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HUMEIDE CASTANHEIRA ZUHAIRO MUSSAGY

IMPACTO DA ORÇAMENTAÇÃO NA GARANTIA DO LUCRO DAS


EMPRESAS EMPRETEIRAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Construção Civil do Instituto Médio
Politécnico – IMEP como requisito para obtenção
do título de Técnico Médio de Construção Civil.
Orientador: Eng° Chungu Simão Artur Robate

Nampula, Fevereiro de 2017

1
PARECER DO SUPERVISOR
“Acompanhei este trabalho desde a primeira fase e segundo a minha análise, o mesmo está de
acordo com os requisitos exibidos para a obtenção do título de Técnico Médio de Construção
Civil.”

_______________________________________

(Engᵒ Chungu Simão Artur Robate)

i
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Humeide Castanheira Zuhairo Mussagy, declaro por minha honra que sou o único autor do
trabalho intitulado Impacto da Orçamentação na Garantia do Lucro das Empresas Empreiteiras.
Declaro que não há qualquer plágio (apropriação indevida da obra intelectual de outra pessoa,
assumindo, implícita ou explicitamente, a autoria da mesma, ainda que por omissão) no
documento entregue e reconheço que tal prática poderia resultar em sanções disciplinares e
legais.

Por fim, declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição de
ensino para a obtenção de qualquer grau académico.

_________________________________________

Humeide Castanheira Zuhairo Mussagy

Nampula, Fevereiro de 2017

ii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho de conclusão do curso aos meus pais, Zuhairo Assane Mussagy e Luisa
Francisca Castanheira Mussagy, pois graças à eles, tive a possibilidade de ser o que sou hoje.

AOS MEUS PAIS

Minha gratidão por vocês jamais poderá ser


demonstrada com palavras, mãe e pai. Obrigado
por fazerem de mim, a pessoa que sou hoje.

iii
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecer à DEUS, que me deu vida, saúde, forças para estudar e o privilégio
de subir mais um degrau na minha vida.

Agradeço aos meus queridos pais, Zuhairo Assane Mussagy e Luisa Francisca Castanheira
Mussagy, pelo incentivo, pela confiança e pela ajuda moral e financeira que disponibilizaram
nesta longa jornada.

Agradeço ao meu orientador Eng°. Chungu Simão Artur Robate, pela incansável ajuda e troca
de conhecimento que foi disponibilizando ao longo deste percurso.

Agradeço à minha tia, Engª. Uneisa Issufo pelo apoio, e pela satisfação de algumas
preocupações que tomaram parte deste trabalho.

Agradeço à empresa GEOREP Construções, pelo acolhimento no estágio profissional, em


especial ao funcionário Sábado pelas experiências e conhecimentos por ele transmitidos.

Agradeço à todos os professores e ao corpo directivo do IMEP (Instituto Médio Politécnico),


pelos conselhos e por todo o conhecimento transmitido ao longo do curso.

Agradeço à todos os meus colegas da turma de construção Civil 2014-2016, que mais do que
colegas foram verdadeiros companheiros de batalha.

À todos o meu Muito Obrigado!

iv
RESUMO
Preparar um orçamento e controlar o custo da construção são tarefas de grande
responsabilidade e importância. A elaboração de um orçamento mais próximo do custo real é
um dos factores primordiais para o resultado lucrativo das empresas construtoras.

O presente trabalho desenvolve-se com o objectivo de realçar o impacto da orçamentação na


garantia do lucro nas empresas empreiteiras. Para o efeito, o trabalho enquadra-se na
metodologia qualitativa e consiste essencialmente em pesquisa bibliográfica, tendo como
método de abordagem o hipotético-dedutivo. Por outro lado, recorre-se à um estudo de caso
com o objectivo de demonstrar parte do que foi abordado na teoria.

Palavras-Chave: Orçamentos, Custo Industrial, Custo não Industrial, Despesas, Lucro

v
ÍNDICE
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO ....................................................................... 1
1.1 – Processos de investigação ...................................................................................................... 1
1.2 – Problema Investigado............................................................................................................. 2
1.3 – Pergunta e Hipóteses .............................................................................................................. 2
1.4 – Perguntas investigativas de apoio .......................................................................................... 3
1.5 – Metodologia ........................................................................................................................... 3
1.6 – Constrangimentos da investigação ......................................................................................... 3
1.6.1 – Limitações ........................................................................................................................... 3
1.6.2 – Delimitações ....................................................................................................................... 4
1.7 – Estrutura do trabalho .............................................................................................................. 4
1.8 – Objectivos .............................................................................................................................. 4
1.8.1 – Objectivo geral .................................................................................................................... 4
1.8.2 – Objectivos específicos: ....................................................................................................... 5
1.9 – Relevância do tema ................................................................................................................ 5

CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................. 6


2.1 – Orçamento .............................................................................................................................. 6
2.1.1 – Objectivo do Orçamento ..................................................................................................... 6
2.2 – Elaboração do Orçamento ...................................................................................................... 6
2.2.1 – Análise da Documentação Técnica ..................................................................................... 6
2.2.1.1 – Leitura e Interpretação do Projecto e Especificações Técnicas ....................................... 6
2.2.1.2 – Caderno de Encargos ....................................................................................................... 7
2.2.1.3 – Visita Técnica .................................................................................................................. 7
2.2.2 – Estrutura de Custos na Elaboração dos Orçamentos de Obras............................................ 8
2.2.2.1 – Custo Industrial (Ci)......................................................................................................... 8
2.2.2.2 – Custos Directos (CD) ....................................................................................................... 8
2.2.2.3 – Composição do Custo Directo Unitário de Serviço (CDU’s) .......................................... 9
2.2.2.3.1 – Custo de Mão-De-Obra ............................................................................................... 10
2.2.2.3.2 – Custo de Materiais ...................................................................................................... 11
2.2.2.3.3 – Custo de Equipamentos ............................................................................................... 12
2.2.2.3.4 – Subempreitada............................................................................................................. 12
2.2.2.3.5 – Rendimentos................................................................................................................ 13
2.2.2.4 – Custos Indirectos (CI) .................................................................................................... 14
2.2.2.4.1 – Instalação do Estaleiro e Acampamento de Obras ...................................................... 14

vi
2.2.2.4.2 – Administração Local ................................................................................................... 15
2.2.2.4.3 – Mobilização e Desmobilização ................................................................................... 15
2.2.2.5 – Custos não Industriais da Obra (Cni) ............................................................................. 15
2.2.2.5.1 – Taxa e Composição do Mark-Up ................................................................................ 15
2.2.2.5.2 – Cálculo das Despesas Indirectas ................................................................................. 16
2.2.2.5.2.1 – Despesas de Administração Central ......................................................................... 16
2.2.2.5.2.1.1 – Rateio da Administração Central .......................................................................... 16
2.2.2.5.2.1.2 – Despesas Específicas com a Administração Central (DEAC) .............................. 17
2.2.2.5.2.2 – Despesas com Imprevistos e Riscos da Obra (DIR) ................................................ 17
2.2.2.5.2.3 – Despesas Financeiras ............................................................................................... 18
2.2.2.5.2.4 – Lucro ........................................................................................................................ 19
2.2.2.5.2.5 – Impostos ................................................................................................................... 19
2.2.2.6 – Determinação do Preço de Venda .................................................................................. 19
2.3 – Recursos Essenciais de Análise ........................................................................................... 20
2.3.1 – Planeamento da Construção .............................................................................................. 20
2.3.1.1 – Optimização da programação: tempos, equipas e recursos financeiros ......................... 20

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO........................................................... 22


3.1 – Descrição da actividade a orçamentar .................................................................................. 22
3.2 – Apuramento do Custo Industrial .......................................................................................... 22
3.2.1 – Custos directos unitários da actividade ............................................................................. 22
3.2.1.1 – Mão-de-Obra .................................................................................................................. 23
3.2.1.2 – Materiais ........................................................................................................................ 24
3.2.1.3 – Equipamentos ................................................................................................................. 24
3.3 – Estaleiro ............................................................................................................................... 25
3.4 – Apuramento do custo não industrial .................................................................................... 25
3.4.1 – Taxa de Mark-up ............................................................................................................... 25
3.5 – Aplicação da taxa de Mark-up ............................................................................................. 26
3.6 – Determinação do Preço de Venda ........................................................................................ 27

CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................ 27


4.1 – CONCLUSÕES ................................................................................................................... 28
4.2 – RECOMENDAÇÕES .......................................................................................................... 28

CAPÍTULO V – REFERÊNCIAS ......................................... BIBLIOGRÁFICAS


............................................................................................................................. 29

vii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Percentagens de perdas de materiais .......................................................................12

Tabela 2: Ficha de custo seco de fabrico de argamassa de cimento e areia .......................22/23

Tabela 3: Ficha de custo seco para Fornecimento e Assentamento de alvenaria de blocos de


20cm, incluindo argamassa de assentamento de cimento e areia ao traço
1:5............................................................................................................................................23

Tabela 4: Mapa de Quantidades 1 ..........................................................................................23

Tabela 5: Apuramento dos percentuais do Mark-up ...................................................................25

Tabela 6: Contributo do custo não Industrial ........................................................................26

Tabela 7: Mapa de Quantidades 2 .........................................................................................27

viii
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

Factualmente, em Nampula observa-se que muitas empresas entregam obras de baixa qualidade
e atrasadas. Por outro lado, também, verifica-se que os empreiteiros abandonam as obras
durante o período de execução e até por vezes chegam a interrompê-las. As razões evocadas
para tais acontecimentos, prendem-se com o facto de os empreiteiros apresentarem propostas
financeiras abaixo do valor de execução como forma de obterem preferência na selecção dos
concursos públicos. Tem-se observado muito, que também, estes acontecimentos podem estar
associados aos desvios de montantes desembolsados para cobrir despesas alheias a obra ou para
pagar dívidas de outras obras.
A correcta orçamentação de uma obra é de grande importância para a garantia do lucro dos
empreiteiros e consequentemente a sua sobrevivência no actual contexto económico turbulento
e competitivo. Portanto, observando estas tendências do mercado, é necessário que os
empreiteiros dominem com total segurança e confiança as finanças das obras.
Contudo, é importante saber de que forma deve ser elaborado um orçamento de obra, com vista
a minimizar impactos financeiros negativos aos lucros dos empreiteiros, bem como,
proporcionar o sucesso da obra. Pretende-se com o presente trabalho de fim de curso científico,
evidenciar os elementos que constituem uma orçamentação eficiente bem como os seus
métodos para alcançar o lucro desejado e o sucesso da obra. Para o efeito, serviu de fundamento
e base a leitura bibliográfica.

1.1 – Processos de investigação

O processo de investigação seguido neste trabalho de fim de curso científico, de metodologia


qualitativa com recurso a um estudo de caso para se obter uma maior percepção sobre o assunto,
resultou na seguinte estrutura:
 Identificação do tópico a ser investigado;
 Definição do problema a ser investigado;
 Definição da pergunta a investigar;
 Definição das hipóteses a considerar;
 Determinação de como conduzir a investigação;
 Definição dos objectivos gerais e específicos a atingir com o trabalho;

1
 Recolha das informações bibliográficas e estudo de caso;
 Análise e interpretação dos dados e informações e;
 Conclusões e Recomendações.

1.2 – Problema Investigado

Num ambiente competitivo como o que se vive nesta era de concorrência, as empresas vezes
sem conta confrontam-se com a prática de os concorrentes apresentarem orçamentos abaixo
dos valores reais para obterem vantagens no concurso, visto que a selecção dá preferência ao
menor preço proposto. Nesse sentido o problema investigado foi formulado da seguinte forma:

“Uma orçamentação deficiente de uma obra tem impacto directo no lucro das
empresas empreiteiras?”

1.3 – Pergunta e Hipóteses

Tendo observado que um orçamento poderá resultar em lucro ou prejuízo para a empresa
empreiteira, bem como para o insucesso da obra quando faltam critérios técnicos e
económicos mínimos para a sua elaboração, a principal pergunta investigativa que norteou a
realização do presente trabalho de fim de curso científico, foi formulada da seguinte forma:

“Como orçamentar uma obra para que este garanta o lucro das empresas
empreiteiras?”

Do mesmo modo, as hipóteses, que de acordo com Marconi e Lakatos (2002:26), são
suposições lógicas que se fazem na tentativa de se verificar a validade da resposta para um
problema existente, o insucesso nos prazos e custos da obra foi testada a partir
Das seguintes suposições lógicas:

H(0): “O comprometimento do lucro não é resultado de orçamentos


incorrectamente elaborados.”
H(1): “O comprometimento do lucro é resultado de orçamentos incorrectamente
elaborados.”

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1.4 – Perguntas investigativas de apoio

De acordo com o problema, a pergunta principal e as hipóteses colocadas, foram formuladas


as seguintes perguntas secundárias de apoio para nortear o desenvolvimento do estudo:
a) Como é apurado o custo directo de uma obra?
b) Como é apurado o custo indirecto de uma obra?
c) Quais são os componentes que fazem parte da taxa do Mark-up?
d) Como são apurados os componentes da taxa do Mark-up?
e) Como incidem os componentes da taxa de Mark-up sobre os custos da obra?
f) Quais são os recursos de análise para fechar o orçamento?
g) Qual é o papel dos recursos de análise na fase de elaboração dos orçamentos?

1.5 – Metodologia

Para a concretização deste trabalho de fim de curso científico, conduziu-se uma investigação
de metodologia qualitativa, visto que, se pretende verificar os impactos que os orçamentos de
obras exercem na garantia do lucro e no sucesso das obras. Como método de abordagem usou-
se o Hipotético-dedutivo, que de acordo com Marconi e Lakatos (2009:91), se inicia pela
percepção de uma lacuna nos conhecimentos, acerca da qual se formulam hipóteses e pelo
processo de inferência dedutiva, se testa a predição da ocorrência de fenómenos abrangidos
pela hipótese.

Como técnica de investigação usada neste trabalho de fim de curso científico, tomou-se como
preferência a investigação bibliográfica, de modo a trazer conceitos e teorias relacionados com
os processos de elaboração de orçamentos. Esta investigação foi sustentada por livros e
publicações na internet.

Por outro lado, desenvolveu-se um estudo de caso, de carácter descritivo, visando demonstrar
o enquadramento prático das teorias apuradas na revisão bibliográfica.

1.6 – Constrangimentos da investigação


1.6.1 – Limitações

O facto de não se ter feito um estudo de caso de caracter exploratório, este trabalho apresenta
como limitação, o facto de não se ter obtido por entrevista padronizada a opinião e percepção
dos demais empreiteiros da cidade de Nampula sobre o problema em estudo. Tal facto deveu-
se a dificuldade de obtenção de informações nas empresas que haviam sido selecionadas.

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Alegaram falta de tempo; outras que a informação e as práticas de elaboração dos orçamentos
dizem respeito a empresa não podendo ser compartilhadas com terceiros.

1.6.2 – Delimitações

Frente ao problema identificado e tratado na investigação, a grande fonte de informação será


bibliográfica, que possibilitou o pesquisador descrever, aplicar e analisar os processos óptimos
de elaboração de orçamentos, que conduzam a melhores resultados tanto para a garantia do
lucro dos empreiteiros e sucesso da obra. Daí que todo o resto, está fora do âmbito deste
trabalho de investigação.

1.7 – Estrutura do trabalho

O presente estudo foi desenvolvido em quatro capítulos, nos quais se abordou os seguintes
assuntos:
 Capítulo I – O método de investigação: este capítulo, providencia uma análise da
forma como a investigação foi conduzida.
 Capítulo II – Revisão bibliográfica: é composto de teorias identificadas bem como
das diversas bibliografias que tratam do assunto, para o enriquecimento teórico da
investigação.
 Capítulo III – Estudo de caso: é constituído pela elaboração do um orçamento de uma
actividade de modo a se apurar os aspectos teóricos com a prática real.
 Capítulo IV – Conclusões e recomendações: encerra-se a investigação com as
conclusões e recomendações que se julgaram pertinentes relativas ao assunto em
análise.

1.8 – Objectivos

O presente trabalho de fim de curso científico visa atingir os seguintes objectivos:

1.8.1 – Objectivo geral


 Contribuir para o estabelecimento de uma base teórica para a elaboração dos
orçamentos, que garantam o lucro dos empreiteiros.

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1.8.2 – Objectivos específicos:
 Analisar como se determina o preço de venda de uma obra;
 Aplicar os conhecimentos teóricos a processos práticos propondo soluções para o
problema em estudo.

1.9 – Relevância do tema

A actual forma de elaboração dos orçamentos é pouco confiável, devido à forma simplista e
arbitrária de como os custos são atribuídos aos produtos e serviços. Pois, observa-se que, muitas
das vezes por questões de prazos de concorrências muito próximos, os empreiteiros tendem a
orçar de maneira mecânica, somente preenchendo o mapa de quantidade baseando-se em
preços ditos históricos, ou com base no sentimento, sem se atentar a detalhes dos projectos ou
mesmo na possibilidade de diferentes métodos construtivos, a fim de se obter uma economia.
Portanto, para que os empreiteiros garantam o lucro e sucesso nas obras é de extrema
importância demonstrar como e em que medida os custos de uma obra devem ser tomados em
consideração. Deste modo, este trabalho pode revelar-se importante na medida em que ajudará
os empreiteiros e os leigos a prestar atenção no que diz respeito às técnicas de orçamentação,
minimizando impactos negativos.

5
CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 – Orçamento

Para Avila, Librelotto e Lopes (2008:2), orçar é quantificar materiais, mão-de-obra, ou


equipamentos necessários à realização de uma obra ou serviço bem como os respectivos custos
e o tempo de duração dos mesmos.

“Quanto mais detalhado for um orçamento de uma obra, mais se aproximará ao custo real da
obra.” (Sampaio, 1989) citado por (Santos, Silva e Oliveira, 2012:28)

2.1.1 – Objectivo do Orçamento

No ramo de construção, o orçamento tem por objectivo efectuar um estudo criterioso e


minucioso daquilo que são os preços e os recursos que farão parte da execução obra ou da
actividade de modo a reduzir o grau de incerteza na tomada de decisões, analisando a
viabilidade económica do empreendimento e o retorno do investimento.

2.2 – Elaboração do Orçamento

“Primeiro estudam-se os documentos disponíveis, realiza-se visitas de campo, e fazem-se


consultas ao cliente.” (Mattos 2006:28).

Portanto, para se elaborar um orçamento é necessário que se faça um levantamento, e que se


conheça com profundidade o consumo de cada um dos materiais que serão utilizados na
realização serviços previstos, a mão-de-obra necessária, o tempo de uso dos equipamentos
necessários aos serviços, os custos indirectos, etc. Além disso, o profissional orçamentista deve
também ser conhecedor da realidade do mercado.

2.2.1 – Análise da Documentação Técnica


2.2.1.1 – Leitura e Interpretação do Projecto e Especificações Técnicas

“Todo orçamento baseia-se num projecto, seja ele básico ou executivo. É o projecto que
norteia o orçamentista. A partir dele serão identificados os serviços constantes da obra e as
suas respectivas quantidades, (…).” (Mattos, 2006:27)

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Mattos (2006:27) realça também que, as obras geralmente contêm uma série de plantas
preparadas pelos diversos projectistas. Plantas estas que são componentes de projectos de
diversas especialidades: arquitectura, cálculo estrutural, de instalações de redes, de paisagismo,
de impermeabilizações, etc. Dependendo da complexidade da obra, essas plantas, que em
essência definem o produto final a ser construído, demandam maior ou menor análise.

De acordo com Xavier (2008:16), a interpretação e entendimento do projecto, é o momento em


que o orçamentista estuda com calma e detalhadamente o projecto, identificando os elementos
construtivos que requerem a atenção, identificando detalhes arquitectónicos requererem
fornecedores especiais. O profissional deve identificar também os serviços que vão ser
realizados por profissionais próprios por profissionais terceiros em função da sua complexidade
e especificidade.

Para Avila, Librelotto e Lopes (2003:8), especificações técnicas são documentos que que
definem métodos e técnicas para a execução de serviços de construção, descritos ou não nos
projectos. As especificações técnicas devem, ainda, providenciar a indicação correcta de locais
de aplicação de cada um dos tipos de serviços, indicar as normas para verificação específica de
materiais, elementos, instalações e equipamentos.

2.2.1.2 – Caderno de Encargos

Segundo Avila, Librelotto e Lopes (2003:8), caderno de encargos é o conjunto de informações,


complementares ao projecto, que definem como deve ser procedida a execução. O caderno de
encargos define os métodos de execução, ou seja, como se deve construir. Normalmente é
fornecido pelo contratante, englobando as especificações técnicas e o memorial descritivo, bem
como demais determinações estabelecidas no contrato entre as partes.

2.2.1.3 – Visita Técnica


Uma das formas de se tentar efectuar um orçamento cujo custo se aproxime ao custo real é
realizando-se visitas ao local de obra. De acordo com Mattos (2006:28), é sempre
recomendável proceder-se a uma visita técnica ao local da obra. Visita esta que vai servir de
meio para o esclarecimento de certas dúvidas, avaliar o estado das vias de acesso e verificar a
disponibilidade de materiais, equipamentos e mão-de-obra na região, etc.

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2.2.2 – Estrutura de Custos na Elaboração dos Orçamentos de Obras

De acordo com Faria (2014:5), a estrutura de custos na elaboração dos orçamentos de obras é
a forma de organizar os custos das empresas de construção para que os orçamentos possam
reflectir esses custos com maior rigor.

2.2.2.1 – Custo Industrial (Ci)

“Vale dizer, todos os gastos envolvidos na produção de uma obra são considerados Custos.”
(Tisaka 2009:4).
Ainda para o Tisaka (2009:4), este custo é o resultado da soma de todos os custos unitários dos
serviços necessários para a construção mais os custos de infra-estrutura necessária para a
realização de uma obra.

Portanto, com base nas definições supracitadas, pode-se afirmar também que os custos
industriais são todos os gastos referentes aos trabalhos necessários para a execução de uma
obra ou de um serviço, estejam estes directa ou indirectamente ligados à produção da
edificação.

Este custo Industrial pode ser calculado usando a seguinte fórmula:


(F1)
𝐶𝑖 = 𝐶𝐷 = 𝛴𝐶𝐷𝑈 ′ 𝑠 + 𝐶𝐼
Onde:
𝐶𝑖 – Custo Industrial;
𝐶𝐷 – Custo Directo;
𝛴𝐶𝐷𝑈 ′ 𝑠 – Somatório dos custos directos unitários dos serviços;
𝐶𝐼 – Custo Indirecto ou Custo de Estaleiro

2.2.2.2 – Custos Directos (CD)

De acordo com Mata e Martins (2008:48) os custos directos englobam todas as despesas que
incidem, directa e exclusivamente, na execução de um trabalho e, em regra, compreendem:
 Despesas de mão-de-obra directa: incluem os salários dos operários afectos
directamente à execução de cada trabalho, os encargos sociais previstos na legislação
respectiva, os atribuídos por iniciativa da empresa, e outros encargos relacionados com
a actividade;

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 Despesas com materiais e elementos da construção: compreendem os fornecimentos de
produtos que são integrados em cada trabalho.
 Despesas com ferramentas manuais e mecânicas: são constituídas pelas ferramentas
correntes (pás, picaretas, etc.) e pelos utensílios e ferramentas mecânicas (serras
mecânicas manuais, pistolas de pregar, pistolas de pintar, etc.) utilizadas pela mão-de-
obra directa na execução de cada trabalho.

Por sua vez, Tisaka (2006:39) diz que o custo directo de uma obra é o somatório de todos os
custos aplicados directamente em cada um dos serviços na produção de uma obra ou edificação
qualquer, incluindo-se todas as despesas de infra-estrutura necessárias para a execução da obra.

De um modo geral, custo directo é o somatório de custos relativos à todos dos serviços que
estejam directa e exclusivamente ligados execução de uma obra.

Para Faria (2014:7), o custo directo pode ser obtido usando a seguinte fórmula:
(F2)
𝐶𝐷 = 𝐶𝑀𝑂 +𝐶𝑀𝐴𝑇 +𝐶𝐸𝑄
Onde:
𝐶𝐷 – custo directo
𝐶𝑀𝑂 – custo de mão-de-obra
𝐶𝑀𝐴𝑇 – custo de materiais
𝐶𝐸𝑄 – custo de equipamentos

2.2.2.3 – Composição do Custo Directo Unitário de Serviço (CDU’s)

Para Tisaka (2006:39), o Custo Directo Unitário de Serviço é composto pela quantidade de
material, de horas de equipamento e o número de horas de pessoal gastos, multiplicados
respectivamente pelo custo dos materiais, do aluguer horário dos equipamentos e pelo salário-
hora dos trabalhadores, devidamente acrescidos dos encargos sociais.

“Somente após a elaboração de todas as composições analíticas e do desenvolvimento das


demais etapas necessárias ao efectivo cálculo, pesquisa de mercado, determinação do custo
horário de equipamentos e definição das produções das equipes mecânicas, é que se deve
proceder ao cálculo do custo unitário directo por serviço e total da obra (…) ” (Dias 2011:44).

De acordo com Mata e Martins (2008:52), o Custo Directo de um trabalho resulta da


multiplicação de um custo directo unitário pela quantidade a executar deste trabalho.

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2.2.2.3.1 – Custo de Mão-De-Obra

Para Tisaka (2009:7), o custo de mão-de-obra é representado pelo consumo de horas ou fracção
de horas de trabalhadores qualificados ou não qualificados para a execução de uma determinada
unidade de serviço multiplicados pelo custo horário de cada trabalhador. O custo horário é o
salário/hora do trabalhador mais os encargos sociais e complementares.

De acordo com Chirchicov e Pereira (1980:264), o cálculo do custo de mão-de-obra envolvida


nos trabalhos de construção baseia-se em três factores:
 Salários das diferentes categorias profissionais;
 Encargos sociais e legais sobre o valor dos salários;
 Custo médio de H x h (Homem x hora) dum colectivo de operários.

De acordo com Faria (2014:7), o custo de mão-de-obra pode ser calculado usando a seguinte
fórmula:
(F3)
𝐶𝑀𝑂 = 𝛴𝐶𝑚𝑜𝑖 × 𝑟𝑚𝑜𝑖
Onde:
𝐶𝑀𝑂 – custo de mão-de-obra;
𝐶𝑚𝑜𝑖 – custo unitário de mão-de-obra “i”;
𝛴𝑟𝑚𝑜𝑖 – rendimento da mão-de-obra “i”.

Como obter o “𝐶𝑚𝑜𝑖 ” de acordo com Faria (2014:7):


(F3a)

𝑉𝑚𝑖 × 12
𝐶𝑚𝑜𝑖 = (1 + 𝐸)
40 × 52
Onde:
𝐶𝑚𝑜𝑖 – custo unitário de mão-de-obra “i”;
𝑉𝑚𝑖 – vencimento mensal do tipo de obra “i”;
𝐸 – % de encargos a considerar.

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2.2.2.3.2 – Custo de Materiais

“Para avaliação do custo orçamental dos materiais de determinado trabalho, temos primeiro
que conhecer quais os materiais e suas quantidades, necessários à execução desse trabalho”
(Chirchicov e Pereira 1980:254).

Para Tisaka (2009:7) este custo é representado pelo consumo de materiais a serem utilizados
para a execução de uma determinada unidade de serviço, multiplicados pelo preço unitário de
mercado.

De acordo com Faria (2014:7), para compor este custo deverá atender-se ao seguinte:
 O transporte está incluído?
 Descontos (entram no orçamento?)
 Quebras.

Ainda de acordo com Faria (2014:7), o custo de materiais poderá ser obtido pela seguinte
fórmula:
(F4)
𝐶𝑀𝐴𝑇 = 𝛴𝐶𝑚𝑎𝑡𝑘 × 𝑟𝑚𝑎𝑡𝑘
Onde:
𝐶𝑀𝐴𝑇 – custo de material;
𝐶𝑚𝑎𝑡𝑘 – custo unitário de material “k”;
𝑟𝑚𝑎𝑡𝑘 – rendimento de material “k”

Um aspecto muito importante a tomar em consideração no que tange aos materiais, são as
perdas. No acto da orçamentação, é necessário que o orçamentista tenha em conta as perdas de
material que inevitavelmente acontecem.

Eis alguns factores que causam estas perdas:


 Carga e descarga mal feitas;
 Armazenamento impróprio;
 Manuseio e transporte impróprios;
 Roubos.

Como forma de compensar estas perdas, são acrescidas certas percentagens aos rendimentos
dos materiais, que de acordo com Mattos (2006:59) são as seguintes:

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Materiais Perda Motivo
Aço 15% Variação das dimensões das barras e pontas que sobram.
Azulejo 10% Transporte, manuseio e cortes.
Cimento 5% Preparo de betão e argamassa com betoneira.
Cimento 10% Preparo de betão e argamassa sem betoneira.
Blocos 8% Transporte, manuseio e cortes.
Tabela 1: Percentagens de perda de matérias
Fonte: Mattos (2006:59)

2.2.2.3.3 – Custo de Equipamentos

Segundo Tisaka (2009:7), este custo é representado pelo número de horas ou fracção de horas
necessárias para a execução de uma unidade de serviço, multiplicado pelo custo horário do
equipamento.

De acordo com Faria (2010:7), o custo de equipamentos pode ser obtido pela seguinte fórmula:
(F5)
𝐶𝐸𝑄 = 𝛴𝐶𝑒𝑞𝑗 × 𝑟𝑒𝑞𝑗
Onde:
𝐶𝐸𝑄 – custo de equipamentos;
𝐶𝑒𝑞𝑗 – custo horário de utilização do equipamento “j”;
𝑟𝑒𝑞𝑗 – rendimento do equipamento “j”.

2.2.2.3.4 – Subempreitada

“Fornecedores que intervêm como especialistas na execução de um determinado serviço”


(Ohnuma 2003), citado por (Biesek 2008:23). Para complementar esta definição toma-se como
exemplo os subempreiteiros especializados em pinturas, na execução de alvenarias, de
coberturas, em instalações sanitárias, entre outros.

Já Biesek (2008:24) afirma que subempreitada é o contrato entre a empresa construtora e


demais empresas para a execução de partes perfeitamente definidas, com ou sem fornecimento
de material.

12
Segundo Mendes (2012:16), as empresas optam cada vez mais por reduzir os custos e encargos
com a mão-de-obra própria, recorrendo assim às subempreitadas como forma de execução de
grande parte dos trabalhos associados a um projecto.

2.2.2.3.5 – Rendimentos

“ (…) rendimento de um recurso corresponde à quantidade desse recurso necessária para a


execução de uma unidade de trabalho.” (Mata e Martins 2008:50)
Para cada um dos componentes dos custos directos (mão-de-obra, materiais e equipamentos),
existe um rendimento.

Rendimento de mão-de-obra, ou por outra, produtividade de mão-de-obra, é o tempo gasto por


um indivíduo ou por uma equipe para executar uma unidade de trabalho.

Para Avila, Librelotto e Lopes (2003:19), a produtividade equivale à razão entre a quantidade
de serviço a ser realizado e o número de horas necessário para realizá-lo.

“Existe uma relação directa entre duração e quantidade de recursos. Se uma obra dispõe de
muitos homens para determinada actividade, sua duração é logicamente menor do que se um
número inferior de homens estivesse disponível para aquela tarefa.” (Mattos, 2006:70)

Para Mata e Martins (2008:50), o rendimento de mão-de-obra é expresso pelas seguintes


unidades:

 H/m2; H/m3; H/m; H/h; H/un.

De acordo com Mata e Martins (2008:50), quando se fala em rendimentos de materiais,


subentende-se as quantidades dos materiais que serão necessárias para executar uma unidade
de um determinado trabalho.

Porém, a quantidade de materiais para a execução de uma unidade de trabalho pode ser
determinada a partir dos desenhos com base nalguns conceitos da matemática.

“De uma forma análoga, ao falar em rendimento de um equipamento, estamos a falar do tempo
de trabalho desse equipamento para se realizar uma unidade de um determinado trabalho”
(Mata e Martins 2008:50).

13
2.2.2.4 – Custos Indirectos (CI)

“Os custos indirectos são aqueles que não estão directamente associados aos serviços de
campo em si, mas que são requeridos para que os tais serviços possam ser feitos.” (Mattos
2006:29).

Segundo Tisaka (2009:11), Custos Indirectos são todos os custos envolvidos necessários para
a produção do objecto contratado, mas que não estarão incorporados ao objecto. Podemos
chamar também de custos de infra-estrutura necessária para a produção do objecto contratado,
seja qual for o empreendimento.

Ainda para Tisaka (2009:11), os principais componentes do custo indirecto são:


 Instalação do Estaleiro e Acampamento de Obras;
 Administração Local;
 Mobilização e Desmobilização.

2.2.2.4.1 – Instalação do Estaleiro e Acampamento de Obras

Segundo Moreira (2009:3), estaleiro é o espaço físico onde são implantadas as instalações fixas
de apoio à execução de obras, fixados os equipamentos auxiliares de apoio e instaladas as infra-
estruturas provisórias.

A avaliação concreta dos custos do estaleiro é extremamente importante, e segundo Mata e


Martins (2008:69), a determinação do custo de um estaleiro pode ser feita segundo duas vias:
Medição do estaleiro; Percentagem (%) × Custo Directo da obra.

Embora o método de “Medição de estaleiro” seja o mais correcto e preciso, não será o mais
pratico e rápido, uma vez que o prazo para apresentação das propostas é curto. Portanto, sendo
curto o prazo de apresentação das propostas, torna-se necessário e mais viável a determinação
do custo do estaleiro pelo método de “Percentagem (%) x Custo Directo da Obra”. Esta
percentagem pode variar de região para região, de obra para obra ou de empresa para empresa,

em função da experiência que estas adquirem com a execução de obras anteriores do mesmo
tipo.

14
2.2.2.4.2 – Administração Local

Segundo Tisaka (2009:11), esta Administração compreende: engenheiro responsável; outros


engenheiros de obra; engenharia e planeamento de obra; medicina e segurança do trabalho;
mestre de obra e encarregados; manutenção dos equipamentos; manutenção do estaleiro;
consumos de energia, água e telefone fixo e móvel; gestão da qualidade e produtividade; gestão
de materiais; gestão de recursos humanos; o pessoal do escritório local; seguro de garantia de
execução, etc.

2.2.2.4.3 – Mobilização e Desmobilização

Este custo de mobilização e desmobilização, refere-se ao acto de deslocamento dos recursos


(materiais, equipamentos, pessoal, etc.) desde a sua origem ao local de obra e a posterior
retirada do local de obra.
.

2.2.2.5 – Custos não Industriais da Obra (Cni)

De acordo com Tisaka (2009:4), o custo não industrial é todo o gasto necessário para a
comercialização do produto. Inclui gastos com a Administração Central e Financeira, gastos
com pagamento de tributos, gastos de comercialização (participação em licitações,
remuneração de agentes comerciais, viagens, propostas técnicas, etc.)

2.2.2.5.1 – Taxa e Composição do Mark-Up

Também designada por BDI (Benefício e Despesas Indirectas), esta taxa é, de acordo com
Tisaka (2009:14), o resultado de uma operação matemática para indicar a “margem” que é
cobrada ao cliente incluindo todos os custos indirectos, tributos, etc. e a sua remuneração pela
realização de um determinado empreendimento.
Para Dias (2011:141), esta taxa é um percentual que incide sobre os custos directos da obra,
que se refere às despesas indirectas da mesma. Essa percentagem pode variar de acordo com a
localização da obra, com o tipo de administração adoptado, com os impostos e com a margem
de lucro esperado pelo empreendedor que também o compõem.

15
2.2.2.5.2 – Cálculo das Despesas Indirectas

Segundo Tisaka (2006:49), despesas indirectas são todas as despesas que não fazem parte dos
recursos da obra e sua infra-estrutura no local de execução, mas que são necessárias para a sua
realização. Estas despesas são compostas basicamente pelos seguintes itens: Despesas de
Administração Central, Despesas com Riscos e Imprevistos e Despesas Financeiras.

2.2.2.5.2.1 – Despesas de Administração Central

De acordo com Tisaka (2009:16), as despesas da Administração Central são aquelas incorridas
durante um determinado período com salários de todo o pessoal administrativo e técnico lotado
ou não na sede central, no armazém central, na oficina de manutenção geral, viagens de
funcionários à serviço, veículos, aluguéis, consumos de energia, água, gás, telefone fixo ou
móvel, combustível, refeições, transporte, materiais de escritório e de limpeza, seguros, etc.

Ainda em conformidade com Tisaka (2009:16), a taxa de despesas da Administração Central


pode ser obtida usando a seguinte fórmula:
(F6)
𝑖 = 𝑅𝑎𝑐 + 𝐷𝑒𝑎𝑐
Onde:
𝑖 – Taxa de Administração Central;
𝑅𝑎𝑐 – Rateio da Administração Central;
𝐷𝑒𝑎𝑐 – Despesas Específicas da Administração Central.

2.2.2.5.2.1.1 – Rateio da Administração Central

“O escritório central é, então, apenas um gerador de despesas, sem ser propriamente um


gerador de receitas, pois são as obras que internam o dinheiro na empresa (…) para isso a
construtora precisa embutir no orçamento de suas obras uma provisão de recursos para o
custeio do escritório central.” (Mattos 2006:209).

Tisaka (2009:18), define o rateio como a parcela de despesa da Administração Central, debitada
a determinada obra segundo os critérios estabelecidos pela direcção da empresa.

16
Por outras palavras, para a manutenção da Administração Central e seus gastos, o rateio é feito
entre várias obras da empresa, proporcionalmente ao porte de cada uma, no entanto, cada obra
deve contribuir com um certo percentual.

Segundo Mattos (2006:209), geralmente a taxa de rateio da Administração Central varia entre
2% a 5% do custo da obra.

De acordo com Faria (2010:6), a taxa de rateio pode ser calculada pela seguinte fórmula:
(F7)
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑠𝑒𝑑𝑒
𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑅𝑎𝑡𝑒𝑖𝑜 =
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 𝑜𝑢 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑐𝑜𝑚 𝑜𝑏𝑟𝑎𝑠

2.2.2.5.2.1.2 – Despesas Específicas com a Administração Central (DEAC)

Para Tisaka (2009:19), são despesas claramente definidas para atender determinadas obras
pagas total ou parcialmente pela Administração Central. São despesas a serem pagas pela
Administração Central, porém não entram no rateio, por se tratar serviços específicos voltados
para uma determinada obra, como por exemplo, gerente do contrato, consultores técnicos
especializados: detalhamento de projectos, despesa com viagens, transporte, hotéis, refeições
etc.

De acordo com Tisaka (2009:19), estas despesas podem ser calculadas utilizando a seguinte
fórmula:
(F7.1)
𝐷𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑎𝑠 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑐í𝑓𝑖𝑐𝑎𝑠 𝑑𝑎 𝐴𝑑𝑚𝑖𝑛𝑖𝑠𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝐶𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑙
𝐷𝑒𝑎𝑐 =
𝐶𝐷

2.2.2.5.2.2 – Despesas com Imprevistos e Riscos da Obra (DIR)

“É impossível prevermos todas as casualidades possíveis de se acontecer numa obra, desse


modo sempre se faz um orçamento aproximado. No segmento da construção civil, onde existem
vários factores que podem influir no orçamento da obra como imprevistos, eles são
considerados com uma importância ainda maior. ” Taves (2014:29) citando Mattos (2006).

17
Assim, é fundamental com que orçamentista analise pormenorizadamente o material
disponível, calcule o custo efectivo dos serviços e, sempre que necessário recorrer ao cliente
para esclarecer as dúvidas.

Os imprevistos acarretam atrasos de cronograma, acréscimo de custos directos e indirectos,


além de poderem colocar em risco a sanidade financeira da construção.

Para Mattos (2006:211), pode-se distinguis três tipos de imprevistos: De força maior, De
previsibilidade relativa e os Aleatórios.
 Imprevistos de força maior: os naturais (raios, terramotos, furacões, etc.), os
económicos (congelamento de preços, novos impostos, etc.) e os sociopolíticos
(guerras, greves, etc.);
 Imprevistos de previsibilidade relativa: os naturais (cheias, chuvas de estacão), os
económicos (atraso no pagamento, subida de preços, etc.) e os humanos (osculações da
produtividade, interrupções de trabalho, etc.);
 E os aleatórios que são os mais difíceis de se prever, e até por vezes, impossíveis. Estes
podem ser de magnitude alta, como por exemplo, capotagem de um camião, ou baixa
(roubos de material, colisão com um muro vizinho).

2.2.2.5.2.3 – Despesas Financeiras

Mattos (2006:213) afirma que, na maior parte dos contratos de construção, o construtor realiza
os serviços com os seus próprios recursos, fecha as contas ao final do mês e só depois de alguns
dias e que recebe o pagamento.

Por outras palavras, a empresa que executa a obra gasta do seu bolso com material, mão-de-
obra e equipamentos, e só recebe pelo serviço algum tempo depois.
No entanto, torna-se inevitável a perda monetária, pelo facto de haver uma discrepância entre
o momento do desembolso e o momento do recebimento, daí que essa perda precisa ser
contabilizada no custo indirecto.

De acordo com Tisaka (2009:20), a taxa das despesas financeiras pode ser calculada a partir da
seguinte fórmula:
(F8)
𝑓 = [(1 + 𝑖)n/30× (1 + 𝑗)n/30]−1
Onde:

18
𝑓 – taxa de despesas financeiras;
𝑖 – taxa de inflação média do mês ou a média da inflação mensal dos últimos meses.
Não é inflação futura;
𝑗 – taxa de juros de mercado;
n – número de dias decorridos.

2.2.2.5.2.4 – Lucro

“Toda a actividade empresarial em tese tem o objectivo de dar lucro.” (Taves:2014:31)


citando (Tisaka:2006)

De uma forma resumida, o lucro é a diferença entre as receitas e despesas, ou seja, é o que entra
menos o que sai. Todo o indivíduo que aplica seus recursos em um negócio espera obter um
retorno financeiro. A busca pelo lucro advém da necessidade de sobrevivência e crescimento
da empresa.

De acordo com Mattos (2006:218), nos orçamentos de construção, o lucro arbitrado pode ser
baixo ou alto, a depender das circunstâncias. Pode, também, ser nulo, como acontece nos casos
de uma obra para uso próprio.

Ainda em conformidade com Mattos (2006:218), quando a empresa faz obras para clientes
externos, o lucro sempre integra o orçamento. O momento de sua inclusão é no final do
processo de orçamentação, depois do cômputo dos custos diretos e indiretos.

2.2.2.5.2.5 – Impostos

Segundo Mattos (2006:220), no processo de orçamentação, a inclusão dos impostos vem ao


final, pois, eles incidem no preço de venda da obra. É importante que o orçamentista tenha em
mente que os impostos a serem incluídos como despesas tributárias são aqueles que incidem
sobre o facturamento, ou seja, o preço de venda.

2.2.2.6 – Determinação do Preço de Venda

Segundo Tisaka (2009:6), o preço de venda é o resultado da aplicação de uma margem de


Mark-up sobre o Custo Directo calculado na ficha de custos.

19
Ainda em conformidade com o Tisaka (2009:6), o preço de venda pode ser determinado com
base na seguinte fórmula:
(F9)
𝑀𝑎𝑟𝑘 − 𝑢𝑝%
𝑃𝑉 = 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝐼𝑛𝑑𝑢𝑠𝑡𝑟𝑖𝑎𝑙 × (1 + ) × 𝐼𝑉𝐴
100%

2.3 – Recursos Essenciais de Análise


2.3.1 – Planeamento da Construção

Visto que o orçamento apenas nos dá a conhecer o custo da obra, há uma necessidade de saber,
por exemplo, mais ou menos a quantidade exacta de trabalhadores para efectuarem uma certa
actividade, daí que se torna imprescindível a realização de um planeamento como forma de
facilitar o cumprimento dos prazos estabelecidos pela entidade contratante. Planear uma obra
é uma acção que envolve tomada de algumas decisões, objectivando o cumprimento das
actividades, no prazo estabelecido, com a qualidade desejada, e preços previstos. Quando
planeamos uma actividade, o ideal é que esta seja exercida da melhor forma possível e
sobretudo sem obstáculos.

De acordo com González (2008:40), o ideal é que o processo seja iterativo com o orçamento
ou, ao menos, com o pessoal envolvido na orçamentação, pois muitas informações deste são
necessárias e muitas conclusões podem ser retiradas do planeamento, alterando os orçamentos.
Se o planeamento for executado apenas depois da contratação da obra, não possibilitará
correcções e aprimoramento do orçamento, e eventuais falhas serão traduzidas em prejuízos.
Por exemplo, o prazo de execução pode ser inviável diante das soluções técnicas adoptadas, ou
exigir dispêndios não previstos (grande quantidade de mão-de-obra, equipamentos especiais,
pagamento de taxas para encomenda de materiais fora dos prazos normais dos fornecedores,
etc.). Existem basicamente dois métodos para a programação de obras: PERT-CPM e Gantt.
Para seu emprego, deve-se saber as quantidades totais de cada serviço a ser executado e suas
durações (baseadas principalmente no consumo de mão-de-obra).

2.3.1.1 – Optimização da programação: tempos, equipas e recursos financeiros


Para González (2008:42), após a primeira tentativa, na qual se fixam equipes e determina-se o
tempo necessário para realização das actividades, a programação passa por uma revisão.
Verifica-se se o prazo total atingido é compatível com as necessidades. Revisa-se as durações

20
estipuladas, as folgas consideradas, a sequência determinada entre actividades, a vinculação
entre estas.

Também deve ser analisado o volume de recursos necessários para a execução conforme a
programação prevista.

21
CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO
Este estudo de caso, teve como objectivo a título de exemplo elaborar um orçamento de uma
actividade, de acordo com as teorias apuradas no capítulo II.
Para a obtenção de alguns dados e opiniões referentes a alguns percentuais dos custos não
industriais foi feita uma consulta à um empreiteiro local, que por razões sigilosas não se pode
identificar.

3.1 – Descrição da actividade a orçamentar

Para efeitos do estudo de caso, tomou-se como preferência a determinação do custo de uma
actividade, nomeadamente o custo seco de Fornecimento e Assentamento de alvenaria de
blocos vazados de 20cm, incluindo argamassa de cimento e areia ao traço 1:5 para
assentamento.

3.2 – Apuramento do Custo Industrial


3.2.1 – Custos directos unitários da actividade

As tabelas abaixo representam as fichas necessárias para o apuramento do custo seco de


Fornecimento e Assentamento de alvenaria de blocos vazados de 20cm, incluindo argamassa
de cimento e areia para assentamento ao traço 1:5. No entanto, primeiro precisa-se saber qual
é o custo seco de fabrico da argamassa para assenta-los bem como a quantidade e em seguida
o custo seco de assentamento de 1m².

1 – Ficha de custo seco de fabrico de argamassa de cimento e areia


Produção de argamassa ao traço 1:5, incluindo transporte
Custo Un. FABRICO
Rendimentos Custo Parcial (MZM)
Designação (MZM) (MZM)
Qtd. Un. M.O MAT. EQUIP.
1 – Mão-de-Obra
Serventes
-Processo de amassadura (3un x 0,183h) 0.55 H
-Transporte horizontal até 10m (1un x 0.38 H
0,38h)
Total: 0.93 H 38.57 35.87
2 – Materiais
Cimento Portland 270 Kg 9.50 2,565.00
Areia 1.12 m3 350.00 392.00
Água 140 L 8 1,120.00

22
3 – Equipamentos
Betoneira 0.183 H 300 54.90
Subtotais dos Recursos 35.87 4,077.00 54.90
Total por m3 de argamassa: 4,167.77
Tabela 2: Ficha de custo seco de fabrico de argamassa de cimento e areia

2 – Ficha de custo seco para o Fornecimento e assentamento de alvenaria de blocos de


20cm, incluindo argamassa de cimento e areia ao traço 1:5 para assentamento.
F/A de alvenaria de blocos de 20cm, incluindo argamassa de assentamento ao traço 1:5
Custo Un. FABRICO
Rendimentos Custo Parcial (MZM)
Designação (MZM) (MZM)
Qtd. Un. M.O MAT. EQUIP.
1 – Mão-de-Obra
1Serventes 0.94 h 38.57
1 Pedreiro 0.94 h 38.57
2 – Materiais
Bloco de 20cm 13 un 30.00
Fabrico de argamassa incluindo transporte 0.04 m3 4.167.77
Água 25 l 8.00
Subtotais dos recursos 72.51 756.71 -
Total por m2 de alvenaria: 829.22
Tabela 3: Ficha de custo seco para Fornecimento e Assentamento de alvenaria de blocos de
20cm, incluindo argamassa de assentamento de cimento e areia ao traço 1:5

Como explicado, verifica-se que na Ficha 2, o valor de rendimento de argamassa de


assentamento ao traço 1:5, encontra-se apresentado de forma resumida. O seu custo seco é
correspondente ao calculado na ficha 1.
No entanto, o custo seco de fabrico de alvenaria incluindo argamassa de assentamento ao traço
1:5, é de 829.22MZM/m2. Supondo-se que no mapa de quantidades esta actividade tenha
350m2 de alvenaria por executar tem-se:

Custo seco Custo seco


Art.º Descrição da Actividade Un. Qtd.
Unitário Total
1. Alvenarias
1.1 F/A de alvenaria de blocos vazados de 20cm, m²
350 829.22 290,227.84
incluindo argamassa de assentamento ao traço 1:5
Tabela 4: Mapa de quantidades 1

3.2.1.1 – Mão-de-Obra

Do MOPH (1983:6), busca-se o factor de conversão de salários mensais para salários hora que
é: 0,007018 (este factor inclui o qual já inclui as percentagens de cobertura das férias, feriados
legais, tolerâncias de pontos, sábado à tarde, seguros de acidentes de trabalho e de grupo,

23
doenças e hospitalização, artigos de protecção e o INSS). No entanto, sabe-se que cada ano a
tendência dos feriados e tolerâncias de ponto tem vindo a mudar, porem o factor de conversão
a usar para 2017 aproxima-se a 0,0078933. Factor de provem da consideração de 229dias
efectivos de trabalho (52 domingos e sábados, 2 tolerâncias de pontos, 8 feriados legais e 22
dias de férias), 8 horas efectivas de trabalho e 13,95% de encargos obrigatórios (seguros de
acidentes de trabalho e de grupo 3,9%, doenças e hospitalização 0,15%, artigos de protecção
2,9%, INSS 7%).

No entanto, em Moçambique, o salário mínimo líquido para o sector de construção civil é de


4,886.74MZM e o salário hora deste trabalhador de 38.57MZM.

Atenção que os salários nas empresas varia de acordo com a categoria (Pedreiros, serventes e
guardas) e a classe do trabalhador (classe A, B ou C). Para efeitos deste trabalho, vai se assumir
o mesmo salário para todos.

No que concerne aos rendimentos, que são património de algumas empresas, busca-se das
tabelas publicadas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil que podem ser adquiridas
no MOPH.

3.2.1.2 – Materiais

O preço de materiais foi adquirido de acordo com os preços mais baixos da cidade de Nampula,
com transporte e sem IVA incluído.
No que concerne ao rendimento dos materiais como é o caso do cimento e da areia, para sua
determinação foram aplicados também as tabelas do MOPH. Para os restantes materiais, foi
em conformidade com as quantidades necessárias para executar uma unidade de um
determinado trabalho. Foi também incluído um ligeiro agravamento para perdas, desperdícios,
cortes.

3.2.1.3 – Equipamentos

Na ficha de custos, o rendimento do equipamento é dependente do rendimento da mão-de-obra,


isto é, o tempo que o equipamento trabalha na realização de uma determinada tarefa está em
conformidade com o tempo necessário que o trabalhador precisa para executar a mesma tarefa.

24
3.3 – Estaleiro

Notou-se que em muitos casos, este custo não consta do mapa de quantidades, sendo assim, os
empreiteiros estimam o seu custo como um percentual do total dos Custos Directos Unitários
de serviços. Tais percentagens variam entre 5% à 15%.

Obstante a isso verificou-se que este método expedito produz números aproximados, mas é
sempre aconselhável analisar em detalhe os diversos aspectos que compõem o Estaleiro para
que grandes omissões ou excessos sejam evitados.

Em consulta a alguns empreiteiros, estes afirmam que actualmente há sim novas tendências de
nos cadernos de encargos constarem no mapa de quantidades necessário para compor este
custo.

3.4 – Apuramento do custo não industrial


3.4.1 – Taxa de Mark-up

Em consulta rápida à alguns empreiteiros da cidade de Nampula apurou-se que a taxa de Mark-
up é estimada de acordo com intuição, sem recorrer a um modelo formal. No entanto, em
consulta destes percentuais ao empreiteiro obteve-se o seguinte:

Taxa da Praça Taxa


Descrição Incidência
Mínimo Máximo adoptada
Despesas de Administração Central (DAC) 2.5% 20% 5% C. Industrial
Despesas com imprevistos e riscos (DIR) 1% 5% 5% C. Industrial
Despesas Financeiras (DF) * 0% 2.5% 0% C. Industrial
Lucro Operacional (LO) ** 5% 20% 15% C. Ind; n Ind.
Imposto sobre o Valor Acrescido (IVA) *** - - 17% C. Ind; n Ind.

Tabela 5: Apuramento dos percentuais do Mark-up

* As despesas financeiras, por vezes comprometem às empresas empreiteiras, devido ao facto


de estas tomarem a iniciativa de arrancarem com os trabalhos utilizando capital próprio, o que
por vezes obriga-os a recorrer à certos empréstimos. Por outro lado terão que depender do dono
de obra, pois só depois de este efectuar o reembolso é que a empresa pode pagar a dívida, sendo
assim um processo de risco pois, dependendo do tempo que o dono de obra irá levar para
efectuar o pagamento, os juros do outro lado tendem a aumentar, causando automaticamente
uma alteração no valor que a empresa devera pagar e que por vezes obriga com que esta recorra
aos seus lucros.

25
** O Lucro Líquido (LL) que a empresa pretende auferir neste projecto é de 10,20%, sendo o
Lucro Operacional (LO) o 15,0%. Pois, o imposto que incide sobre o lucro de muitas das
empresa é o IRPC (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas) que, nos termos do
Decreto-lei 34/2007, de 31 de Dezembro, a taxa geral é de 32%. É obtido a partir da seguinte
fórmula:
(F.10)
𝐿𝑂
𝐿𝐿 =
1−𝑖
Onde:
𝐿𝐿 – lucro líquido;
𝐿𝑂 – lucro operacional;
𝑖 – imposto que incide sobre o lucro (32%).

*** Nos termos do Decreto-lei nº 32/2007, de 31 de Dezembro, o I.V.A. é um imposto Estadual


que incide sobre transmissões de bens e serviços efectuadas no território Nacional a título
oneroso. A taxa de I.V.A. corresponde a 17% sobre o produto de venda.

3.5 – Aplicação da taxa de Mark-up

De acordo com os percentuais adoptados tem-se a taxa do Mark-up seguinte:


(F.11)
𝑀𝑎𝑟𝑘 − 𝑢𝑝% = [(1 + 𝐷𝐼𝑅% + 𝐷𝐴𝐶% + 𝐷𝐹%) × (1 + 𝐿𝑂%) − 1] × 100
⇒ 𝑀𝑎𝑟𝑘 − 𝑢𝑝% = [(1 + 0.05 + 0.05 + 0) × (1 + 0.15) − 1) × 100 = 26.5%

No entanto, esta actividade contribuirá com o seguinte para empresa construtora:

Actividade e Custo Contributo


Custo não
Custo Unitário Custo Total %
Industruial Un. Qtd. Valor
(MZM) (MZM) Adoptada
DIR m² 350 829.22 290,227.84 5% 14,511.39
DC m² 350 829.22 290,227.84 5% 14,511.39
LO m² 350 829.22 290,227.84 15% 47,887.59
Tabela 6: Contributo do custo não Industrial.

26
3.6 – Determinação do Preço de Venda

Note-se que para este caso o IVA não faz parte da taxa de Mark-up anteriormente calculada,
como recomendado no Capítulo II, pois, de acordo com o praticado no mercado este é um
encargo que aparece no orçamento contratual de forma isolada, como apresentado no mapa de
quantidades a seguir:

Preço de Preço de
Art.º Descrição da Actividade Un. Qtd.
venda Unitário venda Total
1. Alvenarias
1.1 F/A de alvenaria de blocos vazados de

20cm, incluindo argamassa de 350 1,048.97 367,139.50
assentamento ao traço 1:5
Subtotal (1) 367,139.50
IVA 17% 62,413.72
Preço de venda com IVA 429,553.22
Tabela 7: Mapa de quantidades 2

27
CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

4.1 – CONCLUSÕES

Conclui-se que o orçamento demonstra ser uma ferramenta de extrema importância, pois, este
torna possível o cálculo e a determinação dos custos parciais e totais necessários à execução de
uma obra, feito antes da execução da mesma, servindo assim de base para o empreiteiro poder
planear melhor a obra no que tange ao tempo de execução, e também facilitar com que este
possa projectar os seus lucros.
Conclui-se também que, além de requerer uma série de procedimentos técnicos para sua
correcta elaboração conforme o demostrado nos capítulos II e III, este não pode em caso
algum ser tomado como histórico para orçamentação de outras obras, pois, cada obra tem
o seu detalhe. Verificando que esta pratica é comum entre os empreiteiros, confirma-se a
Hipótese H(1): “O comprometimento do lucro é resultado de orçamentos
incorrectamente elaborados.”

Por fim pensa-se ter completado, com êxito, a associação entre a parte teórica e prática
do tema em que se decidiu debater.

4.2 – RECOMENDAÇÕES

É de extrema importância que o orçamento e o planeamento de obras sejam harmonizados,


pois, há uma relação entre prazos de execução e preços. Há que no entanto, perceber quanto
tempo uma determinada equipa ou trabalhador dura para executar uma tarefa e a que custo para
o empreiteiro.
Uma vez adjudicada a obra, é sempre importante que o empreiteiro proceda à uma nova e
profunda análise ao projecto para verificar os possíveis erros ou omissões de medição dos
trabalhos, senão incorrerá a trabalhos a mais, o que significara mais custos e
consequentemente o comprometimento do lucro.

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CAPÍTULO V – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

XAVIER, I. Orçamento, Planeamento e Custo de Obras. FUPAM, São Paulo: USP, 2008.

GONZÁLEZ, Marco Aurélio S. Noções de Orçamento e Planejamento de Obras. São


Leopoldo: UNISINOS, 2008.

MATTOS, Aldo D. Como Preparar Orçamento de Obras: dicas para orçamentistas, estudos
de caso, exemplos. São Paulo: Editora Pini, 2006.

TISAKA, M. Orçamento na Construção Civil: Consultoria, Projecto e Execução. São Paulo:


Editora Pini, 2006.

TISAKA, M. Metodologia de Cálculo da Taxa do BDI e Custos Directos param a Elaboração


do Orçamento na Construção Civil. São Paulo, 2009

MOREIRA, A. M. Gestão e Segurança de Obras e Estaleiros, 2008/2009.

AVILA, António Victorino, LIBRELOTTO, Liziane Ilha & LOPES, Óscar C. Orçamento de
Obras. UNISUL, Florianópolis, 2003.

TAVES, Guilherme G. Engenharia de Custos Aplicada na Construção Civil. Universidade


Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.

SANTOS, Ana Paula S. dos, SILVA, Nilmara D. da & OLIVEIRA, Vera M. de. Orçamento
na Construção Civil como Instrumento para Participação em Processo Citatório. Lins – São
Paulo, 2012.

DIAS, Paulo Roberto V. Engenharia de Custos: Metodologia de Orçamentação para Obras


Civis. 9ª Edição, 2011.

MATA, K. & MARTINS, João G. Gestão e Coordenação de Obras. 2ª Edição, 2008.

BIESEK, G. Avaliação de desemprenho de subempreitadas na gestão da cadeia de


suprimentos da construção civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2008.

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Ministério das Obras Públicas e Habitação. Normas em vigor sobre o tipo de empreitada poa
percentagem. Compilação da legislação dispersa em vigor sobre os Preços. Maputo, 1983.

MENDES, Décio José T. Construção de Edifícios – Preparação Inicial da Obra – Estudo de


Caso. FEUP, Porto, 2012.

Boletim da República. I Série – nr 52. Lei 34/2007. Código do Imposto Sobre o Rendimento
das Pessoas Colectivas. Aprovada pelo Conselho de Ministros em aos 7/12/2007. Imprensa
Nacional, Maputo – Moçambique 2007.

FARIA, José A. Gestão de Obras e Segurança: Noções elementares sobre Orçamentos de


obras na Construção Civil. FEUP, 2014.

Boletim da República. I Série – nr 52. Lei 32/2007. Código do Imposto Sobre o Valor
Acrescentado (CIVA). Aprovada pelo Conselho de Ministros em aos 7/12/2007. Imprensa
Nacional, Maputo – Moçambique 2007.

MARCONI, M. A. & LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa: planeamento e execução de


pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados.
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Construção. Maputo, 1980.

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