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Educação

Psicomotora
2

Título
EDUCAÇÃO PSICOMOTORA

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APRESENTAÇÃO 3
Prezado aluno:

Este material de estudo é colocado à sua disposição com o propósito de


conduzir ao pleno entendimento do tema de que trata: a educação psicomotora.

Estudiosos do assunto conceituaram-na de diferentes formas:

 Le Boulch dizia que ela deveria ser compreendida numa perspectiva de


educação de base na escola infantil;
 Henri Wallon a ela se referia situando-a como algo que deveria se
estruturar levando em consideração a complexidade do ser humano, o qual
precisaria ser entendido em suas dimensões psíquica, corporal e social.
 Para Esteban Levin, a educação psicomotora surgiu com a intenção de
fazer a Psicomotricidade adentrar o espaço da educação objetivando contribuir
com o processo de aprendizagem.
A primeira preocupação na abordagem do tema relaciona-se com a distinção
a ser feita entre a Psicomotricidade e a educação psicomotora. É
reconhecidamente sutil e praticamente inexistente para a maioria dos
especialistas, tanto assim que em artigos, trabalhos acadêmicos e sites, quase
sempre uma é tomada pela outra. Então, nosso objetivo, ao longo do
desenvolvimento deste material de apoio didático, foi mostrar que uma - a
Psicomotricidade - existe em suas vertentes terapêutica, de reeducação e
educacional, e a outra - a educação psicomotora - é justamente a corrente
educativa originada daquela ciência; na prática, porém, é inevitável que se esteja
olhando uma e focalizando a outra.

A educação psicomotora deve ser estruturada em função das necessidades


da criança em seus variados processos de desenvolvimento, com destaque para
o cognitivo, o afetivo e o motor.

E, como fica claro na exposição de conteúdos, o foco da Psicomotricidade


em seu viés educador é a criança situada na denominada primeira infância, ou
seja, a criança que se acha na idade de frequentar a pré-escola, onde já se disse
que toda educação é psicomotora e onde são lançadas as bases para um
prolongado processo de ensino e aprendizagem, a começar pela alfabetização.

Boa leitura, bom aproveitamento e consistente aprendizado.


“Psicomotricidade significa a associação estreita entre o
desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade.
Heuyer, 1948”

JÚLIO MARTINS
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SUMÁRIO
5

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 6
01. PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................... 9
02. FILOGÊNESE DA MOTRICIDADE ..................................................................................................... 25
03- O CORPO EM MOVIMENTO ............................................................................................................. 37
04- A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL ......................................................................... 48
05- A EDUCAÇÃO PSICOMOTORA COMO ATIVIDADE LÚDICA ........................................................... 58
06- PRÁTICAS PEDAGÓGICAS .............................................................................................................. 74
07- A INFLUÊNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA ALFABETIZAÇÃO ..................................................... 93
08- A PERCEPÇÃO DO PSICOPEDAGOGO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO .... 107
09- CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................................. 125
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 132

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INTRODUÇÃO
6
A melhor forma de compreender a educação psicomotora passa pelas ideias
do médico francês Jean Le Boulch, o qual se manifestou no sentido de que ela
seja “considerada como uma educação de base na educação infantil”. (Le
Boulch, 1982, p. 24). Para ele, “setenta e cinco por cento do desenvolvimento
psicomotor ocorre na fase pré-escolar [...]”.

Em tais circunstâncias, com a consciência de que a criança é movimento,


nenhum outro ambiente é mais favorável para se constatar a importância da
Psicomotricidade, numa escala que vai do movimento ao conhecimento, do que a
escola. Como sempre, os propósitos da ciência e toda a produção teórica em torno
do tema tendem a se perder quando não existe o instrumento, o mediador entre o
conhecimento e o seu destinatário, em condições de propor o uso das melhores
armas desse arsenal, que são: o acompanhamento, a observação, a intervenção
competente, o exercício adequado, o currículo eficiente. E tudo isso numa
atmosfera de confiança, afetividade, profissionalismo. Esse mediador é,
originalmente, o professor. Mas, em casos em que existem dificuldades a serem
contornadas e resolvidas numa perspectiva psicomotora propriamente dita, com a
exigência de um diagnóstico, deve entrar em cena o psicomotricista, com
autoridade para intervir, alterar bases curriculares e mobilizar a família do
educando.

As considerações passadas por meio deste material partem do pressuposto


de que a atuação ideal, em qualquer área, está na razão direta do conhecer
amplamente. Por isso, determinados conceitos e definições foram reafirmados a
cada passo da transmissão de conhecimentos, para que aqueles (conceitos e
definições) fossem confrontados com os novos saberes, os saberes acrescentados
em cada capítulo.

No tópico das considerações iniciais, a Psicomotricidade é apresentada como


ciência, como contributo ao contexto educacional e como prática capaz de inspirar
e definir o desenvolvimento motor da criança.

As habilidades motoras da criança foram, a seguir, relacionadas não apenas à


marcha, mas a todas as possibilidades com que a criança se expressa, se situa e
se comunica com o meio, utilizando-se do movimentar-se (correr, pular, saltar,
etc.). Como afirma Gesell (2003), a criança que se desenvolve “explora, cria,

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brinca, imagina, sente e aprende”. Ainda neste tópico, procurou-se esgotar (ou
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quase) os recursos teóricos destinados ao entendimento da motricidade como ato
contínuo e característica intrínseca ao ser humano, desde primórdios. A propósito
do ser humano, buscamos nas formulações teóricas que desvendam a evolução
da motricidade não somente abranger este ser num contexto de “construção da
espécie” (filogenético), como no de “construção do indivíduo” (ontogenético).
(Fonseca, 1995, 1998).

Prosseguimos com a abordagem do movimento, agora com o concurso do


corpo: focalizamos o corpo em movimento. Coerente com os demais enfoques que
remetem aos estudos da Psicomotricidade e da educação psicomotora
especificamente, também este ponto acabou sendo direcionado para a educação
infantil, base natural do aprendizado de tudo o que se refere ao desenvolvimento
psicomotor. E possui lógica esse foco, à medida que o movimento é a linguagem
da criança.

A existência de um tópico específico para interligar o campo da


Psicomotricidade à educação infantil possibilitou ampliar a base teórica desse
encontro. Sabe-se que todos os estudos e a prática dessa ciência têm como
referencial a criança na etapa pré-escolar.

A avaliação do movimento e sua conexão com o desenvolvimento integral da


criança ganha, na atividade lúdica, um novo e sugestivo componente, por sinal,
facilitador da aprendizagem e da estabilidade afetiva e emocional.

O conceito de prática pedagógica dá suporte às discussões por meio das


quais, em tópico específico, relacionou-se o seu uso com a conquista dos objetivos
educacionais; parecem-nos claro que essa prática não assume relevância nem
eficácia se não envolver, num contexto afetivo e social, professor e alunos.

Na abordagem seguinte, reforça-se a ideia de que a Psicomotricidade dialoga


com o processo ensinar-aprender, o que pode ser perfeitamente comprovado
quando se verifica sua interferência (benéfica) nos domínios da alfabetização.

E, por fim, volta-se à abrangente questão do desenvolvimento infantil - integral


ou isoladamente dos aspectos conformadores do ser, tais como o
desenvolvimento cognitivo, o motor e o afetivo. Examina-se a prática
psicopedagógica no contexto de duas medidas principais: o diagnóstico e a
intervenção para sanar dificuldades.

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Estes, em síntese, os tópicos por intermédio dos quais se articulou a
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construção do conhecimento em torno da Psicomotricidade e educação
psicomotora neste material de estudo.

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PSICOMOTRICIDADE: CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Psicomotricidade, do ponto de Ajuriaguerra1 que, por isso, é


vista etimológico, origina-se do grego considerado o “pai” da
e do latim, mais claramente, dos Psicomotricidade. Ela pode ser
termos ‘psiché’ (alma) e ‘moto’, que se conceituada como ciência da saúde e
refere a movimento constante. Como da educação, pois, “indiferente das
ciência, objetiva estudar o Homem escolas (psicológica, condutista,
através de seu corpo em movimento e evolutista, genética, etc.), ela visa a
levando em consideração a relação representação e a expressão motora,
que o mesmo estabelece com o através da utilização psíquica e
mundo que existe à sua volta e mental do indivíduo”. (COSTE, 1978,
consigo mesmo. Poderíamos dizer, p.33)
em última análise, que se trata de
O autor em questão ainda
uma ciência que se ocupa do
associa, utilizando um enfoque
movimento que o indivíduo
psicomotor, a “psiché” à motricidade;
(notadamente a criança) é capaz de
significa dizer: o intelecto, o emocional
realizar em contato com o seu meio.
e o mental ao movimento. Em
Uma definição clássica propõe para a
praticamente toda dificuldade motora
Psicomotricidade a “integração das
há um fator emocional; por isso, na
funções motrizes e mentais, sob o
literatura correspondente, nomeia-se a
efeito da educação e do
Psicomotricidade como “educação da
desenvolvimento do sistema nervoso”.
integridade do ser” (COSTE, 1978, p.
(http://www.dicio.com.br)
36)
O estudo da Psicomotricidade
surgiu na década de 1950, na França,
graças ao médico psiquiatra Julian de 1
(1911-1993). Psiquiatra francês de origem
espanhola; fundou um centro de atendimento a
distúrbios psicomotores.

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Por outro lado, é considerada 2. O intelecto: inteligência, que, por
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uma ‘ciência encruzilhada’, que vem a sua vez, associa-se ao conceito de
ser aquela que se vale de conceitos e destreza mental. (Idem)
experiências de várias outras. Neste 3. O afeto: afeição, amizade.
caso, Biologia, Psicologia, (Idem)
Psicanálise, Linguística, entre outras.
Sobre o movimento:
(Associação Brasileira de
Psicomotricidade-ABP-
http://www.psicomotricidade.com) A fenomenologia, corrente
filosófica que tem Edmund Husserl
Le Boulch2 (1982) aponta que a
como seu maior expoente, explica que
análise da Psicomotricidade ocorre
o movimento humano pode ser
por meio de correntes distintas:
entendido “como um diálogo entre o
enquanto uma se refere à educação
Homem e o mundo”. Se bem que os
psicomotora, outra indica a terapia e a
adeptos dessa teoria reclamam do
reeducação psicomotoras. Para se
que chamam de padronização dos
compreender Psicomotricidade, é
movimentos. Segundo eles, essa
indispensável conhecer três
padronização impediria o diálogo.
processos incidentes sobre o ser
Afirmam, ainda, que não existe
humano:
possibilidade de que haja
1. O movimento: sinônimo de espontaneidade no movimento dentro
deslocamento, mudança de um corpo da moderna sociedade, muito menos
de um para outro lugar. (MiniAurélio, para a criança, submetida aos rigores
2008) da escola. Elas seriam orientadas por
educadores a executarem apenas
movimentos pré-determinados; a
escola, na avaliação dos
2
Jean Le Boulch (1924-2001). Professor de fenomenologistas, teria o péssimo
educação física, médico e fundador da
Psicocinética. hábito de focar, exageradamente, na

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eficácia dos movimentos e em sua diálogo com o mundo, como
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utilidade para determinados fins, vimos, essa “procura autônoma”
deixando de lado o componente pelos movimentos acaba sendo
prazeroso do ato de movimentar-se: importante para o ensino;
assim seria, por exemplo, nas regras 2. A segunda refere-se à
ditadas pelos jogos e recreação “totalidade”: aos alunos devem ser
propostos pela escola, nas aulas de propostos exercícios que eles
Educação Física, na postura proposta possam fazer sem que o consigam
pelo professor, e até mesmo na apenas em parte;
elegância de movimentos exigida pela
3. A terceira providência seria
sociedade. E note: há aí uma
orientar os movimentos utilizando-
padronização com sanções, sendo
se, para tanto, de metáforas;
que estas são aplicadas caso não seja
obedecido o modelo recomendado. 4. Finalmente, para expor a

Como se todos os corpos, todas as quarta providência, Freire (1991)

vontades, todas as pessoas, fossem vale-se dos ensinamentos de

iguais. Hildebrandt (2001), que aqui


transcrevemos na íntegra:
Freire (1981) relaciona quatro
Configurar situações diferentes,
providências, por parte da escola, que
que são direcionadas para
poderiam atenuar essa incômoda
percepções diferentes. A teoria da
realidade:
Gestalt chama esse princípio de
1. A primeira refere-se, ‘diferenciação de centralização de
justamente, àquele componente de atenção’ ou ‘centralização de
autonomia de escolha e não, no percepção’. Muito importante aqui é
máximo, como acontece hoje, uma que cada centralização deve
escolha dirigida; afirma o autor acontecer em relação à coisa, e nunca
que, se a criança (o aluno), através ao corpo. O direcionamento da
dos movimentos, estabelece um atenção para os parâmetros da

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execução corporal de movimento 5. Razão - em se tratando de um
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prejudica a evidência da percepção e, componente que se associa à lógica,
com isso, o processo de é considerado fundamental, por
aprendizagem motora. Esses exemplo, para cálculos, numa visão
princípios devem ser considerados bem simplista.
pelos professores [...] pois sempre
Sobre o afeto:
vemos homens movimentando-se, e
nunca formas de movimento.
Numa visão puramente filosófica,
(HILDEBRANDT, 2001, p.109)
o afeto é um estado da alma, um
Sobre o intelecto: sentimento. Segundo Jardim,
analisando o afeto no contexto da
Cinco são as atividades do Psicomotricidade Relacional, esse
intelecto, segundo a interpretação sentimento, ao lado do movimento,
filosófica: constitui elemento fundamental para a
formação do educando, mas também
1. Juízo - referem-se a escolhas,
para a “mudança de conduta, de
avaliações e decisões;
atitudes e de interesse nas aulas”.
2. Imaginação - refere-se aqui à
(JARDIM, Marcelo Bittencourt. O afeto
criação mental de imagens, mas
como instrumento primordial na
também de situações;
atuação do educador físico com
3. Memória - marca a capacidade
crianças e jovens de comunidades
de lembrar-se de acontecimentos
carentes. s/d. Disponível em
passados ou, por exemplo, daquilo
htpp://www.psicomotricidade.com.br.
que aprendemos em época anterior;
Acesso em: mar. 2017)
4. Percepção - refere-se ao exame
das sensações; é de grande valia na De acordo com estudos
educação psicomotora, como veremos promovidos por Helen Bee3 (1996), o
adiante;
3
(1939 ___). Psicóloga estadunidense,
especializada em desenvolvimento humano.

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movimento se consolida mediante a Da incursão da Psicomotricidade
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interferência de músculos, nervos e, no mundo da educação - resultando a
também, emoção. O intelecto, por sua educação psicomotora - tem-se uma
vez, comumente atribuído a um espécie de garantia de que a
processo - processo intelectual - não correlação entre esses três elementos
se desenvolve se não houver contínua acima expostos será feita,
aquisição de conhecimentos. Por fim, caminhando-se, desta forma, para o
conceitua a autora que o ser, a partir desenvolvimento infantil. É somente
do momento em que começa a desta maneira que ele surge, e quanto
relacionar-se com o meio, utiliza os maior e mais eficiente a intervenção
movimentos para expressar suas da Psicomotricidade, melhor para o
emoções; e, em face dessas, adquire educando. Porém, não é este o único
conhecimentos (desenvolvimento benefício: uma das razões dessa
cognitivo), num processo de ciência ter se imposto na educação
aprendizagem que leva outras formas infantil prende-se ao fato de antecipar-
de desenvolvimento em conta, se na identificação de problemas
inclusive o afetivo. E, com isso, relativos, por exemplo, à
desenvolve sua inteligência. Portanto, coordenação, ou a dificuldades de
é através da aprendizagem que a aprendizagem e, ainda, à
criança se desenvolve concentração. (BEE, 1996, p.11)
intelectualmente.
Todavia, não se deve ignorar o
Ora, o encadeamento desses três papel desempenhado pela Educação
elementos - corpo, afetividade e Física no contexto de preparação,
conhecimento - irá produzir o acompanhamento, ou ainda, correção
desenvolvimento infantil. Estudá-lo, de situações anômalas. Ela ocupa-se,
avaliá-lo e acompanhá-lo é basicamente, do desenvolvimento
incumbência da Psicomotricidade. corporal, e não devemos desconhecer
sua relevância para o

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desenvolvimento físico da criança - ou, mais especificamente,
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do
ser em formação - tanto quanto para o desenvolvimento motor - e relacionam
desenvolvimento psicomotor. o seu desenvolvimento a outras
formas, como o cognitivo (relativo ao
Outra forma de conceituar a
conhecimento) e o afetivo ou
Psicomotricidade é quando se leva em
emocional (afetos e emoções).
conta que ela se propõe a estudar as
relações entre psiquismo - conjunto Permitimo-nos reproduzir, nesta
dos processos mentais - e motricidade oportunidade, o texto que, em certo
- capacidade de se movimentar. momento, orientou nossa pesquisa,
(Psicomotricidade: uma visão pessoal. dada a sua abrangência e clareza:
In: Construção Psicopedagógica -
A Psicomotricidade envolve toda
Instituto Sedes Sapientiae - v. 18, n.
ação realizada pelo indivíduo; é a
17, São Paulo: dez, 2010)
integração entre o psiquismo e a
Com essa compreensão acerca motricidade buscando um
da Psicomotricidade, Fonseca afirma desenvolvimento global, focando os
que essa ciência se propõe a estudar aspectos afetivos, motores e
as relações entre aquilo que se cognitivos, levando o indivíduo à
relaciona às “sensações, emoções, tomada de consciência do seu corpo
afetos, medos, símbolos, ideias e por meio do movimento. (ARAUJO,
construções mentais”, e o movimento. Andreza S. G. & DA SILVA, Eduardo
(FONSECA, 1996, p.28) R. As contribuições da
Psicomotricidade na Educação
Mais importante do que escolher
Infantil. In: www.educacaopublica.rj.
a definição mais adequada para a
ciência em apreço, porém, é ter em Quando se examina a questão do

mente que todos os conceitos desenvolvimento motor na criança (e


passam, inevitavelmente, sejam quais aqui estamos nos referindo à criança
forem os autores, estudiosos e linhas desde a mais tenra idade, ou seja, a

de atuação, pela trilha do movimento - criança de zero a três anos de idade

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já deve começar a ser acompanhada), predomínio do uso de um lado do
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conclui-se que tal desenvolvimento corpo em relação ao outro; é o que
está intimamente relacionado a acontece, por exemplo, com os
fatores essenciais de sua formação. canhotos) e limites.
Jean-Claude Coste (1978), por
A orientação de que o
exemplo, entende que as questões de
desenvolvimento motor deve ser
motricidade devem ser encaradas,
estudado numa visão do homem
[...] numa perspectiva global, isto como um todo - e não como uma
é, indissociáveis das funções afetivas, máquina com capacidade para se
relacionais e cognitivas. (COSTE, movimentar - está claramente
1978, p. 23) expressa na citação clássica de

Significa dizer que o ser humano, Coste: “o homem é seu corpo, e não o

quando começa a se articular com o homem e seu corpo”. (COSTE, 1978,

mundo que o cerca, ou seja, ainda na p.26)

primeira infância4, precisa ser visto e A propósito, uma informação de


entendido como um todo. E é considerável importância refere-se
justamente nessa fase que é possível aos elementos básicos, ou ainda,
constatar a normalidade ou fatores essenciais da
problematização da criança em Psicomotricidade. Quais são e como
relação, por exemplo, a noções de podem ser explicados? Falemos,
espaço e tempo, equilíbrio, rapidamente sobre eles, esclarecendo
lateralidade (cujo conceito iremos que, mais adiante, serão devidamente
expandir mais adiante, mas que, em esmiuçados.
linhas gerais, corresponde ao
1. O esquema corporal

4
Primeira infância, também chamada por alguns 2. A lateralidade
autores de pequena infância, refere-se, em geral,
aos cinco primeiros anos de vida, onde 3. A orientação espaço-temporal
costumam ocorrer variados processos de
desenvolvimento; do ponto de vista legal,
abrange os seis primeiros anos completos.

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O esquema corporal tem como capacidade de situar-se em relação a
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definição clássica aquela apropriada pessoas e objetos. Essa definição
dos estudos de Henri Wallon5: será também complementada nas
linhas seguintes.
É a consciência do corpo como
meio de comunicação consigo mesmo Entretanto, se esses três
e com o meio. (WALLON, Henri. A elementos podem ser considerados
evolução psicológica da criança. os principais, é importante deixar
Lisboa: Edições 70, 1968, p.11) registrado que não são os únicos.

De sua parte, Le Camus (1986) O professor e consultor

realizou uma série de estudos em psicoeducacional Vítor Fonseca, em

torno do esquema corporal (visando artigo para a publicação Construção

tornar possível a reeducação Psicopedagógica (2010), aponta como

psicomotora), definindo-o como ritmo, objetivo nuclear da Psicomotricidade

tempo e espaço da criança. colocar o corpo e a motricidade no


centro do comportamento e da
A lateralidade teve o seu
evolução humanas. Na prática, ele
conceito exposto nas linhas
está se referindo a um adequado
precedentes, e parece-nos a definição
desenvolvimento motor. Este, por seu
mais direta. Não obstante, será
turno, segundo o mesmo autor, é
retomado nas linhas seguintes
obtido na constância dos seguintes
Já a orientação espaço- sete componentes, que são, em
temporal não envolve qualquer versão completa, os sete fatores
dificuldade em seu entendimento: é a psicomotores:

5
Henri Paul Hyacinthe Wallon (1879-1962). Filósofo, 1. Tonicidade
médico, psicólogo e político francês. Distinguiu-se, ao
longo de sua vida acadêmica, pelos trabalhos
empreendidos no campo da Psicologia do Também referido como tônus
Desenvolvimento, com foco no universo infantil.
Apresentou notável contribuição na área da muscular pode ser compreendido
Psicologia da Criança e manteve-se, por toda a
carreira, ligado à educação. Para ele, o como uma leve tensão dos músculos
desenvolvimento infantil ocorre por estágios,
oscilando entre a afetividade e a inteligência. quando em repouso. É considerado o

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“fator fundamental” da se dá em três níveis: mão, olho e pé.
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Psicomotricidade, ou seu “fator base”. Essa propensão ao uso de um dos
De acordo com Oliveira (2007, p. 27), lados manifesta-se naturalmente, à
o tônus muscular é o alicerce das medida que a criança vai se
atividades práticas. Associa-se aos desenvolvendo (OLIVEIRA, 2007).
aspectos de alerta e vigilância do
4. Noção corporal
corpo. Sua presença é observada nas
Compõe-se de imagem e
principais funções motrizes - o
esquema corporal; com a noção
equilíbrio, a coordenação, o próprio
corporal já definida, a criança é capaz
movimentar-se.
de identificar o seu corpo como “o
2. Equilíbrio lugar de sensações, de expressão e
A importância do equilíbrio de criação” (Fonseca, 1995). Por outro
postural prende-se ao fato de que, lado, é facultado à criança, quando se
sem ele estar presente, determinadas apropria dessa noção, perceber o
situações não poderiam ocorrer: o próprio corpo, do qual também terá
permanecer de pé, o andar, o correr, o consciência, e desenvolver uma outra
pular, e assim por diante. A propósito, importante noção: a do Eu (Disponível
a definição mais simples para em http://www.pepsic.bvsalud.org
equilíbrio é: capacidade de manter Acesso em: mar.2017).
uma posição.
5. Estruturação espaço-
3. Lateralidade temporal

É extremamente simples a A psicóloga Helen Bee, em seus


explicação do que vem a ser a estudos sobre o desenvolvimento
lateralidade: “propensão que o ser infantil, traça um perfil do que ela
humano possui de utilizar, denomina “mundo espacial da
preferencialmente, mais um lado do criança”, em que estão
corpo do que o outro”. Também é obrigatoriamente presentes a
conhecida como dominância lateral e consciência corporal, a consciência

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espacial e a consciência direcional. E, ser definida como função que permite
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no que se refere ao seu universo a realização de gestos coordenados):
temporal, relaciona: sincronia, ritmo e
 Global - ação de movimentos
sequência (BEE, 1996).
sem ter consciência dos mesmos;
6. Praxia global  Analítica - quando se pratica o
Podemos chamar de praxia global movimento acompanhado de análise e
ou coordenação motora. Dizemos que interpretação do mesmo;
a pessoa dotada de coordenação  Sintética - quando é possível
motora é capaz de realizar atividades coordenar um dado conjunto de
amplas, como pular, correr, saltar ou o movimentos.
simples andar, e atividades que
Ainda sobre a praxia global, e
requeiram maior habilidade, qual seja,
ainda com base nos escritos de
o ato de pegar em um lápis, escrever,
Fonseca (1995), os seguintes
colar, recortar, desenhar ou bordar.
aspectos são componentes desse
Tudo isso, na verdade, envolve
aspecto psicomotor:
movimentos coordenados.
 Coordenação Oculomanual -
Assim, a coordenação motora,
movimentos manuais agregados à
denominação que deu vez à
visão;
expressão praxia global, nos
ensinamentos de Fonseca (1995)  Coordenação Oculopedal -

refere-se ao “conjunto de funções movimentos dos pés associados à

unidas (coordenadas) para a visão;

representação de atividades globais  Dismetria - imperfeição na


[...] que se dá por meio de uma realização de um movimento;
atuação harmônica do sistema  Dissociação - capacidade de
nervoso central, na execução de um mover parte do corpo de maneiras
movimento”. A praxia (o vocábulo diferentes para realizar determinada
praxis, em grego, significa ação; pode atividade.

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especialistas e o silêncio operoso dos
20
7. Praxia fina pesquisadores, observou-se um
deslocamento do eixo de atuação
De certa forma, baseados nas
dessa disciplina, das patologias para
explanações contidas em praxia
aquilo que Jean Le Bouch chamou de
global, já sabemos que a praxia fina
“correntes educativas” (LE BOULCH,
se refere à execução de atividades
1982, p.20). Foi desta forma que a
refinadas; para tanto, o indivíduo deve
Psicomotricidade chegou à escola,
desenvolver a capacidade de
incorporou-se à educação infantil,
“controlar os pequenos músculos”.
passando a atuar para prevenir
Fonte: http://www.psicologado.com
dificuldades na área do
Historicamente, a desenvolvimento motor. Pode-se dizer
Psicomotricidade teve o seu que ela se abriu para a possibilidade
aparecimento relacionado a uma de educar na moderna perspectiva de
função, digamos assim, terapêutica - educação global, abandonando o
ou clínica - sendo desenvolvida em propósito de participar de cada
face de dificuldades ou deficiências na aspecto do desenvolvimento,
motricidade humana, ensejando isoladamente. Para tanto, estabeleceu
procedimentos na área de como meta o trabalho em torno dos
recuperação, mediante reeducação fatores afetivos e intelectuais que,
psicomotora. Porém, já verificamos comprovadamente, estão intimamente
nessas considerações iniciais que ela, relacionados às aquisições cognitivas.
a Psicomotricidade, talvez se realize
Assumindo, desta forma, um viés
melhor no seu caráter preventivo,
educador, a Psicomotricidade passa a
ajudando a estruturar o adulto
participar do processo de
inteiramente a salvo de sequelas de
conformação física, afetiva e cognitiva
problemas encontrados nos estágios
da criança. Desta feita, a ciência que
iniciais de seu desenvolvimento
frequentava as clínicas, os hospitais e
integral. E assim, com o auxílio de

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os espaços da Educação Física em É muito importante entendermos
21
práticas reparadoras adentra o que a Psicomotricidade está na
universo escolar e faz emergir a origem de um trabalho de observação,
educação psicomotora, com práticas acompanhamento, estimulação e
pedagógicas psicomotoras. eventual ajustamento dos movimentos
iniciais da criança, desde a mais tenra
Na clássica citação de Jean Le
idade - na verdade, idealmente, a
Boulch, afirma-se o surgimento da
partir do nascimento, prolongando-se
Psicomotricidade como consequência
pelas etapas do
de “insuficiências” das práticas de
crescimento/evolução, em que a
Educação Física. Convencido da
mesma vai, gradativamente,
relevância do papel a ser por ela
adquirindo consciência, segurança,
exercido, inclusive na área
identidade própria, capacidade de
educacional, ele usa de toda a sua
fazer isso, perceber aquilo, e assim
influência e o seu prestígio para obter
por diante. Note que tudo isso é
a consolidação dessa vertente
educação na sua acepção mais
educadora, pelo menos na França:
ampla, já que se direciona a educar
A educação psicomotora deve ser globalmente.
considerada como uma educação de
Em linguagem mais simples, o
base na escola primária. Ela
que Le Boulch pretendeu transmitir foi
condiciona todos os aprendizados pré-
que a educação psicomotora deve
escolares e escolares, leva a criança
começar, preferencialmente, na pré-
a tomar consciência de seu corpo, da
educação, ou seja, na chamada pré-
lateralidade, a situar-se no espaço, a
escola. E que a Psicomotricidade,
dominar o tempo, a adquirir
como ciência, é o seu elemento
habilmente a coordenação de seus
fundador, isto é, está na origem de
gestos e movimentos. (LE BOULCH,
suas realizações. Afinal, a motricidade
1982, p. 24)
associa-se a todas as formas de

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aprendizagem no contexto da todas as etapas de amadurecimento
22
educação infantil, até mesmo quando de meninos e meninas, com alguma
esse aprendizado está ainda dificuldade, com sérias dificuldades ou
relacionado, por exemplo, aos sinais, sem dificuldades. Seja qual for o olhar
aos símbolos, à percepção do espaço, que se lance para a Psicomotricidade,
à descoberta do outro, às sensações, é imprescindível não esquecer que,
isto é, em seus estágios mais em última análise, ela focaliza corpo e
rudimentares. mente como instâncias que entre si se
relacionam.
Então, adquirir noções sobre
Psicomotricidade implica reconhecer a Essa é a Psicomotricidade, um
importância da presença da mesma conceito certamente bem mais
no contexto do aprender e no dia a dia simples do que o nome que carrega
de descobertas e conquistas da sugere. Pelo menos assim esperamos
criança. Com efeito, atuando no que tenhamos passado para você.
universo infantil, vai desde aprimorar a
SAIBA MAIS:
coordenação motora até aceitar
Para expandir os seus conhecimentos acerca do
regras; desde identificar questões de tema da Psicomotricidade, situando-o numa
orientação da criança no tempo e no perspectiva de desenvolvimento integral da
criança, leia também:
espaço até problemas de fala e
 Psicomotricidade e desenvolvimento motor na
escrita. De outro lado, cumpre pré-escola. Disponível em:
http://www.faef.revista.inf.br/imagens_arqui
observar que essa é uma disciplina vos/
interdisciplinar e uma atividade,  Na edição digital do jornal O Estado de São
Paulo interessante matéria aborda a questão
digamos assim, multitarefa, no sentido
da Psicomotricidade na escola. Disponível em:
de que está no processo http://www.educacao.estadao.com.br

ensino/aprendizagem, está no brincar, São Paulo interessante matéria aborda a questão


da Psicomotricidade na escola. Disponível em:
no se relacionar, no aceitar e ser
http://www.educacao.estadao.com.br
aceito - portanto, nos momentos de
socialização - sendo, ademais, útil em

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23
TESTE SEU CONHECIMENTO máquina com capacidade para
movimentar-se é atribuída a Jean-
UNIDADE I Claude Coste, teórico da
Psicomotricidade, que agregou a
01. Marque a alternativa mais
esse pensamento a seguinte frase:
próxima do entendimento de Helen
Bee (1939 ___) acerca do intelecto A- ( ) O movimento reflete os limites.
em face do desenvolvimento. B- ( ) O desenvolvimento é conquista
A- ( ) O intelecto não se desenvolve sobre o irreal.
se não houver continuada aquisição C- ( ) O homem é seu corpo, e não o
de conhecimentos. homem e seu corpo.
B- ( ) O processo intelectual se D- ( ) As máquinas são marcos do
ajusta à realidade, prescindindo do desenvolvimento
desenvolvimento.
C- ( ) O desenvolvimento integral do
ser tem a ver com seu estado
emocional e nunca com saberes. 04. Vítor Fonseca, outro dos
D- ( ) O intelecto conhece estágios de referenciais teóricos da
desenvolvimento que ele mesmo gera, Psicomotricidade definiu os sete
independentemente de qualquer fator fatores psicomotores. Assinale a
única alternativa em que todos eles
estão citados corretamente:
A- ( ) tonicidade, equilíbrio,
02. Uma forma bastante aceita de ludicidade, lateralidade, noção
conceituar-se a Psicomotricidade é corporal, praxia global e praxia fina.
a que correlaciona: B- ( ) tonicidade, equilíbrio, praxia
A- ( ) Neurociência e socialização fina, lateralidade, psiqué, noção
corporal e estruturação espaço-
B- ( ) Psiquismo e motricidade
temporal
C- ( ) Práticas pedagógicas e
C- ( ) lateralidade, equilibração,
movimento
tonicidade, pseudo letras,
D- ( ) Desenvolvimento e estruturação espaço-temporal, praxia
alfabetização global, prática pedagógica.
D- ( ) tonicidade, equilíbrio,
lateralidade, noção corporal,
estruturação espaço-temporal, praxia
03. A ideia segundo a qual o global e praxia fina.
desenvolvimento motor deve ser
estudado numa visão do homem
como um todo e não como uma

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05. Ao trabalhar com o conceito de
24
“mundo espacial da criança”, a
psicóloga Helen Bee define
elementos que, obrigatoriamente,
estão associados a esse conceito.
Assinale a opção que reúne esses
elementos.
A- ( ) consciência direcional,
consciência lúdica e interface da
motricidade
B- ( ) consciência corporal,
consciência espacial e consciência
direcional
C- ( ) consciência analítica, método
silábico e lateralidade.
D- ( ) corrente educativa, consciência
corporal e imagem lateral.

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25

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FILOGÊNESE DA MOTRICIDADE
26
O estudo da evolução humana perspectiva evolucionista, do embrião
permite concluir que entre nossos até o envelhecimento.
ancestrais e o que somos hoje existiu
Se levarmos esses conceitos
um longo caminho percorrido, todo ele
para os domínios da psicologia
de profundas transformações. De fato,
comportamental, a filogênese está
o Homem foi adquirindo, na esteira do
vinculada às “características da
tempo, a sua forma de ser atual e as
espécie” e a ontogênese, ao “histórico
capacidades pelas quais ele é
de desenvolvimento e aprendizagem”.
conhecido como espécie. E o que se
(http://pt.wikipedia.org)
sabe é que, nesse processo,
evoluíram, em paralelo, as Porém, se eles forem apreciados

possibilidades cognitivas e à luz da Biologia, serão

determinadas habilidades como, por compreendidos numa perspectiva de

exemplo, a motricidade humana. evolução e organismos: a filogênese


será explicada como “estudo da
O entendimento do que acima se
relação evolutiva entre grupos de
afirma está na origem dos conceitos
organismos (espécies, populações,
de filogenia (ou filogênese) e
etc), enquanto a ontogênese se
ontogenia (ou ontogênese). Não se
associará ao “estudo das origens e
pode dizer que os termos sejam
desenvolvimento de um organismo,
sinônimos, mas é certo afirmar que
desde o embrião até atingir a sua
têm em comum o fato de estudarem a
forma plena”. (http://pt.wikipedia,org)
evolução. Na filogênese trabalha-se
com a ideia do progresso da espécie, Talvez o conceito mais simples

ao passo que na ontogênese são sobre a filogênese seja o que foi

abordados os indivíduos dessa exposto por Fonseca (1988): “Estudo

espécie, considerados, numa da evolução das espécies, desde os


seus primórdios”.

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Sobre a motricidade em si, pode- a trajetória evolutiva da espécie,
27
se afirmar que o Homem consegue desde que ela surgiu.
cumprir sua missão como ser vivente
Agora, veja que coisa
apenas se lhe for concedido
interessante: na filogênese se está
movimentar-se. É óbvio que estudar a
diante de uma herança biológica,
motricidade não significa,
transmitida pelos genes; e quando
exclusivamente, estudá-la em relação
essa herança não é biológica, mas
ao Homem. Mas é na motricidade
cultural, aí temos fundamentado o
humana que os conceitos se
conceito de Sociogênese. (Borges,
multiplicam e as implicações com
1987, p.21). A filogênese e a
outros aspectos do cotidiano também
Sociogênese determinam, ambas, a
ocorrem. Na realidade, a motricidade
evolução - no caso, humana. Por esse
está ligada à vida em qualquer ser,
acréscimo de aspecto cultural é que
mas muito especialmente, no ser
estudiosos apostaram num significado
humano. Ela permite que este se
mais amplo para a filogênese,
relacione com o mundo; ela se vincula
afirmando que ela trata do
ao que Freire (1991) identifica como
“desenvolvimento do indivíduo e seu
“o mais complexo de todos os
comportamento”. (BORGES, 1987,
sistemas”. Que vem a ser o corpo
p.22)
humano.
A pesquisa sobre este tema, em
Nada evolui - ou se desenvolve -
todos os autores, leva,
assim num ‘de repente’. Toda
inevitavelmente, ao conceito de
evolução ocorre como um processo,
ontogênese, na verdade um conceito
ou seja, gradativamente. E é nessa
tão importante quanto o de filogênese
perspectiva que acontece a evolução
e que forma com este algo que se
de uma espécie: num processo a que
interconecta, como já vimos. Ainda
se dá o nome de desenvolvimento
pelos ensinamentos de Borges,
filogenético. Que nada mais é do que
vamos saber que a Ontogênese se

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refere a “mudanças, no sentido da É afirmado por Fonseca (1978,
28
adaptação da espécie humana”. p.10) que os organismos vivos
(BORGES, 1987, p.23). Em resumo, descendem uns dos outros. Há, nesse
numa visão mais ampla, temos a processo de transformação, uma
filogênese centrada no estudo da longa troca de informações com o
evolução das espécies e a meio circundante e uma notável
ontogênese, mais especificamente, capacidade de adaptação ao mesmo.
como evolução da espécie humana. Quando se estuda a origem das
espécies isso fica suficientemente
Toda vez que uma espécie evolui,
demonstrado, ou seja, isso evoluiu
isto é, acrescenta alguma coisa ao
para aquilo carregando consigo todo
seu histórico de desenvolvimento, ela
um patrimônio genético, digamos
obtém uma conquista, ela consegue
assim, ou adquirindo novas estruturas
ultrapassar barreiras e limitações,
como produto do esforço de
assim como constrói algo de novo.
adaptação.
Certamente por isso, Wallon
considera a filogênese da motricidade Isto posto, cabe evidenciar que as
uma “sequência de motricidades espécies - em sua trajetória evolutiva-
construtivas” (WALLON, 1978, p. 13 ) devem ser estudadas à luz de três
fatores básicos: a descendência, o
Em resumo:
parentesco e a animação, esta última
De tudo quanto foi exposto até no sentido de que existe sempre um
aqui, cremos não haver dificuldade em ser vivo, um ser com corpo, e em
compreender que a evolução de uma movimento. (Fonseca, 1988)
espécie ocorre no contexto de um
A origem das espécies pode ser
processo a que se dá o nome de
situada:
desenvolvimento filogenético. Apesar
do nome pomposo, nada mais 1. No caminho da hereditariedade
significa do que a trajetória evolutiva e da adaptação;
da espécie desde o seu surgimento.

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2. Na trilha do movimento motricidade é aquilo que complementa
29
3. Como parte integrante da a atividade cerebral”.

filogênese (desenvolvimento Resumindo:


filogenético) que, no final da estrada,
 A vida no planeta Terra
nos leva ao Homo sapiens6.
começou na água;
Devemos ter em mente que toda
 O surgimento de organismos
a caminhada evolutiva desde milhões
vivos deu-se, portanto, nesse meio;
de anos esteve acompanhada de
 Por força de processos
movimento. Desde o movimento na
evolutivos, esses organismos
água, passando pelo movimento em
chegaram a uma condição que até
terra, nas árvores, novamente em
hoje nós identificamos como peixes.
terra, e até no ar com as aves.
O Panderichthys, peixes pré-
Significa dizer que a cadeia evolutiva
históricos, foi, no entanto, precedidos
foi caracterizada por atividades: os
por animais multicelulares bastante
répteis caminhando em direção à terra
primitivos que tinham a aparência de
firme; os mamíferos assumem uma
‘esponjas’7;
postura de erguer a cabeça acima do
 Muito e muito tempo se passou
solo; os primatas experimentam novos
e, na esteira do permanente processo
meios de locomoção; finalmente o
de evolução, que obrigatoriamente
Homem pensa, sente, domina,
engloba o aspecto motor, os peixes
expressa-se. E caminha.
alcançaram o meio terrestre fazendo
No percurso acima reproduzido
7
notamos que a motricidade humana é Esponjas - organismos enquadrados no sub-
reino Parazoa, reino Animalia. Podem ser de
focalizada numa ótica não água doce ou salgada. Alimentam-se por
filtração, “bombeando a água através das
exclusivamente mecânica. Como paredes das Esponjas - organismos
enquadrados no sub-reino Parazoa, reino
afirma Fonseca (1978, p.18), “a Animalia. Podem ser de água doce ou salgada.
Alimentam-se por filtração, “bombeando a água
através das paredes do corpo e retendo as
6
Homo sapiens - “homem sábio” - única espécie partículas de alimento nas suas células”.
viva oriunda do primata bípede. (http://www.pt.wikipedia.org/wiki/Porifera)

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aparecer o Acanthostega, anfíbio ou seja, andavam sobre quatro
30
extinto, que figura entre os primeiros membros;
animais a desenvolver membros; uma  Hominídeos incluíam o gênero
característica curiosa é que os australopiteco e o gênero humano - o
anfíbios foram os primeiros a australopiteco afarense caminhava
desenvolver pulmões; sobre os dois pés e usava longos
 Dos anfíbios, evoluíram os braços para se pendurar nas árvores,
primeiros répteis; o Hylonomus é o enquanto o australopiteco africano
mais antigo conhecido; andava ereto e usava as mãos para
 Os Cinodontes8 foram os apanhar frutos e para lançar pedras
primeiros mamíferos a surgir; sobre animais;
 Em seguida, surgiu o ancestral  Homo habilis, primeiro
genético comum de ratos e hominídeo do gênero Homo;
humanos; fabricava instrumentos, construía
 Os Evarchonta iniciam uma uma espécie de cabana;
espécie que irá resultar na ordem  O Homo erectus fabricava
primata, ao lado de tupaias e instrumentos também e cobria o
lêmures voadoras; corpo com peles; descobriu o fogo;
 A seguir, vieram os Primatas,  Homem de Neandertal: criou
que se equilibravam entre as árvores ferramentas e armas, e também
das florestas; abrigos; enterrava os mortos com
 Os Hominoides viviam em flores e objetos;
árvores também, mas igualmente  Finalmente, nessa
desciam ao solo; eram quadrúpedes, demonstração evolutiva - que
sabemos incompleta, mas que

8
pretendeu correlacionar a evolução
Cinodonte é o nome que se dá ao grupo de
animais extintos, precursores dos mamíferos. Na com o fazer, atuar, movimentar-se,
verdade, o cinodonte pertenceu a um grupo que
fez a transição entre os répteis e os mamíferos; assumir habilidades e desenvolver
tinham crânio e dentes assemelhados aos dos
atuais cães. capacidades, entre elas a motora -

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surge o Homo sapiens, caçadores percepção que eles tiveram de que
31
hábeis que cozinhavam carne, era preciso fazer frente aos naturais
usavam roupas de pele de animais e predadores, ou seja, às ameaças do
construíam lanças e cabanas. dia a dia.
Fontes:http://pt.wikipedia.org
Importante observar que nessa
http://sohistoria.com.br
fase “arbóreo-aérea” nossos
O chamado desenvolvimento ancestrais (bem ancestrais!)
filogenético, em visão restrita aos enfrentaram problemas relacionados
seus pontos marcantes, apresenta as com o equilíbrio e com a coordenação
seguintes características: que, na etapa anterior, terrestre, não
encontravam; estavam, assim, diante
 Adaptação maior ao meio
de graves problemas de motricidade,
terrestre;
já que esta responde por aqueles
 Modificação de postura, com
estímulos ou reflexos.
elevação da cabeça, determinando
uma motricidade mais eficiente e É preciso destacar que, de

coincidindo com o início da locomoção alguma forma, esses problemas foram

quadrúpede. enfrentados e muito provavelmente


vencidos. Fonseca (1982, p.69)
Da nova forma de movimentar-se,
argumenta que apenas por fazer o
que consolidou entre os mamíferos
enfrentamento dessas dificuldades
essa vocação de andar com o uso dos
adicionais, nossos parentes de um
quatro membros, houve o que
passado remotíssimo desenvolveram
poderíamos chamar de estágio
ações que ele identifica como de
intermediário, caracterizado pelo que
“planejamento e execução”.
Fonseca (1998) denomina
“apropriação do meio arbóreo-aéreo”. Na etapa seguinte, o nosso
A razão de ter surgido esse estágio de simpático primata livrou-se desse
locomoção (logicamente estamos nos percurso aéreo - seja lá por que razão
referindo aos primatas) deve-se à o fez - e nessa escalada evolutiva que

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associa movimento e mente encontrou É importante registrar que o
32
para as mãos, que já se achavam nosso velho conhecido primata,
então dispensadas da tarefa de se literalmente, deu os primeiros passos
agarrar nos galhos das árvores, outras rumo ao Homo sapiens quando
funções que não as antigas. Ou seja, assumiu a postura ereta.
ele, que se limitava a apanhar
O desenvolvimento filogenético
alimentos, examiná-los e colocá-los
da espécie foi então marcado pela
na boca, assumiu novas funções que
possibilidade de intervir (e dominar) a
o levaram a criar rudimentares
Natureza. Esse marco evolutivo
instrumentos. E, com isso, iniciou o
ocorreu face ao início do período de
domínio sobre a natureza.
fabricação e utilização de
E, segundo Vítor Fonseca, tão instrumentos, como vimos
extraordinária foi essa etapa do anteriormente Alcança-se, nesse
desenvolvimento e de tal forma essa contexto, “a superação das limitações
evolução se acelerou a partir daí (da corporais”. (FONSECA,1995,p.99)
possibilidade de manusear livremente) Esse desenvolvimento (filogenético)
que, num espaço de tempo esteve intimamente vinculado ao
surpreendente para o processo, o desenvolvimento da motricidade. As
nosso antepassado migrou da espécies caminharam no sentido
condição de Homo habilis para a de evolutivo, mas caminharam, também,
Homo sapiens (FONSECA, no sentido literal experimentando
1995,p.71). Uma curiosidade: o Homo extraordinário desenvolvimento motor.
sapiens representa a última geração
Bem, feitas todas essas
anterior ao Homo Sapiens, surgido há
considerações sobre a filogênese,
duzentos mil anos, cujo significado é
devemos retomar o conceito de
“homem que sabe o que sabe”, uma
ontogênese que trata especificamente
denominação que evidencia sua
da evolução humana naquela
principal característica: o pensamento.
perspectiva do início da vida até a

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plenitude da vida (retrogênese). E é significado dado ao corpo nessa
33
nessa condição que se costuma época, ficou consolidado o
analisar a motricidade humana, o que entendimento de que “o conhecimento
modernamente ocorre desde a fase se manifesta na mente e não no corpo
fetal, já que estudos atestam que o como um todo”.
feto realiza movimentos dignos de (www.uel.br/eventos/semanadaeduca
serem interpretados. Apesar de que o cao/pages/arquivos/anais/2012/temas
trabalho da Psicomotricidade depesquisaemeducacao)
concentra-se, de fato, na primeira
A Teoria da Motricidade Humana,
infância, nos momentos mais
nesse contexto, altera radicalmente o
expressivos do ciclo de crescimento e
pensamento clássico a respeito, na
no advento da pré-escola.
medida em que apresenta o conceito
Ao tratarmos do tema da do “ser uno”. Alguns preferem a
motricidade humana e sua evolução expressão “ser total”: corpo mente,
devemos nos voltar para a meio, tudo é o ser. O autor dessa
possibilidade de ampliar saberes e, teoria, Manuel Sérgio, educador
assim, focalizar a Teoria da português, defende que o efetivo
Motricidade Humana, que exibe uma desenvolvimento do Homem “está no
visão significativamente diferente do ser repleto de intencionalidade ao
que havia até então, a chamada realizar seus movimentos”. Para ele,
“teoria do dualismo cartesiano”. Aqui, só o fator intencionalidade dá um
o termo dualismo refere-se à divisão significado à ação.
do Homem em corpo e mente (res
Apreendidas questões relativas à
cogitans e res extensa), ou, como
evolução da espécie, ocupemo-nos
preferem alguns, pensamento e ser. E
mais detalhadamente do movimento -
cartesiano evoca René Descartes,
da motricidade - particularmente no
físico francês (“penso, logo existo”).
universo infantil. É sabido que as
Em consequência do pouco
instâncias motoras da criança se dão

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de acordo com a sua faixa etária; por exemplo, na leitura e na
34
quanto mais avançam em idade, mais escrita;
avançam na possibilidade e  Por fim, o que o autor
aperfeiçoamento de movimentos - na denominou “elaboração de testes
verdade, em todas as direções há motores que determinem as
avanços. Guilmain (1981, p.24), para características afetivas motrizes na
citar um importante teórico da área, criança e o estudo das relações
realizou completos e complexos existentes entre o comportamento
estudos em torno da motricidade no motor de um sujeito e as
começo do século XX e resolveu características fundamentais de
ordená-los em quatro direções: seu caráter” explica-se como a
utilização de testes que permitam
 Relacionando o que ele chamou
correlacionar o perfil (o caráter) da
de debilidade motriz com
criança (principalmente sua reação
debilidade intelectual;
perante valores) à sua realidade
 Estudando a evolução das
motora.
funções motrizes na criança; esse
estudo compreendeu o uso de
“testes de níveis de
SAIBA MAIS:
desenvolvimento da habilidade
manual”, assim como teste de Para contribuir com a expansão de seus
estudos relativos ao assunto Filogênese
aptidões motrizes em que se levou
da Motricidade, em particular no tocante
em conta a idade da criança; à influência da motricidade sobre o
desenvolvimento e a aprendizagem, leia
 Estudando a lateralidade também:
dominante (uso predominante de
 Motricidade e aprendizagem:
um dos lados) e a relação entre algumas implicações para a
educação escolar. Disponível em
transtornos motores já perceptíveis http://www.pepsic.bvsalud.org

na criança, além de dificuldades,

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TESTE SEU CONHECIMENTO 03. Os estudos que envolvem a
35
trajetória evolutiva das espécies
UNIDADE II realizam-se a partir da análise de
três fatores básicos. Assinale a
única alternativa em que tais
Os conceitos de filogênese e fatores estão corretamente
ontogênese se comunicam. Marque expostos:
V para as afirmativas verdadeiras e
F para as falsas, na tentativa de
identificar o que as diferencia. A- ( ) descendência, parentesco e
animação
B- ( ) parentesco, patrimônio
A- ( ) filogênese e ontogênese genético e herança cultural
excluem-se como modelos de C- ( ) descendência, movimento e
desenvolvimento tradição
B- ( ) os conceitos de filogenia e D- ( ) intelecto, emoções e ludicidade
ontogenia divergem no tocante à
veracidade da teoria criacionista
C- ( ) na filogênese leva-se em conta 04. A vida no planeta Terra
o progresso da espécie, ao passo que começou na ____________, onde se
o foca da ontogênese são os deu o surgimento de ____________.
indivíduos dessa espécie, da fase Milhões de anos mais tarde,
embrionária à velhice. surgiram os ______________, que
viviam em árvores e no solo e eram
D- ( ) a filogênese refere-se à quadrúpedes. Qual a alternativa
motricidade e a ontogênese associa- que completa corretamente os
se ao psiquismo. espaços?

02. A evolução de uma espécie


ocorre como um processo. Nessa A- ( ) Antártida/ espécies bizarras/
perspectiva, encontramos o Cinodontes
processo evolutivo a que se dá o B- ( ) lama/ anfíbios/ gorilas
nome de:
C- ( ) água/ organismos vivos/
Hominoides
A- ( ) herança biológica D- ( ) era glacial/ plantas/Homo
B- ( ) retrogênese habilis
C- ( ) crescimento infantil
D- ( ) desenvolvimento filogenético

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05. A tradução literal de Homo A- ( ) a quadrupedia
36
sapiens sapiens é “homem que B- ( ) o pensamento
sabe o que sabe”. Ao denominá-lo
desta forma, pretendeu-se deixar C- ( ) o tamanho
em destaque o que melhor o D- ( ) a beleza
distingue:

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37

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O CORPO EM MOVIMENTO
38
A palavra corpo vem do latim sua formação. Para a criança, o corpo
corpus e possui os mais variados em movimento é andar, correr, saltar,
significados, tais como: corpo sólido, desenhar, dançar, brincar.
cadáver, corpo central de uma ideia
Assim, podemos primeiramente
ou de um trabalho, corpo docente,
abordar o movimento por um prisma
corpo de baile. O corpo humano é
essencialmente mecânico, que
definido como estrutura do organismo
investiga os deslocamentos de uma
humano. Do ponto de vista filosófico,
forma geral. E, em seguida, fazer a
o Homem, por sua vez, já foi
abordagem centrada no movimento
conceituado como corpo e alma.
humano e, ainda assim, não restringi-
Em http://www.educarparacrescer.abril.com.br la à fisiologia (parte da Biologia que
encontra-se que “o movimento é a estuda funções orgânicas e atividades
primeira manifestação na vida do ser vitais) de ossos e músculos. Talvez a
humano”. forma mais apropriada seja a de
recuperar o conceito do
O corpo em movimento, como já
psicomotricista argentino Esteban
foi visto, é ponto de referência nos
Levin segundo o qual o corpo “fala”,
estudos encaminhados pela
no sentido de transmitir de nós
Psicomotricidade. Nesse contexto, o
(nossas habilidades, nossas
desenvolvimento infantil não se
limitações, nossas emoções) ao
restringe ao conceito de movimento
mundo que nos cerca. Diferentes
como possibilidade de deslocar-se; a
teóricos que marcaram os rumos da
criança usa o próprio corpo e os
Psicomotricidade com seus estudos,
movimentos que aprende para
conceitos e conclusões dedicaram-se
expressar emoções. Em síntese, a
à tarefa de investigar o movimento
criança é o seu corpo e a sua mente
humano:
integrados e, através deles, se dá a

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 Ernest Dupré, neurologista do conteúdo esquelético,
39
o
francês, “correlacionou a motricidade desenvolvimento dos pulmões, o
com a inteligência”; enriquecimento do sangue, a
 Henri Wallon, psicólogo francês, harmonização das conexões
“relacionou o movimento ao afeto, à nervosas, entre outros aspectos”.
emoção, ao meio ambiente e aos (BEE, 1996)
hábitos da criança”;
A motricidade humana interessa
 Esteban Levin, acima citado,
muito de perto à Psicomotricidade por
“considera o movimento humano
estar na base de sua definição,
instrumento fundante na construção
atuação e destinação. E em particular
do psiquismo”.
diz respeito à essa ciência o
Fonte: http://www.ufsj.edu.br/portal2-
movimento infantil.
repositorio
Durante o período de
Assim, o movimento existe para o
desenvolvimento da criança, quando
corpo, prioritariamente, numa
mudanças corporais e de habilidades
perspectiva de satisfazer
se processam - além dos aspectos
necessidades do mesmo, seja no
psicológicos e cognitivos - um cuidado
estrito sentido de estruturação óssea,
maior devem ter profissionais
sejam vantagens relacionadas a um
envolvidos no processo relativo ao
desenvolvimento físico e de corpo-
desenvolvimento motor, em especial
mente.
na faixa etária dos quatro aos seis
A literatura médica, por seu turno, anos, porque é principalmente nesse
aborda o movimento como estágio que emergem as
indispensável em todas as etapas da denominadas habilidades motoras: a
vida humana, porém com um papel corrida, o saltar, o jogar bola e, de
fundamental na denominada primeira uma forma geral, todos os
infância, quando se visa na criança “o movimentos, que passam a ser
fortalecimento dos músculos, o reforço operados com melhor coordenação.

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A teoria de Wallon sobre o recreação). E é nesse sentido que
40
desenvolvimento se estrutura na Levin (2003, p. 75) se refere aos
constatação de que, durante a ganhos de ordem psicomotora e ao
pequena infância, “o ato mental se que ele identifica como “processo
desenvolve no ato motor”. Significa relacional” através do qual a criança
dizer que, ao realizar a ação, a se relaciona com o outro e com o
criança pensa “e isso faz com que o próprio corpo.
movimento do corpo ganhe papel de
Desta forma, existem variados
destaque no desenvolvimento infantil”.
artifícios de que se pode lançar mão
(WALLON, 1975, p. 74)
para colocar o corpo humano em
Ampliando a sua análise sobre o movimento (em especial o das
desenvolvimento infantil, Wallon fixa- crianças): obedecendo-se a
se na faixa etária que vai dos três aos propósitos lúdicos, ou para garantir o
seis anos, o chamado estágio do pleno desenvolvimento, ou ainda, para
personalismo, para comentar o enfrentar deficiências (técnicas
aumento da autonomia de terapêuticas), e, por fim, para viver o
movimentos do corpo na criança, com outono de uma existência (terceira
reflexos na “expressividade infantil”. É idade). E isso pode ser feito através
nesse período que a criança de:
consegue alimentar-se sozinha,
 modalidades esportivas;
escovar os dentes, amarrar os
 jogos e brincadeiras;
sapatos, e assim por diante.
(WALLON, 1975, p. 76)  ginástica;

Quaisquer considerações feitas  caminhada;

em torno da criança, seu corpo e seus  natação;


movimentos conduzem,  artes marciais;
inevitavelmente, aos aspectos do
 Dança
brincar (brincadeiras, jogos e

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Enfim, ficaríamos aqui por muito http:www.recantodasletras.com.br
41
tempo (e muitas linhas) enumerando Acesso em: mar. 2017)
os benefícios de se conservar o corpo
Assim como ficou claro que o
em movimento como hábito adquirido
corpo em movimento constitui
(e saudável), atividade rotineira e,
elemento significativo para a
portanto, nos limitaremos a mencionar
Psicomotricidade, não devemos nos
as principais vantagens daí
esquecer de que uma das definições
decorrentes:
dessa ciência estabelece relação
 Sistema muscular: força, entre movimento e processos
agilidade, flexibilidade, elasticidade, cerebrais. Por outro lado, ressalte-se
equilíbrio, coordenação motora; que o corpo em movimento é muito

 Sistema nervoso: relaxamento mais do que andar e correr. É, na

de tensões, diminuição do stress e verdade, uma forma que o ser

ansiedade; humano encontra para se expressar,


transmitir sentimentos, expor
 Sistema circulatório: diminuição
habilidades. Como, por exemplo, na
da frequência cardíaca, aumento do
dança. Que, inclusive, frequenta com
fator de ejeção de sangue nas veias
cada vez mais desenvoltura o espaço
e artérias
da educação infantil - tem se
 Sistema respiratório: aumento constituído elemento valioso para a
da capacidade de respiração, observação, com olhar profissional, do
fortalecimento dos alvéolos; corpo da criança, quando em
 Sistema esquelético: reforço de movimento.
toda a estrutura óssea.
Segundo ainda Levin (2003), à
(DA SILVA, William Pereira. medida que a Psicomotricidade foi
Educação Física, os movimentos e ganhando espaço e se impondo como
seus benefícios. Disponível em ciência do corpo em movimento e da

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psiqué9, as indagações que o Homem denomina tônus emocional.
42
A
foi acumulando relativamente ao seu propósito, a tonicidade é considerada
universo de atuação foram sendo “fator base” da Psicomotricidade
respondidas. Por exemplo, a associando-se aos aspectos de alerta
vinculação corpo-alma, as sensações e vigilância do corpo.
corporais... Nos estudos de Wallon
Tanto na educação infantil quanto
(1978) é feita a ligação dos
no ensino fundamental, a educação
movimentos do corpo com as
psicomotora assume papel de grande
emoções, o afeto. Significa dizer que
relevância, dado que sua vinculação é
a ciência em questão considera o
com potencialidades, habilidades,
indivíduo, na sua natural tendência a
possibilidades e realidade da criança,
movimentar-se, como referencial das
fatores que se destacam num
possibilidades de adquirir
contexto de desenvolvimento global.
conhecimento, demonstrar inteligência
Todos esses pressupostos estão
e expressar sentimentos. E, de uma
presentes na Psicocinética, que, em
forma ou de outra, esse indivíduo vai,
essência, é um método pedagógico e
através de seu corpo, comunicar suas
reúne práticas educacionais,
potencialidades ou refletir suas
assumindo um caráter de,
carências. Por isso, é um corpo que
verdadeiramente, educação
fala. E como ele se comunica?
psicomotora. A Psicocinética ganha
Segundo Le Camus (1986), através
relevância no contexto de apreensão
de tônus (contração mínima de um
do efetivo significado de práticas
músculo em repouso). É que, em seus
pedagógicas, aqui identificadas como
estudos, ele correlaciona a contração
práticas psicomotoras. E sua
postural - a que dá o nome de tônus
importância também decorre do longo
postural - à contração emocional, que
tempo que permite, de observação da
criança e seu desenvolvimento,
9
psiqué - além de, em outro contexto, relacionar-
se à alma ou ao espírito, vincula-se à Psicologia, centrado principalmente no
com o significado de mente ou ego.

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movimento: segundo seu criador, Quer dizer, Le Boulch, nessa
43
Jean Le Boulch, os pressupostos proposição, junta Piaget, Wallon,
desse método são aplicados à criança Ajuriaguerra e ele próprio, conclusão a
de zero a doze anos de idade. que se chega à vista de fragmentos
do pensamento desses teóricos
Antes de considerações mais
aplicados à Psicomotricidade (teoria
teóricas sobre essa contribuição de Le
do desenvolvimento, fatores
Boulch à chamada educação pelo
psicomotores, desenvolvimento
movimento, cumpre expor o que dela
afetivo, cognitivo, motor… enfim, um
se pode esperar para a educação e
mosaico de conceitos). No frigir dos
que fica evidenciado pela própria
ovos, Le Boulch volta-se para o
conceituação formulada por seu
processo educacional a partir do que
fundador:
ele denomina de “instrumentalização
Teoria geral do movimento, que do conhecimento humano”, capaz de
conduz ao enunciado de princípios atingir “a formação e transmissão de
metodológicos que permitem encarar conhecimentos”. (LE BOULCH, 1985)
a educação pelo movimento como
A pesquisa para a composição de
meio de formação e como uma
uma explanação que possibilite
educação psicomotora de base (...).
conhecer, ainda que sinteticamente,
(Le Boulch, 1983)
pressupostos dessa teoria
Ele ainda sugere, ao considerar
Psicocinética de Le Boulch, apresenta
que se trata de uma teoria com
como melhor opção de clareza o
formato de método pedagógico - e
material disponível em
aplicação também - atividades
htpp://www.repositorio.ufm.br . Le
motoras voltadas para o
Boulch, por seu turno, expôs em suas
fortalecimento do esquema corporal,
obras de uma fase mais inicial as
atividades essas que ele entende
seguintes considerações:
possam ser disponibilizadas para a
criança num invólucro de ludicidade.

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1. A Psicocinética vincula-se “complexidade humana”
44
para
à Filosofia da Educação e, nela, o referir-se ao Homem dotado de um
Homem ocupa lugar central, de corpo, gestos, movimentos, numa
protagonista, sendo entendido construção global. Nessa
como ser social; é sobre esse ser perspectiva, o corpo e o
social que se exerce a função movimento respondem não só
educativa pelo movimento. Le pelos gestos, pela expressividade
Boulch pretendeu, ainda, em sua mas também por emoção e
teoria, associar a educação a afetividade; aliás, dois conceitos
alguma finalidade. Ao mencionar a sempre presentes na obra desse
educação pelo movimento, ele, tão psicólogo francês.
somente, indicou o meio pelo qual 3. Um outro pressuposto da
se processa a educação, mas não Psicocinética faz alusão à relação
declinou sua finalidade. É então homem-mundo: o homem percebe
que ele relaciona a Psicocinética ele mesmo, ao mesmo tempo em
às atividades corporais e situa no que percebe o mundo.
desenvolvimento desse mesmo ser 4. Pelo pressuposto
social o objeto-fim de seu método. precedente, o Homem, em relação
Em resumo, na Psicocinética, a ao mundo, estabelece uma
finalidade educacional é o conexão e com ele interage;
desenvolvimento humano. baseado nisso, Le Boulch afirma
2. Coerente com o que a Psicocinética coloca em
pensamento de seu formulador, a evidência a “experiência vivida”.
teoria Psicocinética vê o Homem Segundo teóricos que o
numa dimensão holística, ou seja, precederam - teóricos da
como um todo. Para ele, o ser educação - a “experiência vivida”
humano não é um organismo com influi decisivamente no processo
‘n’ partes, ‘n’ divisões; ao contrário, de aprendizagem, principalmente
Le Boulch usa a expressão no das crianças. Todavia, o

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aspecto mais polêmico desse atividades espontâneas, vivências
45
quarto pressuposto - e que, de essas que a própria criança poderá
uma forma instigadora, aprimorar.
convocamos você a refletir sobre -
Um instante de reflexão
seguramente é aquele que afirma
que “a experiência e a didática do
Estamos, nesta etapa da
professor não substituem a
aprendizagem, discutindo, em última
experiência vivenciada pela
análise, o significado do corpo em
criança”.
movimento: o que isso representa; o
5. Este pressuposto aborda a
que transmite; que relações
importância dos fatores humano e
estabelecem e com o quê; que
social na formação da criança. Ou
influências sofrem. E, em certa altura,
seja, o desenvolvimento da criança
introduzimos o assunto na esfera
não depende apenas de aspectos
escolar, relacionando o movimento do
biológicos, mas também do onde e
corpo a aspectos cognitivos e afetivo-
com quem vive a criança.
emocionais; enfim, ligando corpo-
6. Este último pressuposto
aprendizagem- emoções.
valoriza, no aprendizado, “jogos e
atividades de livre expressão, tais Permanecendo no universo
como jogos dramáticos, jogos de escolar, gostaríamos de lembrar que a
imaginação, jogos a partir de prática pedagógica, na visão de uma
temas musicais”. Tais são, corrente de educadores, acaba por se
segundo Le Boulch, os identificar com o que, habitualmente,
facilitadores do que ele chama de se chama “corpo sem movimento”, e
“aprendizagem rápida” que, numa outros denominam “ditadura postural”.
visão superficial, nega a O que vem a ser? Simples: numa
aprendizagem técnica e coloca a educação mais conservadora, o corpo
criança como possuidora de em movimento ainda é visto como
vivências obtidas através de muito interessante fora da sala de

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aula, ou seja, na recreação, nos jogos TESTE SEU CONHECIMENTO
46
(dimensão lúdica) ou nos horários de UNIDADE III
Educação Física. Mas não quando o
assunto é a educação propriamente
01- A questão do movimento é
dita, a transmissão de conteúdo. importantíssima para a criança, integrando-se
no conceito de desenvolvimento global da
mesma. Fortalecer músculos, reforçar o
Ora, o momento de reflexão que conteúdo esquelético e desenvolver os
pulmões são necessidades principalmente
estamos propondo busca saber a sua da:
opinião sobre o que acabamos de
A- ( ) primeira infância
expor: na sua visão, está correta a
B- ( ) terceira idade
metodologia educacional que impõe o C- ( ) fase simbólica da criança
que Levin (2003) chamou de D- ( ) descoberta cultural da criança

“silenciamento do corpo”? Ou você


acha que a atitude do docente deve ir
02- O corpo em movimento, segundo
ao sentido de considerar, como conceitua a Educação Física, apresenta
vantagens que atingem diversos sistemas do
Gonçalves (1990), “o movimento corpo humano. Assinale V ou F ao lado de
cada sistema citado; com isso você estará
como parte integrante do processo de dizendo que aquele é (ou não é) um desses
sistemas.
aprendizagem”?
A- ( ) sistema muscular
SAIBA MAIS: B- ( ) sistema elétrico
Para acrescentar informações válidas ao C- ( ) sistema respiratório
assunto ‘corpo em movimento e seu D- ( ) sistema concêntrico
significado’ e aumentar o entendimento
sobre a linguagem corporal da criança, leia
também:
03. O psicomotricista Esteban Levin coloca o
 O movimento do corpo infantil: uma corpo e os gestos no centro do
linguagem da criança. Disponível em: desenvolvimento infantil. Teorias como essa
http://www.acervodigital.unesp.br levaram a Psicomotricidade a assumir o
papel de ciência do ______________ e da
_________________. Assinale a única
alternativa correta, ou seja, que preenche
adequadamente.

A- ( ) letramento/ alfabetização
B- ( ) corpo/ alma

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C- ( ) bloqueio/ musculatura
47
D- ( ) corpo em movimento/ psiqué

04. As seguintes atividades, entre outras,


contribuem para que, em última análise, se
alcance o equilíbrio corpo-mente através do
movimento:

A- ( ) a leitura e o sono
B- ( ) a ginástica e a natação
C- ( ) a meditação e o repouso absoluto
D- ( ) o estado de coma e a dança

05. Os estudos de Henri Wallon (1879-1962)


sobre o movimento do corpo no
desenvolvimento da educação de crianças
levou-o a concluir que o ________________
se desenvolve no _______________. Assinale
a alternativa que, corretamente, completa o
pensamento do psicólogo francês.

A- ( ) ato motor/ ato mental


B- ( ) tônus/ equilíbrio
C- ( ) psiquismo/ desenvolvimento
D- ( ) ato mental/ ato motor

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48

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A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
49
Numa primeira etapa de sua preferencialmente sua atuação se dá
aquisição como fonte de interesse através da utilização do ato de brincar
pela educação, a Psicomotricidade da criança, que, como se sabe,
era vista, principalmente, como meio funciona como meio de ativar toda
de acompanhar, cientificamente, o sorte de manifestações corporais.
grau e a espécie de desenvolvimento
A rigor, só existem benefícios
motor da criança nos seus primeiros
numa prática que estimula,
seis anos de vida. Posteriormente,
acompanha e eventualmente ajusta a
passou-se a trabalhar por meio da
atividade corporal, a afetividade e a
observação dos desenvolvimentos
aquisição de conhecimentos. E isso
motor e intelectual. Porém, com o
significa educar, no seu sentido mais
tempo e a ampliação dos estudos,
preciso e mais amplo. Ou seja, estar
verificou-se que sua influência no
presente praticando, transmitindo
âmbito da educação infantil era muito
confiança, corrigindo, incentivando e
maior, estendendo-se por aspectos
fazendo avançar. Só assim, educando
até então pouco avaliados, como a
com esse instrumental, será possível
lateralidade, a orientação espaço-
chegar a um adequado
temporal, o lado afetivo da criança, a
desenvolvimento motor, que, por sinal,
noção de corpo, e tópicos de maior
tem conexão com o desenvolvimento
abrangência como a aprendizagem e
mental. Em geral, um - o motor -
a alfabetização, entre outros. Na pré-
constitui indicativo de que o outro - o
escola, por sinal, a Psicomotricidade
mental - transcorre de forma saudável.
passou a exercer papel preventivo,
capaz de evitar possíveis Teóricos de diversas tendências

descompassos na área motora, com debruçaram-se sobre o tema da

reflexos em outras áreas: Psicomotricidade com o propósito de


avaliar suas contribuições para o

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processo educacional da criança que Que, de forma geral se dá numa
50
frequenta a pré-escola. Não que em perspectiva de totalidade, globalidade,
outras etapas não existam como fica subentendido do acesso às
contribuições, mas a educação infantil reflexões disponíveis na literatura
reúne características, aqui já especializada, constituindo a estrutura
visitadas, que a tornam referencial central do ser em formação.
dessa natureza de investigação
Quando um tipo de educação se
acadêmica.
processa, fundamentalmente, pelo
Para fins desses estudos, o movimento - como é o caso da
desenvolvimento psicomotor da educação psicomotora - a pedra de
criança nessa faixa etária, que toque é o brincar. Brincar mantendo
normalmente vai até os cinco, seis intacta a sua magia original (prazer e
anos, foi avaliado sob o prisma das espontaneidade), mas sendo também
conquistas físicas, emocionais e compreendido como recurso de
intelectuais. Destaque-se, nesse aprendizagem.
período, a estimulação da expressão
Piaget10 (1992) elaborou a sua
corporal que a escola incorpora como
teoria sobre o desenvolvimento infantil
prática facilitadora do aprendizado por
amparado no que ele denominou
meio dos movimentos corporais,
‘inteligência motora’, sendo que os
auditivos e visuais que propiciam. (A
movimentos executados provêm de
Psicomotricidade na Educação
estímulos do meio externo. Segundo
Infantil. Disponível em:
ainda o festejado educador, esse
http://www.repositorio.ucb.br. Acesso
quadro responde pelas “habilidades
em: abr. 2017)
10
O que vincula a educação Jean Piaget (1896-1980), biólogo, psicólogo e
epistemólogo suíço, tido como um dos maiores
psicomotora à educação infantil? pensadores do século XX. Tratou do simbólico na
criança e dedicou-se ao processo de aprendizado
Basicamente a obtenção do infantil. Elaborou a Teoria dos Estágios, relativa ao
desenvolvimento cognitivo e concluiu que a
desenvolvimento integral da criança. capacidade cognitiva nasce e se desenvolve, ou seja,
não vem pronta.

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para a aprendizagem”, que a criança desconhecido; trabalhando o motor e
51
passa a obter. Jean Piaget tem, a o intelectual, o afetivo não pode ser
propósito, na sua Teoria do ignorado. E assim por diante, cada
Desenvolvimento Cognitivo, o marco qual com suas especificidades, e o
por excelência de suas contribuições conjunto permitindo avaliar o ser como
nos domínios da educação infantil. um todo.

Muito se tem teorizado sobre Para elaborar a sua teoria do


como se dá o desenvolvimento da desenvolvimento, o psicólogo suíço
criança, que habilidades, que valeu-se de princípios que formulou a
capacidades, que competências, que partir do entendimento de que “a
conquistas envolvem e que formato função da inteligência é auxiliar a
esse desenvolvimento carrega. Nessa adaptação ao ambiente”. Esse é o
perspectiva, idealizou-se que pressuposto básico, como se verá
diferentes tipos de métodos e técnicas adiante. Alguns conceitos, por sinal, o
de acompanhamento - e comprovam, e são indispensáveis
eventualmente correções - deveriam para se compreender como o
contemplar diferentes tipos de conhecimento se desenvolve no ser,
evolução, no sentido de que cada qual ou seja, como se desenvolve a
tem o seu significado. Mas, pela capacidade cognitiva:
sistematização de análises dos
 Equilibração: a criança busca
resultados obtidos, chegou-se à
um equilíbrio entre o que vê e a sua
conclusão de que deveria prevalecer a
capacidade de compreender
apreciação e o encaminhamento
 Esquemas (estruturas mentais):
global das possibilidades de
significa dizer que as estruturas
desenvolvimento. Ou seja, o foco
mentais presentes na criança são
deveria ser o desenvolvimento integral
adequadas para ela se sentir
da criança. Porque trabalhando o
equilibrada em relação ao ambiente;
motor, o intelectual não pode ser
imaginemos que a criança de dois

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anos de idade tem um cachorro e  Acomodação - permaneçamos
52
acostumou-se a chamá-lo de “au-au”. no mesmo exemplo da criança e seu
Enquanto ela, nos seus passeios, só cachorro; se, num zoológico, a
se deparar com animais criança avistar uma cobra e um
quadrúpedes e cheios de pelos, com elefante, ela terá naturalmente o
todas as características de um ímpeto de perguntar se aqueles
cachorro, ela estará em equilíbrio; o bichos são “au-au”. Diante de
desafio para esse equilíbrio virá do resposta negativa, ela terá agora que
fato de ela encontrar um outro tipo de apresentar a capacidade de mudar -
animal que difira significativamente ou acomodar - suas estruturas
do cachorro dela. Neste ponto da mentais para acolher a nova
teoria em exame, dois outros realidade: não, aqueles dois bichos
conceitos surgem, sendo que ela viu não são “au-au”, e mais:
importantíssimos para a nem todos os animais são “au-au”.
compreensão do pensamento de Piaget afirma que a assimilação e
Piaget. a acomodação, por envolverem
 Assimilação: é o que acontece, mudanças ou adaptações de
retomando o exemplo acima, quando esquemas mentais ou estruturais, são
a criança, que tem, por hipótese, um fundamentais para o processo
pastor alemão, estiver frente a frente cognitivo.
com um “pinscher” no parque; ela
Assim, a Psicomotricidade, sobre
terá que se valer de um processo
a qual já se disse que é a ciência do
mental de assimilação. Em que
corpo em movimento, realiza-se na
consiste? Bem, apesar da diferença
educação da pré-escola basicamente
de tamanho dos dois cães, a criança
pelo movimento corporal e
deverá apresentar a capacidade de
preferencialmente através de jogos e
assimilar o “pinscher” também como
brincadeiras, “com uma
um “au-au”.

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intencionalidade”. (LE BOULCH, quanto por sua representação”.
53
1992) (WALLON, 1992)

O emaranhado de ideias A Psicomotricidade costuma estar


envolvendo a criança e a pré-escola presente na educação infantil por
inevitavelmente nos conduz às teorias meio, principalmente, de jogos e
pedagógicas de Henri Wallon, aqui já brincadeiras. E estes envolvem uma
citado amplamente, como gama de ações e reações, todas úteis
revolucionárias numa época em que a e necessárias nesta etapa do
inteligência, a memória (decorar) e a desabrochar do ser, quando ele
vontade de aprender eram os começa a se comunicar e a se sentir
elementos únicos e indispensáveis inserido no mundo das coisas e das
para se conquistar o conhecimento e, pessoas. Jogos e brincadeiras são
quem sabe, a erudição. Wallon foi o responsáveis pela interação, mesmo
primeiro a afirmar que a criança não na etapa em que esta se dá por meio
tem apenas uma cabeça, mas um de sinais, símbolos e gestos e de
corpo e emoções, e que devem estar umas poucas, digamos assim,
presentes em sala de aula, atitudes; responsáveis também pela
participando do momento do integração, posto que se realiza por
aprender. E em meio a conceitos tão meio do rir, do saltar, do correr, do
ousados quanto polêmicos - “reprovar subir e descer, do alcançar e ser
é a própria negação do ensino” - alcançado - enfim, toda a série de
Wallon fixa-se na motricidade para atividades de ordem física, lúdica ou
analisá-la, principalmente nos anos competitiva que ajudam o ser em
iniciais da criança, sob a ótica formação a perceber questões
pedagógica, afirmando que “ela tem essenciais e a desfazer bloqueios.
caráter pedagógico tanto pela Pode-se citar, entre outras, a rapidez
qualidade do gesto e do movimento, forçada pela percepção do tempo; o
situar-se, que remete à questão do

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espaço; o conhecimento - e ou nos contentar com uma definição
54
reconhecimento - de seus limites, de do tipo “direto ao ponto”, bem ao
seu corpo (e do outro), e aquilo que gosto de alguns educadores:
mais tarde virá a se transformar em educação infantil ensina através de
tolerância, aceitação de regras. É bem brincadeiras. Claro que não é só isso,
possível que a criança não se dê embora, em essência, não deixe de
conta de todos esses aspectos, mas, ser. Aí vem aquela famosa frase que
à medida que for ganhando ouvíamos dos mais antigos: “Se é pra
maturidade, certamente saberá se brincar, é melhor deixar em casa; sai
perceber como ‘normal’ e capaz de mais barato”. Só que o mundo evoluiu
suportar outros desafios e outras e hoje brincar é uma forma de
exigências. Quem sabe, agradecerá aprender. Tanto é que a Constituição
ter tido uma educação com o Federal em vigor, de 1988, dispõe em
concurso da Psicomotricidade. seu Artigo 208, Inciso IV, que a
educação infantil é “dever do Estado
Ora, pelo que foi exposto até
e direito da criança”. E se
aqui, já sabemos da importância da
desenvolve em creches (para crianças
Psicomotricidade na educação infantil,
de zero a três anos) e pré-escola
conhecemos suas práticas e seu
(para crianças a partir dos quatro
instrumental. Sabemos, também, de
anos). Daí porque a insuficiência
sua relevância no contexto da
crônica de vagas nesses
educação básica; sua
estabelecimentos leva um número
imprescindibilidade na educação que
considerável de crianças a começar a
se pretende abrangente. Todavia,
vida em situação de desvantagem em
talvez nos restem dúvidas quanto ao
relação àquelas às quais se garantiu
que, de fato, devemos entender por
esse direito.
Educação Infantil.
A propósito dessa crítica de
Podemos recorrer aos conceitos
gerações anteriores, cumpre
elaborados, citações de estudiosos,

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reconhecer que o brincar por brincar, que elas experimentavam toda sorte
55
ou brincar centrado em si mesmo, ou de emoções e saudável desafio, fosse
ainda, brincar sem desfrutar da correndo, saltando, pulando em
oportunidade de aprender (porque as árvore, agachando-se, andando de
brincadeiras, em si, ensinam, mas bicicleta, brincando de roda ou de
devemos compreender que sempre pique-esconde; enfim, a criança era,
restará algo a ensinar a partir das essencialmente, movimento. Se assim
brincadeiras), de fato não é o ideal não fosse, tratava-se, infelizmente, de
para nenhuma criança, em particular criança com algum problema. E hoje,
para aquelas que estão na fase de se com a televisão, os games, o
comunicar pelo corpo, pelos computador, o celular, a violência
movimentos. Daí a necessidade, o urbana, os espaços planejados para
sentido e o papel da pré-escola: os adultos e os carros dos adultos?
redirecionar essa ludicidade; levar até Ora, hoje, simplesmente, dissociou-se
à criança o significado que existe nas a palavra criança dos verbos brincar,
brincadeiras, nos jogos, na recreação; saltar, correr, etc. Na evolução das
deslocar aquela inicial preferência da coisas, que nem sempre é positiva, o
criança pela atividade lúdica isolada desenvolvimento motor passou a ser
para o prazer de brincar em grupo, objeto de redobrada atenção e
base da socialização, da preocupação de pais e educadores,
solidariedade, da convivência. E, porque se encerrou a fase em que ele
obviamente, o movimento é pedra vinha naturalmente,
angular dessa construção única, que é espontaneamente.
a criança em formação.
Ainda sobre educação infantil,
Devemos observar que, há algum deve-se afirmar que é consenso, entre
tempo, as crianças brincavam na rua, educadores, que o que nela se visa é
nas casas dos coleguinhas, na escola o desenvolvimento integral da criança.
mesmo, na casa dos avós. O fato é E é também consensual que este se

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estrutura, basicamente, no corpo,
56
nos movimentos, sendo estes a forma
que a criança que ainda não tem SAIBA MAIS:
domínio sobre a leitura e sobre a
Para ampliar seus conhecimentos
escrita encontra para se expressar, se
sobre o tema da Psicomotricidade
comunicar, compreender e ser na educação infantil, leia também:

compreendida. E ela o faz - e não  A Psicomotricidade na


Educação Infantil. Disponível
poderia ser de outra forma - pelos em
http://www.psicomotricidade.c
movimentos de apontar, por gestos de om.br/artigos/psicomotricidad
e_educacao.htm
uma maneira geral, por impulsos no
sentido de avançar e recuar, e assim
O site alunoon.com.br publicou
por diante. São esses movimentos - interessante material, otimamente
ilustrado, que se constitui em
ou assemelhados - que lhe permitem coletânea de quarenta ideias de
se relacionar nessa fase. Ora, agir atividades psicomotoras voltadas
para a educação infantil.
como mediador nessa etapa, Disponível em:
http://www.alunoon.com.br/infantil
garantindo evolução, segurança, /atividades
firmeza, é função do profissional da
denominada Educação Básica - cuja
formação não pode prescindir da
Psicomotricidade.

desenvolvimento _______________
é indicativo de que o mental
TESTE SEU CONHECIMENTO
transcorre normalmente. Assinale a
UNIDADE IV alternativa que completa os
espaços.

01. Uma das teorias de Jean Le


Boulch (1924-2001) indica que o A- ( ) mental/ motor
instrumental da Psicomotricidade B- ( ) mental/ cognitivo
permite chegar a um adequado
desenvolvimento motor, que tem C- ( ) intelectual/ cultural
conexão com o desenvolvimento D- ( ) físico/ psíquico
_______________. Por sinal, o

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57
02. Relacione a segunda coluna à 04. Piaget elaborou uma teoria com
primeira coluna. base na inteligência motora, que
defende que os movimentos
executados são oriundos do meio.
A- ( ) ciência do corpo em movimento Denomina-se essa teoria:
B- ( ) desenvolvimento integral
C- ( ) ensina através do brincar A- ( ) da prática motriz
D- ( ) instrumental da B- ( ) do aprendizado lúdico
psicomotricidade e da educação física
C- ( ) dos processos invertidos
D- ( ) do desenvolvimento infantil
1- ( ) educação infantil
2- ( ) psicomotricidade
3- ( ) jogos e brincadeiras 05. “Reprovar é a própria negação
4- ( ) aspectos físicos, emocionais e do ensino”. Que referencial teórico
intelectuais da educação psicomotora produziu
essa afirmativa?

03. A relevância da educação A- ( ) Henri Wallon


psicomotora se concentra, B- ( ) Jean Piaget
principalmente, na pré-escola.
Determinado estudioso dessa C- ( ) Helen Bee
ciência relacionou-a aos D- ( ) Esteban Levin
movimentos e, em especial, a jogos
e brincadeiras com uma
intencionalidade. Esse teórico foi:

A- ( ) Levin
B- ( ) Le Camus
C- ( ) Le Bulch
D- ( ) Wallon

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58

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A EDUCAÇÃO PSICOMOTORA COMO ATIVIDADE LÚDICA
59
O brinquedo é o trabalho da criança, é o seu ofício, sua vida.
Kergomard Pauline

Ao falar de educação psicomotora O universo da educação


estamos, implicitamente, falando de psicomotora, tomando-se por base as
Henri Wallon, filósofo, médico, teorias de Wallon, está assim
psicólogo e político francês. Da composto:
mesma forma como seus trabalhos
1. Motricidade de relação:
sobre a Psicologia do
predomínio da afetividade - “voltado
Desenvolvimento o consagraram no
à construção do Eu11”;
meio acadêmico, suas teses sobre a
2. Motricidade de realização:
complexidade do desenvolvimento
predomínio do cognitivo - “voltado à
humano marcaram os rumos da
construção do mundo”(WALLON,
Psicomotricidade. Wallon, no contexto
83).
da educação infantil, privilegiou a
motricidade. Henri Wallon, na formulação de
suas teorias, prefere não estudar o
A Psicomotricidade, ciência que
desenvolvimento da criança por um
tem nas ideias de Wallon parte de sua
único prisma, fazendo-o em relação a
expansão, se distingue por dois
aspectos afetivos, cognitivos e
ramos: o terapêutico e o educativo. A
motores, como amplamente já nos
educação psicomotora está,
referimos. Equivale dizer que, para
obviamente, no segundo ramo. Mais
conhecer a criança numa perspectiva
do que isso, ela é o segundo ramo. É
de “diferentes momentos do
conhecida por seu caráter preventivo -
desenvolvimento infantil”
previne distúrbio nessa área - e
(WALLON,1983), ele dirige seus
impulsionador do desenvolvimento,
interesses para quatro temas:
particularmente no âmbito da
11
atividade escolar. EU- o conhecimento que se tem sobre si
mesmo.

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1. emoção para situar a importância do trinômio
60
2. movimento professor-aluno-escola;

3. inteligência 4. Wallon é, por assim dizer,


oriundo da Psicologia e da
4. Personalidade
Pedagogia. Pois bem, ele entrelaçou
e direcionou essas disciplinas para a
Entre os diversos fatores que educação, praticamente dando novos
fizeram do pensamento pedagógico (e horizontes para a Psicologia da
note que ele nunca formulou uma Educação;

teoria pedagógica propriamente dita) 5. Exercendo sua vertente política,


desse psicólogo francês um “apresenta uma visão de uma
referencial para a educação educação mais justa para uma
psicomotora, devem ser destacados: sociedade mais democrática”,
expressa no Projeto Laugevin-
1. Seus estudos jogaram luz sobre
Wallon, fruto de três anos de trabalho
a complexa relação cognição-
(1945-1947), que buscava “repensar
afetividade no contexto da educação;
o sistema de ensino francês a partir
2. Ele consegue, com suas ideias,
dos princípios norteadores de justiça
iniciar uma comunicação entre
e dignidade, valorizando ainda a
aqueles aspectos (afeto e
cultura geral e destacando a
conhecimento) e junta, nesse
importância de primeiro ter-se
movimento, questões biológicas e
orientação escolar, e somente depois
socioculturais que, reunidos no
a profissional”. (FERREIRA, Aurino
enorme caldeirão walloniano
L.; ACIOLY-RÉGNIER, Nadja Maria.
(expressão nossa), vão contribuir
Contribuições de Henri Wallon à
positivamente para o cenário do
relação cognição e afetividade na
ensino e aprendizagem;
educação. In: Educar. Curitiba:
3. Ele parte do conceito de pessoa Editora UFPR. n. 36 p. 21-38, 2010)
completa (e seu desenvolvimento)

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Um aspecto interessante, que entendimento, será bem mais fácil
61
ressalta em Wallon, é sua convicção compreender como o autor descreveu
de que é imerecida a hegemonia que os estágios do desenvolvimento
desfruta a cognição no processo infantil:
educativo; para ele, o conhecimento
deveria ocupar, nesse universo, o
mesmo espaço que a motricidade ou 1.Estágio impulsivo-emocional

a afetividade. Percorre, aproximadamente, todo


o primeiro ano de vida da criança.
A presença de Wallon na
Wallon o denomina
educação psicomotora é melhor
“predominantemente afetivo”. A
entendida quando se penetra nos
criança se relaciona com o meio
conceitos formulados por esse teórico
através de emoções e, nessa fase, no
em torno do desenvolvimento, e que
tocante aos movimentos, a criança
serão largamente utilizados na
possui movimentos que os estudiosos
determinação da atividade lúdica
chamam de “desorientados”, mas “a
mais adequada para impulsionar esse
contínua resposta do ambiente ao
mesmo avançar (segundo os estágios
movimento infantil permite que a
definidos pelo próprio Wallon) e a
criança passe da desordem gestual às
capacidade, inerente à criança, de
emoções diferenciadas”. (WALLON,
adquirir conhecimentos.
1982)
Deve-se, inicialmente, conhecer a
noção que Wallon sedimentou, de
desenvolvimento infantil. Seria algo 2. Estágio sensório-motor e
que poderia se dar, sem qualquer projetivo
problema, repleto de conflitos (para
Vai, segundo o autor, de três
ele, conflitos geram evoluções) e
meses de vida da criança até o
pleno de “rupturas, retrocessos e
terceiro ano. É onde existe o
reviravoltas”. Com base nesse

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predomínio da inteligência, e se divide o teórico que, ainda nessa fase, “o
62
em: poder de abstração da mente é
consideravelmente amplificado [...] e o
 inteligência prática: interação
raciocínio simbólico se consolida
corpo-objeto
como ferramenta cognitiva (de
 inteligência discursiva: imitação
aprendizagens)”. (WALLON, 1982)
e “apropriação da linguagem”

3. Estágio do personalismo 5. Estágio da adolescência


Vai dos três anos aos seis: é A partir dos onze, doze anos de
quando está sendo formada a idade. Época que Wallon (1982)
personalidade do indivíduo, em que identifica como de “transformações
dois aspectos ressaltam: físicas e psicológicas” e de “busca de
autoafirmação e desenvolvimento da
 a criança nega e se opõe,
sexualidade”. Importante, por fim,
sistematicamente, ao adulto
anotar um pensamento-síntese de
 a criança ingressa na fase da
Wallon: O processo dialético de
imitação (segundo Wallon, motora e
desenvolvimento jamais se encerra.
social)
(Disponível em www.pt.wikipedia.org.
Acesso em: mar. 2017)
4. Estágio categorial
Feitas essas considerações sobre
Entre os seis anos de idade e os
aquele que deu uma feição, um
onze anos. Observa Wallon que,
embasamento e uma amplitude à
nesse estágio, a inteligência tem
Psicomotricidade, cabe esclarecer:
ascendência sobre as emoções; aí
são desenvolvidas capacidades de a) O papel primordial da
memória e atenção e, portanto, esse educação infantil é focar no
estágio revela-se importantíssimo desenvolvimento integral da
para o crescimento cognitivo. Explica criança;

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b) A Psicomotricidade, por e, em casos de desvios (por qualquer
63
prioritariamente atuar no processo motivo o modelo não foi seguido), faz-
ensino-aprendizagem, reveste-se se a correção. Na educação
de inestimável significado para a psicomotora relacional, ao contrário,
educação formal. Assim, colocar há inteira flexibilidade: são as
essa ciência a serviço da chamadas atividades livres. E o
educação - educação em seu professor, ao fazer a avaliação, avalia
contexto mais genérico - é a atividade e não o aluno - e não
ingressar no território específico da compara uma criança com a outra,
educação psicomotora. Sabe-se, porque o que vai lhe interessar é o
por exposições anteriores, que a grupo.
vertente educadora é uma das
Ainda sobre essas duas formas
tendências que o estudo do corpo
de educação psicomotora é preciso
em movimento assume, observado
destacar que sua prática dá-se por
um formato global, ou seja, em que
sessões, com ênfase para a sessão
variados aspectos são levados em
de psicomotricidade relacional. Cada
conta.
sessão, por sua vez, está composta
Por outro lado, um aspecto muito de ritual de entrada, atividades livres
importante ao se abordar a educação de expressão, construção e
psicomotora é refletir sobre as duas comunicação, e ritual de saída.
categorias em que ela se divide: a
Também é imprescindível saber,
educação psicomotora funcional e a
com algum detalhamento, de que
educação psicomotora relacional.
consiste cada uma dessas vertentes
Na primeira das categorias são da educação psicomotora. Assim,
apresentados modelos a serem temos:
seguidos pela criança; implica dizer
Educação psicomotora
que a carga de atividades é definida
funcional:
pelo professor, ou ainda, pela escola,

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 resolver problemas motores Nessas atividades conhecemos três
64
 melhorar o aspecto cognitivo etapas, cujas características são:
 melhorar o comportamento da
a) o seu início: reúne-se todas as
criança
crianças; cria-se certa expectativa
quanto ao momento exato do início;
Educação psicomotora relacional descreve-se, claramente, de que
consistirá a atividade; pede-se que
 desenvolver as potencialidades
cada criança se apresente e
relacionais da criança, utilizando a
observa-se o modo como cada uma
ação do brincar. (NASCIMENTO;
reage aos instantes que antecedem
MACHADO, 1986)
o início propriamente dito;
b) desenvolvimento do jogo: é o
A educação psicomotora é, por jogar, o brincar, o pular, o correr, o
excelência, a educação do movimento saltar; enfim, o movimentar-se
e, assim sendo, é natural que ela se livremente;
desenvolva e se expresse por c) o seu término: reúne-se,
práticas. Para que essas se novamente, todas as crianças e
processem, existem recomendações pede-se que cada uma diga o que
básicas a serem observadas pelas achou, do que mais gostou e se tem
escolas e por professores: o sucesso vontade de repetir. (SILVA, 2009)
ou fracasso desse tipo de educação À medida que avançamos no
vai depender, em grande parte, da conhecimento da educação
estrutura disponível (local amplo, psicomotora - seu significado, suas
arejado, de preferência ao ar livre), interferências, seus fundamentos,
bucólico se possível, adaptado, se sua prática - é possível identificar
necessário; material suficiente e sua relação com a ludicidade.
adequado, chamativo, seguro, bem Verificamos, inclusive, que sua
conservado, como cordas, colchão vertente relacional é essencialmente
para saltos, jogos de montar e outros.

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o brincar, estabelecendo relações pedagógica como vocação.
65
As
através de movimentos lúdicos e variadas definições do que vem a ser
espontâneos. Mas o que vem a ser lúdico passa, quase que
ludicidade? O que se pode entender obrigatoriamente, pela educação
por atividade lúdica? infantil, pelos primeiros anos de
ensino fundamental, pela Educação
O lúdico é comumente associado
Física, assim como tem inestimável
aos jogos e brincadeiras, mas, na
valor nos domínios da terapia ou da
realidade, tem uma dimensão um
reeducação.
pouco mais ampla. Existem correntes
que admitem que toda atividade E assim, vamos observando que,
prazerosa, que provoca um no fundo, brincar é coisa séria. Tanto
sentimento de aproximação entre os que a ludicidade já foi chamada de
envolvidos, pode ser considerada pedagogia do brincar, numa referência
lúdica. A fantasia está, à brincadeira como prática
invariavelmente, associada ao lúdico. pedagógica e, portanto, educativa. Já
Não é necessário nada padrão, nada se foi o tempo em que brincar se
pré-estabelecido, nada orientado com vinculava, unicamente, ao ócio. Ou
intenções educacionais ou de ampliar que se dizia que era coisa sem valor,
a socialização de crianças para que porque era coisa de criança. Hoje é
se tenha uma circunstância lúdica. observado, analisado, teorizado sob o
Crianças reunidas ao acaso, num fim prisma da aprendizagem, da
de tarde, numa vasta área gramada, o sociabilidade e com enfoque de
correr, o pegar, o subir em árvores, o recuperação.
cantar, o ouvir histórias, tudo isso
Tomemos Freud como referência
configura um inesquecível momento
teórica:
lúdico.
O brinquedo é o caminho real
O lúdico tem a escola como um
para o inconsciente da criança, assim
de seus lugares definidores e a prática

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como o sonho é o caminho real para o Nacional da Educação Infantil
66
-
inconsciente do adulto. (Freud, 1990 ) RCNEI - explicita:

Da mesma forma, Wallon pode O trabalho direto com crianças


ser esse referencial através de seus pequenas exige que o professor tenha
estudos sobre a ludicidade. uma competência polivalente. Ser
Observemos alguns de seus polivalente significa que, ao professor,
pensamentos a respeito: Para a cabe trabalhar com conteúdos de
criança, o andar, parar, cair, levantar, natureza diversas que abrangem
andar de novo, é um ato lúdico. E: desde cuidados básicos essenciais
Toda atividade motora é lúdica. até os conhecimentos específicos
(WALLON,1983). E, para ele, provenientes das diversas áreas do
finalmente, também na nossa conhecimento. (1998:41)
linguagem, se houver poesia, rimas,
Feitas essas considerações sobre
humor, existirá ludicidade.
a educação psicomotora e a atividade
As atividades lúdicas exigem, de lúdica, resta examinar como uma
parte das escolas, bem mais do que pode estar presente na outra.
ações espontâneas e movimentos de Alexander (1983), comentando a
liberdade. Se, de um lado, atividade que envolve o corpo refere-
particularmente na educação infantil, se à Educação Física como algo que
ensejam benefícios, alteram para engloba essa atividade em termos de
melhor o comportamento das funções (práticas).
crianças, por outro lado requerem dos
Em duas outras abordagens, o
estabelecimentos que estejam
mesmo autor aponta para aspectos
preparados, seja com ambientes que
psíquicos relacionados à atividade
propiciem melhor rendimento, seja
corporal: o desenvolvimento do Ego
com profissionais qualificados. A esse
corporal e o conhecimento do mundo
propósito, o Referencial Curricular
exterior (realidade) que esse Ego
propicia. A propósito, Freud (1923, p.

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238) afirma que o Ego12 é, antes de graças ao fator criatividade, e também
67
tudo, um Ego corporal. por contribuir, principalmente, para
duas formas de desenvolvimento: o
Segundo estudiosos da primeira
psicomotor e o social. De outro lado,
infância - que alguns denominam
alguns teóricos descartam o lúdico
pequena infância - tanto os aspectos
nessa disciplina (Educação Física)
psíquicos como os relativos ao
porque alegam que algumas de suas
movimento são imprescindíveis ao
práticas estão contaminadas pelo
desenvolvimento integral da criança, a
pecado da competição; para um grupo
partir:
mais, digamos assim, ortodoxo, lúdico
 de seu próprio corpo; é prazer e nunca competição.
 dos objetos;
Mas, prosseguindo, Lapièrre (s/d)
 do “outro”. conceitua a educação psicomotora
Na avaliação da educação como “ação psicopedagógica que
psicomotora como atividade lúdica, utiliza os meios da Educação Física
ingressamos em um terreno em que (...)”. Portanto, fica evidenciado que o

conceitos se integram e práticas se lúdico é, sim, instrumental da


confundem. Tomemos como exemplo educação psicomotora e que os
disso, a presença da ludicidade na recursos de que esta se vale para
Educação Física, entendida como atuar no contexto ensino-
meio de realização da ação aprendizagem, têm uma inegável

psicopedagógica, e ainda, a atividade conotação lúdica, principalmente por


lúdica como veículo de aprendizagem. envolverem, com grande ênfase, o
Nesse contexto, temos que a corpo, o movimento.
ludicidade adentra a Educação Física Um bom exemplo é a música. É
sabido que toda manifestação musical
12
Ego - denominado “o Eu de cada um”, podendo ser
tem um componente lúdico e,
entendido como aquilo que indica a personalidade de
cada indivíduo. observados os movimentos que a

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criança é estimulada a realizar em Ou seja, movimento, educação,
68
presença da música - para frente, afetividade, por via da socialização.
para trás, rodando para a esquerda,
Um dos caminhos que percorre a
rodando para a direita,
ludicidade, no pátio da escola e na
movimentando-se para cima e para
sala de aula, é desenvolver na
baixo - podemos pensar em
criança, adicionalmente, o gosto, a
fragmentos de uma educação
curiosidade e, principalmente, o
psicomotora, com aspectos que
interesse pela Arte. Acredita-se que
passam pelo ritmo (organização
não exista nada mais lúdico do que,
temporal) e pela ocupação de
por exemplo, as artes cênicas (o
espaços (organização espacial). Além
teatro). Elas dão prazer, ampliam
do mais, ampliando a noção do corpo
saberes, mexem com a imaginação,
e trabalhando a imagem que a criança
com a emoção, com o olhar crítico,
tem do próprio corpo. Isso apenas
com a expressão. A Arte como
para citar as situações mais
atividade lúdica também não se limita
emblemáticas do conjunto movimento-
a faixas etárias: dá-se, neste contexto,
aprendizagem-ludicidade.
o prolongamento da ludicidade pelos
O jogo infantil, por seu turno, é anos da maturidade, da velhice, assim
elemento que também conecta os como significa o retorno ao deleite, ao
espaços lúdico e psicomotor por descompromisso e às descobertas da
associar o corpo, o símbolo (os infância. Em turmas da pré-escola,
chamados jogos simbólicos, de onde o lúdico reina, não costumam
determinado estágio do faltar o desenhar, o colorir, o pintar, os
desenvolvimento da criança, que trabalhos manuais. E apresentam
contribuem para a assimilação da essas práticas de natureza lúdica, um
realidade) e, numa etapa mais aproveitamento excepcional na escala
avançada, a assimilação das regras. do desenvolvimento nesse período
(com reflexos na criação de limites). escolar, justamente porque não

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envolvem nada além da alegria, do para a Educação Infantil abordando a
69
prazer, da satisfação e da questão dos brinquedos e
concentração. E, no entanto, essa brincadeiras. Compreender as
seria uma atividade lúdica que especificidades da educação
contraria sua essência? Por ser psicomotora é compreender a criança,
dirigida e ter modelos? Afinal, por que suas possibilidades, suas dificuldades,
se ensina Arte? Para que se desperte, seus medos e sua alegria. Entre as
em particular nas crianças, sua possibilidades estão o mover-se, o
criatividade, para que elas conheçam envolver-se, o conhecer… Suas
novas maneiras de enxergar, de dificuldades têm sido objeto de
compreender, e que um mesmo fazer estudos ao longo dos anos (séculos).
artístico pode envolver outros Sua alegria tem sido fator de
materiais, outra roupagem e outras adaptação, de integração, de
interpretações. Todas essas construção do crescimento e da
descobertas, a convivência com essas normalidade. Por isso, ao analisar
possibilidades é… lúdica. pontos de convergência entre
ludicidade e aprendizagem, é
Através das brincadeiras, a
impossível não ater-se ao brincar.
criança, respeitados os seus estágios
de desenvolvimento: Mas, antes, é preciso saber que a
criança nem sempre teve o que
a) Se movimenta;
modernamente se entende por
b) Se relaciona;
infância. E, quando começou a ter
c) Se desenvolve
uma educação formal, seu brincar era
d) Se expressa
restrito a intervalos e jamais
e) Aprende
acompanhado com o interesse e olhar
científico das últimas décadas. Na
É tão importante o brincar que a
verdade, o brincar da criança era
questão da ludicidade ocupa espaço
prova de sua inutilidade - numa
nas Diretrizes Curriculares Nacionais

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concepção essencialmente brincar como indissociáveis, nem tudo
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materialista e nada humanista - e não são flores. É que ainda encontramos
despertava nenhuma atenção. A crianças, mundo afora, vivendo o
educação da época era dada, via de drama do trabalho escravo, do roubo
regra, pela Igreja, e tinha caráter da infância, da negação do brincar e
sisudo, formador do caráter e dos da anulação do futuro. Felizmente
valores éticos e morais dos futuros essa, podemos dizer, pelo menos em
adultos. Tudo isso, é claro, associado nosso país, hoje é a exceção. A regra
a boa dose do saber de então, que a é a garantia de um quinhão de
escola nunca abriu mão de seu papel felicidade para nossas crianças,
de promotora do conhecimento. Os mediante o cuidado, a atenção, a
colégios, particularmente os internos, dedicação, com a plena consciência
mais pareciam instituições militares: de que isso significa uma população
disciplina uso de castigos corporais e adulta mais saudável. Não podemos
a única coisa que se valorizava no desconhecer os esforços do Estado
educando era o grau de submissão - brasileiro para tornar o trabalho infantil
esse era o bom aluno. fato pretérito.

Temos, portanto, que dar um As relações entre a criança e os


gigantesco salto até este início de brinquedos se acentuam na segunda
século XXI para encontrar a criança e metade do século XIX por meio de
o brincar como partes de uma só e sua produção industrial. A criança
bem estudada realidade. descobre, então, o brinquedo como
Principalmente nos espaços da “mediador entre ela e o mundo” (BEE,
escola. E também para refletir que, a 1996) e, com a intensificação do
despeito de um considerável brincar, a criança penetra no mundo
patrimônio envolvendo análises, lúdico - o mundo dos sonhos, da
teorias e teses educacionais imaginação, da fantasia.
englobando os atos de aprender e

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E estudiosos de diversas áreas duas gerações. Os jogos eletrônicos,
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que têm a criança como seu objeto de os videogames, os próprios aparelhos
interesse surpreende-se com a celulares, com seus jogos e
quantidade de benefícios que aplicativos, são a nova ludicidade das
emergem desse encontro: criança e crianças deste século XXI. Agora,
brinquedo. Para se tiver uma ideia, a podem ser considerados lúdicos?
criança aprende para brincar, brinca Afinal, dão prazer, reforçam a
para aprender e também brinca de afetividade, trabalham a socialização,
aprender. e por aí vai. Só que não estão
associados a movimento, não
Brougère (2001) fala das
aproxima, não estimulam o fazer em
transformações do brincar, na esteira
grupo. Mas, justiça seja feita,
da evolução social, cultural,
cumprem um papel cognitivo. De
econômica, científica e tecnológica.
qualquer forma, os jogos infantis e os
Esse foi um fenômeno registrado no
jogos simbólicos foram substituídos
mundo todo, em especial por volta dos
pelos jogos eletrônicos.
anos finais do século XX. Mas o autor
fala, também, da “mudança na cultura Felizmente, a escola ainda é fiel
lúdica da criança”. Fala, obviamente, depositária dessas lembranças e
que o brincar assumiu outra dessa necessidade. É ela quem
concepção, outro formato, novos resgata o lúdico na pós-modernidade
significados. O brincar na rua está como movimento, gesto, interação
desaparecendo, por ‘n’ razões. social. E mais: retira o brincar de uma
Brincadeiras como “cabra-cega”, instância consumista em que
“chicotinho queimado”, “passar o mergulhou. Oferece o brincar
anel”, “brincar de roda” e tantas outras tradicional na pré-escola e isso faz
já são desconhecidas de, pelo menos, toda a diferença

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A- ( ) singular/plural
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SAIBA MAIS: B- ( ) terapêutico/ educacional
C- ( ) terapêutico/ filogenético
Para adquirir maiores informações
D- ( ) lúdico/ desenvolvimentista
sobre a atividade lúdica como
alternativa educacional, leia material
do II Simpósio Nacional da Educação
promovido pela Unioeste. Disponível
em http://www.cac- 02. Henri Wallon, ícone da
php.unioeste.br/eventos//iisimposioed Psicomotricidade, direcionou
ucacao/anais/trabalhos elementos da Psicologia e da
Pedagogia para a educação, dando
novos referenciais à:
Com vistas a conhecer um outro
enfoque acerca da ludicidade e sua
presença na educação, leia também: A- ( ) Educação Física
 Sexualidade e ludicidade na B- ( ) Filosofia
educação infantil. Disponível em:
http://www.academia.edu/831155 C- ( ) Educação básica
9/SEXUALIDADE-E- D- ( ) Psicologia da Educação
LUDICIDADE-NA-EDUCACAO-
INFANTIL

03. Marque a alternativa que melhor


define os conceitos de educação
psicomotora funcional e educação
TESTE SEU CONHECIMENTO psicomotora relacional:

UNIDADE V
A- ( ) A educação psicomotora
funcional é aquela cuja carga de
atividades é definida pelo professor; a
01. A Psicomotricidade tem em sua educação psicomotora relacional, ao
formação como ciência - ou contrário, é a das chamadas
neurociência para muitos - um atividades livres.
histórico de expansão por dois
B- ( ) a educação psicomotora
ramos: o ________________ e o
funcional se organiza em função de
________________. A educação
elementos abstratos, ao passo que a
psicomotora é a corrente educativa
educação psicomotora relacional se
de que fala Henri Wallon. Assinale a
apoia em fatos concretos.
alternativa que completa a frase.
C- ( ) a educação psicomotora
funcional é oriunda da fenomenologia

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e a educação psicomotora relacional C- ( ) Não totalmente correta, não
73
pertence ao universo da Sociologia. totalmente errada
D- ( ) a educação psicomotora D- ( ) Sem sentido.
funcional se aplica à educação infantil
e a educação psicomotora relacional é
aplicada na Educação de Jovens e
Adultos - EJA. 05. “O brinquedo é o caminho real
para o inconsciente da criança,
assim como o sonho é o caminho
real para o inconsciente do adulto”.
04. A atividade lúdica não é Que teórico é o autor dessa frase?
indicada apenas numa perspectiva
de aprendizagem; ela se estende
aos campos da reeducação e da A- ( ) Piaget
terapia. Esta afirmativa está: B- ( ) Santos Dumont
C- ( ) Freud
A- ( ) Correta D- ( ) Henri Wallon
B- ( ) Errada

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PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
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Em conferência proferida na pretendem qualificar a educação
Universidade de São Paulo, há alguns através de sua própria produção
anos, o professor Antônio Nóvoa, da acadêmica (e científica), nascida na
Universidade de Lisboa, chama a Academia e lá mesmo legitimada por
atenção para o que ele identifica como eles mesmos, ou entre eles mesmos.
“excesso do discurso científico- Quer dizer, o professor, para não ficar
educacional à pobreza das práticas com a pecha de retrógrado, investe no
pedagógicas”. Para maior clareza, ele saber que lhe é apresentado como
faz dois tipos de crítica: a do excesso qualificante, um saber distante da sala
do cientificismo e a da pouca de aula, um saber que, centrado na
expressividade das práticas teoria, despreza a prática pedagógica.
pedagógicas. E, inicialmente, refere- O brilhante conferencista termina sua
se à proliferação de investigadores intervenção recordando as palavras,
educacionais (estudiosos, em tom de desabafo e revolta, de um
especialistas, pesquisadores) que se professor português: “[...] não temos
caracterizam por uma produção mais espaço, nem legitimidade, para
acadêmica em grande quantidade, lançar dinâmicas pedagógicas novas”.
distribuída por artigos, ensaios, teses, (http://www.repositorio.ul.pt)
cursos, etc. A crítica ácida do
Sabe-se que é difícil definir prática
professor Nóvoa pode ser assim
pedagógica. Freire (1991), que
resumida: com todo um arsenal
reivindica um componente dialógico
teórico gestado na própria
(através de algo prático constrói-se o
Universidade, os tais investigadores
conhecimento e, nesse processo,
produzem, junto com seus trabalhos,
‘dialogam’, ‘participam’, professor e
um discurso de crítica aos professores
aluno) para toda e qualquer prática
- “eles não se atualizam, são avessos
pedagógica, diz que este termo não
a inovações e mudanças” - e

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pode ser definido, apenas concebido. dos alunos, bem como selecionar as
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Educadores com uma concepção práticas mais recomendadas.
menos tradicional do que seja prática
Há consenso em torno do exagero
pedagógica sugerem que esta nem
na preocupação com o
sempre alcança o seu intuito de
desenvolvimento cognitivo de crianças
transferir conhecimentos porque não
em idade da pré-escola. Alegam os
existe mais aluno passivo, no sentido
que fazem essa crítica que é porque
do professor todo-poderoso ditar a
cada vez mais se expande a
forma de aprender, isto é, agir sobre
convicção de que esta é etapa
esse aluno e não junto com ele.
preparatória do ensino fundamental.
Porque - argumentam - a descoberta
Vimos aqui que este é um
do conhecimento tem que ser,
pensamento dominante em muitas
modernamente, uma ação conjunta
correntes pedagógicas que alertam
envolvendo o mestre e o aprendiz.
que, no que se refere à alfabetização,
O exame da aplicação de por exemplo, a educação infantil
atividades ou práticas pedagógicas antecipa-se e, com isso, atropela as
psicomotoras que são levadas a efeito etapas. Aliás, é o que veremos no
no contexto da educação infantil exige tópico seguinte.
o reconhecimento de algumas
O grande debate ocorre então ante
impropriedades e de deficiências na
a possibilidade de uma fase - a
própria formação do corpo docente
educação infantil - se confundir com
que é incumbido dessa ação. Quanto
aquela que a sucede - o ensino
a esse último aspecto, em muitas
fundamental - em prejuízo da criança
instituições da rede pública observa-
enquanto criança; educadores que
se a insuficiência de professoras com
enxergam como real essa
formação docente que lhes permita
possibilidade, apontam para certas
avaliar o desenvolvimento psicomotor
práticas pedagógicas que - segundo
afirmam - antecipam o período

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seguinte da educação. Citam, por lúdicas suprem perfeitamente a figura
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exemplo, aquelas que privilegiam o do psicomotricista. De acordo com
intelecto em detrimento do corpo; aqueles autores, exercícios e
alegam que o movimento, nessa brincadeiras nunca são prejudiciais,
hipótese, perde sua primazia - e isso de forma alguma, mas talvez não
reclama, não é bom para a criança, represente de uma forma que é quase
que tem na primeira infância o corpo empírica, o ideal. Isso porque
como forma principal de expressão e atividades que contemplam mais de
comunicação. Lembram ainda, que é um aspecto das necessidades
pelo corpo, nas idades iniciais, que a concernentes à etapa de
criança se relaciona, se comunica, e desenvolvimento em que a criança
se sente no mundo. Em resumo, a está às vezes são deixadas de lado,
crítica está centrada no suposto ou não trabalhadas com abrangência
aumento de práticas pedagógicas que e técnicas desejáveis. Então, em
priorizam a aprendizagem, resumo, temos, em relação às
desconhecendo outras que cuidam, atividades de expressão corporal na
por exemplo, do movimento e da educação infantil, problemas que vão
expressividade. da formação docente - o
conhecimento de aspectos
Autores contemporâneos, como
psicomotores que interferem na
Levin, Emilia Ferreiro e Helen Bee,
aprendizagem - até a valorização do
têm insistido em suas obras que o
especialista em Psicomotricidade. E aí
profissional especialista em
surge o mito de que a ludicidade
Psicomotricidade vem sendo, no
superam todas essas imperfeições na
cotidiano da educação infantil,
maneira de definir os rumos da pré-
sutilmente ignorado pelas instituições
escola. Aliás, sobre o papel e a
de ensino, no pressuposto de que os
realidade desse período educacional
professores de Educação Física e as
aqui no Brasil, gostaríamos de
professoras com suas atividades
recordar sua importância como base

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de ações futuras dos docentes junto reequilibrar o lado emocional dessas
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ao alunado de outros estágios do crianças, afetadas por todo tipo de
ensino; e, diante disso, lamentar o carências, insuficiências e violência. E
descaso do Estado, provocando o não uma atividade programada para
surgimento de duas categorias de fazer da ludicidade um caminho para
criança: as que se desenvolvem e a aprendizagem. E essa não é uma
conquistam a possibilidade de uma fragilidade da rede pública que se
escolarização bem sucedida e as que limite a uma prática pedagógica: é
são, simplesmente, acolhidas nas uma imagem do fosso que separa a
creches e mesmo na pré-escola - pré-escola das classes mais
acolhidas e precariamente favorecidas (em especial, quando se
trabalhadas -, enquanto suas mães trata de creche) das mais
trabalham muitas vezes nas casas empobrecidas. Isso se reflete não
daquelas crianças que podem apenas na estrutura física, mas,
frequentar a rede particular. Bom, mas principalmente, no cuidado em
aí nós já estamos entrando em selecionar e programar práticas que,
considerações de natureza social, o de fato, ajudam seres em
que foge ao nosso objetivo. O fato é desenvolvimento. De um lado, todo o
que, especialmente nas creches da arsenal teórico, elaboradas práticas
periferia, até pouco tempo - hoje a pedagógicas e psicomotoras,
situação melhorou, convenhamos - O beneficiando crianças afortunadas e
Estado muito mais abrigava essas impressionando seus pais. E, de outro
crianças do que educava. E, nesse lado, a instituição à qual pouca
contexto, assistia muito mais o importância foi dada, devido à sua
crescimento dos alunos do que seu condição de equipamento da rede
desenvolvimento (motor, cognitivo…). pública de educação. Mas - devemos
E muitas vezes as atividades lúdicas, reconhecer - houve um inesperado
por exemplo, eram oferecidas avanço quanto a isso, recentemente,
especificamente com o intuito de e hoje temos uma pré-escola também

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comprometida nas periferias, salvo principalmente onde ela se torna mais
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excepcionalidades mais marcantes. O necessária, de algo mais inserido nos
que se verifica, hoje, nas periferias, referenciais teórico-científicos que
por exemplo, é um corpo docente em recomendam esse tipo de educação.
geral dedicado, procurando investir
Verifica-se, no contexto da
constantemente na sua formação, em
educação infantil - que é onde as
geral numa atitude isolada e sem o
práticas pedagógicas se constroem
apoio do poder constituído, e
com maior aproveitamento e onde
normalmente valendo-se de material
significam mais - que o movimento
disponível na internet, publicações
ocupa, entre os conceitos, lugar de
especializadas, ou seja, buscando,
destaque. E isso como forma de
por si mesmo, conhecer e aplicar um
comunicação, expressão e
referencial teórico atualizado e de
encaminhamento para a
qualidade para sua atividade. Um
aprendizagem.
dado curioso é que alguns desses
profissionais atuam na rede pública e O teórico francês Le Boulch

em estabelecimentos privados ao (1985), sobre a evolução psicomotora

mesmo tempo, fazendo dessa aborda as etapas do que ele

situação uma oportunidade para denomina esquema corporal:

transferir técnicas que ainda são  Estágio 01: corpo vivido - vai de
privativas “daquele outro lado” zero a três anos; a criança ainda não
(privilegiado), digamos assim. O fato é tem consciência de si, está presa ao
que hoje podemos constatar que a mundo e sem a noção de
atenção aos estágios da infância, individualidade; ela sente o meio
seus aspectos identificadores e a como parte dela. Essa etapa
atribuição de práticas segundo o fator corresponde ao estágio sensório-
determinante de cada um desses motor da teoria de Piaget.
estágios de desenvolvimento têm  Estágio 02: corpo percebido - vai
aproximado a pré-escola, de três a sete anos; seu corpo é

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referência e as noções de espaço e A eficiência, no entanto,
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de
de tempo são obtidas, e com isso determinada prática vai depender,
maior coordenação; sim, do conhecimento acumulado e
 Estágio 03: corpo representado - em condições de ser usado pela
vai de sete a doze anos; as docência, porém, em grande
referências da criança já não estão dimensão, da vivência e da
centradas nela, em seu corpo; são experiência do professor e do
agora exteriores a ela. conhecimento amplo que deve dispor
Os professores, com sua atividade sobre a turma. O chamado “tempo de
centrada na educação psicomotora, estrada” conta nessa hora.
precisam conhecer, plenamente, cada
Feita essa ressalva, vamos
um desses estágios, a fim de propor
apresentar uma relação de alguns
práticas que se adequem a cada um
exercícios psicomotores que
deles. É claro que aqui estão sendo
legitimam essa prática pedagógica:
apresentados numa versão mínima
porque é o quanto basta para 1. Esquema corporal - têm as

fundamentar a necessidade de que os brincadeiras de mímica, de

exercícios não estejam aquém nem escultura (estátua), temos o

além do desenvolvimento psicomotor desenhar, o pintar, montar partes do

da criança. Mas, na prática do dia a corpo humano (dá uma boa ideia de

dia, sua escolha exige dos pertencimento);

professores um aprofundamento não 2. Coordenação motora (praxia


só nas lições de Le Boulch, como nos global) - andar; rolar, engatinhar,
ensinamentos com que a Psicologia relaxar, correr e chutar bolas são as
pode contribuir. Não nos esqueçamos principais;
de que a Psicomotricidade é ciência-
3. Praxia fina - brincadeiras de
encruzilhada, onde os saberes se
modelar, rasgar, amassar, recortar,
cruzam e se encontram.
colar e, novamente, pintar;

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4. Orientação temporal e Solange. Práticas Pedagógicas.
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espacial - são recomendadas XXIV Congresso Nacional das
atividades rítmicas, pela questão APAES, 2011)
do ritmo das músicas e,
principalmente, a mudança de O que visam esses exercícios?
ritmo; andar de olhos fechados; Será que eles poderiam ser aplicados
arremessar e quicar bolas; andar na eventualidade de se ter que partir
sobre linhas (ou barbantes) em para uma reeducação motora? Que
várias direções, ativando a tipo de problemas eles podem
orientação espacial; andar entre detectar? Numa perspectiva
objetos com o propósito de avaliar preventiva, como já foi evidenciado
o equilíbrio e, simultaneamente, a aqui, algumas dessas práticas podem
noção de espaço disponível; apontar situações que a professora da

E, nesse contexto, emergem os educação infantil pode relatar e,

jogos com sua múltipla utilidade: através desse relato, motivar, quem
sabe, a intervenção da etapa seguinte
a) De perseguição;
da educação (docentes do ensino
b) Funcionais (esses jogos
fundamental). Alguns exemplos do
propiciam exercícios de repetição
que ela poderia relatar:
realizados com o próprio corpo,
como mexer as mãos, balançar a  Dificuldades, debilidades,

cabeça ritmadamente; passar observadas no curso de

objetos de uma mão para a outra); brincadeiras, às vezes envolvendo

c) Simbólicos - são os de imitações coordenação motora, às vezes

de objetos (“eu sou um poste”), de equilíbrio;

papéis adultos (repetir atitudes,  Um ritmo menor do que o

voz, olhar e gestos do vovô, por esperado, por exemplo, na

exemplo) e de animais (imitar um brincadeira de recontar uma

galo cantando). (SANTOS, história: a criança pode gaguejar,

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pode repetir em excesso, pode se  Derrubar objetos com frequência
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esquecer de partes, e assim por - ou seja, aquilo que os pais menos
diante; atentos e menos informados
 Idem com relação às tarefas atribuem a “ser estabanado”;
propostas, de uma maneira geral;  Dificuldades para recortar;
 Em atividades manuais como  Idem quanto a orientar-se no
recortar, colar, pintar somente o espaço;
interior das figuras ou - o que é  Idem quanto ao tempo - um
relativamente comum - dificuldades exemplo clássico é que a criança não
ou impropriedades na hora de consegue perceber mudanças de
segurar o lápis, borracha, régua, ritmo na música, por mais evidentes
etc. (SANTOS, 2011) que sejam;
As práticas pedagógicas são  Forma inadequada de segurar
normalmente empreendidas com objetos;
vistas a dar suporte à tarefa de  Dificuldade para imitar a postura
ensinar. Só que, analisadas por uma de outras pessoas, e não
ótica psicomotora, são capazes de necessariamente por inibição, mas
indicar desordens (ou seus indícios) por problemas de atenção,
de toda natureza, constituindo-se observação, concentração.
problemas que, detectados, requerem Enfim, o que se verifica é que os
intervenção: sintomas se repetem diante de
práticas diferentes, orientadas
 Atraso no desenvolvimento
segundo correntes variadas da
motor;
educação psicomotora, e observadas
 Quedas frequentes ou equilíbrio
por estudiosos diferentes. (NETO,
não satisfatório;
2002)
 Rendimento insatisfatório ou
problemas em atividades dinâmicas Os distúrbios acima listados foram,
como correr, pular, saltar; ademais, os que mais se repetiram na

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literatura psicomotora como fruto de Uma prática que a educação
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observação, experiência e testes psicomotora costuma aplicar consiste,
envolvendo práticas pedagógicas. E justamente, em testar a dominância
estas, as práticas, em geral são ocular e se estrutura dessa maneira:
aquelas de que a educação
1. Coloque as crianças em fila
psicomotora mais se utiliza para
indiana;
avaliar parâmetros de normalidade e
2. Não trabalhe com mais de seis
anormalidade dentro do
crianças;
desenvolvimento global observável na
3. Apresente a elas uma folha de
educação infantil.
papelão de bom tamanho e, nessa
folha, evidencie através de cor ou
qualquer chamamento de atenção,
Apenas um parêntese
um orifício; faça-o de tal forma que
a criança consiga ver, sem
Retomemos o conceito de dificuldade, um objeto que estará
lateralidade para apresentar um atrás do papelão;
pequeno desafio. Vimos que a 4. Mude constantemente o objeto a
lateralidade envolve a dominância de ser visualizado para tornar o teste
uso de uma das mãos, em detrimento mais atrativo;
da outra. Vimos, também, que daí 5. Serão feitas anotações de
resulta o surgimento do que se quantas vezes a criança olhou e
convencionou denominar “canhoto”, com que olho em cada vez;
quando existe a supremacia de 6. Se a criança olhar sempre com o
utilização da mão esquerda. Porém, a mesmo olho, haverá “dominância
lateralidade não se restringe à mão - a ocular definida”;
dominância de uso pode também 7. Se, no entanto, olhar cada vez
envolver um dos pés ou um dos olhos. com um olho, a dominância ocular
será indefinida. (NETO, 2002)

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Agora você está desafiado (a) a De acordo com Bastos (2001,
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sugerir uma prática que leve em p.36), quando pensamos a educação
consideração à observação do psicomotora, evocamos “pensamento
aspecto lateralidade a partir dos e ação, envolvendo emoções”. E,
pés, ou seja, de utilização dos pés como já vimos em outros capítulos,
da criança. Boa sorte! pensamos que esse tipo de educação
cria na criança uma espécie de
Voltando à discussão em torno de
consciência do que é e para que sirva
práticas pedagógicas, cabe, numa
o seu corpo; favorece o seu equilíbrio;
tentativa de examiná-las sob o prisma
define sua lateralidade; dá a ela
da educação psicomotora, procurar
noções do espaço em que vive e dos
saber em que medida se confunde
efeitos do tempo, que ela passa a
com atividades psicomotoras - se é
conhecer; exterioriza suas habilidades
que se confundem - e se é coerente
(o que ela consegue fazer e com que
denominá-las ‘práticas pedagógicas
perfeição o faz).
psicomotoras’. O conjunto dessas
práticas - cuja conceituação, como Educar na prática é o que faz a
vimos, é incerto, considerando-se que educação psicomotora através de
prática não se define, realiza-se - atividades, exercícios, brincadeiras e
deve associar os movimentos jogos, tudo se estruturando sob a
corporais a propósitos educacionais. forma de atividades motoras e
Daí a expressão “educação pelo psicomotoras presentes,
movimento”. Grosso modo, podemos principalmente, na educação infantil.
dizer que toda atividade psicomotora, Aliás, essas atividades cada vez mais
tendo em vista a possibilidade de sua se contrapõem à escassez de
aplicação para os fins de educar e atividades que, na família, e mesmo
aprender (educação e aprendizagem) no ambiente da rua, se verifica
constitui uma prática pedagógica. atualmente. Com efeito, é indiscutível
a invasão de a tecnologia no brincar,

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no lazer, fazendo com que a escola se  O próprio canto (cantigas de
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torne a memória e a depositária do roda) e a dança.
aspecto motor na recreação infantil. Em:
Algumas atividades merecem aqui http://pt.slideshare.net/letymiura/suges
registro, seja porque caíram no toes-de-atividades-psicomotoras
esquecimento, desapareceram do correlaciona atividades psicomotoras
brincar espontâneo (o da escola, não por áreas que mais se beneficiam
nos esqueçamos, é dirigido), seja desses exercícios - num contexto que
porque ativam na criança variados reúne a criança, a educação infantil e
estímulos: a educação psicomotora:

 A tradicional corrida de saco;


 A dobradura, a pintura, a
1. Exercícios fonoarticulatórios
colagem, o grafismo, geralmente em
 Fazer caretas que expressem
grupos reunidos na casa de um
tristeza, alegria, raiva, susto, etc.
deles;
 Jogar beijos;
 A manipulação de livros de
 Fazer bochechos, com e sem
histórias;
água;
 A estimulação diante de
 Assoprar apitos e línguas de
espelho;
sogra;
 Determinados materiais para
 Fazer bolhas de sabão.
estimulação motora também
entraram em desuso, como a corda
(pular, andar sobre ela, arrastar-se 2. Exercícios respiratórios

por baixo dela esticada a certa  Inspirar pelo nariz e expirar pela
altura); o rabo do burro; o andar boca
arrastando-se num pano; a antiga  Inspirar e expirar pelo nariz
amarelinha; e assim por diante  Inspirar e expirar pela boca

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 Inspirar, prender o ar por alguns  Andar descalço em lama, água,
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momentos e expirar; areia, terra, madeira, contando
 Aprender a assuar o nariz depois o que sentiu;
usando um lenço e tapando ora  Manipular objetos de madeira
uma narina, ora a outra; para experimentar variações de
temperatura (quente, gelado,
morno);
3. Exercícios de expressão verbal e
 Idem para variações de tamanho
gestual
(pequeno, médio e grande);
 Contar o que vê em fotos ou
gravuras;
5. Exercícios de percepção
 Contar a história de seus
gustativa
próprios desenhos;
 Brincar de “o que é o que é?”.  Experimentar coisas que têm e
Uma criança diz: “é redonda, serve que não têm gosto
para jogar e para chutar”. A outra  Provar alimentos em diferentes
responde: “é uma bola”. temperaturas
 Imitar ondas do mar, mesa,  Provar alimentos fritos, assados,
animais… somente com gestos; cozidos, crus;
 Imitar algo, somente com  Provar alimentos sólidos,
gestos, para os colegas líquidos, crocantes, macios e duros
adivinharem.  Provar alimentos da mesma cor,
mas de sabores diferentes como o
sal, o açúcar, a farinha de trigo, a
4. Exercícios de percepção tátil
farinha de mandioca crua.
 Apalpar sacos e pacotes com as
mãos, a fim de adivinhar que
6. Exercícios de percepção
objetos têm dentro;
olfativa
 Reconhecer colegas pelo tato

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 Experimentar coisas que têm e 9. Exercícios de orientação
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que não têm cheiro; temporal
 Experimentar odores fortes e
 Ouvir histórias e depois contar a
fracos, agradáveis e desagradáveis:
sequência dos fatos;
vinagre, álcool, café, etc.
 Ordenar cartões com figuras e
formas e recompor por uma história
7. Exercícios de percepção
com início, meio e fim.
auditiva
 Observar animais e dizer quais
 Imitar sons e ruídos produzidos são os mais velozes e os mais
por animais e fenômenos da lentos (mosca, lesma, lagartixa,
natureza; gato, tartaruga);
 Procurar a fonte de onde se  Mover carrinhos lenta e
origina determinado som; rapidamente;
 Brincar de cabra cega;  Plantar feijões e observar o seu
 Tocar instrumentos musicais; crescimento;
 Fazer rimas com palavras.

10. Exercícios de orientação


8. Exercícios de percepção visual espacial

 Identificar o branco e o preto;  Andar pela sala explorando o


 Reconhecer, entre muitos, os ambiente e os objetos, inicialmente
objetos que têm cores primárias de olhos abertos e depois de olhos
(vermelho, azul e amarelo); fechados;
 Agrupar objetos de acordo com  Montar quebra-cabeças;
suas cores;  Jogar amarelinha;
 Agrupar objetos de acordo com  Responder onde está o céu, o
suas formas; teto, o chão, a lâmpada (em cima,
 Montar quebra-cabeças simples. atrás, etc);

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 Andar pela sala e pelo pátio erguer o braço direito, abaixar o
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seguindo a direção de setas esquerdo;
pintadas no chão;  Colocar a mão sobre contornos
de mãos desenhados no quadro,
rapidamente, como se estivesse
11. Exercícios de conhecimento
dando um tapa; colocar a mão na
corporal
mesma posição da mão desenhada;
 Dizer os nomes de partes do  Colocar objetos no lado direito
próprio corpo, do corpo dos colegas ou esquerdo de uma folha de papel
e do corpo de bonecos; dividida ao meio, tendo ‘direito’ e
 Juntar as partes de um boneco ‘esquerdo’ escrito nos lados
desmontável; correspondentes;
 Completar o desenho de uma  Colocar os pés sobre os
figura humana com o que estiver contornos de pés desenhados no
faltando; chão, direito sobre direito, esquerdo
 Deixar o próprio corpo cair, em sobre esquerdo;
bloco, sobre o colchão;  Diante de uma coleção de
 Exercitar tensão e relaxamento objetos pequenos e misturados,
no corpo (amolecer, murchar, separá-los por classes: as
endurecer). pedrinhas, os botões, os clipes, os
palitos de fósforo, e assim por

12. Exercícios de lateralidade diante


 Colocar objetos de acordo com o
 Colocar fitas vermelhas no pulso
tamanho (do menor para o maior),
e tornozelo do lado direito e realizar
com a cor e com a espessura (da
exercícios que requeiram
mais fina para a mais grossa),
movimentos como erguer a mão
observando a mesma classe de
direita, abaixar a mão esquerda,
objetos;

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 Distribuir o mesmo número de 14. Exercícios de coordenação
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objetos (espalhá-los), observando viso manual ou fina
que a quantidade não se altera
 Modelar com massa e barro;
quando modificamos sua posição;
 Grampear com grampeador;
 Cortar frutas ao meio para dividi-
 Folhear livros e revistas, folha
las com um colega (dois pedaços:
por folha;
um para cada um);
 Brincar com iô-iô;
 Organizar armários, separando
 Martelar, parafusar;
peças iguais e deixando-as
 Rasgar papel livremente;
próximas;
 Rasgar papel em pedaços
 Jogos: pega-vareta, memória,
grandes, em tiras, em pedaços
dominó, etc
pequenos;
 Exercícios com blocos lógicos
 Recortar com tesoura: treinar o
de vários tamanhos, espessura, cor
manuseio da tesoura cortando o ar,
e forma.
sem papel; recortar livremente o
papel; recortar tiras largas e
13. Exercícios de coordenação compridas; recortar formas
dinâmica global geométricas;
 Colar;
 Sentar-se no chão como alguns
índios, com as pernas e braços  Colar recortes em folha de

cruzados; papel, livremente;

 Engatinhar bem rápido;  Idem, porém apenas numa

 Correr imitando animais; área delimitada;

 Correr segurando uma bola;  Idem, apenas sobre uma linha

 Arremessar bolas para um vertical;

colega.  Idem, apenas sobre uma linha


horizontal;

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 Idem, apenas sobre uma linha 16. Manchar e traçar (giz de cera,
90
diagonal; e depois pincel e tinta; em
 Modelar; seguida, lápis de cor)

 Modelar com massa e argila e  Manchar;


formas circulares, esféricas,  Fazer manchas em folha de
achatadas, ovais, cônicas, papel, livremente;
cilíndricas, quadrangulares;  Fazer manchas dentro de
 Perfurar; figuras grandes;
 Perfurar livremente uma folha  Fazer manchas sobre uma
de isopor com agulha de tricô ou linha
caneta de ponta fina;  Fazer manchas entre linhas
 Perfurar folha de cartolina; paralelas, de início distante e depois
 Perfurar o contorno de figuras mais próximo;
desenhadas em cartolina.  Traçar;

 Passar andando por dentro de

15. Bordar caminhos feitos com cordas


estendidas no chão;
 Enfiar macarrão e contas em fio
 Com caneta hidrográfica,
de nylon ou de plástico;
passar um traço entre duas linhas
 De início, as contas e o
paralelas;
macarrão terão orifícios graúdos e o
 No papel sulfite, entre as linhas
fio será bem grosso e firme; numa
paralelas, traçar várias linhas com
segunda etapa, o material deverá
lápis de cor;
ter orifícios menores e os fios
 Traçar linhas sobre desenhos e
deverão ser mais finos e flexíveis;
letras pontilhadas em papel sulfite;
 Bordar em talagarça;
 Alinhavar em cartões de
cartolina
 Pregar botões;

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17. Pintar  Seguir com a cabeça e com os
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olhos o movimento de um objeto
 Pintar áreas delimitadas e partes
manipulado pelo educador;
de desenhos;
 Andar ao redor de um objeto,
sem desviar os olhos dele;
18. Dobrar  Fixar os olhos sobre um objeto

 Dobrar folha de papel ao meio, imóvel, por alguns segundos;

na altura de linhas pontilhadas Seguir, apenas com os olhos,

marcadas na folha; movimentos de objetos.

 Dobrar guardanapos de papel e


SAIBA MAIS:
de pano em retas perpendiculares e
diagonais em relação às bordas; Para saber mais sobre o assunto ‘Práticas
Pedagógicas’, neste contexto entendidas
 Dobrar papel e montar figuras;
como práticas pedagógicas psicomotoras,
leia também:

19. Exercícios grafomotores  Uma prática pedagógica com oficinas.


Disponível em:
http://www.pucpr.br/eventos/educere/ed
 Passar o dedo indicador da mão ucere2004/anaisEvento/Documentos/CI/
TC
dominante sobre uma reta
 Afetividade nas práticas pedagógicas.
horizontal traçada pelo educador, Disponível em: http://www.
pepsic.bvsalud.org/scielo.php
com giz, no quadro;
TESTE SEU CONHECIMENTO
 Com o dedo indicador traçar
uma reta no ar, de olhos abertos; UNIDADE VI
 Passar giz sobre o traço feito
01. As práticas pedagógicas
pelo educador; psicomotoras, considerando a
 Pintar o mesmo traço em papel, perspectiva da educação infantil
antecipar procedimentos do ensino
com pincel grosso e tinta. fundamental, como é o caso da
alfabetização, têm cada vez mais
priorizado a ___________________
20. Exercícios de coordenação em prejuízo do
__________________. Assinale a
visual

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alternativa que completa, C- ( ) exercício/ Educação de Jovens
92
adequadamente, a citação. e Adultos - EJA
D- ( ) movimento/ aprendizagem
A- ( ) Educação Física/ ensino
fundamental 04. Le Boulch desenvolveu sua
B- ( ) aprendizagem/ movimento teoria sobre a evolução
C- ( ) recreação/ ensino psicomotora da criança
classificando essa evolução em
D- ( ) instituição/ profissional estágios. Tais estágios recebem as
seguintes denominações:
02. O profissional que atua junto às
instituições de ensino como A- ( ) corpo vivido, corpo percebido e
responsável, em última instância, corpo representado
pelo universo da educação
psicomotora é o: B- ( ) corpo sólido. corpo discente e
corpo de infantaria
C- ( ) movimento aéreo. fase estática
A- ( ) psiquiatra e fase dinâmica
B- ( ) psicólogo D- ( ) corpo referencial, fase
C- ( ) psicomotricista direcional e movimento contido
D- ( ) psicopedagogo
05. Relacione os exercícios
psicomotores aos fatores da
03. A pré-escola não é mais, por
Psicomotricidade:
excelência, o lugar de brincar. É o
lugar de aprender brincando, e
também o lugar de oferecer às A- ( ) desenhar
crianças as práticas que, centradas
no ______________, propiciam B- ( ) recortar
consideráveis ganhos e C- ( ) chutar bolas
encaminham para a D- ( ) andar sobre linhas
__________________. Marque a
alternativa que completa a ideia
central dessa afirmativa, com os 1- ( ) esquema corporal
termos que a ela se ajustam.
2- ( ) orientação temporal e espacial
3- ( ) praxia fina
A- ( ) intelecto/ brincadeira
4- ( ) praxia global
B- ( ) letramento/ reprovação

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93

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A INFLUÊNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA ALFABETIZAÇÃO
94
Literalmente, alfabetizar significa palavras, com os sinais, com os
ensinar o alfabeto ou, mais símbolos. O que se tem observado é
concretamente, ensinar a ler e que a criança das classes mais
escrever. Sabemos que a favorecidas, em geral, já chega à
alfabetização significa, para qualquer primeira série do ensino fundamental
pessoa, em qualquer idade, uma alfabetizada - ou pela pré-escola ou
conquista que, no caso da pela família - ao passo que a criança
alfabetização na idade certa - crianças oriunda das menos favorecidas vai se
a partir dos sete anos - preparam para alfabetizar a partir daí.
o futuro. E no caso de adultos, por
Uma coisa, no entanto, parece ter
exemplo, resgata todo um passado de
constituído consenso entre
dependência. Por isso, a alfabetização
educadores dedicados à
é, a um só tempo, uma porta que se
alfabetização, salvo aqueles
abre e uma instância libertadora.
entusiastas de métodos
As discussões em torno da experimentais: escrita e leitura
alfabetização parecem intermináveis. precisam andar juntas. E uma escolha
Discute-se a época (se na pré-escola que também parece ser consensual é
ou não), os métodos, as correntes a de palavras que contenham um
pedagógicas, os referenciais teóricos, significado para a criança em
a integração entre alfabetização processo de alfabetização. Significa
especial e alfabetização padrão. que vai mantê-la em contato, naquela
Assim como indaga-se das aquisições experiência marcante para sua vida,
prévias que a criança traz de casa, da com a sua realidade: palavras que a
família, de suas melhores ou piores remeta às suas origens, ao seu
condições socioeconômicas, no cotidiano, ao seu entorno.
tocante à familiaridade com as

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Uma das discussões que incentivadas sem que se perca de
95
permeiam a prática da alfabetização é vista os aspectos que a pedagogia
a idade ideal para que ocorra. Quando sugere e enfatiza nessa etapa. Com
a criança está pronta? Depende, efeito, a criança pode ter o seu
realmente, de cada criança? O que se interesse despertado para a leitura,
argumenta é que isso dependerá, sendo acostumada a ouvir as histórias
fundamentalmente, do método extraídas de um livro, folhear esse
escolhido e da identificação do livro, orientada a, por exemplo,
alfabetizador com esse método, e o comparar a figura com o fato que
quanto ele conhece do mesmo. Mas acabou de ser narrado. Pode,
não só. Existem situações em que a também, ser direcionada para jogos e
criança tem tais oportunidades na pré- brincadeiras em que o alfabeto e o
escola, tais estímulos, que, sem desenho das letras sejam colocados
prejuízo de outras incumbências da em destaque. Por exemplo,
educação infantil, essa criança pode representando objetos em que elas,
antecipar procedimentos nesse letras, estão presentes: o “a” de asa; o
processo, sem que a escola “b” de bebê; a letra correspondente ao
comprometa, via “queimar etapas”, o próprio nome da criança, e assim por
seu momento de ser criança. Assim, diante.
embora polêmica, tal decisão encontra
Observe-se que ao mencionar a
cada vez mais adeptos: bem
educação infantil com tais estímulos e
conduzida e com seus princípios e
propósitos, está-se, implicitamente,
objetivos preservados, a educação
falando de uma educação
infantil não necessariamente está
psicomotora em que todo o
impedida de preparar a criança para
desenvolvimento motor, cognitivo e
esse marco na sua vida escolar, que é
afetivo da criança está em evidência.
a alfabetização. E até, efetivamente,
Nessa perspectiva de uma educação
alfabetizar. Como deve fazê-lo?
global estará sendo construída uma
Desenvolvendo habilidades a serem

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opção de alfabetização mais suave, intercorrências que sobressai
96
a
mais natural e mais consistente. E Psicomotricidade como ciência auxiliar
técnicas não faltam para realizar esse do aprendizado, e é de posse de seus
trabalho com esse enfoque conceitos básicos que o professor, e
psicomotor: enfatizar as diferenças não necessariamente o psicólogo ou o
das letras, a sonoridade das palavras, psicopedagogo, pode atuar intervindo
assim como promover a aquisição de com exercícios adequados.
um vocabulário mais rico.
Quais situações podem indicar, à
Já vimos que a educação luz da Psicomotricidade, a
psicomotora é fundamental nos possibilidade de um aprendizado - e,
processos de aprendizagem. A etapa em particular, de uma alfabetização -
de alfabetização da criança é, por digamos assim, pouco consistente?
excelência, o momento de se
 Dificuldade em acertar
constatar o alcance dessa
“esquerda” e “direita”;
interferência. Às vezes são
 Comportamento típico de
observados sintomas de uma
“criança desastrada”;
alfabetização problemática, por vezes
 Dificuldade no manuseio do
mais lenta, ou com menos
lápis, da borracha, da régua;
desenvoltura, ou ainda, dificuldades
 O mesmo com relação a
de concentração ou na utilização de
tesouras e a atividade de recortar
vogais e consoantes. É nesse
figuras;
momento que fica claro o significado
 Baixa concentração;
de um desenvolvimento global da
 Dificuldade para se mantiver
criança bem estruturado, obtido
dentro das linhas do caderno ou
através do acompanhamento nesta
mesmo nos limites do desenho, ao
área, e que faz toda a diferença na
pintar.
superação de tais dificuldades. Ou
seja, é na identificação dessas

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É preciso, no entanto, ter muito  A estrutura espacial;
97
cuidado para não confundir aspectos A discriminação visual e
indicadores de algum problema, com auditiva;
individualidade. Alguns problemas  A lateralidade.
observados no curso do processo de Cada criança, guardados fatores
aprendizagem têm mais a ver com o individuais, apresentará um grau de
ritmo próprio da criança do que desenvolvimento dessas habilidades.
propriamente debilidade no fazer. Por Significa dizer que o professor-
outro lado, além do ritmo, cada alfabetizador deverá estar atento e
criança tem o seu modo natural de aberto para entender que cada
aprender: algumas são mais criança opera dentro de um nível de
detalhistas, ou mais observadoras, ou desenvolvimento (pré-silábico,
mais cautelosas (sem que signifique silábico, silábico-alfabético e
insegurança), e tudo isso pode levar alfabético), níveis esses denominados
ao que já comentamos: lentidão e níveis da escrita:
hesitação.
 Pré-silábico: em geral, a
Ainda numa perspectiva criança vale-se de desenhos para
psicomotora, devemos examinar as representar aquilo que deseja
habilidades indispensáveis para que, comunicar, usa rabiscos e letras que,
sobretudo a criança, obtenha êxito no por estarem ali muito mais como
seu processo de alfabetização, símbolos do que propriamente letras
também chamado “processo de do alfabeto, são chamadas pseudo
construção da lecto-escrita” (FREIRE, letras. Nessa fase, as partes da
1991). São elas: escrita não correspondem às partes
do nome. [...] as crianças escrevem
 A coordenação global;
letras, bolinhas e números como se
 A coordenação oculomanual;
soubessem escrever. (FERREIRO,
 O esquema corporal;
1996)
 A estrutura corporal;

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 Silábico: a criança começa a A presença da Psicomotricidade
98
perceber que a escrita tem a ver com nesse processo, segundo Baltieri
a sonoridade daquilo que se fala, (2013), apresenta os seguintes
mas ela entra num período em que a benefícios:
quantidade de letras tem muito valor
 Coordenação viso-motora
e, por isso, ela acrescenta letras no
(associação entre a motricidade
meio e no final das palavras.
manual e o trabalho ocular);
Analisando essa etapa, Ferreiro
 Elevação do nível de
(1996) afirma:
concentração;
É a descoberta de que a  Respeito aos interesses e ritmo
quantidade de letras com que vai de cada criança. (BALTIERI, Silvia. A
escrever uma palavra pode ter importância da Psicomotricidade na
correspondência com a quantidade de alfabetização. Disponível em htpp//:
partes que se reconhece na emissão www.grupoeficiente.com.br. Acesso
oral. (essas partes, que a autora em: mar.2017)
chama “pedaços sonoros” são as Na alfabetização, estamos diante
sílabas) do primeiro e, talvez, do maior desafio
 Silábico-alfabético: do estudante - tudo decorrerá dali.
representa um momento de Realizar esse processo com a
transição, quando a criança supervisão de uma esfera do
“começa a acrescentar algumas conhecimento científico que prioriza o
sílabas”. desenvolvimento infantil parece-nos
 Alfabético: nessa fase, o altamente vantajoso, sendo também
aluno já consegue ler e “expressar fundamental para expandir fronteiras e
graficamente o que pensa ou fala” avançar na questão do letramento.
(FERREIRO, 1996) Ainda mais quando se sabe que nela,
Psicomotricidade, o corpo é
efetivamente tratado como organismo

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ativo, pulsante, que comunica, ou prescindir desses três componentes
99
seja, fala! E que o corpo em (memória, atenção e raciocínio),
movimento transmite desejos, quanto mais que são “fundamentais
emoções, ansiedades e saberes do manifestações psicomotoras”. E o
indivíduo. A propósito, Wallon (1996) mesmo introduz na discussão um
ressalta que o movimento não detalhe interessante: bem trabalhadas
significa mero deslocamento no as noções de “direção e espaço” na
espaço; ao contrário, ele remete o criança em período de alfabetização,
corpo em movimento a uma relação o processo de leitura tende a ser mais
afetiva com o mundo onde se insere. fluente. Aliás, para Giancaterino, o
educador que se dedica à
De acordo com Giancaterino
alfabetização “precisa compreender
(s/d):
como o alfabetizando constrói as
A Psicomotricidade, na fase de noções de espaço e tempo”.
alfabetização, traz no seu bojo o (GIANCATERINO, s/d)
domínio da dependência entre
Refletindo sobre a influência da
pensamento e ação, produzindo
Psicomotricidade na missão
desenvolvimento…
alfabetizadora, gostaríamos de trazer
o pensamento de Peres e Cruz ,
E acrescenta: 2014):

As funções motoras não podem Quando se quer perceber os


ser separadas do desenvolvimento modos como às crianças adquirem a
intelectual (memória, atenção, aprendizagem da escrita e da leitura
raciocínio). na alfabetização é muito importante
conhecer [...] a motricidade por meio
de atos da fala e do gesto. A noção de
Ainda segundo o autor, o desafio
corpo em relação ao espaço, (assim
de aprender a ler e escrever não pode
como) movimentos corporais e a

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leitura [...] são elementos relevantes a vive o denominado ‘espaço vivido’.
100
serem trabalhados na alfabetização. São, em geral, atividades

______________________________ pedagógicas envolvendo o próprio


corpo da criança que facultam essa
Dessa forma, a bagagem do
noção: jogar bola, pular corda, brincar
aluno deve ser conhecida para que se
de roda, engatinhar e outras. Também
possa detectar, desde o início, a
se dá, usualmente, através de
presença de algum distúrbio
distâncias: o lugar onde ela habita; o
psicomotor. (PERES, Tacyana Silva;
local do recreio e o ambiente que é
CRUZ, Mônica A. de Oliveira.
próprio para estudar; a observação de
Psicomotricidade no processo de
mapas; a visualização de maquetes,
alfabetização da criança. In:
etc.
perspectivas em Psicologia. v. 18 n. 2
jul/dez, 2014 p. 136-152) Um dado interessante a se anotar
é que o sentido que se tem, no
Tanto a percepção espacial,
cotidiano, em torno de tempo e
quanto a percepção (subjetiva) do
espaço, não é o mesmo, segundo
tempo ocorrem na criança num
estudos realizados, que se associa à
contexto de extraordinária
aprendizagem. (Com efeito, a criança
significação, podendo ser estudadas
mais observadora poderá perceber
em diversas etapas do
sensíveis diferenças entre a utilização
desenvolvimento, no processo
do espaço no prédio da escola) e na
educativo e, em particular, na
sua casa. Já no tocante ao tempo, a
alfabetização.
criança tem a oportunidade de
O espaço não deixa de ser um aprender, por exemplo, em relação à
conceito abstrato para a criança, quantidade de conteúdos, que
sendo que sua apreensão determina tipos diferentes de aula -
praticamente se inicia a partir do mais detalhadas e mais corridas - e
momento em que ela consegue aos rearranjos que a escola faz, do
começar a perceber o espaço em que

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tempo, para acomodar esses d) Dificuldade em se manter na
101
conteúdos, às vezes com diminuição linha do traçado durante a escrita,
do tempo do recreio. com o que acaba provocando o
“escrever subindo a ladeira” ou o
Às vezes, a criança apresenta
“escrever descendo a ladeira”;
dificuldades nessas questões de
e) No geral, dificuldade para se
percepção espacial e temporal, que
organizar; no plano do
podem não estar bem estruturadas,
movimentar-se, esbarrar, com
bem ajustadas, determinando
frequência, em pessoas e objetos
interferências no aprendizado,
e, além disso, não saber que lado
principalmente da escrita. A confusão
seguir quando precisa se desviar
de letras é muito comum nessas
de algo.
situações, destacando-se a troca do b
(GIANCATERINO, s/d)
pelo d e do p pelo q (e vice-versa).
Já a percepção do tempo, a ser
Porém, não é a única ocorrência:
adquirida pela criança, está
alunos sem uma boa percepção
normalmente relacionada ao ritmo, ou
espacial costumam apresentar
seja, o tempo numa perspectiva de
dificuldades ao trabalhar a ordem das
ritmo, e envolve conceitos como
letras nas palavras e das palavras na
duração e sucessão. A criança
frase. E, além disso, podem
perceber se uma coisa dura muito ou
apresentar:
pouco tempo é importante, porém o
a) Incapacidade de locomover os entendimento que nos parece mais
olhos durante a leitura; relevante é o que envolve o antes e o
b) Dificuldade em reconhecer o depois. E, além disso, ir adquirindo
sentido esquerda-direita e em noções:
saltar uma ou mais linhas;
 Do hoje, do ontem e do amanhã;
c) Dificuldade na escrita, no
 Dos meses e dos anos;
tocante a respeitar os limites da
 Dos dias da semana;
folha;

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 Das horas; “classes de alfabetização” por razões
102
 Das estações do ano. óbvias: é aí que se dá a aquisição da
escrita e da capacidade de ler,
A insuficiência ou ausência desse significando, também, certo rito de
domínio pode impactar a alfabetização passagem, quando a criança sai da
de variadas formas: brincadeira (ainda que,
modernamente, se saiba o quanto a
 Trocando a ordem das letras;
criança aprende e se desenvolve com
 Invertendo as letras;
as brincadeiras) e ingressa numa fase
 Mediante a má utilização dos
de responsabilidades. É a transição
tempos verbais;
da educação infantil para o ensino
 Através de problemas na
fundamental. E o que é importante:
correspondência som-letra, no
sem que a criança tenha deixado de
ditado;
ser criança.
 Por meio de dificuldade de
memorização das palavras na frase Recrudesce, nessa etapa de
ou das ideias em uma história que tantas transformações, em que a
esteja sendo contada. criança começa a compreender o
(FERREIRO, 1996) significado da escola, uma disputa
que tem atravessado as décadas. Ela
A rigor, o embate entre a
coloca, de um lado, docentes que
educação infantil e a educação
defendem o aluno “bem-comportado”,
fundamental em torno do processo de
a “turma silenciosa”, máxima atenção
alfabetização nem mesmo deveria
e participação; enfim, um mundo ideal
existir. A primeira deveria ser linha
na educação. De outro lado, estão os
auxiliar da segunda sem prejuízo de
que consideram essa mentalidade
seus enfoques já amplamente
retrógrada, conservadora e autoritária.
definidos e sabidos. As turmas do
Argumentam que criança é energia, é
primeiro ano (ensino fundamental)
movimento, e que o momento que ela
são, normalmente, chamadas de

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está vivendo (a chegada ao ensino Para a perfeita compreensão do
103
fundamental) é particularmente difícil. que significa a intervenção da
Ainda mais se a criança for tolhida, Psicomotricidade na alfabetização
reprimida, manietada e silenciada. (ensino fundamental) é preciso saber
Lembram os defensores de uma que, em um passado não tão distante,
educação menos padronizada que é a metodologia se orientava,
nesse começo da trajetória escolar basicamente, por associar cada letra a
propriamente dita que os alunos têm um som. Assim, todo o processo
que lidar, ao mesmo tempo, com: resumia-se, a saber, o alfabeto e,
posteriormente, à formação de
 Brincar só no recreio;
sílabas. Os métodos e as concepções
 Prestar atenção;
evoluíram e os alfabetizadores
 Apreender;
aprenderam - porque ensinar também
 Cobranças dos professores e
é aprender - que não basta que a
dos pais, em torno da
criança saiba agrupar corretamente as
aprendizagem;
letras que formam as palavras e, com
 Avaliação
isso, saber traduzir o que está escrito.
Isso por si só, não é a tarefa de
E, em meio a tudo isso, a
alfabetizar concluída: é preciso - é o
alfabetização. Alves (2012) não deixa
que se defende modernamente - que
por menos:
a criança compreenda o que está
escrito.

[“...] reflitam e busquem aliar o Independentemente de tudo que


trabalho da alfabetização com a se sabe e do que foi aqui exposto
Psicomotricidade, respeitando o relativamente ao papel que a
nível de desenvolvimento de cada Psicomotricidade exerce na educação
criança nesse processo”. e, muito particularmente, na
alfabetização, será sempre necessário

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conhecer-se como se processa, por prazer, à investigação do significado
104
dentro, o processo (seja de aprender das palavras [...] e, principalmente,
em geral, seja de aprender a ler e aos níveis psicogenéticos (uma teoria
escrever), por que meios opera e aplicada à aprendizagem) da escrita”.
quais as técnicas que já foram ou que (FERREIRO, 1996, p.23)
são na atualidade utilizadas, para
avaliar a real dimensão dessa
presença e os benefícios daí
resultantes. No tocante às didáticas e
métodos de alfabetização que
SAIBA MAIS:
frequentam a literatura especializada,
um confronto visível, no histórico Para conhecer melhor o pensamento de
Emilia Ferreiro, pedagoga argentina de
desse processo, opôs o método fônico grande influência na educação brasileira,
ao método global. A primeira parte do leia também:

princípio de que é eficaz ensinar ao  Emilia Ferreiro, a estudiosa que


revolucionou a alfabetização.
alfabetizando a correspondência entre Disponível em:
 http://www.novaescola.org.br/conteu
as letras do alfabeto e os sons que do/338/emilia-ferreiro-estudiosa-que-
revolucionou-alfabetizacao
essas letras transmitem. Na ótica dos
adeptos dessa metodologia, “a escrita
Para a formação de uma opinião
deve representar graficamente a fala”. consistente sobre a conveniência (ou
não) da alfabetização na educação
O método global de alfabetização, infantil, leia também:

por seu turno, tem uma conotação  A alfabetização na educação infantil:


sim ou não? Disponível em
completamente diferente e ousada, http://www.apagina.pt/

para não dizer avançada. Trabalha


com o desenvolvimento corporal da
criança (alfabetização na idade certa),
com os lados afetivo e social, assim
como “se associa à ludicidade, ao

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TESTE SEU CONHECIMENTO 03. A Psicomotricidade é capaz de
105
indicar situações que podem
UNIDADE VII traduzir uma alfabetização
problemática. Entre essas
situações temos:

01. O processo de alfabetização A- ( ) cansaço excessivo/


provoca, entre professores e negligência/ intolerância ao barulho
estudiosos da educação, inúmeras
discussões em torno de métodos, B- ( ) má alimentação/uso excessivo
idade ideal, correntes pedagógicas, de jogos eletrônicos
e outros. Entretanto, é consenso C- ( ) baixa concentração/ confusão
que ____________ e _____________ entre esquerda e direita/ dificuldade
precisam andar juntas nesse de manuseio de lápis e borracha
processo. Assinale a alternativa
D- ( ) precária autoestima/ birras
que completa com exatidão a frase.
frequentes

A- ( ) atividade lúdica e motricidade


B- ( ) educação psicomotora e
04. Emilia Ferreiro (1937 _____),
práticas pedagógicas
pedagoga argentina, desenvolveu
C- ( ) escrita e leitura os conceitos de níveis de escrita.
D- ( ) área intelectual e área afetiva Marque a alternativa que os
relaciona:

A- ( ) comum, complexo, intenso e


02. Entre as estratégias de que final
pode se valer a pré-escola para
preparar seus alunos para a B- ( ) inicial, auxiliar, intermediário e
alfabetização está a contação de pleno
histórias. Das alternativas abaixo C- ( ) estruturado, global e
apenas uma refere-se a uma outra consonantal
estratégia de alfabetização
D- ( ) pré-silábico, silábico, silábico-
igualmente válida.
alfabético e alfabético

A- ( ) natação no estilo sincronizado


05. A Psicomotricidade define
B- ( ) jogos e brincadeiras em que as coordenação viso-motora como
letras do alfabeto estejam presentes sendo:
C- ( ) danças regionais
D- ( ) brincar de roda

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A- ( ) associação entre a motricidade
106
manual e o trabalho ocular
B- ( ) elemento fundante do método
sintético de alfabetização
C- ( ) principal benefício da
Educação de Jovens e Adultos - EJA
D- ( ) associação entre a Educação
Física e a Pedagogia

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107

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A PERCEPÇÃO DO PSICOPEDAGOGO SOBRE A IMPORTÂNCIA DO
108
DESENVOLVIMENTO

Desenvolvimento e aprendizagem Sensório motor


estão tão intimamente relacionados
São aqueles que abrangem os
quanto, por exemplo, escola e
dois anos iniciais da criança; nele,
professor. Tudo aquilo por que passa
segundo Piaget (1975), a inteligência
o indivíduo no sentido de
tem estreita ligação com atividades
experimentar, conquistar, mudar,
motoras e as percepções sensoriais (o
constitui um processo de
que nos permite sentir o mundo em
aprendizagem. A criança aprende a
derredor). Estas, as percepções
andar, a correr, a comer, a se
sensoriais, por seu turno, relacionam-
relacionar e, com isso, ela se
se, de certa forma, com os sentidos
desenvolve. São, portanto, fatores que
(visão, olfato, tato, audição e paladar).
se interpenetram. O desenvolvimento
A percepção é definida, na Psicologia,
da criança se dá como um processo:
como “processo que envolve a
em estágios. E o desenvolvimento
seleção, organização e interpretação
cognitivo do pequeno ser acontece
das informações captadas pelos
com implicações e recebendo
sentidos”. (Piaget, 1975)
influências de outros tipos de
desenvolvimento - motor e afetivo; O clássico exemplo de percepção

são, também, aspectos que se está contido na experiência que todos

entrelaçam. Segundo a literatura podemos fazer em relação ao olfato:

especializada, devem ser observados sentimos o cheiro de pão, mas não

os seguintes períodos em torno dos estamos vendo pão algum; entretanto,

quais as principais características são percebemos que acabou de sair uma

apresentadas: fornada. Da mesma forma, sentimos o

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cheiro do café e percebemos que capacidade de coordenar olho e
109
alguém acabou de coar um café. mão;
 Oitavo ao décimo segundo mês:
Mas, voltando ao período
a criança está na fase de
sensório motor, cumpre reforçar a
movimentar-se e de relacionar-se
ideia de que, nessa fase, a afetividade
com objetos (por exemplo,
e a inteligência são inseparáveis. Por
procurando-os ou afastando-os de si,
isso, é importante que a criança tenha
ou ainda, aproximando-os de acordo
um ambiente que a estimule a
com seu interesse);
descobertas e a interagir com o meio
 Décimo segundo ao décimo
que a circunda - aí entram as cores do
oitavo mês: ela tenta usar os objetos;
quarto, os “mobiles” (aqueles
 Décimo oitavo ao vigésimo
brinquedos pendurados), o som e tudo
quarto mês: a criança passa da ação
o que possa chamar a sua atenção e
exclusivamente física para as
direcionar o seu interesse. Piaget
chamadas operações mentais; ela,
(1975) ensina que esse período está
por exemplo, adquire noções de
dividido em seis fases, cujas
espaço e de tempo (quanto a este, o
características básicas são:
horário de mamar, ou de comer
 Nascimento ao primeiro mês: o coisas sólidas, ou do banho, e assim
bebê ainda não consegue distinguir o por diante). Ela, pelo menos, já
mundo à sua volta, as coisas que o reconhece, sabe que aquele é o
rodeiam; momento disso ou daquilo, por
 Primeiro ao terceiro mês: o bebê algumas associações que já faz. Na
começa a perceber (primeiro as suas verdade, a criança nessa fase “passa
mãos) e a voltar para os locais de a perceber-se como uma pessoa”
onde vem o som; (Piaget,1989). E também abandona,
 Terceiro ao sexto mês: é a fase de vez, o egocentrismo, ou seja,
do pegar, e em que se observa a deixa de pensar em si como o único
ser no universo.

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Pré-operatório acompanhar o desenvolvimento de
110
uma criança em torno do que ela
Vai dos dois aos sete anos. A
aprende, passa a conhecer, a se
criança abandona um pouco a prática,
comunicar, a representar, a perceber,
centrada no movimento, para alcançar
a apreender, a adquirir, a associar?
o que a Psicologia chama de “função
Tudo isso está na base do
simbólica” (a prática representativa).
desenvolvimento cognitivo.
Essa função simbólica, afirma
Operações Concretas
Piaget (1975), é importantíssima no
contexto do desenvolvimento (tanto Finalmente, a criança, já
motor como cognitivo), e pedagogos, “grandinha”, naquela fase etária que
educadores de uma maneira geral, e vai dos sete aos doze anos, começa a
mesmo os pais, podem percebê-la raciocinar logicamente. Ela já realizou
através dos desenhos que a criança inúmeras atividades concretas, fez
faz, nas brincadeiras do “faz-de- outras tantas observações. E ela
conta”, e em toda e qualquer atividade também consegue “voltar atrás” (a
em que exista o uso da imaginação questão da memória) em seu
por parte da criança. É também raciocínio: por exemplo, quando ela
facilmente perceptível naquilo que vai buscar informações anteriormente
estudiosos denominam aprendidas, no contexto da
“representação simbólica da criança”, escolaridade.
que é quando ela pretende
Agora, a rigor, já não existe mais
representar alguma coisa da
a criança. Já é o jovenzinho (a), o (a)
realidade, do seu cotidiano ou de suas
pré-adolescente, e ele ou ela passa a
vivências. Como, por exemplo, o
realizar a última etapa do seu
cachorrinho que ela possui. Como ela
desenvolvimento cognitivo, naquilo
o faz? Imitando, representando aquilo
que Piaget (1983, p. 21) identifica
que mais o caracteriza: “au au”. Viram
como “pensar por hipótese e imaginar
como é relativamente fácil

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o que deverá ocorrer, caso se desenvolvimento inexistem portas que
111
concretize a hipótese”. se abram para a aprendizagem. A
criança, à medida que se desenvolve,
Ao psicopedagogo é óbvio que
vai aprendendo; e, à medida que
incumbe trabalhar com a certeza de
aprende, vai se desenvolvendo. A
que não existe uma uniformidade
educação participa desse ciclo com o
nesses referenciais teóricos. Inúmeros
resultado de estudos, investigações,
fatores haverão de interferir na maior
formulações de teorias, conceituações
ou menor consistência, maior ou
e definições. Mas também fornecendo
menor alcance do desenvolvimento
práticas que serão aproveitadas para
cognitivo. E, como sabemos, o meio
encaminhar e facilitar o aprendizado.
será o grande vilão dessa história: o
Quando esse conjunto -
meio em que a criança vive, onde
desenvolvimento e aquisições - não é
também aprende (ou desaprende) e
harmônico, a criança aprende de
se constrói ou é desconstruída. E a
forma deficiente ou insuficiente. É
esse profissional compete, também,
quando se espera que o
conhecer profundamente todas as
psicopedagogo interfira, no sentido de
instâncias e nuances do
entender as razões e usar os
desenvolvimento na criança e possuir
procedimentos que (re) equilibrem o
riquíssima bagagem teórica (e
processo. Esse profissional irá tentar
prática). Só assim será capaz de
identificar o porquê da dificuldade e
entender, acompanhar e ajudar. Só
orientar sua superação com os
assim sua influência nesse processo
referenciais teóricos sobre o
será sentida.
desenvolvimento infantil de que
Entre as coisas que os estudos estaremos nos ocupando um pouco
em torno do desenvolvimento do ser adiante.
humano - basicamente do ser humano
Quando se fala em
criança -
psicopedagogo e sua atuação, o que
consagraram, está a ideia de que sem

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vem à mente é a criança e suas por exemplo, deverá estar ciente de
112
dificuldades no contexto da estudos e considerações de
aprendizagem, porque a infância é, especialistas que, de alguma forma,
digamos assim, a fase natural para podem ser sintetizados no
que ocorra, com o início da pensamento de Jean Piaget e que
escolaridade. No entanto, o rol de envolvem, grosso modo, o
problemas pode referir-se a desenvolvimento psicomotor - aqui,
aprendizes adolescentes, ou mesmo para fins de um estudo mais
adultos. Nas escolas, o abrangente, nas idades de zero a
psicopedagogo costuma atuar como cinco anos, cujas principais
orientador pedagógico: ele vai avaliar características são:
currículos e métodos de ensino como
 Nascimento: o bebê procura,
possíveis origens das dificuldades e,
com o olhar, e atendendo a sons e
logicamente, propor alterações.
estímulos visuais; apresenta
Esse profissional somente terá dificuldade para controlar os
chances de êxito em seu trabalho se movimentos;
souber acompanhar o  Primeiro Mês: acompanha com
desenvolvimento com olhar crítico, o olhar e olha para as mãos; segura
tendo por base todo o arcabouço objetos por longo tempo;
teórico-científico que é resultante de  Segundo Mês: convergência
anos de pesquisas, experimentações binocular (um conceito que tem a ver
e demonstrações - que ele deve, com o chamado ângulo de
necessariamente, conhecer a fundo - convergência entre os olhos);
ou ainda, se tiver a capacidade de experimenta as primeiras relações
interpretar o que educadores e pais visão-mão;
(aqueles notadamente da educação  Terceiro Mês: observa os
infantil) lhes possam transmitir sobre o movimentos dos dedos das mãos;
histórico da criança em causa. Ele, acomodação visual; consegue rolar

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para um dos lados; estende a mão  Dois Anos: a criança corre e
113
para objetos; busca os objetos e faz “imita movimentos verticais e
contato com os mesmos; horizontais”;
 Sexto Mês: acompanha,  Três Anos: percebe melhor o
visualmente, objetos; mantém-se em espaço; equilibra-se num pé e na
alerta por, pelo menos, metade do ponta do pé; consegue equilibrar-se
dia; alguma lateralidade começa a se com os olhos fechados;
estabelecer com o uso preferencial  Quatro Anos: coordenação
de uma das mãos; senta-se com oculomotora; coordena a marcha e a
ajuda; consegue segurar dois objetos corrida; consegue saltar; nessa
ao mesmo tempo e passa um objeto idade, já podem ser observadas as
de uma mão para a outra; praxias - coordenações - fina e global
 Um Ano: realiza ações sobre (conceitos expostos anteriormente);
quatro apoios, em geral, mãos e  Cinco Anos: grafismos
joelhos - é a chamada quadrupedia; (“escrever”) e desenhos; salta com
estamos diante da fase de os pés juntos; lateralidade e
“engatinhar” e, logo adiante, a direcionalidade, noção do corpo;
criança será capaz de andar com manipula, recebe e atira objetos.
suporte; Fonte: (FONSECA, 1998, p. 273)
 Um Ano e Meio: a criança sobe
Visto e analisado o
escadas engatinhando; começa a se
desenvolvimento psicomotor da
libertar no sentido de que “realiza
criança nas faixas etárias
pequenas imitações nos gestos, faz
selecionadas para fins de
imitações espontâneas e executa
acompanhamento e eventual
ações tidas como pequenos jogos,
intervenção do psicopedagogo, este
como, por exemplo, apanhar uma
deverá, concomitantemente, centrar
bola”;
seu interesse no desenvolvimento
infantil, desenvolvimento da criança,

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que se estuda geralmente entre os  Percebe-se em fotos e espelhos;
114
zero e seis anos de idade. Todavia, o  Sabe o nome dos objetos;
educador Piaget circunscreveu a  Anda, mas corre com
alguns anos, ou seja, uma etapa que dificuldade;
se inicia aos dois e segue até os cinco  Sobe escadas; só que, a cada
anos. Que características o movimento, apoiam os dois pés em
psicopedagogo precisa saber cada degrau;
identificar nessa criança, ou seja,  Salta desajeitadamente;
verificar se nela estão presentes? É o  Fazem desenhos mal feitos,
que veremos a partir de agora: rabiscos;
 Começa a comer sozinha;
 Aponta objetos;
1. Em relação à criança de dois  Sabe tirar os sapatos;
anos:  Dobra e pinta ainda com

 Apresenta alguma noção de dificuldade;

quantidade e começa a enumerar;  Tem noção do agora;

 Lembra o lugar onde deixou  Começa a localizar: em cima,

certos brinquedos e objetos; embaixo, dentro, fora;

 Mantém atenção concentrada  Compreende o aqui e o lá;

por, aproximadamente, cinco  Sabe encaixar quadrado, círculo

minutos; e triângulo;

 Usa, com frequência, a palavra  Sabe o “eu” e o “tu”, mas não

não; entende o “nós”;

 Atende pelo próprio nome;  Afasta-se de estranhos;

 Começa a construir frases curtas  Prefere atividades lúdicas

e simples; solitárias;

 Descreve objetos face às  Não obstante, tem afetividade

funções que lhes são pertinentes; “viva e explosiva” e “emoções sem

 Já tem preferência por cores; controle”;

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 Gosta de dar ordens;  Salta com os pés juntos sobre
115
 É teimoso (a); uma corda estendida no chão;
 Irrita-se se alguém interfere no  Sabe que é menino (ou menina);
seu jeito de fazer as coisas.  Escova os dentes com ajuda;
 Começa a vestir-se sozinho (a) e
a guardar (à sua maneira) as roupas;
2. Em relação à criança de três
 Uso correto de colher e garfo;
anos:
 Começa a segurar a xícara pela
 Mantém atenção concentrada asa;
por, aproximadamente, dez minutos;  Começa a comer sozinho (a),
 Ingressa na fase do “por quê?” e sem derramar;
do “para quê?”;  Consegue usar tesoura;
 Sabe a própria idade;  Tem noção de casa e de suas
 É muito curiosa; partes;
 Ainda não distingue fantasia de  Tem noção do “eu” e do “meu”,
realidade; este indicando posse;
 É comum falar consigo mesma  É meio dramático (a);
(e com pessoas imaginárias);  Começa a interessar-se pela
 Forma frases completas; diferença entre os sexos;
 Pode apresentar um quadro (em  Imita os adultos;
geral, passageiro) de gagueira;  Já consegue esperar a sua vez
 Conhece objetos segundo sua nos jogos (sociabilidade);
forma e sua cor;  Ora é tímido (a), ora
 Sabe distinguir quente e frio; extrovertido(a);
 Melhora o equilíbrio;  Fase de birra e gritos;
 Sabe nomear as partes do
corpo;
3. Em relação à criança de três
 Corre, salta, pula, sobe escadas
anos
(um pé em cada degrau);

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 Mantém atenção concentrada distinguir frente/atrás; toma banho
116
por, aproximadamente, quinze a sozinho (a) e sabe lavar as mãos
vinte minutos; corretamente;
 Aumento considerável de  Desenha pessoas;
vocabulário;  Recorta, cola e usa pincel;
 Faz muitas perguntas;  Começa a ter noção acerca de
 Fala sozinho (a); ruas e cidades;
 Tem imaginação fértil;  Tem mais noção dos limites,
 Agora, quer saber o “por quê?” e tipo, o que é meu, o que é seu, o que
o “como?”; é nosso, o que é certo, o que é
 Sabe dizer o próprio nome, errado, e assim por diante;
sobrenome e idade;  É autoritário (a) e toma
 Canta - gosta de cantar; iniciativas;
 Gosta de repetir palavras que  Sabe imitar bem;
julga engraçada e palavrões;  Adora ser elogiado (a) costuma
 Reconhece cores e formas ser afetuoso(a);
geométricas;  Demonstra alguns medos;
 Reconhece objetos pelo tato,  Gosta demais ou detesta
mesmo sem vê-los; demais;
 Consegue jogar bola, andar de  É a fase dos exageros: “maior
bicicleta, nadar; que o céu!”.
 Fica de pé sobre uma perna só;
salta pra frente com os pés juntos;
4. Em relação à criança de cinco
 Demonstra curiosidades, tais
anos
como em relação ao nascimento dos
bebês, diferenças sexuais e órgãos  Mantém atenção concentrada

genitais; por, aproximadamente, quinze a

 Consegue vestir-se sozinho, trinta minutos;

nem sempre perfeitamente, e

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 Começam a cair os dentes de dentro de limites, usa faca ao comer,
117
leite; abotoa e amarra;
 Torna-se mais organizado (a) e  Sabe distinguir dia e noite,
mais responsável; manhã e tarde;
 Pensa antes de agir;  Começa a diferenciar direita-
 Vocabulário rico; esquerda;
 Faz muitas perguntas;  Arma quebra-cabeças;
 Consegue começar a ler  Inicia atividades grupais;
algumas palavras;  Aceita regras e limites, torna-se
 Sabe para que servem os mais sociável.
objetos (alguns); (PIAGET, 1975) - (PIAGET, 1989)
 Torna-se um pouco mais
Esses são, muito grosso modo,
realista, conseguindo fazer alguma
os denominados “esquemas de
distinção entre realidade e fantasia;
desenvolvimento psicomotor infantil”.
 Consegue escrever seu primeiro
Foram apresentados de forma seletiva
nome;
e bastante resumidos, mas,
 Aprende noções de cor, forma,
acreditamos suficiente para os
tamanho, espessura, temperatura,
objetivos aqui propostos; portanto,
sabor, cheiro e peso;
sem profundidade desnecessária.
 Consegue sentar-se ereto (a),
Tanto o professor quanto o
correr, pedalar, pular, nadar, virar
psicopedagogo deve conhecê-los
cambalhotas;
(eles sim, em profundidade) para que
 “Com os pés juntos, salta sem
suas eficazes atuações deem aos
impulsos por cima de um elástico
pais, à escola e às próprias crianças,
colocado a vinte centímetros do solo
no futuro, a exata dimensão do que o
e mantém-se na ponta dos pés por
trabalho, no tempo e na forma
dez segundos”;
adequada, pode representar na
 Escreve, modela, manipula,
correção de rumos de um processo
veste-se, alimenta-se, lava-se, colore

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dessa magnitude (o desenvolvimento), surgem durante tais procedimentos. O
118
impedindo que disfunções profissional correspondente é aquele
comprometam outros (processos) que de quem se exige preparo e
estão por vir. competência para, em relação
àquelas dificuldades:
A despeito de tudo o que já se
falou a respeito da Psicopedagogia e a) Preveni-las
do profissional que lhe dá suporte, b) Diagnosticá-las
muito há ainda por conhecer para que
c) Tratá-las, com o objetivo de
se entenda, perfeitamente, como se
eliminá-las.
processa a atuação da disciplina e do
psicopedagogo. A propósito, falar Um dado curioso é que a

sobre o grau de percepção do Psicopedagogia só passou a ser uma

psicopedagogo em relação ao profissão regulamentada muito

desenvolvimento infantil implica recentemente - 2009 - pelo menos em

conhecer um pouco de sua formação termos de Brasil. Do ponto de vista

e que tipo de vivências precisa ter no histórico, ela surge na França, em

trato com a criança em processo de 1946, através dos chamados Centros

aprendizagem. Psicopedagógicos, instituídos com a


finalidade de abordar aspectos
A primeira noção que precisa ser
problemáticos na educação de
bem assimilada é a da
crianças, em particular nos seus anos
Psicopedagogia como ramo da
iniciais. Essa disciplina, como tal, só
Psicologia, em que concorrem,
ingressa no Brasil na década de 1960.
ativamente, saberes da Pedagogia É
Tanto assim que, somente em 1979,
área do conhecimento, que se dedica
registrou-se o primeiro curso de pós-
a estudar tanto os procedimentos
graduação. A análise da grade
envolvidos no ensinar e aprender
curricular correspondente revela que a
quanto - e principalmente - as
formação do especialista na área deve
dificuldades, os obstáculos que
ser multidisciplinar, pois na avaliação

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diagnóstica terá que decifrar dados de terapêutico. No primeiro, volta-se para
119
outros ramos do conhecimento. o ser humano “em desenvolvimento,
Principalmente porque sua atuação enquanto educável”. No segundo,
também não é uniforme: ora ela se dá trabalha com métodos que
de forma preventiva, no âmbito da possibilitem o diagnóstico e o
instituição escolar, ora como tratamento de uma aprendizagem
orientação psicopedagógica, problemática, ou seja, aquela em que
“compreendida como processo pelo o educando experimenta
qual se possibilitam condições que instabilidades no aprendizado.
promovem o desenvolvimento do (BOSSA, 2000)
indivíduo”. (BOSSA, 2000)
Modernamente, as dificuldades
Por sinal, em seus ensinamentos, no processo da educação vêm sendo
a professora Nádia Bossa esclarece interpretadas por um prisma de maior
que a Psicopedagogia ainda está abrangência, na medida em que não
numa fase em que busca a sua são isoladamente relacionadas à
identidade, embora tenha - e terá aprendizagem, mas englobam o
sempre - uma dimensão ensino. Ou seja, não são situações
interdisciplinar, que ela cita como se que refletem deficiências daquele que
valendo de saberes da Psicologia, da aprende apenas; são, também,
Psicanálise, da Linguística, da reflexos da maneira de ensinar. Nessa
Fonoaudiologia, da Medicina e da perspectiva, cobra-se do
Pedagogia. Por isso, não é suficiente psicopedagogo que ele detenha
dizer que a Psicopedagogia junta sólidos conhecimentos acerca do
elementos da Pedagogia e da universo da educação, do processo de
Psicologia; é muito mais que isso, educar, do que é ensinar e do que é
numa visão de atendimento com aprender. De outra parte,
qualidade. Seus enfoques são, especialistas da área, como João
basicamente, o preventivo e o Beauclair e Laura Mont Serrat

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vêm insistindo em alguns pontos principais atividades que devem ser
120
concernentes à atuação do atribuídas ao psicopedagogo:
psicopedagogo, no sentido de
 Orientação de estudos: ajudar a
sistematizar sua atuação:
criança a organizar o seu cotidiano
 Ele deve ter sempre em mente de aprendizagem; ela deve ser
que a família é o primeiro polo de informada de que na sua vida escolar
aprendizagem da criança, o primeiro - que não será curta - o
educador; nessa perspectiva, deve planejamento, o saber organizar-se é
informar-se sobre o ambiente em que fundamental;
a criança vive;  Trabalhar, principalmente,
 Também deve ter em conta o aqueles conteúdos que,
papel da escola como transmissora explicitamente, a criança menos
do conhecimento e produtora do apresenta afinidade e, por
saber; e procurar conhecer tudo conseguinte, menos consegue
sobre a formação do educador formal assimilar no dia a dia da educação;
dessa criança e sobre a estrutura  Ajudar a criança a desenvolver o
educacional em que ela está seu raciocínio; por exemplo, através
inserida; de jogos que cumpram essa função;
 Deve, ainda, procurar realizar o  Dar atendimento a situações
seu diagnóstico em bases especiais, e graves como a
essencialmente clínicas; deficiência mental, o autismo, a
 Finalmente, a ele incumbe hiperatividade e outras desordens.
identificar as melhores possibilidades Argumentam aqueles
(métodos, técnicas, estímulos) de o especialistas que, para cumprir
aluno aprender. satisfatoriamente essas atividades, a
Os mesmos estudiosos têm formação do profissional em questão
estabelecido consenso em torno das deve estar embasada:

a) Na prática clínica;

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b) Em fatores teóricos da disciplina;  A aquisição e articulação de
121
c) Na complementação da teoria sons;
através das vivências e experiências,  A aquisição de palavras novas
e se possível, na interface com (o vocabulário);
profissionais de outras áreas;  A elaboração e organização
d) Em uma coisa que é clássica em mental;
todas as profissões: o saber ver  A atenção e concentração;
(observar) e escutar (interpretar).  A expressão plástica;
Por outro lado, de acordo com  A aquisição de conceitos (se os
http://www.mariamasarelapsicopedag compreende);
ogo.com.br, o psicopedagogo deve ter  A discriminação e
a capacidade de observar: correspondência de símbolos;
 O raciocínio lógico matemático
 A coordenação motora ampla;
A mesma fonte relaciona, em
 Aspectos sensório-motores;
seguida, os “casos comumente
 A dinâmica lateral;
encontrados na escola”:
 O desenvolvimento rítmico;
 O desenvolvimento motor fino;  O ansioso: sintomas de
 A criatividade da criança (ou do ansiedade, depressão, infelicidade,
indivíduo); solidão;
 A evolução do traçado e do  O imaturo: com humor variável,
desenho; capaz de gargalhar e chorar, sem
 A percepção e discriminação causa aparente, em curto intervalo
visual e auditiva; de tempo;
 A percepção espacial;  O hiperativo;
 A percepção viso-motor;  O explosivo;
 A orientação e relação espaço-  O autista;
temporal;  O portador de agrafia: refere-se
à impossibilidade de escrever;

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transformar seus pensamentos em TESTE SEU CONHECIMENTO
122
escrita;
UNIDADE VIII
 O portador de discalculia:
apresenta dificuldade nas operações
matemáticas 01.O desenvolvimento da criança ocorre em
estágios. O desenvolvimento cognitivo
 O portador de disgrafia: refere-se ao ___________________. A ele
estão ligados os seguintes períodos:
apresenta escrita manual deficiente ___________, ________________ e
__________________. Indique a alternativa
 O portador de dislexia: aquele que preenche adequadamente os claros:
que lê, mas não compreende o texto;
 O portador de disortografia - A- ( ) movimento/ primário/ secundário/ terciário
B- ( ) conhecimento/ sensório-motor/ pré-
caracteriza-se por frases operatório e operações concretas
incorretamente construídas, às vezes C- ( ) afeto/ alfa/ beta/ concreto
D- ( ) equilíbrio/ da fala/ da leitura/ do discurso
sem muita coerência.

Todos esses aspectos estão 02. Na base do desenvolvimento cognitivo


estão as brincadeiras do “faz-de-conta”. Em
relacionados a inconsistências no que período desse desenvolvimento inserem-
se essas brincadeiras?
desenvolvimento da criança, eis
porque o psicopedagogo tem por A- ( ) sensitivo
obrigação estar atento ao B- ( ) clássico
C- ( ) contemporâneo
desenvolvimento global da criança,
D- ( ) pré-operatório
isto é, por suas variadas naturezas,
estando consciente da importância
03. A teoria de Piaget sobre o
desse quesito no desenrolar e no desenvolvimento psicomotor da criança
refere-se a um estudo que abrange o período
desabrochar de uma vida. de vida de zero a cinco anos de idade.
Assinale a alternativa que indica, nesse
contexto, características do sexto mês e dos
SAIBA MAIS: quatro anos:

Para conhecer melhor a teoria piagetiana sobre A- ( ) a criança prepara o próprio jantar/ estuda
os estágios do desenvolvimento, leia também: seis horas por dia para concurso público
B- ( ) senta-se com ajuda/ consegue saltar
 O desenvolvimento da criança nos
primeiros anos de vida. Disponível em:
http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream
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C- ( ) a criança realiza ações sobre quatro
123
apoios (quadrupedia)/ atira objetos
D- ( ) escova os dentes e utiliza fio dental/
elabora dissertação de mestrado.

04. A teoria de Piaget sobre o


desenvolvimento infantil foi elaborada
considerando-se a criança dos dois aos cinco
anos. Relacione as idades e uma
característica desse desenvolvimento, ou
seja, uma característica daquela idade.

A- ( ) dois anos
B- ( ) três anos
C- ( ) quatro anos
D- ( ) cinco anos

1- ( ) fala consigo mesma e com pessoas


imaginárias
2- ( ) começam a cair os dentes de leite
3- ( ) usa, com frequência, a palavra ‘não’
4- ( ) salta pra frente com os pés juntos

05. Por definição, a Psicopedagogia é uma


área do conhecimento que se ocupa dos
fatores que levam uma pessoa a apresentar
dificuldades no processo de
_____________________.

A- ( ) leitura
B- ( ) adaptação
C- ( ) aprendizagem
D- ( ) movimentação contínua

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124

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
125
Caro aluno, estamos na reta final dos estudos sobre a Psicomotricidade, significa
dizer, sobre a educação psicomotora, onde a teoria e também a prática, esta representada
por formas e situações de intervenção, lhes foram passadas com o máximo de
objetividade. Trata-se de tema denso, o que, eventualmente, nos obrigou a estender
nossas exposições com o auxílio de termos e explicações retirados de outras áreas que
lhes são correlatas. Teóricos considerados referenciais na matéria foram convocados para
sustentar ideias e tornar claras explanações, em particular os da Psicologia e da Educação.
Objetivou-se não deixar nenhum conceito vago ou insuficientemente apresentado,
produzindo o saber em sua mais ampla concepção. Por exemplo, não se pode falar em
desenvolvimento infantil sem falar em suas vertentes, os tipos, as etapas em que se
processa e que influência traz para diversas formas de constituição da criança como ser
integrado e interagindo no mundo que a envolve. Que bom se cada um, com base em tudo
o que leu, releu, assimilou, puder dizer: “Não, a Psicomotricidade é algo tão especial e tão
importante para a criança, em seu início de trajetória, que eu até deveria ter tomado
conhecimento - e consciência - bem antes, dado o seu profícuo envolvimento com o futuro
e a educação dessa criança e de todas deste país”.

Essas considerações finais são, também, complementares. O tema é tão vasto, tão
complexo, que dificilmente estará de certa forma completo se não forem feitas revisões e
acréscimos em suas abordagens.

Gostaríamos de aproveitar esse espaço para clarear mais um pouco o ambiente


científico onde se desenvolve a Psicomotricidade, nascida na clínica e consagrada na
escola. Com tais aplicações construiu-se o histórico dessa ciência.

Seria importante começar evidenciando que os termos Psicomotricidade e educação


psicomotora se interligam de tal forma que parecem convergir para um só conceito. Mas
não é bem assim: a Psicomotricidade é, em essência, o produto de estudos, definições,

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postulados e demonstrações científicas, e a educação psicomotora é ação pedagógica.
126
Aquela se ampara num tripé - corpo, espaço e tempo - e esta deve ser vista como o fazer
que derivasse daquela. A propósito, cada vez mais cresce a tendência a se considerar a
Psicomotricidade uma neurociência, dada a sua feição de ciência interdisciplinar, isto é,
com presença em diversas áreas do conhecimento.

Outro aspecto que deve ficar claro nessas ponderações finais é a destinação da
Psicomotricidade. Vimos, anteriormente, que ela tanto se destina a prevenir como tratar
distúrbios, transtornos, debilidades, deficiências e dificuldades nos variados mundos que a
criança, à medida que cresce, está presente e se descobre. No entanto, existem áreas de
atuação da Psicomotricidade pouco referidas na literatura correspondente. Um exemplo é
a área hospitalar, que a criança momentaneamente pode estar frequentando na condição
de interna. Wallon, considerado o teórico por excelência dessa ciência, realizou estudos
em que situa a criança hospitalizada como necessitando da intervenção psicomotora. E,
paralelamente, desenvolve formas de atendimento a adultos vitimados por guerras, cujo
acompanhamento talvez fuja a nossos objetivos.

Voltando à destinação, ao uso que habitualmente se faz da Psicomotricidade,


chamamos a atenção para certa concentração de sua atuação nos espaços da pré-escola,
em detrimento de outros estágios educacionais que, igualmente, necessitam de sua
investida. Tomemos o exemplo do ensino fundamental, onde sua presença praticamente
se dilui, exceção feita aos momentos da alfabetização. E retornemos ao ambiente
hospitalar para focalizar a criança que, momentaneamente, perdeu seus aspectos
identificadores - o seu mundo próprio, os seus amiguinhos, o seu bichinho de estimação, o
convívio com a família, e mesmo (e principalmente) a escola. Dos pontos de vista
emocional, corporal e cognitivo essa criança está em um período de fragilização e estudos
demonstram que, por exemplo, uma brinquedoteca, assim como atividades orientadas
pelo psicomotricista e adequadas à situação são capazes de acelerar os tratamentos,

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facilitar a recuperação, abreviar o tempo de internação, seja porque conferem ânimo,
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alegria, expectativas, descontração ou o alívio em relação a medos e angústias,
particularmente em face de exames, procedimentos e da temível injeção. Além do que,
torna-se inestimável contribuição para afugentar o fantasma da solidão, do silêncio, do
desconhecido que o hospital traz, em especial para a criança. É, portanto, no campo
afetivo-motor, com atividades que integram e provocam algum tipo de movimento que
melhor se identifica a importância de se deslocar o contexto da Psicomotricidade da seara
escolar para a da saúde. Aliás, a propósito dessas considerações envolvendo o campo de
atuação da Psicomotricidade, parece-nos oportuna a intervenção de Almeida (2006):

Crianças em fase de desenvolvimento; bebês de alto risco; crianças com


dificuldades/atrasos no desenvolvimento global; pessoas portadoras de
necessidades especiais; deficiências sensoriais, motoras, mentais e psíquicas;
pessoas que apresentam distúrbios sensoriais, perceptivos, motores e relacionais
em consequência de lesões neurológicas; família e pessoas da terceira idade seria
a clientela atendida pelo psicomotricista. (ALMEIDA, 2006, p.18)

Quando a Psicomotricidade foi vista, neste estudo, sob a ótica do corpo em


movimento, estava ali a própria explicação do significado e do principal conteúdo dessa
disciplina. Tanto assim que o movimento, nas palavras de Le Boulch (1982) se identifica
como “um dos eixos de aprendizagem”. E todos sabem da íntima relação da
Psicomotricidade com a educação. Também concorre para esse entendimento o fato de
que os reflexos de uma inadequação qualquer na área psicomotora/afetiva irão
necessariamente aparecer no processo de alfabetização, série inicial do ensino
fundamental. Eis a razão pela qual os movimentos corporais foram exaustivamente
referidos ao longo deste trabalho, mas, talvez, como complemento, temos ainda que nos
prender à visão e percepção que o bebê tem de seu corpo como ponto inicial para
considerações ulteriores. Trata-se de como o bebê descobre, ou explora, ou percebe o seu
corpo como uma individualidade - até por volta dos dois anos, ele tem como referência

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corporal sua mãe. Ou seja, ele se percebe dissociado dos demais. Fonseca (2010) relaciona
128
os movimentos que a criança faz nesse estágio de “aprendizagem tônica” (tônica no
sentido de vigor, fortalecimento, tornar forte):

 Até os oito, nove meses, a criança permanece mais deitada e sentada;


 Entre os catorze e os dezesseis meses, ela consegue o domínio de sua postura
corporal e empreender a chamada marcha bípede (andar normalmente com os dois
pezinhos).
Tal fortalecimento e evolução prende-se, necessariamente, à estimulação corporal
que a criança recebe da família em geral, em que ela é levada a “realizar movimentos que
deem força à sua coluna e membros e é trabalhada a questão da flacidez das mãos e pés”
(FONSECA, 2010, p. 151-152). Assim, quando a criança sente o seu corpo em movimento,
ela forma o que a ciência denomina “imagem do corpo”, que está na origem, ou que seria
a base de formação, ou ainda, o ponto central da personalidade, segundo estudos mais
avançados. A propósito, os conceitos de consciência corporal, imagem do corpo e
esquema corporal se confundem e encontramos fontes de pesquisa que tomam um pelo
outro. Numa rápida tentativa de jogar luz sobre essa confusão de conceitos podemos dizer
que a imagem do corpo pode ser entendida como a forma como representamos nosso
corpo para nós mesmos e o esquema corporal é a “construção mental funcional que o
indivíduo faz de seu corpo” (www.educacaofisica.com.br); o esquema corporal se
desenvolve em etapas, como foi visto no tópico correspondente. Observe-se que todo
esse conjunto de fatores evolutivos acha-se intimamente dependente da capacidade
motriz da criança, e que essa capacidade tem a ver com aspectos emocionais e outros,
como por exemplo, o sedentarismo, o isolamento da criança (em relação a outras
crianças), alimentação deficiente ou insuficiente e reduzida atividade lúdica.

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A propósito da ludicidade, gostaríamos apenas de complementar com a análise de
129
Friedmann (1996), em que diversos tipos de jogos foram listados, segundo o que
propiciam:

 Tipo sociológico, em que se ressalta a influência do contexto social no qual os


diferentes grupos de crianças brincam;
 Tipo educacional, em que se focaliza a contribuição do jogo para a educação,
apontando-se para sua contribuição no desenvolvimento da criança e em sua
aprendizagem;
 Tipo psicológico, em que o jogo figura como meio para compreender melhor o
funcionamento da ‘psiqué’, das emoções e da personalidade;
 Tipo antropológico - a maneira como o jogo reflete, em cada sociedade, os costumes
e a história das diferentes culturas (o jogo tem, nessa versão, atitude preservacionista
em relação à tradição - acréscimo nosso);
 Tipo folclórico, em que se faz a análise do jogo como expressão da cultura infantil
através das gerações, bem como as tradições e costumes por meio dos tempos nele
refletidos (Friedmann, 2010, p. 28)
No jogo sociológico despontam, como elementos principais, as bonecas e os
carrinhos. No jogo educacional, o quebra-cabeça, os jogos de montar e a caça ao tesouro.
No tipo de jogo denominado psicológico sobressaem-se os chamados jogos de confronto e
jogos de competição. Já no jogo antropológico estão presentes, prioritariamente, o brincar
de casinha e as representações das atividades dos adultos. Por fim, no jogo folclórico, está
o pião, o cavalo de pau e a amarelinha.

Entendemos que a explanação em torno da influência que exerce a Psicomotricidade


no ensino da leitura e escrita tenha sido satisfatória no sentido de circunscrever os
benefícios transferidos ao processo. Entretanto, sentimos a necessidade de expandir os

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conceitos de alfabetização e letramento, numa perspectiva de identificá-los melhor e
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eliminar dúvidas sobre o que um é em relação ao outro.

Alfabetização e letramento, a rigor, tratam de variáveis em torno do mesmo


procedimento: oferecer possibilidade de escrita. Não obstante estarem interligados, são
conceitos distintos. Estão vinculados pelo ato de ensinar a ler e escrever. Nessa
perspectiva, um está alfabetizado e o outro não é mais iletrado. O letramento seria, assim,
uma expressão social da alfabetização.

Para que se entenda, adequadamente, o significado de letramento é conveniente


rememorar alguns aspectos relacionados à alfabetização. Como, por exemplo, os
tradicionais métodos sintéticos (silábicos ou fônicos) e analíticos (numa perspectiva
global), de que se originaram as famosas cartilhas de alfabetização que fazem parte das
memórias das antigas professoras e dos antigos alunos.

Algumas questões no Brasil foram denunciadas sistematicamente como problemas


que envergonhavam a Nação e pareciam destinados a uma permanência. A desigualdade
de renda, o trabalho escravo, o trabalho infantil e o… analfabetismo. Este último, no
entanto, talvez tenha sido o que mais vigorosamente foi enfrentado por sucessivos
governos nas últimas décadas, diminuindo-se, sensivelmente, os níveis; porém, não se
pode dizer que tenha sido eficazmente combatido. Isso porque, a partir de determinado
momento, surge no cenário nacional, com formato crítico e realista, a expressão
“analfabeto funcional”. O que vem a ser? Refere-se àquele que, tendo se apropriado da
escrita e da leitura, mantém-se incapaz de compreender os textos mais simples.

O letramento, por seu turno, tem uma conotação social, posto que seria “resultado
ou consequência do processo de alfabetização. De acordo com a professora Magda Soares,
da UFMG, cujo conceito é o mais aceito:

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Letramento é o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever;
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o estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como
consequência de ter-se apropriado da leitura. (GUIMARÃES, Nilma. Afinal, o que é
letramento? Disponível em htpp://www.educacao.uol.com.br. Acesso em: mar.
2017)

Dando término a essas considerações complementares e finais, uma breve reflexão


se faz necessária sobre o TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade,
aspecto pouco valorizado na abordagem sobre o desenvolvimento, na percepção
psicopedagógica. Trata-se, segundo a Psiquiatria, de problema neurobiológico com causas
genéticas. Requer medicação, não tem cura, mas pode melhorar com a idade. Caracteriza-
se, principalmente, por não contemplar a sequência de atividades, passando à criança de
uma a outra sem, na verdade, concluir nenhuma delas. Registra-se nesse quadro um
déficit cognitivo e “um retardo do desenvolvimento da motricidade e da linguagem”.
(SENO, Marília Piazzi. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): o que os
educadores sabem? Revista de Psicologia. v. 27 ed. 84, 2010). Esse grave problema não
pode fugir à percepção do psicopedagogo quanto à importância, influência e necessidade
de ser atendido com o arsenal de opções de uma educação psicomotora.

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Disponível em

TESTE SEU CONHECIMENTO


UNIDADE I
1 A 2 B 3 C 4 D 5 B
UNIDADE II
1 F,F,V,F 2 D 3 A 4 C 5 B
UNIDADE III
1 A 2 V,F,V,F 3 D 4 B 5 B
UNIDADE IV
1 A 2 2,4,1,3 3 C 4 D 5 A
UNIDADE V
1 B 2 D 3 A 4 A 5 C
UNIDADE VI
1 B 2 C 3 D 4 A 5 1,3,4,2
UNIDADE VII
1 C 2 B 3 C 4 D 5 A
UNIDADE VIII
1 B 2 D 3 B 4 3,1,4,2 5 C

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