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CLASSIFICAÇÃO TAXONÕMICA

Uma das perguntas mais comuns que um estudante de biologia tem de saber é: o que é
taxonomia? Essa é a ciência que busca descrever, identificar e classificar os seres vivos. A história
evolutiva, as relações de parentesco entre os seres vivos são observadas durante a classificação
taxonômica. A classificação permite organizar os conhecimentos.

Classificar para organizar

É uma tarefa comum separar objetos em grupos. Em uma livraria, por exemplo, os livros estão
organizados por temas, o que facilita a localização e a escolha do livro. Separar objetos ou seres
vivos em grupos é uma forma de classificação. Para que possamos classificar, é necessário
estabelecer critérios, ou seja, analisar semelhanças e diferenças presentes entre os objetos que se
deseja separar.

É provável que um mesmo objeto tenha sido colocado em agrupamentos distintos. Se isso
aconteceu, não se pode dizer que um agrupamento está certo e o outro errado: só podemos dizer
que cada um adotou um critério diferente e que, por isso, foram estabelecidas diferentes
classificações para um mesmo grupo de objetos.

O uso de critérios para se fazer classificações é aplicado tanto para os objetos de nosso dia a dia
como para os seres vivos.

Uma parte importante do estudo da Biologia consiste em perceber e entender diferenças e


semelhanças entre os seres vivos, para, então, classificá-los. Por exemplo, as aves podem ser
classificadas usando uma característica presente em todas elas: as penas; pode-se classificar um
macaco e um tamanduá como mamíferos graças à presença de pelos. Pelo critério “presença de
pelos”, não podemos classificar jacarés como um mamífero, pois ele tem escamas.

Classificação Taxonômica: agrupando os seres vivos

O ser humano sempre se preocupou em classificar os seres vivos. O filósofo grego Aristóteles (384
a.C.-322 a.C.) foi um dos primeiros a classificar os seres vivos e contribuiu significativamente com
os fundamentos da Zoologia. Aristóteles observava, por exemplo, como os organismos se
reproduziam e o ambiente onde eram encontrados. Em um de seus trabalhos, Aristóteles separou
os animais em duas categorias, usando como critério a presença ou não de sangue no organismo.
Algumas das classificações propostas por Aristóteles se mantiveram por 2 000 anos!

Somente a partir do século XVIII os seres vivos foram agrupados de acordo com novos critérios,
resultado das descobertas científicas que ocorreram ao longo desse período.

No século XIX, por exemplo, o evolucionismo, fundamentado na teoria darwinista da evolução, se


tornou uma hipótese cientificamente aceita para explicar a origem de espécies de seres vivos e de
suas adaptações. Desse modo, a classificação aceita até então foi revista com bases evolutivas.

Fica evidente que nenhuma classificação (e mesmo nenhum conceito científico) pode ser
considerada definitiva, porque ela pode mudar de acordo com novos conhecimentos adquiridos por
diferentes pessoas ao longo do tempo. É dessa forma que a ciência se constrói e se aperfeiçoa.

O sistema natura de Lineu

Em 1735, o cientista sueco Carl von Linné, ou Lineu, (1707-1778) propôs um sistema de
classificação que ficou conhecido por sistema natural.
Lineu era bastante religioso e sua proposta buscava reproduzir o que ele acreditava ser a ordem
divina da criação dos seres vivos.

Lineu classificou uma enorme variedade de seres vivos e, por isso, é considerado por muitos o “pai”
da taxonomia moderna.

Lineu acreditava que os seres vivos haviam sido criados por Deus e, portanto, que as espécies não
mudavam ao longo do tempo. A partir da teoria de Darwin sobre a seleção natural, como veremos
no próximo capítulo, um novo critério para classificação teve de ser adotado, para que fossem
consideradas as relações de parentesco evolutivo das espécies. Esse critério deveria, portanto,
considerar que as espécies se transformam ao longo do tempo.

Essa mudança implicou em novas interpretações da taxonomia e da nomenclatura propostas por


Lineu, muito embora as bases propostas por ele ainda sejam usadas.

As categorias de classificação – Grupos taxonômicos


As categorias de classificação dos seres vivos (grupos taxonômicos) propostas por Lineu, e
usadas até hoje, são: espécie, gênero, família, ordem, classe, filo e reino (da menos abrangente
para a mais abrangente).
Espécie é um grupo de organismos semelhantes que, em condições naturais, são capazes de
acasalar e produzir descendentes férteis.
Quando diferentes espécies apresentam muitas semelhanças entre si, elas são reunidas em um
grupo mais abrangente, formando uma nova categoria, chamada gênero.
São conhecidas, atualmente, por volta de um milhão e setecentas mil espécies de seres vivos. Para
nomeá-las, utiliza-se o sistema de nomenclatura criado por Lineu. no qual cada espécie apresenta
um nome científico. De acordo com esse sistema de nomenclatura, que obedece a certas regras,
os nomes científicos são formados por duas palavras, em latim. Por esse motivo também.

Duas palavras indicam o nome científico da espécie. A primeira palavra indica o gênero a que
o organismo pertence e deve começar com letra maiúscula. A segunda palavra deve começar com
letra minúscula e sempre vir acompanhada da primeira. Os nomes científicos devem aparecer
destacados do resto do texto, podendo ser escritos em itálico, em negrito ou grifados.
Quando se conhece apenas o gênero, costuma–se colocar “sp.’ que significa uma “espécie do
gênero”, e deve vir sem nenhum destaque (itálico, negrito ou grifo). Por exemplo, leão e tigre podem
ser chamados de Panthera sp.
Os nomes populares são aqueles usados em conversas ou textos informais, sem caráter
científico. Como os nomes populares podem variar de uma região para outra, os nomes
científicos são mais indicados para se fazer classificações, pois são universais, ou seja, são iguais
em qualquer região do planeta. Por exemplo: macaxeira, aipim e mandioca-mansa são diferentes
nomes populares usados no Brasil para se referir à planta Manihot esculenta.
Para entender melhor o sistema natural de Lineu, veja um exemplo com três espécies brasileiras,
cujos nomes populares são: raposa-do-campo, graxaim–do-campo e cachorro-do-mato.
Note que o cachorro-do-mato pertence ao gênero Cerdocyon, que é diferente do gênero da raposa-
do-campo e do graxaim-do-campo: Pseudalopex. Isso indica que, apesar de as três espécies
serem parecidas, elas também apresentam muitas características diferentes, de tal forma que não
são agrupadas no mesmo gênero. Com essas informações, podemos concluir que, de acordo com
essa classificação, a raposa-do-campo e o graxaim-do-campo apresentam mais características em
comum entre si do que com o cachorro-do-mato.
De acordo com o sistema natural de classificação de Lineu, um conjunto de diferentes gêneros com
organismos que apresentam características em comum são agrupados em outra categoria, mais
abrangente, chamada família.

Os gêneros a que pertencem a raposa-do-campo, o graxaim-do-campo e o cachorro-do-mato são


semelhantes o suficiente para serem agrupados em uma mesma família, chamada Canidae (do
latim canis = cão; e o sufixo idae = relativo à família).
Para Lineu, além das três categorias de classificação já mencionadas – espécie, gênero e família
existem outras mais abrangentes: ordem, classe, filo e reino.
A ordem compreende as diferentes famílias que apresentam seres vivos com algumas
características em comum. Uma panda e uma raposa, por exemplo, pertencem a famílias
diferentes, porém se agrupam na mesma ordem: Carnivora (do latim carne = carne; vorare
= devorar). Outra ordem de animais é a dos primatas, que inclui, além dos seres humanos, os
gorilas, os chimpanzés, os orangotangos e todos os macacos conhecidos, entre outros animais.
A classe reúne as diferentes ordens que apresentam seres vivos com algumas características em
comum. Os animais da ordem Carnívora e os animais da ordem dos Primatas pertencem à classe
mamaria (ou mamíferos). Essa classe reúne todos os animais que apresentam, entre outras
características, glândulas mamárias (mamas) e pelos distribuídos pela superfície do corpo.
O filo compreende as diferentes classes que apresentam seres vivos com características em
comum. Os mamíferos, por exemplo, pertencem ao filo Chordata (Cordados). O reino é a
categoria mais abrangente e compreende os diferentes filos que apresentam seres vivos com
características em comum. No caso do filo dos Cordados, todos pertencem ao reino Metazoa ou
Animal.
Além das categorias propostas por Lineu, utiliza-se hoje uma mais abrangente, que pode agrupar
reinos de seres vivos, chamada Domínio. No caso do reino Metazoa, do reino Proctista, do reino
Plantae e do reino Fungi, todos pertencem ao domínio Eukarya.
O esquema a seguir mostra a posição da raposa-do-campo nos diferentes grupos taxonômicos,
junto a outros exemplos de espécies de seres vivos.
Existem outros domínios de seres vivos além do Eukarya. São eles: Eubactéria e Archaea. Neles
as classificações seguem o mesmo esquema apresentado aqui para o domínio Eukarya, com
apenas algumas variações.

A ideia de o nome científico de cada espécie seguir a nomenclatura binomial, proposta por
Lineu, é ainda hoje bem aceita entre os cientistas e aplicada a todos os seres vivos, muito embora
a proposta de um “sistema natural” como eie propôs ser alvo de críticas.

Resumo da aula O que é taxonomia – Classificação taxonômica

 Que as classificações dos seres vivos podem mudar de acordo com os critérios estabelecidos
pela comunidade científica.
 As bases do sistema natural proposto por Lineu no século XVIII e que são usadas até hoje.
 0 conceitos biológico de espécie e as regras para a criação do nome científico que a define.

Vírus

Vírus são os únicos organismos acelulares da Terra atual

Os vírus são seres muito simples e pequenos (medem menos de 0,2 µm), formados basicamente
por uma cápsula proteica envolvendo o material genético, que, dependendo do tipo de vírus, pode
ser o DNA, RNA ou os dois juntos (citomegalovírus).

A palavra vírus vem do Latim vírus que significa fluído venenoso ou toxina. Atualmente é utilizada
para descrever os vírus biológicos, além de designar, metaforicamente, qualquer coisa que se
reproduza de forma parasitária, como ideias. O termo vírus de computador nasceu por analogia. A
palavra vírion ou víron é usada para se referir a uma única partícula viral que estiver fora da célula
hospedeira.

Das 1.739.600 espécies de seres vivos conhecidos, os vírus representam 3.600 espécies.

Vírus é uma partícula basicamente proteica que pode infectar organismos vivos. Vírus
são parasitas obrigatórios do interior celular e isso significa que eles somente se reproduzem
pela invasão e possessão do controle da maquinaria de auto reprodução celular. O
termo vírus geralmente refere-se às partículas que infectam eucariontes (organismos cujas
células têm carioteca), enquanto o termo bacteriófago ou fago é utilizado para descrever aqueles
que infectam procariontes (domínios bactéria e archaea).

Ilustração do vírus HIV mostrando as proteínas do capsídeo responsáveis pela aderência na célula hospedeira.

Tipicamente, estas partículas carregam uma pequena quantidade de ácido nucleico (seja DNA ou
RNA, ou os dois) sempre envolto por uma cápsula proteica denominada capsídeo. As proteínas
que compõe o capsídeo são específicas para cada tipo de vírus. O capsídeo mais o ácido nucleico
que ele envolve são denominados nucleocapsídeo. Alguns vírus são formados apenas pelo núcleo
capsídeo, outros, no entanto, possuem um envoltório ou envelope externo ao nucleocapsídeo.
Esses vírus são denominados vírus encapsulados ou envelopados.

O envelope consiste principalmente em duas camadas de lipídios derivadas da membrana


plasmática da célula hospedeira e em moléculas de proteínas virais, específicas para cada tipo de
vírus, imersas nas camadas de lipídios.

São as moléculas de proteínas virais que determinam qual tipo de célula o vírus irá infectar.
Geralmente, o grupo de células que um tipo de vírus infecta é bastante restrito. Existem vírus que
infectam apenas bactérias, denominadas bacteriófagos, os que infectam apenas fungos,
denominados micrófagos; os que infectam as plantas e os que infectam os animais, denominados,
respectivamente, vírus de plantas e vírus de animais.
Esquema do Vírus HIV

Os vírus não são constituídos por células, embora dependam delas para a sua multiplicação.
Alguns vírus possuem enzimas. Por exemplo o HIV tem a enzima Transcriptase reversa que faz
com que o processo de Transcrição reversa seja realizado (formação de DNA a partir do RNA
viral). Esse processo de se formar DNA a partir de RNA viral é denominado retro transcrição, o que
deu o nome retrovírus aos vírus que realizam esse processo. Os outros vírus que possuem DNA
fazem o processo de transcrição (passagem da linguagem de DNA para RNA) e só depois a
tradução. Estes últimos vírus são designados de adenovírus.

Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios: a falta de hialoplasma e ribossomos impede que
eles tenham metabolismo próprio. Assim, para executar o seu ciclo de vida, o vírus precisa de um
ambiente que tenha esses componentes. Esse ambiente precisa ser o interior de uma célula que,
contendo ribossomos e outras substâncias, efetuará a síntese das proteínas dos vírus e,
simultaneamente, permitirá que ocorra a multiplicação do material genético viral.

Em muitos casos os vírus modificam o metabolismo da célula que parasitam, podendo provocar a
sua degeneração e morte. Para isso, é preciso que o vírus inicialmente entre na célula: muitas
vezes ele adere à parede da célula e "injeta" o seu material genético ou então entra na célula por
englobamento - por um processo que lembra a fagocitose, a célula "engole" o vírus e o introduz no
seu interior.

Vírus, seres vivos ou não?

Vírus não têm qualquer atividade metabólica quando fora da célula hospedeira: eles não podem
captar nutrientes, utilizar energia ou realizar qualquer atividade Biosintética. Eles obviamente se
reproduzem, mas diferentemente de células, que crescem, duplicam seu conteúdo para então
dividir-se em duas células filhas, os vírus replicam-se através de uma estratégia completamente
diferente: eles invadem células, o que causa a dissociação dos componentes da partícula viral;
esses componentes então interagem com o aparato metabólico da célula hospedeira, subvertendo
o metabolismo celular para a produção de mais vírus.
Há grande debate na comunidade científica sobre se os vírus devem ser considerados seres vivos
ou não, e esse debate e primariamente um resultado de diferentes percepções sobre o que vem a
ser vida, em outras palavras, a definição de vida. Aqueles que defendem a ideia que os vírus não
são vivos argumentam que organismos vivos devem possuir características como a habilidade de
importar nutrientes e energia do ambiente, devem ter metabolismo (um conjunto de reações
químicas altamente inter-relacionadas através das quais os seres vivos constroem e mantêm seus
corpos, crescem e performam inúmeras outras tarefas, como locomoção, reprodução, etc.);
organismos vivos também fazem parte de uma linhagem contínua, sendo necessariamente
originados de seres semelhantes e, através da reprodução, gerar outros seres semelhantes
(descendência ou prole), etc.

Os vírus preenchem alguns desses critérios: são parte de linhagens contínuas, reproduzem-se e
evoluem em resposta ao ambiente, através de variabilidade e seleção, como qualquer ser vivo.
Porém, não têm metabolismo próprio, por isso deveriam ser considerados "partículas infecciosas",
ao invés de seres vivos propriamente ditos. Muitos, porém, não concordam com essa perspectiva,
e argumentam que uma vez que os vírus são capazes de reproduzir-se, são organismos vivos; eles
dependem do maquinário metabólico da célula hospedeira, mas até aíi todos os seres vivos
dependem de interações com outros seres vivos. Outros ainda levam em consideração a presença
massiva de vírus em todos os reinos do mundo natural, sua origem - aparentemente tão antiga
como a própria vida - sua importância na história natural de todos os outros organismos, etc.
Conforme já mencionado, diferentes conceitos a respeito do que vem a ser vida formam o cerne
dessa discussão. Definir vida tem sido sempre um grande problema, e já que qualquer definição
provavelmente será evasiva ou arbitrária, dificultando assim uma definição exata a respeito dos
vírus.

Charles Darwin

Charles Robert Darwin foi um importante naturalista que nasceu no dia 12 de fevereiro de 1809, na
Inglaterra, mais precisamente na cidade de Shrewsbury. Esse importante pesquisador ficou
conhecido por sua contribuição no entendimento da evolução das espécies.

A vida de Charles Darwin

Desde pequeno Darwin mostrou-se interessado pela natureza e por todos os fenômenos que nela
ocorrem. Sempre foi um grande colecionador e, durante a infância, aprendeu a pescar e a caçar.

Quando jovem, com 16 anos, Darwin iniciou o curso de medicina, seguindo uma tradição de família.
Entretanto, durante uma aula na qual deveria realizar uma operação sem anestesia, ele descobriu
que realmente não era aquilo que havia sonhado para sua vida e resolveu abandonar o curso.
Apesar de o curso de medicina não ser o que Darwin procurava, ele pôde conhecer algumas
pessoas importantes para o seu crescimento profissional.
Após largar o curso, Darwin foi enviado pelo seu pai para a Universidade de Cambridge para fazer
Bacharelado em Artes e tornar-se clérigo da Igreja Anglicana. Charles Darwin conheceu então John
Stevens Henslow, um naturalista dedicado à botânica. Esse pesquisador foi importante na vida de
Darwin, pois foi quem o indicou para participar da tripulação do Beagle, um navio que faria uma
viagem a fim de mapear a costa da América do Sul.
Darwin embarcou no Beagle, em 1831, e durante cinco anos coletou e observou diversas formas
de vida ao redor do mundo, compreendendo melhor as mudanças ocorridas nas espécies. O
naturalista também coletou fósseis e fez observações geológicas que mostraram a “evolução” que
as espécies sofreram através do tempo.
Um dos pontos mais importantes da viagem de Darwin foi sua parada nas ilhas Galápagos. Foi
nesse local que ele percebeu que cada ilha possuía um grupo de pássaros específico e que
provavelmente essa diferença apresentava relação com as características do meio onde eles
viviam. Essa análise foi importante para o entendimento do processo de seleção natural por ele
proposto.
Quando voltou para a Inglaterra, Darwin havia compreendido que as espécies sofriam mudanças
através do tempo, mas ele não publicou de imediato suas percepções, principalmente por causa
de questões religiosas. A princípio, suas publicações eram voltadas para a fauna e flora dos locais
que visitou durante a viagem.

Em 1858, Darwin recebeu uma carta de Alfred Russel Wallace e percebeu que o naturalista havia
chegado às mesmas conclusões que ele. Essa carta impulsionou Darwin a escrever sua obra o
mais rápido possível. Entretanto, o lançamento do livro não ocorreu de imediato e, com a ajuda de
Hooker e Lyell, Darwin e Wallace apresentaram seus artigos no mesmo dia, evitando assim que
Wallace publicasse primeiro sua teoria.
A obra principal de Darwin, conhecida como a “Origem das Espécies por Seleção Natural”, foi
publicada um ano mais tarde, em 1859. O livro foi um sucesso de vendas, entretanto, a teoria não
foi bem aceita, principalmente pelos religiosos.

Um pouco da vida pessoal de Darwin

Darwin nasceu em uma família abastada, tradicional e religiosa. Casou-se em 1839 com Emma
Wedgwood, uma prima de primeiro grau do pesquisador e com quem teve dez filhos. Dos dez filhos,
três morreram ainda na infância, sendo a morte mais marcante para Darwin a de sua filha Annie,
de 10 anos. Charles Darwin morreu em 19 abril de 1882 em decorrência de um ataque cardíaco.
Apesar de suas ideias terem sido extremamente criticadas pela Igreja, ele foi enterrado na abadia
de Westminster, próximo a Isaac Newton.

A Teoria de Darwin

Charles Darwin (1809-1882), naturalista inglês, desenvolveu uma teoria evolutiva que é a base da
moderna teoria sintética: a teoria da seleção natural.

Segundo Darwin, os organismos mais bem adaptados ao meio têm maiores chances de
sobrevivência do que os menos adaptados, deixando um número maior de descendentes. Os
organismos mais bem adaptados são, portanto, selecionados para aquele ambiente.

Os princípios básicos das ideias de Darwin podem ser resumidos no seguinte modo:

 Os indivíduos de uma mesma espécie apresentam variações em todos os caracteres, não


sendo, portanto, idênticos entre si.
 Todo organismo tem grande capacidade de reprodução, produzindo muitos descendentes.
Entretanto, apenas alguns dos descendentes chegam à idade adulta.
 O número de indivíduos de uma espécie é mantido mais ou menos constante ao longo
das gerações.
 Assim, há grande "luta" pela vida entre os descendentes, pois apesar de nascerem muitos
indivíduos poucos atingem a naturalidade, o que mantém constante o número de
indivíduos na espécie.

 Na "luta" pela vida, organismos com variações favoráveis ás condições do ambiente


onde vivem têm maiores chances de sobreviver, quando comparados aos organismos com
variações menos favoráveis.
 Os organismos com essas variações vantajosas têm maiores chances de deixar
descendentes. Como há transmissão de caracteres de pais para filhos, estes apresentam
essas variações vantajosas.

 Assim, ao longo das gerações, a atuação da seleção natural sobre os indivíduos mantém
ou melhora o grau de adaptação destes ao meio.
A Teoria sintética da evolução

A Teoria sintética da evolução ou Neodarwinismo foi formulada por vários pesquisadores


durante anos de estudos, tomando como essência as noções de Darwin sobre a seleção natural e
incorporando noções atuais de genética.

A mais importante contribuição individual da Genética, extraída dos trabalhos de Mendel, substituiu
o conceito antigo de herança através da mistura de sangue pelo conceito de herança através de
partículas: os genes. A teoria sintética considera, conforme Darwin já havia feito, a população
como unidade evolutiva. A população pode ser definida como grupamento de indivíduos de
uma mesma espécie que ocorrem em uma mesma área geográfica, em um mesmo intervalo
de tempo.

Para melhor compreender esta definição, é importante conhecer o conceito biológico de espécie:
agrupamento de populações naturais, real ou potencialmente intercruzantes e
reprodutivamente isolados de outros grupos de organismos. Quando, nesta definição, se diz
potencialmente intercruzantes, significa que uma espécie pode ter populações que não cruzem
naturalmente por estarem geograficamente separadas. Entretanto, colocadas artificialmente em
contato, haverá cruzamento entre os indivíduos, com descendentes férteis.

Por isso, são potencialmente intercruzantes. A definição biológica de espécie só é válida para
organismos com reprodução sexuada, já que, já que, no caso dos organismos com reprodução
assexuada, as semelhanças entre características morfológicas é que definem os agrupamentos em
espécies.

Observando as diferentes populações de indivíduos com reprodução sexuada, pode-se notar que
não existe um indivíduo igual ao outro. Exceções a essa regra poderiam ser os gêmeos uni
vitelínicos, mas mesmo eles não são absolutamente idênticos, apesar de o patrimônio genético
inicial ser o mesmo. Isso porque podem ocorrer alterações somáticas devida à ação do meio. A
enorme diversidade de fenótipos em uma população é indicadora da variabilidade genética dessa
população, podendo-se notar que esta é geralmente muito ampla.

A compreensão da variabilidade genética e fenotípica dos indivíduos de uma população é


fundamental para o estudo dos fenômenos evolutivos, uma vez que a evolução é, na realidade, a
transformação estatística de populações ao longo do tempo, ou ainda, alterações na frequência
dos genes dessa população. Os fatores que determinam alterações na frequência dos genes são
denominados fatores evolutivos. Cada população apresenta um conjunto gênico, que sujeito a
fatores evolutivos, pode ser alterado. O conjunto gênico de uma população é o conjunto de todos
os genes presentes nessa população. Assim, quanto maior é a variabilidade genética.
Os fatores evolutivos que atuam sobre o conjunto gênico da população podem ser reunidos duas
categorias:

 Fatores que tendem a aumentar a variabilidade genética da população: mutação gênica,


mutação cromossômica, recombinação;
 Fatores que atuam sobre a variabilidade genética já estabelecida: seleção natural,
migração e oscilação genética.

A integração desses fatores associada ao isolamento geográfico pode levar, ao longo do tempo, ao
desenvolvimento de mecanismos de isolamento reprodutivo, quando, então, surgem novas
espécies. Nos capítulos seguintes, esses tópicos serão abordados com maiores detalhes.

Ideias e pessoas que influenciaram Darwin

Darwin foi influenciado pelos trabalhos de cientistas famosos, como o astrônomo John Herschel
(1792–1871) e o naturalista e viajante Alexandr Humboldt (1767–1835).

Este último foi responsável, segundo o próprio Darwin, pelo impulso de viajar a terras
desconhecidas em expedições científicas. O trabalho do geólogo e amigo Charles Lyell (1797 –
1875) também marcou o estudo de Darwin. Além de levar uma cópia do Princípios de Geologia, de
Lyell, em sua viagem a bordo de Beagle, as primeiras anotações de viagem de Darwin eram sobre
os temas de geologia.

Malthus

Darwin também aponta a influência das ideias do vigário inglês Thomas R. Malthus (1766 – 1834)
na elaboração do conceito de seleção natural. Em 1798, Malthus sugeriu que a principal causa da
miséria humana erro o descompasso entre o crescimento das populações e a produção de
alimentos. Disse ele: “O poder da população é infinitamente maior do que poder da terrade produzir
os meios de subsistência para o homem. A população, se não encontra obstáculos, cresce de
acordo com uma progressão aritmética”.

Malthus não se referiu apenas às populações humanas, mas tentou imaginar a humanidade
submetida às mesmas leis gerais que regem populações de outras espécies de seres vivos. Esse
foi um dos méritos de seu trabalho, que chamou a atenção de Darwin para as ideias de “luta pela
vida” e “sobrevivência dos mais aptos”.
Segundo Malthus, enquanto o crescimento populacional se dá em progressão geométrica, a
produção de alimentos aumenta em progressão aritmética. Isso seria uma das explicações para a
fome que assola boa parte da humanidade. Essas e outras conclusões constam em seu Ensaio
sobre a lei da população, de 1798.

Seleção artificial

Um dos argumentos apresentados por Darwin em favor da seleção dos mais aptos baseou-se no
estudo das espécies cultivadas pelo homem. Sabia-se que pelo menos alguns animais domésticos
e vegetais cultivados pertenciam a espécie com representantes ainda em estado selvagem. Os
exemplares domésticos, entretanto, diferiam em tantas características dos selvagens que podiam,
quanto ao seu aspecto geral, até ser classificados como espécies diferentes.

Darwin se dedicou à criação de pombos, cujas as variedades domésticas eram sabidamente


originadas de uma única espécie selvagem, a Columba livia, a partir da seleção artificialmente
conduzida pelos criadores. Sua conclusão foi que a seleção artificial podia ser compara àquela que
a natureza exercia sobre as espécies selvagens.

Da mesma forma que o homem seleciona reprodutores de uma determinada variedade ou raça,
permitindo que apenas os que têm a característica desejadas se reproduzam, a natureza seleciona,
nas espécies selvagens, os indivíduos mais adaptados às condições reinantes. Estes deixam um
número proporcionalmente maior de descendentes, contribuindo significativamente para a
formação da geração seguinte.

A publicação da teoria de Darwin

Em 1844, Darwin escreveu um longo trabalho sobre a origem das espécies e a seleção natural.
Não o publicou, porém, porque tinha receio de que suas ideias fossem um tanto revolucionárias.
Amigos de Darwin, conhecedores da seriedade de seu trabalho, tentaram inutilmente convencê-lo
a publicar o manuscrito antes que outros publicassem ideias semelhantes.
Jean-Baptiste de Lamarck

Jean-Baptiste de Lamarck foi um naturalista francês responsável pelas primeiras teorias sobre a
evolução dos seres vivos.
Lamarck nasceu no dia 1 de agosto de 1744 na cidade de Bazentin, na França. Ele faleceu em 28
de dezembro de 1829, sem o reconhecimento de suas ideias.

Lamarck
Entre as suas ideias evolucionistas, Lamarck considerava que a evolução dos seres vivos ocorria
em decorrência das pressões do ambiente.
Segundo ele, os organismos reagiam às mudanças do ambiente e as modificações originadas
eram transmitidas aos descendentes.
Lamarck baseou sua teoria para a evolução dos seres vivos, a partir da seguinte afirmação:

"A natureza, ao produzir sucessivamente todas as espécies de animais, e começando pelo menos
perfeito e mais simples, acaba o seu trabalho com o mais perfeito, gradualmente, aumentando a
sua complexidade".

Biografia
Lamarck é o último de onze filhos. Apesar de nascido em uma família de militares, seus pais
optaram por encaminhá-lo ao sacerdócio.
Assim, frequentou a escola jesuíta até 1759. Com a morte de seu pai e sem a vocação religiosa,
decidiu seguir a carreira militar.
Em 1761, Lamarck iniciou a carreira militar, como Cavaleiro de St. Martin. Ele participou da
Guerra dos Setes Anos e de várias operações nas fronteiras da França, momento em que
despertou seu interesse pela botânica.
Em 1768, abandonou o exército por contrair escrófula, um tipo de infecção nos gânglios linfáticos
na região submandibular e cervical. No caso de Lamarck, a infecção acometeu a região do
pescoço.
Após abandonar o exército, mudou-se para Paris, onde vivia com uma modesta pensão de
herança paterna. Começou a trabalhar como bancário e iniciou os seus estudos sobre medicina e
botânica.
Em 1778, publicou o livro “Flora Francesa”, uma obra composta por três volumes em que
descreve sobre as espécies de plantas da França. Com esse livro, Lamarck ganhou grande
notoriedade.
Devido ao prestígio alcançado com o seu livro, Lamarck assumiu o posto de assistente na área
de Botânica da Academia Francesa de Ciências.
Nesse posto, Lamarck alcançou posições mais altas, foi professor, realizou viagens por várias
instituições de pesquisas na Europa e recebeu aumentos salariais.
Após trabalhar vários anos na área da Botânica, em 1793, Lamarck é convidado para assumir o
cargo de professor de zoologia, no Museu Nacional de História Natural.
Em 1802, publica o livro “Investigações sobre a Organização dos Seres Vivos”.
Em 1809, publica o livro “Filosofia Zoológica”, no qual apresenta suas teorias sobre a evolução.
Lamarck fundamentou sua teoria através de duas leis:
 Lei do Uso e Desuso
 Lei dos Caracteres Adquiridos
As suas teorias ficaram conhecidas como Lamarckismo.
Em 1815, Lamarck publicou o livro “História Natural dos Animais Invertebrados”, no qual
apresentou as características gerais dos invertebrados.
Lamarck foi o responsável por introduzir o termo “invertebrados”. Ele também foi o primeiro a
separar os grupos Crustacea, Arachnida e Annelida de Insecta. Antes de Lamarck, todos eram
reconhecidos como insetos.
Nos anos finais de sua vida, Lamarck ficou completamente cego, impossibilitando a escrita.
Após ser viúvo por três vezes e ser pai de oito filhos, Lamarck passou a viver com uma das filhas
e morreu em 28 de dezembro de 1829, em Paris, sem prestígio e pobre.
As teorias evolucionistas de Lamarck não causaram grande impacto na comunidade científica da
época. Somente após a sua morte, alguns cientistas como Charles Darwin, reconheceram a
importância das teorias de Lamarck.
Charles Darwin na terceira edição de “A Origem das Espécies”, afirmou que Lamarck contribuiu
para a divulgação do conceito de evolução.

As ideias de Lamarck

Lamarck, naturalista francês, foi o primeiro a propor uma teoria sintética da evolução.

Sua teoria foi publicada em 1809, no livro Filosofia Zoológica. Ele dizia que formas de vida mais
simples surgem a partir da matéria inanimada por geração espontânea e progridem a um estágio
de maior complexidade e perfeição.

Em sua teoria, Lamarck sustentou que a progressão dos organismos era guiada pelo meio
ambiente: se o ambiente sofre modificações, os organismos procuram adaptar-se a ele.
Nesse processo de adaptação, um ou mais órgãos são mais usados do que outros. O uso ou o
desuso dos diferentes órgãos alterariam características do corpo, e estas características seriam
transmitidas para as próximas gerações. Assim, ao longo do tempo os organismos se modificariam,
podendo dar origem as novas espécies.

Segundo Lamarck, portanto, o princípio evolutivo estaria baseado em duas leis fundamentais:

Lei do uso ou desuso: no processo de adaptação ao meio, o uso de determinadas partes do corpo
do organismo faz com que elas se desenvolvam, e o desuso faz com que se atrofiem;

Um exemplo clássico da lei do uso e do desuso é o crescimento do pescoço da girafa. Segundo


Lamarck: Devido ao esforço da girafa para comer as folhas das arvores mais altas o pescoço do
mesmo acabou crescendo.

Lei da transmissão dos caracteres adquiridos: alterações no corpo do organismo provocadas


pelo uso ou desuso são transmitidas aos descendentes.

Vários são os exemplos de abordagem lamarquista para a evolução. Um deles se refere às aves
aquáticas, que se teriam tornado pernaltas devido ao esforço que faziam para esticar as pernas e
assim evitar molhar as pernas durante a locomoção na água. A cada geração esse esforço
produziria aves com pernas mais altas, que transmitiam essa característica à geração seguinte.
Após várias gerações, teriam sido originadas as atuais aves pernaltas.
Na época, as ideias de Lamarck foram rejeitadas, não porque falavam na herança das
características adquiridas, mas por falarem em evolução. Não se sabia nada sobre herança
genética e acreditavam-se que as espécies eram imutáveis. Somente muito mais tarde os cientistas
puderam contestar a herança dos caracteres adquiridos. Uma pessoa que pratica atividade física
terá musculatura mais desenvolvida, mas essa condição não é transmitida aos seus descendentes.

Mesmo estando enganado quanto às suas interpretações, Lamarck merece ser respeitado, pois foi
o primeiro cientista a questionar o fixismo e defender ideias sobre evolução. Ele introduziu também
o conceito da adaptação dos organismos ao meio, muito importante para o entendimento da
evolução.

Quadro comparativo das ideias de Lamarck e Darwin

Alfred Russel Wallace

Alfred Russel Wallace, OM, FRS (Usk, País de Gales, 8 de janeiro de 1823 — Broadstone,
Dorset, Inglaterra, 7 de novembro de 1913) foi um naturalista, geógrafo, antropólogo e biólogo
britânico.

Em fevereiro de 1858, durante uma jornada de pesquisa nas Ilhas Molucas, Indonésia, Wallace
escreveu um ensaio no qual praticamente definia as bases da teoria da evolução e enviou-o a
Charles Darwin, com quem mantinha correspondência, pedindo ao colega uma avaliação do
mérito de sua teoria, bem como o encaminhamento do manuscrito ao geólogo Charles Lyell.[1]
Darwin, ao se dar conta de que o manuscrito de Wallace apresentava uma teoria praticamente
idêntica à sua - aquela em que vinha trabalhando, com grande sigilo, ao longo de vinte anos -
escreveu ao amigo Charles Lyell: "Toda a minha originalidade será esmagada". Para evitar que
isso acontecesse, Lyell e o botânico Joseph Dalton Hooker - também amigo de Darwin e com
grande influência no meio científico - propuseram que os trabalhos fossem apresentados
simultaneamente à Linnean Society of London, o mais importante centro de estudos de história
natural da Grã-Bretanha, o que aconteceu em 1 de julho de 1858. Em seguida, Darwin decidiu
terminar e expor rapidamente sua teoria: A Origem das Espécies, que foi publicada no ano
seguinte.

Wallace foi o primeiro a propor a distribuição geográfica das espécies animais e, como tal, é
considerado um dos precursores da ecologia e da biogeografia e, por vezes, chamado de "Pai da
Biogeografia".

Biografia

 Primeiros anos

Wallace nasceu no vilarejo de Llandoc, próximo à Usk, Monmouthshire, País de Gales. Foi
o oitavo de nove filhos de Thomas Vere Wallace e Mary Anne Greenell. [2] Sua mãe era de
uma família inglesa de classe média de Hertford. Thomas Wallace era de ascendência
escocesa e sua família, como muitos Wallaces escoceses, reivindicavam uma ligação com
William Wallace, o líder da insurreição contra a Inglaterra no século XIII.[3] Thomas Wallace
obteve graduação em direito, embora nunca tenha praticado a profissão e herdou terras
rentáveis, mas investimentos ruins e empresas falidas resultaram numa deterioração
regular das condições financeiras da família.[3] Quando Alfred Wallace tinha cinco anos,
sua família mudou-se para Hertford, ao norte de Londres, onde frequentou a Hertford
Grammar School (Liceu) até que dificuldades financeiras forçaram sua família a retirá-lo
em 1836.[4]

Wallace então se mudou para Londres para morar e trabalhar com seu irmão mais velho
John, um aprendiz de construtor com dezenove anos (em 1979 uma placa foi colocada na
Rua St. Peter, 44, em Croydon em comemoração ao fato dele ter morado lá em algum
momento daquele período). Essa foi uma medida paliativa até que William, o primogênito,
estivesse em condições de receber Alfred como um aprendiz de agrimensor. Enquanto
isso, ele assistiu às aulas e leu livros no Instituto de Mecânica de Londres, onde esteve
exposto às ideias políticas radicais de reformistas sociais tais como Robert Owen e
Thomas Paine. Deixou Londres em 1837 para morar com William e trabalhar como seu
aprendiz por seis anos. Ao fim de 1839 mudaram-se para Kington, próximo da fronteira
galesa, antes de finalmente se fixarem em Neath, Glamorgan. Entre 1840 e 1843, Alfred
Wallace realizou trabalhos de agrimensura na zona rural ao oeste da Inglaterra e Gales.
Por volta do final de 1843 a empresa de William declinou por conta de condições
econômicas difíceis, e Alfred partiu em janeiro, com vinte anos.[5][6]

Após um breve período de desemprego, Alfred Wallace foi contratado como mestre na
Collegiate School em Leicester para ensinar desenho, cartografia e agrimensura. Wallace
passou bastante tempo na biblioteca de Leicester onde leu "An Essay on the Principle of
Population" de Thomas Malthus e onde em uma noite encontrou o entomologista Henry
Walter Bates. Bates tinha apenas 19 anos, porém já havia publicado um artigo acerca de
besouros no periódico The Zoologist. Ele formou uma amizade com Wallace e o
familiarizou com a coleção de insetos.[7] William faleceu em março de 1845, e Wallace
abandonou seu cargo de professor para assumir a firma de seu irmão em Neath. Ele e seu
irmão John não foram capazes de tocar o negócio, e após alguns meses Wallace
encontrou trabalho como engenheiro civil em uma firma próxima que trabalhava na
medição para uma ferrovia proposta no Vale de Neath. O trabalho de Wallace na
agrimensura consistia em passar bastante tempo ao ar livre no campo, fato que lhe
permitiu deleitar-se com sua nova paixão em coletar insetos. Wallace teve êxito em
persuadir seu irmão John a acompanhá-lo no empreendimento de uma firma de arquitetura
e engenharia civil, a qual executou vários projetos incluindo o planejamento e edificação do
prédio do Instituto de Mecânica de Neath. William Jevons, o fundador deste instituto, ficou
impressionado com Wallace e o convenceu a lecionar ciência e engenharia. No outono de
1846, aos 23 anos, ele e John reuniram condições para adquirir uma casa de campo
próximo a Neath, onde viveram com sua mãe e irmã Fanny (seu pai falecera em 1843).[8][9]
Durante esse período ele leu avidamente, trocando cartas com Bates a respeito do tratado
evolucionista de Robert Chambers Vestiges of the Natural History of Creation, A viagem do
Beagle de Charles Darwin, e Princípios de Geologia, de Charles Lyell

 Exploração e estudo do mundo natural

nspirado pelas crônicas de naturalistas viajantes precedentes incluindo Alexander von


Humboldt, Charles Darwin e William Henry Edwards, Wallace decidiu que ele também queria
viajar para o exterior como naturalista.[12] Em 1848 Wallace e Henry Bates partiram para o
Brasil a bordo do Mischief. Sua intenção era coletar insetos e outros espécimes animais na
Floresta Amazônica e vendê-los a colecionadores na Inglaterra, a venda de coleções era
uma fonte de renda para custear as expedições. Também esperavam juntar evidências da
transmutação das espécies. Wallace e Bates passaram a maior parte de seu primeiro ano
coletando espécimes próximo a Belém do Pará, quando exploraram o interior
separadamente, encontrando-se por ocasião para discutir seus achados. Em 1849, tiveram
a breve companhia de um outro jovem explorador, o botânico Richard Spruce, junto com o
irmão mais novo de Wallace, Herbert. Herbert partiu logo em seguida (falecendo dois dias
depois de febre amarela), mas Spruce, assim como Bates, passaria quase dez anos
coletando na América do Sul.[13][14]
Wallace continuou cartografando o Rio Negro por quatro anos, coletando espécimes e
tomando notas acerca dos povos e línguas que encontrou bem como a geografia, flora e
fauna.[15] Em 12 de julho de 1852, Wallace embarcou rumo ao Reino Unido no brigue
Helen. Após vinte e oito dias ao mar, o bálsamo na carga do navio pegou fogo e a
tripulação foi forçada a abandona-lo. A coleção inteira que Wallace levava foi perdida.
Pode apenas salvar parte de seu diário e uns poucos esboços. Porém uma pequena parte
de seu material ficou retida no porto de Manaus, esta se salvou. Wallace e sua tripulação
passaram dez dias num barco aberto antes de serem resgatados pelo brigue Jordeson,
que estava viajando de Cuba para Londres. As condições no Jordeson' foram tensas por
causa dos passageiros inesperados, mas após uma viagem difícil com uma alimentação
deficiente o navio finalmente chegou ao seu destino em 1 de outubro de 1852.[16][17][18]
Após seu retorno ao Reino Unido, Wallace passou dezoito meses em Londres vivendo do
pagamento do seguro de sua coleção perdida e vendendo o que sobrou. Durante esse
período, apesar de ter perdido quase todas as suas anotações de sua expedição à
América do Sul, ele escreveu seis ensaios (os quais incluíram On the Monkeys of the
Amazon) e dois livros: Palm Trees of the Amazon and Their Uses e Travels on the
Amazon(Palmeiras da Amazônia e seus usos de e Travels sobre a Amazônia).[19][20]
Também firmou contato com inúmeros outros naturalistas britânicos – mais
significantemente, Darwin.
De 1854 a 1862, de 31 aos 39 anos de idade, Wallace viajou para a Arquipélago Malaio ou
Índias Orientais (agora Malásia e Indonésia), afim de coletar espécimes para vender e estudar
a natureza. Suas observações das marcantes diferenças zoológicas através do estreito no
arquipélago levaram-no a propor a fronteira biogeográfica atualmente conhecida como a
Linha de Wallace. Wallace coletou mais de 125.000 espécimes no Arquipélago Malaio (só
de besouros mais de 80.000), sendo que mil representavam espécies novas para a
ciência.[23] Uma de suas mais bem conhecidas descrições de espécies durante sua
viagem é a do sapo que desliza em árvores, Rhacophorus nigropalmatus, conhecido como o
"sapo-voador-de-wallace". Enquanto ele explorava o arquipélago, refinou seus
pensamentos acerca da evolução e teve sua famosa concepção da seleção natural.
Descrições de seus estudos e aventuras foram eventualmente publicadas em 1869 como
The Malay Archipelago, que se tornou um dos mais populares diários de exploração
científica do século XIX, mantido continuamente à venda por sua editora inicial (Macmillan)
até a segunda década do século XX. A publicação foi elogiada por cientistas tais como
Darwin (a quem o livro foi dedicado), e Charles Lyell, e por não-cientistas, tais como o
romancista Joseph Conrad, que chamou o livro de seu companheiro de cabeceira favorito e
o usou como fonte de informações para vários de seus romances, especialmente Lord
Jim.[24]

 Retorno ao Reino Unido, casamento e filhos

Em 1862, Wallace retornou ao Reino Unido e se mudou para a casa de sua irmã Fanny Sims
e de seu marido Thomas. Enquanto se recuperava de suas viagens, Wallace organizou sua
coleção de espécimes e deu palestras sobre suas aventuras e descobertas em várias
sociedades científicas, incluindo a Sociedade Zoológica de Londres. Mais tarde, naquele
mesmo ano, Wallace visitou Darwin, em Down House, e se tornou amigo de Charles Lyell e
Herbert Spencer.[25]

Durante a década de 1860, Wallace escreveu vários ensaios e deu palestras defendendo a
teoria da seleção natural. Também se correspondeu com Darwin sobre vários temas, incluindo a
seleção sexual, o aposematismo e os possíveis efeitos da seleção natural sobre a hibridação e a
divergência de espécies.[26] Em 1865, Wallace começou a investigar o espiritismo.[27]

Depois de um ano de namoro, Wallace se comprometeu em 1864 com uma jovem, que, em sua
autobiografia, identificou simplesmente como senhorita L. No entanto, para o desgosto de
Wallace, ela rompeu com o compromisso.[28] Em 1866, Wallace se casou com Annie Mitten, que
tinha sido apresentada a ele por Richard Spruce, um amigo do pai de Annie, William Mitten, um
especialista em briófitas. Em 1872, Wallace construiu The Dell, uma casa de concreto, em uma
propriedade alugada em Grays, Essex, onde viveu até 1876. Wallace teve três filhos: Herbert
(1867-1874), que morreu quando criança, Violet (1869-1945) e William (1871-1951).[29]

 Problemas financeiros

Durante os anos de 1860 e de 1870, Wallace estava muito preocupado com a segurança
financeira de sua família. Enquanto estava no arquipélago malaio, a venda de espécimes
havia trazido uma quantidade considerável de dinheiro, que tinha sido cuidadosamente
investida pelo agente que vendeu os espécimes para Wallace. No entanto, em seu retorno
ao Reino Unido, fez vários investimentos arriscados em ferrovias e em minas que se
revelaram um fracasso, por isso ele foi forçado a viver dos lucros gerados pela publicação
de O Arquipélago Malaio.[30] Apesar da ajuda de seus amigos, Wallace não conseguiu
encontrar um emprego com um salário fixo. Para se manter financeiramente, ele trabalhou
como agrimensor para o governo, escreveu 25 artigos para publicação entre 1872 e 1876
por somas modestas e editou várias obras de Lyell e Darwin.[31] Em 1876, ele teve que
pedir um adiantamento de 500 libras esterlinas pela publicação de The Geographical
Distribution of Animals para evitar a venda de seus bens pessoais.[32] Darwin sabia das
dificuldades financeiras de Wallace e lutou para conceder-lhe uma pensão do governo por
suas contribuições para a ciência. Quando a pensão anual de $ 200 foi concedido em
1881, foi capaz de estabilizar a sua situação financeira, complementando sua renda com o
que ganhava por seus escritos.[33]
 Ativismo Social

Durante alguns meses, em Londres, Wallace aprimorou seu desenvolvimento intelectual


frequentando aulas no Instituto de Mecânica (London Mechanics Institute), onde adquiriu
conhecimento das ideias políticas de reformas sociais-radicais de Robert Owen (1771-
1858) que cooperaram para a formação de seu ceticismo religioso e de suas ideias
reformistas e socialistas.[34][35]

Nos momentos vagos, Wallace dedicava seu tempo ao socialismo, militarismo político,
espiritualismo e até mesmo às questões pacifistas, defendendo a justiça social e a reforma
agrária. Nos mais audaciosos pensamentos pode-se considerar Wallace como um "
ambientalista principiante", onde defendeu a preservação de uma área de florestas
naturais nas proximidades de Londres que enfrentava forte interferência humana [36].

Contudo, suas ações não se restringiram à Londres, Wallace também clamou pelas
florestas de Sequóias da Califórnia.

Wallace também foi um cientista engajado em causas sociais, pois mostrava simpatia aos
indivíduos excluídos pela sociedade londrina. Seu amparo abrangia desde crianças
nascidas em lares carentes a mulheres sem direitos a votos. Durante seus doze anos de
convivência com nativos das terras em que passou deram ao Wallace uma visão mais
realista da natureza humana: " Quanto mais vejo pessoas não civilizadas melhor eu
compreendo a natureza humana como um todo, e as diferenças essenciais entres os
chamados homem civilizado e o selvagem tendem a desaparecer".[37]

 Morte[

Em 7 de novembro de 1913, Wallace morreu aos 90 anos em sua casa de campo, chamada
de "Old Orchard", em Broadstone (Dorset), que havia sido construída uma década antes.[38] A
imprensa amplamente divulgou sua morte na época. The New York Times o chamou de "o
último dos gigantes que pertencera a esse grupo maravilhoso de intelectuais que incluía, entre
outros, Darwin, Huxley, Spencer, Lyell, e Owen, cuja ousadia nas investigações
revolucionaram e evoluíram o pensamento do século". Alguns dos amigos de Wallace
sugeriram que ele fosse enterrado na Abadia de Westminster, mas sua esposa seguiu seus
desejos e ele foi enterrado no pequeno cemitério em Broadstone, Dorset.[38] Vários
proeminentes cientistas britânicos formaram uma comissão para ter um medalhão de Wallace
colocado em Westminster, perto de onde Darwin tinha sido enterrado. O medalhão foi
inaugurado em 1 de novembro de 1915.

Teoria da Evolução
Em 1855 Wallace publicou o artigo, "On the Law Which has Regulated the Introduction of
Species", no qual ele junta e enumera observações gerais sobre a distribuição geográfica e
geológica das espécies (biogeografia) e conclui que "Cada espécie surgiu coincidindo tanto em
espaço quanto em tempo com uma espécie aproximamente a ela aliada." Esse artigo, também
conhecido como a Lei Sarawak (assim denominada devido ao estado de Sarawak, localizado na
ilha de Borneo) foi um prenúncio ao monumental artigo que ele escreveu três anos mais tarde.

Wallace encontrou-se brevemente e apenas uma vez com Darwin, e foi um dos seus numerosos
correspondentes de todas as partes do mundo, cujas observações Darwin utilizou para dar
suporte às suas teorias. Wallace sabia que Darwin tinha interesse na questão de como as
espécies se originavam e confiava na opinião dele sobre o assunto. Assim, ele lhe enviou seu
ensaio "On the Tendency of Varieties to Depart Indefinitely From the Original Type" (Sobre a
Tendência das Variedades de se Separarem Indefinidamente do Tipo Original) - 1858, e pediu-lhe
que escrevesse a crítica.

Em 18 de Junho de 1858 Darwin recebeu o manuscrito de Wallace. Embora o ensaio de Wallace


ainda não propusesse o famoso conceito darwiniano de seleção natural, enfatizava uma
divergência evolutiva entre as espécies e suas similares. Nesse sentido era semelhante à teoria
sobre a qual Darwin tinha trabalhado durante 20 anos, e que nunca tinha sido publicada. Darwin
escreveu a Charles Lyell: "Ele não poderia ter feito um pequeno resumo melhor! Até os seus
termos constam agora nos títulos dos meus capítulos!"

Apesar de Wallace não ter pedido que publicassem o seu ensaio, Charles Lyell e Joseph Hooker
decidiram apresentar o ensaio junto aos trechos de um artigo, que Darwin havia escrito em 1844
e mantido confidencial, à Linnean Society of London, em 1 de julho de 1858, dando destaque à
teoria de Darwin.

Wallace aceitou o arranjo após o fato, agradecido por ter sido, pelo menos, nele incluso. O status
social e científico de Darwin naquela época era muito superior ao de Wallace e era improvável
que as observações de Wallace sobre a evolução tivessem sido aceitas com a mesma seriedade,
caso fossem apresentadas independentemente. Apesar de afastado da posição de codescobridor
e não de socialmente igual à Darwin ou aos outros cientistas britânicos de elite, Wallace foi
contemplado com acesso facilitado aos meios científicos britânicos altamente divulgados após a
posição favorável que recebeu de Darwin. Quando retornou à Inglaterra, Wallace encontrou-se
com Darwin e os dois permaneceram amigos, desde então.

Concepções do magnetismo animal e do espiritismo e aplicação da teoria à


Humanidade
Em uma carta a um parente em 1861, Wallace escreveu: "Penso ter razoavelmente escutado e
ponderado as evidências de ambos os lados e continuo um completo descrente de quase tudo o
que você considera serem as verdades mais sagradas... Posso ver muito a ser admirado em
todas as religiões... Mas quanto a haver um Deus e qual seja a Sua natureza; quanto a termos ou
não uma alma imortal ou quanto ao nosso estado após a morte, não posso ter medo algum de ter
que sofrer pelo estudo da natureza e pela busca da verdade...."
Wallace era um entusiasta de frenologia [39]. No início de sua carreira ele fez vários experimentos
com o mesmerismo. Ele usou alguns de seus alunos em Leicester como sujet, com considerável
sucesso [40]. Quando ele começou seus experimentos com magnetismo animal, o tema já era
experimentado pelos magnetizadores de primeira hora, como John Elliotson que havia recebido
criticada até seu estabelecimento médico e científico[41] Wallace desenhou uma conexão entre
suas experiências com magnetismo e suas investigações posteriores em espiritismo. Em 1893,
ele escreveu:

“ E assim aprendi minha primeira grande lição no inquérito sobre estes


campos obscuros de conhecimento, nunca aceitar a descrença dos
grandes homens ou as suas acusações de impostura ou de
imbecilidade, a partir de qualquer peso quando se opôs à observação
repetida de factos por outros homens, reconhecidamente sãs e honesto.
Toda a história da ciência nos mostra que sempre que os homens
educados e científicas de qualquer idade negaram os fatos de outros
investigadores aprioristicamente do absurdo ou impossibilidade, os que
negam ter sido sempre errado [42]. ”
Em 1864, antes que Darwin tivesse abordado publicamente o assunto, apesar de outros o terem,
Wallace publicou um artigo, The Origin of Human Races and the Antiquity of Man Deduced from
the Theory of 'Natural Selection' (A Origem das Raças Humanas e a Antiguidade do Homem
Deduzidos da Teoria de "Seleção Natural"), aplicando a teoria à Humanidade. Wallace tornou-se
a seguir um espiritista e, mais tarde, argumentou que a seleção natural não poderia justificar o
gênio matemático, artístico ou musical, nem contemplações metafísicas, a razão ou o humor, e
que algo no "invisível universo do Espírito" tinha intercedido pelo menos três vezes na história.[43]:

1. A criação da vida a partir da matéria inorgânica;


2. A introdução da consciência nos animais superiores;
3. A geração das faculdades acima mencionadas no espírito humano.
Ele também acreditava que a razão de ser do universo era o desenvolvimento do espírito humano
(ver Wallace (1889)). Essas concepções muito perturbaram Darwin ao longo de sua vida,
argumentando ele que apelos espirituais eram desnecessários e que a seleção sexual podia
facilmente explicar esses fenômenos aparentemente não adaptativos.

Em 1865 Wallace investigou os fenômenos das mesas girantes ainda tão em voga na Europa; a
mediunidade de Mr. Marshall, de Mr. Cuppy e outras, afirmando mais tarde que as comunicações
com espíritos "são inteiramente comprovadas tão bem como quaisquer fatos que são provados
em outras ciências".
Em muitos relatos da história da teoria da evolução, Wallace é relegado ao papel de um simples
estímulo para a teoria do próprio Darwin. Na realidade, Wallace desenvolveu suas próprias
concepções distintas sobre a evolução (concepções essas que divergiam das de Darwin) e era
considerado por muitos (especialmente por Darwin) como um pensador de primeira grandeza
sobre a teoria da evolução no seu tempo, e cujas ideias não podiam ser ignoradas. Ele é um dos
naturalistas mais citados na obra de Darwin Descent of Man (A Origem do Homem),
frequentemente dele discordando fortemente.

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