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UMA ANÁLISE COMPARADA A RESPEITO DA COMPATIBILIDADE ENTRE AS


POLÍTICAS PÚBLICAS DE COMBATE AO SUICÍDIO E O DIREITO À VIDA.

MARIA LUIZA MOTTA SILVEIRA DE OLIVEIRA1

Sumário:1. Introdução; 2.Suicídio: Aspectos Introdutórios; 2.1. Conceito; 2.2.


Formas de Prevenção; 2.3. Índices;3. Suicídio e Saúde Pública; 3.1. Políticas
Públicas de Prevenção; 4. Conclusão; 5. Referências.

RESUMO

O presente estudo faz a análise do suicídio, seu conceito, prevenção, os métodos


mais usados de execução do ato, assim como índices indicando a predominância
entre gênero, etnia, região, além da forma que a vida conjugal pode impactar nos
suicidas e nos que tentam o suicídio. Ademais, será analisada a forma que o Estado
atua perante esta temática, através dos programas adotados anualmente tanto para
prevenção como para contabilizaçãodos suicídios em cada região, a fim de entender
o motivo do crescimento e assim evitar, visto que tornou-se um problema de saúde
pública devido ao constante aumento do número de pessoas que tentam ou
conseguem consumar o suicídio, violando, inclusive, a dignidade da pessoa
humana.

Palavras-chave: Suicídio. Prevenção. Estado. Dignidade da Pessoa Humana

ABSTRACT

Thispresentstudymakestheanalysisof suicide, it'sconcept, prevention,


themostusedmethodsofperformingtheact, as well as indexes
indicatingthepredominancebetweengender, ethnicity, region,
thewaythatrelationshipscanimpacton suicide, andwhotrytocommit it. As well as
thewaytheStatetakesresponsibility for this, explainingtheprogramsadopted for
preventionandtoaccount for suicides annuallyand in eachregion in
ordertounderstandthereason for growthandhowtoavoid, since it hasbecome a
healthproblembecauseofthesteadyincrease in
thenumberofpeoplewhoattemptandsucceed in consummating suicide,
violatingeventhedignityofthehumanperson.

Keywords:Suicide. Prevention. State. Dignityof The Human Person.

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Aluna do 9° período do Curso de Direito, orientada pela ProfessoraLívia Barros.
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1. Introdução

O suicídio é um ato deliberado de pôr fim à própria vida; é um processo que


se inicia com algumas variações da ideia de morrer e pode evoluir para um plano
suicida de fato. Tem uma condição de multicausalidade, isto é, não há uma causa
específica que leva um indivíduo a suicidar-se, tratando-se, desta forma, de um
conjunto de fatores que se consolidam no estopim para a decisão de tirar a própria
vida.Acontece que, muitas vezes, a execução finda na tentativa, e a família e
amigos, além de todos aqueles mais próximos que vivem ao redor do indivíduo
interpretam como se ele quisesse chamar atenção, não dando a devida importância
ao que é na verdade um pedido de ajuda.
A prevenção é um fator chave no combate ao suicídio.Trata-se de colocar-se
à disposição daquele que emite sinais claros de que não suporta mais viver, sendo
esta a única forma de evitar.Para isso, existem políticas públicas que consistem
basicamente em colocar um órgão em disposição daqueles que quiserem procurar
ajuda.No entanto, o tabu que ainda envolve o suicídio e a negligência dos referidos
órgãos, que por sua vez, têm um papel meramente passivo, como é explicado no
discorrer deste artigo, não ajudam a diminuir o número de suicídios no Brasil e no
Mundo.

2. Suicídio: Aspectos Introdutórios

2.1. Conceito

Inicialmente, é necessário trazer à baila a definição do suicídio, trazida por


Maria Júlia Kovács, em seu livro "Morte E Desenvolvimento Humano":

Levy (1979) traz em seu artigo algumas das definições, que permitem situar
o que é suicídio. Em sentido estrito é considerado como uma auto-
eliminação consciente, voluntária e intencional. Num sentido mais amplo, o
suicídio inclui processos autodestrutivos inconscientes, lentos e crônicos.
Tentativas de suicídio são atos deliberados de auto-agressão em que a
pessoa não tem certeza da sobrevivência manifestando uma intenção
autodestrutiva e uma consciência vaga do risco de morte. (2006, p. 171 )
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Diante disso, temos que o suicídio não é apenas o ato propriamente dito de
tirar a própria vida, é um ato consciente de escolha, com intenção autodestrutiva, do
indivíduo que o comete. Outro fato que deve ser consideradoé a letalidade da forma
empregada, para que seja possível diagnosticar se o sujeito é de fato suicida ou se
utilizou do ato para chamar atenção para outra coisa, como desejo de valorização
pessoal.
Mas o que leva a pessoa a suicidar-se? Por que chega a decisão tão
extrema? Explica-se.
O suicídio não é necessariamente uma psicose, não sendo cometido por uma
causa especifica, comumente dito popularmente, como por exemplo, nos seguintes
termos: "Ele suicidou por que acabou com a namorada" ou "Suicidou por que a mãe
morreu".Na verdade, é um processo, um conjunto de causas que fazem o indivíduo
encontrar-se em tamanha frustração com a vida, que vê na morte uma saída
definitiva para a dor.
Segundo a Organização mundial de saúde, em seu artigo WHO – World
Health Organization (2003). The World Health Report 2003: Shapingthe future.
Geneve, é possível identificar que entre os principais fatores de risco, os transtornos
mentais, como a depressão, perdas recentes, dinâmica familiar conturbada,
personalidade com fortes traços de impulsividade e agressividade, certas situações
clínicas (como doenças crônicas incapacitantes), bem como aqueles com fácil
acesso a meios letais, (WHO, 2003; Suominen et al., 2004). No entanto, esses
estudos foram realizados com pessoas que tentaram o suicídio ou que faziam
tratamento psicológico,e, conforme os resultados obtidos, temos a seguinte
realidade:
a) Aproximadamente 60% das pessoas mortas por suicídio nunca o haviam
tentado antes; 214 Botega, N. J. et al. PSICO, Porto Alegre, PUCRS, v. 37, n. 3,
pp. 213-220, set./dez. 2006;
b) Dos que morrem por suicídio, 50-60%, nunca consultaram com um
profissional de saúde mental ao longo da vida;
c) Dois terços dos que cometem suicídio comunicaram claramente essa
intenção a parentes próximos ou amigos, na semana anterior.
d)Metade dos que morrem por suicídio foram a uma consulta médica em
algum momento do período de seis meses que antecederam a morte, e 80% foram
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a um médico no mês anterior ao suicídio. Mas ainda permanece correto que 50%
dos que se suicidam nunca foram a um profissional de saúde mental;
e) Com base nas evidências proporcionadas por entrevistas com familiares e
amigos, bem como por documentos médicos e pessoais, um diagnóstico
psicopatológico pode ser feito em 93-95% dos casos de suicídio, notadamente
transtornos do humor (40-50% dos casos de suicídio tinham depressão grave),
dependência de álcool (em torno de 20% dos casos) e esquizofrenia (10% dos
casos).

2.2. Formas de Prevenção

O Ministério da Saúde disponibilizou cartilhas indicando frases de alerta


costumeiramente utilizadas por pessoas suicidas (conforme cartilha abaixo), e sobre
os passos para auxilia-las.

Fonte: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio

O suicídio é complexo, tem múltiplas causas e pode atingir qualquer tipo de


pessoa, mas pode, sim, ser prevenido. É preciso que haja a restrição aos meios de
suicídio, como a redução do uso de álcool e drogas, a conscientização da mídia e
controle de armas.
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Além disso, as pessoas ao redor devem estar atentas aos seguintes sinais:
a) Aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de
manifestações verbais durante pelo menos duas semanas; nesse caso muitas vezes
as pessoas próximas interpretam como uma ameaça ou chantagem emocional, mas
tais problemas de conduta e manifestações devem ser entendidos como um pedido
por ajuda;
b) Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança; normalmente
quem pretende acabar com a própria vida manifesta o desinteresse e a
desesperança com o futuro,seja verbalmente, por desenho ou de forma escrita;
c) Expressão de idéias ou de intenções suicidas; como "eu não aguento
mais","cheguei no meu limite", "vou te deixar em paz", "é inútil tentar";
d)Isolamento; aspessoas com pensamentos suicidas costumam desgostar de
tudo o que antes costumavam fazer, não atendem telefonemas, e desaparecem das
redes sociais.
Identificado algum ou vários desses sinais, a pessoa deve mostrar-se aberta a
escutar e encaminhar o indivíduo à ajuda especializada. É importante que aquele
que tenha ideias suicidas sinta-se acolhido e escutado. Neste sentido, o Ministérioda
Saúde divulgou nova cartilha informando como a pessoa que identifica tal
comportamento deve agir:

Fonte: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio
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Neste diapasão, ressalta o Coordenador de Saúde Mental do Ministério da


Saúde, Quirino Cordeiro:

Conversar sobre como agir nessas situações é fundamental para quebrar os


mitos que existem hoje. A sociedade precisa estar orientada em relação as
modalidades de tratamento para que as pessoas possam ter o cuidado de
acordo com a necessidade clínica. (ONLINE, 2018).

2.3. Índices

A Organização Mundial de Saúde estima que a cada 40 segundos uma


pessoa se suicida no planeta e, por ano, 800 mil pessoas ao redor do mundo. O
suicídio, conforme a OMS, é a segunda maior causa de morte entre pessoas de 15 a
29 anos de idade.

No Brasil, entre 2011 e 2016, foram divulgados pelo Ministério de saúde,


602.804 óbitos por suicídio, dentre os quais 79% foram de homens e 21% de
mulheres.

Fonte: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-
epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf
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A taxa de tentativa entre as mulheres, no entanto, é maior que a dos


homens.No período acima exposto, ao todo, foram notificadas 176.226 lesões
autoprovocadas; 27,4% delas, ou seja, 48.204, foram tentativas de suicídio. Deste
número, 69% referia-se a mulheres e 31% a homens.No mesmo sentido, foi
constatado, neste mesmo período, que as mulheres também apresentaram maior
número de reincidência, qual seja, 31,3%, ficando os homens com 26,4%.

Fonte: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-
epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf
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Ainda sobre a tentativa, é imperioso expor os seguintes índices:

Fonte: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-
epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf

Foiconstatado ainda que a proporção de suicídios foi maior entre aquelas que
não possuem um relacionamento conjugal, totalizando 60,4%.

Com relação ao método, se constatou que o enforcamento é o principal modo


de suicídio, totalizando 61,9%, seguido pela intoxicação, com 17,7%, conforme
abaixo exposto:
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Fonte: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-
epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf

Torna-se necessário, ainda, traçar o período da vida e as etnias em que são


constatados maiores ocorrências.

Os idosos apresentam maior taxa de suicídio, não apenas no Brasil, mas no


mundo. Entre 2011 e 2015, um Estudo realizado pelo Ministério da Saúde constatou
que os idosos de 70 anos ou mais, representam 8,9 suicídios para cada 100 mil
habitantes, muitas vezes devido à doenças crônicas, depressão e abandono familiar.

Entretanto,foi entre a população indígena (tribos Guarani Kaiowá, Carajás e


Ticunas) que a taxa de mortalidade por suicídio revelou-se maior: a cada 100 mil
habitantes são registrados 15,2 mortes entre indígenas; além de 5,9 entre brancos;
4,7 entre negros; e 2,4 entre amarelos.Ademais, 44,8% dos suicídios indígenas
ocorreram na faixa etária de 10 a 19 anos.

Também merece destaque o suicídio entre jovens.Segundo a Organização


Mundial de Saúde, esta é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos,
ficando em primeiro a violência. No Brasil, em 2015, o suicídio foi a quarta causa de
morte nessa mesma faixa etária, ficando atrás de violência e acidente de trânsito, de
acordo com os dados do Ministério da Saúde.
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Fonte: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-
epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf

Do ano 2000 ao ano de 2016, enquanto no cenário Nacional estabilizou a taxa


de suicídios, em alguns Estados, como Roraima, Piauí e Rio Grande do Sul, o
aumento ao longo dos anos foi de tamanha relevância que atingiu o dobro da média
nacional. Roraima foi de 8,1 para 11,3 em cada 100 mil habitantes, Piauí passou de
2,8 para 10,1 em 100 mil habitantes, e o Rio Grande do Sul foi de 10,1 para 10,4 a
cada 100 mil pessoas.
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Tais dados são ilustrados no boletim epidemiológico abaixo:

Fonte: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/21/2017-025-Perfil-
epidemiologico-das-tentativas-e-obitos-por-suicidio-no-Brasil-e-a-rede-de-atencao-a-saude.pdf

3. Suicídio e a Saúde Pública

Diante dos números apresentados, é possível observar que o suicídio deixou


de ser "problema das famílias" há muito tempo, tornando-se, outrossim, um
problema de Saúde Pública.

As taxas continuam crescendo,apesardo Brasil estar entre os países que


assinaram o Plano de Ação em Saúde Mental 2015-2020, lançado pela OMS/OPAS.
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O referido plano de ação foi desenvolvido para acompanhar o número anual de


mortes em cada país e o desenvolvimento de programas de prevenção, entre outras
políticas públicas que serão abordadas no item 3.1 deste trabalho.

As políticas públicas são pouco abordadas, e raramente são objetivo de


ações efetivas do Estado, por tais motivos:existência de um tabu referente ao tema;
atendimentos são negligenciados;a abordagem da mídia é sensacionalista; fácil
acesso aos métodos para cometer suicídio;e o crescente abuso desubstâncias
químicas. Tratam-se de serviços meramente pacíficos, visto que aguardam tão
somente que a pessoa entre em contato, ou seja, não buscam de forma proativa
aqueles que têm potencial para ser suicida.

Neste sentido destaca a diretora do Departamento de Doenças e Agravos


Não-Transmissíveis e Promoção da Saúde (DANTPS), do Ministério da Saúde,
Fátima Marinho:

É importante a análise desses dados, pois é uma questão de saúde pública


que tem se agravado no país, principalmente para que possamos diminuir o
preconceito e o estigma nas pessoas que tentam o suicídio. Esses números
vão ajudar a chegar aos principais focos para que possamos identificar
melhor as causas e qualificar as nossas ações de saúde pública. (ONLINE,
2018)

3.1. Políticas Públicas de Prevenção

Compreende-se como políticas públicas as atividades governamentais que


exercemalguma influência sobre a vida dos cidadãos (PETERS, 2013, p. 4). Na
definição de ThomasD. Dye (apud SOUZA, 2006, p. 24), política pública é “o que o
governo escolhe fazer ou nãofazer”, ressaltando-se que a omissão do Estado
também é uma decisão com impacto na vidados cidadãos

No âmbito internacional, no ano de 1994, em Banff, Canadá, um encontro


entre oConselho para Assuntos Econômicos e Sociais da ONU e Departamento de
Saúde Mental da OMS, resultou,já em 1996, num documento intitulado Preventionof
Suicide: Guidelines for theFormulationandImplementationofNationalStrategies.Foi a
primeira vez que organismos internacionais reconheciam os comportamentos
suicidas como um problema social e econômico,em que refletiu-senuma abordagem
sólida com base científica.
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Em 2004, com o apoio da Suicide PreventionInternational daOMS, um grupo


de peritos oriundos de 15 países se reuniram e confirmaram cinco pontos prioritários
para o desenvolvimento de atividades preventivas do comportamento suicida, quais
sejam: Restrição do acesso a métodos empregados em comportamentos suicidas;
abordagem adequada pelos meios de comunicação; tratamento adequado de
transtornos mentais; programas adequados de educação e informação; busca ativa
e acompanhamento de indivíduos com comportamento suicida.

Segundo o World Health Statistics de 2016, publicado pela OMS (WHO, 2016,
p. 62), após o crescente número de países adotado políticas de prevenção ao
suicídio, ocorreu uma redução global de 9% no número de mortes e uma queda de
21% na taxa mundial, entre 2000 e 2012.

Diante disso, o Brasil desenvolveu mais práticas de prevenção ao longo dos


anos. No dia 14 de agosto de 2006 foi lançada a Portaria nº 1.876, que instituiu
diretrizes para a prevenção do suicídio que deveriam ser implantadas em todos os
estados, a saber:

Art. 2° Estabelecer que as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio


sejam organizadas de forma articulada entre o Ministério da Saúde, as
Secretarias de Estado de Saúde, as Secretarias Municipais de Saúde, as
instituições acadêmicas, as organizações da sociedade civil, os organismos
governamentais e os não-governamentais, nacionais e internacionais,
permitindo:
I - desenvolver estratégias de promoção de qualidade de vida, de educação,
de proteção e de recuperação da saúde e de prevenção de danos;
II - desenvolver estratégias de informação, de comunicação e de
sensibilização da sociedade de que o suicídio é um problema de saúde
pública que pode ser prevenido;
III - organizar linha de cuidados integrais (promoção, prevenção, tratamento
e recuperação) em todos os níveis de atenção, garantindo o acesso às
diferentes modalidades terapêuticas;
IV - identificar a prevalência dos determinantes e condicionantes do suicídio
e tentativas, assim como os fatores protetores e o desenvolvimento de
ações intersetoriais de responsabilidade pública, sem excluir a
responsabilidade de toda a sociedade;
V - fomentar e executar projetos estratégicos fundamentados em estudos de
custo-efetividade, eficácia e qualidade, bem como em processos de
organização da rede de atenção e intervenções nos casos de tentativas de
suicídio;
VI - contribuir para o desenvolvimento de métodos de coleta e análise de
dados, permitindo a qualificação da gestão, a disseminação das
informações e dos conhecimentos;
VII - promover intercâmbio entre o Sistema de Informações do SUS e outros
sistemas de informações setoriais afins, implementando e aperfeiçoando
permanentemente a produção de dados e garantindo a democratização das
informações; e
VIII - promover a educação permanente dos profissionais de saúde das
unidades de atenção básica, inclusive do Programa Saúde da Família, dos
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serviços de saúde mental, das unidades de urgência e emergência, de


acordo com os princípios da integralidade e da humanização.

Além disso, em seu artigo 4º, a supracitada Portaria determinou que fosse
criado um Grupo de Trabalho para garantir que essas diretrizes fossem
regulamentadas: "Determinar à Secretaria de Atenção à Saúde que constitua um
Grupo de Trabalho, a ser instituído por portaria específica, para propor a
regulamentação dessas diretrizes no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias."
Em 2011, foi criada a Portaria 3088/2011, que instituiu a RAPS, Rede de
Atenção Psicossocial, pelo SUS.Trata-se de uma assistência, objetivando cuidarda
saúde mentaldas pessoas que sofrem com transtorno mental e dependência de
drogas.Prevê também a articulação desde a Atenção Básica, que tem como
integrantes a Equipe de Saúde da Família (ESF), as Unidades Básicas de Saúde
(UBS), oCentro de Convivência, o Consultório na Rua, o Núcleo de Apoio à Saúde
da Família (NASF), bem como a Atenção Hospitalar e serviços de urgência e
emergência (UPA 24h, SAMU 192), sob a coordenação dos Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS). Faz ainda parte dessa Portaria o programa “De Volta para
Casa”, que oferece bolsas para pacientes egressos de longas internações em
hospitais psiquiátricos.
Em 06 de Junho de 2014 foi criada a Portaria nº 1271, a qual definiu a Lista
Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde
pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o território nacional, além
de tornar as tentativas de suicídio e o suicídio agravos de notificação compulsória e
imediata em todo o território nacional. Sobre isso dispõe a referida Portaria:

Art. 3º A notificação compulsória é obrigatória para os médicos, outros


profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados
de saúde, que prestam assistência ao paciente, em conformidade com o art.
8º da Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975.

§ 1º A notificação compulsória será realizada diante da suspeita ou


confirmação de doença ou agravo, de acordo com o estabelecido no anexo,
observando-se, também, as normas técnicas estabelecidas pela SVS/MS.
§ 2º A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de
notificação compulsória à autoridade de saúde competente também será
realizada pelos responsáveis por estabelecimentos públicos ou privados
educacionais, de cuidado coletivo, além de serviços de hemoterapia,
unidades laboratoriais e instituições de pesquisa.
§ 3º A comunicação de doença, agravo ou evento de saúde pública de
notificação compulsória pode ser realizada à autoridade de saúde por
qualquer cidadão que deles tenha conhecimento.
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Art. 4º A notificação compulsória imediata deve ser realizada pelo


profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o
primeiro atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas desse
atendimento, pelo meio mais rápido disponível.
Parágrafo único. A autoridade de saúde que receber a notificação
compulsória imediata deverá informa-la, em até 24 (vinte e quatro) horas
desse recebimento, às demais esferas de gestão do SUS, o conhecimento
de qualquer uma das doenças ou agravos constantes no anexo.

Art. 5º A notificação compulsória semanal será feita à Secretaria de Saúde


do Município do local de atendimento do paciente com suspeita ou
confirmação de doença ou agravo de notificação compulsória.
Parágrafo único. No Distrito Federal, a notificação será feita à Secretaria de
Saúde do Distrito Federal.

Art. 6º A notificação compulsória, independente da forma como realizada,


também será registrada em sistema de informação em saúde e seguirá o
fluxo de compartilhamento entre as esferas de gestão do SUS estabelecido
pela SVS/MS.

Ainda em 2014, foi criado o Curso àdistância de Crise e Urgência em Saúde


Mental, em parceria com o Ministério da Saúde e a UFSC, que certificou, somente
entre 2014 e 2015, 1990 profissionais do Sistema Único de Saúde.

Não obstante não ser de iniciativa do Ministério Público,desde o ano de 2015,


o MP mantém parceria com o CVV - Centro de Valorização da Vida, ampliada em
2017 através de novo acordo de cooperação técnica, que prevê a gratuidade das
ligações à instituição.

O CVV é uma associação civil sem fins lucrativos,reconhecida como de


Utilidade Pública Federal desde 1973, que presta serviço voluntário e gratuito de
apoio emocional e prevenção do suicídio a qualquer pessoa que desejar de forma
gratuita e anônima através do site do CVV (https://www.cvv.org.br). As ligações
podem ser realizadas pelo número 188, que funciona 24 horas por dia; e
pessoalmente nos postos de atendimento.

Além dos atendimentos, o CVV também desenvolve, em todo o país, ações


abertas a todo públicorelacionadas a apoio emocional, de modo a estimular os
indivíduos das comunidades a conviver melhor consigo mesmo. A referida entidade
também é associada aoBefriendersWorldwide, que congrega entidades congêneres
de todo o mundo, e participou da força-tarefa que elaborou a Política Nacional de
Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde.

Por fim, em Setembro de 2017, o Ministério da Saúde lançou o Boletim


Epidemiológico 2017 (já ilustrado no gráfico nº 6) e a Agenda de Ações Estratégicas
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para a Vigilância e Prevenção do Suicídio e Promoção da Saúde no Brasil 2017-


2020.

Com isso, foi constatada a necessidade de construir e coordenar ações


voltadas à prevenção do suicídio. Como consequência dessa constatação, em 18 de
dezembro de 2017, mesmo ano que foi criada a Portaria nº 3.479, que institui o
Comitê Gestor para elaboração de um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio no
Brasil, em consonância com as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio e
com as Diretrizes Organizacionais das Redes de Atenção à Saúde, instituiu-se um
incentivo financeiro de custeio para desenvolvimento de projetos de promoção da
saúde, vigilância e atenção integral à saúde direcionados para prevenção do suicídio
no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS).

4. Conclusão

O presente artigo objetivou estudar o suicídio em suas nuances introdutórias


e conceituais, bem como o que lhe da causa e como pode ser prevenido.

Os gráficos mostram o percentual de suicídios por gênero, raça, etnia e etc., a


fim de demonstrar que embora seja de fato uma condição multifacetada, o suicídio
tem certa previsibilidade que cabe ao Estado analisar.

As políticas Públicas adotadas no Brasil, foi de fato um grande passo, mas


claramente não foi o suficiente, visto que os números estão constantes e crescentes,
o que gera uma situação alarmante para a saúde pública do país.

Sendo assim, constata-se, nestaproblemática, no sentido de que o Estado


pode, e deve, interferir na vida privada do indivíduo e em sua escolha por findar a
própria vida.

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