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LIVRO DE RESUMOS

8.º SEMINÁRIO DE MÚSICA, TEORIA CRÍTICA E COMUNICAÇÃO

7 e 8 de junho 2019 | NOVA FCSH

Organização: André Malhado, Ângela Baltazar, Joana Freitas, João Pedro Costa, Marília Moledo, Paula Gomes
Ribeiro e Ricardo Pereira

Comissão Científica: Mário Vieira de Carvalho, Paula Gomes Ribeiro, Paulo Ferreira de Castro

Site do evento: mtcc-gtcc.weebly.com

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8.º Seminário de Música, Teoria Crítica e Comunicação

TEORIA CRÍTICA E COMUNICAÇÃO

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O GTCC promove abordagens interdisciplinares a práticas, processos e comportamentos musicais numa aceção

social, discutindo as tecnologias, discursos, mecanismos de poder que as informam e incorporando esta

inquirição nos quadros do pensamento contemporâneo no âmbito das ciências sociais. O grupo estabelece-se

como um fórum de discussão, procurando estabelecer transversalidades entre áreas disciplinares, académicas,

artísticas e promover a produção de conhecimento fraturante a nível internacional. A integração e apoio

científico a jovens investigadores e o trabalho em equipa são especialmente valorizados. A equipa promove o

intercâmbio regular de informação entre os seus membros, que são convidados a apresentar e discutir o seu

trabalho num encontro anual que decorre entre Abril e Julho.

A produção do grupo não se restringe a um período histórico determinado, a um espaço geográfico, a uma

área temática ou ao uso de um conjunto circunscrito de métodos. As suas atividades definem-se pelo exercício

do pensamento crítico, pelo uso de métodos e estratégicas de investigação avançadas e interdisciplinares no

âmbito das ciências sociais, por uma diversidade de pluralidade de objetos de estudo, pelo cruzamento

informado de abordagens e pontos de vista e pode ser globalmente caracterizado por uma orientação dialógica

e dialética.

Entre outras temáticas e problemas, o grupo desenvolve o estudo de discursos e representações musicais como

mecanismos sociais e de poder bem como problemas fraturantes nos domínios da sociologia, semiótica,

comunicação, iconografia e filosofia da música ou a investigação artística (visam-se, entre outros aspetos,

vetores e expressões da cultura sonora, musical e visual, expressões sonoras e musicais em espaços e

sociabilidades específicas, celebridade e fandom, ópera, intertextualidade e intermedialidade, multimédia,

internet, televisão e cinema, género, novas indústrias criativas, dinâmicas de interatividade, cibercultura e

internet, circulação e comunicação musical…). Os investigadores que constituem o GTCC exploram problemas

epistemológicos que visam também a disciplina musicológica, observando as suas práticas e ideologias,

organização institucional, paradigmas e modos de construção de conhecimento. O estudo dos fenómenos de

produção compositorial e o do relacionamento entre a música e as diversas artes, media e práticas culturais

assume-se como central nas preocupações do grupo, e pode encontrar-se nos diversos estudos realizados ou

em curso nos domínios da literatura, teatro, dança, artes visuais, cinema, vídeo, cyber arts, videojogos, televisão,

internet, ópera entre outros.

Os investigadores da presente equipa incluem-se em redes de cooperação académica internacional e

dinamizam uma diversidade de ações de divulgação do conhecimento, situações observáveis na produtividade

científica e artística do grupo.

Contactos e Informações: email: cesemltcc@gmail.com | https://mtcc-gtcc.weebly.com/

SEMINÁRIO DE MÚSICA, TEORIA CRÍTICA E COMUNICAÇÃO

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Este seminário, organizado pelo Grupo de Teoria Crítica e Comunicação do CESEM, introduz um conjunto de

trabalhos de investigação em curso, promovendo o encontro e discussão entre investigadores, artistas e demais

interessados, sobre uma diversidade de tópicos musicológicos e artísticos, de modo integrado, crítico e

interdisciplinar, no contexto das ciências sociais.

Este ano com um novo modelo, as sessões têm lugar em dois dias, reunindo exposições que se propõem

abordar a composição, interpretação e produção musical, programação e concerto, iconografia, música e novos

media, ópera, construção de códigos e manutenção de um gosto musical.

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PROGRAMA

Sexta dia 7 de junho NOVA FCSH ED I&D sala 0.06

10h15 Abertura

10h30-12h Painel I - André Malhado, Marília Moledo, Joana Freitas

Moderação: Paula Gomes-Ribeiro (NOVA FCSH/CESEM)

André Malhado (NOVA FCSH/CESEM) “I have been born more than once, so I have more than one name”: codificação, linguagem e
representatividade musical em Ghost in the Shell

Marília Moledo (NOVA FCSH/CESEM) “Baby, eu sou a folha em branco dos romances que lês”: exploração discursiva da misoginia e
romance na música dos D.A.M.A.

Joana Freitas (NOVA FCSH/CESEM) “Meme aside, it is still a great song”: a música de videojogos na cultura digital dos memes da internet

12h-14h Pausa para almoço

Moderação: Maria José Artiaga (NOVA FCSH/CESEM)

14h-16h PAINEL II - Bruno Caseirão, Rui Magno Pinto, João Pedro Costa, Luís Miguel Santos

Bruno Caseirão (NOVA FCSH/CESEM) Viana da Motta enquanto destacado intérprete e editor das Sonatas para piano de Beethoven

Rui Magno Pinto (NOVA FCSH/CESEM) “Triunfar sobre o pessimismo, a ironia e a indiferença (...) ou sucumbir aos embates da
adversidade": Júlio Cardona e a Orquestra de Lisboa (1910-1911)

João Pedro Costa (NOVA FCSH/CESEM) Do “mundo elegante” aos “microcosmos da gente portugueza”: A assistência aos concertos no
jardim público de Évora (1887-1910)

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Luís Miguel Santos (NOVA FCSH/CESEM) A programação dos concertos sinfónicos dirigidos por David de Sousa no Teatro Politeama
(1913-1918)

16h-16h30 Coffee Break

Moderação: Paulo Ferreira de Castro (NOVA FCSH/CESEM)

16h30-18h Painel III - Luís Soldado, Jelena Novak, João Pedro Cachopo

Luís Soldado (NOVA FCSH/CESEM) Processos de Criação e Produção

Jelena Novak (NOVA FCSH/CESEM) Beyond Opera: Singing Voice as Exhibition Object

João Pedro Cachopo (NOVA FCSH /CESEM, Universidade de Chicago) Algumas reflexões sobre Aliados (2013) de Rivas e Buch na produção
de Gindt e Béziat

Sábado 8 de junho NOVA FCSH Torre B Auditório 2

Moderação: Mariana Calado (NOVA FCSH/CESEM)

10h-12h Painel IV - Ana Brinca, Ângela Flores Baltazar, Marcelo Franca, Rosa Paula Rocha Pinto

Marcelo Franca (NOVA FCSH/CESEM) “We’re what separates the heart from the heartless”: Os tópicos do activismo e revolução no
Heavy Metal moderno

Ana Brinca (NOVA FCSH/CESEM) Até onde se pode ouvir? Os sons e os silêncios do Holocausto nos testemunhos de 84 sobreviventes

Ângela Flores Baltazar (NOVA FCSH/CESEM) “Apoiar os jovens, divulgar a música erudita e descentralizar os concertos” – O papel
dinamizador da Orquestra Sinfónica Juvenil nos seus primeiros anos de actividade.

Rosa Paula Rocha Pinto (NOVA FCSH/CESEM) Registos fílmicos e imagens em movimento dos Bailados Portugueses - “Verde Gaio” (1940-
1960): visionamento crítico.

12h-12h30 Coffee Break

12h30 Momento Musical


Tânia Valente (soprano) (NOVA FCSH /CESEM, CET-FLUL), Bernardo Marques (piano)
“Rosas Purpurinas”, “Junto ao berço”, “Os meus martírios”, “Queres a flor”, “Eu não gosto” - Gustavo Romanoff Salvini

Moderação: Zuelma Chaves (NOVA FCSH/CESEM)

12h50 Luzia Rocha (NOVA FCSH/CESEM) As Confrarias e a Música no Barroco Português

13h20-14h45 Pausa para o Almoço

Moderação: João Quinteiro (NOVA FCSH/CESEM) e Luís Soldado (NOVA FCSH/CESEM)

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14h45-16h20 Painel VI - Lucas Ferraço Nassif, Ricardo Rocha Pereira, Nicholas McNair

Lucas Ferraço Nassif (NOVA FCSH/CESEM, PUC-Rio) Full of Missing Links

Ricardo Rocha Pereira (NOVA FCSH/CESEM) “When Music Meets Play”- A música ao serviço da dramaturgia contemporânea

Nicholas McNair (NOVA FCSH/CESEM) Comunicação Recital Composing with the Body: improvisation as a critical tool

16h20-16h45 Coffee Break

Moderação: Luís Soldado (NOVA FCSH/CESEM)

16h45-18h Painel VII João Quinteiro e André Correia, Daniel Schvetz

João Quinteiro e André Correia (NOVA FCSH /CESEM, ESMAE) Comunicação Recital Entre a criação e o documental: análise relacional de
elementos na elaboração da obra Hermes, nove da noite, para saxofone tenor com espacialização e vídeo live (saxofone - André Correia)

Daniel Schvetz e Fernando Brites (NOVA FCSH/CESEM, EAMCN) Comunicação Recital O Acordeão, poética da técnica, dimensão
coreográfica ao serviço da expressão na obra Anagnostis (acordeão – Fernando Brites)

18h Momento musical

Ângela Flores Baltazar (NOVA FCSH/CESEM) e Alejandro Reyes Lucero (NOVA FCSH/CESEM), Uma futurista e um pianista entram num
bar, performance a partir de Manucure de Mário de Sá Carneiro

18h15-18h30 Encerramento do seminário, síntese e perspetivas

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Painel I

André Malhado (NOVA FCSH/CESEM)

“I have been born more than once, so I have more than one name”: codificação,
linguagem e representatividade musical em Ghost in the Shell

Resumo

O filme de Hollywood Ghost in the Shell (2017, realizado por Rupert Sanders) é a última das produções
a fazer parte de um franchise iniciado em 1989 no Japão, mas que se instituiu já como um fenómeno
social à escala global, incluindo obras de banda desenhada, romances, cinema de animação, videojogos,
aplicações de realidade virtual, peças de teatro, entre outras. A música deste filme, composta por Clint
Mansel e Lorne Balf – construído, em grande medida, com base em referências transmedia retiradas de
várias das obras do franchise, adere a géneros musicais, escrita composicional e uma instrumentação já
relativamente habitual em todo o franchise.

Nesta comunicação pretende-se discutir como a manutenção da linguagem musical proporciona relações
entre obras artísticas dentro de uma série de produtos culturais, estabelecendo um universo sonoro
coeso, transmediado, e que reativa símbolos audiovisuais preestabelecidas. Por sua vez, esses códigos
musicais permitem ao ouvinte determinar uma música característica de Ghost in the Shell, e tornam-se
modelos para orientar expectativas relativamente à forma “ideal” de representar a música nestes produtos
de narrativa ciberpunk.

Palavras-chave: linguagem musical; fenómeno cultural; transmedia, representação musical; Ghost in the
Shell

Nota biográfica

André Malhado desenvolve investigação nos domínios da sociologia da música; música, media,
comunicação e tecnologias; ciberculturas e ciberpunk; teoria, análise e metodologias das ciências
musicais; particularmente desde finais do século XIX e até à atualidade. Licenciado em Ciências Musicais
pela NOVA FCSH, encontra-se neste momento no final do segundo ano do Mestrado de Ciências
Musicais – especialização em Musicologia Histórica –, com uma Dissertação que discute o panorama
histórico, teórico, conceptual, e a construção discursiva em torno da música representativa dos
audiovisuais ciberpunk produzidos entre 1982 e 2017. Produtor musical e compositor, é membro do
GTCC, SociMus e CysMus, grupos de investigação do CESEM, instituição onde é atualmente bolseiro de
investigação (FCSH/CESEM/UID/EAT/00693/2019). Para além do trabalho de investigação, tem investido
os últimos tempos numa atividade de edição e revisão de publicações científicas especializadas em
musicologia, e colaborado com o jornal NOVA EM FOLHA com artigos de opinião e crítica musical.

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Marília
Joana Freitas
Moledo (NOVA
(NOVAFCSH/CESEM)
FCSH/CESEM)

“Baby,
“Memeeuaside,
sou ait is
folha
still em
a great
branco
song”:
dos aromances que
música de lês”: exploração
videojogos discursiva
na cultura da
digital dos
misoginia e romance
memes na
da música
internet dos D.A.M.A.

Resumo:

Os D.A.M.A. são uma banda portuguesa de pop-rap que ascendeu à fama com o seu primeiro álbum,
Uma questão de princípio em 2014. Apresentam-se como artistas bem-comportados, não
necessariamente virtuosos do ponto de vista técnico, mas artistas com uma mensagem simples, a
actualização juvenil do romantismo. Através de uma exploração discursiva das suas letras e uma análise
audiovisual dos vídeos musicais, o presente paper pretende elaborar de que modo certos tropos
românticos encontram eco no romance actualizado dos D.A.M.A., e como podem estes ser interpretados
como misóginos. Esta utilização generalizada de estereótipos contribui, segundo a cultural effects
theory, para o processo de construção de crenças e valores ao longo do tempo, sendo que a influência
dos média sobre a opinião pública é dependente da situação social e experiência pessoal de um
indivíduo. A canção “Às Vezes”, descreve uma mulher indecisa, que não compreende que o seu
interesse amoroso não quer compromisso, projectando no mesmo uma versão idealizada de romance.
O próprio texto da canção perpetua estereótipos de género e de romance recorrentes: “Tu sabes que
eu não me apego, depois vens com porquês, imaginas essas histórias tipo ‘era uma vez’. Baby, eu sou
a folha em branco dos romances que lês”.

Palavras-chave: vídeo musical; tropos românticos; música comercial; misoginia; cultural effects theory;
crítica social

Nota Biográfica

Marília Moledo frequentou a Companhia da Música, em Braga, onde estudou formação musical, coro e
piano, tendo ingressado posteriormente na licenciatura de Música na Universidade do Minho. Terminou
a licenciatura em Ciências Musicais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova
de Lisboa, sendo colaboradora no CysMus (Grupo de Estudos Avançados em Cyberculturas e Música) a
partir de 2017 e do NEGEM (Núcleo de Estudos em Género e Música) desde 2018, ambos integrados no
CESEM (Centro de Estudos Avançados em Sociologia e Estética Musical). Tem interesses diversificados
que passam pelo teatro, estudos de género, musicais, novos média, literatura e cinema, sendo que é
presentemente colaboradora do festival de cinema “Fest - New Directors New Films Festival”, sediado em
Espinho. Frequenta o mestrado de Ciências Musicais, vertente de Musicologia Histórica, na FCSH, sendo
actualmente bolseira de investigação no CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical).

Resumo

Proposto inicialmente por Richard Dawkins (1976), o termo meme refere-se aos processos de circulação
e transformação de uma ideia, objecto e/ou produto cultural, tornando-se um depósito de símbolos e

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práticas culturais que podem ser transmitidas através de vários formatos. Na era da internet e cultura
participativa (Jenkins 2006) e numa lógica de remediação (Bolter e Grusin 1999), memes são das
principais formas de co-criatividade, produção, difusão e variação de conteúdos pelos utilizadores
principalmente associados aos universos audiovisuais mainstream, recorrendo a paródias, sátiras e
outras componentes humorísticas que se propagam e negociam os seus significados. Entre imagens,
vídeos, fóruns, redes sociais e outros espaços online, um dos objectos de extensa produção
principalmente no Youtube e com escassa atenção na literatura científica é a música. O termo meme
resulta em milhares de vídeos e listas de reprodução que compilam e associam músicas pré-existentes
com memes, músicas concebidas para memes e, principalmente, músicas que são memes. Neste
sentido, os videojogos e as suas dimensões musicais desempenham um papel particular na ideia de
música meme. Ao verificar a música fora do contexto original – a jogabilidade – este universo é uma das
grandes inspirações para a produção de conteúdos meméticos, como subculturas vídeo (Plank 2016) a
covers e ainda playlists estimuladas por músicas de videojogos. Tendo como base os modelos teóricos
de Shifman (2014) e Milner (2017), este trabalho procura examinar o papel dos videojogos na
consolidação do termo meme music, discutindo a sua relevância nesta cultura online enquanto se efectua
uma análise da literacia audiovisual dos agentes que o (re)negociam e transformam, enquanto,
simultaneamente, produzem diferentes significados

Nota biográfica

Joana Freitas é doutoranda em Ciências Musicais Históricas na NOVA FCSH com uma bolsa de
doutoramento FCT (SFRH/BD/139120/2018) e concluiu o mestrado na mesma instituição com a
dissertação “The music is the only thing you don’t have to mod: a composição musical em ficheiros de
modificação para videojogos”. É actualmente membro do Grupo de Teoria Crítica e Comunicação (GTCC)
e respectivas linhas de investigação SociMus, CysMus e NEGEM do Centro de Estudos em Sociologia e
Estética Musical (CESEM). As suas principais áreas de interesse são a ludomusicologia e o estudo da
música em videojogos e audiovisuais, a música e sociabilidades em plataformas digitais e estudos em
música e género.

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Resumo Painel II

Bruno Caseirão (NOVA FCSH/CESEM)

Viana da Motta enquanto destacado intérprete e editor das Sonatas para piano de
Beethoven

Resumo

A presente comunicação pretende abordar a contribuição do grande pianista português José Viana da
Mota enquanto destacado intérprete de Beethoven, e em particular, das suas sonatas para piano solo.
Nomeadamente, através da percepção de como incluiu estas obras ao longo de uma carreira com cerca
de sete décadas; do plano e execução da integral das 32 sonatas no Conservatório Nacional de Lisboa
em 1927 (ano do centenário da morte do compositor); de textos e ensaios que o grande pianista publicou
sobre Beethoven ao longo da sua carreira, como aqueles sobre a execução dos trilos nas obras; e, de
forma destacada, os principais aspectos que encontram na edição em partitura da integral das Sonatas,
a qual, embora terminada, ainda não foi editada.

Rui Magno Pinto (NOVA FCSH/CESEM)

“Triunfar sobre o pessimismo, a ironia e a indiferença (...) ou sucumbir aos embates da


adversidade": Júlio Cardona e a Orquestra de Lisboa (1910-1911)

Resumo

Nos derradeiros meses de 1910 anunciava-se já, em vários periódicos especializados, a constituição de
uma orquestra constituída por músicos portugueses, um ensejo continuamente reafirmado após o
fracasso na prossecução dos concertos sinfónicos organizados pela Associação Música 24 de Junho e o
recente súbito término da Grande Orquestra Portuguesa. Júlio Cardona tomava então a responsabilidade
de fundar na capital portuguesa uma orquestra profissional, a tão pretendida instituição para a basilar
formação dos músicos, amadores e audiências nas mais elevadas produções dos “grandes mestres”,
anos após a sua breve colaboração como director artístico da orquestra (de professores, discípulos e
amadores) da Sociedade de Concertos e Escola de Música, com a qual havia, não obstante, conseguido
organizar, com notável sucesso, dois concertos a grande orquestra no termo das temporadas líricas de
1903 e 1904, e ainda um outro, no Conservatório Nacional, que se realizou poucos dias após aquele
segundo concerto de assinatura. Em anúncio de 19 de Fevereiro de 1911, o redactor do Eco Musical

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assinalava a realização do primeiro concerto, bem como o tremendo feito do violinista, maestro e
compositor português e dos executantes da Orquestra de Lisboa:

Já por várias vezes temos preconizado a necessidade inadiável de se constituir uma


orquestra sinfónica composta de músicos portugueses, e hoje que esse belo sonho se
transformou em realidade não regatearemos os aplausos a que tem jus, essa plêiade de
artistas incansáveis, que transpuseram as vicissitudes duma iniciativa tormentosa, mas
sublime, e tiveram a hombridade necessária para arcar com as dificuldades de tão
grandioso empreendimento.

A presente comunicação visa explanar os contextos da constituição da “republicana” Orquestra de Lisboa


(como a intitulou Carlos de Melo) e os fins a que se propunha a instituição. Atendendo às apreciações
redigidas pelos críticos da imprensa periódica nacional, discutir-se-á ainda a programação dos concertos
realizados pela Orquestra de Lisboa, sob a direcção de Júlio Cardona, naqueles primeiros meses de
1911.

Nota biográfica

Rui Magno Pinto é doutorando em Ciências Musicais Históricas na Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa, bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e
colaborador interno do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM – FCSH – UNL). A
sua dissertação de doutoramento, orientada pelo Professor Doutor Paulo Ferreira de Castro, discute a
“emergência de uma cultura sinfónica em Lisboa entre 1860 e 1911.” Concluiu em 2010 na mesma
instituição de ensino o mestrado em Musicologia Histórica, com a dissertação “Virtuosismo para
instrumentário de sopro em Lisboa (1821-1870)”, e em 2007 a licenciatura em Ciências Musicais. Foi
bolseiro dos seguintes projectos de investigação, financiados pela FCT e orientados pelo CESEM:
“Património Musical – Fundação Jorge Álvares” (Julho a Dezembro de 2011) e “O Teatro de São Carlos:
as artes performativas em Portugal (Outubro de 2007 a Setembro de 2010).

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João Pedro Costa (NOVA FCSH/CESEM)

Do “mundo elegante” aos “microcosmos da gente portugueza”: A assistência aos


concertos no jardim público de Évora (1887-1910)

Resumo

O jardim público eborense foi um dos espaços prediletos para execuções musicais ao ar livre, sendo palco
para interpretações tanto de bandas civis como militares. Porém com o avançar para o século XX, foram
estas últimas que tiveram o seu predomínio, o que contribuiu para um aumento da atividade musical,
havendo praticamente concertos durante todo o ano e duas vezes por semana, às quintas-feiras – apenas
entre o final da primavera e início do outono – e domingos. Relativamente ao público, se nos primeiros
anos os jornalistas apenas referem a classe dominante, após a primeira metade da década de noventa,
surgem também menções a uma classe com menores posses, mas que devido à sua “pretensão”
(Bourdieu 2010, 569) investe fortemente na aparência exterior, indo ao jardim público mais para ver e ser
vista do que para fruir da interpretação (Diário de Évora 1895, 24 fevereiro, 3), tal como já o fazia a classe
dominante (Diário do Alentejo 1888, 22 janeiro, 2). Para além destas, junta-se também a classe operária,
apesar de raramente mencionada. Este local que era característico do “mundo elegante”, passa a
representar os “microcosmos da gente portugueza”, tal como menciona Luís da Costa (A academia 1896,
25 julho, 2). Assim, a presente comunicação tem como objetivo, não só abordar a problemática
supramencionada, mas também discutir as possíveis razões para este acontecimento. A investigação,
que se insere na dissertação de mestrado “Gostos musicais, espaços e redes de sociabilidade – Évora
na transição entre os séculos XIX e XX”, é apoiada na consulta dos periódicos locais publicados entre
1887 e 1910.

Palavras-chave: “distinção”; “pretensão”; jardim público; bandas militares e civis; Évora.

Nota biográfica

João Pedro Costa é mestrando em Ciências Musicais – vertente Musicologia Histórica – na UNL-FCSH e
membro do Núcleo de Estudos em Música na Imprensa – pertencente ao Grupo Teoria Crítica e
Comunicação, do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM). Em 2017 concluiu a
licenciatura em Musicologia pela Universidade de Évora e neste mesmo ano foi bolseiro de investigação.
As suas áreas de interesse centram-se nos gostos e sociabilidades musicais entre os finais do século XIX
e as primeiras décadas do seguinte, com especial foco no jornalismo musical.

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Luís M. Santos (NOVA FCSH/CESEM)

A programação dos concertos sinfónicos dirigidos por David de Sousa no Teatro


Politeama (1913-1918)

Resumo

Nas décadas de 1910 e 1920, Lisboa testemunhou um florescimento sem precedentes do interesse pelos
concertos sinfónicos públicos. No final de 1911, no então Teatro da República, foi estabelecida uma série
de concertos por uma orquestra regida por Pedro Blanch. Entre algumas outras tentativas efémeras,
destacou igualmente a série anual que se desenrolou a partir de 1913 no Teatro Politeama, dirigida
inicialmente por David de Sousa, e após a morte deste por Viana da Mota e Joaquim Fernandes Fão.
Estas séries de concertos parecem ter desempenhado um papel importante na ampliação do repertório
sinfónico conhecido em Portugal, num período em que estava em curso um processo de mudança na
vida musical. A presente comunicação considera a actividade desenvolvida pela orquestra sinfónica do
Teatro Politeama sob a regência de David de Sousa (1913-1918), focando-se na análise da programação
praticada, inserindo-a no âmbito de um discurso mais alargado sobre a música sinfónica e enquadrando-
a num contexto político turbulento que parece ter tido implicações importantes no campo cultural.
Pretende-se identificar as práticas e modelos promovidos, bem como explorar os mecanismos discursivos
envolvidos neste processo, e, finalmente, conhecer alguns dos usos políticos da música sinfónica nos
primeiros anos da República.

Palavras-chave: música sinfónica; vida concertística; programação; discurso; política

Nota biográfica

Luís Miguel Santos é doutorando em Ciências Musicais Históricas na FCSH/NOVA. A sua dissertação,
orientada pelo Prof. Dr. Paulo Ferreira de Castro, debruça-se sobre a música sinfónica em Lisboa no
período 1910-1933. Realizou o Curso de Piano no Conservatório Nacional (2006), e na FCSH/NOVA
obteve a Licenciatura (2007) e o Mestrado (2010) em Ciências Musicais. É investigador do CESEM desde
2007, onde foi Bolseiro de Investigação, integrando actualmente o Grupo de Investigação em Teoria
Crítica e Comunicação. Foi distinguido com o Prémio Joaquim de Vasconcelos 2016 pela SPIM. Colabora
ainda regularmente na redacção de textos musicológicos com a Casa da Música, o Teatro Nacional de S.
Carlos e a Fundação Calouste Gulbenkian.

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Painel III

Luís Soldado (NOVA FCSH/CESEM)

NOIR – Processos de Criação e Produção

Resumo

Partindo do espetáculo multidisciplinar NOIR, produzido pela Inestética Companhia Teatral, com música
de Luís Soldado, estreado em outubro de 2018, serão abordados os processos de criação e produção,
que tornaram a composição musical o elemento agregador das várias disciplinas que incorporaram o
espetáculo (encenação, canto e dança). As dinâmicas de comunicação e criação, entre as várias artes
do espetáculo, geraram um resultado singular no panorama artístico e cultural nacional. O seu
enquadramento estético e artístico, no atual contexto cultural, será igualmente debatido bem como as
características mais relevantes do seu público-alvo.

Palavras-chave: Noir; Composição; Canto; Teatro; Dança.

Nota biográfica

Investigador integrado no Centro de Sociologia e Estética Musical, CESEM, Universidade Nova de Lisboa,
onde se encontra a desenvolver projetos relacionados com o estudo e composição de ópera
contemporânea e suas novas formas de comunicação, como bolseiro de Pós-doutoramento da Fundação
para a Ciência e Tecnologia. A sua música tem sido programada por vários grupos e orquestras, entre os
quais, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, London Contemporary Chamber Orchestra,
Nederlands Blazers Ensemble, Orquestra Clássica do Sul, e Orquestra Gulbenkian. De entre as suas
obras mais recentes, destacam-se a ópera de rua “Serei eu fugindo?” (2013), com libreto de Rui Zink e
as óperas de câmara “O Corvo”, (2015) de Edgar Allan Poe e “Tabacaria” (2017) de Álvaro de Campos,
ambas editadas em CD, pela Inestética, em 2016 e 2018 respetivamente. Entre 2018 e 2019 estreou na
RTP2 um conjunto de sete mini-óperas televisivas, inseridas na terceira temporada do programa Super
Diva – Ópera para Todos.

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Jelena Novak (NOVA FCSH/CESEM)

Beyond Opera: Singing Voice as Exhibition Object

Resumo
There is hardly any other artistic genre where the voice is more essential than in opera. Yet the operatic
singing body was long overlooked, not considered important enough to be taken seriously in the process
of meaning making. Contemporary postdramatic opera engages in a reinvention of the body-voice
relationship, using technology to alter voices or to break the seamless connection between singing body
and voice, thus stretching the borders of the body and the voice and of the opera genre itself. The exhibition
Post-Opera curated by Kris Dittel and Jelena Novak (TENT, V2, Operadagen Rotterdam, April 18-June
30, Rotterdam) takes a similar approach, with a lively combination of new commissions to both visual
artists and composers, installations and live performances, vocalists stretching the possibilities of the
human voice and singing machines. Participating artists are: Mercedes Azpilicueta and John Bingham-
Hall, Adam Basanta, Paul Elliman, franck leibovici, Ho Tzu Nyen, Janneke van der Putten, Urok Shirhan,
Martin Riches and Tom Johnson, Jasna Veličković, Suzanne Walsh, Geo Wyeth, Katarina Zdjelar, and
Jan Adriaans at V2_Lab for the Unstable Media. I will present the concept, the pieces and theoretical
perspectives involved in this exhibition project.

More info at: https://www.tentrotterdam.nl/en/show/next-up-post-opera/

Nota biográfica

Jelena Novak works as a researcher at CESEM (Center for Studies of Sociology and Aesthetics of Music),
FCSH, Universidade NOVA de Lisboa. Her fields of interests are modern and contemporary music, recent
opera, musical theatre, singing and new media, capitalist realism, voice studies and feminine identities in
music. Exploring those fields, she works as a researcher, lecturer, writer, dramaturge, music critic, editor
and curator focused on bringing together critical theory and contemporary art. Novak holds a PhD in the
Humanities (Amsterdam School for Cultural Analysis). She has been a founding committee member of the
Society for Minimalist Music and a founding member of the editorial collective TkH [Walking Theory]. In
2013 she won the Thurnau Award for Music-Theatre Studies from the University of Bayreuth, Germany.
Her most recent books are Postopera: Reinventing the Voice-Body (Routledge, 2015) and Operofilia
(Orion Art, 2018).

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João Pedro Cachopo (NOVA FCSH/CESEM, Universidade de Chicago)

Algumas reflexões sobre Aliados (2013) de Rivas e Buch na produção de Gindt e Béziat

Resumo

A ópera Aliados (2013), composta por Sebastian Rivas sobre libreto de Esteban Buch, toma como ponto
de partida o registo videográfico do encontro entre Thatcher e Pinochet (aquando da sua detenção em
Londres em 1999). Falamos, segundo os seus autores, de uma “ópera do tempo real” em que o cinismo
da política contemporânea é posto em relação tensa com memórias traumáticas de guerra e de ditadura
através de duas estratégias intermediáticas: 1) a visualização e audição de materiais de arquivos (em
particular sobre a Guerra das Malvinas) e 2) a reprodução sonora e a remediação videográfica em tempo
real. Com efeito, na sua primeira produção, apresentada no Théâtre de Gennevilliers em Junho de 2013,
o realizador Philippe Béziat colaborou com o encenador Antoine Gindt na realização de um vídeo que,
além de desempenhar um papel decisivo nesta encenação (dois operadores de câmara movimentam-se
entre os intérpretes e o conteúdo da sua filmagem é projectado em palco), constitui um objecto
videográfico independente. É sobre este último que incidirá esta apresentação, cujo principal objectivo é
esclarecer em que medida o uso do vídeo contribui para dar ênfase às inquietações estéticas e políticas
a que esta ópera pretende conferir o estatuto de um questionamento do presente.

Palavras-chave: ópera; vídeo; remediação; intermedialidade; dramaturgia

Nota biográfica

João Pedro Cachopo é actualmente Marie Skłodowska-Curie Fellow (afiliado à Universidade Nova de
Lisboa e à Universidade de Chicago) e membro integrado do CESEM. Os seus interesses de investigação
atravessam os campos da musicologia, da filosofia e dos estudos comparatistas, incidindo
particularmente sobre a relação entre as artes, questões de intermedialidade, crítica e dramaturgia, e
conceitos de vanguarda, modernismo e pós-modernismo. É autor de Verdade e Enigma: Ensaio sobre o
pensamento estético de Adorno (Vendaval, 2013), que recebeu o prémio do PEN Clube Português na
categoria de Primeira Obra em 2014, bem como de ensaios publicados em revistas como The Opera
Quarterly e New German Critique. Co-editou Pensamento Crítico Contemporâneo (Edições 70,
2014), Estética e Política entre as Artes (Edições 70, 2017) e Rancière and Music (Edinburgh University
Press, 2019). Trabalha de momento sobre uma monografia intitulada The Profanation of Opera: Music
and Drama on Film.

18
Nota biográfica
Resumo Painel IV

Ana Brinca (NOVA FCSH/CESEM)

Até onde se pode ouvir? Os sons e os silêncios do Holocausto nos testemunhos de 84


sobreviventes

Resumo

Esta comunicação apresenta a síntese do que foi a pesquisa de um projeto de pós-doutoramento


intitulado “Música como instrumento de tortura/Música como instrumento de sobrevivência: uma análise
do som e da escuta no KZ-Lager” e financiado pela FCT, entre Março de 2011 e Fevereiro de 2017.
Centrou-se esta pesquisa na análise das descrições e referências às experiências dos sons e silêncios e
da audição/escuta em campos de concentração e morte nazis encontradas num corpus documental
constituído principalmente pelos testemunhos escritos de 84 sobreviventes. O que sobre ela procuro
transmitir aqui, estrutura-se em torno destas 4 alíneas: (a) Classificação do corpus documental e os limites
da orientação metodológica (recolha, análise, interpretação). (b) Análise dos detalhes sonoros e dos
modos, situações e condições de audição/escuta, e correspondentes dinâmicas (re)ativas e de afetação,
na construção e estruturação da escrita e na interpretação das próprias experiências do Holocausto. (c)
Focalização das referências relativas à (noção, praxis e receção de) música (instrumental e/ou vocal) e a
avaliação das suas relações com a exploração da força de trabalho ou com as operações do processo de
extermínio dos deportados. (d) Ecos históricos e recentes do tópico e novas questões e sugestões de
reflexão.

Palavras-chave: Projeto de pós-doutoramento; testemunhos/representações escritas; sons/silêncios;


audição/escuta; Holocausto

Nota biográfica

Ana Brinca é investigadora do CESEM. Foi bolseira de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e
Tecnologia (FCT), em Estudos Artísticos, com um projeto intitulado “Música como instrumento de
tortura/Música como instrumento de sobrevivência: uma análise do som e da escuta no KZ-Lager”, entre
2011 e 2017. Participou, neste âmbito, em vários congressos, conferências e seminários nacionais e
internacionais e escreveu artigos, entre os quais, “Reading Germaine Tillion’s opereta Le Verfügbar aux
enfers as a ‘testimony’ of the women’s differential experience in Ravensbrück” (Irasm, 2017). É doutorada
em Antropologia, especialidade Antropologia Cultural e Social, pela Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

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Ângela Flores Baltazar (NOVA FCSH/CESEM)

“Apoiar os jovens, divulgar a música erudita e descentralizar os concertos” – O papel


dinamizador da Orquestra Sinfónica Juvenil nos seus primeiros anos de actividade

Resumo

A Orquestra Sinfónica Juvenil é uma instituição fundada em 1973 que manteve actividade sem
interrupções até os dias de hoje. Ao longo dos seus anos de existência, esta orquestra tem convivido com
vários períodos marcantes da história de Portugal, sobrevivendo a rupturas significativas. O seu arquivo
encontra-se a cargo do seu director e membro fundador, Vítor Mota, uma testemunha viva de todo o
percurso da orquestra, que muito cuidadosamente tem guardado e organizado documentos relativos à
mesma. Do tratamento de dados que tenho realizado neste arquivo, nasce esta proposta que se foca na
análise dos programas de sala de todos os concertos que a orquestra realizou desde a sua estreia até ao
ano de 1986. Através destes documentos podemos observar a sua actividade e articulá-la com o seu
percurso histórico. A Orquestra Sinfónica Juvenil foi a única orquestra em Portugal que subsistiu depois
da Revolução de Abril de 1974. Tal foi possível devido à persistência dos seus jovens elementos que,
pela sua força de vontade, não destituíram a instituição mesmo quando esta se encontrava sem sede
nem apoio financeiro. Desta forma, esta pesquisa consiste sobretudo em analisar como é que estes factos
históricos se expressam nos programas de sala, assim como alguns objectivos e pretensões da orquestra,
e de que forma é que estes se dinamizam. Esses objectivos estão presentes desde o primeiro concerto
da orquestra, e focam-se sobretudo em ajudar jovens no seu caminho enquanto músico profissional, e
expandir a actividade concertística a outros pontos do país além da capital. A apresentação começa por
tratar o período em que a orquestra foi regida pelo maestro Alberto Nunes, e assiste sobretudo à sua
formação e constância durante o período pós-Estado Novo. Trata de seguida o período que se inicia na
tomada da batuta por Christopher Bochmann em 1984, e como este facto define novas linhas na dinâmica
da orquestra que perspetivam a actividade que esta prática ainda nos dias de hoje.

Palavras-chave: orquestra; juventude; programas de sala; pós 25 de Abril, actividade concertística.

Nota biográfica

Natural de Torres Vedras, concluiu o conservatório na Escola de Música Luís António Maldonado
Rodrigues. Prosseguiu os seus estudos em violino a nível superior na Academia Nacional Superior de
Orquestra, mas o seu elevado interesse por investigação musicológica fê-la mudar de rumo e ingressar
em Ciências Musicais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Actualmente no 3º ano da
licenciatura, está a realizar um estágio curricular no Centro de Estudos em Sociologia e Estética Musical.

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Marcelo Franca (NOVA FCSH/CESEM)

“We’re what separates the heart from the heartless”: Os tópicos do activismo e
revolução no Heavy Metal moderno

Resumo

O heavy metal e hardcore modernos contam com os mais variados tópicos de discussão que cruzam
narrativas antissistema, provindas do movimento Punk dos anos 1970, com a presente rejeição dessas
mesmas por correntes de pensamento polarizadas pela politização e despolitização destes meios
musicais. Constituindo um veículo de aceitação e disseminação de ideologias aliadas a extremos
políticos, são vários os grupos musicais inseridos no metal moderno que nas suas atuações e trabalhos
advogam a intervenção do fã na vida política e social na sua comunidade e no seu país de residência,
levando a cabo uma consciencialização da comunidade metaleira e hardcore para temas polémicos na
sociedade presente.

A constante menção a um Outro, a utilização de excertos de media alusivos ao capital e aos seus agentes
repressivos em videoclipes e os apelos à emancipação do indivíduo, quer seja em performance ou em
música gravada, sugerem uma aplicação da dialética hegeliana, juntamente com a subsequente crítica
ao capitalismo marxista e teoria crítica de Frankfurt. Cruzando conceções de autores inseridos nestas
escolas de pensamento, pretendo constatar que a mensagem e a estética de determinadas bandas de
metal e hardcore ainda subsistem de modo a comprometer aquilo a que Adorno e Horkheimer
denominaram como a indústria cultural e todo o aparato capitalista em seu redor, estabelecendo o meio
do heavy metal e hardcore como especialmente sujeito à efervescência e polarização político-social.

Nota biográfica

Luís Marcelo Bento da Franca é licenciado em Ciências Musicais pela Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Frequentou a escola de música ArtMúsica em Loures, onde
aprendeu a tocar guitarra. Actualmente é membro do SociMus (Grupo de Estudos Avançados em
Sociologia da Música) e CysMus (Grupo de Estudos Avançados em Ciberculturas e Música), integrados
no Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM). É guitarrista na banda de melodic
hardcore Dharma e os seus interesses focam-se no panorama do metal/hardcore, na música para
videojogos e na filosofia e estética musical.

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Rosa Paula Rocha Pinto (NOVA FCSH/CESEM)

Registos fílmicos e imagens em movimento dos Bailados Portugueses - “Verde Gaio”


(1940-1960): visionamento crítico

Resumo

As fontes iconográficas relativas aos Bailados Portugueses Verde Gaio (companhia em que nos focamos
sobretudo no período de 1940 a 1950), incluem registos fílmicos, cartazes, fotografias, maquetas para
cenários, e estudos de figurinos. Pela dificuldade ao seu acesso, as imagens em movimento que nos
permitem observar as apresentações públicas e a estética coreográfico-musical da companhia, têm sido
pouco estudadas e analisadas. Com a excepção da gravação de “Trechos do Bailado Nazaré” por
António Lopes Ribeiro (já em 1962, segundo cremos) que se estende ao longo de cerca de 20 minutos,
o registo de imagens em movimento de actuações dos BPVG é escassa e fragmentária, integrando
sobretudo noticiários diversos, a rubrica “Imagens de Portugal”, e o Jornal Português. Produzidas pela
Sociedade Portuguesa de Actualidades Cinematográficas (SPAC), afecta ao SPN/SNI, e sob direcção
técnica de António Lopes Ribeiro, estas breves notícias visavam, de forma propagandística, passar
informação sobre a política, sociedade, cultura ou desporto, de âmbito nacional, nos minutos que
antecediam as projecções cinematográficas. Nesta apresentação, a partir de registos que se estendem
dos anos 40 aos anos 60, proponho o visionamento comentado e contextualizado de algumas destas
imagens, com o principal intuito de as dar a conhecer e de suscitar observações e debate a partir dos
olhares críticos dos colegas.

Palavras-chave: Dança; Música; Estado Novo; Bailados Portugueses Verde Gaio; Imagens em
Movimento.

Nota biográfica

Licenciada em Ciências Musicais (1998) na FCSH-NOVA, Rosa Paula Rocha Pinto é actualmente
doutoranda em Musicologia Histórica na FCSH-UNL, encontrando-se a preparar uma dissertação em
torno da companhia de Bailados Portugueses “Verde Gaio” (1940-1950).Estagiou no Centro de Estudos
Musicológicos da Biblioteca Nacional de Portugal (1999). Tendo leccionado, no Conservatório Regional
do Baixo Alentejo (1999), na Escola de Música do Conservatório Nacional (2000, 2001, 2016) e na Escola
Profissional Metropolitana (2015) é, desde 2006, docente das disciplinas de Cultura Música e História da
Cultura e das Artes (História da Música) na Escola de Música Nossa Senhora do Cabo (Oeiras) onde
integra também o Conselho Pedagógico enquanto Delegada das Disciplinas Teóricas. Integra o Grupo de
Teoria Crítica e Comunicação, e o NEMI, no Centro de Estudos em Sociologia e Estética Musical
(CESEM)

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Momento Musical

Tânia Valente (NOVA FCSH/CESEM, CET - FLUL)

“Rosas Purpurinas”, “Junto ao berço”, “Os meus martírios”, “Queres a flor”, Eu não gosto”
Gustavo Romanoff Salvini

Resumo

Gustavo Romanoff Salvini (Prauss, Polónia Prussiana, 1825 - Porto, Portugal,1894) chegou a Portugal
em 1859 como tenor para cantar no Real Teatro de São João. A 17 de Outubro de 1859 debutou neste
teatro, na ópera “Beatrice di Tenda” de Bellini. Porém na ópera seguinte - “Os Puritanos” de Bellini – um
incidente levou-o a perder a voz, pondo termo à sua carreira lírica.

Fixando-se na cidade do Porto, Salvini virou-se para uma carreira no ensino de Canto, Piano e Solfejo.
Como professor de Canto, Salvini não entendia por que razão os portugueses não cantavam na sua
Língua. Encantado pela sonoridade da Língua Portuguesa e pelos seus poetas, Salvini resolveu tomar a
iniciativa de pôr em música os grandes poetas do Romantismo Nacional, de Camilo Castelo-Branco a
Garrett, passando por Guerra Junqueiro, Alexandre Braga, João de Deus, entre outros. Começou por
publicar em 1865 uma compilação de 40 canções, a que deu o nome de “Romanceiro Musical. Mais tarde,
em 1884, voltaria a publicar esta compilação, rebatizando-a de Cancioneiro Musical Português, 40
melodias na língua portuguesa com acompanhamento de piano, letras dos principais poetas portugueses.

Mas mais do que empreender um esforço para “conseguir que os portugueses” cantassem “na sua
língua”, Salvini queria fundar o “Kunstlied” português e queria uma reforma para a música em Portugal.
Procurou apoio junto a escritores como Teófilo Braga e Ramalho Ortigão e até junto a D. Fernando II,
mas sem sucesso.

Neste momento musical vamos poder escutar algumas das suas canções, editadas pela primeira vez em
disco em final de 2017.

Notas biográficas

Tânia Valente (soprano): Doutorada em Música e Musicologia, ramo de Interpretação, pela Universidade
de Évora, a cantora Tânia Valente divide a sua actividade artística com as actividades de docente na
Escola de Música do Conservatório Nacional e de investigadora no CESEM e CET-FLUL. Iniciou os seus
estudos musicais no Instituto Gregoriano de Lisboa. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas:
Estudos Ingleses e Alemães (FLUL) e em Canto (ESML). Estudou canto com Helena Afonso, Ana Paula
Russo e Marina Ferreira, Luís Madureira e Elsa Saque, Ana Ester Neves, Lúcia Lemos e Elvira Ferreira.
Frequentou ainda Masterclasses com Jeanette-Fávaro Reuter e Walter Moore, Mara Zampieri, Tom
Krause, Enza Ferrari, Ivonne Minton (Cursos Internacionais de Música do Estoril) Elsa Saque e José de

23
Oliveira Lopes. Como solista em ópera, foi “Fanny” em O Tanoeiro de Thomas Cooper (Teatro da
Trindade), “2ªDama” na Flauta Mágica de Mozart e “Sebastiana”, numa versão portuguesa da sua autoria
da ópera Bastien und Bastienne de Mozart. Para além de se apresentar regularmente em recitais, é
membro do Coro Gulbenkian desde 2005. Com este coro, tem participados em inúmeros concertos de
música coral sinfónica, música para coro A Capella, gravações discográficas, digressões, e em óperas.Os
seus interesses de investigação compreendem a ciência e pedagogia vocal, o teatro musical português
dos séculos XVIII e XIX e as relações entre Música e Literatura. Em 2016 organizou o I Colóquio
Internacional "Voz no Palco". É autora do livro “A Língua Portuguesa no Canto Lírico: contexto histórico
e relações entre técnica e fonética”.

Bernardo Marques (piano): Natural de Lisboa, Bernardo Marques realizou os seus estudos musicais na
Escola de Música Nossa Senhora do Cabo, tendo terminado o Curso de Piano em 2009 com a máxima
classificação, na classe da professora Madalena Reis. Nesta escola, a sua formação passou ainda pelo
canto, pela ópera, música antiga (cravo e baixo contínuo) e música contemporânea. Em 2012, concluiu a
licenciatura em Piano na Escola Superior de Música de Lisboa, onde trabalhou com Jorge
Moyano.Actualmente, prossegue os seus estudos de piano com Artur Pizarro e de música de câmara com
Olga Prats. Conquistou o 1º Prémio do Nível Superior de Piano no 14º Concurso Internacional Cidade do
Fundão e o Prémio de Melhor Pianista Acompanhador no 8º Concurso de Canto Lírico da Fundação
Rotária Rotária Portuguesa. Tem trabalhado frequentemente como pianista acompanhador e
correpetidor, destacando-se participações no Festival Vocalizze, no Festival Coral de Verão, no Curso
Internacional de Música Vocal de Aveiro (Curso de Ópera), bem como colaborações com a Fundação
Gulbenkian (Coro, Orquestra, Concertos Participativos e ENOA). Paralelamente ao piano, estudou
direcção coral e orquestral com os maestros Paulo Lourenço e Henrique Piloto, respectivamente. Tem
trabalhado em masterclasse com diversos maestros, como Dr. Eugene Rogers, Dr. Brett Scott, Jean-
Sébastien Béreau e Ernst Schelle, estudando actualmente com o maestro Jean- Marc Burfin. Em 2013,
começou a especializar-se em ópera com Elena Dumitrescu-Nentwig. Sob a sua orientação, fundou a
companhia Nova Ópera de Lisboa, juntamente com a soprano Alexandra Bernardo. Apresenta-se
regularmente em público a solo, em formações diversas ou como maestro.

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Painel VI

Lucas Ferraço Nassif (NOVA FCSH/CESEM, PUC-Rio)

Full of Missing Links

Luzia Rocha (NOVA FCSH/CESEM)

As Confrarias e a Música no Barroco Português

Resumo

A actividade das Confrarias em Portugal e no Ocidente cristão remonta à Idade Média. Contudo, foi a
partir do Concílio de Trento que a sua actividade foi melhor regulamentada. Pretende-se nesta
comunicação analisar a actividade das confrarias em Portugal a partir do exemplo do período Barroco,
onde a actividade musical assume contornos bastante relevantes. Do mesmo modo pretende-se analisar
a produção de fontes iconográficas com música, como forma de representatividade e poder destas
associações, tendo como exemplo a Real Confraria da Piedade da Merceana.

Palavras-chave: Confrarias; Portugal; Música; Iconografia Musical

Nota biográfica

Luzia Aurora Rocha é Licenciada, Mestre e Doutora em Ciências Musicais pela Universidade NOVA de
Lisboa com especialização em iconografia musical realizada na Leopold Fraenzes Universitaet Innsbruck
(Áustria). É coordenadora do NIM/CESEM.

Resumo

Full of Missing Links tem a obra de Chantal Akerman (1950 - 2015) como o seu ponto central. Entretanto,
a cineasta é colocada em interlocução constante com a poeta Anne Carson (1950) e com o filósofo Ludwig

25
Wittgenstein (1889 - 1951). A proposta desta comunicação é a de relatar o processo de realização de
uma pesquisa doutoral que consistiu em descrever um filme de Akerman em específico – Les Rendez-
vous d'Anna (1978) –, para dessa tentativa se constelar com outros de seus trabalhos e também com os
trabalhos de outros autores. Do ato de descrever Les Rendez-vous d'Anna, ocorreu a realização de um
texto teórico e artístico acerca do próprio ato de descrever enquanto seu operador, seu disparador. Este
é um estudo que se debruça sobre temas da experimentação textual, do possível como categoria estética,
da representação, da experiência, do tempo, da autobiografia e da morte.

Nota biográfica

Lucas Ferraço Nassif é candidato ao doutoramento pela PUC-Rio. É diretor e montador de filmes, dentre
os quais se destacam os longas Being Boring (2015) e Unfamiliar Ceiling/The Beast (2018) e o curta
Reinforced Concrete (2013).

Ricardo Rocha Pereira (NOVA FCSH/CESEM)

When Music Meets Play – A música ao serviço da dramaturgia contemporânea

Resumo

A relação da música com o drama é tão antiga quanto o próprio drama. Estas duas expressões artística
experienciaram individualmente profundas transformações ao longo dos séculos, criando uma história e
um conjunto de sinais próprios, facilmente reconhecíveis e há muito presentes na academia. Parte dessa
história diz respeito à relação do drama com música, sendo ela o objeto principal desta comunicação.
Procurar-se-á perceber a presença e influência da música na construção da dramaturgia contemporânea,
bem como problematizar uma série de questões que justifiquem uma maior atenção da musicologia neste
campo de estudo. Para esse efeito serão analisados dois casos particulares: o espectáculo Display, do
colectivo Teatro da Garagem, bem como Visões e Visões 2.0, da companhia de teatro Cão Danado. A
escolha destas peças deve-se, em primeiro lugar, ao reconhecido valor artístico e forte presença na cena
teatral portuguesa das respectivas companhias, a primeira com residência em Lisboa e a segunda
residente mais a norte, em Famalicão. Em segundo por se tratarem de duas abordagens contrastantes
no que à música diz respeito. Enquanto em Display ouvimos música original, composta em conjunto com
o texto, em Visões partimos de uma obra musical (as visões fugitivas de S. Prokofiev) para escrever um
texto e construir uma nova dramaturgia.

Palavras-chave: Música; Teatro; Dramaturgia Contemporânea; Performance; Século XX.

Nota biográfica

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Nascido em 1995, Ricardo Rocha Pereira têm divido o seu tempo entre o teatro e a música. Estreou-se
como actor em 2007 no papel de Principezinho, numa adaptação de Cristina Lourenço do clássico de
Antoine de Saint-Exupéry. Fez formação enquanto actor com António Durães, William Gavião e Marina
Albuquerque Paralelamente ao teatro Ricardo dedicou-se à música, estudou piano com Rosgard
Lingardsson, Jaime Mota e Cecília Siebrits, com quem concluiu o curso profissional de piano em 2017.
Frequenta desde esse ano a licenciatura em Ciências Musicais na Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova. Recentemente tem composto música para teatro, destacando-se o
espectáculo The Three Marias, Ruído, O Casaco, entre outros.

Nicholas McNair (NOVA FCSH/CESEM)

Composing with the Body: improvisation as a critical tool

Resumo

Improvisation, as a discipline, offers a critical point of view on music-making, which can radically transform
our understanding of the erudite musical tradition. With its help the apparent opposition between
permanent repetition of fixed repertoire, and ever more open contemporary creativity, can be more easily
resolved.

Music, in this study, is understood as being inherent in bodily movement and synchronization. Its essential
values are affirmed, by means of touch, as being prior to more rational factors, proceeding as they do from
what has been called Primordial Consciousness (Robbins, 2018). These two processes in our
consciousness, the primordial and the reflective, are seen as functioning permanently intertwined, as a
form of dual processor. Performance, in this view, takes precedence over writing, as the defining aspect
of music.

Improvisation ex nihilo can be practised in two forms: a) group improvisation as a horizontal intersubjective
practice which can unite all present while respecting their individuality, and b) solo creation as a rigorous
form of composition, whose process may more closely approximate older practices of composition. These
practices may have been misrepresented with the advent of the rationalist pedagogical musical analysis
that came to dominate the musicological imagination.

I suggest how this second form of improvisation could point to a different understanding of the relation
between composer and performer, or teacher and student. In this way also the borders between historically
constructed concepts concerning musical style can be reworked.

The general concept of music regains a greater universality when it is based more directly on practice,
rather than ‘objects’ generated by that practice. I illustrate the relationship between the two with excerpts

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from my Physical Meditations (premiered 9 May 2019 ESML), created through pure improvisation and
transcribed without alteration.

Nota biográfica

Possuidor de uma rara capacidade de improvisação aliada a uma extensa formação cultural, Nicholas
McNair tem trabalhado em todas as áreas da música clássica, como compositor, pianista, organista,
musicólogo e professor. É Professor na Escola Superior de Música de Lisboa desde 1988, tendo sido
director artístico do seu Estúdio de Ópera 2011-2015. Desenvolveu nos anos ’90 em colaboração com o
maestro Sir John Eliot Gardiner e a etiqueta DG-Archiv um trabalho de investigação e edição das
principais óperas de Mozart e Beethoven. Colaborou regularmente como pianista e organista em
concertos e gravações com o Coro e Orquestra Gulbenkian. Desenvolveu a sua própria técnica de
improvisação, com a qual criou a música para mais de 100 filmes mudos na Cinemateca Portuguesa e
noutros locais, incluindo o Festival Internacional de Cannes e o National Gallery of Art, Washington D.C.
Editou também 8 CDs de improvisação, o último sendo música para a peça Hamlet de Shakespeare
(2007). Criou em 2016 a banda sonora para os filmes A Rapariga das Luvas (do realizador João Botelho)
e As Mulheres da Beira (Rino Lupo).

Momento Musical

Ângela Flores Baltazar e Alejandro Reyes Luceno

Resumo

Pela melancolia do luar

Pelo tilintar da chávena cansada

Tudo se eleva e transforma no ar

Vão dois como um – sem suporte

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E tudo dança livre e sem medo em frenesim

Uma leitura futurista ... e tudo!

Notas Biográficas

Alejandro Reyes-Lucero

Natural da Venezuela, começou os seus estudos musicológicos na Universidad Central de Venezuela (UCV).
Encontra-se actualmente a realizar a Licenciatura em Ciências Musicais na NOVA-FCSH, e é colaborador do
Centro de Estudos em Sociologia e Estética Musical (CESEM), onde é membro do grupo Caravelas e do grupo
de Música no Período Moderno. Tem 10 anos de experiência pianística e realizou um diplomado em direção
orquestral na UCV.

Ângela Flores Baltazar

Natural de Torres Vedras, concluiu o conservatório na Escola de Música Luís António Maldonado Rodrigues.
Prosseguiu os seus estudos em violino a nível superior na Academia Nacional Superior de Orquestra, mas o
seu elevado interesse por investigação musicológica fê-la mudar de rumo e ingressar em Ciências Musicais na
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Actualmente no 3º ano da licenciatura, está a realizar um estágio
curricular no Centro de Estudos em Sociologia e Estética

Painel VII

Comunicação Recital

João Quinteiro (NOVA FCSH/CESEM, ESMAE)

Entre a criação e o documental: análise relacional de elementos na elaboração da


obra “Hermes, nove da noite”, para saxofone tenor com espacialização e vídeo live

Resumo

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A presente comunicação-recital tem como objectivo apresentar algumas das relações inter-mediais entre
texto, solista espacializado e vídeo em tempo real, na obra “Hermes, nove da noite”, para saxofone tenor
espacializado e video em tempo real. A comunicação contará com a interpretação de alguns excertos da
obra por parte do saxofonista André Correia, que realizou o seu Mestrado em Performance na ESMAE,
debruçando-se, precisamente sobre esta obra. A componente vídeo encontra-se ainda em realização. A
obra “Hermes, nove da noite” integra o conjunto de dez obras satélite em torno do projecto de ópera
“Regresso”, de cujo libreto se encontra igualmente em construção, tomando como base o conjunto de
textos homónimo de José Mário Silva.

Palavras-chave: ópera contemporânea; vídeo; performance; migração

Notas biográficas

João Quinteiro é investigador integrado no CESEM, onde realiza, em parceria com a Kunstuniversität
Graz e a Fundazione Archivio Luigi Nono, o Doutoramento em Estudos Artísticos - Arte e Mediação, com
o projecto “Nono, Lachenmann, Mark Andre, a performance do corpo como mecanismo arquétipo de
insurreição: genealogia da ópera depois de Darmstadt” o qual integra a criação da ópera “Regresso”, sob
a orientação de Paula Ribeiro, Paulo Assis e Beat Furrer. Concluiu em 2013 o Mestrado em composição
na Universidade de Aveiro e de Filosofia na FCSH-UNL. Estudou composição com João Pedro Oliveira,
Isabel Soveral e Emmanuel Nunes. As suas obras têm sido interpretadas, encomendadas e premiadas
por formações como a Orquestra Gulbenkian, o Lisbon Ensemble 20/21, GMCL, OpuSpiritum Ensemble,
Duo Sigma, mise-en Ensemble. Encontra-se na Direcção da Associação Portuguesa de Compositores.

André dos Santos Correia ingressou na Academia de Música de Santa Maria da Feira onde estudou
Com Paulo Martins. Membro activo da Banda Sinfónica de Santa Maria da Feira, tem colaborado com
orquestras como a Orquestra de Jovens de Santa Maria da Feira, Filarmonia das Beiras, Orquestra
Nacional do Porto (atual Sinfónica do Porto Casa da Música), Orquestra Filarmónica Portuguesa.
Trabalhou em cursos de aperfeiçoamento e masterclasses com professores como Claude Delangle,
Vincent David, Mário Marzi, Arno Bornkamp,Lars Mlekusch, António Felipe Belijar,Andreas van Zoelen,
Gerard McCrystal, Henk van Twillert, Fabrice Moretti, Eloy Gracia, Johan van der Linden, Xelo Giner, José
Massarão, Jay Corre (jazz), Quarteto de Saxofones de Amesterdão. Participou no XIV World Saxophone
Congress, no Eursax17, como no XVIII World Saxophone Congress em Zagreb. Obteve o 1o prémio no
II concurso de Música Terras de LaSalette. Em 2009 foi 3o classificado no 3o Concurso Internacional de
saxofone «Vítor Santos». Teve aulas particulares com o saxofonista António Felipe Belijar. Licenciado e
profissionalizado em Música, na Universidade de Aveiro, na classe do professor Fernando Ramos;
Mestrado em Música – Interpretação Artística- Área de Especialização em Saxofone, na Escola Superior
de Música, Artes e Espectáculo. Professor de saxofone na Academia de Música de Paços Brandão,
Academia de Música de São João da Madeira e Academia de Música de Vale de Cambra. É membro
fundador do TRIO ÍMPAR e do quarteto de saxofone ElDorado.

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Daniel Schvetz e Fernando Brites (FCSH NOVA/ CESEM, EAMCN)

O Acordeão, poética da técnica, dimensão coreográfica ao serviço da expressão na obra


Anagnostis (acordeão – Fernando Brites)

Resumo

ANAGNOSTIS (Acordeão solo) - “Aquele que lê, também leitor”, ambos, alguns dos significados deste
termo Grego, que fora escolhido para título desta obra para Acordeão solo, que reflete em simultâneo o
intérprete, enquanto “leitor”, o instrumento, enquanto veículo de tal leitura. A sua vasta palheta de cores
e recursos assume, na breve introdução, fragmentos das recolhas de aves realizadas por O. Messiaen,
de sorte que sem corresponder nem ao preciso timbre dos pássaros citados (excertos breves de vários
deles) nem à exacta organização rítmica e melódica, estão presentes as suas almas e espírito, plenos de
confessa imprecisão e subjectividade. As múltiplas formas da gestão do respirar de acordeão,
concretamente do fole (bellow), oscilações do inspirar-expirar, geridas por gestos fisicamente opostos,
mas definitivamente complementares, constitui um elemento gestual e expressivo com remarcável
presença ao longo do percurso da obra, complementado pelas participações análogas da voz e inflexões
da respiração do próprio intérprete. O que não está indicado é o objecto de tal leitura, pondo o peso no
acto puro do ler nas suas universais e versáteis dimensões, numa apertura à tentativa de convidar ao
ouvinte a participar de intencionais e provocadoras ambiguidades.

Palavras-chave: Timbre; Dinâmicas; Formações acórdicas; Notação; Repertório

Notas biográficas

Daniel Schvetz: Compositor e Pianista Luso-Argentino, leciona Composição e Análise Musical na


EAMCN, colaborador do CESEM da Universidade Nova. Tem um catálogo de obras para piano, para
diversos agrupamentos de câmara, concertos para solista e orquestra e obras corais, música para teatro,
cinema e bailado. Destacam-se a ópera infantil " Conferência dos Pássaros" (2017) e o Bailado " O
Cavaleiro da Dinamarca" ambas estreados no CCB (2019).

Fernando Jorge Fragoso Brites adquiriu o grau de licenciado na classe de acordeão de Paulo Jorge
Ferreira, Participou em masterclasses por Paulo Jorge Ferreira, Vladimir Blagojevic e Vincent Lhermet.
Atualmente frequenta o Mestrado em Ensino da Música, na Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo
Branco sob a orientação do professor Paulo Jorge Ferreira. Foi premiado com o primeiro prémio da
categoria G com a clarinetista Daniela Aguiar (DuoSlancio) e o 2o prémio da categoria E, ambos na 7a
edição do Concurso de Acordeão Folefestem 2014. Em 2015 foi premiado na 8a Edição do Concurso de
Acordeão Folefest com o Prémio de Melhor Interprete, 1o Prémio na categoria E e 1o Prémio na Categoria
G, juntamente com a violinista Catarina Bastos (Duo Cygnus). Em 2017 foi premiado na 10a Edição do

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Concurso de Acordeão Folefest com o Prémio de Melhor Interprete, 1o Prémio na categoria D e 1o Prémio
de Categoria F (música de câmara) com quinteto de sopros.

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