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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

A REINVENÇÃO DA MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES ATRAVÉS


DAS GRAPHICS MSP

GEOVANA HELD RAGAZI

ARTES VISUAIS

2015
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

A REINVENÇÃO DA MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES ATRAVÉS


DAS GRAPHICS MSP

GEOVANA HELD RAGAZI

ARTES VISUAIS

Projeto apresentado como exigência da


disciplina Projeto Experimental de Curso,
sob orientação da Prof.ª Dr.ª Maria José
Spiteri Tavolaro Passos.

2015
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço à minha orientadora Prof.ª Dr.ª Maria José


Spiteri Tavolaro Passos, que me direcionou com dedicação, carinho e perseverança,
tornando-se minha principal companheira nessa incrível jornada.
A minha família, especialmente minha querida mãe, que permitiu concluir
minha graduação, e sempre deu apoio e incentivou minhas escolhas. E
principalmente por ter me apresentado as histórias em quadrinhos em meus
primeiros anos de vida. Aos amigos que estiveram sempre ao meu lado nas
inquietações presentes no dia a dia, em especial, Isa Cris, Davi Aquino, Alice dos
Anjos e Angelo Pires.
A Daniel Esteves, meu primeiro professor de HQ, amigo e quadrinista por
ter me introduzido no mundo dos quadrinhos, onde criei muitos laços.
A José Wilson Magalhães que me ajudou a aperfeiçoar a técnica da arte-
final, apoiando na realização de meus sonhos.
A Sidney Gusman por toda assessoria e atenção que contribuiu com
indicações e materiais. E especialmente aos irmãos Vitor e Lu Cafaggi,
primeiramente pela amizade, pela dedicação e atenção proporcionadas, e com a
contribuição de materiais e informações disponibilizados.
A REINVENÇÃO DA MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES ATRAVÉS DAS
GRAPHICS MSP

Geovana Held Ragazi

RESUMO
Este trabalho faz uma análise comparada da trajetória da Mauricio de
Sousa Produções, dando ênfase ao projeto editorial Graphics MSP, do qual foi
escolhido a Turma da Mônica – Laços. Para tanto, foram estudadas uma breve
história do contexto histórico dos quadrinhos e o seu surgimento no Brasil, bem
como os artistas envolvidos nas produções aqui analisadas. Realizou-se também
uma análise comparada entre a Turma da Mônica e Turma da Mônica Jovem, para
se chegar ao estudo da Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, buscando-se
assim, apresentar as mudanças artísticas e estilos dos personagens, enfatizando a
iconografia existente.

PALAVRAS-CHAVE: Graphics MSP, Turma da Mônica, Mauricio de Sousa


Produções, Vitor e Lu Cafaggi, História em Quadrinhos.
5

A narrativa figurada é muito mais


antiga do que se possa imaginar. Se você
entra numa igreja e vê os quadros de uma
via-sacra, de certa maneira está em frente a
uma das mais primitivas histórias em
quadrinhos.
(GOIDANICH, 2011, p.09).
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INTRODUÇÃO

Não é de hoje que o homem se comunica por meio das representações


de símbolos e figuras, tais como os registros deixados nas cavernas, no período pré-
histórico e até mesmo os hieróglifos egípcios. Antecessor dos quadrinhos, o
desenho é uma das formas mais primitivas de expressão e a maneira encontrada
pelo homem que registrava cenas de caça, cotidiano, rituais e mitologia.
Seguramente as histórias em quadrinhos traduzem as concepções de mundo e os
hábitos de uma sociedade, nos transportando ao longo de um universo lúdico cheio
de aventuras e fantasias.
Certamente os quadrinhos tem sido um grande incentivo para leitores
novatos e um forte aliado na alfabetização e formação escolar. Por muito tempo se
consolidou como algo infantilizado e sem importância, servindo como figura de
entretenimento, prevalecendo entre o público alvo infantil.
No Brasil, alguns dos quadrinhos infantis mais vendidos com ampla
vantagem no mercado, pertencem aos Estúdios Mauricio de Sousa Produções, a
Turma da Mônica já faz parte do universo lúdico de muitas crianças. É fato que
muitos, particularmente as gerações dos anos de 1980 e 1990, aprenderam a ler ou
tiveram um contato mais significativo com a Turma da Mônica. E comigo não foi
diferente, aprendi a ler com os quadrinhos da “turminha”. Anos mais tarde,
frequentando um curso de Histórias em Quadrinhos, a paixão e o interesse por este
universo fascinante foi aflorando cada vez mais, influenciando em minha escolha
profissional e motivando a escolha do tema proposto para este trabalho de pesquisa.
No final dos anos 50, Mauricio de Sousa começa sua carreira como
repórter policial na Folha da Manhã, ilustrando as reportagens. Em 1959 sua
primeira tira, do cãozinho Bidu e seu dono Franjinha foi publicada semanalmente no
jornal Folha da Tarde. Somente em 1963 sua personagem de maior sucesso hoje, é
criada. Mônica, criação inspirada em sua filha, na época ainda personagem de
menor destaque, surge nas tiras de Cebolinha, sendo que sua primeira revista foi
publicada em 1970, após sete anos de sucesso. A partir daí, Mauricio se consagrou
no mercado com seus diversos personagens já criados, com os traços e estilos já
conhecidos pelo público. Após quase quatro décadas foi publicado Turma da Mônica
Jovem, que trouxe a passagem dos personagens da fase infantil para a fase
adolescente, revolucionando o traço já conhecido e consagrado durante toda sua
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carreira, remetendo aos famosos mangás japoneses. Anos mais tarde, finalmente
inicia-se a notória reinvenção da Mauricio de Sousa Produções, através da
Coordenação Editorial de Sidney Gusman, é lançada no mercado a trilogia MSP 50
e a coletânea O Ouro da Casa, antecedendo as futuras Graphics MSP e inovando
tudo que já se conhecia.
A presente pesquisa pretende estudar a “Reinvenção da Mauricio de
Sousa Produções através das Graphics MSP”, ressaltando as mudanças artísticas e
autorais ocorridas na trajetória do Estúdio, por meio de múltiplas facetas, tais como
os quadrinhos mensais, a Turma da Mônica Jovem nos mangás, e com ênfase no
projeto editorial Graphics MSP, objeto de estudo desse projeto, tendo como
objetivos apresentar as diversas linguagens dos quadrinhos, narrativas e seus
elementos visuais, suas materialidades e traçar as transformações que os
personagens sofreram com o tempo de acordo com o gesto e traçados autorais de
diferentes artistas e histórias em estilos diversos.
Por intermédio de uma análise comparada serão estudadas as
publicações mensais da Turma da Mônica, Turma da Mônica Jovem e dentre as
Graphics MSP, a escolhida Turma da Mônica – Laços, escrita e desenhada por Vitor
Cafaggi e Lu Cafaggi, utilizando também entrevistas com os artistas. Como
referencial teórico para esta pesquisa também serão utilizados o livro Mauricio –
Quadrinho a Quadrinho, de Sidney Gusman, que relata a biografia de Mauricio de
Sousa e como sua paixão pelos quadrinhos o tornou um dos maiores ícones e um
dos grandes nomes predominantes até a atualidade. Além deste serão empregados
conjuntamente os livros Enciclopédia dos Quadrinhos, de Hiron Cardoso
Goidanich e André Kleinert, introduzindo desta forma o contexto histórico das
histórias dos quadrinhos, Desvendando os Quadrinhos, de Scott McCloud, onde o
autor relata como definir os elementos básicos das artes sequenciais e suas
linguagens, abordando também o processo criativo, a influência do tempo sobre as
histórias, a composição das páginas e a relação entre as palavras, e O Sistema dos
Quadrinhos, de Thierry Groensteen, que traz uma nova proposta de análise dos
fundamentos da linguagem dos Quadrinhos, partindo de uma descrição detalhada
de seus elementos construtivos.
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1.COMO SURGIRAM AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

No século XX surgiu o que podemos chamar de “as precursoras das


histórias em quadrinhos.” As ilustrações já predominavam na Europa, e os textos
quando presentes eram reduzidos e escritos por fora de cada quadro ou desenho.
Os artistas europeus, Rodolphe Töpffer, Wilhelm Busch, criador de Max und Moritz,
Caran D’Ache e Christophe, popularizaram a narrativa através de imagens,
antecipando uma nova forma de comunicação visual.
Os maiores poderosos proprietários de conjunto de jornais nos Estados
Unidos, Joseph Pulitzer, dono do jornal New York World, e Willam Randolph Hearst,
do Morning Journal, lutavam para conquistar um público maior. Nessa época foram
criados os suplementos dominicais, com o intuito de atrair uma massa
semialfabetizada e os imigrantes que tinham dificuldades com o inglês. Conhecido
como sundays, grande parte de seu material eram formados por narrativas
figuradas, bem ao estilo europeu. E foi no suplemento dominical New York World,
em 1895, que surgiu The Yellow Kid, personagem do artista Richard Outcault. O
menino vestindo camisolão amarelo em certos momentos falava em balloons, em
outros os textos surgiam em sua camisola amarela, estava lançada a nova moda,
não se encontravam mais textos ao pé das imagens.

Fig. 01 – RICHARD OUTCAULT, The Yellow Kid, 1895.


Fonte: http://www.comicbookbrain.com/_imagery/2015-02-09/outcault-the-yellow-kid-1896-first.jpg
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A partir daí os quadrinhos, como são conhecidos hoje, já eram publicados


diariamente e em páginas dominicais. Trazendo narrativas alegres e situações
cômicas reforçaram o nome como são conhecidos até hoje nos Estados Unidos, os
comics. Dentro de duas modalidades diferentes, os comics passaram a serem
publicados como tiras diárias em preto branco, as daily strips, e suplementos
dominicais em cores, as sundays pages. Nesse período surgiram histórias como The
Katzenjammer Kids (Os Sobrinhos do Capitão) de Rudolph Dirks. Para coordenar
uma melhor distribuição das histórias, Hearst e Pulitzer criaram os Syndicates. A
mesma história era encaminhada para diversos jornais e seus criadores ganhavam
porcentagem sobre as vendas. Novos artistas plásticos e ilustradores foram atraídos
para os comics, dando um impulso ao mercado, e iniciando os gêneros, todos
cômicos, kid strips, animal strips, family strips, girl strips.
No final da década de 20 iniciou-se a aventura nos comics, com Tarzan
de Harold Foster, Wash Tubbs de Roy Crane e Tim Tyler Luck de Lyman Young,
nessa mesma época surgiu a primeira história de ficção científica dos quadrinhos, a
Buck Rogers de Phil Nowlan e Dick Calkins. Assim encontrava-se popularizada uma
nova forma de literatura em imagens.
Assim havia iniciado a era de ouro dos quadrinhos, foi nesse período que
surgiram personagens como Dick Tracy de Chester Gould, Flash Gordon de Alex
Raymond, Mandrake, O Mágico, de Falk e Davis, O Fantasma de Falk e Moore,
Príncipe Valente de Harold Foster e tantos outros personagens.
As tiras diárias e os suplementos dominicais em quadrinhos já estavam
presentes em todos os grandes jornais dos Estados Unidos e das principais cidades
do mundo. E na década de 30 tornaram-se conhecidos os comic books, revistas
baratas que a princípio reproduziam material compilado das principais histórias
publicadas nos jornais. Uma nova etapa estava começando, com a procura e cada
vez mais lidos, os comic books, conhecidos aqui no Brasil como gibis, deram início a
editoras mais poderosas, que passaram a investir em material original, desenhados
exclusivamente para suas páginas.
Nessa época os dois jovens Joe Schuster e Jerry Siegel criam o
personagem Superman para a revista mensal Action Comics, em junho de 1938.
Com o grande sucesso outro jovem, Bob Kane, criava, em maio de 1939, para a
revista Detective Comics, hoje mundialmente famosa DC Comics, o personagem
Batman. Logo surgiram os, hoje conhecidos, super-heróis. “Os estudiosos afirmam
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que entre 1940/45 surgiram perto de quatrocentos super-heróis, embora poucos


tenham realmente permanecido” (GOIDA, 2011, p.10). É fato que entre estes se
destacavam O Príncipe Submarino, Tocha Humana, Capitão América e Capitão
Marvel. Com o acontecimento da Segunda Guerra Mundial muitos desses super-
heróis dos quadrinhos foram convocados para lutarem contra as forças de
Alemanha, Itália e Japão, como relata Goida (2011, p.10) “As histórias perderam seu
caráter ingênuo e puramente aventureiro para se transformarem em objetos
panfletários e ideológicos”, e ainda assim os daily comics e os comic books
continuavam agradando o público.

Fig. 02 - JOE SHUSTER E JERRY SIEGEL, Superman, junho de 1938.


Fonte: http://www.comunidadehq.com.br/wp-content/uploads/2014/08/Action_Comics_1.jpg
11

Fig. 03 – BOB KANE, Batman, maio de 1939.


Fonte: http://img2.wikia.nocookie.net/__cb20140906210315/marvel_dc/images/a/a8/
Detective_Comics_27.jpg

Finalmente em 1940, Will Eisner cria o personagem The Spirit. Publicado


nas sundays pages com histórias completas, The Spirit revolucionou e trouxe uma
nova dimensão em termos de linguagem para a quase cinquentenária forma de
expressão já conhecida. Spirit era um mascarado que combatia os crimes
unicamente com os próprios punhos e inteligência, trazia uma técnica única que
demostrava iluminação e enquadramentos influenciados pelo Expressionismo
alemão. É fato que Will Eisner, e toda sua genialidade, e seu personagem The Spirit
tornaram os quadrinhos reconhecidos como uma forma de arte, com o termo que ele
mesmo criou: Artes Sequenciais.
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1.1.A trajetória dos quadrinhos no Brasil

No Brasil, vários pesquisadores acreditam, que o artista italiano, Angelo


Agostini tenha sido o primeiro a criar o que hoje poderia se considerar os primeiros
quadrinhos brasileiros. Angelo Agostini foi radicado aqui no Brasil em 1861, tendo
começado em 1869 suas primeiras histórias desenhadas. Os primeiros capítulos de
As Aventuras de Nhô-Quim, publicada na Revista Vida Fluminense, se
caracterizavam por sua semelhança ao padrão europeu, com histórias de longa
duração, sem balões e com seus textos inseridos no rodapé de cada quadrinho. Em
1883, um novo personagem surge nos traços de Angelo Agostini, Zé Caipora.
Com surgimento da revista infantil O Tico-Tico, em 1905, considerada a
primeira revista de quadrinhos, começam a surgir novas possibilidades de leitura.
Até o momento as histórias e personagens presentes eram predominantemente
cópias de revistas francesas, histórias como de Chiquinho, personagem de maior
sucesso da revista, e considerado por muito tempo uma criação brasileira, o qual
mais tarde descobriu-se que era plágio do americano Buster Brown, do artista
Richard Felton Outcault, como comenta Goida (2011, p.12) “O personagem mais
apreciado era Chiquinho, cópia descarada do Buster Brown, criado pelo norte-
americano R. F. Outcault”.

Fig. 04 – REVISTA O TICO-TICO, Chiquinho, 1905.


Fonte: http://3.bp.blogspot.com/-
9EMTq2LqMwk/UFIqYi_RYTI/AAAAAAAAFa0/s_HnLybvBWs/s1600/O-Tico-Tico+Chiquinho.gif
13

Fig. 05 – RICHARD FELTON OUTCAULT, Buster Brown, 1902.


Fonte: http://images.fineartamerica.com/images-medium-large/buster-brown-book-1905-granger.jpg

O Tico-Tico apresentou também a estreia em quadrinhos de Mickey


Mouse, como o Ratinho Curioso, e as Aventuras de Gato Félix. A revista O Tico-Tico
manteve-se como única no mercado até meados da década de 30, quando se iniciou
as publicações de diversas histórias em quadrinhos norte-americanas,
essencialmente após o lançamento do Suplemento Juvenil, em 1934, comandado
por Adolfo Aizen, após sua visita aos Estados Unidos. Publicada em formato
tabloide, circulando três vezes por semana, surgiram os grandes heróis das daily
strips norte-americanas, como Tarzan, Flash Gordon, Mandrake, entre outros. Com
a chegada das histórias de super-heróis, a revista O Tico-Tico perdeu mais espaço,
deixando de manter a periodicidade semanal a partir de 1957, circulando apenas em
almanaques ocasionais, e fechando em 1977.
Em São Paulo, o jornal A Gazeta havia criado o suplemento A Gazeta
Infantil, mas só teve sucesso ao lançar A Gazetinha, em 1933, primeiro jornal
semanal que publicou pela primeira vez as histórias de O Fantasma. Contudo A
Gazetinha “[...] nunca teve a mesma força do Suplemento Juvenil, que se manteve
quase sem adversários até surgir nas bancas, em junho de 1937, O Globo Juvenil.
[...]” (GOIDA, 2011, p. 13).
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Em 1939, surgiu uma nova revista: O Gibi, concorrente direto do


Suplemento Juvenil, publicado pelo Grupo Globo, e por causa de seu título o termo
“gibi” assumiu o sinônimo de quadrinhos aqui no Brasil. Durante os anos 40,
conhecidos comic books, O Gibi Mensal, O Guri, O Globo Juvenil Mensal e O
Lobinho traziam histórias completas enfraquecendo os tabloides trissemanais com
histórias em continuação. Em 1945 o Suplemento Juvenil e A Gazetinha
desapareceram, contudo Adolfo Aizen não desistiu e criou uma nova editora, a Brasil
América, conhecida como EBAL, iniciando a publicação maciça de comic books,
como O Herói, Superman, Mindinho, Epopeia, e muitos outros. Segundo Goida
(2011, p.13) “A Rio Gráfica Editora (RGE), de Roberto Marinho, também atacava
com Shazam, Biriba, em publicações semanais e mais tarde mensais, Novo Gibi e
Novo Globo Juvenil, inundando as bancas com os “Gibis””.
Finalmente em 1950 surge a Editora Abril. O norte-americano
naturalizado brasileiro, Victor Civita, ingressava no mercado brasileiro com as
histórias do O Pato Donald e Mickey, de Walt Disney e as revistas em quadrinhos
italianas e argentinas, com Raio Vermelho e Misterix.
As editoras EBAL e Abril por muitos anos revezavam-se nas publicações
do material norte-americano da Marvel e da DC Comics, gerando uma espécie de
desinteresse no mercado brasileiro. Com publicações de tiras em jornais novos
artistas surgiram e se destacaram no mercado brasileiro. Henfil, Angeli, Glauco,
Paulo Caruso, Laerte e Fernando Gonsales trouxeram a possibilidade de novas
publicações mensais, Chiclete com Banana, Circo, Geraldão, Níquel Náusea e
Piratas do Tietê. Enquanto algumas editoras, como a D-Arte de Rodolfo Zalla,
publicavam particularmente material nacional, as poderosas Rio Gráfica (hoje
Editora Globo) e a Abril prosseguiam não dando oportunidade aos brasileiros,
preferindo as publicações infantis, como Mônica e os personagens criados por
Mauricio de Sousa, Os Trapalhões, Xuxa e outros personagens famosos da TV.
Entretanto muitos artistas nacionais saíram daqui e ganharam espaço em
publicações no exterior.
Atualmente o mercado brasileiro de quadrinhos encontra-se consolidado
entre as publicações infantis, como Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa e O
Menino Maluquinho, de Ziraldo. Voltado ao público juvenil e adulto, os quadrinhos de
super-heróis e os mangás continuam agradando esse grupo de leitores, no entanto
com o alcance da internet os atristas nacionais vêm ganhando cada vez mais
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espaço entre esse público. Com a possibilidade de publicar tirinhas, e até


quadrinhos completos, as web-tiras, como Mentirinhas de Fabio Coala e Puny
Parker de Vitor Cafaggi, trouxeram um novo formato e a oportunidade de publicar
atingindo um grande número de leitores. Movimentando o mercado surgiram
também os financiamentos coletivos, conhecidos como crowdfunding, um meio
eficaz desses artistas publicarem suas obras independentes de editoras.
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2.MAURICIO DE SOUSA: O MESTRE DOS QUADRINHOS

Mauricio Araújo de Sousa, filho de Antônio Mauricio de Sousa e


Petronilha Araújo de Sousa, nasceu no dia 27 de outubro de 1935, em Santa Isabel,
interior de São Paulo. Seus pais sempre foram grandes incentivadores do hábito da
leitura. Despertado o interesse pelos quadrinhos, Mauricio, passou a pedir para que
seu pai levasse novas revistas para casa. “Na época, havia muitas publicações nas
bancas, mas as mais fortes, com periodicidade trissemanal, eram o Globo Juvenil e
o Gibi, ambos editados pelo jornal O Globo, um dos mais respeitados impérios da
comunicação mundial” (GUSMAN, 2006, p.14), Mauricio sentia dificuldade em
manusear o Globo Juvenil devido ao tamanho tabloide, seu pai então passou a
trazer o Gibi, publicado num formato similar ao das revistas de super-heróis
atualmente, agradando-o e despertando cada vez mais o gosto pelos quadrinhos.
Mauricio, com seis anos de idade, ainda não sabia ler, apenas admirava as figuras.
Foi quando dona Petronilha, percebendo o grande interesse de Mauricio, passou
interromper algumas vezes os seus muitos afazeres domésticos para ler as histórias
e ensiná-lo a ler, como comenta o próprio Mauricio “Naquele método clássico, ela
me ensinou a ler. Em três meses eu estava lendo. Então, graças à ajuda de minha
mãe, eu praticamente me alfabetizei com as histórias em quadrinhos”. (GUSMAN,
2006, p.14).
Mauricio de Sousa, como é conhecido hoje, passou parte de sua infância
em Mogi das Cruzes. Foi nessa época que os quadrinhos fizeram a diferença em
sua vida. A família Sousa acabara de se mudar para Mogi das Cruzes, as matrículas
na escola estavam encerradas, quando Mauricio, aos sete anos, teria que passar
por um teste mostrando que estava em condições de acompanhar os demais alunos,
na sala dos professores foi proposto que lesse um texto, e o resultado não poderia
ser diferente, tão logo Mauricio virou peixinho de professor.
Na infância e adolescência, entre as décadas de 40 e 50, Mauricio
continuou lendo seus quadrinhos, mesmo com os tempos difíceis, onde os
quadrinhos eram rejeitados por muita gente, educadores, políticos, religiosos. Para
alguns, as histórias por virem sempre dos Estudos Unidos, americanizavam as
crianças, outros acreditavam que desestimulavam a leitura de livros, e havia ainda
os que afirmavam que os quadrinhos eram formadores de criminosos por conta de
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algumas cenas de violência contidas em suas páginas. E compreendendo os


problemas que poderia causar, Mauricio nunca demonstrou ser leitor de gibi, nem
mesmo ao passar no teste para conseguir a vaga na escola, naqueles tempos
acredita-se que se um aluno tirasse notas baixas era por causa dos gibis.
Nessa época havia uma repercussão tão negativa aos quadrinhos, que as
principais editoras, particularmente a EBAL, buscaram novas alternativas para
amenizar tais críticas, surgindo assim os quadrinhos educacionais, com temáticas
baseadas em fatos da história de nosso país e em grandes obras literárias, gerando
uma classificação nos gibis entre bons e maus. Os considerados maus, muitos
desses os quadrinhos policiais, de super-heróis e de terror, sofriam perseguição e
chegavam a ser queimados, conforme descreve Gusman:

Mauricio vivenciou de perto um acontecimento que hoje soa


como ficção, absurdo ou até uma atitude digna da Idade Média: a queima
de revistas em quadrinhos. Quando ainda morava em Mogi das Cruzes, o
autor lembra que um professor de matemática da sua escola, recém-
chegado da Alemanha, comandava a apreensão e a destruição dos gibis.
(GUSMAN, 2006, p.16).

E mesmo com um período tão abalado para os quadrinhos, a família


Sousa mostrou-se diferente, nunca impediram seus filhos de lerem as revistas, o
estimulo sempre esteve presente. Seus irmãos, Márcio, Iara e Mariza também
gostavam de quadrinhos, um hábito natural entre eles, e Mauricio garante que não
teve influência nenhuma. Mauricio passou a colecionar quadrinhos, mesmo sendo
comum na época a prática de trocar gibis entre amigos, e assim poder ler mais
edições sem gastar muito dinheiro. Entre seus personagens e histórias prediletas
estava Ferdinando, um caipira norte-americano publicado no Gibi, e também Tereré,
que satirizava as aventuras medievais, lembrando o Príncipe Valente.
Com tantos quadrinhos publicados nas revistas presentes no mercado,
Mauricio, que não gostava de todas as histórias, decidiu colecionar apenas as
histórias que lhe agradavam, recortando quase todas suas revistas e montando suas
próprias revistas.
[...] Na hora de recortar determinada página, eu tomava muito
cuidado para ver se a história do verso também não era boa, pois não
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queria perde-la. O Spirit, por exemplo, saía sempre colorido na última


página de O Globo Juvenil e do Gibi. Além dele, queria também Ferdinando
e Tereré. Assim, comecei a desmontar o material para montar minhas
edições: recortava cartolinas como se fossem capas, escrevia nela os títulos
e, em seguida, costurava todas as folhas, pois não tinha grampeador.
Depois de um tempo, de novo, acabei me arrependendo. [...] (GUSMAN,
2006, p.26).

Curiosamente, nos dias de hoje, quase todos os personagens que fizeram


parte da infância de Mauricio não são mais produzidos, seja por conta da falta de
interesse do público ou por causa da morte de seus criadores. Mas de fato esses
personagens foram apenas o estopim da paixão de Mauricio pelos quadrinhos e pelo
hábito de leitura. O autor devorava livros e mais livros, e tudo se iniciou com os
quadrinhos.
Tão logo, após descobrir o mundo dos quadrinhos na década de 50,
Mauricio se deu conta que não queria mais apenas ler e sim produzi-las também.
Sempre com seus inseparáveis lápis, treinava seus rabiscos em qualquer tipo de
papel, e outras vezes nas paredes da casa. Seu primeiro passo foi desenvolver um
traço simples, mas que transmitisse seu recado. Ainda morando em Mogi das
Cruzes, onde cursava a 8ª serie, Mauricio fazia gibizinhos e espalhava pela classe.
Vivendo um dilema entre ter que se dedicar entre os gibis ou à música, pois tocava
piano muito bem, decidiu-se pelas histórias em quadrinhos. Seu primeiro trabalho
veio em 1955, no Mogi Esportivo, semanário publicado toda segunda-feira no Diário
de Mogi, onde ele acabou desenhando todas as mascotes dos times da região. Em
seguida surgiram encomendas, feitas por lojas da região, de cartazes e pôsteres
para futuras professoras sobre os mais variados temas.
Mauricio de Sousa começou a trabalhar no jornal Folha da Manhã, em
1954, onde permaneceu durante cinco anos como repórter policial. Assim, entre uma
reportagem e outra, Mauricio teve a oportunidade de publicar alguns de seus
trabalhos. Os jornalistas solicitavam ilustrações para serem publicadas na primeira
página ou no caderno de variedades, com uma hora para ler as matérias e preparar
um ou dois desenhos, sem tempo para rascunhar, Mauricio adquiriu rapidez e um
traço cada vez mais simples e próximo ao que conhecemos hoje, como ele mesmo
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relata “[...] traço era meio parecido com a atual, apenas um pouco mais grotesco [...]”
(GUSMAN, 2006, p.35).
Nessa época o mercado de quadrinhos encontrava-se estável. Surgiram
novas revistas mensais, como Shazam! e Biriba. Então Mauricio passou
acompanhar de perto, inclusive os quadrinhos de gênero policial, que pouco
apreciava, mesmo com sua função de jornalista policial.
Possuindo uma bagagem mais literária, os primeiros textos de Mauricio
possuíam um estilo mais luxuoso, ocasionando a volta de todas as matérias a serem
reescritas de forma mais sucintas, e sendo publicadas com um terço do tamanho
original, passando a ser jornalísticas. Experiência que foi fundamental no
desenvolvimento da narrativa rápida presente até hoje em suas histórias em
quadrinhos.
Finalmente em 18 de julho de 1959, Mauricio estreia no caderno de
variedades do jornal Folha da Tarde, ambos pertencentes ao grupo Folha de São
Paulo, com sua primeira tira semanal, o cãozinho Bidu e seu dono Franjinha.

Fig. 06 – MAURICIO DE SOUSA, Bidu e Franjinha, 1959.


Fonte: http://www.trash80s.com.br/wp-content/uploads/2009/10/primeiratiraMauricioSouza1.jpg
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Sua trajetória como quadrinista profissional havia se iniciado de fato. Sua


primeira tira foi bem recebida pelos leitores, mas os quadrinhos não bastariam para
sustentar a esposa e filhos, Mauricio, se dividia entre as reportagens policiais, as
ilustrações para o jornal, feitas nas horas vagas e os quadrinhos. Permanecendo
nessa rotina até que seus personagens fizessem sucesso na Folha da Manhã,
motivando – o abandonar a carreira jornalística, em 1960, criando em Mogi das
Cruzes seu primeiro estúdio. Desse modo, com orçamento bem apertado, Mauricio
traçou o método de visitar redações de jornais de cidades situadas a 100
quilômetros de São Paulo. Na época os jornais eram impressos em sistema off-set,
Mauricio, mandava suas tiras em clichês e depois buscava de volta para usá-los em
outros periódicos. Sua trajetória estava apenas começando, praticamente sem
estrutura e suporte financeiro, ele acabara criando uma cópia em escala menor dos
syndicates norte- americanos.
No começo deste mesmo ano, os quadrinhos de terror se popularizaram
no Brasil. Com a censura implantada nos Estados Unidos, os títulos que eram
publicados em nossas revistas diminuíram, assim autores nacionais passaram a
produzir mais revistas, como conta Mauricio de Sousa:

As publicações de terror produzidas nos Estados Unidos


sempre apresentavam uma história de horror e outra de ficção científica. Eu
“bebia” muito mais das de ficção, que tinha bons momentos. As de terror
achava um lixo. Eram bem desenhadas, porém não me atraíam, porque
nunca fugiam de cabeças cortadas, espectros, mulheres esfaqueadas,
sobrenatural. Com o fim do material estrangeiro, as aventuras produzidas
aqui seguiam a mesma linha. Os desenhistas até desenvolveram técnicas
interessantes, mas nunca apreciei os roteiristas de terror brasileiros; eles
nunca me pegaram como leitor. (GUSMAN, 2006, p.37 e 38).

Logo, Mauricio, decidiu arriscar-se no gênero, ainda que as


características de seu traço não se adequassem ao terror. Com um desenho num
tom mais realista, mesclando técnicas de claro e escuro, ele produziu uma história
de quatro páginas e assim rumou para São Paulo, onde apresentou o material para
Jayme Cortez, diretor da Editora Continental. A história de terror de Mauricio, A
Coisa, com traço copiado de desenhistas como Alex Raymond, trouxe um
questionamento de Jayme Cortez. Após ver sua assinatura na história, Cortez, o
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indagou sobre a tira do cachorrinho publicada no jornal: “Então, por que me trazes
essa merda? Faça histórias do Bidu que publicaremos.” (GUSMAN, 2006, p. 38).
Desse modo, em 1960, Mauricio de Sousa teve seus personagens estreando uma
revista própria. A princípio, Bidu, foi publicado na revista Zaz Traz, onde dividia suas
páginas com outros artistas, mas logo ganhou título próprio. Recebendo um salário
mínimo, Mauricio produziu cerca de três ou quatro números de Bidu, em preto e
branco. Produzindo tudo sozinho, e não conseguindo manter o ritmo de produção a
editora acabou incluindo histórias de outros autores. Outros personagens de
Mauricio também surgiram nas páginas de Bidu, além do Franjinha, as primeiras
versões de Titi, Jeremias, Xaveco e Manezinho.

Fig. 07 – MAURICIO DE SOUSA, Revista Zaz Traz, 1960.


Fonte: http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/ShowImage.aspx?
id=45964&path=continental/za18910004.jpg
22

Fig. 08 – MAURICIO DE SOUSA, Revista Bidu, 1960.


Fonte: http://blogmaniadegibi.com/wp-content/uploads/2015/02/%C3%81lbuns-recuperam-as-
primeiras-HQs-e-livros-de-Mauricio-de-Sousa_bidu_revista.jpg

Com sonho de ter uma revista própria em bancas, Mauricio, focou na


produção e comercialização de suas tiras de jornais, rompendo o limite dos 100
quilômetros de São Paulo que havia estabelecido no começo de sua carreira. Ele
passou a enviar, através do correio, para as redações dos principais jornais do Brasil
pastas apresentando seu trabalho e amostras das três tiras que produzia na época:
Bidu, Cebolinha, Horácio e Piteco. Foi em 1963, que sua personagem de maior
sucesso surgiu nas tiras de Cebolinha. Mônica, a baixinha dentuça e invocada, foi
criada inspirada em sua filha e tão logo fez sucesso.
Com tanto sucesso e o aumento de trabalho, Mauricio deu início ao seu
estúdio, hoje conhecido como Mauricio de Sousa Produções, contratando auxiliares
e treinando para apagar o traço a lápis, preencher espaços de preto e fazer balões e
letras, enquanto ele ainda escrevia e desenhava todas as tiras.
23

Fig. 09 – MAURICIO DE SOUSA, primeira tira da Mônica, 1963.


Fonte: http://almanaque.blog.br/wp-content/uploads/2013/07/Primeira-Tira-turma-da-monica.jpg

Em 1965, Mauricio publica pela Editora FTD seus primeiros livros A Caixa
da Bondade, cujo personagem principal, Niquinho, retrata a pureza e a inocência
infantil; Piteco que traz o famoso personagem pré-histórico, e que trazia ainda uma
história do querido fantasminha Penadinho e O Astronauta no Planeta dos Homens
Sorvete, que dividia suas páginas com o divertido Zé da Roça.
A popularidade de seus personagens foi crescendo, e no final da década
de 60, já se destacavam como ótimos produtos de merchandising, como Jotalhão, o
elefante que ficou conhecido como garoto - propaganda do extrato de tomate Cica.
Mauricio fez sua primeira viagem internacional, levando uma exposição de seus
materiais, bonecos e anúncios publicitários com seus personagens para o famoso
Festival de Lucca, na Itália, e conquistando uma menção honrosa, chamou a
atenção da Editora Abril. Após a frustração na Editora Continental, em 1970,
Mauricio finalmente lança a revista da Mônica, pela Editora Abril.

Fig. 10 – MAURICIO DE SOUSA, primeira revista da Mônica, 1970.


Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/e/ea/Turma_da_M%C3%B4nica_%28revista%29.jpg
24

Chegando à Editora Abril, o autor encontrou a concorrência interna das


revistas Disney, na época os quadrinhos infantis mais vendidos no País.
Personagens como Pato Donald, Zé Carioca e Mickey trouxe um grande
fortalecimento para a Abril, durante muitos anos a editora se manteve no mercado
operando no vermelho por conta do respaldo financeiro obtido pelos quadrinhos da
Disney.
Em 1971, com uma visibilidade maior de seus personagens nas bancas e
o crescimento das vendas, Mauricio, ganhou seu primeiro prêmio, o troféu Yellow
Kid, uma das mais importantes premiações, no mesmo Festival de Lucca, na Itália.
Nesse momento, os estúdios de Mauricio de Sousa já produziam em São
Paulo, assim foi criada uma linha de produção para Turma da Mônica. O autor, aos
poucos, distribuiu tarefas entre seus assistentes, primeiramente foi arte-final,
passando pelos desenhos e posteriormente os roteiros. Atualmente, a única etapa
que ele faz questão de acompanhar de perto são os argumentos das histórias,
sempre avalia, e se necessário ele faz as alterações.
Ano após ano surgiram novos títulos, Cebolinha, Cascão e Chico Bento.
Superando as vendas das revistas da Disney, no final da década de 70, a Turma da
Mônica, passou a liderar o ranking de vendas de quadrinhos. Em 1986, a Editora
Globo passou a publicar as revistas, e assim surgiu novos títulos, como Magali e
Parque da Mônica. Mauricio visava um futuro maior e a Editora Abril tinha uma oferta
de expansão muito pequena, como comenta: “Suas previsões e sugestões limitavam
meus títulos a um milhão de revistas mensais. Aí, fui para a Globo e só no primeiro
ano foram três milhões e meio de exemplares por mês. Três milhões e meio!”
(GUSMAN, 2006, p.42).
A partir daí, Mauricio se consolidou no mercado como líder absoluto dos
quadrinhos, a Turma da Mônica ganhou animações, temas de parques temáticos,
publicações didáticas e centenas de licenciamentos no Brasil. Surgiram também
lançamentos em outros países, como Monica’s Gang e Jimmy Five, Cebolinha, nos
Estados Unidos, e Monika, na Alemanha.
Em 1993, para comemorar os 30 anos de Mônica, a Editora Globo
publicou um especial, contendo as primeiras aparições da personagem nas tiras,
entrevistas e histórias, e ainda 18 pin-ups, feitas especialmente para a ocasião, nos
traços de grandes artistas do quadrinho mundial e brasileiro, como Guido Crepax,
Will Eisner, Claudio Villa, Joe Kubert, Ziraldo, Jim Davis, Milo Manara e outros.
25

Em 2007, Mauricio de Sousa transfere os direitos de publicação e suas


criações para a multinacional Editora Panini, empresa que por esse motivo foi alçada
ao posto de maior editora deste gênero no país. No ano seguinte, publica novo
recorde de vendas, Turma da Mônica Jovem, remetendo aos famosos mangás
japoneses, numa tentativa de retomar seu público adolescente e mantendo fiel seu
público mais jovem, crianças de até 13 anos. E mesmo causando uma revolução
entre seus leitores, Turma da Mônica Jovem, ganhou prestígio com o tempo,
atingindo a marca de 500 mil exemplares vendidos, na edição 34 onde Mônica e
Cebolinha trocam o tão aguardado primeiro beijo, em 2011, superando o número de
vendas, da edição reboot Liga da Justiça, da editora DC Comics. Com o sucesso
alcançado, em 2013, foi a vez de Chico Bento Moço estrear.
Desde a criação e publicação das tiras de Bidu na Folha da Tarde, em
1959, Mauricio de Sousa possui cerca de 400 personagens criados, sendo o
personagem Marcelinho, inspirado em seu filho mais novo e único que ainda não
havia sido contemplado com um personagem, lançado em janeiro de 2015.
Atualmente o autor não desenha mais seus personagens, apenas roteiriza todas as
histórias de Horácio, seu alter ego, e acompanha de perto todo o processo criativo
das revistas.
26

Fig. 11 – MAURICIO DE SOUSA, Edição 34 da Turma da Mônica Jovem, 2011.


Fonte: http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/page/wpcontent/uploads/2011/05/
BeijoCebolinhaMonica.jpg

Fig.12 – MAURICIO DE SOUSA, Edição 01 do Chico Bento Moço, 2013.


Fonte: http://www.comix.com.br/images/panini_chicomoco_01.jpg
27

3.SIDNEY GUSMAN E O PLANEJAMENTO EDITORIAL DA MSP

Sidney Gusman, atualmente responsável pelo Planejamento Editorial da


Mauricio de Sousa Produções e editor-chefe do principal site sobre quadrinhos do
Brasil, o Universo HQ, escreveu o livro Mauricio – Quadrinho a Quadrinho, publicado
pela Editora Globo em 2006, que retrata a paixão de Mauricio pelos quadrinhos.
Livro que mudou sua trajetória, através dessa publicação Sidney Gusman foi
convidado pelo próprio Mauricio, para assumir a função de editor na Mauricio de
Sousa Produções, trazendo novos projetos editoriais para a empresa.
Em 2009, ano de comemoração de 50 anos de carreira do Mauricio,
finalmente inicia-se a reinvenção da Mauricio de Sousa Produções. Através da
Coordenação Editorial de Sidney Gusman, é lançado no mercado o livro MSP 50,
uma homenagem em comemoração aos 50 anos de carreira do criador da turminha,
no traço de diversos artistas brasileiros, muitos destes ainda desconhecidos pelo
público leitor de quadrinhos. Uma coletânea de histórias em estilos diversos, MSP
50 traz uma releitura dos personagens já conhecidos, por meio dos traçados de
artistas já consagrados, como Laerte e Ziraldo, e até mesmo artistas desconhecidos,
como Vitor Cafaggi e Gustavo Duarte.
Com o sucesso do primeiro livro, “Sidão” como é conhecido pelo público,
trouxe após um ano o segundo volume da trilogia, MSP+50, trazendo e divulgando
novos nomes do mercado nacional de quadrinhos. A ideia aqui foi muito além de
homenagear o criador da Turma da Mônica. Como ele mesmo diz: “Eu coloquei
esses artistas na maior vitrine de quadrinhos nacional” 1. Em 2011, é lançado o
terceiro e último livro da coleção, MSPnovos50, mantendo a premissa de trazer mais
50 artistas do mercado brasileiro, e estes homenagearem o Mauricio.

__________________________________________________________________________________________

1
Trecho extraído de (FARIAS, Meiri. Sidney Gusman e os quadrinhos como meio de comunicação.
Em: https://armazemdecultura.wordpress.com/2014/07/24/sidney-gusman-e-os-quadrinhos-como-
meio-de-comunicacao/ acesso em 29 abr. 2015).
28

Fig. 13 – DIVERSOS ARTISTAS, MSP 50, MSP+50 e MSPnovos50, 2009, 2010 e 2011.
Fonte: http://www.irdeb.ba.gov.br/soteropolis/wp-content/uploads/2012/04/ALBUNS_MSP50.jpg

Após o sucesso da trilogia, Sidney Gusman investe em um novo projeto


editorial, em 2012. O Ouro da Casa mostra histórias dos próprios funcionários da
Mauricio de Sousa Produções, com seus traços autorais, acompanha algo inovador,
apresentando ao público esses artistas que há muito tempo carrega a turminha no
colo.

Fig. 14 – DIVERSOS ARTISTAS – O Ouro da Casa, 2012.


Fonte: http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/papodequadrinho/wpcontent/uploads/2012/08/
Ouro_da_Casa_Capa.jpg
29

Seguindo a mesma linha de raciocínio da trilogia MSP e do Ouro da Casa,


ou seja, focar em artistas nacionais, surge o último e mais recente projeto editorial,
as Graphics MSP, objeto de estudo desse projeto. Diferentemente dos últimos livros,
as Graphics MSP, nos guiam por meio de uma história única e completa,
direcionada apenas em um personagem ou núcleo, por exemplo, Turma da Mata,
ainda não lançada, mas já anunciada, e escrita e desenhada por apenas um, ou dois
artistas, como os irmãos Cafaggi, dupla responsável pela Graphic MSP Turma da
Mônica- Laços.
O projeto editorial teve início em outubro de 2012, com o lançamento do
primeiro volume, Astronauta – Magnetar, com roteiro e desenhos de Danilo Beyruth
e cores de Cris Peter. Seguido por Turma da Mônica – Laços, dos irmãos Cafaggi,
Chico Bento – Pavor Espaciar, de Gustavo Duarte, Piteco – Ingá, de Shiko, Bidu –
Caminhos, de Eduardo Damasceno e Luis Felipe Garrocho, Astronauta –
Singularidade, de Danilo Beyruth e Cris Peter, Penadinho – Vida, de Cris Eiko e
Paulo Crumbim, Turma da Mônica – Lições, de Vitor e Lu Cafaggi, Turma da Mata –
Muralha, de Artur Fujita, Roger Cruz e Davi Calil, e a mais recente lançada, em
novembro de 2015, O Louco – Fuga, de Rogério Coelho.
Estão previstos futuros lançamentos de Graphics MSP do Papa Capim,
Bidu 2, Astronauta 3 e Mônica.

Fig. 15 – DIVERSOS AUTORES, Graphics MSP, 2012.


Fonte: http://www.cuzcuzliterario.com.br/wp-content/uploads/2015/02/02_msp.jpg
30

4.A SENSIBILIDADE DOS IRMÃOS CAFAGGI

Vitor Cafaggi nasceu em Belo Horizonte, em 1978. Formou-se em Design


Gráfico pela Universidade do Estado de Minas Gerais, em 2002. Por muitos anos
trabalhou na área criando peças gráficas, logomarcas, ilustrações para campanhas
publicitárias e materiais didáticos. Vitor iniciou sua carreira como quadrinista
publicando a webcomic Puny Parker, em 2008, através de uma rede social. A série
de tiras é uma paródia infantil do alter ego do famoso personagem da editora DC
Comics, o Homem Aranha.

Fig. 16 – VITOR CAFAGGI, Puny Parker, 2008.


Fonte: https://submundomamao.files.wordpress.com/2009/12/parker70port.jpg

Com o sucesso das tiras Puny Parker, o artista recebeu convites para
publicar nas coletâneas Pequenos Heróis e MSP 50, primeiro livro da trilogia
homenageando Mauricio de Sousa. Com um traço delicado e uma visão sensível,
Vitor, trouxe Chico Bento em Minha Visão Preferida, surpreendendo a todos com
uma das mais belas histórias do personagem. Em Pequenos Heróis, Vitor deu vida
ao roteiro de Estevão Ribeiro, trazendo o menino cadeirante que gostaria de ser
mais rápido que o Flash, personagem da editora DC Comics.
31

Fig. 17 – VITOR CAFAGGI, Chico Bento, 2009.


Fonte: http://img.saraivaconteudo.com.br/Clipart/Photo/138/34724_.jpg

Em 2010, Vitor Cafaggi, foi convidado pelo jornal O Globo para publicar
tiras dominicais. Assim surgiu Valente, um cãozinho tímido que vive aventuras
amorosas em sua época de adolescência nos últimos anos na escola, até a chegada
a faculdade, tendo que aprender a lidar com as dificuldades de seus sentimentos.
Fugindo dos clichês de histórias de amor, Valente, traz piadas referentes à infância
de Vitor, da cultura pop e nerd. O personagem é publicado no jornal até hoje, e em
2011 ganhou sua primeira coletânea, o livro Valente Para Sempre foi publicado de
forma independente, e atualmente Valente encontra-se no quarto volume,
publicados pela Editora Panini. Neste mesmo ano, Vitor, lançou também de forma
independente o álbum Duotone, que lhe trouxe o Troféu HQ Mix de Novo Talento –
Roteirista, uma das maiores e importantes premiações nacionais.
32

Fig. 18 – VITOR CAFAGGI, Valente, 2010.


Fonte: http://www.dinamo.art.br/wordpress/wp-content/uploads/2014/05/valente03.jpg

Seguindo os passos do irmão, Lu Cafaggi é formada em Jornalismo e


trabalha como ilustradora. Seus trabalhos podem ser acompanhados em coleções
de livros didáticos da editora Leya e na reedição de Mariana – Menina e mulher, de
Pedro Bandeira. Começou sua carreira nos quadrinhos, em 2010, publicando em
seu blog pessoal pequenas histórias e ilustrações. No ano seguinte lançou de forma
independente a coletânea Mix Tape. Quatro pequenos gibis que se encaixam numa
pequena caixa, lembrando uma fita cassete, trazendo com simplicidade, delicadeza
e sutileza em seus traços as relações das personagens presentes nos gibis com a
música. Com histórias curtinhas, as narrativas resgatam nossas memórias e sonhos,
fazendo uma conexão com nosso cotidiano, amores memorados e músicas que nos
marcam.
Em 2013, a dupla participou do livro Mônica(s). Celebrando os 50 anos da
personagem Mônica, o livro reuniu 150 pin-ups da personagem mais famosa dos
quadrinhos nacionais. A dupla também foi responsável pela Graphic MSP Turma da
Mônica – Laços, lançada em maio de 2013.
Remetendo a infância de muitos leitores, Turma da Mônica – Laços, traz
muitas referências contidas na história, desde Chaves, e até filmes como Conte
Comigo, Ferris Bueller’s Day Off (Curtindo A Vida Adoidado) e The Warriors, nos
transportando por uma nostalgia ímpar. Com uma sensibilidade e uma delicadeza
sem igual, a arte traz em tons pastéis a releitura de personagens como Titi, Xaveco,
Floquinho e o quarteto principal da história Mônica, Magali, Cebolinha e Cascão.
Outra peculiaridade da obra são os resgates das curiosidades sobre a turminha,
como o vestidinho verde da Magali, originalmente publicado em 1986.
33

Fig.19 – VITOR CAFAGGI, Turma da Mônica – Laços, 2013.


Fonte: http://almanaquegeek.com.br/wp-content/uploads/2013/09/turma-da-monica-lacos-fala-sobre-
como-a-turma-de-mauricio-de-sousa-se-conheceu-1365714057387_956x500.jpg

Fig. 20 – LU CAFAGGI, Turma da Mônica – Laços, 2013.


Fonte: http://revistaogrito.ne10.uol.com.br/papodequadrinho/wp-
content/uploads/2013/04/la%C3%A7os9.jpg
34

5.ANÁLISE COMPARADA: BREVE INTRODUÇÃO E DEFINIÇÕES DE ARTES


SEQUENCIAIS

Segundo McCloud, o universo dos quadrinhos é imenso e variado, sua


definição deve abranger os mais variados tipos, mas não abranger demais e incluir
coisas que não sejam quadrinhos, como as charges e ilustrações.

“Quadrinhos” é um termo que merece ser definido, porque se


refere ao meio em si, não a um objeto especifico como “revista” ou “gibi”.
Todos podemos visualizar um gibi. Mas o que são Quadrinhos? O mestre
Will Eisner usa o termo arte sequencial pra descrever as histórias em
quadrinhos. Tomadas individualmente, as figuras abaixo não passam
disso...figuras. No entanto quando são partes de uma sequência, mesmo
uma sequência só de duas, a arte da imagem é transformada em algo mais:
a arte das histórias em quadrinhos! (MCCLOUD, 2005, p.04 e 05).

FIG. 21 – SCOTT MCCLOUD, Exemplos – Desvendando os Quadrinhos, 2005.


Fonte: Scanner, Desvendando os Quadrinhos, pág. 05.

Para o autor, a definição citada acima é muito específica em matéria de


estilo, qualidade ou assunto. Conforme ele justifica, para se chegar a uma definição
sobre Artes Sequenciais, se deve separar forma de conteúdo.
35

A forma artística – o meio – conhecida como quadrinhos é um


recipiente que pode conter diversas ideias e imagens. O conteúdo dessas
imagens e ideias depende, é lógico, dos criadores, e todos nós temos
gostos diferentes. O truque é nunca confundir a mensagem com o
mensageiro. (MCCLOUD, 2005, p.06).

Desta maneira, a definição sugerida por McCloud seria “Imagens


pictóricas e outras justapostas em sequência deliberada destinadas a transmitir
informações e/ou produzir uma resposta no espectador” (MCCLOUD, 2005, p.09),
embora ainda prevaleça em muitos casos a definição “Arte Sequencial”,
estabelecida por Will Eisner, na década de 40, que contextualiza a sucessão de
imagens em sequência para exprimir uma informação graficamente ou uma história,
podendo o termo se estender ao cinema, animação e storyboards.
Para muitos pesquisadores, ambas as definições, encontram-se
obsoletas, uma vez que o mercado atual de quadrinhos possui uma variedade
grande de estilos diversos e gêneros, como por exemplo, as charges e/ou cartoons,
que são compostos por uma única imagem, porém transmitem informações e
produzem uma resposta e reações no espectador. Com o mercado em expansão, e
novas possibilidades surgindo, como as webcomics, seria incerto determinar qual
definição estaria adequada ao mercado editorial de quadrinhos.

5.1.Turma da Mônica: Processos de Produção de HQ na MSP

Atualmente a Mauricio de Sousa Produções produz suas revistas dentro


de uma escala industrial, facilitando o processo da criação, visto que mensalmente
são produzidos aproximadamente cerca de 40 títulos.
Esse processo é dividido dentro de uma linha de produção, onde cada
autor/artista tem sua função determinada, podendo uma mesma história passar por
diversos desenhistas e arte-finalistas.
O primeiro processo é o roteiro, uma vez aprovado pelo Mauricio de
Sousa, os roteiristas traduzem em forma de layout detalhado, auxiliando e
direcionando os desenhistas, visto que cada história era desenhada por diversos
artistas. Contudo, ainda é perceptível o estilo de cada autor em seus roteiros,
havendo uma diferença nítida também entre os roteiros da Turma da Mônica e
Turma da Mônica Jovem.
36

FIG. 22 – LEDERLY MENDONÇA, Teste de Roteiro para Mauricio de Sousa Produções.


Fonte: https://lederly.files.wordpress.com/2014/03/teste-roteirista-cebolinha-e-cascao-p03.jpg

FIG. 23 – EMERSON ABREU, Layout - Roteiro Edição 03 Mônica, 2015.


Fonte: http://3.bp.blogspot.com/iQvXmBBq7CI/VZX3TtY0cKI/AAAAAAAAICk/MQdFvtCqdgY/
s1600/988579_473874492785908_1137888973031239435_n.jpg
37

FIG. 24 – EMERSON ABREU, Layout - Roteiro Turma da Mônica Jovem, 2015.


Fonte: http://2.bp.blogspot.com/nl_N91UPsS8/VihgSHt5geI/AAAAAAAAKLQ/9UrJcV5f5Gc/
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FIG. 25 – EMERSON ABREU, Layout - Roteiro Turma da Mônica Jovem, 2015.


Fonte: http://3.bp.blogspot.com/cv7OjiNBZTQ/Vf4g1Es7vfI/AAAAAAAAJyA/PXVL1iEYWPM/
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38

Segundo McCloud os traços expressam emoções, podendo sempre


caracterizar alguma coisa, como ele mesmo relata “[...] todas as linhas carregam
consigo um potencial expressivo!” (MCCLOUD, 2005, p.124).
Podem ser observados nos layouts de roteiro a presença das linhas
expressivas, e até mesmo as onomatopeias, figuras de linguagens na qual se
reproduz um som por meio de fonema ou palavra, presentes principalmente na
Turma da Mônica Jovem.
Só pela direção, uma linha pode ir de passiva e infinita, pra
orgulhosa e forte, até dinâmica e mutável! Pela sua forma, ela pode ser
importuna e grave, cálida e delicada, ou racional e conservadora. Pelo seu
caráter, pode parecer selvagem e mortal, fraca e instável ou honesta e
direta. As linhas mais “inexpressivas” da terra sempre podem caracterizar
alguma coisa. (MCCLOUD, 2005, p. 125).

É fato que as curvas e estilo de traço dos personagens da Mauricio de


Sousa Produções, passam uma sensação de juventude e inocência. Desta maneira,
melhor observados nos desenhos à lápis. Após o layout de roteiro ser definido, a
segunda etapa do processo é o desenho, que neste ano de 2015 houve uma
mudança editorial significativa. Atualmente algumas histórias completas são
desenhadas por um único desenhista, assim como a arte – final é feita por um único
arte – finalista, passando esses autores a serem creditados no início das histórias.

FIG. 26 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Desenho Edição 46 da Revista da Mônica, 2010.


Fonte: Arquivo pessoal.
39

FIG. 27 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Desenho Revista Turma da Mônica.


Fonte: Arquivo pessoal.
40

FIG. 28 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Desenho Revista Turma da Mônica.


Fonte: Arquivo pessoal.
41

FIG. 29 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Desenho Edição 25 Revista Turma da Mônica


Jovem, 2010.
Fonte: Arquivo pessoal.
42

FIG. 30 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Desenho Edição 28 Revista Turma da Mônica


Jovem, 2010.
Fonte: Arquivo pessoal.
43

Embora as linhas expressivas não se assemelhem entre o gênero


editorial da Turma da Mônica e Turma da Mônica Jovem, podemos notar no
segundo quadro da figura 26, e no quarto quadro da figura 30, que estes dois
conjuntos de linhas exercem a mesma função, transmitindo ideia de uma queda dos
personagens. Segundo McCloud relata isso já se caracteriza como metáfora visual,
um símbolo.
[...] E os símbolos são a base da linguagem! Tiradas do
contexto original essas linhas podem ser usadas em qualquer lugar, e o
leitor vai saber o que significam. [...] Os quadrinhos modernos são uma
linguagem jovem, mas já têm uma série impressionante de símbolos
reconhecíveis. E esse vocabulário visual tem potencial de crescimento
limitado. Dentro de uma determinada cultura, esses símbolos logo se
tronam conhecidos por todos. (MCCLOUD, 2005, p. 128, 129 e 131).

As duas etapas seguintes ao desenho, arte – final e cores, são


primordiais ao acabamento das revistas, dando vida aos personagens, e enfatizando
os recursos visuais, como as linhas expressivas, conhecidas também como
metáforas visuais, observado anteriormente.

FIG. 31 – GEOVANA HELD, Teste Arte – Final para Mauricio de Sousa Produções, 2013.
Fonte: Arquivo pessoal.
44

FIG. 31 – GEOVANA HELD, Teste Arte – Final para Mauricio de Sousa Produções, 2013.
Fonte: Arquivo pessoal.

FIG. 32 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página finalizada em cores da Turma da Mônica,


2015.
Fonte: Scanner, Edição 01 da Revista Cebolinha, pág. 03.
45

FIG. 33 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página finalizada em tons de cinza da Turma da


Mônica Jovem, 2014.
Fonte: Scanner, Edição 75 da Revista Turma da Mônica Jovem, pág. 76.

A cor é um aspecto fascinante predominante durante todo o período da


história da arte, estudado por muitos artistas, como McCloud observa “[...] Alguns,
como Georges Seurat, dedicaram a vida a seu estudo. Outros, como Kandinsky,
acreditavam que as cores exerciam efeitos físicos e emocionais nas pessoas”.
Contudo, nos quadrinhos a relação de cor pode ser resumida em comércio e
tecnologia:
Todos os aspectos dos quadrinhos têm sido afetados pelo
comércio. O dinheiro tem um tremendo impacto nas coisas. Contudo, a cor
neste meio de comunicação sempre foi sensível às mudanças tecnológicas.
A tecnologia da reprodução em cores foi prevista em 1861, quando o físico
escocês, Sir James Clerk – Maxwell, isolou o que hoje chamamos de os três
aditivos primários. Essas cores, a grosso modo, vermelho, azul e verde,
quando projetadas numa tela em várias combinações, podiam reproduzir
todas as cores do espectro visível. Elas foram chamadas de aditivas,
porque somadas, resultavam numa luz branca. Anos depois, o pianista
francês Louis Ducos Du Hauron teve a ideia de três primárias subtrativas.
Essas cores, ciano, magenta e amarelo, também se misturam pra produzir
qualquer nuança do espectro visível. Só que, em vez de somar luz, elas
fazem isso eliminando-a! (MCCLOUD, 2005, p.186 e 187).
46

Assim, os quadrinhos em cores conquistaram a indústria jornalística com


eficácia, aumentando as vendas. Responsáveis pelo aumento dos custos também,
algumas medidas foram necessárias à adequação do mercado, tornando o processo
mais custo-eficaz, predominando o processo de quatro cores, restringindo a
intensidade das três cores primárias a 100%, 50% e 20%, e utilizando a tinta preta
para os traços. Logo, a aparência da mistura dessas cores, simples e nítidas,
impresso em papel jornal barato, tornou-se a marca registrada dos quadrinhos na
América. Para se adequar ao efeito empobrecedor do papel jornal e se destacar da
concorrência, o gênero de heróis passou a ser impressa com cores primárias
brilhantes.
As cores eram escolhidas pela sua força, e contrastadas
intensamente, mas na maioria das páginas nenhuma delas predominava.
Sem impacto emocional da saturação de cor única, o potencial expressivo
dos quadrinhos coloridos americanos era normalmente neutralizado por um
cinza emocional. Claro que havia exceções, mas essa era a tendência
geral. Contudo, embora os quadrinhos coloridos não fossem
expressionistas, eles assumiram um novo poder icônico: como as cores dos
uniformes permaneciam as mesmas, quadro após quadro, elas passaram a
simbolizar personagens na mente do leitor. Dizem que super-herói é uma
forma de mitologia moderna. Assim, a cor é importante. Afinal são os
símbolos que constituem os Deuses. (MCCLOUD, 2005, p.188).

E não foi diferente com a Mauricio de Sousa Produções, até os dias


atuais as revistas mensais são impressas em papel jornal, as cores primárias são
destacadas nas histórias, presentes principalmente nos personagens.
Coincidentemente ou não, analisando sob o olhar da psicologia das cores, as
vestimentas dos personagens em Turma da Mônica, transmitem um pouco da
personalidade de cada um, como por exemplo, o vestido vermelho da personagem
Mônica, remetendo força, agressividade, energia, coragem, liderança, entre outros.
E assim como os heróis citado por McCloud, os personagens da Mauricio de Sousa
Produções também assumem um papel icônico na mente do leitor.
47

FIG. 34 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página em cores da Turma da Mônica, 2015.


Fonte: Scanner, Edição 100 da Revista Mônica, pág. 68.

Um fato curioso sobre as histórias da Turma da Mônica são as mudanças


de cor no céu a cada quadrinho, tornando a leitura mais dinâmica. As cores podem
expressar sensações, como relata McCloud:

De repente parecia possível a cor assumir um papel central.


Elas podiam expressar um estado de espírito. Tons e modelação podiam
acrescentar profundidade. Cenas inteiras podiam mostrar só cores! Cor
como sensação, cor como ambiente. Cor como cor! (MCCLOUD, 2005,
p.190).
48

FIG. 35 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página em cores da Turma da Mônica, 2015.


Fonte: Scanner, Edição 03 da Revista Cebolinha, pág. 49.

Outra curiosidade foi a mudança de cor de alguns personagens no início


da carreira de Mauricio de Sousa por conta da impressão. A princípio as tiras eram
publicadas em preto e branco nos jornais, porém quando começaram a serem
publicadas coloridas algumas cores não se destacavam, como a cor amarela no
personagem Sansão, que posteriormente passou a ser publicado em azul, como é
conhecido até hoje.
Já na Turma da Mônica Jovem, a linguagem dos mangás predomina,
podemos observar a presença da luz e sombra por meio de retículas e hachuras, e
diferentemente da Turma da Mônica, a ausência das cores. A quantidade, espessura
e espaçamento entre linhas feitas paralelamente determinam o nível de
sombreamento, e tons, da imagem como um todo, enfatizando as formas, criando
volume, diferenças nas texturas de roupa, personagens e cenários.
49

FIG. 36 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página da Turma da Mônica Jovem, 2014.


Fonte: Scanner, Edição 75 da Revista Turma da Mônica Jovem, pág. 22.

FIG. 37 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página da Turma da Mônica Jovem, 2014.


Fonte: Scanner, Edição 75 da Revista Turma da Mônica Jovem, pág. 93.
50

Existe uma linha bem distante e entre quadrinhos em cores e em preto e


branco, influenciando os níveis da experiência de leitura.

Em preto e branco, as ideias por trás da arte são comunicadas


de maneira mais direta. O significado transcende a forma. Em cores planas,
as formas assumem mais significância. O mundo se torna um playground de
forma e espaço. E, através de cores mais expressivas, os quadrinhos
podem transmitir sensações que só a cor é capaz de proporcionar.
(MCCLOUD, 2005, P.192).

A palavra MANGÁ surgiu da união de dois ideogramas japoneses, MAN


que significa humor e GÁ com significado grafismo, traduzindo seria uma espécie de
desenho engraçado. E uma das características mais marcantes presentes em Turma
da Mônica Jovem são as expressões caricaturadas dos personagens. Enquanto que
em Turma da Mônica são muito mais sutis, e algumas vezes passando
despercebidas.

FIG. 38 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página da Turma da Mônica Jovem, 2012.


Fonte: Scanner, Edição 50 da Revista Turma da Mônica Jovem, pág. 76.
51

FIG. 39 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página da Turma da Mônica Jovem, 2014.


Fonte: Scanner, Edição 75 da Revista Turma da Mônica Jovem, pág. 17.

FIG. 40 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página da Turma da Mônica, 2015.


Fonte: Scanner, Edição 01 da Revista Cebolinha, pág. 15.
52

Outro aspecto fundamental nos quadrinhos são os balões de fala. Para


Scott McCloud (2005, p.134) este é “De longe, o ícone cinestético mais usado, mas
complexo e versátil dos quadrinhos [...]” . Dia após dia novas variações nas formas dos
balões surgem, podendo caracterizar a personalidade de algum personagem específico.

FIG. 41 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página da Turma da Mônica, 2015.


Fonte: Scanner, Edição 01 da Revista Cascão, pág. 05.

Em ambas, um recurso gráfico visual muito utilizado, são as


onomatopeias. Por meio delas é transmitida a essência do som, dando dinamismo
às cenas, descrevendo o âmbito invisível dos sentidos, emoções e ações. Na Turma
da Mônica Jovem é explorado através do tamanho-espaço, e em Turma da Mônica
por meio das cores.
53

FIG. 42 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página da Turma da Mônica Jovem, 2012.


Fonte: Scanner, Edição 43 da Revista Turma da Mônica Jovem, pág. 69.

FIG. 43 – MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Página da Turma da Mônica, 2015.


Fonte: Scanner, Edição 01 da Revista Cascão, pág. 14.
54

Atualmente, as histórias em quadrinhos são uma das formas de


comunicação de massa que nos proporcionam um mundo infinito de possibilidades.
Podemos ir além, muito antes da definição sobre arte sequencial, há mais de três mil
anos, com a arte egípcia, e até mesmo a arte rupestre, há uma virtude admirável,
que reflete até nos dias de hoje um grande potencial ilimitado das histórias em
quadrinhos como arte, como cita Töpffer “... as histórias ilustradas, que críticos
negligenciam e eruditos mal notam, têm tido grande influência em todas as épocas,
talvez ainda mais do que a literatura escrita”. (TÖPFFER, 1845, apud MCCLOUD,
2005, p.201).
De fato os quadrinhos fundamentam-se na visão, é o equilíbrio entre
tempo e espaço, uma arte tão subtrativa quanto aditiva, estabilidade entre visível e
invisível, melhor evidenciado na combinação de imagens e palavras, iniciadas há
mais de cinco mil anos, previsto no nascimento da própria arte, e que após séculos
foi redescoberta no século XX, com a criação do personagem Yellow Kid.

Todo mundo da iconografia visual está à disposição do criador


de histórias. Incluindo toda a gama de estilos pictóricos, da arte
representacional realista ao mais simples cartum, até mesmo o abstrato. E o
mundo invisível de símbolos e linguagem! Em toda a sua história, os
quadrinhos, têm usado a força do cartum pra envolver e se identificar com o
espectador, além do realismo pra capturar a beleza do mundo visível. A
dança do visível e invisível está no âmago dos quadrinhos, no poder de
conclusão! [...] Os quadrinhos de hoje dançam com o invisível melhor do
que antigamente. Mas sua linguagem continua a evoluir, como toda
linguagem precisa, porque embutidas em todas as imagens do mundo
visível, estão as sementes do invisível. As sementes do Expressionismo e
da Cinestética! (MCCLOUD, 2005, p. 202, 203, 204, 205, 208 e 209).

No momento atual que vivemos, os quadrinhos possuem uma gama de


possibilidades, versatilidade, recursos inúmeros para os artistas que dia a dia se
destacam por meio da arte sequencial, com persistência, podendo ser ouvido em
toda parte “[...] com toda a fantasia do cinema e da pintura, além da intimidade da
palavra escrita. E só é necessário o desejo de ser ouvido, a vontade de aprender e a
habilidade de ver” (MCCLOUD, 2005, p.212 e 213).
55

6.GRAPHICS MSP: TURMA DA MÔNICA LAÇOS

O termo Graphic Novel, conhecido também como romance gráfico, surgiu


na década de 60 pelas mãos de Richard Kile, embora tenha sido popularizado por
Will Eisner, com sua produção Um contrato com Deus. Seu contexto se refere a uma
história mais longa e elaborada, correspondente às obras literárias, conhecida como
prosa, trazendo narrativas mais densas e complexas.
De fato os autores das Graphics MSP reinventaram o modo de contar as
histórias dos personagens da Mauricio de Sousa Produções. E os irmãos Cafaggi
traduziram Turma da Mônica - Laços de forma mais poética, sensível e delicada, a
amizade dos quatro personagens principais, sem perder a essência consagrada
que os liga.

FIG. 44 – EDUARDO DAMASCENO e FELIPE GARROCHO, Graphic MSP Bidu – Caminhos, 2014.
Fonte: http://apilha.com.br/wp-content/uploads/2014/08/BIDU_000011.jpg
56

FIG. 45 – CRIS EIKO e PAULO CRUMBIM, Graphic MSP Penadinho - Vida, 2015.
Fonte: http://www.universohq.com/wp-content/uploads/2015/04/PenadinhoVidaPreview05.jpg

FIG. 46 – GUSTAVO DUARTE, Graphic MSP Chico Bento – Pavor Espaciar, 2013.
Fonte: http://melhoresdomundo.net/wp-content/uploads/2013/08/ChicoBentoGMSP3.jpg
57

FIG. 47 – SHIKO, Graphic MSP Piteco - Ingá, 2013.


Fonte: https://coelhomatador.files.wordpress.com/2014/01/piteco-inga-preview-12nov2013_02.jpg

FIG. 48 – DANILO BEYRUTH e CRIS PETER, Graphic MSP Astronauta - Singularidade, 2014.
Fonte: http://www.resenhandotudo.com.br/wp-content/uploads/2015/09/astronauta-4.jpg
58

A maior transformação ocorrida em Turma da Mônica – Laços foi a


mudança estética, dos gibis para o álbum de luxo, com narrativa longa e densa. A
história narra a busca incansável do Cebolinha pelo cãozinho Floquinho, que fugiu
de casa. Após criar um plano infalível, reúne seus amigos, Mônica, Magali e Cascão
para procurar seu melhor amigo. Uma aventura cheia de confusões, e mesmo com
tantas travessuras, os personagens se mostram presentes, unidos para ajudar seu
amigo encontrar seu cãozinho. Os laços invisíveis são vividos o tempo todo na
história, os laços da amizade, da família, do amor, do respeito, entre tantos outros.

FIG. 49 – IARA, Graphic MSP Turma da Mônica – Laços dos irmãos Cafaggi, 2015.
Fonte: http://contoemcanto.com.br/wp-content/uploads/2015/10/10.png

A produção de Turma da Mônica – Laços iniciou-se em 2011, após Vitor e


Lu Cafaggi serem convidados por Sidney Gusman para ficarem responsáveis pela
Graphic MSP do quarteto. Vitor Cafaggi ficou responsável pelos personagens por
volta dos sete anos, já Lu Cafaggi retratou os personagens bebê, em cenas de
flashback. Já nos primeiros esboços, de Vitor Cafaggi, podemos notar as
características dos personagens, como o cabelo do Cebolinha, e o Cascão que
carrega um guarda-chuva. Houve algumas alterações até a definição final dos
personagens.
59

FIG. 50 – VITOR CAFAGGI, Primeiros esboços de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2011.
Fonte: https://mutantexis.files.wordpress.com/2013/07/blog-extras.jpg

Com o roteiro definido, Vitor começa a esboçar os layouts das páginas, a


princípio desenhados com grafite azul, e Lu utiliza pastel seco para definir as
sombras e texturas. O layout é um dos componentes de história em quadrinhos de
maior importância, uma vez que este tem a função de determinar as relações
proporcionais e também posicionais dos quadros, estipular os balões, solucionar o
fechamento do hiper-requadro, e até mesmo do espaço interno.

[...] o layout não opera sobre requadros vazios, mas sim deve
levar em conta seus conteúdos. Ele é um instrumento a serviço de um
projeto artístico global, frequentemente subordinado a um plano narrativo,
ou, no mínimo, discursivo; [...] o layout geralmente é elaborado a partir de
um conteúdo semanticamente, sendo que a decupagem já garantiu a
desratização em enunciados sucessivos que passam a ser chamados de
quadros. (GROENSTEEN, 2015, p.98 e 99).

Uma curiosidade são as anotações dos autores ao lado dos desenhos,


que podem ser observados nos layouts. Nota-se um senso crítico dos artistas
preocupados com os mínimos detalhes.
60

FIG. 51 – VITOR CAFAGGI, Layout da página 42 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2012.
Fonte: Cedido pelo autor.
61

FIG. 52 – VITOR CAFAGGI, Layout da página 51 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2012.
Fonte: Cedido pelo autor.
62

FIG. 53 – VITOR CAFAGGI, Layout da página 46 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2012.
Fonte: Scanner, coleção de postais Petit Gateau.

FIG. 54 – LU CAFAGGI, Layout da página 07 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2012.
Fonte: Scanner, coleção de postais Petit Gateau.
63

Com os layouts prontos e os personagens definidos, outra etapa


primordial é a definição de cores. As cores em Turma da Mônica – Laços são
aplicadas digitalmente, não perdendo nenhuma qualidade. É incontestável que a cor
nos conduz pela história carregada de emoções, nos evolve por meio de uma paleta
de cores muito característica do trabalho dos dois artistas, transmitindo uma
sensação de medo na medida em que a noite cai cenas após cena, ou as belas
cores dos personagens, e a paleta de cores de Lu Cafaggi, cheia de ternura e
delicadeza, nas cenas de flashback.

Outra propriedade das cores planas é sua tendência de


enfatizar a forma dos objetos animados e inanimados, como qualquer
criança que já tenha “colorido por números” sabe instintivamente. As cores
objetificam seus sujeitos. Nós ficamos mais conscientes da forma dos
objetos do que em preto e branco. (MCCLOUD, 2005, p. 188 e 189).

FIG. 55 – VITOR CAFAGGI, Processo de cores da página 46 de Graphic MSP Turma da Mônica –
Laços, 2012.
Fonte: Cedido pelo autor.
64

FIG. 56 – VITOR CAFAGGI, Página 28 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 28.
65

FIG. 57 – VITOR CAFAGGI, Página 33 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 33.
66

FIG. 58 – VITOR CAFAGGI, Página 36 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 36.
67

FIG. 59 – VITOR CAFAGGI, Página 44 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 44.
68

FIG. 60 – LU CAFAGGI, Página 09 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.


Fonte: http://www.garotasgeeks.com/wp-content/uploads/2014/12/Turma-da-M--nica-La--os-p--gina-
1.jpg

Outro fator importante nas artes sequenciais são os balões de fala, como
citado anteriormente. Por meio de seu formato, posicionamento, e até os famosos
recordatórios, guia de maneira determinante o olhar do leitor, sendo fundamental,
como nos mangás que a leitura segue da direita para esquerda. O balão de fala e
até mesmo os quadros recordatórios são partes essenciais das artes sequenciais.
69

Podendo ocorrer algumas exceções, alguns momentos as palavras são escritas


dentro do próprio espaço representativo sem que o campo da escrita fique evidente.

Existe uma hierarquia natural entre quadro e o balão, a qual


parte do princípio que, se a existência do segundo condiciona a do primeiro,
a recíproca não é verdadeira. Grande número de quadros (proporção
variável, conforme o autor) não traz balão algum. Por outro lado, jamais
acontece de o balão apresentar-se sozinho, dado que ele não é uma
emissão supostamente sonora e que toda emissão pressupõe uma fonte, ou
seja, um lugar de origem. Esse lugar é o quadro, o espaço que contém tal
emissão. Essa regra vale independente da natureza exata da fonte: seja o
emissor representado ou invisível, ele é sempre situável em relação à
diegese da qual se representa ou já se representou um fragmento
(GROENSTEEN, 2015, p.124).

Contudo mesmo que o balão se apresente isoladamente dentro uma zona


em branco, ele permanece portador de informações, através das palavras e os
elementos gráficos que ele abrange. Essa prática é mais comum observado nos
recordatórios, uma vez que o mesmo ocupa sozinho um requadro, podendo variar
sua natureza, alguns deles trazem apenas textos, outros desenho e ausência de
texto.
Podemos considerar que a relação de balão em Turma da Mônica –
Laços é profunda, pelo fato da história ser colorida, os balões se destacam,
marcando sua despretensão em relação às composições ilusórias que conduzem a
imagem. Como relatado por Fresnault-Deruelle “é a presença branca que neutraliza
a ambientação” (FRESNAULT-DERUELLE apud GROENSTEEN, 2015, p.78), ou no
caso das páginas feitas por Lu Cafaggi os balões são discretos, omitindo da nossa
visão o requadro. Em algumas páginas também são observados a ausência de
balões e fala.
A zona de imagem e a zona de texto são como duas peças
complementares de um quebra-cabeça. O espaço dedicado ao texto é um
espaço retirado do desenho, mas situado sobre o mesmo plano. Pode-se
igualmente considerar este enclave que é o balão (especialmente quando
ele não toca nenhuma das bordas externas do quadro) como o “requadro
interno” da imagem, ou seja, a forma que, em seu próprio seio, designa-lhe
uma fronteira e delimita a extensão de sua visibilidade. (GROENSTEEN,
2015, p.80).
70

FIG. 61 – VITOR CAFAGGI, Página 53 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Cedido pelo autor.
71

FIG. 62 – VITOR CAFAGGI, Página 51 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Cedido pelo autor.
72

FIG. 63 – LU CAFAGGI, Página 47 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.


Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 47.
73

Outro diferencial em Turma da Mônica – Laços é a composição de cena,


diferente de Turma da Mônica e Turma da Mônica Jovem que mantém um mesmo
padrão, observa - se um dinamismo mais relevante na história.

A composição de cena, portanto, organiza diferentes


parâmetros da imagem (enquadramento, escolha de ângulo, composição,
“jogo” de personagens, iluminação, etc.) em função da dinâmica interna à
sequência, visando produzir um efeito estético ou dramático, e para uma
legibilidade imediata daquilo que, na imagem, constitui o enunciável
pertinente. (GROENSTEEN, 2015, p. 128).

FIG. 64 – VITOR CAFAGGI, Página dupla 56 e 57 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: http://1.bp.blogspot.com/-s2qDN-
gLJ5A/U1NyB1HoFHI/AAAAAAAALdk/pD99wguqAh4/s1600/Victor+Cafaggi+e+Lu+Cafaggi+-
+Turma+da+M%25C3%25B4nica%252C+La%25C3%25A7os%252C+splash+page.jpg
74

FIG. 65 – VITOR CAFAGGI, Página 11 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 11.
75

Finalmente, um fato interessante em Turma da Mônica – Laços, diz


respeito às easter eggs, que são pequenas referências a outras obras inseridas na
trama. A própria narrativa do roteiro traz referências a filmes dos anos 1980, como
Stand By Me (Conte Comigo), Os Goonies e Warriors, e cenas inspiradas em
Curtindo a Vida Adoidado. Nas figuras 64 e 65 observamos referências ao filme E.T.
– O Extraterrestre, e aos personagens Capitão Gancho e Peter Pan, representados
aqui por Cascão e Cebolinha. A figura a seguir apresenta uma referência ao seriado
mexicano Chaves.

FIG. 66 – VITOR CAFAGGI, Página 12 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 12.
76

As maiores referências porém, dizem respeito à própria Turma da Mônica,


como na cena em que a Magali surge ao final da história de vestido verde, que em
1986, surgiu pela primeira vez em cores, no álbum A História da Turma da Mônica,
publicado pela antiga Rio Gráfica Editora. E a interpretação dos irmãos Cafaggi
quando todos os personagens, exceto Cebolinha, perdem seus sapatos após uma
corrida. E por fim, a bela homenagem ao próprio Mauricio de Sousa, no belo traço
de Lu Cafaggi.

FIG. 67 – VITOR CAFAGGI, Página 71 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 71.
77

FIG. 68 – VITOR CAFAGGI, Página 41 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 41.

FIG. 69 – VITOR CAFAGGI, Página 42 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.
Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 42.
78

FIG. 70 – LU CAFAGGI, Página 47 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.


Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 47.

FIG. 71 – LU CAFAGGI, Página 48 de Graphic MSP Turma da Mônica – Laços, 2013.


Fonte: Scanner, Turma da Mônica – Laços, pág. 48.
79

7.DESENHANDO A TURMA DA MÔNICA: MUDANÇAS ARTÍSTICAS E ESTILOS

É fato que houve grandes mudanças dos personagens ao longo desses


56 anos de carreira da Mauricio de Sousa Produções, sejam elas, nas tiras, nos
quadrinhos mensais, na Turma da Mônica Jovem e na Graphic MSP Turma da
Mônica - Laços, sendo que nesta última isso se torna mais evidente.
Ao analisarmos a Turma da Mônica, observamos as características
presentes em cada personagem, reconhecemos uma iconografia, como o vestido
vermelho da Mônica, e até suas características físicas, como seus “dentões”, ou as
“sujeirinhas” no rosto do Cascão. Podendo ir além, como no caso da personagem
Magali, que apresenta como característica comportamental, a gula e o gosto
exagerado por melancias, e o personagem Cebolinha, conhecido pelo distúrbio da
fala.
Uma vez estabelecida essa iconografia, é possível reconhecer cada um
dos personagens, mesmo na Turma da Mônica Jovem, onde o estilo de traço
presente é o mangá, em preto e branco, e particularmente na Graphic MSP Turma
da Mônica – Laços, no qual os irmãos Cafaggi desfrutaram de uma liberdade plena
ao retratar os personagens da “turminha”, e ainda se pode reconhecer todos os
personagens no traço autoral e gesto de cada um dos autores.

Fig. 72 - MAURICIO DE SOUSA PRODUÇÕES, Turma da Mônica Toy Animação, 2013


Fonte: https://images.tcdn.com.br/img/img_prod/322139/camiseta_infantil_t
urma_da_monica_toy_a_turma_toy_1332_2_20141022133904.jpg
80

TABELA 1 – Evolução e Iconografia da Personagem Mônica.

Elementos Visuais: Vestido vermelho e coelho de pelúcia azul (Sansão).


Características Físicas: Dentões, pés descalços e ausência de dedos, gorducha, baixinha e forte.
Características Comportamentais: Briguenta.

PERSONAGEM – MÔNICA

MAURICIO DE SOUSA
1963
TIRAS SEMANAIS

MAURICIO DE SOUSA
1963
TIRAS SEMANAIS

MAURICIO DE SOUSA
1966
TIRAS SEMANAIS

MAURICIO DE SOUSA
1967
TIRAS SEMANAIS
81

MAURICIO DE SOUSA
1970
REVISTA MENSAL

EMY T. Y. ACOSTA
(Arredondou o traço dos
1980 personagens).

REVISTA MENSAL

MAURICIO DE SOUSA
PRODUÇÕES
2015 DIVERSOS ARTISTAS

REVISTA MENSAL

EMY T. Y. ACOSTA e JOSÉ


A. CAVALCANTE
(Adaptação para mangá)
2008

TURMA DA MÔNICA
JOVEM
82

MAURICIO DE SOUSA
PRODUÇÕES
DIVERSOS ARTISTAS
2015

TURMA DA MÔNICA
JOVEM

VITOR CAFAGGI

2013
GRAPHIC MSP TURMA DA
MÔNICA LAÇOS

LU CAFAGGI

2013
GRAPHIC MSP TURMA DA
MÔNICA LAÇOS

Evolução dos traços e características dos personagens. Fonte: Mauricio de Sousa Produções (1963 a
2015).
83

TABELA 2 – Evolução e Iconografia do Personagem Cebolinha.

Elementos Visuais: Camisa verde, short preto, tênis marrom. (Único personagem a usar sapatos).
Características Físicas: Cinco fios de cabelo.
Características Comportamentais: Distúrbio da fala e encrenqueiro.

PERSONAGEM – CEBOLINHA

MAURICIO DE SOUSA
1960
TIRAS SEMANAIS

MAURICIO DE SOUSA
1970
REVISTA MENSAL

MAURICIO DE SOUSA
PRODUÇÕES
2015 DIVERSOS ARTISTAS

REVISTA MENSAL
84

EMY T. Y. ACOSTA e JOSÉ


A. CAVALCANTE
(Adaptação para mangá)
2008

TURMA DA MÔNICA
JOVEM

MAURICIO DE SOUSA
PRODUÇÕES
DIVERSOS ARTISTAS
2015

TURMA DA MÔNICA
JOVEM

VITOR CAFAGGI

2013
GRAPHIC MSP TURMA DA
MÔNICA LAÇOS

LU CAFAGGI

2013
GRAPHIC MSP TURMA DA
MÔNICA LAÇOS

Evolução dos traços e características dos personagens. Fonte: Mauricio de Sousa Produções (1960 a
2015).
85

TABELA 3 – Evolução e Iconografia da Personagem Magali.

Elementos Visuais: Vestido amarelo.


Características Físicas: Pés descalços e ausência de dedos.
Características Comportamentais: Gula e gosto exagerado por melancias.

PERSONAGEM – MAGALI

MAURICIO DE SOUSA
1964
TIRAS SEMANAIS

MAURICIO DE SOUSA
1966
TIRAS SEMANAIS

MAURICIO DE SOUSA
1970
REVISTA MENSAL

EMY T. Y. ACOSTA
(Arredondou o traço dos
1980 personagens).

REVISTA MENSAL
86

MAURICIO DE SOUSA
PRODUÇÕES
2015 DIVERSOS ARTISTAS

REVISTA MENSAL

EMY T. Y. ACOSTA e JOSÉ


A. CAVALCANTE
2008 (Adaptação para mangá)

TURMA DA MÔNICA
JOVEM

MAURICIO DE SOUSA
PRODUÇÕES
DIVERSOS ARTISTAS
2015

TURMA DA MÔNICA
JOVEM

VITOR CAFAGGI

2013
GRAPHIC MSP TURMA DA
MÔNICA LAÇOS

LU CAFAGGI

2013
GRAPHIC MSP TURMA DA
MÔNICA LAÇOS

Evolução dos traços e características dos personagens. Fonte: Mauricio de Sousa Produções (1964 a
2015).
87

TABELA 4 – Evolução e Iconografia do Personagem Cascão.

Elementos Visuais: Camisa amarela, jardineira vermelha xadrez.


Características Físicas: Sujeirinhas no rosto, pés descalços e ausência de dedos, cabelo
característico.
Características Comportamentais: Mania de sujeira e aversão ao banho.

PERSONAGEM – CASCÃO

MAURICIO DE SOUSA
1961
TIRAS SEMANAIS

MAURICIO DE SOUSA
1970
REVISTA MENSAL

EMY T. Y. ACOSTA
(Arredondou o traço dos
personagens).
1980 SÉRGIO GRACIANO (Criou
o cabelo borrado do
Cascão).

REVISTA MENSAL
88

MAURICIO DE SOUSA
PRODUÇÕES
2015 DIVERSOS ARTISTAS

REVISTA MENSAL

EMY T. Y. ACOSTA e JOSÉ


A. CAVALCANTE
2008 (Adaptação para mangá)

TURMA DA MÔNICA
JOVEM

MAURICIO DE SOUSA
PRODUÇÕES
2015 DIVERSOS ARTISTAS

TURMA DA MÔNICA
JOVEM

VITOR CAFAGGI

2013
GRAPHIC MSP TURMA DA
MÔNICA LAÇOS

LU CAFAGGI

2013
GRAPHIC MSP TURMA DA
MÔNICA LAÇOS

Evolução dos traços e características dos personagens. Fonte: Mauricio de Sousa Produções (1961 à
2015).
89

As mudanças nos personagens são notáveis, em alguns casos mais


acentuados, graficamente, como as expressões da personagem Mônica, que foram
amenizadas com o tempo, tornando a personagem mais simpática mesmo com sua
personalidade forte, e suas características físicas, que nos anos 1970, era menor
que os demais personagens, evidenciando seu apelido conhecido até hoje. E os
traços dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi trazem ternura para os personagens, mantendo
a personalidade e a iconografia existente em cada um.
Há ainda uma infinidade de possibilidades para explorar os personagens
da Mauricio de Sousa Produções, mantendo a essência que os consagram.
90

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio dos quadrinhos se criou muitos ícones, dos super-heróis a


amigos imaginários, de detetives a criaturas fantásticas, traduzindo as concepções
de mundo e os hábitos e cultura de uma sociedade.
A importância da Mauricio de Sousa Produções na história dos
quadrinhos brasileiros é fundamental. A partir dos quadrinhos da Turma da Mônica
se formou uma gama de leitores e amantes da nona arte, além de toda uma
formação do mercado de quadrinhos, principalmente infantis. Esses meios de
comunicação em massa também se tornam um grande aliado na formação de um
indivíduo, podendo ser instrumentos de manipulação, ou somente uma forma de
entretenimento para um universo lúdico cheio de aventuras e fantasias.
Ao longo dos quase 60 anos da trajetória da Mauricio de Sousa
Produções houve muitas mudanças, mercadológicas e gráficas, principalmente com
a criação do Planejamento Editorial com projetos especiais, no qual Sidney Gusman
é responsável, desde 2006. Com os novos projetos editoriais MSP 50, MSP+50,
MSPnovos50 e Ouro da Casa, e posteriormente as Graphics MSP iniciado em 2012
e publicado até hoje, uma nova fase começa no estúdio.
Os irmãos Cafaggi transcenderam de forma sútil e delicada a forma como
interpretaram a história dos quatro amigos do bairro do Limoeiro, recheado de
memórias e referências da infância de muitas gerações de leitores. Laços de
amizades dos quatro personagens, evidenciada na história, do amor do personagem
Cebolinha pelo seu cão Floquinho, e porque não, laços de irmãos, refletido no
trabalho desses dois mineiros, com uma percepção de mundo que somente eles
transmitem.
As histórias em quadrinhos conduzem cognitivamente o saber e o buscar.
Nas escolas, um conhecimento mais profundo por meio de uma análise comparada,
ou até mesmo o desenvolvimento das etapas apresentadas, roteiro, desenho, arte-
final, poderia contribuir para uma ampliação da educação estética das crianças, do
mesmo modo que o reconhecimento árduo das onomatopeias, muito citadas nos
quadrinhos, pode ser um grande aliado nas interdisciplinaridades escolares. A
diversidade de materiais a serem investigados também pode oferecer ao educando
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possibilidades para seu aprimoramento de técnicas, por meio da exploração,


aguçando a curiosidade e colaborando para que a leitura se torne um hábito.
Há muito que ser explorado e discutido academicamente sobre os
quadrinhos, são inúmeras as possiblidades, por meio das artes, narrativas, ou como
meio eficaz de comunicação, visto que a memória das artes sequenciais,
especialmente a brasileira, depende desse tipo de estudo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GOIDANICH, Hiron Cardoso; KLEINERT, André. Enciclopédia dos Quadrinhos.


Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.

GROENSTEEN, Thierry. O Sistema dos Quadrinhos. Nova Iguaçu, RJ: Marsupial


Editora, 2015.

GUSMAN, Sidney. Mauricio – Quadrinho a Quadrinho. São Paulo: Globo, 2006.

MCCLOUD, Scott. Desvendando os Quadrinhos. São Paulo: M. Books do Brasil


Editora Ltda., 2005.

CAFAGGI, Vitor; CAFAGGI, Lu. Turma da Mônica – Laços. Barueri, SP: Panini
Brasil Ltda, 2013.

PRODUÇÕES, Mauricio de Sousa. Revista Cascão nº 01. Barueri, SP: Panini Brasil
Ltda, 2015.

PRODUÇÕES, Mauricio de Sousa. Revista Cebolinha nº 01. Barueri, SP: Panini


Brasil Ltda, 2015.

PRODUÇÕES, Mauricio de Sousa. Revista Cebolinha nº 03. Barueri, SP: Panini


Brasil Ltda, 2015.

PRODUÇÕES, Mauricio de Sousa. Revista Mônica nº 100. Barueri, SP: Panini


Brasil Ltda, 2015.

PRODUÇÕES, Mauricio de Sousa. Revista Turma da Mônica Jovem nº 43.


Barueri, SP: Panini Brasil Ltda, 2012.

PRODUÇÕES, Mauricio de Sousa. Revista Turma da Mônica Jovem nº 50.


Barueri, SP: Panini Brasil Ltda, 2012.
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PRODUÇÕES, Mauricio de Sousa. Revista Turma da Mônica Jovem nº 75.


Barueri, SP: Panini Brasil Ltda, 2014.

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