigas 5ª a 8ª séries) – INCOMPLETO
• Ensino fundamental 2 (antigas 5ª a 8ª séries) – COMPLETO
• Ensino Médio (antigo 2º grau) – INCOMPLETO
• Ensino Médio (antigo 2º grau) – COMPLETO
• Ensino Superior – INCOMPLETO
• Ensino Superior – COMPLETO
• Especialização, Mestrado ou Doutorado

55. Renda mensal bruta do seu grupo familiar (somados rendimentos referentes a salários, aluguéis,
pensões, dividendos etc.): (R$_ _ _ _ _ _ _,00) (Renda bruta familiar)

56. Pessoas, incluindo você, que vivem da renda mensal do seu grupo familiar: (Pessoas na família)
• Uma
• Duas
• Três
• Quatro
• Cinco
• Seis
• Sete
• Oito
• Nove ou mais

57. Quem é o (a) principal mantenedor (a) do seu grupo familiar? (Pessoa que contribui com a maior
parte da renda): (quem mantém financeiramente)
• Eu mesmo (a)
• Cônjuge/Companheiro (a)
• Pai/Padrasto
• Mãe/Madrasta
• Irmão/Irmã
• Filho/Filha
• Avô/Avó
• Outra pessoa

58. Qual a escolaridade do (a) principal mantenedor (a) do seu grupo familiar? (Da pessoa que contribui
com a maior parte da renda): (escolaridade do mantenedor)
• Sem instrução, não alfabetizada
• Sem instrução, mas sabe ler e escrever
• Ensino fundamental 1 (antigas 1ª a 4ª séries) – INCOMPLETO
• Ensino fundamental 1 (antigas 1ª a 4ª séries) – COMPLETO

157
• Ensino fundamental 2 (antigas 5ª a 8ª séries) – INCOMPLETO
• Ensino fundamental 2 (antigas 5ª a 8ª séries) – COMPLETO
• Ensino Médio (antigo 2º grau) – INCOMPLETO
• Ensino Médio (antigo 2º grau) – COMPLETO
• Ensino Superior – INCOMPLETO
• Ensino Superior – COMPLETO
• Especialização, Mestrado ou Doutorado

59. Situação da sua moradia da sua família: (moradia da família)


• Própria e quitada
• Própria em financiamento
• Cedida / Emprestada
• Alugada
• Pública / Gratuita
• Outra

60. Na casa de sua família tem:

Água encanada (quando a água utilizada no domicílio é proveniente da rede geral de


distribuição): (Água encanada)
• Sim
• Não

Rua pavimentada (quando o trecho da rua que passa na porta do domicílio é pavimentado /
asfaltado): (Rua pavimentada)
• Sim
• Não

Acesso a Internet: (Acesso a Internet)


• Sim
• Não

Computador (Considerar os computadores de mesa, laptops, notebooks e netbooks. Não


considerar: calculadoras, agendas eletrônicas, tablets, palms, smartphones e outros aparelhos):
(Computador)
• 1
• 2
• 3
• 4
• Acima de 4
• Nenhum.

Automóvel (Não considerar táxis, vans ou pick-ups usados para fretes, ou qualquer veículo
usado para atividades profissionais. Veículos de uso misto - pessoal e profissional - também
não devem ser considerados): (Automóvel)
• 1
• 2
• 3
• 4
• Acima de 4
• Nenhum

158
Motocicleta (Não considerar motocicletas usadas exclusivamente para atividades profissionais.
Motocicletas apenas para uso pessoal e de uso misto - pessoal e profissional - devem ser
consideradas): (Motocicleta)
• 1
• 2
• 3
• 4
• Acima de 4
• Nenhuma

Saúde e Qualidade de Vida

61. Quantas refeições você faz por dia (inclui café da manhã, almoço, jantar e lanches)? (Quantas
refeições)
• 1
• 2
• 3
• 4
• 5
• 6 ou mais

62. Onde você faz suas principais refeições (café, almoço e jantar)? (Onde se alimenta)
• Em casa
• Em casa de familiares / amigos
• No Restaurante Universitário, fazendo uma refeição por dia
• No Restaurante Universitário, fazendo duas refeições por dia
• No Restaurante Universitário, fazendo três refeições por dia
• Em outro restaurante
• No trabalho
• No transporte
• Outra

63. Com que frequência você pratica atividade física? (Atividade física)
• Diariamente
• Pelo menos três vezes por semana
• Uma vez por semana
• Menos de uma vez por semana
• Não pratico atividade física.

64. A universidade provê as condições para a realização de alguma das suas atividades físicas?
(Esporte na Universidade)
• Sim, pois a universidade oferece boas condições
• Sim, porém a universidade não oferece boas condições
• Não, pois a universidade não oferece boas condições
• Não, pois prefiro não praticar na universidade

159
65. Quando você precisa de atendimento médico você procura, preferencialmente: (Atendimento
médico)
• Rede Pública
• Rede Particular (sem plano de saúde)
• Rede Particular (com plano de saúde)
• Serviços de saúde oferecidos pela própria universidade
• Ajuda informal de amigos ou familiares
• Nenhum.

66. Sua procura por serviço médico ocorre: (quando procura)


• Periodicamente (para exames de rotina)
• Periodicamente (para tratamento de saúde específico)
• Raramente (em casos de extrema necessidade)

67. Com relação a seus cuidados dentários, você: (Dentista)


• Vai ao dentista periodicamente para prevenção
• Vai ao dentista frequentemente para tratamento especializado
• Vai ao dentista quando apresenta algum problema
• Nunca vai ao dentista

68. Você já procurou atendimento psicológico alguma vez em sua vida? (Atendimento psicológico)
• Sim, estou em acompanhamento
• Sim, no último ano
• Sim, há mais de um ano
• Não

69. Alguma vez na sua vida você já tomou medicação psiquiátrica, mesmo que tenha sido por pouco
tempo? (Medicação psiquiátrica)
• Sim, estou tomando
• Sim, já tomei, mas não tomo mais
• Não, nunca tomei

70. Com que frequência você faz uso de bebidas alcoólicas? (Bebidas alcoólicas)
• Todos os dias
• Várias vezes por semana
• Nos finais de semana
• Menos do que uma vez por semana
• Nunca

71. Com que frequência você faz uso de tabaco (cigarro ou outros)? (Tabaco)
• Todos os dias
• Várias vezes por semana
• Nos finais de semana
• Menos do que uma vez por semana
• Nunca

72. Com que frequência você faz uso de drogas não lícitas? (Drogas ilícitas)
• Todos os dias
• Várias vezes por semana
• Nos finais de semana
• Menos do que uma vez por semana
160
• Nunca

Dificuldades estudantis

73. Quais dessas dificuldades interferem significativamente na sua vida ou no contexto acadêmico?
(Pode marcar mais de uma opção) (Dificuldades para estudar)
• Adaptação a novas situações (cidade, moradia, distância da família, entre outras)
• Relacionamento familiar
• Relacionamento social / interpessoal
• Relações amorosas / conjugais
• Situação de violência física
• Situação de violência sexual
• Situação de violência psicológica / assédio moral
• Conflito de valores / conflitos religiosos
• Discriminações e preconceitos
• Dificuldades de acesso a materiais e meios de estudo (livros, computador, outros)
• Dificuldades financeiras
• Dificuldade de aprendizado
• Falta de disciplina / hábito de estudo
• Carga horária excessiva de trabalho
• Carga excessiva de trabalhos estudantis
• Relação professor (a) - estudante
• Tempo de deslocamento para a universidade
• Problemas de saúde
• Problemas emocionais
• Maternidade ou paternidade
• Não tenho dificuldades

74. Você foi vítima de assédio moral por parte de professores (as)? (Assédio moral: situação de
constrangimento, menosprezo ou humilhação a que o (a) estudante foi submetido (a) por docente)
(Assédio moral)
• Sim
• Não (não responder a próxima questão)

75. Você formalizou a reclamação? (Formalizou reclamação)?


• Não, porque fiquei com medo
• Não, porque achei que não resolveria
• Não, porque não sabia o que fazer
• Sim

76. Assinale as dificuldades emocionais que tem interferido na sua vida acadêmica nos últimos 12
meses: (Pode marcar mais de uma opção). (Dificuldades emocionais)
• Ansiedade
• Tristeza persistente
• Timidez excessiva
• Medo / pânico
• Insônia ou alterações significativas de sono
• Sensação de desamparo/ desespero/ desesperança
• Sensação de desatenção/ desorientação/ confusão mental
• Problemas alimentares (grandes alterações de peso ou apetite; anorexia; bulimia)

161
• Desânimo, falta de vontade de fazer as coisas
• Sentimento de solidão
• Ideia de morte
• Pensamento suicida
• Nenhuma

77. Você já pensou em abandonar o seu curso? (Quis abandonar)


• Sim
• Não (Não responder a próxima questão)

78. Por quais razões? Por quê?


• Dificuldade de conciliar trabalho e estudo
• Pelo campo profissional
• Dificuldades financeiras
• Dificuldades de relacionamento no curso
• Nível de exigência (carga de trabalho acadêmico)
• Problemas de saúde (físico / mental)
• Problemas familiares
• Incompatibilidade com o curso
• Insatisfação com a qualidade do curso
• Assédio, bullyng, perseguição, discriminação ou preconceito

79. No seu curso atual, você já fez trancamento geral de matrícula? (Trancamento)
• Sim, por insatisfação com o curso
• Sim, por impedimento de saúde
• Sim, por motivo de trabalho
• Sim, por impedimento financeiro
• Sim, por licença maternidade
• Sim, por dificuldade de aprender os conteúdos das disciplinas
• Sim, por risco de ser jubilado
• Sim, por outro motivo
• Não.

80. O que você pretende fazer logo após se formar? (Pode marcar mais de uma alternativa) (Depois de
formar)
• Trabalhar
• Fazer outro curso de graduação
• Ingressar na pós-graduação
• Não sei

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