Assim, a teodiceia procura mostrar que é razoável acreditar em Deus, apesar das evidências de
mal no mundo e oferece uma estrutura que pode explicar por que o mal existe.
O mal sempre existiu - mesmo antes da queda de Satanás e da do homem como antítese
conceitual do bem. Deus é o padrão da santidade e a santidade é o padrão de Deus. Nesse sentido,
o mal existia como alternativa abstrata e conceitual, pois tudo quanto Deus era em expressão
concreta de Sua santidade determinava a existência do mal como conceito alternativo, oposto à
maneira real de Deus ser. Donde concluímos que o "bem real" é eterno como expressão da
santidade de Deus, mas que o "mal conceitual" também é eterno como antítese do "bem real". (Pg.
5-6)
Deus não cria robôs, máquinas de executar a sua vontade. E isso certamente inclui o homem
na sua livre vontade de ser o que quer ser. Deus criou o homem para louvá-Lo, mas esse louvor
seria ridículo, se o homem fosse um andróide. Por isso, Deus nos deu livre arbítrio, liberdade para
escolher.
No entanto, não há liberdade que se caracterize como tal, sem critérios e sem referências. No caso
do homem, essa disposição de louvar a Deus por vontade própria tinha que ser demonstrada. O
amor que não é provado não se revela plenamente. A obediência que não é testada não se revela
na forma maravilhosa da fidelidade.
Deus então determina um mandamento para a referência da obediência e da livre vontade do
homem. O mandamento é simples, o objeto posto como referência é mais simples ainda, porém os
efeitos oriundos da desobediência seriam trágicos porque revelariam o livre desejo de "viver para
o eu" ao invés de "viver para Deus".
A AUTO-SUFICIÊNCIA E O MAL
A auto-suficiência é a mãe de todos os males, que são apenas conseqüência dela.
Desse modo, as relações ficam distorcidas e quebradas, tanto dos homens com Deus, como
entre si mesmos e com a natureza. Nesse clima gerado pelo mal, que tende a se multiplicar,
o caminho já não leva para a vida, mas para a morte (vv. 22-24). Tudo perdido? Não.
Diante do mal gerado pelo homem, Deus promete o quê?
Uma descendência que estará comprometida com o projeto de Deus, projeto este que
triunfará sobre todo o mal. Gn.3:15
O Contexto do Capítulo 3
Nos capítulos um e dois, lemos sobre a criação perfeita que Deus avaliou como sendo "boa"
(cf. 1:10, 12, 18, 21). No capítulo quatro nos deparamos com ciúme e assassinato. Nos
capítulos seguintes a raça humana vai de mal a pior. O que aconteceu? Gênesis três tem a
resposta a essa pergunta.
De repente, porém, Eva reconhece como seria bom comer dessa árvore. Ela sente a
atração de transpor o mandamento de Deus. E assim Eva cede à tentação da
serpente com três justificativas.
A primeira justificativa: O mal atrai. Ele seduz. A fruta proibida têm um gosto
particularmente delicioso. É a tentação de violar uma lei, de sentir-se livre de qualquer
limitação por mandamentos e proibições. A tentação de explorar e ultrapassar os limites.
A segunda justificativa: A árvore é bonita. Essa é a estética do mal. Na Bíblia, a beleza é
um rastro que Deus deixou na criação. Deus viu que tudo era bonito (Gn 1,31). Mas existe
também uma beleza do mal, que cega o ser humano para a beleza verdadeira de Deus.
E a terceira justificativa: O ser humano se torna inteligente quando viola a Palavra de Deus.
O mal seduz o ser humano com a promessa deste se tornar mais inteligente, algo que a
pessoa que permanece fiel à lei de Deus não reconhece. Ele abrirá os olhos e perceberá por
conta própria o que é mal e o que é bom. Mas essa suposta inteligência é convertida em seu
oposto. Adão e Eva não reconhecem Deus nem o bem e o mal. Reconhecem apenas que
estão nus. Eles sentem vergonha um do outro e perdem sua ingenuidade, sua alegria
ingênua sobre si mesmos e seu companheiro. Na verdade, perdem a capacidade de aceitar
a si mesmo e o outro como são. O mal, o pecado é a origem do Relativismo.