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DO SERINGAL AO ASFALTO

O território do Acre, hoje anexado ao espaço brasileiro, antes pertencia ao país


vizinho Bolívia, em plena floresta Amazônia. Esta região era e ainda é, rica em ervas
nativas e os bolivianos exploravam essas matérias primas. Com a revolução acreana
que iniciou em julho de 1899 e teve seu término em 06 de agosto de 1903 e com
assinatura do Tratado de Petrópolis pelo então Embaixador do Brasil, Barão do Rio
Branco, foi firmado o compromisso de pagar para a Bolívia 2 milhões de libras esterlinas
e construir a estrada de ferro madeira Mamoré.

Os seringais Valência e Providência, no município de Sena Madureira, eram de


difícil acesso e para chegar a esses espaços precisava-se de meios transportes como
navios e barcos. Esse trajeto passava pelos leitos dos rios Iaco e m=Macauã. Certa vez,
o navio chamado Guruça, que saia de Belém rumo os seringais dessa região, sofreu um
grave acidente ao bater em um tronco de uma árvore nativa, conhecida pela sua
resistência e qualidade, o cumaru-ferro, e ao colidir com tal objeto naufragou com
mais 40 toneladas de mercadoria e 80 pessoas a bordo, mas não houve vítimas fatais.

O seringal Providência está localizado na margem direita do rio Macauã, setor


central, onde moravam Jose Figueiredo e Osmarina. Com o nascimento de dois filhos
dessa união nasceram dois jovens: Raimundo Figueiredo e Aldima Figueiredo. Os irmãos
cresceram seguindo os passos do pai e da mãe e já com 7 e 9 anos de idade, os irmãos
começaram a fazer pequenos percursos dentro da floresta densa, em busca de
alimentos para sobrevivência de toda família. Nessas caçadas no meio da mata tinham
como referência as estradas de seringa cultivadas pelo pai.

Em um desses trajetos na mata ouviram o esturro da onça que chegou a tremer


a terra. O susto foi tão grande que os irmãos correram rumo a casa até a residência e
chegaram em segurança. Durante a corrida abandonamos as armas e facões. Nesses
espaços havia lendas que quem matasse um animal por pura perversidade, sofreria
castigo imposto pelo Caboquinho da mata. Esse personagem mitológico, dava o troco
se vingando com certa crueldade. Outro empalhável vingador que existia segundo os
seringueiros, era o Mapinguari, que assustava todos aqueles que maltratassem um
animal sem necessidade.

Uma história extrema, narrada por um ancião seringueiro, conta que havia um
nordestino que morava com a esposa em uma colocação no setor central do seringal e
trabalhava no corte do seringueiro. Certo dia, esse homem deixando a mulher e filho
em casa, saiu para o corte das seringueiras, quando estava na estrada ouviu o canto de
um pássaro conhecido como: “quanto pior melhor”. O seringueiro apresou a colheita do
láteo, quando ouviu o grito da mulher dizendo: “a onça pegou e levou nosso filho”. O
homem parou tudo e correu para casa. Chegando em casa, viu sangue, encontrou a onça
terminado de devorar a cabeça da criança. Ele de posse de rifle de sua propriedade
disparou 10 tiros no animal e o deixou morto. Depois de tudo isso eles foram para casa,
arrumaram o pouco que tinham e retornaram para o nordeste, para nunca mais voltar
para essa região. Esses contos alimentaram o medo e respeito pela selva amazônica.

Já se acostumando com esse universo da mata, ingressamos em uma nova


tentativa, indo para cidade Sena Madureira. Onde conhecemos o padre Paulino, que
veio da Itália já formado em enfermagem para o Brasil e formou em Teologia na PUC
São Paulo. Seu primeiro trabalho no Acre foi na cidade de Brasiléia, depois Sena
Madureira, trabalhando com desabrigados nos rios Purus, Iaco e Caeté. No município de
Sena Madureira recebeu o título de Doutor Honoris Causas, título esse espedido pela
Universidade Federal do Acre, onde começou atendendo pacientes todo os dias, cerca
de 25 a 30 pacientes por dia. Fez isto até seu falecimento já próximo dos 90 anos.

Eu e Dimar, já no município de Sena Madureira, arrumamos um trabalho em uma


cerâmica. O trabalho girava inicialmente na escavação do solo para retirada do barro.
Certo dia, dentro da cratera que tinha 4 metros de profundidade por 3 de largura, eu e
Dimar tivemos uma discussão a ponto de ir as vias de fatos. Eu como era mais franzino,
levei a pior, não pude sair do buraco, em função da profundidade do local, mas depois
ele me ajudou por piedade. Dimar, já com a idade para ingressar na carreira militar, foi
para o estado de Rondônia, onde serviu ao exército no interior do. Um ano depois nos
encontramos já na capital de Rondônia, Porto velho, pouco depois do seu casamento
com Valdinha.
Depois de anos separados, saímos para conhecer a cidade, ficamos encantados
com a infinidade de prédios e conjuntos habitacionais, admiramos os supermercados
abarrotados de alimentos de primeiras necessidades e outros nem tanto assim. Hoje eu
moro em Rio Branco, sou servidor da Universidade Federal do Acre, Dimar aposentou-
se e mora em Porto Velho, capital de Rondônia. Essa foi nossa breve trajetória do
seringal ao asfalto.

RAIMUNDO FIGUEIREDO
TENICO ADMINISTRATIVO DA UFAC
LOTADO NA PROEX/DACIC
DO SERIGAL AO ASFALTO- 2019

29-04-2019

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