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Luiz Inácio Lula da Silva


Presidente da República Federativa do Brasil

Tarso Genro
Ministro de Estado da Educação

Fernando Haddad
Secretário-Executivo

2
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Básica
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

Catálogo do Programa
Nacional do Livro do
Ensino Médio

PNLEM / 2006

Língua Portuguesa

Brasília
2004

3
Francisco das Chagas Fernandes
Secretário de Educação Básica

José Henrique Paim Fernandes


Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE

Lucia Helena Lodi


Diretora de Políticas de Ensino Médio

Daniel Silva Balaban


Diretor de Ações Educacionais

Alexandre Serwy
Coordenador-Geral dos Programas do Livro

Francisco Potiguara Cavalcante Júnior


Coordenador-Geral de Políticas de Ensino Médio

Magda Rejane Cordeiro de Araujo Soares


Coordenadora-Geral de Assistência aos Sistemas de Ensino

Equipe Técnica - SEB/DPEM


Lunalva da Conceição Gomes
Maria Marismene Gonzaga
Mirna França da Silva de Araujo

Equipe Técnica - FNDE


Neuza Helena Portugal
Silvério Morais da Cruz
Sônia Schwartz Coelho

Projeto Gráfico e Diagramação


Daniel Tavares

Ministério da Educação
Secretaria de Educação Média e Tecnológica
Esplanada dos Ministérios - Bloco L - 4º andar - sala 425
Brasília-DF - 70047-900
E-mail: ensinomedio@mec.gov.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)

C357c Catálogo do Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio:


PNLEM/2005 : Língua Portuguesa / [coordenação Egon de Oliveira Rangel]. – Brasília : MEC,
SEMTEC, FNDE, 2004.
88 p. ISBN 85-296-0035-5.

1. Avaliação do livro didático. 2. Conteúdos do livro didático. 3. Língua Portuguesa. 4. Programa


Nacional do Livro para o Ensino Médio. I. Rangel, Egon de Oliveira. II. Brasil. Secretaria de
Educação Média e Tecnológica. III. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

CDU: 371.671.1: 811.134.3


4
Sumário
Carta ao Professor .......................................................................................... 7

Apresentação .................................................................................................. 8

Critérios Comuns ............................................................................................ 10

Orientações para Escolha ............................................................................. 13

Resenhas de Língua Portuguesa .................................................................... 15


Equipe Responsável ................................................................................ 16

Língua Portuguesa .................................................................................... 17


(Heloísa Harue Takazaki)
Língua Portuguesa .................................................................................. 23
(Zuleika de Felice Murrie / Simone Gonçalves da Silva / Josafá Fernandes
Gonçalves / Harry Vieira Lopes)
Novas Palavras - Português ...................................................................... 29
(Mauro Ferreira do Patrocínio / Severino Antônio Moreira Barbosa / Ricardo Silva
Leite / Emília Amaral)
Português - De Olho no Mundo do Trabalho ............................................... 34
(José De Nicola Neto / Ernani Terra)
Português - Língua, Literatura, Produção de Textos .................................... 41
(Maria Luiza Marques Abaurre / Marcela Regina Nogueira Pontara / Tatiana Fadel)
Português - Língua, Literatura, Gramática, Produção de Textos ................... 47
(Leila Lauar Sarmento / Douglas Tufano)
Português: Língua e Cultura ..................................................................... 53
(Carlos Alberto Faraco)
Português: Linguagens ........................................................................... 59
(Thereza Anália Cochar Magahães / William Roberto Cereja)
Textos: Leituras e Escritas ....................................................................... 64
(Ulisses Infante)

Anexo ............................................................................................................ 69
(Ficha de Língua Portuguesa) ............................................................................ 71

5
6
Carta ao Professor
Prezados Professor e Professora,

Longe de ser a única possibilidade de trabalho, o livro didático é um


instrumento que, utilizado como complemento do projeto político-
pedagógico da escola, certamente contribuirá para promover a reflexão
e a autonomia dos educandos, assegurando-lhes aprendizagem efetiva
e contribuindo para fazer deles cidadãos participativos. Para tanto, ele
deve ser isento de erros conceituais ou preconceitos, deve incentivar o
debate e estimular o trabalho do professor dentro e fora da sala de aula.
É importante que sua proposta seja flexível, permitindo sua utilização
em diversos contextos socioculturais e regionais.

É com essa concepção que o Ministério da Educação, por intermédio


da Secretaria de Educação Básica – SEB, em parceria com o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, está implantando
o Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio / PNLEM.

O Catálogo dos Livros do Ensino Médio, que chega agora até sua escola,
contém a síntese das obras de Língua Portuguesa e de Matemática
avaliadas e aprovadas, que serão escolhidas por vocês, professores,
como um material de apoio à prática pedagógica.

Assim, esperamos que façam uma boa escolha, coerente com a


proposta pedagógica da escola e que represente o consenso entre
todos os profissionais envolvidos neste processo.

7
Apresentação
A AVALIAÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

O Ministério da Educação distribui, desde 1985, livros didáticos aos alunos matriculados
no ensino fundamental da rede pública. Em sua proposta inicial, o Programa Nacional
do Livro Didático/PNLD previa, apenas, a escolha dos livros pelo professor, com a
conseqüente distribuição pelo MEC.

A partir de 1993, evidenciou-se a necessidade de uma análise do material distribuído,


com vistas a garantir a qualidade desses livros e, por conseguinte, a qualidade do ensino
nas escolas públicas brasileiras.

Em 1995, pela primeira vez, os professores passaram a escolher seus livros com base
em análises elaboradas por especialistas nas diversas áreas do conhecimento –
Matemática, Ciências, Estudos Sociais (que conforme a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional foi desmembrado em Geografia e História, Língua Portuguesa e livros
de Alfabetização) - e publicadas sob a forma de resenhas, no Guia de Livros Didáticos.
Posteriormente, a partir do PNLD/2001, o MEC passou a avaliar e a distribuir dicionários
de Língua Portuguesa aos alunos do ensino fundamental, como forma de fornecer a esses
alunos um instrumento de leitura e escrita voltado para a ampliação do repertório lingüístico
e para o desenvolvimento da autonomia no que se refere à busca de novos conhecimentos.

A avaliação das obras didáticas pelo PNLD teve reflexos importantes na escola e no mercado
editorial. A análise dos dados referentes à escolha dos livros pelos professores mostra que a
escolha inicialmente recaía sobre os livros menos qualificados e, posteriormente, passou a
incidir sobre os mais bem qualificados, apontando o comprometimento dos professores e da
escola com a qualidade do material didático oferecido ao aluno.

O mercado editorial também passou por alterações bastante positivas, e a mais significativa
delas é a melhoria da qualidade do material enviado para a avaliação. Essa melhoria pôde
ser verificada pelo aumento de coleções e de livros recomendados e a redução de obras
excluídas. Evidenciou-se, também, uma renovação da produção didática brasileira, isto é,
a inclusão de novas obras para avaliação.

O impacto positivo do PNLD levou o MEC à ampliação das ações de avaliação e de


distribuição de livros didáticos para o ensino médio. Essa iniciativa vem aumentar ainda
mais a discussão que se estabelece desde o início das avaliações acerca do papel do
livro didático na escola, suas implicações pedagógicas, os critérios de avaliação para o
desenvolvimento de um trabalho de qualidade em sala de aula e a importância de uma
escolha consciente e autônoma por parte dos professores.

A avaliação dos livros do ensino médio tem em comum com o ensino fundamental a visão de
que, sendo o livro didático uma importante ferramenta para professores e alunos, ele deve ter
características que permitam sua utilização em diferentes contextos e realidades.

Para tanto, é necessário contar com um material de apoio diversificado, flexível e abrangente.
Em momento algum o livro será um substituto do professor ou de suas experiências
pedagógicas, mas poderá ser um bom referencial para ampliar os trabalhos em sala de aula.

8
Apresentação
A formação dos alunos no ensino médio deve levar em conta fatores diversos, como o respeito
ao contexto social, à diversidade e à pluralidade; deve promover o desenvolvimento das
capacidades de inferir, argumentar, pesquisar, produzir e deve estar em consonância com as
múltiplas finalidades do ensino médio, estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação1:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade às novas condições de
ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o
desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria e a prática, no ensino de cada disciplina.

Finalmente, o Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio será implantado gradativamente,
por isso, em 2005, serão distribuídas obras de Língua Portuguesa e de Matemática aos
alunos matriculados na 1ª série da rede pública de ensino das regiões Norte e Nordeste.

Para Língua Portuguesa, deverá ser escolhido um livro único, que será utilizado durante os
três anos (2005, 2006 e 2007); para Matemática, será escolhida uma coleção composta por
três volumes, cada um dedicado ao conteúdo de um ano. Em 2005, será distribuído o
primeiro volume da coleção, referente à 1ª série. Os volumes subseqüentes estarão nas
escolas nos anos seguintes (2006 e 2007).

A seguir, vocês encontrarão, além dos critérios que nortearam o processo de avaliação,
as orientações para escolha e envio do formulário. Sugerimos a leitura de todas as
informações como forma de garantir uma escolha eficiente.

1. Lei nº 9. 394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação, art. 35


9
Critérios Comuns
O PROCESSO DE AVALIAÇÃO

A avaliação dos livros que constam deste catálogo foi realizada por equipes de especialistas
nas áreas de Língua Portuguesa e de Matemática, que analisaram, detalhadamente,
cada uma das obras: suas qualidades, suas deficiências e as possibilidades de trabalho
que ofereceriam aos professores da rede pública.

Para proceder essa avaliação, foram definidos critérios comuns e específicos, detalhados a
seguir:

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO

Para cumprir adequadamente a função didático-pedagógica, o livro didático


precisa atender, inicialmente, a uma tripla exigência:

• correção das informações, conceitos e procedimentos que integram o


componente curricular;
• adequação de sua proposta didático-pedagógica em relação à situação
de ensino-aprendizagem e aos objetivos visados;
• sintonia com a legislação e os demais instrumentos oficiais que
regulamentam e orientam a Educação Nacional.

CRITÉRIOS COMUNS ELIMINATÓRIOS

Alguns aspectos são fundamentais na análise e na avaliação, portanto,


estabeleceram-se critérios que, ao serem violados, implicaram a eliminação da
obra. São eles:

1) Correção dos conceitos e das informações básicas;


2) Respeito aos princípios de construção da cidadania.

Em conseqüência, as obras de destinação escolar não poderão:

• Relativo ao primeiro critério

a) formular erroneamente os conceitos que veiculem;


b) fornecer informações básicas erradas ou desatualizadas;
c) mobilizar de forma inadequada esses conceitos e informações, levando o
aluno a construir de forma incorreta conceitos e procedimentos.

10
Critérios Comuns
• Relativo ao segundo critério

a) privilegiar um determinado grupo, camada social ou região do País;


b) veicular preconceitos de origem, cor, condição econômico-social, etnia,
gênero, orientação sexual, linguagem ou qualquer outra forma de
discriminação;
c) divulgar matéria contrária à legislação vigente para a criança e o adolescente,
no que diz respeito a fumo, a bebidas alcoólicas, a medicamentos, a drogas
e a armamentos, entre outros;
d) fazer publicidade de artigos, de serviços ou de organizações comerciais,
salvaguardada, entretanto, a exploração estritamente didático-pedagógica
do discurso publicitário;
e) fazer doutrinação religiosa.

O desrespeito a qualquer um desses critérios ou compromete a construção e o exercício


da cidadania, ou afigura-se discriminatório, resultado socialmente nocivo, além de
contrário aos objetivos do Ensino Médio e da Educação Nacional.

OUTROS CRITÉRIOS COMUNS

Coerência e adequação metodológicas

Na base de qualquer proposta didático-pedagógica, está um conjunto de escolhas teóricas


e metodológicas, conjunto esse responsável tanto pela coerência interna da obra, quanto
pela sua posição relativa no confronto com outras propostas ou outras possibilidades.
Nesse sentido, algumas exigências se impõem no livro didático:

• que explicite suas escolhas teórico-metodológicas;

• que articule, quando for o caso, as diferentes opções a que recorra, evidenciando a
compatibilidade entre elas;

• que apresente coerência entre as opções declaradas e a proposta efetivamente


formulada;

• que as opções efetuadas contribuam, no seu conjunto, para a consecução dos objetivos,
quer da educação em geral, quer da disciplina e do nível de ensino em questão;

• que a proposta pedagógica propicie tanto a construção de conhecimentos relevantes,


quanto o desenvolvimento de diferentes capacidades cognitivas, como compreensão
e memorização, análise e síntese, observação, generalização e formulação de
hipóteses, previsão e planejamento, entre outras.

11
Critérios Comuns
QUALIDADE DO LIVRO DO PROFESSOR

Um livro didático não será capaz de explicitar adequadamente sua fundamentação


se não apresentar, em seção ou livro dirigido ao professor, os objetivos e
pressupostos teórico-metodológicos que nortearam sua elaboração. O livro do
professor não deve ser apenas uma cópia do livro do aluno com os exercícios
resolvidos. Para cumprir suas funções deve:

• descrever a estrutura geral da obra, explicitando a articulação pretendida


entre suas unidades e os objetivos específicos de cada uma delas;

• orientar, com formulações claras e precisas, os manejos pretendidos ou


desejáveis do material em sala de aula;

• sugerir atividades complementares, como projetos, pesquisas, jogos, etc;

• fornecer respostas ou padrões de respostas para parte das atividades


propostas aos alunos;

• discutir o processo de avaliação da aprendizagem e mesmo sugerir


instrumentos, técnicas e atividades;

• informar e orientar o professor a respeito de conhecimentos atualizados ou


especializados, indispensáveis à adequada compreensão de aspectos
específicos de uma determinada atividade ou mesmo da proposta pedagógica
do livro.

12
Orientações para Escolha
A ESCOLHA DOS LIVROS

Como já dissemos, o livro no ensino médio tem múltiplos papéis: (i) favorecer a ampliação
dos conhecimentos adquiridos ao longo do ensino fundamental; (ii) oferecer informações
capazes de contribuir para a inserção dos alunos no mercado de trabalho, o que implica a
capacidade de buscar novos conhecimentos de forma autônoma e reflexiva; e (iii) oferecer
informações atualizadas, de forma a atuar como apoio à formação continuada do professor,
na maioria das vezes impossibilitado, pela demanda de trabalho, de atualizar-se em sua
área específica. Tendo em vista tantas funções, a escolha do livro que irá subsidiar o trabalho
dos professores deve ser criteriosa e afinada com as características da escola e dos alunos
e com o contexto educacional em que estão inseridos.

As resenhas constantes deste catálogo procuram mostrar para os docentes, além dos
aspectos gerais do livro voltados para a adequação do conteúdo, fatores como a ausência
de erros e de preconceitos, as possibilidades de trabalho e a necessidade de mediação, em
maior ou menor grau, do professor. Contudo, os textos das resenhas não esgotam as
possibilidades nem as deficiências das obras, mas buscam uma aproximação entre o
leitor/professor e os livros analisados. Adequar os conteúdos à realidade dos alunos, ampliar
e aprofundar os conhecimentos e as informações veiculadas, propor alternativas pedagógicas
diversificadas, atendendo os interesses dos alunos, são funções que cabem apenas ao
professor, pois ele é o detentor da informação primordial para um bom trabalho em sala de
aula: o perfil, as expectativas, o contexto e as especificidades socioculturais dos educandos.

Tendo em vista todos esses aspectos que elencamos é que se faz necessária uma
escolha criteriosa, pautada no dia-a-dia e que envolva o conjunto de professores. É
importante lembrar que essa é uma decisão da escola e que os livros serão utilizados
por três anos consecutivos, portanto, irão acompanhar o desenvolvimento, dos alunos
ao longo do ensino médio.

Sugerimos que vocês, professores, promovam momentos de leitura em grupo e discussão


das resenhas, e que cada professor, procure relacionar o conteúdo dos textos à sua
prática pedagógica, socializando essa reflexão com seus colegas. Procurem levantar
questões como: adequação dos conteúdos à proposta pedagógica da escola; abordagem
metodológica voltada para a autonomia dos educandos; valorização do indivíduo como
cidadão crítico e atuante; uso de linguagem clara e objetiva, sem ser banal ou infantilizada;
entre outras que vocês considerarem pertinentes.

O livro do professor merece um cuidado todo especial, afinal, é com ele que vocês irão
contar no momento de definir os caminhos a serem seguidos quando da utilização do
livro didático pelo aluno. A proposta metodológica do livro precisa ser coerente com a
desenvolvida no livro do aluno, sem, no entanto, indicar um trabalho diretivo ou inflexível.
Também é importante observar se as atividades ou os encaminhamentos proporcionam
a articulação dos conteúdos com outras áreas do conhecimento e com as experiências

13
Orientações para Escolha
de vida dos alunos; se valoriza o trabalho em grupo e propõe a discussão e o debate
como alternativas de ensino. Essas e muitas outras questões deverão ser consideradas
antes de vocês efetuarem a escolha. Durante as conversas e a leitura das resenhas,
as questões irão surgindo e deverão ser aproveitadas como material para discussão
do grupo.

Após a leitura em grupo e a discussão dos pontos relevantes, vocês terão diversos
elementos importantes e poderão chegar a um consenso, munidos de informações
significativas e concretas.

Por fim, esperamos que vocês realizem uma escolha consciente, capaz de
contribuir, efetivamente, para a consecução de seus objetivos pedagógicos nos
próximos três anos e, principalmente, para a formação de cidadãos autônomos,
críticos e participativos.

Para que a escola receba os livros, o preenchimento correto dos formulários é


imprescindível, por isso, as orientações que se seguem devem ser observadas.

Vocês receberam, juntamente com este catálogo, um conjunto de etiquetas auto-


adesivas em que constam os códigos de barras referentes às coleções (no caso
de Matemática) ou livros (no caso de Língua Portuguesa). Após a escolha, essas
etiquetas deverão ser coladas no formulário “Carta-resposta”, que será enviado ao
FNDE, responsável pela distribuição dos livros.

14
15
Resenhas de Língua Portuguesa
Equipe Responsável
Coordenação
Egon de Oliveira Rangel

Coordenação adjunta
Enid Yatsuda Frederico
Haquira Osakabe
Marcos Araújo Bagno
Maria Carlota Amaral Paixão Rosa

Pareceristas
Adelma das Neves Nunes Barros Mendes
Ana Cláudia Barbosa de Santana
Ana Cristina Aguiar Bernardes
Ana Maria de Carvalho Luz
André Luiz Rauber
Aracy Alves Martins
Arnaldo Franco Jr.
Caio Márcio Poletti Lui Gagliardi
Célia Abicalil Belmiro
Cilaine Alves Cunha
Cláudia de Arruda Campos
Cristiane Carneiro Capristano
Elizabeth Marcuschi
Enid Yatsuda Frederico
Erotilde Goreti Pezatti
Maria Irandé Costa Morais Antunes
Ivone Daré Rebelo
Jeferson Correia Dantas
Luís Fernando Prado Telles
Manoel Luiz Gonçalves Corrêa
Marco Aurélio Pinotti Catalão
Maria Aparecida Caltabiano Magalhães Borges da Silva
Maria Luíza Monteiro Sales Coroa
Maria Marta Pereira Scherre
Neide Aparecida de Almeida
Orlene Lúcia de Saboia Carvalho
Roberto Gomes Camacho
Shirley Goulart de Oliveira Garcia Jurado
Teresa Candolo
Vanessa Chaves Almeida
Vânia Cristina Casseb Galvão
Maria Zélia Versiani Machado
Zenir Campos Reis

16
Língua
Portuguesa
Heloísa Harue Takazaki

IBEP - Instituto Brasileiro de


Edições Pedagógicas LTDA.

919043

Síntese avaliativa

Organizado como um manual1, este livro se destina a um professor disposto a rever


práticas tradicionais e a construir, na interação com o aluno, reflexões sobre o fenômeno
da linguagem em toda sua riqueza e complexidade.
Seja na escolha de textos, seja na proposta de atividades, na sistematização dos
conhecimentos ou, até mesmo, na maneira de articular as seções da obra, evidencia-
se uma concepção de língua nitidamente orientada para o uso.

Apesar de cada unidade ter um foco específico (leitura e produção, conhecimentos


lingüísticos, linguagem oral ou literatura), a abordagem didático-pedagógica não
estabelece separações rígidas entre seções. Mescla-se a exploração de conhecimentos
lingüísticos com leitura, produção de textos (escritos e orais) e literatura, preservando -
se os objetivos específicos e os temas de cada capítulo.

Textos representativos de tipos e gêneros diversificados, assim como linguagens variadas,


apóiam atividades que, especificidades à parte, concorrem para um mesmo objetivo
comum: o desenvolvimento da proficiência em leitura e escrita. Nesse sentido, embora
a seqüência das unidades, e mesmo a ordenação interna de cada uma delas, obedeça
a uma lógica própria, o material possibilita ao professor reagrupar os temas de acordo
com o seu planejamento escolar ou de acordo com a maturidade de seus alunos.

1. Estamos denominando compêndio o livro didático que visa primordialmente expor de forma sistemática todos os
conteúdos curriculares mais relevantes da disciplina num determinado nível de ensino, deixando a cargo do professor a
seleção e ordenação, a cada série e a cada aula. Pode ou não propor exercícios e atividades. Já o manual é o livro didático
que se organiza basicamente como um roteiro de atividades de ensino/aprendizagem, concebidas e organizadas de acordo
com uma determinada prática docente. Por isso mesmo, sempre traz exercícios e atividades e tende a organizar-se por série.
17
A obra

O livro está organizado em 24 capítulos, nomeados de acordo com os temas e objetivos


abordados. A eles acrescentam-se duas seções complementares, focalizando,
respectivamente, literatura e conhecimentos lingüísticos: Questão de Estilo e
Lingüística e Gramática (58 páginas). Há, também, quatro páginas finais de referências
bibliográficas e sítios na Internet.

Os capítulos não apresentam sempre as mesmas seções, nem obedecem a uma


seqüência fixa. Entretanto, têm em comum o fato de começar pela seção Ponto de
Partida e de incluir uma ou mais seções de Estudos de Textos(s).

A grande maioria deles apresenta, também, a seção Para Confrontar (que propõe
atividades questionadoras a respeito do tema da unidade) e a seção Produção de
Textos. Alguns outros apresentam ainda a seção Para Pesquisar, que objetiva um
aprofundamento do tema ou tópico trabalhado.
A análise

Todas as atividades didático-pedagógicas deste livro partem da leitura e da


interpretação de textos, verbais ou não, dos mais variados gêneros. A construção de
conceitos lingüísticos ou literários, assim como as atividades de produção, surgem
do enfoque do texto como unidade de trabalho. Nesse sentido, a leitura perpassa
todas as atividades, ainda que não venha abordada em seção específica.

A estreita articulação com os demais componentes não impede que as atividades propostas
programem a abordagem dos processos discursivos, textuais e gramaticais que estão
em jogo na proficiência em leitura, e ainda propicia à leitura um contexto em que as
condições, mesmo quando não explicitadas, estão implicadas na proposta de produção.
Assim, os objetivos da leitura, em especial, acabam confundindo-se, de maneira saudável,
com os da unidade, definidos tanto no livro do aluno quanto no livro do professor.

A seleção de textos contempla esferas de uso socialmente relevantes (jornalística,


científica, literária) e é representativa do que a cultura da escrita oferece ao jovem e ao
adulto de escolaridade média, em termos de experiência de leitura, e deles exige. A
diversidade é muito grande, abrangendo diferentes tipos, gêneros e épocas: poemas,
contos, fragmentos de romance e de texto teatral, crônica, canções, notícia, artigos
de revista, artigo de opinião, entrevista, resenhas, anúncio publicitário, artigos de
divulgação científica, discurso político, sermão, verbete de dicionário, texto bíblico. Ao
lado destes, textos não verbais variados compõem o conjunto: charges, obras de
pintores famosos, cartazes de filme, capas de fitas de vídeo, etc.

Predominam os textos integrais e autênticos, muitas vezes reproduzindo-se a


diagramação original. Os fragmentos de obras literárias, especialmente de romances
e textos dramáticos, são bem selecionados e preservam a unidade. Em todos os
capítulos em que aparecem fragmentos, há sugestões de sítios na Internet e indicações

18
A análise

da obra integral, incluindo-se a imagem da capa do livro, incentivando-se, assim, o


(re)conhecimento da obra original. Considerando-se, ainda, os capítulos em que o
foco é a literatura, é grande e bastante representativa a diversidade de autores.

O objetivo de desenvolver a proficiência em leitura e formar leitores críticos é evidenciado


especialmente nas seções Estudo do Texto, Troque idéias e Reflexão. Formuladas
com clareza, as atividades resgatam o contexto de produção e exploram as
propriedades lingüísticas, discursivas e textuais em jogo, colaborando para a
(re)construção dos sentidos do texto e o desenvolvimento de competências leitoras.
Além disso, exploram a intertextualidade entre diferentes textos e linguagens,
consagrando-lhe, inclusive, todo o oitavo capítulo. A escolha dos temas leva o aluno a
se posicionar e a emitir juízos de valor, especialmente nos capítulos Explicando o
mundo (7), Imprensa (9), Discurso político-religioso (10), Mito e Ciência (17), Lingüística
(18), Burocracia e Trabalho.

O ensino de produção de textos tampouco está setorizado. As propostas contemplam


as modalidades escrita e oral e estão sempre intimamente ligadas ao tema de cada
capítulo. Nem todas as atividades vêm nomeadas como produção de textos, mas o
desempenho do aluno é sempre solicitado em forma de textos orais e escritos que
atendam às atividades de literatura ou de reflexão sobre os conhecimentos lingüísticos.

Em muitos dos capítulos, o tema acaba dando ensejo à produção de gêneros


específicos. Quando se trata de teatro, como no cap. 5, o aluno lê e analisa fragmentos
de peças teatrais antigas (Gil Vicente) ou modernas (Ariano Suassuna); posteriormente,
escreve e apresenta uma peça. As orientações, sempre pertinentes e oportunas,
aparecem na seção Produção de Texto.

As atividades de produção textual trabalham a escrita como processo. As propostas


consideram as diferentes etapas envolvidas na escrita, como no caso do ensino de elaboração
de uma notícia (Imprensa, cap. 9) e definem ou levam o aluno a definir condições adequadas
de produção, além de selecionar gêneros e níveis de linguagem compatíveis com a proposta.

As especificidades de gêneros como entrevista, currículo, carta argumentativa, notícia


de jornal, resenha sobre espetáculo, conto, crônica, peça teatral, canção, poema,
são efetivamente trabalhadas e, em geral, exemplos adequados são apresentados.

De modo variado, as atividades discutem, orientando para o uso, as estratégias e


mecanismos próprios de gêneros argumentativos e de texto de opinião. No capítulo 9,
que tem como tema a Imprensa, são apresentadas, além de leitura de textos
específicos, informações sobre a estrutura de notícias e de outros gêneros jornalísticos.
As propostas de produção textual fornecem subsídios para a elaboração temática dos
textos — como fazer uma resenha sobre um filme — e, ao mesmo tempo, discutem
mecanismos de coesão e coerência, orientando o aluno quanto a aspectos relativos à

19
A análise

norma culta. Formuladas com clareza, as atividades colaboram para o desenvolvimento


da proficiência em escrita e contribuem para a construção da cidadania do educando.

Em relação ao ensino da linguagem oral, encontram-se informações e conceitos em


várias unidades. O capítulo 12, cujo foco é a relação fala/escrita, traz informações sobre
a organização e os turnos conversacionais; como atividade, solicita que o aluno grave e
analise uma entrevista de televisão, com base em determinados critérios. A unidade explora
as diferenças e semelhanças entre as modalidades oral e escrita da língua, assim como
diferenças entre as variedades da linguagem oral. Essas características são também
retomadas em unidades como Variedades da Língua Portuguesa (cap. 13).

O ensino sistematizado da linguagem oral é ainda focalizado no estudo da entrevista


e da exposição oral (cap. 17 – Mito e Ciência). Em ambos os casos, a articulação se
faz com a leitura e a produção escrita.

No que diz respeito aos conhecimentos lingüísticos, o livro aborda conceitos


fundamentais para a educação escolar — como língua, linguagem, gramática, texto —
e proporciona instrumental teórico adequado para que o professor oriente o aluno a
analisar, a sistematizar e a tirar suas próprias conclusões a respeito do funcionamento
e do poder da linguagem na sociedade contemporânea.
Os vínculos da linguagem com a cultura e a sociedade ressaltam a natureza histórica
da língua portuguesa, em uma proposta de trabalho que não divide em setores os seus
usos, acolhendo a variação lingüística e a variedade de gêneros textuais e discursivos.

Conceituação e sistematização surgem, sempre, de reflexões e questionamentos que


envolvem experiências de leitura de mundo dos alunos, como, por exemplo, a proposta
de gravar uma entrevista na televisão e, depois de assistir a ela, analisar em que pontos
uma conversa cotidiana é parecida com uma entrevista, e em que aspectos é diferente.

O fio condutor da construção dos conhecimentos lingüísticos é a compreensão, isenta


de preconceito, do fenômeno da linguagem. Há, nesse sentido, uma unidade dedicada
especificamente à relação entre fala e escrita, com o objetivo de “desarticular certos
preconceitos sobre o maior ou menor prestígio da língua oral e da língua escrita e
também das culturas sem escrita”.

O conceito de gramática é problematizado e explicitamente proposto para


sistematização, em especial na seção complementar Lingüística e gramática. A noção
de gramática como conjunto de regras internalizadas é implicitamente associada à
variação lingüística, à oposição fala-escrita e às variedades de língua portuguesa,
questionando-se, assim, a noção de erro.

As definições surgem sempre após propostas de reflexão sobre o assunto, e a


metalinguagem é empregada apenas como forma de organizar conhecimentos e

20
A análise

reconhecimentos, de modo a facilitar a compreensão do fenômeno lingüístico e associá-


lo a conhecimentos gramaticais já adquiridos.

Quando necessário, o livro não omite a nomenclatura e, caso se sinta necessidade de


recuperar conceitos já expostos, pode-se consultar a sinopse de tópicos gramaticais,
que é sucinta e objetiva.

A abordagem da gramática é sempre associada ao uso da língua, tanto na modalidade


escrita quanto na oral. As sistematizações são apresentadas como resultado de uma
atividade reflexiva e a gramática é considerada, no livro, em três níveis distintos, mas
articulados: como um conjunto de regras naturalmente dominadas pelo falante, como
descrição lingüística e como sistematização de aspectos da norma culta.

Há uma grande diversidade de propostas de trabalho com a linguagem, com grau


variado de dificuldade e complexidade, mas é visível a predominância do padrão “Troque
idéias”, compatível com a perspectiva didático-pedagógica do livro, de construir,
juntamente com o aluno, os conceitos fundamentais.

A opção por uma abordagem discursivo-pragmática de língua direciona as atividades


para as características textuais e os processos de construção de sentidos, deixando
apenas implícitos os aspectos gramaticais.

As instruções freqüentemente se prolongam para situar, especificamente, o aluno


naquilo que se espera dele, fornecendo-lhe, muitas vezes, informações de cunho teórico
para a realização da atividade.

O ensino de literatura, sempre intimamente articulado com leitura, escrita e


conhecimentos lingüísticos, mostra-se inovador, bem formulado e coeso. Sem deixar
de abordar os estilos de época da literatura portuguesa e brasileira, assim como seus
autores e obras principais, o livro dá prioridade à experiência da leitura literária, que
antecede toda e qualquer exploração de conceitos.
Sempre que possível, lança-se mão da estratégia de usar textos mais próximos ao
universo cultural do aluno, a fim de que possa entender melhor o lugar e a função do
texto literário. Antes de apresentar a poesia trovadoresca, por exemplo, propõe-se a
leitura e a análise da canção “Intuição”, de Oswaldo Montenegro e Ulysses Machado. A
propósito, o aluno é levado a verificar a importância da oralidade e da musicalidade na
constituição da literatura medieval; e só com base nessa primeira experiência, abordam-
se as cantigas medievais, apresentadas em português arcaico e em traduções.

A linguagem literária é considerada na sua especificidade, mas não como um modo


discursivo melhor que outros, e sim na singularidade que caracteriza o texto literário.
A integração do gênero textual com suas motivações históricas, culturais e sociais
dá, à literatura, um lugar de construção lingüística que pressupõe um sujeito capaz
de usufruir as diferentes possibilidades que um texto literário oferece, permitindo-lhe
ver o mundo sob outro prisma.

21
A análise

Há várias crônicas e contos apresentados na íntegra: “Famigerado”, de Guimarães


Rosa; “A Cartomante”, de Machado de Assis; “Felicidade Clandestina”, de Clarice
Lispector; “Tílburi de Praça”, de Raul Pompéia; e outros muitos.

Há, também, uma grande variedade de poemas das mais distintas épocas e vertentes,
todos eles apresentados de modo muito bem articulado com o contexto em que se
inserem. Dos textos que não podem ser apresentados na íntegra, há trechos bem
representativos. É o caso, por exemplo, dos fragmentos do Auto da Barca do Inferno,
de Gil Vicente; de Os Lusíadas, de Camões; de Dom Casmurro, de Machado de
Assis e de Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Nesse sentido, o
ensino de literatura não toma o texto literário como simples instrumento para o ensino
de noções relativas à história literária, aos estilos de época, ao gênero e ao autor.

Em forma resumida, o livro do professor fornece o apoio teórico adequado aos princípios
teóricos da obra, orientados para a concepção interacional e discursiva de linguagem
que rege o livro. Está organizado em duas partes: Proposta Educacional e Língua
Portuguesa. Na primeira, apresenta sua concepção de Educação, Escola e Sociedade;
mostra O Papel da Escola na Sociedade; acrescenta os Fundamentos
Epistemológicos; e finaliza com Considerações Epistemológicas. Na segunda parte,
encontramos informações sobre Língua Portuguesa no Ensino Médio; Como Este
Livro Foi Organizado?; Orientações ao Professor (incluindo as respostas das atividades)
e Bibliografia Geral.

Não só os conceitos são bem construídos no livro do aluno, como as orientações do


livro do professor esclarecem como devem ser entendidos os termos técnicos, ligados
a uma concepção discursiva de linguagem, ainda de pouca circulação na escola.
Texto e gênero, por exemplo, são objeto de discussão e conceituação; outros termos,
como “suporte” e “interlocutor”, ficam apenas subentendidos nas respostas aos
exercícios. Além da bibliografia básica para cada um dos temas tratados como capítulo
do livro do aluno, há, ao final, uma bibliografia geral.

22
Língua
Portuguesa
Zuleika de Felice Murrie
Simone Gonçalves da Silva
Josafá Fernandes Gonçalves
Harry Vieira Lopes

Editora
do Brasil S/A

919041

Síntese avaliativa

Concebido, basicamente, como um compêndio1, este livro se revela bastante


atualizado com a pesquisa acadêmica, dialogando estreitamente com o novo
paradigma para o ensino de língua materna - aquele que reconhece e assimila o
impacto das teorias da aprendizagem e das ciências da linguagem, numa proposta
em que o aprendiz é participante ativo da construção do próprio conhecimento e em
que a concepção de língua não é mais a de um sistema abstrato, mas sim a de uma
atividade social.

Em conseqüência, o desenvolvimento da proficiência em leitura e produção de textos


ocupa o centro do trabalho didático-pedagógico, e os conhecimentos lingüísticos,
inclusive os de natureza gramatical, tomam, sempre, a linguagem em uso como ponto
de partida para a reflexão e a sistematização. A linguagem oral é objeto de ensino
específico, mas é, também, estratégica no ensino de outros componentes.

No que diz respeito a sua utilização, a principal característica da obra é a flexibilidade. O


professor pode escolher a seqüência dos módulos — como são denominadas as unidades
—, a ordem de leitura dos textos e de realização das atividades, de acordo com as habilidades,
as competências e os conteúdos que julgar prioritários para os seus alunos, no nível de
escolaridade em que se encontram.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

23
A obra

O livro conta com trinta módulos, subdivididos em grandes áreas temáticas: reflexões
sobre a gramática (oito módulos); sobre a literatura (sete módulos); sobre narrativa
literária (seis módulos); sobre textos pragmáticos (nove módulos). Aberto por um
parágrafo que sintetiza o conteúdo a ser abordado, cada módulo mantém uma
configuração particular, não obedecendo a uma mesma estrutura comum.

Logo no início, há um texto que detalha a inserção da obra no contexto do ensino


médio e as atuais diretrizes educacionais que lhe dão sustentação, bem como as
competências que devem ser desenvolvidas pelo aluno.

Apresenta, também, sua visão de ensino-aprendizagem — “centrada no desenvolvimento


lingüístico do aluno, nos usos da linguagem verbal e no ato comunicativo” — e define
o papel do professor, como aquele que “deve interagir com os alunos em busca de um
projeto coletivo”.

Por fim, aborda, brevemente, a avaliação — deve ser processual e identificar “a mudança
cognitiva e comportamental do aluno”, explicita como estão organizadas as páginas
do livro do professor e apresenta a bibliografia que dá sustentação teórica à obra.
A análise

A proposta de ensino de leitura é bastante clara: o texto é o elemento central de que


partem as reflexões sobre a língua ou o uso da linguagem, sejam elas relativas aos
conhecimentos gramatical, textual ou literário.

A escolha textual e as atividades a ela relacionadas visam, claramente, a


desenvolver um leitor crítico, que saiba interagir com o texto como forma de
manifestação simbólica e, portanto, como lugar de singularidade, de discursividade
e de atualização efetiva do funcionamento lingüístico. Esta é a tônica e, em grande
parte da obra, a tarefa é bem sucedida.A prática de leitura é inserida num contexto
significativo e, por isso, promove instâncias efetivas de interlocução leitor-autor.
Eventualmente, aparecem atividades de caráter exploratório, com vistas à
identificação de conteúdos específicos. Estão representadas na obra amostras
dos vários tipos de texto (narrativo, argumentativo, expositivo, descritivo) e de
diversos gêneros (carta, poema, artigo e reportagem de jornal, ensaio, conto, letra
de música, rap, crônica, novela, roteiro de teatro, etc.).

De forma geral, a leitura é explorada como um caleidoscópio, contemplando-se,


na medida do possível, múltiplas facetas do texto. A atividade de ler é funcional e
se situa, coerentemente, no interior da temática do módulo. Em suma, o texto não
é somente pretexto e serve como ponto de partida para uma reflexão que se desdobra
sobre questões relativas à linguagem (registro, variedade) e aos aspectos textuais
(coesão, coerência) e discursivos (interlocução, argumentação, condições de
produção) envolvidos.

24
A análise

Os textos de cada módulo dialogam entre si e, mesmo quando a intertextualidade não


é explícita, permanece latente, criando condições para o aluno compreender a natureza
dialógica e processual da leitura.

As atividades de produção de textos são muitas, contemplam os mais variados


gêneros e tipos (dissertação, narrativa, descrição, textos argumentativos, carta, poema,
letra de música, crônica, reportagem de jornal, rap, etc.) e estão, na maioria das
vezes, conectadas a leituras prévias, que funcionam como suporte para a elaboração
temática e para o trabalho com as características textuais e discursivas em jogo.

Vale notar que a característica mais relevante das atividades envolvendo escrita é a
explicitação das condições de produção, o que contribui para que a tarefa não se
torne artificial nem inócua. Mesmo quando a produção se restringe à formulação de
um parágrafo, o contexto em que isso se deve realizar e os objetivos da tarefa são
definidos de forma consistente. De maneira geral, o aluno é solicitado a produzir em
situações de interlocução contextualizadas: para quem escrevo? Como escrevo? Por
que escrevo? E, quando possível, busca-se, também, projetar um encaminhamento
dessa produção, sugerindo-se alguma publicação, murais, painéis, etc.

A linguagem oral é abordada ao longo do livro, com algumas oscilações. O módulo de


abertura, Liberdade é poder se expressar, contém referências explícitas às diferenças entre
fala e escrita, variação e estilo e alerta o aluno para os preconceitos associados às variantes
não-padrão. Entretanto, não há muitas atividades voltadas para o uso da linguagem oral em
situações formais de interlocução, ainda que se faça referência a elas no módulo em questão.

No módulo Fala e Escrita: a maravilha da linguagem, o trabalho com linguagem oral


se destaca, diferenciando-se das atividades em que oralidade significa conversar ou
debater (muito freqüentes no livro). A atividade, com dados de um projeto científico de
pesquisa da língua oral culta no Brasil, abre interessantes perspectivas de reflexão
sobre as diferenças entre fala e escrita, registros, formalidade/informalidade do discurso.

Quanto aos conhecimentos lingüísticos, antes mesmo de abordar os fenômenos, o


livro apresenta uma discussão sobre o que vem a ser a “gramática”, seu papel na
organização de uma língua e três modos como pode ser concebida: a gramática
internalizada, a descritiva e a normativa.

Critica-se a gramática normativa, mas sua importância como “expectativa de


conhecimento de norma” é reconhecida e trabalhada, por meio dos “documentos” que
a “legalizam”, em seções como Um pouco da história da gramática, Formulário
ortográfico e Nomenclatura gramatical brasileira. Não há, essencialmente, uma lista
de categorias morfológicas ou sintáticas, por exemplo, com conceito e exemplificação.

O livro, em alguns momentos, trabalha com um processo indutivo, que conduz o aluno
a certas definições, como no caso do conceito de gramática e do que vem a ser a

25
A análise

linguagem verbal. A abordagem das categorias lingüísticas é dividida entre as normas


da NGB e as contribuições da lingüística. Mesmo apresentando os conceitos de
modo tradicional, o livro recorre à lingüística para comentá-los e exemplificá-los, como
pode ser visto no estudo sobre fonética, fonologia, morfologia e sintaxe.

Os estudos lingüísticos não estão contidos somente nos limites de um ou alguns


módulos, mas se encontram dispersos em todo o livro, e são acionados, muitas
vezes, como suporte para análise e elaboração textual. Na página 456, por exemplo,
no mesmo momento em que se estuda o gênero crônica, chama-se a atenção para os
recursos lingüísticos expressivos utilizados na construção desse gênero. No caso
específico, há um comentário sobre o papel da relação entre as orações (coordenação
e subordinação) como recurso para elaboração textual.

Esse mesmo processo ocorre no estudo do gênero carta, em que se aproveita para
apresentar, por exemplo, a função do vocativo. Os conceitos lingüísticos são estudados
partindo-se do uso e de sua funcionalidade em contextos determinados. Em vários
momentos, chama-se a atenção para a “gramática do texto”. Ao apontar os critérios
de textualidade, como coerência e coesão, mostra-se ao aluno que a gramática está
a serviço do texto e que dele depende para se manifestar.

São apresentadas situações de uso “real” da língua, demonstrando a funcionalidade


de seus mecanismos fonético, morfológico, sintático e semântico, como pode ser
visto nas seguintes atividades: Localizando Pronomes; Retomada Lexical; Paralelismo
Sintático; Operadores Discursivos (enfoque discursivo ao papel das conjunções);
Tempos Pretéritos do Modo Indicativo.

Quando se trabalha a literatura, também ocorre a interseção com os conhecimentos


lingüísticos. No módulo Classificar é Conhecer, ao mesmo tempo em que os períodos
literários são brevemente traçados, há a preocupação de mostrar que os gêneros
literários e mesmo os estilos de época determinaram algumas formas de uso da
língua e foram determinados por elas. Essa relação pode ser confirmada na unidade
Modernismo: chega de realismo, viva o desvairismo! E cada um que use o cabelo que
quiser, em que aparece uma atividade que sugere uma reflexão sobre a mudança
lingüística a partir da comparação entre o poema “Canção do Tamoio”, de Gonçalves
Dias e “À Língua Portuguesa”, de Olavo Bilac: “qual dos dois você acha mais fácil de
compreender. Por quê?”, “Qual dos dois está mais próximo da sua linguagem?”.

Manifesta-se, entretanto, uma certa contraposição metodológica, quando a abordagem


mais reflexiva tem de ceder espaço aos conhecimentos da língua já sistematizados e
normatizados como padrão para uso em contextos formais de escrita e de fala. É nesse
momento que a reflexão dá lugar à metalinguagem. Isso pode ser verificado, por exemplo,
nos conteúdos denominados “Regência nominal e regência verbal”, “As regras de
concordância” e “Colocação”, assim como no módulo “Nomenclatura gramatical brasileira”.

26
A análise

Embora isso ocorra, o que se percebe é que a forma de abordar esses assuntos foge
um pouco dos moldes tradicionais, essencialmente normativo e dogmático. Os autores
mostram uma preocupação em dar, além de conceitos, informações que possibilitem,
ao aluno, compreender a funcionalidade dos mecanismos lingüísticos. Um exemplo
disso é a abordagem da sintaxe, apresentada não apenas como uma mera ordenação
de palavras, mas como um conjunto que envolve “solidariedade, seleção e combinação”.

Algumas vezes podemos perceber um movimento oscilatório entre uma abordagem


reflexiva e uma prática conservadora, como acontece em algumas atividades sobre
variação lingüística. Na primeira, há um exercício sobre variação sintática, que
demonstra, claramente, a mudança no paradigma flexional do português brasileiro
(“eu pesco, você pesca, nós pesca”), e que é, no livro do professor, classificado
simplesmente como “incorreto”. No segundo caso, a questão da diferença entre fala e
escrita é deixada de lado, favorecendo, com isso, o velho conceito de “erro” na grafia,
sem explicação das razões que o motivaram, explicações estas também relacionadas
às convenções da escrita.

Quanto ao ensino da literatura, ainda uma vez deve ser ressaltada a seleção de
textos, diversificada e funcional. O livro apresenta vários gêneros, tais como novela,
cantiga, poema, crônica, romance, conto, texto de teatro, letra de música, carta literária,
manifesto, sermão, texto bíblico, cordel, haicai, letra de rap dentre outros; e há também,
nessa seleção, um equilíbrio entre textos na íntegra e textos fragmentados.

Quando não é possível ou necessária a reprodução integral do texto, ele vem


devidamente contextualizado e bem articulado no conjunto do módulo, sem perda de
unidade de sentido. No tratamento dado aos textos literários nos módulos, com
raríssimas exceções, explora-se a pluralidade significativa própria desse tipo de leitura,
visto que as atividades orientam-se para a capacidade de identificação de efeitos de
sentidos dados pelos recursos lingüísticos, de percepção da dimensão dialógica dos
textos, de distinção entre os gêneros da literatura em relação com sua organização
textual, de interpretação, de exploração temática em relação ao modo como se
apresenta o tema etc.

Numa perspectiva inclusiva, a seleção textual dá uma boa amostra do universo


oferecido, permitindo aos alunos se reconhecerem em muitos dos textos, que servirão
de referência de qualidade e diversidade em sua formação. Assim, há no livro um
módulo dedicado a outras literaturas, no qual o aluno estabelece um contato com
obras representativas da literatura ocidental, como Dom Quixote, Fausto e Hamlet.

A história da literatura, a biografia de autores e outros elementos externos apresentam-


se como fatores de contextualização, sem substituir a experiência da leitura literária.
A questão dos estilos de época e das classificações é colocada com bastante
propriedade, convidando o aluno (e o professor) à reflexão sobre a sua necessidade do
ponto de vista da organização do conhecimento.

27
A análise

Ao contrário da tradicional organização didática, cujos blocos de conteúdo por estilos


de época aparecem cristalizados e imutáveis, há, na proposta, um projeto de construção
participativa do movimento de constituição do cânone e do que isso significa. Mesmo
quando há uma abertura para outras produções, ou quando se discute a ampliação do
conceito de literatura, a perspectiva predominante, reforçada pela seleção de textos,
leva em consideração, sobretudo, a qualidade estética.

No trabalho voltado para a história da literatura, para a literatura portuguesa, para as relações
literatura/história, para a literatura mundial, para as apropriações textuais e para os módulos
que têm por eixo os gêneros da literatura — poesia, crônica, romance, conto, novela, texto
para teatro —, a aproximação com o leitor se dá pelo texto e não pela mera classificação.

Em alguns módulos, um grande volume de conteúdos e, algumas vezes, o


aprofundamento do nível de complexidade podem ser dosados pelo professor, na
condução do trabalho com o livro.

Por outro lado, percebe-se que o livro adota uma proposta de interlocução efetiva com
o jovem, que se apóia, em alguns trechos, no uso de uma linguagem mais informal e
de estratégias narrativas que possibilitam o contato com os textos literários
contemporâneos ou com aqueles mais afastados no tempo e no espaço.

É preciso assinalar, porém, que se o interlocutor primordial do livro é o aluno, pode-se, em


alguns momentos, identificar uma certa oscilação discursiva: ora o tom tende ao acadêmico,
sobretudo na parte dedicada aos conhecimentos lingüísticos, quando se tenta ampliar a
concepção de gramática; ora o livro tenta se aproximar demais do aluno, usando uma
linguagem muito coloquial ou simplificando algumas situações de interlocução. Nesses
momentos, o livro, às vezes, generaliza contextos e posições discursivas (pai-filho, médico-
paciente, intelectual-leigo, o que não contribui para a formação do jovem.

O professor deverá estar atento quanto a alguns problemas de revisão, que não
comprometem a estrutura geral da obra ou a sua integridade conceitual, mas que devem
ser identificados no decorrer do trabalho com o material didático. Um exemplo: não
aparece no livro o módulo Índice dos escritores brasileiros, referido em algumas
passagens; ou, caso mais grave, na página 49, no conteúdo sobre “A dupla articulação
da linguagem”, a expressão: “segunda articulação...” (primeira linha, da primeira coluna),
por um equívoco, foi empregada incorretamente: no lugar dela deveria aparecer: “primeira
articulação”, já que os conceitos dizem respeito a esta.

O livro do professor é muito bem preparado, com quadros sinóticos de orientação


geral que facilitam a visualização do conteúdo de cada módulo, somado às orientações
e explicações que situam as atividades, subsidiam o trabalho do professor em sala de
aula e contribuem para a sua própria atualização, já que há várias referências a obras
representativas das novas concepções de educação em língua materna. As elaborações
teóricas aqui apresentadas encontram eco no trabalho proposto para o aluno; ou seja,
teoria e prática caminham juntas.

28
Novas Palavras
Português

Mauro Ferreira do Patrocínio


Severino Antônio Moreira Barbosa
Ricardo Silva Leite
Emília Amaral

Editora FTD S/A

919028

Síntese avaliativa

Organizado na forma de um compêndio1 de molde tradicional, o livro apresenta, entre


suas qualidades, o tratamento dado ao ensino da literatura. Embora pouco inovador,
este é assumido com solidez e coesão. Também oferece textos menos conhecidos,
evitando a repetição que tem caracterizado muitos manuais de literatura. Trata-se, na
grande maioria, de materiais textuais relevantes para a formação do aluno como leitor
do texto literário.

No tocante aos conhecimentos lingüísticos, no entanto, a obra se revela como uma


pequena gramática apegada à tradição normativa, eximindo-se de analisar os fatos
lingüísticos do português com instrumentais teóricos mais atualizados. Com isso,
cria-se um descompasso entre a exposição teórica e as atividades e exercícios que,
provenientes de bons vestibulares e do ENEM, exigem do aluno uma capacidade de
reflexão sobre a língua, o que não encontra apoio adequado no livro.

A seção destinada à leitura e à produção de textos é rica de material textual variado e


de propostas de atividades bem concebidas. Privilegia-se a produção em detrimento
da leitura. No entanto, todo o bloco destinado à literatura explora as capacidades
leitoras do aluno por meio de bons exercícios de compreensão e interpretação do
texto literário. O livro não traz nenhum tipo de trabalho específico com linguagem oral.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17


29
A obra

O livro se divide em três grandes blocos: Literatura (315 pp.), Gramática (186 pp.) e
Redação e Leitura (97 pp.). O primeiro ocupa metade do volume, o que se explica pela
opção em tratar a literatura extensivamente, traçando um arco cronológico o mais
completo possível, analisando ou comentando um grande número de obras
representativas de cada período, sem deixar de deter-se na leitura e compreensão de
textos. O panorama só não é completo porque deixa de abordar as tendências
contemporâneas em Portugal (nem mesmo autores já consagrados, como José
Saramago e Lobo Antunes, são referidos) e de mencionar a existência de outras
literaturas em língua portuguesa, em amplo florescimento após o processo de
descolonização no século XX.

O bloco reservado a conhecimentos lingüísticos limita-se a um resumo da doutrina


gramatical tradicional, em que a análise não ultrapassa o limite da frase, deixando de
enfrentar, portanto, os desafios da análise do texto. As sistematizações propostas
desprezam os avanços obtidos até mesmo pela gramática da frase quando, por exemplo,
não observam as incontornáveis relações entre morfologia e sintaxe (morfossintaxe) e
se atêm a uma abordagem separada de cada um desses níveis de análise. O capítulo
inicial deste bloco faz uma discussão bem formulada sobre as possíveis concepções
de “gramática” e aborda os fenômenos da variação lingüística, tratada de maneira
correta e destinada a despertar a consciência crítica do leitor acerca das atitudes
preconceituosas no tocante às diferenças dialetais. Nada, porém, é dito a propósito
dos fenômenos de mudança lingüística. Não se menciona a história da língua nem a
situação atual da língua portuguesa no mundo.

O terceiro bloco, o menor dos três, oferece uma abordagem satisfatória da leitura e
da produção de textos. Vale ressaltar, porém, que as atividades de leitura e de produção
não se limitam a essa parte do livro, uma vez que elas aparecem em boa quantidade
também na ampla seção dedicada à literatura.
A análise

Diante das expectativas atuais para o ensino de literatura, o livro apresenta uma
proposta bem convencional: dá grande peso a uma visão panorâmica dos estilos de
época, estudados em sua seqüência cronológica, do Trovadorismo às “Tendências
contemporâneas”. Não se limita, porém, à exposição e à exemplificação. Há, na maioria
dos capítulos, boa exploração dos textos, o que permite, ao aluno, compreendê-los,
apreender sua singularidade e seus sentidos estéticos e culturais.

O professor precisará, no entanto, expandir e aprofundar a leitura efetiva do texto em


alguns capítulos, nos quais a abordagem é excessivamente dirigida. A profusão, a
variedade e a qualidade dos textos selecionados, junto com as mediações feitas pelo
livro, permitem superar o senão acima apontado. Estas qualidades também são mais
um elemento que pode apoiar a aproximação do estudante ao texto literário, mesmo
se considerando alguma possível resistência inicial, devida, principalmente, ao fato
de se entrar no domínio da literatura pela porta da poesia trovadoresca. Como se
sabe, a linguagem do trovadorismo e seu sentido cultural parecem muito distantes da

30
A análise

linguagem, da sensibilidade e da cultura atuais, para não mencionar os obstáculos


propriamente lingüísticos.

O aluno terá, ainda, acesso a conceitos e instrumentos necessários ao trato com os


textos literários. Os conceitos são expostos com clareza, bem dosados e,
freqüentemente, são mobilizados na realização das atividades sobre textos.

Os capítulos de literatura iniciam-se, sempre, por um texto, seguido de atividades, que são
algumas questões voltadas para a compreensão imediata do texto, associada à observação
de aspectos estilísticos ou a estímulos à interpretação. Segue-se um comentário, destacando
sentidos não-perceptíveis aos alunos em uma leitura inicial, estabelecendo-se ganchos
para a introdução do tópico central da unidade, que dá título ao capítulo.

Feita a exposição sobre o tópico principal, apresenta-se uma série de exercícios,


invariavelmente questões de vestibular, provavelmente escolhidas como forma de fixação
de conteúdos, já que se restringem a testes de múltipla escolha. Como fecho, um
texto complementar (às vezes mais de um) e novas atividades, agora mais orientadas
para comparações/associações entre textos; entre estes e o estilo literário; entre
textos de períodos literários diferentes, o que favorece a fixação de conteúdos estudados.

Como se pode depreender, as propostas de atividades apresentadas aos estudantes


são pouco variadas, já que se resumem a questões. Entretanto, como são balizadas
pelos textos, seu teor varia com eles. No livro do professor há outras sugestões,
também pouco variadas.

Um aspecto a ressaltar na composição dos capítulos é a boa utilização que se faz de


pequenas chamadas (boxes), com as informações necessárias ao entendimento dos
textos (vocabulário, conceitos, menções, etc.) ou com síntese de características do
texto ou da escola literária abordada na unidade. Ainda, sob cada texto, um box traz
breves informações biográficas sobre o autor.

Os capítulos contêm boas ilustrações, que estabelecem diálogo com o texto ou com
o período literário em questão: podem ser mapas (como o da viagem de Vasco da
Gama, no capítulo destinado a Os Lusíadas), reproduções de gravuras de época, de
pinturas, fotografias, etc. Servem à ampliação de conhecimentos para além do que se
oferece no texto literário ou na exposição didática.

O livro - ainda em vista do que se julgaria ideal para um ensino produtivo e atualizado
da literatura - deixa a desejar em alguns aspectos, que podem ser supridos pelo
professor: são escassas as referências a manifestações literárias pouco prestigiadas
(criações populares a partir da oralidade, canções, etc.) e entre a literatura e outras
artes. Para o encaminhamento de algumas atividades faltam subsídios ao professor,
principalmente indicação de leituras. As propostas de pesquisa são poucas e não há
indicação suficiente de materiais de consulta.

31
A análise

Os conhecimentos lingüísticos são abordados na parte intitulada Gramática. O


primeiro capítulo, Introdução à gramática e Noções de variação lingüística, distingue,
principalmente, dois tipos de gramática: a “natural”, que independe do ensino, e a
“normativa”, conjunto sistematizado de regras e orientações para escrever e falar de
acordo com o padrão culto da língua.

Além disso, dá uma visão correta, ainda que rápida, das variedades lingüísticas e
seus fatores, o que contribui para relativizar a tradicional oposição entre o certo e o
errado. A esse capítulo segue o de acentuação gráfica e, depois, os outros vinte e um
que tratam dos aspectos morfológicos e sintáticos, sem nenhum tratamento teórico
de fonética e fonologia. Há, neles, um forte apego à tradição normativa, não se
recuperando o conceito de gramática natural apresentado no primeiro capítulo, nem
se explorando os aspectos discursivos e textuais da língua.

Em contraste, os exercícios de aplicação, geralmente extraídos de provas de


vestibulares e do ENEM, estão apoiados em modelos teóricos que levam em
consideração as dimensões discursiva, semântica e sintática da atividade lingüística.

Eles permitem, igualmente, a reflexão sobre a língua e seu funcionamento, construindo,


assim, os conhecimentos lingüísticos necessários ao desenvolvimento da proficiência
em leitura e escrita.

Há, portanto, um grande hiato entre a teoria apresentada e as atividades propostas


nos exercícios: o livro não fornece ao aluno os subsídios que lhe permitiriam responder,
adequadamente, o exercício de aplicação. Desse modo, a reflexão sobre a língua fica
dependente da atuação do professor. Esse tipo de atitude torna a metalinguagem um
fim em si mesma, o que não contribui para a compreensão do fenômeno estudado.

Falta, ainda, no livro, uma discussão mais ampla sobre o conceito de linguagem e,
principalmente, de língua. Na verdade, a concepção de língua que se explicita restringe-
se à de gramática, ainda que os dois tipos de gramática (“natural” e “normativa”)
sejam distinguidos.

As atividades são variadas e incluem tanto exercícios de mera identificação, de


reconhecimento e classificação, quanto testes de múltipla escolha. Há ocasiões em
que a atividade é dirigida à reescrita de pequenas narrativas. A maioria das atividades
permite a reflexão e a compreensão dos fatos lingüísticos.

Apesar das boas questões de compreensão e interpretação na parte de literatura, que


colaboram para a formação do leitor literário, o livro dedica um reduzido número de
páginas ao ensino de leitura. Além disso, as atividades orientam-se diretamente para
as propostas de redação, deixando, em segundo plano, a (re) construção sistemática
dos sentidos do texto. Entretanto, a coletânea em que se apóia consegue variar os
textos quanto ao gênero, ao tipo e quanto a seu significado social ou cultural. Os

32
A análise

textos literários, na íntegra ou como fragmentos (a maioria) com unidade de sentido,


são privilegiados, incluindo-se, também, textos jornalísticos, científicos, discursos,
cartas, quadrinhos, redações de alunos, etc.

A proposta específica para o ensino de produção de texto concebe a escrita como um


processo. Inicialmente, o aluno é motivado para uma produção mais descontraída e livre;
no avançar dos capítulos, introduzem-se temas mais específicos: enumeração, linearidade,
produção de textos narrativos, descritivos e dissertativos, entre outros. Diferentes etapas
do processo são consideradas, assim como parte significativa das condições de produção.

No conjunto, os capítulos destinados ao bloco de leitura e produção de textos


privilegiam a segunda. Embora o capítulo 3 seja dedicado a uma exposição teórica
sobre o que está envolvido na leitura, as atividades que a exploram não a tomam
como um fim em si mesmo, na medida em que fazem parte dos procedimentos
adotados para levar o aluno a uma produção escrita. Essas propostas de produção
são bastante diversificadas, e muitas delas são retiradas de vestibulares e do ENEM.

Cada capítulo deste bloco é consagrado a um dos aspectos ou a procedimentos


da produção: etapas envolvidas, tipos de texto, aspectos pertinentes da
construção da narrativa (enredo, personagem, etc.), procedimentos de
argumentação, etc. Apesar da preocupação com as condições de produção ao
longo de todo o capítulo, as propostas nem sempre estabelecem um planejamento
adequado para o aluno.

Por outro lado, a estreita dependência da produção para com a leitura acaba
restringindo, excessivamente, o ensino desta, sempre orientada para aspectos de
interesse para o tipo de produção que se quer propor e não para a compreensão e a
interpretação do texto em sua singularidade.

Por fim, cabe observar que os autores negligenciam o fato de os alunos do ensino
médio visarem não só ao vestibular, mas também ao mercado de trabalho. Assim,
não há, no livro, qualquer tipo de atividade para a elaboração de formulários, de cartas
comerciais, de requerimentos, de relatórios, de procurações, de gráficos, de tabelas,
de currículos, etc.

Os objetivos e os princípios teóricos que orientam a proposta pedagógica da obra


encontram-se em apêndice no livro do professor, na parte denominada Conversa com
o professor: Orientações, procedimentos e estratégias, que ocupa um anexo de oitenta
páginas. Nela constam o Sumário resumido e a Apresentação do livro. O livro do professor
dá amplo destaque à análise dos capítulos destinados ao ensino da literatura (58 pp.) e
dedica apenas quatro páginas e meia às questões teórico-metodológicas de Gramática;
as restantes são destinadas à seção de leitura e redação.

33
Português
De Olho no Mundo
do Trabalho

José De Nicola Neto


Ernani Terra

Editora
Scipione LTDA.

919034

Síntese avaliativa

Os três grandes blocos em que se divide este livro — Produção de textos; Gramática;
Literatura — tratam de forma desigual seus conteúdos. Equilibrando-se entre o
compêndio e o manual1, a primeira parte procura incorporar aspectos pertinentes das
pesquisas acadêmicas sobre leitura e produção de textos, além de explicitar e
sistematizar noções básicas relativas ao funcionamento do discurso e do texto. A
segunda parte restringe os conhecimentos lingüísticos à gramática e mantém-se fiel à
tradição. Mas, com freqüência, mostra-se atenta à ocorrência dos fatos gramaticais
em textos de vários tipos.

Quanto à seção de literatura, predominantemente organizada como compêndio, não


chega a transpor os limites de uma abordagem calcada na sucessão dos estilos de
época e na apresentação de dados biográficos e bibliográficos dos principais autores
de cada período. Não há, no livro, qualquer proposta específica para o ensino da
linguagem oral.

A preocupação com os vestibulares e com o ENEM é uma constante na obra.


Entretanto, a formação para o mundo do trabalho não foi descartada e se revela,
principalmente, nos capítulos que envolvem atividades com gêneros textuais como
anúncios publicitários, carta comercial e requerimento, além da leitura de gráficos.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17


34
A obra

Apesar de nomeado como Produção de textos, o primeiro bloco inclui atividades de


leitura. É formado por vinte e quatro capítulos, incluindo-se uma seção final denominada
Leitura e produção de textos nos exames. Em cada capítulo, figuram seções com as
seguintes denominações e características:

• O texto: leitura e reflexão inicia-se com um ou mais textos, seguidos de atividades


de compreensão e interpretação, e prossegue com uma subseção teórica, consagrada
a conhecimentos lingüísticos envolvidos na leitura e na produção, como funções da
linguagem, gênero e tipologia textual;

• A teoria na prática compõe-se, também, de um ou mais textos seguidos de atividades


de leitura. Nos exercícios que se seguem, aborda-se a teoria estudada ao longo do
capítulo;

• Produzindo texto é a última seção de cada capítulo e, às vezes, de cada subseção.


Nela, os autores indicam uma ou mais produções de texto com temas propostos por
eles ou retirados dos diversos vestibulares e do ENEM.

Ao final de cada capítulo (excetuando-se o último), os autores indicam a página


referente à seção de testes e questões de exames em que o tema estudado é explorado.

Os capítulos da parte de Gramática apresentam, sempre, duas seções: a introdutória,


A gramática no texto, contém um texto utilizado para apresentar o tópico a ser tratado;
em seguida, é apresentada a descrição gramatical. A outra seção, intitulada A teoria
na prática, é composta de exercícios que visam à aplicação dos conceitos estudados.

Os conhecimentos lingüísticos sistematizados no livro estão distribuídos em três


unidades e um apêndice. A unidade 1, denominada Fonologia, inclui os seguintes
capítulos: Fonologia; Ortografia; Acentuação gráfica. A unidade 2, Morfologia, trata
de: Estrutura e formação de palavras; O substantivo e o artigo; O adjetivo e o numeral;
O pronome; O verbo e As categorias gramaticais invariáveis. A terceira e última parte
é reservada à Sintaxe e trata dos seguintes tópicos: Termos essenciais da oração;
Termos integrantes da oração; Termos acessórios da oração – Vocativo; O período
composto e as orações coordenadas; As orações subordinadas; Sintaxe de
concordância e Sintaxe de regência. Em Apêndice, foram incluídos dois capítulos: A
crase e A gramática nos exames, com exercícios extraídos de vestibulares e do ENEM.

A seção de literatura é composta por dezenove capítulos, além de A literatura nos


exames. O capítulo 1, A arte literária, trata a arte no sentido mais restrito da operação
com seus materiais físicos (palavra, tintas, cor, etc). O capítulo 2 focaliza A linguagem
literária, e o capítulo 3 trata da periodização das literaturas portuguesa e brasileira. Os
dezessete capítulos seguintes dedicam-se ao estudo dos estilos de época, do Trovadorismo
a tendências contemporâneas, chamadas, no caso brasileiro, de “Pós-Modernismo”.

35
A análise

Orientadas para a produção textual, as atividades de leitura apóiam-se numa seleção


textual adequada às demandas do mundo da escrita para o jovem e o adulto de
escolaridade média. Há autores consagrados, como Machado de Assis, Castro Alves,
José Saramago, Franz Kafka, Vargas Llosa e Ítalo Calvino; os gêneros são
diversificados: poemas, contos, crônicas, textos teóricos e de divulgação científica,
matérias jornalísticas, cartas comerciais, requerimentos, etc.

Alguns gêneros mais diretamente relacionados ao público jovem — letras de músicas,


entrevistas para a revista da MTV, charges e quadrinhos (Calvin e Hagar, por exemplo)
também se fazem presentes.

Do ponto de vista da tipologia, há textos narrativos, explicativos, descritivos, injuntivos,


argumentativos e conversacionais. Os textos autênticos constituem maioria absoluta e
vêm devidamente acompanhados dos títulos e referências bibliográficas. Boa parte deles
é transcrita integralmente, e os fragmentos, quando presentes, têm sua unidade preservada.

Apesar dessa seleção, e apesar, ainda, das atividades de compreensão e interpretação


associadas aos textos, o livro não chega a apresentar uma proposta específica para o
ensino de leitura. Tal como o livro do professor explicita, a leitura é tratada como uma
atividade que “prepara o ato de escrita”, sendo, portanto, entendida essencialmente
como atividade-meio.

Os capítulos organizam-se em temas relacionados às propriedades do discurso e do


texto: Gêneros e tipos textuais; Persuasão e argumentação; O parágrafo, etc. Cada
um desses tópicos é explorado, inicialmente, como conteúdo conceitual, seguindo-
se exercícios de aplicação e propostas de produção.

Assim, as atividades de compreensão e interpretação não têm como principal objetivo a


reconstrução dos sentidos e dos processos discursivos e textuais que dão a um texto
a sua singularidade. Visam, antes de qualquer coisa, a ensinar, ao aluno, conhecimentos
lingüísticos — como a coesão, a coerência — capazes de subsidiar a produção.

Semelhante escolha acaba por articular, em cada atividade, leitura, produção e


conhecimentos lingüísticos. É o que se pode observar, por exemplo, no capítulo 13,
consagrado à narrativa, em que a exploração do texto de referência subsidia, ao lado
das informações sobre marcadores temporais como os verbos e os advérbios, a
elaboração de uma narrativa.

Entretanto, esse tratamento didático dificulta, em todos os capítulos, seja o


estabelecimento de outros objetivos legítimos e oportunos de leitura, seja o ensino da
leitura como um fim em si mesmo. Isso demandará, do professor, maior atenção ao
ensino de procedimentos e estratégias mais específicos, como identificar o gênero
em questão, depreender as intenções do autor e perceber as relações que então se
estabelecem entre aspectos formais e de conteúdo do texto.

36
A análise

Além disso, convém observar que, em função de seu objetivo primeiro (ensinar
conhecimentos lingüísticos), as questões de leitura muitas vezes só podem ser
adequadamente respondidas depois de bem explorado o conceito que organiza o
capítulo. Um exemplo: ainda na resenha utilizada para o trabalho inicial com coesão,
a segunda questão — “Explique qual é a função do uso recorrente do pronome pessoal
ele e dos pronomes possessivos seu e sua ao longo do texto”— pressupõe um
conhecimento, no mínimo, intuitivo do papel coesivo dos pronomes pessoais e
possessivos, exigindo, portanto, alguma mediação por parte do professor.

Beneficiada pelas atividades de leitura, a proposta para o ensino de produção de


textos orienta-se, parcialmente, pelas demandas do vestibular e do ENEM. O
tratamento didático escolhido centra-se em propriedades discursivas e, em especial,
textuais, implicadas na proficiência em escrita e opta por abordá-las conceitualmente,
a título de subsídio teórico para as propostas.

De modo geral, as atividades, formuladas em linguagem clara e correta, colaboram,


em aspectos e graus diversos, para o desenvolvimento da proficiência em escrita. Os
tipos básicos de texto, assim como uma gama bastante variada de gêneros são
exercitados, muito embora esses últimos nem sempre sejam tratados como tais,
especialmente nos capítulos cujo tema é um dos tipos de texto.

Apesar da perspectiva predominantemente textual, as propostas, próprias ou


reproduzidas de vestibulares e do ENEM, consideram diferentes aspectos das
condições de produção. Com freqüência, solicita-se, ao aluno, que imagine uma
determinada situação e nela se insira, definindo, explícita ou implicitamente, um
interlocutor, um objetivo, um gênero ou um nível de linguagem.

Em algumas, mais de um desses fatores vêm implicados; em outras, entretanto,


predominam as condições formais que o aluno deve observar, como a produção de
uma descrição, ou o uso de um determinado recurso de argumentação. Os dois últimos
capítulos são dedicados à produção de textos nos exames, considerados como um
conjunto particular de condições de produção.

Os objetivos, os pressupostos teóricos e o funcionamento próprio dos vestibulares e


do ENEM são apresentados, com excertos de manuais do vestibulando. Um conjunto
de recomendações, assim como uma oportuna retomada global dos diferentes
aspectos lingüísticos envolvidos na produção textual fecham o bloco.

Em termos de conhecimentos lingüísticos, o livro pretende “ensinar gramática


de um modo reflexivo”, como informa o livro do professor, e como um suporte da
comunicação escrita, numa abordagem essencialmente funcional. No entanto, o
que se observa é que o funcional, o novo, só aparece em produção de texto,
sendo toda a seção de conhecimento lingüísticos reservada à gramática
tradicional.

37
A análise

Ao assumir essa posição, os autores perdem a oportunidade de discutir conceitos


que contrapõem regras normativas e regras de uso. É o que ocorre, por exemplo, ao
tratarem dos pronomes pessoais oblíquos: não se menciona, em momento algum,
que o pronome pessoal oblíquo “o” já não existe em muitas variedades do português
brasileiro, principalmente na modalidade oral. Não se discute, ainda, o uso das
conjunções integrantes “que” e “se”, mostrando que o português dispõe dessas duas
formas para introduzir orações com valores distintos: a primeira introduz orações
declarativas e a outra, interrogativa.

Apesar das limitações decorrentes do modelo escolhido, que dificultam uma percepção
cientificamente mais rigorosa e atualizada dos fatos de linguagem, o tratamento da
gramática contribui tanto para a reflexão sobre a língua e a linguagem quanto para a
construção de conhecimentos lingüísticos pertinentes:

• Apesar da separação entre os três grandes blocos, há articulação entre a parte de


Gramática e a de Produção de texto, por meio de questões que indagam, por exemplo,
o tipo de relação expressa pelas conjunções “mas” e “embora”, num texto lido;

• A seção A gramática no texto, que introduz cada capítulo da parte de Gramática,


contém um texto contemporâneo, dos mais variados tipos (notícias de jornais e revistas,
poemas, anúncios publicitários, crônicas, textos instrucionais, quadrinhos, etc.) e
um conjunto de questões que induzem o aluno a pensar sobre o tópico a ser
desenvolvido no capítulo e, algumas vezes, a inferir a regra. Nessa atividade, o aluno
é induzido a construir uma reflexão sobre a natureza e o funcionamento da língua
portuguesa, sistematizando seu conhecimento lingüístico, o que também contribui
para o desenvolvimento da proficiência em leitura e escrita;

• Outro aspecto importante a se salientar é a variedade das atividades que incluem (i)
procedimentos de reescrita, com o objetivo de fazer o aluno reconhecer ou a forma
adequada, diante da inadequada, ou uma outra propriedade alternativa, com diferentes
efeitos de sentido; (ii) procedimentos de identificação de categorias; (iii) exercícios de
comparação entre estruturas, visando à reflexão e ao estabelecimento de regra geral.

Ao contrário do bloco consagrado à leitura e à produção, a abordagem da literatura,


tal como acontece com a Gramática, é bastante tradicional, apesar de ensaiar uma
exploração sistemática da intertextualidade. Em lugar da experiência de leitura e da
singularidade dos textos literários, privilegia-se a informação sobre a literatura, em
capítulos organizados com base na sucessão dos estilos de época e calcados em
autores e obras principais de cada período. A organização geral de cada unidade é a
seguinte:

• Texto seguido de questões (muitas delas de vestibulares), direcionadas para


observação de intertextualidades ou de peculiaridades estilísticas, e, em menor grau,
para tentativas de interpretação parcial;

38
• Panorama histórico e artístico da época, ou simplesmente momento histórico, ou,
A análise

ainda, dois tópicos separados: o estilo “X” em Portugal; o estilo “X” no Brasil, indicando-
se as circunstâncias de início e fim de cada escola e se estabelecendo algumas
relações entre a literatura e fatos históricos;

• Características do estilo estudado no capítulo;


• A produção literária em Portugal (autores/obras e suas características);
• A produção literária no Brasil (autores/obras/características).
Entremeando a exposição, ou ao seu final, aparecem novos textos, com a indicação da
página em que se encontram as questões de exame, relacionadas aos assuntos tratados.

Apesar da perspectiva historicista escolhida, o modo como cada item aparece no


capítulo, em blocos separados, dificulta o estabelecimento da pretendida relação entre
literatura e história. Do mesmo modo, a intertextualidade fica circunscrita à abordagem
dos textos de abertura de cada capítulo, não se refletindo no tratamento dado à matéria.

Entretanto, o livro do professor preconiza, como metodologia mais adequada para o


ensino de Literatura, a construção de “projetos interdisciplinares”, com sugestões
que podem colaborar para a superação do problema. Por outro lado, nas respostas
às questões formuladas nos diferentes capítulos, há várias orientações e sugestões
pontuais, especialmente quanto a comentários a fazer ou discussões a propor a
partir de certas questões.

No material dirigido aos alunos, as informações são, quase sempre, corretas. Entretanto,
há algumas imprecisões e impropriedades, como a de se afirmar que a repetição de
uma “letra” provoca determinado efeito sonoro em um poema quando, na verdade, a
repetição, neste caso, é a de um “som”; ou, ainda, se afirmar que a poesia romântica
caracteriza-se pelo “verso livre, sem métrica e sem estrofação”, assim como pelo “verso
branco, sem rima”, o que só é verdadeiro para uma parte da produção romântica.

Em outros momentos, faltam referências prévias, sem as quais certas informações se


tornam de difícil compreensão. É o caso, por exemplo, da referência ao Arcadismo em
Portugal: diz-se que “Surgiram então as primeiras arcádias...”, mas não se explica o
que são arcádias.

De qualquer modo, o professor poderá tirar bom proveito dos textos reproduzidos.
Deixando de lado aqueles que aparecem na exemplificação de características dos
autores, temos 120 textos, dos quais 74 transcritos na íntegra, ainda que, em sua
maioria, sejam poemas curtos.

Em prosa, aparecem dois contos: “Gaetaninho”, de Alcântara Machado e “A terceira


margem do rio”, de Guimarães Rosa. Os fragmentos selecionados prestam-se

39
A análise

adequadamente à leitura, pois constituem unidades de sentido e podem ser melhor


dimensionados se o professor os relacionar com o contexto da obra de que foram extraídos.

Os objetivos e os princípios teóricos que orientam a proposta pedagógica da obra


encontram-se no livro do professor. Nele, constam a Apresentação, o Sumário, as
orientações e sugestões de endereços eletrônicos. Na Apresentação, os autores
esclarecem que o livro sofreu mudanças para atender às reformulações do ensino.

O livro do professor compõe-se de três partes. A primeira é dedicada à Gramática, à


Leitura e à Produçao de textos e apresenta os seguintes tópicos: Um novo enfoque
para o ensino de gramática e produção de textos, os textos e o nosso cotidiano;
Contexto e níveis de linguagem; A avaliação dos textos produzidos e Sugestões de
trabalho com texto.

A segunda parte é dedicada à Literatura e aborda os seguintes aspectos: O texto:


elemento irradiador das aulas; A função poética na linguagem; Por que estudar história
da literatura?

A terceira e última parte apresenta as respostas aos exercícios propostos: de Produção


de Textos; de Gramática e de Literatura.

40
Português
Língua, Literatura,
Produção de Textos

Maria Luiza Marques Abaurre


Marcela Regina Nogueira Pontara
Tatiana Fadel

Editora
Moderna LTDA.

909030

Síntese avaliativa

Organizado, predominantemente, como um compêndio1, o livro apresenta uma proposta


pedagógica bem fundamentada e coesa. Tratando, didaticamente, seus conteúdos
— ainda que, às vezes, com excessiva simplificação — apresenta grande quantidade
de textos, variados e bem selecionados, embora às vezes utilizados apenas para
ilustrar os conteúdos abordados.

No que diz respeito à literatura, a disposição e o tratamento dos conteúdos são pouco
inovadores, com ênfase na história cronológica. No entanto, a experiência da leitura
também está contemplada.

O livro prima pela sistematização dos conhecimentos lingüísticos e gramaticais.


Todavia, se, por um lado, traz conceitos úteis para um trabalho crítico com a linguagem
e é consistente com essa perspectiva nas atividades, por outro, dedica a maior parte
dos capítulos à gramática tradicional.

A variação lingüística, no entanto, é abordada corretamente, o que, sem dúvida,


contribui para a formação de um leitor vigilante quanto aos vários tipos de preconceito
e de exclusão social pela linguagem.

No trabalho com leitura e produção de textos, o livro é bastante atualizado, além de


manter uma boa relação entre textos verbais e não-verbais e de trazer atividades bem
formuladas. Em ambos os casos, a seleção de conteúdos é interessante, mas os
resultados referentes à produção são melhores. A linguagem oral não é abordada.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

41
A obra

O livro é dividido em três grandes unidades, destinadas, respectivamente, à literatura, A


arte como representação do mundo (140 pp.); aos conhecimentos lingüísticos, Da análise
da forma à construção do sentido (152 pp.) e à leitura e produção de textos, Prática de
leitura e produção de textos (111 pp.), dispostas nessa ordem. As unidades são, portanto,
organizadas por conteúdos curriculares; os capítulos são, equilibradamente, distribuídos
pelas unidades e a abordagem dos conteúdos parte, em geral, de textos de referência.

Na Unidade I, a perspectiva cronológica evidencia-se na organização seqüencial dos


conteúdos. Na Unidade II, uma abordagem sociolingüística e da teoria da comunicação
se faz presente, especialmente na primeira parte do primeiro capítulo, sendo seguida,
no restante da unidade, por conteúdos de gramática tradicional, mas isentos de um
tom normativo preconceituoso. Por fim, na Unidade III, evidencia-se uma abordagem
textual-discursiva dos conteúdos.

As três unidades apresentam atividades, em geral, bem elaboradas, sendo essa a


característica mais marcante do livro. Daí, talvez, a possibilidade de se estabelecer
uma articulação entre elas, apoiada, também, na atitude comum que as norteia,
voltada para o uso e em conformidade com os princípios éticos decorrentes de uma
visão sociolingüística. No entanto, a articulação entre as unidades, em geral, não
está explicitada e nem sempre é clara.

O livro inclui, ainda, um anexo com Orientações para o professor, que apresenta o
conteúdo da obra, explicita a abordagem teórico-metodológica, fornece uma bibliografia
e traz as respostas para os exercícios propostos.
A análise

Na Unidade I, o ensino da literatura é muito pouco inovador. Embora a fruição do


texto tenha sido colocada em primeiro lugar nos objetivos a serem alcançados, a
abordagem do texto se faz de forma a deixar patente a opção pelo ensino da história
da literatura por meio de textos.

Essa escolha tem como base a concepção de literatura como uma forma especial
de arte que “nos permite (...) tomar contato com um vasto conjunto de experiências
acumuladas pelo ser humano ao longo de sua trajetória”, conforme afirmação do
livro do professor.

Assim, priorizou-se o caráter informativo dos textos vistos como plataformas, a partir
das quais se pode chegar a outros conhecimentos, e deixou-se, em segundo plano, a
experiência sensível que um texto literário pode proporcionar.
Entretanto, esse caminho é trilhado de modo coerente, apoiando-se em conhecimentos
solidamente embasados. Exceção feita a algumas imprecisões, como a superposição
dos conceitos de regionalismo e sertanismo, os conteúdos subsidiam, adequadamente,
a preparação das aulas e o estudo das literaturas brasileira e portuguesa.

42
A análise

Um aspecto muito positivo a ser destacado é a seleção textual. Na Unidade I, são


mais de cem pequenos textos completos e quase outros tantos fragmentos. Não se
trata só de quantidade, mas também de qualidade. Ao lado dos que comparecem
corriqueiramente nos livros didáticos, surgem outros, menos comuns, escolhidos
adequadamente dentro do cânon.

Se, durante a exposição dos conteúdos, o texto é usado apenas como exemplo ou
ilustração de aspectos da história da literatura, nas atividades, sua exploração permite
uma razoável aproximação do aluno, visto que elas se voltam, também, para o próprio
texto, procurando compreender-lhe o significado e a estrutura. Isso, porém, vale
sobretudo para a poesia, mas não tanto para os demais textos.

Se, por um lado, opta-se, acertadamente, por não fazer resumos (há poucas
ocorrências), por outro, os fragmentos escolhidos, embora se prestem à verificação
do conteúdo apresentado e à realização de exercícios de fixação, deixam a desejar
quanto à remissão à totalidade da obra.

A exploração dos textos, muitas vezes, se faz de modo extremamente dirigido,


antecipando-se uma das possibilidades de interpretação. Mais freqüentemente ainda,
apresenta-se um texto, seguido de um box explicitando o que deve ser observado. Em
muitos casos se apresentam, passo a passo, as explicações, que parecem “se impor”.
Apesar do acerto das interpretações apresentadas, do ponto de vista da crítica
consagrada, tais procedimentos limitam tanto a interferência do professor quanto uma
compreensão própria dos textos por parte do aluno.

A adoção desse método aponta para uma preocupação centrada, não no ensino da
literatura, como uma forma de conduzir o aluno à fruição e à apreensão do texto literário
em suas possibilidades, mas na aprendizagem e na fixação rápida de conteúdos oriundos
de uma concepção de história da literatura como um conjunto de monumentos culturais.

Na Unidade II, no que se refere à abordagem dos fatos lingüísticos, embora


não se possa dizer que ela se apegue, excessivamente, à tradição normativa,
pode-se afirmar, com segurança, que a abordagem é pouco inovadora, uma vez
que reproduz a gramática tradicional. Na abertura desta Unidade, há um capítulo
com definições de linguagem e de língua, baseadas em conhecimentos
produzidos pela Lingüística moderna. Tal conteúdo aparece desenvolvido, nessa
parte, pela utilização de textos teóricos e de exercícios, e, em outras partes do
livro, pela proposição de exercícios esparsos de leitura e de textos
complementares.

A não ser pelo critério da adequação lingüística, bem fundamentado no tratamento


dado à sociolingüística, o livro não oferece, ao aluno, a experiência de observar
que as categorias lingüísticas são construções históricas, nem há qualquer
abordagem da história da língua.

43
A análise

Na descrição das categorias gramaticais, a separação entre morfologia e sintaxe é


total, faltando explorar, por exemplo, a noção de sintagma, apenas anunciada no livro
do professor. A omissão de uma análise morfossintática, mesmo apoiada nos padrões
mais tradicionais, prejudica a reflexão e a precisão conceitual.

Ao lado de atividades adequadas e coerentes do ponto de vista ético e do respeito às


diferenças, inclusive lingüísticas, e de formação de um leitor vigilante quanto aos vários
tipos de preconceito e de exclusão social, há um desequilíbrio entre tradição e novidade,
uma vez que, na maior parte do tempo, o conteúdo gramatical é o dos “tópicos
gramaticais usuais”. Ainda assim, as atividades são bem formuladas e, em geral,
favorecem a observação, a reflexão e a generalização.

Na Unidade III, no que diz respeito ao ensino da leitura, a obra apresenta uma proposta
específica, que pode ser percebida no livro do aluno e, de forma mais reduzida, nas
exposições teórico-metodológicas do Livro do Professor.

A propósito, as reflexões conceituais do livro do aluno revelam um elevado grau de


explicitação teórica, podendo-se dizer que estão mais direcionadas para o professor
do que, propriamente, para o estudante.

Na linha de Bakhtin, a leitura é entendida como uma atividade efetiva de interlocução,


fundada na dimensão discursiva da linguagem. Apesar de reconhecerem a relevância
dos gêneros discursivos, tanto em leitura quanto em produção, as autoras optam por
organizar o trabalho a partir das características formais dos tipos textuais, mais
precisamente o narrativo, o expositivo e o argumentativo.

Assim, sistematicamente, após a apresentação e a análise de um determinado tipo,


seguem-se atividades que ora exploram o aspecto estudado na leitura, ora solicitam,
do aluno, uma produção escrita em que o fenômeno em pauta seja considerado, o que
favorece uma estreita articulação entre esses componentes.

A seleção textual oferece ao aluno uma expressiva variedade de textos, se considerada


a cultura da escrita na sociedade contemporânea e a escolaridade média prevista,
contemplando esferas de uso socialmente relevantes, como a jornalística, a publicitária,
a humorística, a científica, a literária e a artística.

Destaque-se, no entanto, a ausência de textos vinculados ao mundo do trabalho e à


cultura juvenil, como grafites, pichações, manifestos hip hop, mangue beat, letras de rap.

No conjunto destinado à leitura, a obra apresenta, aproximadamente, oitenta textos, o


que deixa a desejar, considerando-se que: (a) o livro destina-se às três séries do
ensino médio; (b) cerca de trinta desses textos são utilizados, apenas, para exemplificar
a exposição teórica em andamento; (c) todos os exemplares são pouco extensos,
exigindo pouco fôlego.

44
A análise

Embora os pouco mais de cinqüenta textos acompanhados de atividades de


compreensão sejam autênticos, ressente-se a obra da ausência de estímulos para
que professor e estudantes busquem textos e informações além do próprio livro didático.

As atividades de compreensão e interpretação exploram propriedades discursivas e


textuais e favorecem o uso de estratégias de localização de informações, de análise,
síntese e comparação, bem como o desenvolvimento da capacidade de inferir.

Ressalve-se, no entanto, que o potencial de desenvolvimento dessas estratégias e


capacidades fica prejudicado pelo percurso metodológico adotado, o qual,
rotineiramente, antecipa pistas indicativas da compreensão esperada. Assim, raramente
o estudante é convidado a emitir e a justificar sua própria opinião.

As atividades, embora pouco variadas, são claramente formuladas e contribuem para a


construção da cidadania: nos casos em que os textos veiculam algum tipo de preconceito
ou estereótipo, leva-se o aluno a refletir sobre o problema, no sentido de sua superação.

Estreitamente vinculada à de leitura, a proposta de produção textual também opera


com uma noção de progressão na aprendizagem da escrita pautada pelos tipos textuais.
Assim, no primeiro ano são trabalhados, sobretudo, textos narrativos; no segundo,
expositivos e dissertativos; e, no terceiro, dissertativos e argumentativos. Ainda no
ensino de produção de textos, a explicitação conceitual no livro do aluno é, também,
extensa, estando mais direcionada para o professor. Destaque-se a positiva preocupação
da obra com a avaliação, na medida em que são indicados, no livro do professor, os
critérios a serem considerados na análise da produção do aluno, tais como a
consistência temática, a adequação ao tipo solicitado, os aspectos gramaticais que
realmente comprometam a compreensão do texto produzido, a coesão e a coerência.

O livro sugere a realização de aproximadamente trinta produções. Na expressiva maioria


delas, o objetivo pretendido centra-se no tema e no tipo. Em grande parte das propostas,
as condições de elaboração são apenas parcialmente estabelecidas: indica-se o tema
a ser trabalhado e, esporadicamente, o gênero. Em geral, o interlocutor presumido, o
registro, o suporte e o contexto social de circulação não são tomados, explicitamente,
como objeto de reflexão.

Assim, embora a produção textual não seja trabalhada do modo tradicional, em que a
tônica é a descontextualização, não se chega a caracterizar a escrita como um
processo. O planejamento efetuado e as condições de produção consideradas se
localizam quase que exclusivamente no nível temático e do tipo textual.

As propostas de produção exploram os diversos tipos textuais, mas privilegiam o


argumentativo. Em vários momentos, os mecanismos próprios da argumentação são
debatidos. Assim, alerta-se para estratégias de elaboração da estrutura argumentativa
— como citações e comprovações — e para a natureza do raciocínio lógico.

45
A análise

São, ainda, discutidos os conceitos de juízo de fato, juízo de valor e de argumentação


falaciosa, bem como considerada a estrutura do texto persuasivo. Os subsídios
para a elaboração temática são fartos em todas as propostas. Pode-se mesmo
afirmar que esse aspecto, junto com o estudo dos tipos textuais, é o mais bem
cuidado no trabalho com a escrita.

No encaminhamento das propostas, geralmente são oferecidos dois ou mais textos


para leitura, em que o aluno poderá buscar argumentos que auxiliem na construção
de seu texto. Por sua vez, os mecanismos de coesão e coerência são trabalhados
como fenômenos que garantem a clareza e a articulação textual, seja no nível da
forma (coesão), quanto da significação (coerência). Os tipos de texto são sempre
introduzidos, observados e analisados com base em exemplos.

O livro do professor apresenta um quadro de distribuição dos conteúdos abordados


pelas três séries do ensino médio, e explicita, de forma consistente e coerente, os
pressupostos teórico-metodológicos que orientam a obra, dividindo a explanação da
linha pedagógica e dos procedimentos metodológicos adotados de acordo com os
mesmo módulos em que se organiza o livro do aluno. No entanto, um professor que
desconheça por completo as teorias discursivas e textuais adotadas nas propostas
de leitura e produção de textos terá, possivelmente, dificuldades em desenvolver
adequadamente seu trabalho.

As sugestões de leituras complementares, com referências completas, são


introduzidas na Bibliografia. Não são, contudo, mencionadas obras de (ou sobre)
Bakhtin, muito embora as concepções desse autor constituam o suporte da
fundamentação teórica da obra, ainda que, nem sempre, a perspectiva dialógica
pleiteada por Bakhtin seja considerada nas propostas do livro do aluno.

46
Português
Literatura, Gramática,
Produção de Textos

Leila Lauar Sarmento


Douglas Tufano

Editora
Moderna LTDA.

919029

Síntese avaliativa

Organizado, predominantemente, como manual1, este livro tem, nas suas duas
primeiras partes — Literatura e Gramática — uma sustentação bastante conservadora.
Esta se evidencia na prioridade da informação (literária ou gramatical) sobre a
experiência efetiva que uma concepção interativa de ensino e uma visão mais dinâmica
de língua e da literatura supõem.

A literatura é abordada numa perspectiva puramente cronológica, sem análises que,


antes da sistematização e com base na experiência efetiva de leitura, visem à formação
do aluno como leitor. Os conhecimentos lingüísticos, no que diz respeito à gramática,
priorizam uma visão normativista do ensino da língua, deixando a percepção crítica e
a reflexão em segundo plano.

Providencialmente, a proposta da terceira parte — Produção de Texto — possibilita a


superação desses limites. De igual modo, o tratamento dado à leitura, muito embora
não se organize como uma proposta de ensino específica, permite uma articulação
proveitosa com os demais componentes.

Além disso, no conjunto da obra, o aluno é exposto a uma variedade e a uma quantidade
relevantes de textos, em sua maioria abordados de forma satisfatória. Não há uma
proposta específica para o ensino da linguagem oral, mas o livro aborda alguns de
seus aspectos em Produção de Texto e favorece o seu uso.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

47
A obra

O livro é composto por cinqüenta e oito capítulos, divididos em três seções: Literatura,
Gramática e Produção de Texto.

A seção Literatura apresenta os seguintes capítulos: A Arte da Palavra;


Trovadorismo e Humanismo; Classicismo; Literatura Informativa e Jesuítica no
Brasil; Barroco; Arcadismo; Romantismo em Portugal; Romantismo no Brasil:
Poesia; Romantismo no Brasil: Prosa; Realismo em Portugal; Realismo no Brasil;
Parnasianismo; Simbolismo; Modernismo em Portugal; Pré-Modernismo no Brasil;
Semana de 22: O Marco do Modernismo; Primeira Fase do Modernismo; Segunda
Fase do Modernismo: Prosa; Segunda Fase do Modernismo: Poesia; Pós-
Modernismo: Prosa; Pós-Modernismo: Poesia.

Na seção de Gramática, os capítulos são: A Linguagem; Ortografia; Dificuldades


da Língua; Estrutura e Formação das Palavras; Substantivo e Artigo; Adjetivo e
Numeral; Pronome; Verbo; Advérbio, Preposição, Conjunção e Interjeição; Frase,
Oração e Período. Período Simples (I): Termos da Oração; Frase, Oração e Período.
Período Simples (II): Termos da Oração Relacionados ao Verbo e ao Nome; Período
Composto (I): Orações Coordenadas; Período Composto (II): Orações
Subordinadas; Pontuação; As Palavras Que e Se; Sintaxe de Colocação; Sintaxe
de Concordância; Sintaxe de Regência e Emprego de Crase. A estrutura desses
capítulos também se apóia em exposições iniciais, seguidas, agora, diretamente
pelos exercícios de Aplicando e Praticando.

Por fim, a seção de Produção de Texto divide-se em: Linguagem e Oralidade;


Níveis de Formalidade e Variantes Lingüísticas; Comunicação Oral: Exposição e
Argumentação; Textos do Cotidiano; Relação entre Sentido e Contexto; Elementos
da Textualidade; Modos de Organização do Texto e do Discurso; Narração;
Descrição; Texto Dramático; Texto Informativo; Dissertação; Argumentação
Escrita; Gêneros Textuais em Jornal e Revista; Textos para Uma Ação
Participativa; Redação Técnica; Texto Persuasivo; Roteiro e Sinopse de Filmes;
Poesia e Prosa.

O livro se apresenta, sobretudo, como apoio para concursos vestibulares,


reproduzindo exercícios e atividades de diversos exames anteriores, bem como de
provas do ENEM. O livro do professor também sugere uma série de atividades
sugeridas ao docente.

48
A análise

A abordagem da literatura segue a ordem cronológica e a divisão tradicional das obras em


épocas literárias, rigidamente delimitadas por datas. Apresenta-se, a cada capítulo, uma
breve introdução ao contexto social (europeu, português e brasileiro) do período tratado,
apontando características formais e temáticas que, posteriormente, são exemplificadas por
textos e fragmentos escolhidos entre os autores consagrados pela tradição.

Seguem-se exercícios de leitura, que contemplam alguns aspectos singulares desses


excertos, e chamam a atenção para as características de época anteriormente
comentadas. Os textos são apresentados de forma a auxiliar a compreensão do aluno,
fornecendo, além das informações contextuais necessárias, um pequeno glossário
em que se dirimem dúvidas mais prováveis.

Entre as características positivas do livro está o fato de chamar a atenção do aluno


para a relação da literatura com outros modos de manifestações artísticas: no capítulo
que trata do classicismo, por exemplo, há uma seção dedicada às “artes no
Renascimento”; ao se analisarem os grupos e tendências em que se dividiu o
Modernismo brasileiro, reproduz-se o quadro Abaporu, de Tarsila do Amaral, mais um
fragmento de uma carta em que a pintora alude à sua criação.

Há, ainda, em quase todos os capítulos que tratam de literatura (e também no livro do
professor), sugestões de filmes que poderiam ampliar a compreensão do aluno sobre
o contexto ou o livro estudado.

Embora haja reproduções integrais, como a do conto “Amor”, de Clarice Lispector, e seja
quase inevitável o uso de fragmentos, quando se trata de textos de maior extensão, a
estratégia de outorgar-lhes títulos apócrifos (“Amor à Primeira Vista”, para um excerto de
Iracema; “Sedução”, para um trecho de O Primo Basílio; “Amor e Morte”, para um fragmento
de Grande Sertão: Veredas) pode prejudicar a compreensão de seu significado no contexto
da obra. Pode também induzir o aluno a tomá-los como unidades independentes. Entretanto,
um aspecto positivo do livro é a seção denominada Leitura recomendada, em que se alude
a uma obra do período estudado e se sugere a sua leitura integral.

Na medida em que não está, efetivamente, programada, a formação do aluno como


leitor literário dependerá da atuação complementar do professor para enfatizar atividades
mais interpretativas e críticas, como a que pede ao aluno que identifique, numa
passagem de Senhora, de José Alencar, um momento em que o texto “revela o
mecanismo ‘comercial’ que há por trás da instituição do casamento”.

Além disso, o professor deve estar atento para evitar que os alunos desenvolvam uma
concepção estereotipada da literatura, ressaltando, sempre, que as afirmações
presentes no livro acerca das obras e dos períodos devem ser relativizadas.

O mesmo cuidado deve receber a divisão da obra dos autores em categorias estanques
e, às vezes, superficiais, para que isso não condicione a leitura, seja dos fragmentos

49
A análise

apresentados no próprio livro didático, seja de outros textos com que o aluno,
posteriormente, poderá ter contato.

Na exploração de conhecimentos lingüísticos, o livro recorre a noções e a


procedimentos vinculados à dimensão da textualidade, da discursividade da língua e
de sua produção artística. Isso se dá em Literatura e, sobretudo, em Produção de
Texto. No entanto, na parte que lhe é específica (Gramática), o livro mantém-se dentro
de uma visão bastante prescritiva, considerando-a na perspectiva das gramáticas
escolares tradicionais: um conjunto de regras que não contemplam determinados
contextos de usos e fatores que condicionam a flexibilidade dessas mesmas regras.

O recurso ao texto, que poderia contrariar essa tradição, não cumpre o que dele se
espera, uma vez que o texto não é tomado como objeto de estudo, mas apenas como
lugar de onde se retiram os exemplos, como a propósito de uma charge à qual se
recorre apenas para a retirada de palavras acentuadas.

O livro apresenta a nomenclatura gramatical como se ela constituísse um fim em si


mesma, não objetivando, portanto, a compreensão do fato lingüístico estudado. Assim,
não se questiona a consistência dos termos apresentados, nem se economizam
conceitos, definições e o detalhamento das categorias e de suas múltiplas subdivisões.

Os conteúdos exploram, principalmente, a morfologia e a sintaxe. Aspectos


relacionados à dimensão discursiva e interacional da língua ficam reservados para a
Produção textual, o que pode favorecer uma concepção distorcida do que seja a
gramática de uma língua.

O livro tampouco aborda o fenômeno da mudança lingüística, sobretudo na perspectiva


mais ampla das circunstâncias históricas por que a língua passou, como resultado
natural de seu fluxo através do tempo.

Os exercícios e as atividades propostos na seção de gramática nem sempre permitem


a compreensão clara do fenômeno estudado ou a apropriação adequada das
regularidades em jogo. Isso, pelo fato de o tratamento didático se restringir, na grande
maioria das vezes, a práticas tradicionais de simples reconhecimento, identificação e
classificação, muito mais do que a análises de seus usos e dos efeitos semânticos,
textuais ou discursivos que provocam. Entretanto, em geral, nessas atividades –
elaboradas com uma certa variação e clareza – os conceitos (embora às vezes
formulados de maneira equivocada) não apresentam erros graves.

Não existe uma parte específica da obra voltada para o ensino de leitura. Porém, em
todas as partes do livro, há leitura de textos variados, seguidos de atividades de compreensão
e interpretação. Em Literatura, o objetivo da leitura de textos literários estimula, particularmente,
o contato mais direto com o texto, encaminhando-se, também, para a exploração temática
e para o levantamento das características da obra, identificação dos estilos e do período.

50
A análise

No caso de Gramática, a leitura dos textos visa à identificação da estrutura da frase ou


da categoria gramatical. Na parte consagrada à Produção de texto, a leitura é utilizada
para mobilizar os tipos de texto que são o foco de cada unidade. São apresentados
gêneros e tipos variados; no entanto, os textos são pouco explorados para leitura,
servindo, basicamente, como subsídio e referência para as atividades de produção.

Os textos são dos mais variados tipos e gêneros. Representam o que a cultura da
escrita oferece e exige do jovem e do adulto de escolaridade média e estão associados
a esferas de uso socialmente relevantes. Estão presentes em jornais, revistas
(reportagens, anúncios, sinopse de filme, resenha de filme, quadrinhos, carta de leitor,
charges, crônica, entrevista), em livros de literatura; são de circulação no cotidiano
(bilhete, carta pessoal, convite, e-mail, receita, manual) e voltados ao mundo do trabalho
(comunicações oficiais, requerimento, ofício, ata, currículo, carta comercial). Textos
mais curtos aparecem na íntegra, como propaganda, poesia, quadrinhos, receita,
manual, anúncios, cartão-postal.

O livro está repleto de tiras, quadrinhos, charges, não constando, no entanto, letras
de música, ou textos retirados de revistas voltadas para o público jovem. Encontram-
se atividades de aproximação entre diferentes textos e linguagens (pintura, fotografia,
quadrinhos), mas quase nada em relação a outras mídias; os gêneros trabalhados
são mensagens eletrônicas (e-mail) e roteiro de cinema. Formuladas com clareza, as
atividades explicitam os conceitos corretamente e exploram, embora nem sempre, as
propriedades lingüísticas, discursivas e textuais em jogo.

A parte mais inovadora e atual de toda a obra é a consagrada à produção de texto. Os


capítulos são temáticos e têm como referência diferentes gêneros e tipos de texto:
“Textos do cotidiano”, “Narração”, “Descrição”, “Dissertação”, “Texto dramático”, “Texto
informativo”, “Argumentação escrita”, “Gêneros textuais em jornal e revista”, “Textos
para uma ação participativa”, “Texto persuasivo”, “Roteiro e sinopse de filmes”.

Observa-se uma articulação estreita entre leitura e produção. O ponto de partida de


cada unidade, que conduz o aluno às atividades de produção, é a explanação sobre a
organização e a estrutura de um determinado tipo de texto, foco da unidade, seguida
de uma leitura de texto-referência com questões de compreensão e interpretação.

Na seção Produzindo, encontra-se um grande número de atividades para a prática de


escrita. No final, apresentam-se sugestões de procedimento para avaliação e revisão
da atividade realizada, o que oferece ao aluno a possibilidade de uma reflexão sobre
as diferentes etapas envolvidas no processo de escrita.

As propostas de produção textual, as mais variadas, colaboram para o desenvolvimento


da proficiência em linguagem escrita, explorando a produção dos mais diversos gêneros
e tipos de texto: mensagem eletrônica (e-mail), receita, bilhete, cartão-postal, carta
pessoal, monólogo, debate, ata, currículo, conto, crônica, anúncio publicitário, anúncio

51
A análise

classificado, notícia, reportagem, entrevista, resenha crítica, carta de leitor, manifesto,


abaixo-assinado.

Sempre apresentando exemplos como referência, as atividades fornecem subsídios


para a elaboração temática dos textos, orientam sobre os mecanismos de coesão,
coerência, assim como para o uso de estratégias de gêneros argumentativos e de
textos de opinião. Há capítulos especialmente voltados para tais gêneros. Pode ser
muito útil ao docente a Sugestão de procedimentos para a correção de redações, no
livro do professor.

Não há uma proposta específica para o ensino da linguagem oral. Entretanto, alguns
de seus aspectos são contemplados no capítulo 42, cujo tema é: Comunicação
oral: exposição e argumentação; e também em outras unidades esparsas, quando o
tipo de texto tem alguma relação com oralidade. É o caso de entrevista, história em
quadrinhos e texto dramático. Algumas das atividades, formuladas com clareza, podem
colaborar para o desenvolvimento da linguagem oral pelo aluno, especialmente sua
utilização em situações públicas, como no caso do debate, exposição oral, em que
se pode exigir uma certa formalidade.

Além de alguns momentos de sistematização teórica sobre o oral, freqüentemente,


nas diferentes seções, comandos como “pesquise/reflita com o colega” e “troque com
o grupo” favorecem a interação em sala de aula.

Os pressupostos teórico-metodológicos da obra não são explicitados no livro do


professor. Além das respostas às questões e atividades do livro do aluno, o Livro do
Professor descreve a organização geral da obra, sugere articulações possíveis entre
as três partes, define os objetivos das unidades e traz orientações relativas a como
utilizá-las, além de propostas de novas dinâmicas. Há, ainda, sugestões bibliográficas
gerais, ou seja, não-específicas para cada unidade.

52
Português:
Língua e Cultura

Carlos Alberto Faraco

Base Editora e
Gerenciamento Pedagógico

919040

Síntese avaliativa

Para todos os componentes da educação em língua materna, este livro apresenta


uma proposta teórico-metodológica inovadora, perceptível até na original divisão de
seu conteúdo: o desenvolvimento das proficiências em leitura e produção de textos é
o objetivo perseguido, ainda que, coerentemente com a opção pelo formato de
compêndio1, os capítulos se organizem em exposições teóricas. Em consonância
com esse objetivo, os textos, literários ou não, ocupam uma posição central em
todos os capítulos.

Os conhecimentos lingüísticos recebem uma abordagem muito bem informada pelas


ciências da linguagem, inclusive no que diz respeito à gramática, jamais confundida
com o ensino exclusivo de aspectos pertinentes da norma culta. Garante-se, assim,
um tratamento adequado e politicamente correto da variação lingüística.

No que diz respeito à literatura, a formação do leitor literário é o objetivo final. Assim, a
experiência de leitura e a singularidade dos textos figuram em primeiro plano, ainda que
com algum prejuízo da sistematização de noções teóricas e de história literária. Mesmo
a linguagem oral, em geral negligenciada pelo ensino tradicional, é abordada de forma
correta e pertinente, privilegiando-se as situações de uso público e formal da oralidade.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

53
A obra

O livro compõe-se de 35 capítulos, seguidos de dois apêndices: um sobre pontuação


e outro sobre acentuação. Os capítulos se dividem em cinco partes: o Bloco de Textos
(dezessete capítulos: 1 a 7, 13 a 17 e 24 a 28); a Enciclopédia da linguagem (cinco
capítulos: 8 a 12); o Almanaque Gramatical (quatro capítulos: 18 a 21); o Guia Normativo
(dois capítulos: 22 e 23); e a História da Literatura (sete capítulos: 29 a 35).

Os objetivos declarados na obra e, efetivamente norteadores do trabalho proposto,


sustentam-se numa concepção de linguagem como interação verbal entre sujeitos
históricos, postos diante de práticas efetivas. Para isso, o livro se apóia em grande
variedade e diversidade de gêneros discursivos, explorando tanto suas características
formais como seus temas predominantes.
A análise

Nas seções que tratam dos conhecimentos lingüísticos, um reiterado procedimento


consiste em tomar, sempre, o texto como objeto e ponto de partida para refletir sobre
o funcionamento da linguagem em suas mais diversas dimensões, seja reconstituindo
seus múltiplos significados, seja explorando, sistematicamente, suas propriedades
lingüísticas, discursivas e textuais.

Propõe, ainda, atividades voltadas para levar o aluno a reconhecer e a adequar o


discurso a situações formais e informais, valorizando, efetivamente, o trabalho com a
variação e a heterogeneidade lingüísticas.

Outro procedimento recorrente nessas seções provém da suposição de que o aluno é


um dos principais agentes na conquista de seu próprio conhecimento. As atividades o
conduzem a observar, atentamente, os aspectos particulares da língua portuguesa, a
descrever e a sintetizar, intuitivamente, seus traços e suas regularidades para, enfim,
formular, por escrito, seus princípios gerais. Desse modo, ele é levado a apreender,
por si mesmo, o funcionamento interno e contextualizado das categorias discursivas
e sintáticas e, assim, de evitar uma exploração meramente prescritiva de regras.

Além disso, procura desenvolver uma atitude crítica diante dos preconceitos lingüísticos,
não abusa da nomenclatura e investe numa distinção entre a reflexão gramatical e a
prescrição normativa. Preocupa-se, também, em evitar práticas tradicionais de puro
reconhecimento das classes e funções de palavras, e explora, recorrentemente e de
modo contextualizado, as dimensões discursivas, sintáticas e semânticas de uma
grande variedade de textos. Assim, no trabalho de construção dos conhecimentos
lingüísticos, o livro propõe um equilíbrio entre a tradição e a novidade.

Mais do que um livro didático, trata-se de uma obra que traz uma proposta
cientificamente embasada de estudos da linguagem. Há uma seleção de temas,
teóricos e normativos, relevantes — e, portanto, úteis — para o uso efetivo da língua,
preenchendo-se uma antiga lacuna entre o conhecimento lingüístico produzido na
universidade e o aplicado pela escola no ensino de língua portuguesa.

54
A análise

O trabalho consciente no tratamento da linguagem explicita-se, também, por meio do


continuum de práticas de leitura e produção de textos. A separação entre esses
componentes é quase imperceptível, em função da metodologia empregada: a proposta
é que o aluno tenha uma visão sistêmica da dinâmica da língua, o que significa
reconhecer que conhecimento lingüístico, leitura e escrita pressupõem-se uns aos
outros e constituem o fazer lingüístico como atividade social. Isso se evidencia numa
articulação eficiente entre o trabalho com conhecimentos lingüísticos, leitura, produção
e literatura. A proposta de ensino da leitura tem um caráter progressivo e prevê o
trabalho com textos de várias esferas de uso, o que favorece a formação de um leitor
crítico e proficiente em diversas situações sociais de uso da leitura. As práticas sociais
privilegiadas são as da literatura, do jornalismo e da divulgação científica.

Dada a concepção sistêmica da dinâmica da língua nas leituras literárias, por exemplo,
as atividades são encaminhadas para a observação e a compreensão do trabalho
realizado com a linguagem, especialmente quanto aos recursos estéticos e literários
e quanto aos tipos de textos e aos gêneros.

Fortemente marcado pelo objetivo de formar leitores literários, evidenciado tanto pelo
posicionamento adotado na apresentação do livro quanto pelo grande número de textos
literários que compõem a coletânea, o trabalho se organiza em dois momentos: um em que
os textos contam histórias — e então aparecem gêneros com estrutura narrativa, como as
crônicas, os contos e os romances —, e o outro, em que eles se agrupam como poéticos.

Sem preocupação classificatória, a intenção é construir, progressivamente, um


quadro de referências para o aluno, baseado, essencialmente, nos conhecimentos
da estrutura narrativa e das formas poéticas, apresentando noções como as de
motivo, de estrutura narrativa, de foco narrativo, no primeiro caso; e noções como
eu-poético, ritmo, metáfora e metonímia, no segundo caso. O que é priorizado,
nesse momento, é a experiência do aluno com os textos, no que eles oferecem
de representativo das experiências humanas e de trabalho realizado com a
linguagem.

A leitura de textos jornalísticos é encaminhada, desde o início, no sentido da construção


do olhar crítico do aluno. O livro dedica um capítulo para uma discussão sobre a
importância de não ser um “leitor ingênuo” dos textos jornalísticos e sobre as questões
éticas que envolvem a imprensa.

Nesse bloco, os recursos lingüísticos, textuais e discursivos utilizados na


organização do texto são detalhadamente trabalhados para a compreensão dos
efeitos do discurso e para a análise crítica da informação. Por exemplo, em um
capítulo é apresentada uma notícia a partir da qual se trabalha o “formato padrão
da notícia”, encaminhando-se o aluno à observação de título, subtítulo, diferença
entre as fontes para destacar o título e a indicação da origem da notícia, entre
outros itens.

55
A análise

Em seguida, propõe-se uma análise da notícia a partir de quatro aspectos do capítulo


anterior, quais sejam: informações fidedignas, unidade do assunto, clareza e isenção
possível. A próxima questão solicita que o aluno localize algumas informações
especialmente relevantes. A última trata de explorar a organização textual, apresentando
ao aluno o lead e o corpo da notícia, com destaque para o planejamento realizado pelo
redator, que implica seleção de informações e decisão sobre a sua seqüência. Mais à
frente, apresenta verbete de enciclopédia relativo a uma das expressões usadas na
notícia e pede ao aluno para confrontá-lo com as informações imprecisamente
veiculadas pela notícia.

Em relação à produção de textos, o trabalho é progressivo e articulado com a leitura,


envolvendo uma grande diversidade de gêneros e tipos. Depois de explorar a leitura e
o estudo de textos literários, propõe-se, por exemplo, a produção de crônicas, poemas-
crônicas e contos. Nesse momento, visa-se a uma escrita mais intuitiva e prazerosa.

Se a leitura é de divulgação científica, aparecem, em geral, propostas de produção de


pequenos textos de divulgação, momento propício à discussão coletiva para o
planejamento de um roteiro para a escrita. Com a leitura de textos jornalísticos, pedem-
se produções de textos de opinião, cartas do leitor, notícias e reportagens.

Além desses gêneros e tipos de textos, aparecem, em todo o livro, propostas de


produção de resumos e de esquemas dos textos lidos, que favorecem o desenvolvimento
das capacidades de generalização e síntese e de apreensão global de informações.
As atividades de produção estão sempre relacionadas às discussões propostas pelos
capítulos, o que garante, ao aluno, bons subsídios, tanto temáticos quanto de
condições de produção: objetivos pré-definidos, definição do tipo de texto, do contexto
social de circulação e, quando é o caso, do suporte.

No que se refere ao trabalho com a linguagem oral, as propostas estão sempre


vinculadas à apresentação dos resultados de algumas pesquisas, a leituras dramáticas
de poemas (com atenção especial ao ritmo) ou peças teatrais, e à discussão (com
posicionamento ético) dos trabalhos produzidos.

Já o trabalho com outras linguagens aparece como sugestões de filmes que, de


algum modo, se relacionem com uma obra literária e de músicas que tenham relação
com trabalhos desenvolvidos em sala de aula. Além disso, o livro apresenta fotos
trabalhadas graficamente e reproduções de pinturas, que também podem ser
aproveitadas em sala de aula.

Também em relação ao ensino da literatura a proposta é inovadora, não só por


apresentar a literatura africana em língua portuguesa mas, principalmente, por priorizar
o contato direto do aluno com o texto literário. Ao invés de servir-se de textos literários
para veicular informações externas a eles, o livro prioriza a experiência sensível e a
apreensão intuitiva da singularidade da obra.

56
A análise

Excelentes e adequados aos alunos, os textos disseminam-se por quase todos os


capítulos, constituindo-se na base de todo o trabalho; os mais simples e acessíveis
aparecem sempre em primeiro lugar, atingindo-se gradativamente os mais complexos.

Todo o trabalho conduz o aluno a captar a singularidade e a assimilar a estrutura e os


conteúdos dos textos literários, num processo de formação do leitor. Logo nos capítulos
iniciais, os alunos entram em contato com crônicas, contos, poemas e romances.
Após muitos e variados excertos de leitura, apontam-se características dos diferentes
gêneros, o que propicia, aos alunos, em linguagem acessível, o desenvolvimento de
conceitos necessários para uma verdadeira análise literária, como narrativa, ficção,
verossimilhança, enredo, personagens, narrador, verso, ritmo, etc.

Embora haja, no final do livro, um apanhado da História Literária, desde a Idade Média
portuguesa até a contemporaneidade, contemplando autores portugueses, brasileiros
e africanos de língua portuguesa, esse estudo, sucinto, é apresentado depois de todo
o trabalho de leitura dos inúmeros e diversos textos literários presentes nos capítulos
destinados aos diferentes conteúdos. Sublinhe-se que a proposta efetiva do livro para
o ensino da literatura não se encontra nesses capítulos finais, mas ao longo do livro,
priorizando-se a criação de uma atitude de disponibilidade do aluno para tal.

Entretanto, mesmo resguardando o fato de que se trabalha com literatura o tempo todo,
deve-se assinalar que os capítulos de história literária tratam das escolas de modo
excessivamente resumido. O Simbolismo português, por exemplo, é abordado em apenas
dois parágrafos, seguidos da apresentação de dois poemas de Camilo Pessanha.

Como decorrência, encontram-se generalizações que podem prejudicar o rendimento


do livro. Na abordagem das obras, há uma tendência a selecionar um único texto de
determinado autor, o que nem sempre é suficiente para dar conta das características
essenciais do conjunto de sua obra.

Assim, por exemplo, quando trata de Álvares de Azevedo, o livro reproduz um único
poema que se torna representativo de certo tipo de romantismo dito “extremado e
subjetivista”, apegado “a uma temática de devaneio e sonho, melancolia e tédio, amor
e morte”. Entretanto, esse é, como se sabe, apenas um dos aspectos da obra de
Álvares de Azevedo. Essa definição silencia o traço satírico, irônico e cínico de toda a
sua prosa e de vários de seus poemas.

Da mesma forma, o livro considera Manuel Bandeira da perspectiva do movimento


modernista, deixando de lado seu diálogo com o Simbolismo. Quanto aos autores
selecionados, observa-se também que, em muitos casos, o livro deixa ou de nomear,
ou de dar destaque a autores singificativos dos períodos históricos da literatura, como
nos casos de Junqueira Freire, Fagundes Varela, Raul Pompéia, Jorge de Lima, Murilo
Mendes, etc. Entretanto, um dos muitos pontos positivos dessa seção, analogamente
às demais, consiste no cuidado em reproduzir, integralmente, quando possível, o
texto do autor em questão.

57
A análise

Um problema de natureza diversa se coloca: por se tratar de um livro com propostas


realmente inovadoras, a falta de respostas aos exercícios, assim como a ausência de
orientações mais detalhadas sobre a condução das atividades, dificultam a solução de
eventuais dúvidas do professor. Apesar disso, o livro do professor expõe, com clareza
e adequação, os objetivos e a organização da obra, sugerindo algumas formas de
articular as atividades de cada bloco. Além disso, explicita a concepção de linguagem
que adota, seus fundamentos teórico-metodológicos e o significado pedagógico da
avaliação.

58
Português:
Linguagens

Thereza Anália Cochar Magalhães


William Roberto Cereja

Atual Editora / Saraiva


Livreiros Editores S/A

919025

Síntese avaliativa

Organizado como um manual1 voltado diretamente para o aluno, o livro aborda a


leitura, a produção de textos e a linguagem oral numa perspectiva renovada pelas
teorias do texto e do discurso. As atividades de leitura apresentam-se a serviço dos
demais componentes, em especial da produção de textos, organizada com base nos
gêneros e nos tipos de texto.

Os conhecimentos lingüísticos são sistematizados em capítulos específicos, nos


quais a referência teórica ora é a gramática tradicional, ora a lingüística do texto e do
discurso. Tais conhecimentos também são abordados nas seções destinadas à
produção de textos, numa tentativa de articulação entre esses componentes.

O ensino da literatura se pauta pela tradicional exposição sobre os estilos de época,


expostos em ordem cronológica e associados aos seus contextos históricos. A leitura
do texto literário, ainda que em segundo plano, é também explorada.

O livro é rico em textos e informações bem sustentadas, bem como em sugestões –


incluindo bibliografias especializadas – para o professor. O intenso uso de imagens
colabora para a promoção do trabalho de leitura interpretativa a partir de obras artísticas
diversas, como escultura, pintura, charge e cartazes de filmes.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

59
A obra

O livro divide-se em nove unidades, cada uma, em geral, com seis capítulos,
classificados em três grupos: Literatura; Língua: uso e reflexão; e Produção de texto.
Finaliza cada unidade uma seção denominada Intervalo. Para cada série são destinadas
três unidades e, ao final de cada três, há uma seção composta por questões de
vestibulares e do ENEM. A quantidade de capítulos que compõe as unidades pode
variar; todas, no entanto, apresentam um capítulo destinado a conhecimentos
lingüísticos (Língua: uso e reflexão), um ou dois à leitura e à produção de texto (Produção
de Texto) e, de um a três, à literatura.

Os capítulos sobre literatura apresentam, em geral, três seções: Introdução, que sintetiza
o estilo de época; Leitura, que apresenta o texto literário correspondente à estética
literária do capítulo, para interpretação; Do contexto ao texto, que conclui o capítulo.

Cada capítulo sobre produção de texto aborda um gênero ou um tipo textual e, em


geral, divide-se em três seções: Trabalhando o gênero, em que o aluno tem contato
com um gênero ou um tipo de texto, faz a leitura e a interpretação; Produzindo, em
que o aluno é convidado a escrever de acordo com o gênero ou o tipo em questão;
Para escrever, com subsídios gramaticais para a escrita.

Os capítulos Língua: uso e reflexão dividem-se em seis seções: Construindo o conceito,


em que se apresenta um texto que evidencia o conteúdo gramatical a ser focalizado;
Conceituando, em que o conceito é trabalhado; Exercícios de aplicação; Na construção
do texto, em que a categoria gramatical em questão é examinada num outro texto;
Semântica e Interação, em que se estabelece a relação do conteúdo com o discurso;
e Para compreender o funcionamento da língua, em que se trabalha a relação do
conteúdo dentro da morfologia ou da sintaxe.

Todas as unidades são entremeadas de muitas ilustrações e quadros, com resumos


ou comparações que sintetizam o conteúdo estudado, ou com informações adicionais.

Sem contar com uma seção própria e exclusiva, a leitura é trabalhada sempre como
A análise

parte do processo de construção de conhecimentos lingüísticos, da exploração do


texto literário e, principalmente, da produção escrita.

A seleção de textos, inclusive os destinados ao ensino da literatura, é variada,


representativa e propicia uma boa experiência de leitura com diferentes gêneros e
tipos textuais. São apresentados poesia, peça teatral, relato, entrevista, notícia,
reportagem, crônica, crítica, editorial, publicitário, conto, carta argumentativa e
dissertação argumentativa.

Dentre os textos selecionados, há aqueles próprios de culturas juvenis, entrevistas de


revista jovem ou temas relacionados diretamente à juventude, como uso de piercing,
o ficar, vestibular, redução da idade penal, etc. Predominam os textos integrais, e os
fragmentos mantêm unidade de sentido.

60
A análise

A maioria das atividades, formulada com clareza, considera a interlocução autor/leitor,


procurando explorar as propriedades lingüísticas, discursivas e textuais em questão.
Integradas ao processo de ensino dos demais componentes, as atividades têm sempre
um objetivo, mas nem sempre estão orientadas para a singularidade do texto explorado.
Entretanto, na medida em que mobilizam diferentes estratégias, propiciam o
desenvolvimento da proficiência em leitura, colaborando para a reconstrução dos
sentidos do texto.

O foco da proposta de produção de textos está no gênero e na tipologia textual.


Consagradas a um gênero ou a um tipo de texto (em especial o argumentativo), as
atividades propõem situações efetivas de uso da escrita, como a do anúncio classificado
(p. 358), em que o aluno deve oferecer serviços pessoais.

As produções devem ser lidas e comentadas por colegas e, a seguir, reescritas, para
exposição em mural (p. 399) ou para algum tipo de publicação, como o jornal da
escola. (p. 303). A leitura de textos, temática ou formalmente relacionados, subsidia
tematicamente os trabalhos e, ao mesmo tempo, fornece modelos de redação.
Entretanto, o planejamento não é diretamente ensinado, e as diferentes etapas da
escrita estão mais sugeridas do que efetivamente previstas.

Embora o livro não apresente uma proposta específica para o ensino de linguagem
oral, esta aparece em alguns momentos das seções Intervalo, com sugestões para
um júri simulado (p. 160-1), um jornal televisivo (p. 292-3), uma revista falada (p. 404),
uma encenação, um show lítero-musical ou um programa de rádio (p. 500-1).

Há, também, um capítulo destinado à argumentação oral (cap.11), em que se ensina


a fazer um debate regrado. Exceção feita a este último caso, as atividades, sempre
integradas ao ensino de algum outro componente, configuram-se, essencialmente,
como atividades-meio2.

Quanto aos conhecimentos lingüísticos, o livro transita entre o ensino tradicional e


o renovado: ao lado da gramática tradicional, recorre-se à “Lingüística Textual,”, à
“Análise do Discurso” e à “Semântica enunciativa”, principalmente para atualizar a
teoria dos gêneros discursivos que, de acordo com o livro do professor, fundamenta a
proposta didático-pedagógica do livro. A sistematização se faz em capítulos específicos,
Língua: uso e reflexão; mas também aparece em Produção de texto. No entanto, a
própria segmentação dos respectivos capítulos em seções como Para compreender o
funcionamento da linguagem e Para escrever e falar com adequação, por exemplo, revela-
se pouco adequada à perspectiva teórica perseguida, à na medida em que tende a dissociar

2. Atividade-meio é aquela que se presta como etapa preparatória para uma outra atividade (atividade-
fim). Por exemplo, a leitura de um texto que vai servir de subsídio para uma produção escrita é uma
atividade-meio, ao passo que a leitura desse mesmo texto com vistas à reconstrução dos sentidos do
texto e à sua interpretação é uma atividade-fim.

61
A análise

a reflexão do uso. A seção Construindo o conceito também se distancia, parcialmente, de


suas intenções declaradas: apesar do nome, ela não se caracteriza por conduzir o aluno
a uma reflexão, mas a dirigir mais didática e metodicamente a exposição da matéria.

Por outro lado, com exceção do tratamento atribuído a alguns fenômenos de


natureza discursiva, as categorias descritas seguem as postulações da gramática
tradicional, nem sempre articulando uma e outra abordagens. Assim, a
“indeterminação do sujeito” como uma estratégia argumentativa, por exemplo, não
é mencionada no estudo de Tipos de sujeito.

O livro não discute, explicitamente, o conceito de norma, mas reconhece a variação lingüística
e trabalha com ela. As noções de “certo” e “errado” são relativizadas, e o livro mobiliza a
noção de adequação, assim como a oposição “norma padrão versus não-padrão” para tratar
da relação entre língua e sociedade. Essa temática perpassa toda a obra, especialmente a
partir de situações e atividades envolvendo a relação oralidade-escrita.

Os exercícios recorrem a práticas tradicionais de reconhecimento de classes e funções,


preenchimento de lacunas, substituição de palavras por seus “sinônimos”, etc.
Entretanto, colaboram para a compreensão do conteúdo apresentado e agregam
informações importantes para a apreensão do conhecimento lingüístico trabalhado,
permitindo a apropriação adequada das regularidades em jogo.

A maior parte do volume é consagrada ao estudo da literatura. A matéria é tratada


numa perspectiva tradicional, pautada pela evolução cronológica dos estilos de época
das literaturas portuguesa e brasileira, figurando, em segundo plano, a experiência de
leitura do texto literário.

Quanto aos capítulos, há os que introduzem o estudo de um movimento literário e os


que focalizam os autores. Ambos os tipos se iniciam com a reprodução de uma obra
das artes plásticas, produzida no período estudado, seguida de um texto sobre o
movimento literário em questão, no Brasil ou em Portugal, ou de um texto sobre a
geração à qual pertencem alguns dos autores.

A seguir, a seção Leitura apresenta fragmentos de originais, muitas vezes introduzidos


por um resumo do enredo; outras vezes, são reproduzidos textos completos, como
poemas e contos. Após o texto, há questões de interpretação e outras que focalizam
as características do movimento estudado, detectáveis no texto. Permeando essas
seções, encontram-se quadros com informações suplementares, curiosidades do
período, indicações de filmes, livros, CDs; na maior parte das vezes, apontam relações
entre o movimento estudado e a cultura brasileira atual.
Muitos dos textos apresentados são de grande qualidade. Em alguns momentos, o
livro inova na escolha, com pertinência e acerto. É o caso, por exemplo, do trecho
do Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, e do conto, na íntegra, de Rachel de
Queiroz, “Tragédia carioca”, este último em capítulo voltado para a Produção de Texto.

62
A análise

Em boxes, há também indicações interessantes, como O Chalaça, de José


Roberto Torero, ou O Matador, de Patrícia Melo. Sempre que possível, o texto
figura na íntegra. Quando é o caso de fragmento, este é introduzido por meio de
um resumo da obra.

Outro elemento aspecto que favorece a formação do aluno como leitor literário são
os exercícios, nem sempre na seção específica de literatura, que exploram o papel
dos recursos estilísticos ou a relevância da organização do texto para a apreensão
de suas possibilidades significativas. Um bom exemplo são as questões propostas
para a letra da canção “Fora de si”, de Arnaldo Antunes, para ilustrar o papel da
concordância na construção do texto.

O livro valoriza outros modos de manifestação literária, como a música popular, assim
como outras artes, coerente com seu projeto de relacionar a história literária com a cultura
atual. Assim, iniciando todos os capítulos de literatura, bem como cada unidade, há uma
obra visual; na seção Intervalo, há uma obra visual e a sua análise.

Além disso, letras de música popular são analisadas nos capítulos os mais
diversos (não apenas nos de literatura) e, às vezes, comparadas com a produção
lírica de algum autor.

No interior dos capítulos, os quadros informativos e as reproduções, coloridos, fazem


referências a filmes, peças de teatro, CDs de música que recriam, adaptam ou dialogam
com as obras literárias do período estudado. Assim, no capítulo sobre o Classicismo,
uma foto reproduz cena do filme A Conquista do Paraíso, de Ridley Scott; no capítulo
sobre o Romantismo, um quadro comenta o grotesco e o sublime e remete ao musical
A Bela e a Fera; no capítulo sobre Modernismo em Portugal, um quadro comenta o
CD Mensagem, com poemas da obra homônima de Fernando Pessoa musicados por
expoentes da MPB.

O livro do professor funciona como apoio efetivo ao uso do livro do aluno e não
apenas como um livro de respostas. Apresenta, em linguagem acessível, a teoria dos
gêneros discursivos que o fundamenta; traz uma proposta de avaliação dos textos
produzidos pelos alunos; outra, de trabalho com o jornal em sala de aula; sugestões
para abertura dos capítulos; e referências bibliográficas para o professor.

63
Textos:
Leituras e Escritas

Ulisses Infante

Editora
Scipione LTDA.

919036

Síntese avaliativa

Organizada como um manual1, a obra se equilibra entre a fidelidade à tradição e a


adesão a propostas mais recentes de ensino de língua. Assim, a gramática tradicional
toma boa parte do espaço reservado aos conhecimentos lingüísticos, e a sucessão
dos estilos de época organiza o ensino da literatura. Em contrapartida, a leitura não é
tratada isoladamente, está sempre articulada à produção de textos e aos demais
componentes. A formulação das atividades desses dois componentes recorre a teorias
do texto e, em menor escala, do discurso.
Além disso, o tratamento dado à literatura abre espaço para a experiência direta do
aluno com a singularidade do texto e se preocupa com a formação do leitor literário.

Textos dos mais diversos gêneros e tipos, com predominância dos literários, dão
suporte ao ensino em todos os componentes; em geral, vêm acompanhados de
atividades de compreensão e análise. O trabalho com a produção de textos focaliza
gêneros diversos ____ artigos jornalísticos, cartas, entre outros ____ e enfatiza o
conhecimento e a produção de algumas estruturas tipológicas textuais ____ narração,
descrição e, mais enfaticamente, dissertação/argumentação. O ensino da
compreensão e da produção da linguagem oral explora diversos gêneros orais formais
e públicos, com destaque para a exposição oral.

1. Sobre a distinção entre “compêndio” e “manual”, ver a nota 1 da página 17

64
A obra

A obra compõe-se de 32 Unidades, estruturadas nas seguintes seções regulares:

• Para Ler a Literatura tende a organizar-se de acordo com um padrão que consiste
em dividir a matéria a ser tratada em diferentes tópicos, como história e conceituação
do estilo de época, autores, obras. Na seqüência das exposições consagradas a
cada um desses tópicos, alternam-se três subseções: Leitura e análise, que explora
a compreensão e a análise de um texto relacionado ao tema/autor estudado; Leitura
complementar, com sugestões de leitura que ampliam o assunto tratado; e Atividade
de Pesquisa, em que o aluno é encaminhado a consultar outros materiais que tratem
do tema/estilo em questão. Essas duas últimas restringem-se a algumas unidades;

• Do Texto ao texto, dedicada à leitura e à produção escrita, assim como à linguagem


oral, estrutura-se com base em conteúdos relacionados à tipologia e ao funcionamento
do texto. Seu primeiro passo é a abordagem do tópico em questão tal como
manifestado num texto (autoral ou não), seguindo-se a explicitação de conceitos
(características de determinado tipo de texto; teorização sobre leitura e produção;
especificidades do texto literário etc.) e atividades de escrita ou produção oral que
mobilizam esses conceitos na perspectiva do uso. Esse movimento se evidencia nas
subseções Leitura e análise, Propostas de produção de texto e Prática de língua
falada, que se alternam na estrutura da seção;

• Gramática aplicada aos textos, em geral, explora noções e categorias de gramática


normativa; e, em alguns momentos, estabelece relações com os outros componentes,
explicitadas em uma caixa de texto específica. Apresenta subseções denominadas
de Atividades (sobre tópicos da gramática) e textos para Leitura e análise (onde são
exploradas, além da estrutura e alguns sentidos do texto, questões de metalinguagem).

Parte do processo de ensino de todos os demais componentes, a leitura também é


A análise

encarada como atividade-fim2. As atividades de compreensão e interpretação, nas


diferentes subseções Leitura e análise, em especial quando inseridas na seção Do
texto ao texto, em geral estão atentas à singularidade do texto e colaboram para a
reconstrução de seus sentidos, assim como para o desenvolvimento da proficiência
em leitura do aluno.

Com freqüência, as questões focalizam, além da compreensão global e das estratégias


inferenciais, aspectos estruturais relacionados à tipologia, mecanismos de coesão
e coerência, recursos de estilo, etc. O contexto de produção é resgatado,
principalmente, nas atividades de leitura de textos literários, e as apreciações
valorativas se evidenciam nas questões que orientam o aluno para se posicionar ou
para explicar/justificar uma opinião.

2. Sobre a distinção entre “atividade-meio” e “atividade-fim”, ver a nota 2 da página 61

65
A análise

Em função do papel reservado à leitura na proposta pedagógica do livro, todas as


seções de cada unidade utilizam textos cuja exploração faz parte das estratégias de
ensino do componente em questão. Assim, constitui-se uma antologia ao mesmo
tempo bastante representativa do que o mundo da escrita pode oferecer ao aluno do
ensino médio e capaz de propiciar-lhe uma boa experiência de leitura, especialmente
se as indicações complementares forem exploradas pelo professor.

Fazem-se presentes os mais variados gêneros e tipos de textos, tanto os mais canônicos
das literaturas brasileira e portuguesa, como os de mais ampla circulação social,
destacando-se, entre eles, os gêneros escritos de interesse próprio das culturas juvenis.

O trabalho com a produção de textos focaliza gêneros diversos ____ artigos jornalísticos,
cartas, crônicas, anúncios, editais ____ e enfatiza o conhecimento e a produção de
algumas estruturas tipológicas ____ narração, descrição e, mais enfaticamente,
dissertação/argumentação.

Com isso, destacam-se os mecanismos e estratégias argumentativas, com base em


gêneros de textos que priorizam a argumentação. Os mecanismos de coesão e
coerência, além de tratados a partir dos textos, são explicados em um capítulo
específico, com sucessivas retomadas ao longo do livro.

As propostas de escrita criam situações de produção em que se explicitam ou,


mais freqüentemente, vêm implicados, os destinatários e os objetivos visados.
As atividades de leitura que desencadeiam o processo de produção fornecem
subsídios para a elaboração do tema a ser explorado e oferecem referências
tipológicas. As diferentes etapas da escrita, entretanto, não estão explicitamente
contempladas e pouco aparecem as recomendações para planejamento, revisão
e reelaboração do texto.

A compreensão e a produção de textos orais aparecem, em primeiro lugar, como


atividades-meio, na forma de comentários, discussões e de outras propostas,
integradas às estratégias de ensino dos diferentes tipos de conteúdo. Mas o ensino
da linguagem oral se faz, também, por meio de uma proposta específica, a cargo
das seções denominadas Prática de língua falada, que exploram diversos gêneros
orais formais e públicos, como declamação de poemas, encenação de peça de teatro,
discurso de formatura, discurso político, debate, exposição oral e programa de televisão
dirigido ao público jovem.

Nesse trabalho são feitas recomendações acerca do grau de formalidade a ser


considerado, levando o aluno a verificar que, nos gêneros formais e públicos, a
linguagem a ser privilegiada é a variedade culta. Além disso, o trabalho de estabelecer
relação entre linguagem oral e escrita e de identificar relações de diferenças e
semelhanças entre as variedades da linguagem oral, embora se apresente ainda
restrito, é tratado em algumas propostas.

66
A análise

Quando explorados na seção Do texto ao texto, os conhecimentos lingüísticos


consideram aspectos estruturais do texto e, em menor grau, do discurso. Entretanto,
em Gramática aplicada aos textos, a seção específica para esse componente é a
gramática tradicional que está em foco.

O livro distingue descrição e prescrição, situando, adequadamente, as duas


perspectivas para o estudo da gramática. O estudo da norma-padrão se faz no
contexto de uma discussão sobre variação lingüística. O livro reconhece o traço
de discriminação presente na expressão “língua culta” que, segundo ele, pressupõe
que as outras variedades seriam “incultas”; assim, as noções de “certo” e “errado”
são relativizadas.

Entretanto, o padrão culto é ensinado, tomando-se como referência um padrão de


língua sócio-historicamente constituído. Como o nome da seção indica, há uma
preocupação em abordar noções e categorias gramaticais na perspectiva textual,
mas o tratamento dado à matéria é, predominantemente, teórico-expositivo.

Em Gramática aplicada aos textos, boa parte das atividades é de exercícios baseados
em frases isoladas, mas, com freqüência, a subseção Leitura e análise traz atividades
que consideram o conteúdo estudado na perspectiva de um texto.

Também na seção Do Texto ao Texto há um ensaio de gramática aplicada, com o


fenômeno abordado sendo considerado num co-texto determinado. Em apenas dois
momentos propõem-se, formalmente, atividades de pesquisa envolvendo
conhecimento lingüístico, embora algumas investigações mais simples sejam
sugeridas em certos momentos.

No que diz respeito à literatura, o livro organiza a matéria tal como reza a tradição,
ou seja, com base na sucessão cronológica dos estilos de época, seus autores e
obras. Entretanto, trabalha adequadamente as ferramentas teóricas e efetua análises
bem conduzidas.

É o que se pode verificar no capítulo Para ler a poesia, da Unidade 4, em que os


conceitos de ritmo e melodia vêm definidos de forma sucinta e exata, apoiando-se,
corretamente, nas noções de cadência, estrofe e rima, e desembocando na
multiplicidade de sentidos que o poema pode sugerir.

As informações sobre os gêneros da história literária e dos estilos são sistemáticas e


bem articuladas entre si, numa progressão ordenada dos conhecimentos. O recurso à
etimologia colabora para o esclarecimento dos conceitos, e a análise de textos, que
desenvolvem potencialidades expressivas, colabora no sentido de propiciar, ao
estudante, uma consciência mais nítida do funcionamento da linguagem. O livro articula
o estudo sistemático das literaturas brasileira e portuguesa, assim como a teoria e a
prática da linguagem.

67
A análise
A seção Leitura: interação propõe questões que exigem, do aluno, a leitura e, muitas
vezes, a releitura atenta dos textos. O modo como são formuladas, aberto e preciso,
estimula a participação criativa do aluno. Tanto nos textos mais afastados no tempo
quanto nos contemporâneos, o autor preocupa-se em ampliar a compreensão do aluno,
fornecendo o sentido de vocábulos menos familiares, bem como decifrando suas alusões.

Os alunos são instigados, com freqüência, a ampliar suas leituras, como indica o
texto, na página 627: “A obra poética de Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles,
Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinícius de Moraes não é difícil de ser encontrada. O
que ocorre é que alguns desses poetas não são de fácil leitura. Por isso, sempre que
possível, recorra a edições especialmente preparadas para estudantes, como as da
série Literatura Comentada. Drummond e Cecília devem ser lidos sempre. Leia tudo o
que cair em suas mãos. Murilo e Jorge devem ser lidos com mais vagar – talvez seja
interessante deixá-los para um momento posterior de sua vida. Já Vinícius é uma
leitura fácil – além de ser acessível também sob a forma de compositor popular”.

Muitos dos textos selecionados coincidem com as escolhas tradicionais, muitas vezes
indispensáveis. Mas, tanto pela quantidade quanto pela variedade, apresentam-se, ao
estudante, exemplares representativos, mas poucos conhecidos, de autores mais e
menos consagrados. Além disso, há muitas e motivadoras indicações na subseção
Leitura complementar, inclusive com referências a edições mais facilmente encontráveis
e de preços mais acessíveis: “as edições de Portugal, infelizmente, (...) não costumam
chegar ao Brasil com preços atraentes”. Apresentam-se alternativas de compra em
sebo e de consulta a sítios na Internet e bibliotecas.

Destaca-se, no livro, a articulação que se procura estabelecer entre o estudo da literatura


e as artes plásticas: ilustrações bem escolhidas, acompanhadas de notas elucidativas,
aprofundam a informação histórico-literária, como se pode ver no caso em que um
poema de Alberto Caeiro é apresentado sobre o fundo de um quadro de Aldemir Martins.
Referências à música e ao cinema vêm, também, auxiliar o estudante na conquista da
competência comunicativa e da fruição estética.

O livro do professor, denominado Assessoria Pedagógica, fornece informações


relevantes para o trabalho em sala de aula e explica, ao docente, qual a base do
trabalho a ser desenvolvido no livro didático, não se constituindo apenas num conjunto
de respostas a exercícios. Entretanto, não se explicitam os pressupostos teórico-
metodológicos da obra.

68
69
Anexo
70
Fichas de Língua Portuguesa
FICHAS DE AVALIAÇÃO (*)

Ficha 1

1. CONHECIMENTOS LINGÜÍSTICOS

Critérios Relativos à Reflexão sobre a Linguagem


e à construção de Conhecimentos Lingüísticos

Proposta geral do Livro

1. De modo geral, o que este livro propõe para a construção dos conhecimentos
lingüísticos do aluno?

• nada de novo
• um apego excessivo à tradição normativa
• um equilíbrio entre tradição e novidade
• uma proposta muito inovadora
• outras possibilidades
2. A sistematização dos conhecimentos lingüísticos proposta no livro permite construir
uma reflexão sobre a natureza e o funcionamento da linguagem e, em especial, sobre
a língua portuguesa?

3. Os conhecimentos lingüísticos construídos colaboram para o desenvolvimento da


proficiência em leitura e escrita, isto é, a reflexão construída possibilita um uso mais
consciente dos recursos da língua?

4. Existe alguma tentativa de articulação entre o trabalho com conhecimentos


lingüísticos, as propostas de leitura e produção de texto e o ensino de literatura
presentes no livro? Em caso afirmativo, como ela está organizada?

Gramática e metalinguagem

1. Como a gramática é considerada?

• como o próprio sistema de regras de funcionamento da língua


• como um conjunto de regras normatizadas a serem seguidas em determinadas
instâncias socialmente privilegiadas de uso da língua
• outras possibilidades

(*). Os critérios específicos da área de Língua Portuguesa, que nortearam a avaliação das obras,
estão contemplados nas fichas aqui apresantadas.
71
Fichas de Língua Portuguesa
2. A gramática normativa e a gramática descritiva são apresentadas segundo a
funcionalidade e a relevância específicas de cada um desses instrumentais de estudo
da língua?

3. Há relevância no emprego de metalinguagem, isto é, a nomenclatura gramatical


contribui para a apreensão do fenômeno estudado? Há uma economia de conceitos/
definições ou, ao contrário, um excesso de detalhamento das categorias e
subcategorias?

4. A metalinguagem empregada constitui um fim em si mesma ou é apresentada como


um recurso que facilita a compreensão do fato lingüístico estudado?

5. Há alguma preocupação no livro em discutir os conceitos/definições consagrados


na tradição gramatical ou estes são tomados como pontos pacíficos?

6. O livro recorre a algum aparato teórico diferente do da tradição normativa? Propõe


terminologia alternativa? Neste caso, tais opções estão explicitadas no manual do
professor?

7. Qual concepção de língua adotada no livro?

• reduz-se à de “gramática”
• compreende as dimensões discursivo-pragmática, semântica e textual da atividade de
linguagem
• outras possibilidades
8. A concepção de língua se explicita coerentemente ao longo da obra?

Norma, variação e mudança

1. O livro discute o conceito de norma lingüística? Sob que perspectiva?

2. Como são tratadas as noções de “certo” e “errado”?

• são relativizadas, tomando-se como referência um padrão de língua sócio-


historicamente constituído
• são tidas como absolutas e definitivas
• outras possibilidades
3. Quanto ao uso da língua:

• As formas lingüísticas estudadas correspondem à realidade atual do português


brasileiro contemporâneo, falado e escrito?

72
• Insiste-se em fazer o aluno apreender usos pouco freqüentes ou francamente
Fichas de Língua Portuguesa
obsoletos?

• As exceções listadas são dignas de atenção ou constituem formas já desaparecidas


do uso contemporâneo?

4. Quanto ao fenômeno da variação lingüística:

• A variação é vista como constitutiva da natureza das línguas humanas ou, ao contrário,
como um “problema”?
• Evita-se a sinonímia equivocada variação = erro ou incorre-se na prática tradicional
de mostrar as variantes apenas para reforçar a idéia de que só uma delas é a “certa”?
• O livro se limita às variantes prosódicas (“sotaque”) e lexicais (“aipim”, “mandioca”,
“macaxeira”)?
• Como é tratada no livro a variação sintática?
5. Quanto ao fenômeno da mudança lingüística:

• Há no livro alguma tentativa de abordá-lo? Caso afirmativo, sob que perspectiva?


• Mostra-se de algum modo que o estado atual da língua é resultante de um longo
processo de transformações e que este processo não se interrompeu, mas prossegue
vivo na língua atual?
• Procura-se mostrar que a mudança não é para “pior” nem para “melhor”, mas que é
simplesmente mudança?

Relação fala/escrita

1. Há algum reconhecimento das interpenetrações de fala e escrita?

2. Recorre-se à dicotomia tradicional, que considera fala e escrita isoladamente,


com uma supervalorização da escrita mais monitorada e uma desvalorização da
língua falada?

3. Há alguma contribuição para o desenvolvimento da linguagem oral pelo usuário do livro?

Exercícios e atividades

1. Permitem uma compreensão clara do fenômeno lingüístico estudado?

2. Permitem a apropriação adequada das regularidades em jogo?

73
Fichas de Língua Portuguesa
3. Recorrem às práticas tradicionais de puro reconhecimento e classificação de classes
e/ou funções de palavras, preenchimento de lacunas, substituição de palavras por
seus “sinônimos” etc.?

4. Propõem algum tipo de prática investigativa, de pesquisa, capaz de levar o aprendiz


a verificar a situação real, na língua contemporânea, do fenômeno estudado?

5. Visam a apreensão da regularidade gramatical analisada (reflexão lingüística) ou


a apropriação dos termos técnicos usados para descrevê-la (transmissão de
conteúdos gramaticais)?

6. Como se faz a abordagem das regularidades da língua?

• com recurso a textos autênticos em que os fenômenos ocorrem


• por meio de uma apresentação categórica, exemplificada em frases descontextualizadas
• outras possibilidades
7. As atividades:

• mobilizam e/ou explicitam corretamente os conceitos?


• apresentam variedade e diversidade de propostas?
• são formuladas com clareza?
• contribuem para a construção da cidadania, evitando preconceitos, estereótipos e
formas de doutrinação religiosa e/ou ideológica?

Critérios Relativos ao Ensino da Leitura

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de leitura?

• nada de específico
• uma simples coletânea de textos, a ser livremente explorada pelo professor
• uma coletânea de textos seguidos de atividades de compreensão e interpretação
• outras possibilidades
2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a leitura é tratada,
nas principais seções em que a obra se divide (Produção de textos, Literatura,
Conhecimentos lingüísticos)?

74
Fichas de Língua Portuguesa
• uma proficiência já suficientemente desenvolvida para as demandas escolares e,
portanto, apenas mobilizada pelas demais atividades do livro?
• apoio/subsídio para atividades de produção e/ou de conhecimentos lingüísticos?
• outras possibilidades
3. Há algum tipo de articulação entre a proposta para o ensino de leitura e a dos
demais componentes, em especial a de produção de textos?

Critérios Relativos ao Ensino da Produção de Textos

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de produção de textos?

• nada de específico?
• um conjunto de temas, com pouca ou nenhuma orientação para o aluno?
• uma seleção de propostas de diferentes concursos vestibulares (com ou sem algum
tipo de comentário e/ou orientação para o aluno)?
• uma proposta específica, fundamentada numa concepção de escrita explicitada no
Manual do Professor, com orientação apropriada para professor e para o aluno?
• outras possibilidades
2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a escrita é tratada
nas principais seções em que a obra se divide?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida pelo aluno, a que atividades de


outra natureza eventualmente recorrem?
• apoio/subsídio para atividades de conhecimentos lingüísticos?
• outras possibilidades
3. A proposta para o ensino de produção de textos promove algum tipo de articulação
com os demais componentes, em especial a leitura?

CRITÉRIOS RELATIVOS AO MANUAL DO PROFESSOR

1. Explicita os pressupostos teórico-metodológicos?

2. Apresenta os pressupostos teórico-metodológicos sem erros conceituais ou indução


a erros?

3. Há coerência entre os pressupostos explicitados e o conteúdo do livro?

75
Fichas de Língua Portuguesa
4. Existe explicitação dos objetivos das atividades?
5. Oferece sugestões de leituras complementares para o professor, com referências
bibliográficas completas?

6. Apresenta clareza e correção na formulação das orientações para o professor?

CRITÉRIOS RELATIVOS AOS ASPECTOS GRÁFICO-EDITORIAIS


Funcionalidade e correção SIM NÃO
1 Funcionalidade do sumário na localização das informações
2 Estrutura hierarquizada (títulos, subtítulos, etc.),
evidenciada por meio de recursos gráficos
3 Impressão e revisão isentas de erros graves

Imagens SIM NÃO


1. Apresentação, quando necessário, de títulos, legendas e créditos
2. Auxílio das imagens na compreensão dos textos escritos
3. Ampliação e enriquecimento, através das imagens,
dos potenciais de leitura
4. Ausência de preconceitos nas ilustrações
5. Apresentação a diferentes linguagens visuais

Ficha 2
2. Critérios Relativos ao Ensino da Leitura

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de leitura?

• nada de específico
• uma simples coletânea de textos, a ser livremente explorada pelo professor
• uma coletânea de textos seguidos de atividades de compreensão e interpretação
• outras possibilidades
2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a leitura é tratada,
nas principais seções em que a obra se divide (Produção de textos, Literatura,
Conhecimentos lingüísticos)?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida para as demandas escolares e,


portanto, apenas mobilizada pelas demais atividades do livro?

76
• apoio/subsídio para atividades de produção e/ou de conhecimentos lingüísticos?
Fichas de Língua Portuguesa
• outras possibilidades
3. Há algum tipo de articulação entre a proposta para o ensino de leitura e a dos
demais componentes, em especial a de produção de textos?

Questões relativas à seleção de textos

4. A coletânea apresentada pelo livro justifica-se pela qualidade da experiência de


leitura que os textos possam propiciar, assim como por seu significado social ou
cultural?

OBS. 1: Para responder, faça um levantamento exaustivo do material efetivamente


destinado ao ensino de leitura apresentado pelo livro, identificando as características
principais de cada texto (gênero, tipologia, autenticidade...).
OBS. 2: Ao final deste item, redija uma resposta que sintetize sua análise e avaliação
da questão.

• a seleção é representativa do que a cultura da escrita oferece e/ou exige do jovem e


do adulto de escolaridade média, em termos de experiência de leitura?
• os gêneros e tipos selecionados estão associados a esferas de uso socialmente
relevantes (jornalística, científica, literária etc.), do ponto de vista do jovem e do adulto
de escolaridade média?
• há diversidade significativa de gêneros discursivos e de tipos de textos?
• a produção escrita própria das culturas juvenis está, de alguma forma, contemplada?
• os textos integrais predominam?
• os fragmentos eventualmente presentes têm unidade de sentido?
• os textos originais e autênticos (autorais ou não) constituem maioria absoluta?
• a apresentação dos textos incentiva professores e alunos a buscarem textos e
informações fora dos limites do próprio livro?

Questões relativas às atividades

5. As atividades de compreensão e interpretação têm como objetivo o desenvolvimento


da proficiência em leitura e a formação do leitor em diversos tipos de letramento?

OBS. 1: Ao final deste item, redija uma resposta que sintetize sua análise e avaliação
da questão.

• encaram a leitura como uma situação efetiva de interlocução leitor/autor?


• situam a prática de leitura em seu universo de uso social?
77
• resgatam o contexto de produção do texto explorado?
Fichas de Língua Portuguesa
• definem objetivos para a leitura proposta?
• colaboram para a (re)construção dos sentidos do texto pelo leitor, mobilizando e
desenvolvendo capacidades leitoras envolvidas na formação do leitor crítico?
• exploram as propriedades lingüísticas, discursivas e textuais em jogo, subsidiando
esse trabalho com os instrumentos metodológicos apropriados?
• desenvolvem estratégias e capacidades inerentes ao nível de proficiência que se
pretende levar o aluno a atingir e ao gênero ou tipo de texto trabalhado?
• exigem apreciações e valorações afetivas, estéticas, éticas, políticas e ideológicas
envolvidas na formação do leitor crítico?
• exploram a intertextualidade e a interdiscursividade entre diferentes textos e
linguagens, em diversas mídias?
• mobilizam e/ou explicitam corretamente os conceitos?
• apresentam variedade e diversidade de propostas?
• são formuladas com clareza ?
• contribuem para a construção da cidadania, evitando preconceitos, estereótipos
e formas de doutrinação religiosa e/ou ideológica?

Critérios Relativos ao Ensino da Produção de Textos

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de produção de textos?

• nada de específico?
• um conjunto de temas, com pouca ou nenhuma orientação para o aluno?
• uma seleção de propostas de diferentes concursos vestibulares (com ou sem
algum tipo de comentário e/ou orientação para o aluno)?
• uma proposta específica, fundamentada numa concepção de escrita explicitada
no Manual do Professor, com orientação apropriada para professor e para o aluno?
• outras possibilidades
2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a escrita é
tratada nas principais seções em que a obra se divide?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida pelo aluno, a que atividades de


outra natureza eventualmente recorrem?
• apoio/subsídio para atividades de conhecimentos lingüísticos?
• outras possibilidades
3. A proposta para o ensino de produção de textos promove algum tipo de articulação
com os demais componentes, em especial a leitura?

78
Fichas de Língua Portuguesa
Questões relativas às atividades

4. As atividades trabalham a escrita como processo?


OBS. 1: Ao final deste item, redija uma resposta que sintetize sua análise e avaliação
da questão.

• estabelecem ou discutem objetivos plausíveis para as propostas?


• definem — ou levam os alunos a definir — condições adequadas de produção?
• exploram a adequação entre essas condições de produção e os gêneros e/ou tipos
de discurso compatíveis?
• exploram a adequação entre essas condições de produção e os níveis de linguagem
compatíveis?
• contemplam as diferentes etapas envolvidas na escrita (planejamento, escrita,
avaliação/revisão, reescrita)?

5. As propostas colaboram para o desenvolvimento da proficiência em escrita?


OBS. 1: Ao final deste item, redija uma resposta que sintetize sua análise e avaliação
da questão.

• exploram a produção dos mais diversos gêneros e tipos de texto, contemplando


suas especificidades?
• fornecem subsídios para a elaboração temática dos textos?
• apresentam, discutem e orientam para o uso os mecanismos de coesão e coerência
implicados nos gêneros e tipos de textos propostos?
• apresentam, discutem e orientam para o uso os aspectos relativos à norma culta
pertinentes para a proposta?
• apresentam, discutem e orientam para o uso as estratégias e os mecanismos próprios
de gêneros argumentativos e de textos de opinião?
• propõem referências, exemplos e/ou “modelos” dos gêneros e tipos de texto que
pretendem ensinar o aluno a produzir?
• desenvolvem as capacidades de produção inerentes ao nível de proficiência que se
pretende levar o aluno a atingir?
• mobilizam e/ou explicitam corretamente os conceitos?
• apresentam variedade e diversidade de propostas?
• são formuladas com clareza ?
• contribuem para a construção da cidadania, evitando preconceitos, estereótipos e
formas de doutrinação religiosa e/ou ideológica?

79
Fichas de Língua Portuguesa
Critérios Relativos ao Ensino da Linguagem Oral

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de linguagem oral?

• nada de específico
• informações e conceitos sobre a linguagem oral, veiculados em diferentes seções,
em especial as de conhecimentos lingüísticos
• uma proposta específica, voltada para o uso e fundamentada numa concepção
de linguagem oral explicitada no Livro do Professor, com orientação apropriada
para professor e para o aluno
• outras possibilidades
2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a linguagem
oral é tratada nas principais seções em que a obra se divide?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida pelo aluno, a que atividades de


outra natureza eventualmente recorrem (debates, discussões em grupo, seminários)
• apoio/subsídio para outras atividades, em especial leitura e produção de textos
• outras possibilidades
3. A proposta para o ensino de linguagem oral promove algum tipo de articulação
com os demais componentes, em especial a leitura e a produção de textos?

Questões relativas às atividades

1. As atividades colaboram para o desenvolvimento da linguagem oral pelo aluno?

OBS. 1: Ao final deste item, redija uma resposta que sintetize sua análise e avaliação
da questão.

• favorecem o uso da língua falada na interação em sala de aula?


• exploram as diferenças e semelhanças entre as modalidades oral e escrita da língua?
• exploram as diferenças e semelhanças entre as variedades da linguagem oral?
• exploram gêneros orais diversos?
• exploram os traços da língua padrão relacionados aos gêneros formais/públicos
da linguagem oral?
• mobilizam e/ou explicitam corretamente os conceitos?
• apresentam variedade e diversidade de propostas?
• são formuladas com clareza ?

80
• contribuem para a construção da cidadania, evitando preconceitos, estereótipos e
Fichas de Língua Portuguesa
formas de doutrinação religiosa e/ou ideológica?

Critérios Relativos à Reflexão sobre a Linguagem


e à construção de Conhecimentos Lingüísticos

Proposta geral do Livro

1. De modo geral, o que este livro propõe para a construção dos conhecimentos
lingüísticos do aluno?

• nada de novo
• um apego excessivo à tradição normativa
• um equilíbrio entre tradição e novidade
• uma proposta muito inovadora
• outras possibilidades
2. A sistematização dos conhecimentos lingüísticos proposta no livro permite construir
uma reflexão sobre a natureza e o funcionamento da linguagem e, em especial, sobre
a língua portuguesa?

3. Os conhecimentos lingüísticos construídos colaboram para o desenvolvimento da


proficiência em leitura e escrita, isto é, a reflexão construída possibilita um uso mais
consciente dos recursos da língua?

4. Existe alguma tentativa de articulação entre o trabalho com conhecimentos


lingüísticos, as propostas de leitura e produção de texto e o ensino de literatura
presentes no livro? Em caso afirmativo, como ela está organizada?

Critérios Relativos ao Ensino da Literatura

Proposta geral do Livro

1. Considerando os Princípios e Critérios, o que este livro propõe para o ensino da


literatura constitui uma proposta:

• inovadora, bem formulada e coesa;


• inovadora, mas com problemas de formulação e consistência;
• pouco inovadora, mas bem sustentada e coesa;
• pouco inovadora e com problemas de formulação e falta de consistência;
• outras possibilidades

81
Fichas de Língua Portuguesa
2. A concepção de ensino da literatura, sobre a qual se baseia o livro,

• dá prioridade à experiência de leitura do texto literário?


• toma-o como instrumento para a veiculação de informações externas a ele (história
literária, estilos de época, gênero, autor etc.)?
3. Supondo que o livro tenda à segunda possibilidade, ainda assim, a experiência da
leitura (modo de exploração do texto, análise) está minimamente contemplada e
coerentemente sustentada de modo a favorecer a constituição gradual do aluno em
leitor literário?

CRITÉRIOS RELATIVOS AO MANUAL DO PROFESSOR

1. Explicita os pressupostos teórico-metodológicos?

2. Apresenta os pressupostos teórico-metodológicos sem erros conceituais ou indução


a erros?

3. Há coerência entre os pressupostos explicitados e o conteúdo do livro?

4. Existe explicitação dos objetivos das atividades?

5. Oferece sugestões de leituras complementares para o professor, com referências


bibliográficas completas?

6. Apresenta clareza e correção na formulação das orientações para o professor?

CRITÉRIOS RELATIVOS AOS ASPECTOS GRÁFICO-EDITORIAIS

Funcionalidade e correção SIM NÃO


4. Funcionalidade do sumário na localização das informações
5. Estrutura hierarquizada (títulos, subtítulos, etc.),
evidenciada por meio de recursos gráficos
6. Impressão e revisão isentas de erros graves

Imagens SIM NÃO


7. Apresentação, quando necessário, de títulos, legendas e créditos
8. Auxílio das imagens na compreensão dos textos escritos
9. Ampliação e enriquecimento, através das imagens,
dos potenciais de leitura
10. Ausência de preconceitos nas ilustrações
11. Apresentação a diferentes linguagens visuais

82
Ficha 3
Fichas de Língua Portuguesa
3. Critérios Relativos ao Ensino da Literatura

Proposta geral do livro

1. Considerando os Princípios e Critérios, o que este livro propõe para o ensino da


literatura constitui uma proposta:

• inovadora, bem formulada e coesa;


• inovadora, mas com problemas de formulação e consistência;
• pouco inovadora, mas bem sustentada e coesa;
• pouco inovadora e com problemas de formulação e falta de consistência;
• outras possibilidades.
2. A concepção de ensino da literatura, sobre a qual se baseia o livro,

• dá prioridade à experiência de leitura do texto literário?


• toma-o como instrumento para a veiculação de informações externas a ele (história
literária, estilos de época, gênero, autor etc.)?

3. Supondo que o livro tenda à segunda possibilidade acima listada, ainda assim, a
experiência da leitura (modo de exploração do texto, análise) está minimamente
contemplada e coerentemente sustentada de modo a favorecer a constituição gradual
do aluno em leitor literário?

4. A aproximação ao texto proposta pelo livro é suficientemente adequada de modo a


levar o aluno a captar sua singularidade e a entender sua relevância na assimilação e
fixação de conteúdos considerados úteis à formação do aluno enquanto leitor literário?

5. A abordagem textual proposta pelo livro leva em conta o modo de organização do


texto e também a relevância desta para a apreensão das várias possibilidades
significativas? Leva ela também em conta o papel expressivo dos recursos estilísticos
do texto?

6. Levando em conta que o aluno nem sempre tem familiaridade com o padrão lingüístico
do texto nem com informações contextuais necessárias à sua boa compreensão, há
adequação dos procedimentos adotados pelo autor para facilitar essa tarefa?

7. Os conteúdos ligados à história literária, estilos de época, gêneros, formulados


pelo livro, estão suficientemente claros, coerentes e adequadamente embasados em
ocorrências textuais?

8. Ao lado do trabalho sobre a literatura escrita, o livro valoriza também outros modos
de manifestações literárias (tradição oral, música popular etc)?

83
Fichas de Língua Portuguesa
9. Ao término da leitura do livro, o aluno terá tido oportunidade de um eficiente
exercício de leitura de textos literários, de compreensão de noções fundamentais
de história e teoria literária, de modo a sentir-se capacitado à leitura de textos
mais exigentes e complexos?

10. O livro suscita no aluno a curiosidade de conhecer obras de outras literaturas


que não as de língua portuguesa, de modo a começar a integrá-lo num contexto
cultural mais diferenciado?

11. Como está articulada a seção de literatura com as demais seções do livro
(ensino de língua, leitura e produção textual)?

Quanto à seleção dos textos

1. A escolha dos textos contempla sua singularidade, isto é, aquilo que lhes confere
sua individualidade e qualidade literária?

2. Os textos escolhidos são relevantes para a formação do aluno enquanto leitor


literário, isto é, leitor capacitado a perceber particularidades do texto e saber
relacioná-los com outros diferentes textos?

3. No caso de o texto apresentado ser um fragmento, ele é suficiente em sua


significação? Sua exploração remete ao contexto da obra de que foi extraído?

Quanto às atividades propostas

1. As atividades propostas reforçam no aluno a necessidade da experiência da


leitura direta do texto literário, e insuficiência de substituí-la por procedimentos
tais como paráfrases, resumos etc.?

2. As atividades propostas exigem do aluno a leitura de textos integrais considerados


fundamentais para uma compreensão organizada da literatura enquanto campo de
conhecimento?

3. Os instrumentos para 1 e 2 acima estão claramente formulados na progressão


do livro?

4. As atividades:

• mobilizam e/ou explicitam corretamente os conceitos?


• apresentam variedade e diversidade de propostas?

84
• são formuladas com clareza?
Fichas de Língua Portuguesa
• contribuem para a construção da cidadania, evitando preconceitos, estereótipos e
formas de doutrinação religiosa e/ou ideológica?

Critérios Relativos ao Ensino da Leitura

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de leitura?

• nada de específico
• uma simples coletânea de textos, a ser livremente explorada pelo professor
• uma coletânea de textos seguidos de atividades de compreensão e interpretação
• outras possibilidades

2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a leitura é tratada,
nas principais seções em que a obra se divide (Produção de textos, Literatura,
Conhecimentos lingüísticos)?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida para as demandas escolares e,


portanto, apenas mobilizada pelas demais atividades do livro?
• apoio/subsídio para atividades de produção e/ou de conhecimentos lingüísticos?
• outras possibilidades

3. Há algum tipo de articulação entre a proposta para o ensino de leitura e a dos


demais componentes, em especial a de produção de textos?

Critérios Relativos ao Ensino da Produção de Textos

Proposta geral do livro

1. O que o livro propõe, como apoio didático para o ensino de produção de textos?

• nada de específico?
• um conjunto de temas, com pouca ou nenhuma orientação para o aluno?
• uma seleção de propostas de diferentes concursos vestibulares (com ou sem algum
tipo de comentário e/ou orientação para o aluno)?
• uma proposta específica, fundamentada numa concepção de escrita explicitada no
Manual do Professor, com orientação apropriada para professor e para o aluno?
• outras possibilidades

85
Fichas de Língua Portuguesa
2. No caso de o livro não apresentar uma proposta específica, como a escrita é
tratada nas principais seções em que a obra se divide?

• uma proficiência já suficientemente desenvolvida pelo aluno, a que atividades de


outra natureza eventualmente recorrem?
• apoio/subsídio para atividades de conhecimentos lingüísticos?
• outras possibilidades
3. A proposta para o ensino de produção de textos promove algum tipo de articulação
com os demais componentes, em especial a leitura?

Critérios Relativos à Reflexão sobre a Linguagem


e à construção de Conhecimentos Lingüísticos

Proposta geral do Livro

1. De modo geral, o que este livro propõe para a construção dos conhecimentos
lingüísticos do aluno?

• nada de novo
• um apego excessivo à tradição normativa
• um equilíbrio entre tradição e novidade
• uma proposta muito inovadora
• outras possibilidades
2. A sistematização dos conhecimentos lingüísticos proposta no livro permite
construir uma reflexão sobre a natureza e o funcionamento da linguagem e, em
especial, sobre a língua portuguesa?

3. Os conhecimentos lingüísticos construídos colaboram para o desenvolvimento


da proficiência em leitura e escrita, isto é, a reflexão construída possibilita um uso
mais consciente dos recursos da língua?

4. Existe alguma tentativa de articulação entre o trabalho com conhecimentos


lingüísticos, as propostas de leitura e produção de texto e o ensino de literatura
presentes no livro? Em caso afirmativo, como ela está organizada?

CRITÉRIOS RELATIVOS AO MANUAL DO PROFESSOR

1. Explicita os pressupostos teórico-metodológicos?

2. Apresenta os pressupostos teórico-metodológicos sem erros conceituais ou


indução a erros?

86
Fichas de Língua Portuguesa
3. Há coerência entre os pressupostos explicitados e o conteúdo do livro?

4. Existe explicitação dos objetivos das atividades?

5. Oferece sugestões de leituras complementares para o professor, com referências


bibliográficas completas?

6. Apresenta clareza e correção na formulação das orientações para o professor?

CRITÉRIOS RELATIVOS AOS ASPECTOS GRÁFICO-EDITORIAIS

Funcionalidade e correção SIM NÃO


1. Funcionalidade do sumário na localização das informações
2. Estrutura hierarquizada (títulos, subtítulos, etc.),
evidenciada por meio de recursos gráficos
3. Impressão e revisão isentas de erros graves

Imagens SIM NÃO


1. Apresentação, quando necessário, de títulos, legendas e créditos
2. Auxílio das imagens na compreensão dos textos escritos
3. Ampliação e enriquecimento, através das imagens,
dos potenciais de leitura
4. Ausência de preconceitos nas ilustrações
5. Apresentação a diferentes linguagens visuais

87
88
89
ISBN Nº : 85-296-0035-5

90
1
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil

Tarso Genro
Ministro de Estado da Educação

Fernando Haddad
Secretário-Executivo

2
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Básica
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

Catálogo do Programa
Nacional do Livro para
o Ensino Médio

PNLEM / 2006

Matemática

Brasília
2004

3
Francisco das Chagas Fernandes
Secretário de Educação Básica

José Henrique Paim Fernandes


Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE

Lucia Helena Lodi


Diretora de Políticas de Ensino Médio

Daniel Silva Balaban


Diretor de Ações Educacionais

Alexandre Serwy
Coordenador-Geral dos Programas do Livro

Francisco Potiguara Cavalcante Júnior


Coordenador-Geral de Políticas de Ensino Médio

Magda Rejane Cordeiro de Araujo Soares


Coordenadora-Geral de Assistência aos Sistemas de Ensino

Equipe Técnica - SEB/DPEM


Lunalva da Conceição Gomes
Maria Marismene Gonzaga
Mirna França da Silva de Araujo

Equipe Técnica - FNDE


Neuza Helena Portugal
Silvério Morais da Cruz
Sônia Schwartz Coelho

Projeto Gráfico e Diagramação


Daniel Tavares

Ministério da Educação
Secretaria de Educação Média e Tecnológica
Esplanada dos Ministérios - Bloco L - 4º andar - sala 425
Brasília-DF - 70047-900
E-mail: ensinomedio@mec.gov.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Centro de Informação e Biblioteca em Educação (CIBEC)

C357c Catálogo do Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio : PNLEM/2005 :


Matemática / [coordenação Paulo Figueiredo Lima]. – Brasília : MEC,
SEMTEC, FNDE, 2004.
80 p. ISBN 85-296-0034-7.

1. Avaliação do livro didático. 2. Conteúdos do livro didático. 3. Matemática. 4. Programa


Nacional do Livro para o Ensino Médio. I. Lima, Paulo Figueiredo. II. Brasil. Secretaria de
Educação Média e Tecnológica. III. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.

CDU: 371.671.1: 51

4
Sumário
Carta ao Professor .......................................................................................... 7

Apresentação .................................................................................................. 8

Critérios Comuns ............................................................................................ 10

Orientações para Escolha ............................................................................. 13

Resenhas de Matemática .............................................................................. 15


Equipe Responsável ................................................................................ 16

Matemática ........................................................................................... 17
(Adilson Longen)
Matemática ........................................................................................... 22
(Edwaldo Roque Bianchini / Herval Paccola)
Matemática ........................................................................................... 26
(Luiz Roberto Dante)
Matemática ........................................................................................... 31
(Manoel Rodrigues Paiva)
Matemática ........................................................................................... 36
(Maria José Couto de Vasconcelos Zampirolo / Maria Terezinha Scordamaglio /
Suzana Laino Cândido)
Matemática ............................................................................................. 41
(Oscar Augusto / Guelli Neto)
Matemática Ensino Médio ...................................................................... 46
(Kátia Cristina Stocco Smole / Maria Ignez de Sousa Vieira /
Rokusaburo Kiyukawa)
Matemática Aula por Aula ........................................................................ 50
(Cláudio Xavier da Silva / Benigno Barreto Filho)
Matemática Ciência e Aplicações ............................................................ 55
(Gelson Iezzi / Osvaldo Dolce / Hygino Hugueros Domingues / Roberto Périgo /
David Mauro Degenszajin / Nilze Silveira de Almeida)
Matemática no Ensino Médio ................................................................... 60
(Márcio Cintra Goulart)
Matemática: Uma Atividade Humana ......................................................... 64
(Adilson Longen)

Anexos ............................................................................................................. 69
(Critérios Específicos de Matemática) ............................................................. 71
(Ficha de Matemática) ...................................................................................... 79

Referências ................................................................................................... 83

5
6
Carta ao Professor
Prezados Professor e Professora,

Longe de ser a única possibilidade de trabalho, o livro didático é um


instrumento que, utilizado como complemento do projeto político-
pedagógico da escola, certamente contribuirá para promover a reflexão
e a autonomia dos educandos, assegurando-lhes aprendizagem efetiva
e contribuindo para fazer deles cidadãos participativos. Para tanto, ele
deve ser isento de erros conceituais ou preconceitos, deve incentivar o
debate e estimular o trabalho do professor dentro e fora da sala de aula.
É importante que sua proposta seja flexível, permitindo sua utilização
em diversos contextos socioculturais e regionais.

É com essa concepção que o Ministério da Educação, por intermédio


da Secretaria de Educação Básica – SEB, em parceria com o Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, está implantando
o Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio / PNLEM.

O Catálogo dos Livros do Ensino Médio, que chega agora até sua escola,
contém a síntese das obras de Língua Portuguesa e de Matemática
avaliadas e aprovadas, que serão escolhidas por vocês, professores,
como um material de apoio à prática pedagógica.

Assim, esperamos que façam uma boa escolha, coerente com a


proposta pedagógica da escola e que represente o consenso entre
todos os profissionais envolvidos neste processo.

7
Apresentação
A AVALIAÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

O Ministério da Educação distribui, desde 1985, livros didáticos aos alunos matriculados
no ensino fundamental da rede pública. Em sua proposta inicial, o Programa Nacional
do Livro Didático/PNLD previa, apenas, a escolha dos livros pelo professor, com a
conseqüente distribuição pelo MEC.

A partir de 1993, evidenciou-se a necessidade de uma análise do material distribuído,


com vistas a garantir a qualidade desses livros e, por conseguinte, a qualidade do
ensino nas escolas públicas brasileiras.

Em 1995, pela primeira vez, os professores passaram a escolher seus livros com base
em análises elaboradas por especialistas nas diversas áreas do conhecimento –
Matemática, Ciências, Estudos Sociais (que conforme a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional foi desmembrado em Geografia e História, Língua Portuguesa e
livros de Alfabetização) - e publicadas sob a forma de resenhas, no Guia de Livros
Didáticos. Posteriormente, a partir do PNLD/2001, o MEC passou a avaliar e a distribuir
dicionários de Língua Portuguesa aos alunos do ensino fundamental, como forma de
fornecer a esses alunos um instrumento de leitura e escrita voltado para a ampliação
do repertório lingüístico e para o desenvolvimento da autonomia no que se refere à
busca de novos conhecimentos.

A avaliação das obras didáticas pelo PNLD teve reflexos importantes na escola e no mercado
editorial. A análise dos dados referentes à escolha dos livros pelos professores mostra que
a escolha inicialmente recaía sobre os livros menos qualificados e, posteriormente, passou
a incidir sobre os mais bem qualificados, apontando o comprometimento dos professores
e da escola com a qualidade do material didático oferecido ao aluno.

O mercado editorial também passou por alterações bastante positivas, e a mais


significativa delas é a melhoria da qualidade do material enviado para a avaliação.
Essa melhoria pôde ser verificada pelo aumento de coleções e de livros recomendados
e a redução de obras excluídas. Evidenciou-se, também, uma renovação da produção
didática brasileira, isto é, a inclusão de novas obras para avaliação.

O impacto positivo do PNLD levou o MEC à ampliação das ações de avaliação e de


distribuição de livros didáticos para o ensino médio. Essa iniciativa vem aumentar
ainda mais a discussão que se estabelece desde o início das avaliações acerca do
papel do livro didático na escola, suas implicações pedagógicas, os critérios de avaliação
para o desenvolvimento de um trabalho de qualidade em sala de aula e a importância
de uma escolha consciente e autônoma por parte dos professores.

A avaliação dos livros do ensino médio tem em comum com o ensino fundamental a visão
de que, sendo o livro didático uma importante ferramenta para professores e alunos, ele
deve ter características que permitam sua utilização em diferentes contextos e realidades.

8
Apresentação
Para tanto, é necessário contar com um material de apoio diversificado, flexível e
abrangente. Em momento algum o livro será um substituto do professor ou de suas
experiências pedagógicas, mas poderá ser um bom referencial para ampliar os trabalhos
em sala de aula.

A formação dos alunos no ensino médio deve levar em conta fatores diversos, como
o respeito ao contexto social, à diversidade e à pluralidade; deve promover o
desenvolvimento das capacidades de inferir, argumentar, pesquisar, produzir e deve
estar em consonância com as múltiplas finalidades do ensino médio, estabelecidas
pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação1:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino
fundamental, possibilitando o prosseguimento dos estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade às novas condições
de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética
e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos,
relacionando a teoria e a prática, no ensino de cada disciplina.

Finalmente, o Programa Nacional do Livro para o Ensino Médio será implantado


gradativamente, por isso, em 2005, serão distribuídas obras de Língua Portuguesa e
de Matemática aos alunos matriculados na 1ª série da rede pública de ensino das
regiões Norte e Nordeste.

Para Língua Portuguesa, deverá ser escolhido um livro único, que será utilizado durante
os três anos (2005, 2006 e 2007); para Matemática, será escolhida uma coleção
composta por três volumes, cada um dedicado ao conteúdo de um ano. Em 2005, será
distribuído o primeiro volume da coleção, referente à 1ª série. Os volumes subseqüentes
estarão nas escolas nos anos seguintes (2006 e 2007).

A seguir, vocês encontrarão, além dos critérios que nortearam o processo de avaliação,
as orientações para escolha e envio do formulário. Sugerimos a leitura de todas as
informações como forma de garantir uma escolha eficiente.

1. Lei nº 9. 394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação, art. 35


9
Critérios Comuns
O PROCESSO DE AVALIAÇÃO

A avaliação dos livros que constam deste catálogo foi realizada por equipes de
especialistas nas áreas de Língua Portuguesa e de Matemática, que analisaram,
detalhadamente, cada uma das obras: suas qualidades, suas deficiências e as
possibilidades de trabalho que ofereceriam aos professores da rede pública.
Para proceder essa avaliação, foram definidos critérios comuns e específicos,
detalhados a seguir:

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO

Para cumprir adequadamente a função didático-pedagógica, o livro didático


precisa atender, inicialmente, a uma tripla exigência:

• correção das informações, conceitos e procedimentos que integram o


componente curricular;
• adequação de sua proposta didático-pedagógica em relação à situação
de ensino-aprendizagem e aos objetivos visados;
• sintonia com a legislação e os demais instrumentos oficiais que
regulamentam e orientam a Educação Nacional.

10
Critérios Comuns
CRITÉRIOS COMUNS ELIMINATÓRIOS

Alguns aspectos são fundamentais na análise e na avaliação, portanto, estabeleceram-


se critérios que, ao serem violados, implicaram a eliminação da obra. São eles:

1) Correção dos conceitos e das informações básicas;


2) Respeito aos princípios de construção da cidadania.

Em conseqüência, as obras de destinação escolar não poderão:

• Relativo ao primeiro critério

a) formular erroneamente os conceitos que veiculem;


b) fornecer informações básicas erradas ou desatualizadas;
c) mobilizar de forma inadequada esses conceitos e informações, levando o aluno
a construir de forma incorreta conceitos e procedimentos.

• Relativo ao segundo critério

a) privilegiar um determinado grupo, camada social ou região do País;


b) veicular preconceitos de origem, cor, condição econômico-social, etnia,
gênero, orientação sexual, linguagem ou qualquer outra forma de
discriminação;
c) divulgar matéria contrária à legislação vigente para a criança e o adolescente,
no que diz respeito a fumo, a bebidas alcoólicas, a medicamentos, a drogas
e a armamentos, entre outros;
d) fazer publicidade de artigos, de serviços ou de organizações comerciais,
salvaguardada, entretanto, a exploração estritamente didático-pedagógica
do discurso publicitário;
e) fazer doutrinação religiosa.

O desrespeito a qualquer um desses critérios ou compromete a construção e o exercício


da cidadania, ou afigura-se discriminatório, além de contrário aos objetivos do Ensino
Médio e da Educação Nacional.

OUTROS CRITÉRIOS COMUNS

Coerência e adequação metodológicas

Na base de qualquer proposta didático-pedagógica, está um conjunto de escolhas teóricas


e metodológicas, conjunto esse responsável tanto pela coerência interna da obra, quanto
pela sua posição relativa no confronto com outras propostas ou outras possibilidades.

11
Critérios Comuns
Nesse sentido, algumas exigências se impõem no livro didático:

• que explicite suas escolhas teórico-metodológicas;

• que articule, quando for o caso, as diferentes opções a que recorra,


evidenciando a compatibilidade entre elas;

• que apresente coerência entre as opções declaradas e a proposta efetivamente


formulada;

• que as opções efetuadas contribuam, no seu conjunto, para a consecução dos


objetivos, quer da educação em geral, quer da disciplina e do nível de ensino
em questão;

• que a proposta pedagógica propicie tanto a construção de conhecimentos


relevantes, quanto o desenvolvimento de diferentes capacidades cognitivas, como
compreensão e memorização, análise e síntese, observação, generalização e
formulação de hipóteses, previsão e planejamento, entre outras.

QUALIDADE DO LIVRO DO PROFESSOR

Um livro didático não será capaz de explicitar adequadamente sua fundamentação se


não apresentar, em seção ou livro dirigido ao professor, os objetivos e pressupostos
teórico-metodológicos que nortearam sua elaboração. O livro do professor não deve
ser apenas uma cópia do livro do aluno com os exercícios resolvidos. Para cumprir
suas funções deve:

• descrever a estrutura geral da obra, explicitando a articulação pretendida entre


suas unidades e os objetivos específicos de cada uma delas;
• orientar, com formulações claras e precisas, os manejos pretendidos ou
desejáveis do material em sala de aula;
• sugerir atividades complementares, como projetos, pesquisas, jogos, etc;
• fornecer respostas ou padrões de respostas para parte das atividades
propostas aos alunos;
• discutir o processo de avaliação da aprendizagem e mesmo sugerir
instrumentos, técnicas e atividades;
• informar e orientar o professor a respeito de conhecimentos atualizados ou
especializados, indispensáveis à adequada compreensão de aspectos específicos
de uma determinada atividade ou mesmo da proposta pedagógica do livro.

12
Orientações para Escolha
A ESCOLHA DOS LIVROS

Como já dissemos, o livro no ensino médio tem múltiplos papéis: (i) favorecer a ampliação
dos conhecimentos adquiridos ao longo do ensino fundamental; (ii) oferecer informações
capazes de contribuir para a inserção dos alunos no mercado de trabalho, o que implica a
capacidade de buscar novos conhecimentos de forma autônoma e reflexiva; e (iii) oferecer
informações atualizadas, de forma a atuar como apoio à formação continuada do professor,
na maioria das vezes impossibilitado, pela demanda de trabalho, de atualizar-se em sua
área específica. Tendo em vista tantas funções, a escolha do livro que irá subsidiar o trabalho
dos professores deve ser criteriosa e afinada com as características da escola e dos alunos
e com o contexto educacional em que estão inseridos.

As resenhas constantes deste catálogo procuram mostrar para os docentes, além dos
aspectos gerais do livro voltados para a adequação do conteúdo, fatores como a ausência
de erros e de preconceitos, as possibilidades de trabalho e a necessidade de mediação, em
maior ou menor grau, do professor. Contudo, os textos das resenhas não esgotam as
possibilidades nem as deficiências das obras, mas buscam uma aproximação entre o
leitor/professor e os livros analisados. Adequar os conteúdos à realidade dos alunos, ampliar
e aprofundar os conhecimentos e as informações veiculadas, propor alternativas pedagógicas
diversificadas, atendendo os interesses dos alunos, são funções que cabem apenas ao
professor, pois ele é o detentor da informação primordial para um bom trabalho em sala de
aula: o perfil, as expectativas, o contexto e as especificidades socioculturais dos educandos.

Tendo em vista todos esses aspectos que elencamos é que se faz necessária uma
escolha criteriosa, pautada no dia-a-dia e que envolva o conjunto de professores. É
importante lembrar que essa é uma decisão da escola e que os livros serão utilizados
por três anos consecutivos, portanto, irão acompanhar o desenvolvimento dos alunos
ao longo do ensino médio.

Sugerimos que vocês, professores, promovam momentos de leitura em grupo e discussão


das resenhas, e que cada professor procure relacionar o conteúdo dos textos à sua
prática pedagógica, socializando essa reflexão com seus colegas. Procurem levantar
questões como: adequação dos conteúdos à proposta pedagógica da escola; abordagem
metodológica voltada para a autonomia dos educandos; valorização do indivíduo como
cidadão crítico e atuante; uso de linguagem clara e objetiva, sem ser banal ou infantilizada;
entre outras que vocês considerarem pertinentes.

O livro do professor merece um cuidado todo especial, afinal, é com ele que vocês irão
contar no momento de definir os caminhos a serem seguidos quando da utilização do
livro didático pelo aluno. A proposta metodológica do livro precisa ser coerente com a
desenvolvida no livro do aluno, sem, no entanto, indicar um trabalho diretivo ou inflexível.
Também é importante observar se as atividades ou os encaminhamentos proporcionam
a articulação dos conteúdos com outras áreas do conhecimento e com as experiências

13
Orientações para Escolha
de vida dos alunos; se valoriza o trabalho em grupo e propõe a discussão e o debate como
alternativas de ensino. Essas e muitas outras questões deverão ser consideradas antes
de vocês efetuarem a escolha. Durante as conversas e a leitura das resenhas, as questões
irão surgindo e deverão ser aproveitadas como material para discussão do grupo.

Após a leitura em grupo e a discussão dos pontos relevantes, vocês terão diversos
elementos importantes e poderão chegar a um consenso, munidos de informações
significativas e concretas.

Por fim, esperamos que vocês realizem uma escolha consciente, capaz de contribuir,
efetivamente, para a consecução de seus objetivos pedagógicos nos próximos três
anos e, principalmente, para a formação de cidadãos autônomos, críticos e
participativos.

Para que a escola receba os livros, o preenchimento correto dos formulários é


imprescindível, por isso, as orientações que se seguem devem ser observadas.

Vocês receberam, juntamente com este catálogo, um conjunto de etiquetas auto-


adesivas em que constam os códigos de barras referentes às coleções (no caso de
Matemática) ou livros (no caso de Língua Portuguesa). Após a escolha, essas etiquetas
deverão ser coladas no formulário “Carta-resposta”, que será enviado ao FNDE,
responsável pela distribuição dos livros.

14
Resenhas de Matemática

15
Equipe Responsável
Coordenação
Paulo Figueiredo Lima

Coordenação adjunta
Alciléa Augusto
Geraldo Severo de Souza Ávila
Verônica Gitirana Gomes Ferreira

Pareceristas
Abigail Fregni Lins
Abraão Juvêncio de Araújo
Adriano Pedrosa de Almeida
Airton Carrião Machado
Almir Olímpio Alves
Ângela Tavares Paes
Aparecida Augusta da Silva
Arlete de Jesus Brito
Celi Aparecida Espasandin Lopes
Célia Rodrigues dos Santos
Cileda de Queiroz e Silva Coutinho
Cleiton Batista Vasconcelos
Elizabeth Belfort da Silva Moren
Elvia Mureb Sallum
Fernando Raul de Assis Neto
Francisco Egger Moellwald
Gilda de La Rocque Palis
Glauco Reinaldo Ferreira de Oliveira
Haydée Werneck Poubel
Iole de Freitas Druck
José Carlos Pinto Leivas
Luiz Carlos Guimarães
Marcelo Câmara dos Santos
Maria Ângela Miorim
Maria Auxiliadora Vilela Paiva
Maria Laura Magalhães Gomes
Marilena Bittar
Méricles Thadeu Moretti
Nora Olinda Cabrera Zúñiga
Pedro Luiz Aparecido Malagutti
Renate Gompertz Watanabe
Rogério da Silva Ignácio
Rômulo Marinho do Rêgo
Rony Cláudio de Oliveira Freitas
Rosa Lúcia Sverzut Baroni
Roseane Sobrinho Braga
Tânia Schmitt
Vera Lúcia Xavier Figueiredo
Yuriko Yamamoto Baldin

16
Matemática

Adilson Longen

Editora Nova
Didática LTDA.

029015

Síntese avaliativa

A coleção apresenta, de modo claro e objetivo, os conteúdos usualmente estudados


no ensino médio. No entanto, temas relevantes para a formação atual, como matemática
financeira, não são abordados. Além disso, a distribuição adotada leva à concentração
dos temas em grandes blocos: toda a geometria analítica, por exemplo, é estudada
no terceiro volume.

Os tópicos são, em geral, introduzidos com base em situações-problema e o


desenvolvimento dos conteúdos é conduzido gradualmente e de maneira a envolver o
aluno no processo. No entanto, faltam as devidas justificativas em grande parte das
explanações contidas no texto.

Em geral, na introdução dos temas, há uma boa articulação com o campo da geometria.
Entretanto, outras conexões importantes deixam de ser feitas, como entre geometria
analítica e sistemas lineares, e entre probabilidade e estatística.
O livro do professor fornece informações úteis a um bom uso da obra, principalmente
com discussões de questões didáticas relativas a cada unidade.

17
A coleção

Os livros começam com um Sumário e são organizados em unidades divididas em


itens, que tratam de tópicos do tema central. Os itens iniciam-se com situações-problema
e questões que articulam essas situações com os conteúdos. Nos itens, encontram-se
algumas seções especiais, apresentadas em caixas de texto: Troca de idéias, que
objetiva lançar questões para discussão com a turma; Em equipe, com atividades para
o trabalho em grupo. Há, também, outras seções: Atenção, que retoma e destaca
conhecimentos necessários ao entendimento de tópicos que virão a seguir; Organizando
as idéias, com as conclusões de estudos anteriores; Atividades, localizadas após o
desenvolvimento de um assunto; Questões sobre a unidade, ao final de cada unidade,
com o predomínio de testes de múltipla escolha. Ao final do livro do aluno encontram-se
Indicações de Leitura e Respostas das Questões, com o gabarito dos testes propostos
na seção Questões sobre a unidade.

O livro do professor reproduz, integralmente, o livro do aluno, acrescido de respostas,


resoluções e comentários sobre as atividades propostas e um suplemento pedagógico.
Este é estruturado em itens comuns à coleção e a outros, específicos do volume. Após
uma Introdução, há os itens: Características da Matemática; O conhecimento matemático
no ensino médio. Seguem-se orientações pedagógicas apresentadas nos itens: Ensino e
Aprendizagem de Matemática – Objetivos; A aula de Matemática; e A avaliação na
Matemática. Por fim, Referências bibliográficas e Estrutura da Coleção. Na parte específica,
são apresentados os conteúdos e encaminhamentos, com discussão sobre o tema de
cada unidade, comentários e resoluções das atividades propostas no livro do aluno.

1a série
Conjuntos numéricos: naturais; inteiros; racionais; reais • Potenciação e radiciação no
conjunto dos números reais • Introdução à teoria dos conjuntos: idéias iniciais; subconjuntos;
operações; conjuntos e lógica; implicação e lógica • Sistema de coordenadas cartesianas
• Trigonometria no triângulo retângulo • Relações trigonométricas em um triângulo qualquer:
Lei dos senos e dos co-senos • Introdução a funções: definição; gráfico • Função afim: sinal;
função linear e proporcionalidade • Função quadrática: gráfico; parábola e os eixos
coordenados; sinal; vértice; máximo e mínimo · Progressão aritmética • Progressão
geométrica • Função exponencial: conceituação; equações • Função logarítmica: logaritmos;
propriedades; conceituação • Composição e inversão de funções • Função modular: Módulo;
conceituação • Trigonometria na circunferência • Razões trigonométricas na circunferência
de raio unitário • Funções trigonométricas • Operações com arcos.

2a série
Introdução à estatística: freqüência; representação gráfica; medidas de tendência central e
de dispersão • Geometria: Conceitos primitivos e postulados; Posições relativas entre retas
e planos • Análise combinatória: princípio fundamental da contagem; princípio aditivo; fatorial;
permutação; arranjos e combinações • Geometria: poliedros; prismas · Probabilidades:
espaço amostral; propriedade; operações • Áreas e volumes de prismas e cilindros:
paralelepípedo; Princípio de Cavalieri; secção meridiana de um cilindro · Sistemas lineares:
escalonamento; discussão; sistemas lineares e determinantes · Geometria: área de superfície

18
A coleção

e volume de pirâmides e cones • Binômio de Newton · Geometria: área de superfície e


volume de esfera; sólidos inscritos e circunscritos.

3a série
Matrizes: igualdade; operações; matriz inversa • Determinantes: sistemas lineares; Teorema
de Laplace; propriedades • Geometria analítica: distância entre dois pontos; equações da
reta; ângulo entre duas retas; condições de paralelismo e de perpendicularidade • Geometria
analítica: distância do ponto à reta; equações da circunferência • Polinômios: valor numérico;
igualdade; operações; teorema do resto; divisibilidade • Números complexos: igualdade;
operações; o plano complexo; forma trigonométrica; potenciação; radiciação • Equações
algébricas: teorema das raízes racionais e das raízes imaginárias; relações de Girard; teorema
de Bolzano • Geometria analítica das cônicas: elipse; hipérbole; parábola.
A análise

A seleção dos conteúdos apresenta os temas usualmente tratados no ensino médio


nos campos da aritmética, da álgebra, da geometria, da trigonometria, da geometria
analítica, da estatística e probabilidade, e da combinatória. A obra ressente-se da
falta da matemática financeira, tema essencial para a formação do cidadão.

Na distribuição dos conteúdos, o tratamento de determinados temas restringe-se a


uma só série. Por exemplo, a geometria euclidiana está concentrada no volume da 2ª
série e, a analítica, no da 3a série, enquanto a estatística e a probabilidade são tratadas
apenas no volume da 2a série. Uma extensa parte do volume da 1a série é destinada à
trigonometria, a qual não é vista nas outras séries.
Verifica-se, na abordagem dos conteúdos, que o desenvolvimento da geometria
euclidiana começa pelo estudo dos conceitos primitivos e postulados, das posições
relativas entre plano, reta e ponto, passando para o estudo dos poliedros e do cilindro e,
daí, para os estudos da pirâmide, cone e esfera. Todos esses estudos são permeados
pela álgebra, com ênfase no cálculo de áreas e volumes, com exceção da introdução,
que enfatiza a teoria dos conjuntos.

O estudo das matrizes não é suficientemente aproveitado, pois elas não são utilizadas
no processo de escalonamento para resolver sistemas lineares, o que torna esse
processo mais extenso e demorado, com a repetição inútil das incógnitas a cada
passo. O método de Cramer é apresentado como uma regra que estabelece a fórmula
para a solução dos sistemas em termos de determinantes e a restrição de que o
determinante do denominador seja diferente de zero só é feita no manual do professor.

Observa-se que a diversidade de representações e linguagens é valorizada na obra.


Encontram-se tabelas em todas as séries. A linguagem simbólica é bem distribuída
e a língua portuguesa é bem explorada, apesar de coloquial. Desenhos são distribuídos
ao longo da coleção, por exemplo: articulados com a trigonometria, usados como
representação de função polinomial do 2o grau; na visualização das propriedades de

19
A análise

figuras geométricas; para destacar aspectos de cortes de sólidos ou, ainda, nas
demonstrações das equações das cônicas.

A diversidade de enfoques se expressa por meio da articulação entre os campos da


matemática, como função quadrática, que é estudada com base em uma situação
que envolve aspectos algébricos, geométricos e aritméticos.

Há articulação entre os campos da aritmética, da álgebra e da geometria. Uma das


características que se sobressai é a forte utilização da geometria como tema e suporte
didático para o desenvolvimento de outros campos. Exemplos disso ocorrem na
introdução das progressões geométricas e das equações algébricas.
Cabe mencionar, no entanto, que a interpretação geométrica não é abordada no estudo
dos sistemas lineares. A estatística é tratada no início do volume da 2a série, e a
probabilidade é trabalhada cinco unidades à frente, sem que seja feita articulação
entre as duas. Tratamento análogo se dá com o binômio de Newton e a análise
combinatória, que são apresentados, nesse mesmo volume, com pouca articulação.
Além disso, em alguns pontos, há excessiva fragmentação dos conteúdos, como as
muitas subdivisões da geometria euclidiana no volume da 2a série, o que dificulta uma
visão mais geral desse campo. Essa fragmentação também é observada na abordagem
das funções reais.

Sobre contextualização, são propostos textos que destacam aspectos referentes


aos processos históricos de produção do conhecimento matemático. São, também,
apresentados temas sobre saúde pública para introduzir estatística; questões
ambientais, nas representações gráficas, e Direitos do Trabalhador para abordar função
composta.

A Matemática e a Física são articuladas por meio das leis fundamentais do movimento
planetário para discutir a elipse; a articulação com a Geografia verifica-se na obtenção
de coordenadas geográficas, e, com a Biologia, nas aplicações da probabilidade a
estudos de genética.

A sistematização dos conteúdos vai sendo construída aos poucos. Os conceitos


são apresentados a partir de uma situação-problema normalmente acompanhada
de uma ilustração, que serve de referência ao aluno para discutir o tema proposto.
Essas discussões são encaminhadas por meio das seções Troca de idéias,
Atividades e Em equipe. A seção Organizando as idéias se encarrega de resumir,
organizar e formalizar os conteúdos ao final de cada unidade. Porém, são poucas
as vezes em que esse trabalho é feito com as devidas justificativas. Além disso,
observam-se algumas abordagens inadequadas sobre função composta, números
irracionais e quadriláteros.

20
A análise

Quanto à metodologia de ensino-aprendizagem, o aluno é incentivado a pensar, a


refletir e a interagir com os colegas a partir de sugestões encontradas nas caixas de
texto Troca de idéias.

As seções Em equipe, Desafio e Pesquise propiciam o desenvolvimento das


habilidades de explorar, estabelecer relações, generalizar, criticar e se expressar. No
entanto, demonstrações, importantes nessa fase de ensino, são evitadas, mesmo
algumas bem simples.

Com exceção feita aos desafios e às questões de vestibulares, a maioria das


atividades é de aplicação imediata de resultados e não exige muita reflexão. No
volume da 1ª série, são propostos exercícios envolvendo o uso da calculadora. O uso
do transferidor e do compasso é estimulado nas 2a e 3a séries. Os Desafios são
colocados em destaque, exigindo dedicação e aprofundamento teórico, podendo ser
resolvidos com a teoria abordada e são analisados no livro do professor.

A linguagem utilizada é clara e acessível, destacando-se, nesse detalhe, os


textos históricos.

Ilustrações e exemplos evidenciam as contribuições da Matemática para a


construção da cidadania. Na estatística têm-se questões de saúde pública e
ambiental que auxiliam a tomada de consciência do cidadão.

No livro do professor, além da apresentação de fundamentos pedagógicos sobre a


Matemática no ensino médio, da avaliação e das referências bibliográficas, discutem-
se questões didáticas pertinentes ao uso da coleção, que incluem observações,
resoluções e sugestões relativas aos problemas propostos, unidade por unidade.

21
Matemática

Edwaldo Roque Bianchini


Herval Paccola

Editora
Moderna LTDA.

029005

Síntese avaliativa

A coleção desenvolve os conteúdos usualmente presentes no ensino médio, incluindo-se


noções de limite e derivada. Os capítulos são, em geral, iniciados por um texto com
informações históricas, relacionadas ao tema a ser tratado. A linguagem é adequada ao
aluno a que se destina e os vários tipos de textos e ilustrações encorajam sua leitura.

A contextualização é um ponto característico da obra e se reflete na escolha dos


títulos de seus capítulos. Há textos variados e interessantes, que podem favorecer a
articulação da Matemática com outras áreas do conhecimento.

Os conteúdos matemáticos são introduzidos por meio de textos que motivam e auxiliam
o seu entendimento. Porém, a sistematização é um dos pontos fracos dessa coleção.
Todo o conteúdo é, geralmente, sistematizado por meio de exemplos numéricos e,
muitas vezes, com base em um único exemplo. Assim, muitas proposições
matemáticas são apresentadas sem justificativas nem discussão sobre a possibilidade
de se demonstrar o que está enunciado.

A maioria dos exercícios limita-se à aplicação de regras e fórmulas vistas na parte teórica
do livro. Situações-problema são pouco presentes na coleção.

22
A coleção

Cada volume da coleção contém uma breve Apresentação que explicita a estrutura
da obra. Os livros são divididos em capítulos e estes em itens, cujos temas são
indicados em seus respectivos títulos. Os capítulos começam com informações,
em geral de caráter histórico, alusivas ao tema a ser desenvolvido. Os assuntos são
apresentados por meio de textos curtos, ilustrados por gráficos e figuras,
acompanhados de Exercícios propostos.

Há diversas caixas de texto que permeiam a obra, com lembretes dirigidos ao aluno:
Atenção, Curiosidade, Você sabia?, Recorde. Ao final de cada capítulo, aparecem as
seções Exercícios complementares, Revisão de conceitos, Testes de vestibular e
Questões para pensar +, precedidas, quase sempre, pela seção Matemática no Mundo,
que apresenta alguma aplicação da Matemática fora de seu domínio. Cada volume
termina com um Caderno de questões do ENEM, uma seção com respostas de todos
os exercícios, uma Lista de siglas de instituições educacionais e uma Bibliografia.

O manual pedagógico do livro do professor contém uma parte comum aos três volumes,
com Apresentação da obra, Estrutura da coleção, Sugestões para a avaliação,
Sugestão de leitura complementar para o aluno e para o professor e inclui uma relação
de endereços eletrônicos. Apresenta, também, uma lista de Associações e centros
de educação matemática.

Na segunda parte, o manual expõe os Objetivos específicos do volume, Sugestões


para o desenvolvimento teórico, Sugestões de mais exercícios e Resoluções dos
exercícios do livro do aluno.

1a série
Conhecimentos básicos de aritmética e álgebra • Geometria plana • Conjuntos e conjuntos
numéricos: naturais, inteiros, racionais, irracionais e reais • Funções: gráfico; funções definidas
por polinômios; resolução gráfica de equações; função composta; função inversa • Função
polinomial do 1o grau: gráfico; inequações • Função polinomial do 2o grau: gráfico; inequações
• Função modular: equações e inequações • Função exponencial: equações e inequações
• Função logarítmica: equações e inequações • Noções de matemática financeira:
porcentagem; lucros e prejuízos; juro simples e composto • Seqüências numéricas:
progressão aritmética; progressão geométrica • Trigonometria no triângulo retângulo.

2a série
Ciclo trigonométrico: seno, co-seno, tangente, cotangente, secante e co-secante •
Funções trigonométricas • Equações e inequações trigonométricas, leis dos senos e
dos co-senos • Matrizes e determinantes • Sistemas de equações lineares: equação
linear; sistemas lineares; regra de Cramer • Análise combinatória: contagem; triângulo
de Pascal; binômio de Newton • Probabilidade: espaço amostral e eventos; eventos
complementares e independentes; probabilidade condicional • Poliedros: prismas;
pirâmides • Corpos redondos: cilindro; cone; esfera.

23
A coleção

3a série
Estatística: distribuição de freqüência; representação gráfica e interpretação de dados;
medidas de tendência central e de dispersão • Geometria de posição: posições relativas
de retas e planos • Pontos e retas no plano cartesiano • Estudo da circunferência · Estudo
das cônicas • Números complexos: operações com números complexos; representação
geométrica, módulo, argumento e forma trigonométrica • Polinômios e equações polinomiais
• Noções de limites e derivada: taxas de variação média e instantânea; derivada;
interpretação geométrica; derivada de ordem superior; máximos e mínimos; aplicações.

A seleção dos conteúdos abrange os temas habitualmente tratados no ensino médio


A análise

- nos campos da aritmética, da álgebra, da geometria, da trigonometria, da geometria


analítica, da estatística, da probabilidade e da combinatória - estendendo-se ao
tratamento dos limites e derivadas. No entanto, não apresenta a técnica de
escalonamento de matrizes para a resolução de sistemas de equações lineares,
restringindo-se somente à regra de Cramer.

Além disso, há uma abordagem excessiva da trigonometria, com muitas fórmulas e


procedimentos, especialmente no que diz respeito a equações e a inequações trigonométricas.

A distribuição dos conteúdos é feita em grandes blocos. Estatística e geometria


analítica, por exemplo, estão concentradas no volume da 3a série e grande parte da
abordagem de função é feita no volume da 1a série.
Em geral, a abordagem de conteúdos dá ênfase desnecessária a fórmulas, em
detrimento da discussão do significado dos conceitos. A abordagem de limites e derivadas,
no livro da 3a série, assemelha-se mais ao que se faz no ensino superior, quando o apropriado
seria um tratamento mais simples. Outro exemplo é a forma apresentada para encontrar o
centro e o raio de uma circunferência, no volume da 3a série: é dada uma fórmula que deverá
ser aplicada repetidas vezes, tanto nos exemplos quanto nos exercícios, e não se fala da
técnica de completar quadrados, tão eficaz e que dispensa fórmulas.

A diversidade de representações é explorada apenas em alguns tópicos, em particular


no estudo da estatística, com a apresentação de diversos tipos de gráficos. Nota-se,
também, alguma diversidade de enfoques, quando sistemas lineares são resolvidos
algébrica e graficamente.

A articulação entre os vários tópicos abordados na coleção é insuficiente. Por exemplo, o


estudo da geometria analítica deveria ser menos fragmentado internamente e mais relacionado
com o estudo de funções. A articulação entre o conteúdo novo e o já abordado acontece em
capítulos de revisão e, também, nas pequenas seções intituladas Recorde.

24
A análise

A obra apresenta leituras variadas e interessantes, que podem favorecer a contextualização


e a articulação da Matemática com outras áreas do conhecimento. Porém, quase sempre fica
a cargo do professor promover a exploração adequada desses textos. Destacam-se, na obra,
as leituras que aparecem no início dos capítulos para ilustrar e motivar o tema a ser estudado.

A sistematização dos conteúdos é feita, geralmente, por meio de exemplos numéricos


e, na maioria das vezes, com apenas um exemplo. Assim, conceitos e procedimentos
são, freqüentemente, detalhados sem justificativas ou indicações da existência de uma
demonstração para o caso geral. No primeiro volume, por exemplo, é indicado o resultado
que possibilita determinar o número de elementos da união de dois conjuntos finitos após
a apresentação de um único exemplo. Observam-se, ainda, inadequações no tratamento
de determinantes e na caracterização de sólidos geométricos.

Na metodologia de ensino-aprendizagem adotada, espera-se que o aluno leia e interprete o


texto de apresentação dos conteúdos e, em seguida, resolva problemas na classe ou em casa.

O aluno tem poucas oportunidades de inferir conceitos ou procedimentos, pois


estes, em geral, já são apresentados em forma sistematizada, mas é chamado a
uma participação ativa na construção do seu conhecimento em quadros como
Atenção, Agora resolva e Revisão de conceitos.

A interação entre alunos pode ser realizada pela exploração dos vários textos presentes
na coleção sobre temas diversos, os quais são seguidos de questões para serem
discutidas em grupo.

No final de cada capítulo, são oferecidas algumas atividades mais desafiadoras para os
alunos. Além disso, foram observados alguns exercícios interessantes, com respostas
pessoais ou com várias soluções. Contudo, a grande maioria desses exercícios constitui-
se em aplicações imediatas de propriedades e fórmulas fornecidas, explicitamente, no livro.
O aluno raramente é chamado a explorar situações, a generalizar ou a argumentar. Não são
observadas atividades que estimulem o desenvolvimento do cálculo mental ou por estimativa.
Tampouco é estimulado o uso de novos recursos, particularmente a calculadora.

A linguagem empregada é clara e adequada ao nível de escolaridade a que se destina.


Além disso, a obra é enriquecida pela presença de diversos tipos de textos.

Se adequadamente explorados, o estudo de matemática financeira apresentado na coleção e


os textos das seções Matemática no mundo podem contribuir para a construção da cidadania.
Ao lado disso, convém mencionar que, em vários pontos da obra, é incentivado o trabalho em
grupo, que é outro instrumento pedagógico de formação para a convivência na sociedade.

O livro do professor não explicita os pressupostos teóricos que nortearam a elaboração


da coleção e oferece poucas orientações metodológicas ao docente. Apresenta breves
comentários sobre avaliação, sugestões de leitura complementar, tanto para o aluno quanto
para o professor, e os objetivos de cada tópico a ser estudado. Além disso, contém alguns
exercícios complementares resolvidos, todas as resoluções dos exercícios propostos no
livro do aluno e inclui as resoluções das questões de vestibular e do ENEM.

25
Matemática

Luiz Roberto Dante

Editora
Ática LTDA.

029017

Síntese avaliativa

A obra destaca-se pela boa seleção de conteúdos, os quais contemplam


conhecimentos comumente abordados nesse nível de ensino. Observa-se, no entanto,
excessos no tratamento da trigonometria.

Em cada uma das unidades, estão presentes conteúdos de diferentes blocos


curriculares, permitindo alternância de temas, o que recomendam os recentes estudos
e pesquisas em ensino-aprendizagem da Matemática.

Os conteúdos são introduzidos, muitas vezes, por meio de situações-problema, e


depois sistematizados. Estimula-se, portanto, o aluno a desempenhar papel ativo na
construção do conhecimento.

As atividades são organizadas de modo a proporcionar a construção de conceitos,


procedimentos e algoritmos, com equilíbrio e de modo significativo, contemplando
momentos de ação, reflexão e de validação de resultados e processos, particularmente
no volume da 1a série.

As articulações entre os campos, bem como entre o conhecimento novo e o já


abordado, são outro aspecto explorado ao longo da obra. Verifica-se, também, o
estímulo freqüente à interdisciplinaridade, em atividades que relacionam Matemática
com Física, Química, Geografia, Biologia e outras áreas do conhecimento.

26
A coleção

Os três volumes que compõem a obra têm a mesma estrutura: breve Apresentação;
Sumário; seqüência de capítulos; seção com Questões do Exame Nacional do Ensino
Médio-ENEM; Respostas dos exercícios e das questões do ENEM; lista com o
Significado das siglas empregadas na obra e Bibliografia.

Cada capítulo se divide em itens e se inicia, geralmente, com uma introdução que
problematiza o tema em foco. Os demais itens apresentam os conteúdos, abordados
em textos explanatórios, seguidos sempre de Exercícios propostos e muitas vezes
de Exercícios resolvidos.

Ao longo da coleção, há seções e caixas de texto de Leitura optativa; Para Refletir,


com complementos ao tópico em estudo; Leitura, que comenta aspectos do tema
discutido e fatos históricos; Curiosidade; Desafio em equipe; Desafio em dupla;
Atividade em equipe e Atividade em dupla.

O livro do professor é dividido em duas partes: uma reprodução do livro do aluno e um


suplemento pedagógico. O suplemento contém uma parte geral, com os seguintes
itens: Conversa com o (a) professor (a); Apresentação; Características da coleção;
Algumas idéias para a utilização da coleção; Pressupostos teórico-metodológicos
para o ensino de Matemática segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio; Recursos didáticos auxiliares; Resolução de problemas; Etnomatemática
e modelagem; Temas transversais; Avaliação em Matemática; Informações úteis ao
professor para a sua formação; Referências bibliográficas para o professor.

Na outra parte, específica para cada volume, são apresentadas uma breve descrição
do livro, observações sobre os conteúdos abordados e soluções dos exercícios.

1ª série
Conjuntos: noções básicas; operações • Conjuntos numéricos: naturais, inteiros,
racionais, irracionais e reais; intervalos; aplicações • Funções: noções intuitivas e via
conjuntos; gráfico; injetiva, sobrejetiva, bijetiva, composta e inversa; seqüências •
Função afim: taxa de variação; articulações com progressão aritmética,
proporcionalidade, geometria analítica; gráficos definidos por uma ou mais sentenças;
inequações • Função quadrática: forma canônica; parábola; inequações; taxa de
variação • Função modular: módulo; distância entre pontos; equações; inequações •
Geometria plana: congruência e semelhança; paralelas; relações métricas no triângulo
retângulo; polígonos inscritos; comprimento da circunferência • Progressões:
seqüências; progressões aritmética e geométrica • Matemática financeira: juros simples
e compostos · Trigonometria no triângulo retângulo.

2ª série
Trigonometria: seno e co-seno de ângulos obtusos; leis dos senos e dos co-senos •
Conceitos trigonométricos básicos • Seno, co-seno e tangente na circunferência
trigonométrica • Funções trigonométricas • Relações, equações e inequações

27
A coleção

trigonométricas · Transformações trigonométricas • Função exponencial: potência;


equações; inequações; exponencial de base e • Logaritmo e função logarítmica •
Geometria espacial – uma introdução intuitiva: posições relativas de pontos, retas e
planos; projeção ortogonal; distâncias; o método dedutivo • Áreas: polígonos, círculo
e setor circular; área e semelhança • Matrizes · Determinantes: propriedades, regra
de Chió, teorema de Laplace, matriz inversa; vetores • Sistemas lineares:
escalonamento; equivalência; programação linear.

3ª série
Geometria analítica – ponto e reta: distância entre pontos; condições de alinhamento;
equações da reta; posições relativas de retas, distância de ponto a reta; ângulos;
área de uma região triangular; aplicações à geometria plana • Geometria analítica –
circunferência: equação; posições relativas • Geometria analítica – secções cônicas
· Análise combinatória: permutação, arranjo e combinação; Binômio de Newton;
Triângulo de Pascal • Probabilidade: eventos; método binomial; aplicações •
Poliedros: convexos e não-convexos, regulares; relação de Euler; prismas; volume;
princípio de Cavalieri; pirâmides • Cilindro; cone; esfera · Estatística: gráficos; medidas
de tendência central e de dispersão; estatística e probabilidade · Números complexos:
formas algébrica e trigonométrica; representação geométrica; operações • Polinômios
e equações algébricas.
A análise

A seleção de conteúdos contempla os conhecimentos comumente abordados nesse


nível de ensino, nos campos da aritmética, álgebra, geometria, estatística, probabilidade
e combinatória. Destaca-se, em geometria, o trabalho com áreas de figuras planas e
o desenvolvimento das noções de estatística, probabilidade e combinatória. Contudo,
a atenção dada à trigonometria é excessiva.

Quanto à distribuição dos conteúdos, observa-se que a obra buscou, em cada


volume, assegurar o estudo dos diversos campos da Matemática. Além disso, percebe-
se a retomada de conceitos para ampliá-los gradualmente. Isso ocorre, por exemplo,
com progressão aritmética, tratada no capítulo de função afim, retomada e aprofundada
em um capítulo sobre progressões.

A abordagem dos conteúdos contribui para a construção progressiva do


conhecimento. A teoria dos conjuntos é abordada de forma sucinta no livro da 1ª série.
Contudo, há excesso no uso de simbologia dessa teoria na apresentação de
propriedades da geometria espacial, no livro da 2ª série.

No desenvolvimento do conceito de função, tem-se o cuidado de valorizar diferentes


enfoques e articulações com diversos campos da Matemática e de outras ciências.
Porém, a noção de taxa de variação de uma função pode ter sua compreensão
prejudicada pela forma como é apresentada no livro da 1ª série. O mesmo acontece
com a noção de taxa de variação referente à função exponencial.

28
A análise

Outra limitação da obra é o uso de noções que só serão discutidas posteriormente. Por
exemplo, as noções e propriedades de logaritmos, estudadas na 2ª série, aparecem na
solução de problemas de matemática financeira, do livro da 1ª série. Há, ainda, o uso de
fórmulas referentes a juros compostos e a juros continuamente compostos, no livro da 1ª
série, sem que seja devidamente esclarecida a diferença entre elas.

As noções de análise combinatória são construídas de forma cuidadosa e progressiva,


sem apelo à memorização de fórmulas. A estatística está presente em quase todos
os capítulos do livro da 1ª série, com atividades envolvendo organização, leitura e
interpretação de dados, além de ser objeto de estudo específico em um capítulo
inteiro, no livro da 3ª série.

A geometria analítica é introduzida, ao longo da coleção, no tratamento das funções.


No volume da 3a série, é retomada e aprofundada, porém, de forma fragmentada.
Além disso, há um detalhamento excessivo, particularmente, nas várias formas da
equação da reta.

A diversidade de enfoques está presente ao longo da obra. Por exemplo, as matrizes


são exploradas não só como um objeto matemático, na álgebra das matrizes, mas
também, como código de imagens, tabela de dupla entrada, representante de sistemas
lineares, transformações do plano, dentre outros significados.

A diversidade de representações matemáticas também é um aspecto bem


contemplado na coleção. Os conteúdos matemáticos são, geralmente, apresentados
em formas variadas: linguagem natural, símbolos, algoritmos, desenhos, tabelas,
diagramas, ícones e gráficos.

A articulação entre os campos de conteúdos aparece em diversos momentos. Em


toda a coleção observam-se conexões bem feitas entre funções e progressões, funções
e geometria analítica, sistemas lineares e geometria analítica. É freqüente a associação
entre os conhecimentos novos e os já estudados, mediante retomadas sucessivas de
conceitos e procedimentos.

Percebe-se um cuidado na contextualização das atividades. Muitas delas são


apresentadas a partir de situações significativas, que valorizam as práticas sociais e
culturais. As conexões com outras áreas do conhecimento são exploradas ao longo
da coleção. Entretanto, as referências à História da Matemática, muitas vezes,
consistem de textos apenas informativos.

A organização das atividades leva o aluno a fazer uma primeira sistematização dos
conhecimentos, especialmente no livro da 1a série. Observa-se uma preocupação
com o equilíbrio entre conceitos, algoritmos e procedimentos. A introdução dos conceitos
é, muitas vezes, realizada por meio de situações-problema. Dessa maneira, estimula-
se o aluno a desempenhar papel ativo na construção do conhecimento.

29
A análise

O desenvolvimento do método dedutivo é visto em toda obra, principalmente na


trigonometria, nas noções de áreas e volumes, na análise combinatória e na
probabilidade. Contudo, propriedades geométricas importantes são apresentadas, no
livro da 1ª série, como regras sem qualquer justificativa. Em outros casos, as justificativas
se baseiam em medições, sem que se mencione o seu caráter aproximado.

Na metodologia de ensino-aprendizagem adotada, é atribuído papel central ao


aluno, que é posto em interação permanente com o texto e solicitado a responder
perguntas, a confrontar soluções, a verificar regularidades e a tirar conclusões. As
atividades favorecem o desenvolvimento dos raciocínios indutivo e dedutivo, com pouca
ênfase na memorização de fórmulas prontas.
No entanto, são raras as atividades que exploram cálculo mental, estimativa,
formulação de problemas pelo aluno e problemas com nenhuma ou várias soluções. O
uso da calculadora é incentivado no processo de resolução de atividades,
principalmente aquelas envolvendo trigonometria, exponenciais e logaritmos.

A linguagem é adequada e se recorre, de maneira apropriada, a textos diversos.

As discussões que colaboram para a construção da cidadania podem ser explorados


pelo professor, com base em atividades que envolvem temas históricos e de interesse
social.

O livro do professor explicita os pressupostos teóricos que nortearam a elaboração


da obra. As várias informações atualizadas e as indicações de leitura podem
contribuir para a formação do docente.

30
Matemática

Manoel Rodrigues Paiva

Editora
Moderna LTDA.

029007

Síntese avaliativa

A coleção abrange uma extensa lista de tópicos normalmente estudados no ensino


médio e inclui uma revisão do ensino fundamental. O desenvolvimento dos conteúdos
estende-se, ainda, a limites e derivadas e há uma excessiva atenção a temas como
trigonometria e números complexos.

Ao longo da coleção, cada tema abordado é concentrado em blocos e, em geral, não


retomado posteriormente. A articulação entre os diferentes tópicos matemáticos é
feita de forma restrita, no interior dos blocos temáticos. Além disso, há uma divisão
excessiva dos conteúdos em capítulos e itens, estes últimos nem sempre de mesma
importância, o que favorece a fragmentação do conhecimento matemático.

No modelo adotado na obra, os conteúdos aparecem na forma sistematizada –


definições, propriedades, exemplos – e os exercícios são de fixação e de verificação
da aprendizagem.

A linguagem empregada é, em geral, clara e objetiva e se busca o rigor matemático


na exposição dos conceitos e procedimentos, objetivo quase sempre atingido.

A ligação dos temas apresentados com as questões de outras áreas do


conhecimento e de outras práticas sociais recebe razoável atenção na obra e é
realizada, ora nos exercícios envolvendo aplicação da Matemática, ora nas seções
especiais de leitura de textos.

31
A coleção

Cada volume da coleção está dividido em capítulos temáticos, que se subdividem em


itens, segundo tópicos relativos ao tema central. Os itens têm uma estrutura uniforme,
compondo-se de uma explanação da teoria e de seções Exercícios resolvidos e Atividades.
Esta última contém exercícios de fixação e de verificação da aprendizagem, muitos deles
extraídos de exames vestibulares e do ENEM.

No final de cada capítulo, a coleção apresenta uma seção, intitulada Leitura, com um
texto sobre fatos históricos, ou conexões da Matemática com outras áreas de
conhecimento, ou, ainda, informações adicionais sobre o assunto do capítulo.

A última seção, Exercícios Complementares, traz problemas visando à fixação e à revisão


do capítulo. Cada volume inclui, ao final, as respostas de todos os exercícios propostos,
seguidas de uma lista de siglas que identificam as fontes das questões de vestibular e de
uma bibliografia.

O livro do professor começa com um sumário e é dividido em duas partes: a primeira,


denominada A Coleção, é comum a todos os volumes e contém os itens: A organização
da obra, Objetivos gerais da coleção, O trabalho com o livro, Avaliação, Sugestões de
leitura para o professor e Material de apoio; a segunda parte, específica para cada volume,
tem quatro itens: Considerações sobre a organização do volume, Conteúdos e objetivos
específicos dos capítulos, Sugestões para o desenvolvimento dos capítulos e Resolução
de exercícios.

1ª série
Introdução à linguagem dos conjuntos: representações; subconjuntos; operações e
intervalos • Temas básicos de álgebra e de matemática financeira: equações; inequações;
sistemas de equações; porcentagem; juros simples e compostos • Geometria plana –
triângulos e proporcionalidade • Geometria plana – circunferência, círculo e cálculo de
áreas • A linguagem das funções: sistema cartesiano de coordenadas; relação; estudo do
sinal e análise gráfica • Função real de variável real – composição e inversão de funções •
Função polinomial do 1o grau: gráfico; variação de sinal; inequações • Função polinomial
do 2o grau: gráfico; pontos notáveis da parábola; máximo e mínimo; variação de sinal e
inequação do 2o grau • Função modular: distância entre dois pontos; gráficos • Função
exponencial: potenciação e radiciação nos números reais; equação e inequação
exponenciais • Função logarítmica: propriedades; equações e inequações •
Seqüências: progressões aritmética e geométrica • Noções de estatística: tabelas;
gráficos; medidas de posição • Trigonometria no triângulo retângulo: seno; co-seno e
tangente.

2ª série
Circunferência trigonométrica e extensões dos conceitos de seno e de co-seno: relação
fundamental da trigonometria; equações e inequações trigonométricas • Tangente de um
arco trigonométrico e as razões recíprocas do seno, do co-seno e da tangente • Equações
e inequações trigonométricas nos reais – adição de arcos e arco duplo • Funções

32
A coleção

trigonométricas e resolução de triângulos • Matrizes • Sistemas lineares • Determinante e


aplicações • Os princípios da análise combinatória: princípio de contagem e fatorial •
Agrupamentos e métodos de contagem: arranjo; permutação e combinação • Binômio de
Newton • Estatística: gráficos e medidas de dispersão • Geometria de posição e poliedros
• Prisma e pirâmide • Corpos redondos: cilindro; cone e esfera.

3ª série
Probabilidade: definição; adição e multiplicação de probabilidades; probabilidade
condicional • Geometria analítica – ponto e reta: distâncias; equação da reta •
Formas da equação da reta, paralelismo e perpendicularidade • Complementos
sobre o estudo da reta: distância entre ponto e reta; representação gráfica •
Equações da circunferência: equação reduzida e normal; posições relativas entre
retas e circunferências • Cônicas: elipse; hipérbole e parábola • Lugar geométrico:
equação e inequação de um lugar geométrico • Conjunto dos números complexos
• Forma trigonométrica de um número complexo • Polinômios • Equações
polinomiais • A noção de derivada • Estudo da variação de uma função por meio
de sua derivada.
A análise

A seleção dos conteúdos da coleção abrange os tópicos normalmente trabalhados


no ensino médio, nos campos da aritmética, da álgebra, da geometria, da trigonometria,
da geometria analítica, da estatística, da probabilidade e da combinatória. Também
oferece uma oportuna revisão dos temas do ensino fundamental, no início do primeiro
volume, e inclui o estudo dos números complexos, de limites e de derivadas, no
último volume. No entanto, muitos dos temas escolhidos – trigonometria, geometria
analítica, binômio de Newton, para citar alguns – recebem excessiva atenção e, caso
sejam levados, integralmente, à sala de aula, sobrecarregarão o aluno.

Em relação à distribuição dos diferentes conteúdos, verifica-se concentração em


blocos temáticos: funções são estudadas em sete capítulos consecutivos, no 1º
volume; trigonometria é vista no último capítulo do volume da 1ª série e nos quatro
primeiros no da 2ª série; geometria analítica é tratada em seis capítulos seguidos,
no livro da 3ª série, para citar alguns exemplos.

Quanto à abordagem dos conteúdos matemáticos, observam-se algumas escolhas


positivas, como a do processo de escalonamento para a resolução de sistemas de
equações lineares exposto de forma bem fundamentada.

Em contrapartida, o conceito de função introduzido, acertadamente, por meio de uma


dependência entre grandezas variáveis, é, logo em seguida, formalizado com o emprego
da noção de produto cartesiano e com o uso da representação por diagramas de setas
entre elementos de conjuntos. Tal abordagem constitui emprego desaconselhável da
linguagem da teoria dos conjuntos no ensino de Matemática.

33
A análise

A articulação entre os tópicos abordados nos diversos capítulos é pouco explorada


na obra e é, praticamente, restrita a alguns exemplos de exercícios ou de seções
Leitura. Ao lado disso, as ligações entre os assuntos dos itens de cada capítulo são
raras. Caso típico é a apresentação das matrizes, divididas numa lista de definições
de matrizes especiais, sem um eixo condutor. Dessa maneira, ocorre uma
segmentação excessiva que pode dificultar, para o aluno, uma visão mais integrada
do conhecimento matemático. Além disso, as ligações entre o conhecimento novo e
o já abordado não são explicitadas ao longo da coleção.

Por outro lado, a articulação com outras áreas do conhecimento – Economia, Ecologia,
Biologia, Química, Física, Geografia, Engenharia, Astronomia, entre outras – está
presente nos exercícios propostos e nas seções de leitura de textos.

Na obra, um mesmo conceito é apresentado, algumas vezes, com diversidade de


enfoques. Por exemplo, um número irracional aparece como medida do comprimento de
um segmento incomensurável e, também, como uma dízima infinita e não-periódica. No
entanto, essa multiplicidade de pontos de vista não é adotada em situações importantes.
Por exemplo, não se destaca que a função logarítmica é inversa da função exponencial.

Há uma razoável diversidade nas formas empregadas para representar os conceitos e


procedimentos matemáticos, ainda que predomine a linguagem simbólica da
Matemática, em detrimento de outras, em particular da língua portuguesa.

As conexões da Matemática, com outros campos científicos ou com outras atividades


humanas, aparecem em exercícios de aplicação ou nas seções Leitura. Desse modo, o
requisito de contextualização dos conteúdos vistos na obra é parcialmente atendido. As
referências à História da Matemática, que ocorrem com maior freqüência nos volumes da 1ª
e da 3ª séries, restringem-se a comentários sobre a contribuição de matemáticos notáveis.

Os conteúdos matemáticos são apresentados já sistematizados, geralmente com


base na exposição de definições, propriedades, exemplos e exercícios estruturados
nos capítulos e itens.

O nível de rigor matemático atingido é, no geral, satisfatório. Apesar disso, podem ser
apontadas algumas inadequações, como as que aparecem nas conceituações de
função inversa e de função composta, no livro da 1ª série, e de probabilidade, no da 3ª
série. Além disso, predomina o caráter informativo na exposição dos conteúdos, e as
afirmações feitas, poucas vezes, são justificadas com base em argumentos intuitivos
ou dedutivos. Particularmente no livro da 1ª série, as demonstrações são raras.

Outro aspecto que limita a aquisição mais significativa do conhecimento matemático


é a ênfase dada aos procedimentos, em prejuízo dos conceitos. Um exemplo claro é
o destaque atribuído às equações exponenciais e logarítmicas, em detrimento do
estudo mais aprofundado das funções correspondentes.

34
A análise

A metodologia de ensino-aprendizagem privilegia o modelo em que o aluno recebe


as informações sobre os vários conteúdos de forma já organizada, esperando-se dele
a aquisição desses conteúdos. Para tanto, deve valer-se da resolução de problemas de
fixação e de verificação da aprendizagem e, presumivelmente, do auxílio do professor ou de
colegas da classe. Essa forma limita uma participação mais ativa do aluno no processo de
construção do conhecimento.

Entre as atividades propostas são pouco freqüentes as que propiciam o desenvolvimento


de competências mais elaboradas, tais como conjecturar, argumentar, validar, enfrentar
desafios, realizar cálculo mental e estimativas, resolver e elaborar problemas e desenvolver
estratégias diferenciadas. Além disso, na coleção, não se demanda o uso de recursos
tecnológicos ou de materiais concretos.

A linguagem utilizada na obra é adequada quanto ao vocabulário e, com poucas exceções,


clara na apresentação dos conteúdos. A revisão textual é bem cuidada, as ilustrações são
pertinentes e o livro exibe um excelente projeto gráfico.

O livro do professor orienta-o a estimular o trabalho em grupo e, também, a incentivar, no


aluno, o hábito de leitura, escrita e comunicação dos conteúdos matemáticos. Tais sugestões,
se aceitas, poderão contribuir para a construção da cidadania. Nesse sentido, alguns
dos exercícios propostos, que envolvem temas do contexto social, podem ser úteis.

Contudo, a matemática financeira, que é um tema importante para a formação do cidadão


crítico, não recebe a devida atenção e é restrita ao volume da 1ª série.

O livro do professor, embora resumidamente, explicita as idéias didático-pedagógicas


que norteiam a obra. Nos Objetivos gerais da coleção diz-se que se procura desenvolver a
autonomia do aluno em relação à aprendizagem, com base na reflexão e no raciocínio. Tal
intenção é prejudicada pelo modelo adotado no livro do aluno, em que há uma exposição
muito direta dos conteúdos e quase sem diálogo com o leitor. Outro indício desse caráter
diretivo da obra aparece nos exercícios, todos classificados pelo assunto principal a que se
relacionam, o que dá pouca oportunidade para a reflexão autônoma do aluno. Configura-se,
dessa forma, uma incoerência entre os pressupostos assumidos pelo livro e a sua execução
no livro do aluno.
Em outras seções do livro do professor, encontram-se orientações úteis para o
desenvolvimento dos conteúdos em sala de aula e resoluções detalhadas dos problemas
propostos.

35
Matemática
Maria José C. de Vasconcelos Zampirolo
Maria Terezinha Scordamaglio
Suzana Laino Cândido

Editora do
Brasil LTDA.

029013

Síntese avaliativa da obra

Na obra, predominam os tópicos matemáticos relacionados ao cotidiano e às práticas


sociais, porém são omitidos conteúdos importantes como matrizes e sistemas de
equações lineares.

A ênfase na Matemática como ferramenta de resolução de problemas em outras


áreas leva a se privilegiar a abordagem de casos particulares das noções e
propriedades. Isso aproxima a Matemática do contexto mais amplo, mas, por
outro lado, pode prejudicar a formação do conhecimento matemático em sua
forma mais geral.

A valorização da intuição, da visualização e da experimentação é um ponto positivo


da obra. Porém isso é feito em prejuízo do desenvolvimento de raciocínios dedutivos.

A coleção se organiza em módulos autônomos, cuja seqüência pode ser modificada


pelo professor. Mas a falta de articulação entre eles leva a um tratamento fragmentado
do conhecimento matemático.

Com uma linguagem clara, o livro do professor oferece breves textos com pressupostos
educacionais e valiosas sugestões sobre o tratamento dos conteúdos matemáticos
em cada módulo.

36
A coleção

Cada volume da coleção, iniciado com uma citação das Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio, seguida de um Sumário, divide-se em módulos. Estes
apresentam uma página de abertura com ilustrações e um breve texto, no qual é
exposto, sucintamente, o tema central a ser desenvolvido.

O tema é dividido, ao longo do módulo, em tópicos e subtópicos, que são apresentados


em explanações, exemplos e exercícios propostos, entremeados com muitas ilustrações
e caixas de texto com destaque. Tais caixas de texto contêm sínteses e comentários
sobre o assunto em discussão, revisões de fórmulas e informações históricas ou relativas
a temas de outras áreas do conhecimento. Praticamente, todos os módulos são
concluídos com uma seção intitulada Para terminar, que propõe uma atividade prática a
ser realizada, coletivamente, pelos alunos. A última página de cada módulo traz uma
Bibliografia, além de sugestões de leitura e, algumas vezes, sugestões de endereços
eletrônicos. Os volumes da 1a e da 3a séries terminam com uma Bibliografia Geral e
uma Bibliografia sobre o ensino de Matemática, comuns aos dois volumes.

O livro do professor se inicia com um manual pedagógico, seguido de uma cópia do livro do
aluno. No manual, há uma parte comum aos três volumes, com uma Apresentação, seguida
da seção O que é a obra, com os seguintes itens: O ponto de partida da obra; Bases legais;
A obra e a organização do currículo; A reforma do ensino médio e a obra; A reforma do
ensino médio segundo os parâmetros curriculares nacionais; Nível curricular; Nível didático;
Nível pedagógico; O projeto pedagógico da escola e a obra; e Bibliografia. Contém, ainda,
as seções Conhecimentos de Matemática no Ensino Médio; Metodologia; O papel do
professor; Avaliação; Como estão organizadas as páginas do professor e Bibliografia.

A parte específica é iniciada com um Quadro Sinóptico Geral, no qual são apresentados,
de forma esquemática, para cada um dos módulos que compõem o volume, os itens:
Título, Ementa, Habilidades, Conteúdo e Integração.

Em seguida, vem a seção Páginas do professor – módulo a módulo, com orientações


para o docente a respeito de conteúdos, competências, habilidades, integração com
outras disciplinas, avaliação, bibliografia, além das respostas dos problemas.

1a série
Potenciação, notação científica, precisão de medidas • Funções: linear, afim e
constante • Função do 2o grau • Gráficos de Funções do 1o e do 2o graus: leitura e
interpretação; máximos e mínimos • Função exponencial: potência; aplicações •
Logaritmos: cálculo; propriedades; aplicações • Porcentagens • Gráficos de segmentos,
barras e setores: construção e interpretação • Área de polígonos • Capacidade, volume
e densidade • Organização da contagem e princípio fundamental da contagem.

2a série
Princípio fundamental da contagem, arranjos e permutações • Contagem e combinações
• Probabilidade: experimento aleatório; espaço amostral; evento; regularidade estatística

37
A coleção

e freqüência relativa; eventos mutuamente excludentes; espaço equiprovável •


Estatística: população e amostra; tabelas de freqüência e histograma; medidas de
tendência central • Seqüências, progressões aritméticas e geométricas • Ciclo
trigonométrico, funções seno, co-seno e tangente • Semelhança de triângulos, homotetia
• Triângulos; triângulos retângulos; relação pitagórica; relações métricas nos triângulos
retângulos • Trigonometria nos triângulos retângulos • Circunferência; círculo; posições
relativas entre retas e circunferências; comprimento da circunferência; área do círculo,
do setor e da coroa circulares • Figuras planas e espaciais: poliedros; corpos redondos;
planificações.

3a série
Geometria analítica: coordenadas na reta e no plano; estudo da reta; paralelismo e
perpendicularismo de retas • Área da superfície e volume de prismas e pirâmides •
Corpos redondos: área da superfície e volume dos cilindros, cones e esferas • Seções
dos sólidos geométricos: elipse e hipérbole • Probabilidade: experimento aleatório;
espaço amostral e eventos; freqüência relativa; probabilidade de um evento • Métodos
primitivos de contagem e sua evolução; bases de contagem; base decimal • História,
funções e formas do dinheiro; noções de economia • Juros: simples e compostos •
Informações gerais sobre procedimentos bancários • Etapas do processo estatístico;
medidas de dispersão • Escalas e suas representações.
A análise

Muitos dos temas normalmente estudados no ensino médio – nos campos da aritmética,
da álgebra, da geometria, da trigonometria, da geometria analítica, da estatística, da
probabilidade e da combinatória – fazem parte dos conteúdos selecionados na obra.
Predominam, no entanto, temas comumente relacionados ao contexto social ou a
outras áreas do conhecimento, tais como funções, gráficos, elementos de matemática
financeira, estatística, probabilidade e combinatória.

Além disso, alguns módulos da obra dedicam-se a tópicos desenvolvidos no ensino


fundamental. Porém, as matrizes e os sistemas de equações lineares não são abordados,
o que pode prejudicar a formação matemática nessa etapa da aprendizagem escolar.

Quanto à distribuição dos conteúdos, observa-se que temas de estatística, probabilidades


e combinatória, além daqueles que tratam da geometria métrica são discutidos nos três
volumes da coleção, o que é positivo. No entanto, é criticável a concentração do tratamento
das funções no volume da 1ª série e da geometria analítica no da 3ª série.

Na abordagem dos conteúdos, verifica-se um claro predomínio do aspecto instrumental


da Matemática e a ênfase na abordagem de casos particulares dos conceitos em jogo. O
tratamento do logaritmo, feito em um único capítulo do livro da 1ª série, é típico dessa
escolha. Valendo-se de exemplos numéricos, define-se o conceito de logaritmo de um
número positivo e generalizam-se as propriedades operatórias desse conceito; são
apresentados, a seguir, vários empregos do logaritmo nos campos da Física, Química,

38
A análise

Biologia, estatística, entre outros. Embora as aplicações do logaritmo sejam bem


escolhidas e haja sugestões apropriadas de uso da calculadora, não é feita uma
discussão geral sobre a função logaritmo e suas propriedades, por exemplo, sua
ligação com a função exponencial. Não há sequer um gráfico dessa função no referido
capítulo e a questão matemática importante da aproximação racional do logaritmo
de números é omitida.

Com respeito à diversidade de representações, observa-se o emprego de várias


linguagens na abordagem dos conceitos e procedimentos, com predominância da língua
materna e das imagens visuais. No entanto, são pouco exploradas as resoluções de
exemplos ou exercícios, que utilizem formas diferenciadas de resolução – algébrica,
aritmética, geométrica – ou métodos diferenciados.

A articulação entre os campos matemáticos ocorre em alguns pontos da obra, a


exemplo do estudo das funções, em que são propostos exercícios relacionados com
geometria plana.

A conexão natural entre geometria e álgebra, propiciada pela geometria analítica é,


também, explorada no livro da 3ª série. Contudo, outras articulações recomendadas
não estão presentes como entre as funções afim e exponencial e as progressões. Há
preocupação com o conhecimento prévio do aluno, especialmente quando são revistos
os assuntos estudados no ensino fundamental.

Na obra, opta-se por uma organização em módulos autônomos, que possibilita uma
alteração da seqüência desses módulos pelo professor. No entanto, a articulação
entre os conteúdos dos diversos módulos é limitada. Muitas vezes, um tópico é
apresentado sem que nenhuma relação seja estabelecida com seu tratamento em
outros pontos da obra. Ocorrem, também, alguns casos de mera repetição de
conteúdos, sem comentários esclarecedores. Dessa forma, os módulos que compõem
a coleção constituem unidades isoladas umas das outras, o que leva à fragmentação
do conhecimento matemático.

O traço característico da coleção é a contextualização, traduzida na apresentação


dos conteúdos matemáticos em situações diversificadas, bem ilustradas e pertinentes,
seja em várias áreas do conhecimento, seja em outras práticas sociais. Além disso,
são freqüentes as referências a fatos históricos, relacionados, de forma apropriada,
com o tema em foco. No entanto, predomina, em geral, o caráter informativo dessas
referências históricas.

Claramente, evita-se a sistematização dos conceitos e procedimentos. A limitação a


casos particulares de noções matemáticas predomina sobre a construção dessas noções
na forma mais geral.

39
A análise

A coleção prioriza, ainda, a intuição, a visualização e a experimentação, o que é


elogiável. No entanto, o uso quase exclusivo desses recursos faz com que os raciocínios
dedutivos sejam pouco utilizados. O excesso de validações empíricas, sem provas
matemáticas, pode induzir o aluno a tirar conclusões falsas.

Além disso, em várias situações, ocorrem algumas inadequações no tratamento de


conceitos e procedimentos matemáticos, particularmente no que concerne à estatística
e à probabilidade.

Quanto à metodologia de ensino-aprendizagem, busca-se, de diferentes formas,


favorecer a participação ativa do aluno, vinculando a introdução dos conteúdos a
situações que lhe sejam significativas. Esse esforço é complementado pelo emprego
de experimentos que visam a validar propriedades matemáticas pela proposta de
realização de pesquisas; pela utilização de materiais concretos e de figuras; e pelas
atividades em que se solicita, ao aluno, a formulação de exemplos práticos.

As atividades propostas privilegiam o desenvolvimento das competências relacionadas


à exploração, ao estabelecimento de relações, à tomada de decisões, à imaginação
e à criatividade, à expressão e ao registro de idéias e procedimentos. No entanto, são
menos exploradas as competências relacionadas ao desenvolvimento de
generalizações e conjecturas, particularmente aquelas que utilizam raciocínios lógico-
dedutivos. Não se valorizam situações envolvendo desafios e problemas sem solução.

De um modo geral, a linguagem utilizada no livro é simples, de fácil compreensão


para os alunos e há preocupação em esclarecer o significado e, em alguns casos, a
etimologia das palavras.

Contudo, a leitura da obra é dificultada pelo excesso de caixas de texto e ilustrações,


algumas delas dispostas de forma inadequada na página. Além disso, o sumário não
especifica os conteúdos dos módulos e de suas subdivisões, que, além disso, não são
numerados. Dessa forma, a localização dos assuntos no livro é prejudicada.

O recurso freqüente a temas socialmente relevantes favorece a construção da cidadania,


de forma direta, pelas informações veiculadas, ou indiretamente, pelas oportunidades de
discussões a serem conduzidas pelo professor. Também contribui para tal o estímulo ao
trabalho em grupo e à preocupação com a coletividade, presentes ao longo da obra.

O livro do professor apresenta uma linguagem clara e objetiva, sem fazer uso de
termos técnicos relacionados à Matemática, à Educação ou a outras áreas. Apresenta
as respostas das atividades, mas não detalha suas soluções. O manual pedagógico
contém breves textos que podem favorecer a formação didático-pedagógica do professor
e valiosas sugestões sobre o tratamento dos conteúdos matemáticos em cada módulo.

40
Matemática

Oscar Augusto
Guelli Neto

Editora
Ática LTDA.

029018

Síntese avaliativa

Em sintonia com as novas tendências no ensino da Matemática, os conteúdos das


várias áreas e subáreas da Matemática distribuem-se em cada um dos três livros da
coleção. Persiste, no entanto, a opção por extensos blocos temáticos, em cada volume,
além de haver pouca articulação entre os temas tratados em cada um deles.

É característico da obra expor os conceitos e procedimentos, com alguns exemplos e


problemas resolvidos, e propor exercícios de aplicação sem estimular a participação
ativa do aluno na aquisição do conhecimento.

O enfoque dado aos conteúdos é, essencialmente, algébrico, com ênfase na simbologia


matemática, em particular, nos blocos temáticos relativos às funções e à trigonometria.
Essa opção pode dificultar a aprendizagem do aluno.

Um dos pontos positivos da coleção é o adequado recurso à História da Matemática


para a atribuição de significados aos conceitos abordados.

Na coleção, há vinculação da Matemática com questões da prática social. No entanto,


algumas das escolhas feitas são muito artificiais e podem levar a uma idéia equivocada
de contextualização no ensino de Matemática.

41
A coleção

Os livros são organizados em unidades temáticas, geralmente extensas. No início


das unidades, há uma seção Leia e discuta em grupo, com uma situação-problema
em que se procura vincular o tema central ao contexto social, além de uma seção
Construir Matemática, em que são mencionados episódios da evolução do pensamento
matemático ligados ao assunto em foco.

O tema de cada unidade é repartido em tópicos, que são apresentados numa seqüência
de subunidades, denominadas Aulas. Nestas, são apresentados os conteúdos, com
exemplos e questões resolvidas, seguidos da seção Exercícios, com problemas de
aplicação do assunto tratado. Muitas das Aulas, especialmente a primeira de cada
unidade, são precedidas por uma seção Ponto de Partida, com um resumo de teoria
e Atividades para revisão de temas do ensino fundamental.

São freqüentes, também, as seções Pense e Descubra, com desafios, e Laboratório de


Matemática, com atividades mais elaboradas, em geral de natureza teórica. Podem ser
citadas, ainda, as seções Contando a História da Matemática, embora em menor número.
No fim das unidades, vêm as seções: Apoio Teórico, que visa a resumir e a aprofundar a
teoria apresentada; Exercícios de Revisão, identificados de acordo com a Aula a que se
referem; Vestibulares do Século XXI, com questões extraídas de provas das várias regiões
do País; e ENEM, com alguns problemas do Exame Nacional do Ensino Médio.

Cada um dos três volumes termina com as seções: Avaliando o que aprendi, uma revisão
sumária do conteúdo, seguida de exercícios suplementares; Respostas dos exercícios
contidos no livro; Bibliografia para leituras complementares; Referências bibliográficas
utilizadas na elaboração da obra; e uma relação com o Significado das siglas utilizadas.

O livro do professor contém a íntegra do livro do aluno e um suplemento pedagógico.


Este começa com um Sumário e uma Apresentação, seguidos por uma seqüência de
itens em que são feitos comentários sobre a organização da obra e sobre suas seções.

O suplemento inclui, ainda, outros itens comuns aos três volumes: Os objetivos da
coleção; A filosofia da obra; Calculadora, computador: devem ser usados nas aulas?;
Uma nova avaliação; Sites indicados; e Bibliografia comentada. Os dois itens finais,
específicos para cada volume são: Objetivos e planejamento do ensino, com sugestões
e comentários para cada unidade do livro, e Resolução dos exercícios.

1a série
O plano de coordenadas: distância entre dois pontos; declividade de um segmento;
estudo da reta • Funções: relação e função; funções polinomiais de 1o e 2o graus;
funções exponencial e logarítmica; equações e inequações; matemática financeira •
O espaço: retas e planos; projeções • Seqüências, progressões aritmética e geométrica
• Estatística e probabilidade: gráficos e tabelas; média, mediana, moda, desvio padrão;
probabilidade matemática • Resolução de triângulos: razões trigonométricas; teoremas
dos co-senos e dos senos.

42
A coleção

2a série
Funções trigonométricas: circunferência trigonométrica; seno; co-seno; tangente;
equações e inequações; identidades trigonométricas; funções periódicas; funções
inversas • Matrizes, determinantes e sistemas lineares: operações com matrizes;
transposta e inversa; cálculo de determinantes; resolução e discussão de sistemas
lineares • Áreas e volumes de prismas e pirâmides • Métodos de contagem, organização
e coleta de dados: princípio fundamental da contagem; permutações; combinações;
desenvolvimento de um binômio; cálculo de probabilidades; noções de estatística.

3a série
Geometria analítica: distância entre dois pontos; declividade de um segmento; estudo
da reta; inequações; ângulos • Geometria analítica e corpos redondos: circunferência;
áreas e volumes de cilindros e cones; esfera e superfície esférica; parábolas; elipses
e hipérboles • Números complexos, funções polinomiais e cálculo informal: operações
com complexos; forma trigonométrica; resolução de equações polinomiais; teorema
fundamental da álgebra; limites; derivadas; regras de derivação • Estatística,
probabilidade e análise de informação: histogramas e polígonos de freqüência; medidas
de centralização e dispersão, ajuste de retas.

Em geral, a seleção dos conteúdos da coleção contempla, de modo apropriado, os


A análise

assuntos normalmente abordados no ensino médio, nos domínios da aritmética, álgebra,


geometria, geometria analítica, trigonometria, estatística, probabilidade e combinatória.
Observa-se, porém, que alguns temas recebem atenção excessiva, a exemplo das
funções trigonométricas e dos números complexos.

Na distribuição dos conteúdos, procurou-se incluir temas de diferentes campos


matemáticos em cada um dos volumes. No entanto, nesses livros, os blocos temáticos
são, quase sempre, muito extensos.

Com relação à abordagem dos conteúdos, verifica-se que o estudo dos conjuntos numéricos
é bem conduzido, pois não aparece em capítulo isolado, mas de forma integrada a diversos
conteúdos ao longo da coleção. Porém, pode-se observar, no livro de 1a série que, no estudo
das funções, as definições e as propriedades não recebem o devido tratamento, que é
substituído pela ênfase nas equações e nas inequações correspondentes a essas funções.

A articulação entre temas é restrita na obra, pois está presente apenas no tratamento
de conteúdos naturalmente integradores, a exemplo da geometria analítica. Outras
conexões importantes não são devidamente exploradas, tais como as ligações entre
sistemas lineares e as posições relativas de duas retas no plano ou entre função afim
e progressão aritmética. Muitas vezes, nas seções Ponto de partida, antes da introdução
de um novo tema, são apresentadas revisões dos conceitos, presumivelmente, já
adquiridos no ensino fundamental. No entanto, não são feitas as articulações desejáveis
entre os conhecimentos novos e os já expostos na obra.

43
A análise

Quanto à diversidade de enfoques, constata-se que o ponto de vista algébrico é


privilegiado em toda a coleção. Como exemplo, pode ser citado o estudo da
trigonometria no livro de 2a série, em que mais da metade das páginas é dedicada a
manipulações algébricas envolvendo as funções trigonométricas. Além disso,
predomina o emprego da linguagem simbólica na representação dos conceitos e
procedimentos, o que pode gerar dificuldades para a aprendizagem do aluno.

Há preocupação em articular os conhecimentos abordados com as situações sociais,


buscando-se atender ao requisito de contextualização da Matemática ensinada. No
entanto, tal objetivo é apenas parcialmente atingido, pois, ao lado de boas escolhas
de aplicação da Matemática, verificam-se situações totalmente artificiais. Por exemplo:
os modelos baseados em funções quadráticas para o cálculo da receita de feirantes.

Um dos pontos bastante positivos da coleção é, sem dúvida, a utilização da História


da Matemática na atribuição de significados aos conceitos. Em praticamente todas
as unidades, podemos encontrar um bom espaço dedicado a essa questão, de forma
bastante articulada com os conteúdos estudados.

Na maioria das vezes, os conteúdos são apresentados já sistematizados, por meio


de definições, propriedades e fórmulas. As seções Apoio teórico, em cada unidade, e
Avaliando o que aprendi, no fim dos volumes, procuram, também, retomar os conceitos
e procedimentos. Embora haja cuidado com a sistematização matemática, observam-
se algumas inadequações na apresentação de conceitos importantes, tais como o de
número irracional, função crescente e inversa de uma função. Outra limitação a esse
respeito é o emprego de nomenclatura diferente da consagrada.

A metodologia de ensino-aprendizagem consiste na exposição dos conceitos e


procedimentos já sistematizados, com alguns exemplos e problemas resolvidos,
seguida de exercícios de aplicação da teoria apresentada. São raras as situações em
que o aluno é estimulado a refletir de maneira autônoma. Fica a cargo do professor
incentivá-lo a desempenhar um papel mais ativo na aquisição do conhecimento. A
coleção é caracterizada pela ênfase na apresentação de regras, propriedades e
algoritmos, em muitos casos, sem justificativas.

Na obra, não há extensas listas de atividades repetitivas, embora a maioria dos


exercícios seja de aplicação direta de modelos apresentados na exposição da teoria.

A linguagem utilizada na obra é clara e acessível ao leitor a que se destina.


Observa-se, também, um projeto gráfico de boa qualidade visual.
Registre-se uma tentativa de evidenciar o papel da Matemática na sociedade, por
meio de textos históricos e da apresentação de situações do cotidiano. Porém,
não são freqüentes as reflexões que levem a uma tomada de consciência dos
problemas sociais contemporâneos. Dessa forma, não se estimula, devidamente,
a construção da cidadania.

44
A análise

No livro do professor, critica-se, enfaticamente, a metodologia, que consiste em


apresentar as definições e as propriedades, seguidas de alguns exemplos e de um
grande número de exercícios, para fixar os conteúdos. Porém, a proposta desenvolvida
no livro do aluno adota, em grande medida, esse modelo, o que representa uma
incoerência.

As orientações específicas, apresentadas para cada unidade, inclusive as resoluções


dos problemas, apesar de ainda não suficientes, auxiliam a condução do trabalho em
sala de aula.

45
Matemática
Ensino Médio

Kátia Cristina Stocco Smole


Maria Ignez de Sousa Vieira
Rokusaburo Kiyukawa

Saraiva Livreiros
Editores S/A

029012

Síntese avaliativa

A coleção apresenta uma boa seleção de conteúdos, adequadamente distribuídos,


com destaque para a presença da estatística em seus três volumes, apesar de haver
uma sobrecarga em conteúdos de trigonometria.

A exposição dos conteúdos tem origem em situações-problema e percorre estratégias


variadas para chegar à sistematização.

A metodologia adotada caracteriza-se por uma diversidade de enfoques e


representações matemáticas, articulando conhecimentos de modo a favorecer um
processo de retomada e aprofundamento.

Estimula o pensar lógico, a criatividade, a comunicação, a pesquisa e a produção de


textos. Incentiva e orienta o emprego da calculadora científica nas atividades que
envolvem o cálculo mental e por estimativa. Oferece, ainda, diversas atividades que
valorizam o convívio social e estimulam a autonomia do aluno.

Inúmeras situações do cotidiano, vinculadas à Matemática, favorecem a compreensão


dos conteúdos. Particularmente, as atividades envolvendo álgebra e estatística
contribuem para a construção da cidadania.
As orientações do livro do professor oferecem subsídios para uma utilização adequada
da coleção em sala de aula.

46
A coleção

Os livros da coleção iniciam-se com uma apresentação ao aluno e um sumário. Cada


volume é organizado em unidades temáticas que se dividem em itens. Esses itens
introduzem o conteúdo por meio de situações do cotidiano, textos sobre a História da
Matemática ou questões internas à Matemática. A apresentação dos conteúdos é
permeada por diversas seções relacionadas entre si: Exercícios Resolvidos; Problemas
e Exercícios; Para Recordar; Invente Você, que propõe a formulação de problemas pelo
aluno; Saia Dessa, com problemas não-convencionais; Palavras-Chave, apresentada
no final de cada unidade com atividades para os alunos resumirem as principais idéias
do capítulo; Projeto; Calculadora; O Elo e Flash Matemático, que tratam das conexões
entre a Matemática, a vida cotidiana e outras áreas do conhecimento.

Como complemento às unidades, cada volume contém Testes de Vestibulares; Jogos;


Respostas às questões e atividades propostas; Indicações de leitura para os alunos;
Referências Bibliográficas e uma lista com o Significado das siglas utilizadas na obra.

No início desse complemento, o volume da 1a série apresenta Tábuas de logaritmos decimais


e uma Tabela trigonométrica; o volume da 2a série, um apêndice com Moldes de sólidos
geométricos e; o volume da 3a série uma Tabela trigonométrica e o Alfabeto grego.

O livro do professor é constituído por uma cópia do livro do aluno e por um suplemento
destinado a orientar a prática pedagógica. Nele, a parte comum às três séries contém
uma Apresentação e as seções: Sobre as orientações didáticas; Estrutura da obra,
sugestões de utilização e competências envolvidas; Ampliando os recursos e as
Referências bibliográficas.

A cada volume são dedicadas Orientações específicas, com considerações sobre algumas
de suas unidades, e a seção Resolução dos exercícios, inclusive das seções de desafios.

1a série
Conjuntos numéricos e intervalos na reta real • Estatística · Relações entre grandezas:
funções • Funções do 1o grau • Funções do 2o grau • Seqüências, progressão aritmética
e progressão geométrica • Função exponencial, equação exponencial e inequação
exponencial • Logaritmo e função logarítmica • Módulo de um número real e função
modular • Função composta e função inversa • Trigonometria do triângulo retângulo •
Arcos de circunferência, ângulos e círculo trigonométrico • Funções trigonométricas:
definição, periodicidade e gráfico • Relações trigonométricas num triângulo qualquer.

2a série
Estatística • Contagem • Probabilidade · Sistemas lineares • Matrizes • Determinantes
• Geometria de posição • Sólidos geométricos: poliedros • Sólidos geométricos: corpos
redondos • Geometria métrica espacial • Funções trigonométricas: redução ao 1o
quadrante • Equações trigonométricas e inequações trigonométricas • Funções
trigonométricas da soma • Funções trigonométricas inversas.

47
A coleção

3a série
Noções de matemática financeira • Estudo analítico do ponto • Estudo analítico da
reta • Estudo analítico da circunferência • Estudo analítico das cônicas • Probabilidade
e estatística • Funções trigonométricas: cotangente, secante e co-secante • Polinômios
• Números complexos • Equações polinomiais • Taxa de variação de funções.
A análise

A seleção dos conteúdos contempla uma gama de unidades interessantes nos


campos da aritmética, da álgebra, da geometria, da trigonometria, da geometria analítica,
da estatística, da probabilidade, e da combinatória, escolhidos de maneira equilibrada.
Observa-se, no entanto, um excesso de tópicos no tratamento da trigonometria.

A coleção apresenta uma adequada distribuição dos conteúdos, que garante a


presença de quase todos os campos temáticos nas três séries. A exceção fica por
conta da geometria – a espacial, restrita à 2ª série, e a analítica, restrita à 3ª série.
Destaca-se a estatística, pela sua boa distribuição ao longo dos três volumes.

A abordagem dos conteúdos é realizada apropriadamente. Por exemplo, o tratamento


dado aos sistemas lineares inicia-se por uma retomada dos sistemas 2 x 2 e 3 x 3,
abordados no ensino fundamental e aprofunda o tema por meio de exemplos. Esse
estudo, aliado ao das matrizes, permite desenvolver o método de escalonamento para
resolução de sistemas gerais.

Os conceitos, propriedades e procedimentos são tratados com diversidade de


enfoques, como no estudo das soluções dos sistemas lineares, no qual estão integradas
as interpretações algébrica e geométrica. Um bom exemplo de tratamento de um
conceito de diferentes pontos de vista encontra-se no estudo das matrizes, que surgem
como tabelas de dupla entrada, como objeto algébrico – com suas propriedades
operatórias –, como uma representação de grafos e, ainda, como representante de
sistemas de equações lineares. Os conteúdos são desenvolvidos de modo a favorecer
a interação entre representações, como: língua portuguesa, linguagem simbólica,
gráficos, tabelas, desenhos e ícones.

A articulação entre os conteúdos da coleção realiza-se em espiral: conhecimentos


abordados em certas unidades são retomados e aprofundados em unidades
subseqüentes. Os conteúdos do ensino fundamental articulam-se com os da coleção
sempre que necessário para a compreensão dos conceitos em estudo.

48
A análise

Na contextualização dos conteúdos, a obra vale-se de situações do cotidiano, textos


sobre a História da Matemática e questões internas à Matemática. As referências
históricas sobre a produção do conhecimento matemático sugerem perspectivas que
podem contribuir para a sua aprendizagem. Destacam-se as seções O Elo e Flash
Matemático, que promovem boas conexões entre a Matemática e outros campos do
conhecimento.

A sistematização de conteúdos é bem conduzida. Em geral, estes são introduzidos


com base em uma situação-problema e desenvolvidos por meio das atividades presentes
nas seções, até serem sistematizados.

A metodologia de ensino-aprendizagem adotada contribui para a compreensão


dos conceitos e procedimentos matemáticos e para o desenvolvimento de competências
variadas. Os conteúdos são desenvolvidos respeitando uma evolução gradual de
complexidade. Valoriza-se a autonomia do aluno ao favorecer o estudo individual, e a
interação entre alunos, por meio de discussões em grupo.

O pensamento lógico, a criatividade, a comunicação, a pesquisa e a produção de


textos são ações sugeridas e incentivadas em diversas atividades. Apoiadas por leituras
complementares, essas atividades favorecem a concretização dessa concepção
metodológica. Conhecimentos prévios e extra-escolares são valorizados na contínua
revisão de conceitos próprios do ensino fundamental, geralmente feita de forma implícita.

O aluno encontra diversas atividades que o desafiam a pensar. Por serem de boa qualidade,
elas contribuem para a formulação de questões e problemas; para a criação e o emprego
de estratégias de resolução; para a verificação de processos e demonstrações e de
validações empíricas e matemáticas. As atividades que favorecem a utilização do cálculo
mental e por estimativa são enriquecidas pelo emprego da calculadora.

A coleção apresenta os conteúdos e a formulação de instruções por meio de uma


linguagem clara e agradável, adequada aos alunos a que se destina, e caracteriza-
se por um equilíbrio entre a linguagem matemática e o idioma.

O convívio social é estimulado ao longo da coleção por atividades que envolvem


comunicação, produção de textos e jogos. Destacam-se os campos da álgebra e da
estatística nas contribuições da Matemática para a construção da cidadania.

O manual pedagógico, do livro do professor, apresenta, com clareza, os objetivos e


fundamentos teóricos utilizados para a elaboração da obra. Oferece ao professor
esclarecimentos que auxiliam o entendimento das competências visadas pelas atividades
de cada tipo de seção da obra. No entanto, não são oferecidos subsídios suficientes quanto
a fundamentos e propostas de avaliação. As orientações do manual favorecem uma utilização
adequada da coleção no processo de ensino-aprendizagem e suas considerações teórico-
metodológicas podem contribuir para a formação e a atualização docentes.

49
Matemática
Aula por aula

Cláudio Xavier da Silva


Benigno Barreto Filho

Editora FTD S/A

029008

Síntese avaliativa

A obra contempla os conteúdos trabalhados normalmente no ensino médio e se


detém, bastante, no estudo de limites e derivadas. Por outro lado, dedica uma atenção
insuficiente à estatística, à probabilidade e à matemática financeira.

Os conteúdos são tratados de forma linear e fragmentada, com pequena apresentação


de seus aspectos teóricos, seguida de exercícios resolvidos e propostos. Enquanto
os exercícios resolvidos são aplicações diretas da teoria desenvolvida, os poucos
desafios aos alunos são apresentados em alguns exercícios propostos ou no final
dos capítulos, principalmente com questões retiradas de vestibulares.

A opção metodológica da obra é centrada na transmissão de definições, propriedades,


procedimentos e regras. Dessa forma, afasta-se de uma abordagem, com base em
problemas, que estimule maior participação dos alunos.

A obra caracteriza-se por uma linguagem carregada de simbologia matemática, com


um enfoque essencialmente algébrico.

O livro do professor, muito resumido, não oferece subsídios ao docente para trabalhar,
de forma significativa, os diferentes conteúdos e a avaliação.

50
A coleção

Os livros da coleção são organizados em capítulos, cujos títulos são os temas a


serem desenvolvidos. Esses, por sua vez, subdividem-se em itens, nos quais é feita
uma apresentação da teoria, seguida de Exercícios, resolvidos e propostos.

Os capítulos contêm, ainda, seções: A história conta, seção inicial de cada capítulo,
que tem o objetivo de fornecer dados históricos aos alunos, com um apêndice intitulado
Pesquise mais sobre o assunto, o qual sugere bibliografia complementar; Ficha-resumo
dos conteúdos estudados; Exercícios complementares, que aborda, em sua maioria,
questões de vestibulares; Saiba um pouco mais, com textos que tratam de vários
aspectos da produção científica e Desenvolva a Criatividade, com uma lista de
problemas mais elaborados.

Em cada página introdutória de capítulo, há o título e um pensamento, ou poema de


escritores, ou filósofos conceituados. Ao final do volume da 3ª série, há uma unidade,
Revendo o conteúdo, que traz uma seqüência de testes de vestibulares.

O livro do professor contém uma cópia do livro do aluno, acrescida das respostas dos
exercícios e de comentários, com orientações metodológicas além de um suplemento
pedagógico com os pressupostos teóricos e os objetivos que nortearam a elaboração
da obra.

Tal suplemento está dividido nos seguintes tópicos: Apresentação; Objetivos gerais
da Matemática; Objetivos específicos da Matemática; Características gerais da
coleção; Considerações sobre os objetivos relacionados ao conteúdo temático;
Proposta de avaliação; Referências bibliográficas; Outras referências, contendo
endereços de centros de pesquisa em educação matemática; e Respostas de todos
os exercícios do livro.

1a série
Conjuntos: revisão; conjuntos numéricos • Funções • Função polinomial do 1o grau:
gráficos; estudo dos sinais; inequações • Função polinomial do 2º grau: função
quadrática; gráficos; raízes; estudo dos sinais; inequação; sistema de inequações •
Função exponencial: propriedades; equações e inequações • Função logarítmica:
propriedades; mudança de base; equações; inequações; logaritmo decimal • Função
modular: equações e inequações • Trigonometria: trigonometria no triângulo retângulo
e no círculo; funções e relações trigonométricas; redução ao 1o quadrante •
Progressões: seqüências; progressões aritmética e geométrica.

2a série
Retomando progressões • Retomando e aprofundando trigonometria: revisão; fórmulas
de adição; subtração e duplicação de arcos; equações e inequações; funções circulares
inversas • Matrizes: igualdade; operações e inversa • Determinantes: definição; teorema
de Laplace; regra de Sarrus; matriz de Vandermonde; regra de Chió • Sistemas lineares:

51
A coleção

equações e sistemas lineares; regra de Cramer; classificação; escalonamento de


sistemas • Análise combinatória/Binômio de Newton: princípio fundamental da
contagem; permutação; arranjo e combinação simples; permutação com elementos
repetidos; números binomiais; triângulo de Pascal • Probabilidade: experimento
aleatório; espaço amostral; evento; união de dois eventos; probabilidade condicional;
distribuição binomial • Geometria espacial: tópicos de geometria plana; postulados;
posições relativas de retas e planos; sólidos geométricos.

3a série
Geometria analítica: ponto; reta; circunferência; cônicas • Números complexos: forma
algébrica; operações; representações geométrica e trigonométrica; potenciação;
radiciação • Polinômios: identidade; operações; equações algébricas • Limites: noção
intuitiva; definição; continuidade; limites trigonométrico e exponencial fundamentais;
limites envolvendo infinito • Derivadas: significado geométrico; propriedades operatórias;
funções logarítmicas; composta; potência de expoente real; inversa e exponencial;
variação das funções • Estatística e matemática financeira: conceitos introdutórios;
medidas de tendência central e de dispersão; porcentagem; lucro; desconto.
A análise

A seleção de conteúdos da coleção contempla os tópicos normalmente trabalhados


no ensino médio, nos campos da aritmética, da álgebra, da geometria, da trigonometria,
da geometria analítica, da estatística, da probabilidade e da combinatória.

No estudo de limites e de derivadas, estende-se até regras de derivação e regra da


cadeia. Além disso, os conteúdos de probabilidade, de estatística e de matemática
financeira não recebem a devida atenção, o que prejudica a compreensão dos conceitos.
Os números complexos recebem um tratamento muito extenso, que inclui até
potenciação e radiciação dos complexos.

Em todos os volumes observa-se uma distribuição de conteúdos que privilegia uma


organização linear e estanque dos assuntos trabalhados. Alguns temas são retomados
de forma repetitiva, sem que haja aprofundamento e ligação entre tópicos. Isso ocorre,
por exemplo, nos capítulos sobre trigonometria e progressões, presentes tanto no 1o
como no 2o volumes.

Quanto à abordagem dos conteúdos, muitos dos temas são tratados com enfoque
essencialmente algébrico. Os conteúdos de geometria analítica, polinômios, limites e
derivadas dão ênfase aos cálculos. Algumas técnicas avançadas são trabalhadas em
detrimento do desenvolvimento conceitual intuitivo e adequado à faixa etária dos alunos
do ensino médio.

O capítulo dedicado à estatística e à matemática financeira, por exemplo, possui uma


abordagem essencialmente técnica e desvinculada dos demais conteúdos.

52
A análise

Em análise combinatória, o aluno não é conduzido a adquirir, progressivamente,


estratégias de contagem de conjuntos discretos nas diversas situações-problema. Ao
contrário, é exposto a definições e a fórmulas de permutações, combinações e arranjos.

A diversidade de enfoques e de representações não é satisfatória. Na maioria das


situações, não se discutem diferentes abordagens (algébricas, geométricas e empíricas),
e como raramente há referências a problemas contextualizados, as atividades apresentadas
têm ligação somente com o conteúdo matemático que está sendo desenvolvido.

A articulação entre os campos matemáticos praticamente não é feita na coleção, na


medida em que os conteúdos dos capítulos são muito pouco interligados. Os exercícios
resolvidos, por sua vez, são aplicações imediatas da teoria e, em geral, constituem
problemas-padrão que se referem somente ao conteúdo do item em questão. Apesar
de propor um capítulo inicial sobre conjuntos numéricos, há poucas conexões com o
conteúdo que o aluno traz do ensino fundamental.

No que se refere à contextualização, o conteúdo dos capítulos volta-se à própria


Matemática e o aluno não é tratado como agente social e cultural. As atividades
propostas são, em sua maioria, impessoais. As relações entre Matemática e outras
necessidades sociais também são pouco exploradas, mas aparecem nas seções
Desenvolva a criatividade, ao final de cada capítulo.

Quanto à contextualização histórica, os capítulos iniciam-se por uma seção com


extratos da História da Matemática sobre o tema a ser tratado.

Na coleção, opta-se por uma transmissão formal das definições, das propriedades,
dos procedimentos e regras. Estes, ao final, são sumariados, por meio de uma Ficha–
resumo, apresentada como uma lista pronta a ser memorizada pelo aluno, sem que
ele participe dessa construção. Não há, portanto, o processo de sistematização e,
sim, uma transmissão da Matemática já sistematizada. Além do mais, diversas
inadequações são encontradas no tratamento de algumas noções matemáticas, tais
como no estudo do sistema cartesiano.

Quanto à metodologia de ensino-aprendizagem, observa-se que o aluno é pouco


estimulado a explorar, a analisar situações diversas, a conjecturar, a generalizar, a
usar a imaginação ou a criatividade. Estratégias para promover o desenvolvimento de
tais competências também não são muito utilizadas.

As atividades, em sua maioria, são exercícios de aplicação direta de fórmulas e


procedimentos. Além disso, são poucos os desafios propostos na seção Desenvolva
a Criatividade. Também, não é incentivada a discussão de diferentes estratégias de
resolução de um mesmo problema. Ao lado disso, não há muitas questões que
demandem estimativas ou cálculos mentais, e não é explorado o uso da calculadora
no processo de ensino-aprendizagem.

53
A análise

De uma forma geral, a linguagem utilizada na obra é correta e clara. No entanto,


emprega-se, inadequadamente, um excesso de simbologia.

Em relação à construção da cidadania, nota-se a ausência de atividades e de


estímulos às discussões sobre temas socioculturais. A metodologia adotada, além
do mais, não favorece o desenvolvimento da autonomia do aluno, elemento fundamental
no seu processo de formação.

O manual pedagógico, presente no livro do professor, explicita os objetivos do ensino


da Matemática e da coleção e comenta cada unidade dos livros. Entretanto, as
orientações oferecidas não contribuem de modo significativo para o trabalho com o
livro didático, por se constituírem considerações gerais. Por exemplo, sugerem-se
atividades de caráter interdisciplinar, mas não são dados exemplos que auxiliem o
professor no planejamento dessas atividades.

54
Matemática
Ciência e Aplicações

Gelson Iezzi
Osvaldo Dolce
Hygino Hugueros Domingues
Roberto Périgo
David Mauro Degenszajin
Nilze Silveira de Almeida

Saraiva Livreiros
Editores S/A

029001

Síntese avaliativa

Os conteúdos selecionados na obra abrangem os que são usualmente tratados no


ensino médio, além de uma revisão de assuntos das séries anteriores. Destaca-se,
ainda, um capítulo com um bom tratamento da matemática financeira.

No entanto, há excessiva atenção a vários tópicos, como trigonometria, determinantes,


álgebra dos polinômios, números complexos e derivadas. Além disso, os temas
concentram-se em grandes blocos.

Diversos temas são abordados adequadamente, como geometria, álgebra e estatística,


ainda que, na trigonometria, se dê demasiada ênfase às técnicas algébricas.

A apresentação dos conteúdos já formalizados, seguidos de exemplos e exercícios é


predominante na obra, o que pode levar o aluno a uma atitude passiva e pouco autônoma
em relação à Matemática. No entanto, a qualidade e a diversidade das atividades
propostas atenuam essa limitação.

A contextualização está presente nos problemas que envolvem a aplicação da


Matemática. Nesse aspecto, o capítulo dedicado à estatística privilegia temas sociais.
Merecem destaque as bem elaboradas referências à História da Matemática, que
permeiam toda a obra.

55
A coleção

Os volumes da coleção começam com uma Apresentação e um Sumário e se


organizam em capítulos temáticos, divididos em itens, em que são abordados tópicos
desses temas. Cada item contém, além da explanação dos conceitos e procedimentos,
vários exemplos ilustrativos e uma lista de exercícios.

Em alguns itens, encontra-se, também, uma seção com o resumo da parte teórica e,
em outros, uma introdução. No final de cada capítulo, há duas seções com problemas,
intituladas Testes de vestibulares e Desafios, seguidas, quase sempre, da seção
Matemática no tempo, que aborda temas da História da Matemática.

No 1º volume, há um apêndice sobre logaritmos decimais e, no 3º, dois apêndices


sobre limites fundamentais. Na parte final de cada volume, são fornecidas as respostas
dos exercícios e testes.

O livro do professor contém, na íntegra, o livro do aluno e é complementado por um


manual pedagógico. Neste, há uma primeira parte, comum às três séries, com as
seções: Apresentação, Sumário, Conheça esta coleção, Objetivos gerais da obra,
As bases legais do ensino médio brasileiro, Diretrizes curriculares nacionais para o
ensino médio, Diretrizes curriculares para o ensino médio na área de Matemática,
Leituras recomendadas ao professor.

A segunda parte do manual é específica de cada volume e traz as seções: Apresentação


do volume; Objetivos específicos dos campos da Matemática; Sugestões dos autores;
Sugestões para atividades em grupo; Relação dos pontos de contextualização, conexão
com outras áreas do conhecimento e conexão com outros tópicos de matemática;
resoluções de exercícios, testes e desafios; e uma lista com Significados das siglas
indicadas nos exercícios.

1a série
Conjuntos numéricos: naturais; inteiros; racionais; irracionais; reais; intervalos • Funções:
noções básicas; gráficos • Função afim: definição; gráfico; equações; propriedades;
inequações • Função quadrática: definição; gráfico; equações; propriedades; inequações •
Função modular: função definida por mais de uma sentença; módulo; gráfico; função
composta; inequações • Função exponencial: potência de expoente racional; função
exponencial; equações; inequações • Logaritmos: sistemas de logaritmos; propriedades
operatórias; mudança de base • Função logarítmica: funções injetoras, sobrejetores e
bijetoras; função inversa; função logarítmica; equações; inequações • Progressões:
seqüências numéricas; progressões aritméticas e geométricas; série geométrica convergente
• Noções de matemática financeira: porcentagem; juros simples e compostos; descontos •
Semelhança de triângulos • Trigonometria no triângulo retângulo · Resolução de triângulos.

2a série
Funções circulares • Relações entre funções: identidades trigonométricas
• Transformações trigonométricas • Equações e inequações trigonométricas
56
• Retomando as funções trigonométricas • Matrizes: noções básicas; operações com
A coleção

matrizes • Determinantes: cálculo de determinantes; teorema de Laplace; propriedades


• Sistemas lineares: escalonamento; regra de Cramer; discussão de sistemas • Áreas
de figuras planas: polígonos; círculo • Geometria espacial de posição: noções primitivas
e postulados; posições relativas de retas e planos; projeções; distâncias; ângulos •
Análise combinatória: princípio fundamental da contagem; arranjos; permutações;
combinações • Probabilidade: experimento aleatório; espaço amostral; probabilidade
de um evento; probabilidade da união de eventos; probabilidade condicional;
experimentos binomiais • Binômio de Newton • Poliedros: convexos; relações de
Euler; poliedros de Platão e regulares • Prisma: áreas e volume • Pirâmide: áreas e
volume, tetraedro regular • Cilindro: áreas e volumes, seção meridiana e cilindro
eqüilátero • Cone: áreas e volume, seção meridiana e cone eqüilátero • Esfera: seção
da esfera, área e volume, partes da esfera • Troncos: de pirâmide; de cone.

3a série
Estatística: gráficos; tabelas; medidas de tendência central e de dispersão • O
ponto: plano cartesiano; distância entre pontos; alinhamento de três pontos • A
reta: equações da reta; posições relativas de duas retas; inequações; ângulos;
distância de ponto a reta; área de um triângulo; bissetrizes • A circunferência:
equações; posições relativas de pontos, retas e circunferências; inequações •
As cônicas: equações; interseções; tangentes • Números complexos: definição;
operações; plano de Argand-Gauss; forma trigonométrica; potenciação e
radiciação • Polinômios: função polinomial; operações • Equações polinomiais
ou algébricas: Teorema Fundamental da Álgebra; multiplicidade de uma raiz;
raízes complexas; relações de Girard; raízes racionais • Derivadas: funções
contínuas; reta tangente; função derivada; aplicações • Regras de derivação •
Estudo de máximos e mínimos das funções.
A análise

A seleção dos conteúdos contempla os tópicos usuais do ensino médio, referentes


à aritmética, à álgebra, à geometria, à trigonometria, à geometria analítica, à estatística,
à probabilidade e à combinatória. Inclui, também, uma introdução aos limites e derivadas,
além de uma adequada revisão do conteúdo do ensino fundamental. A matemática
financeira, assunto importante para a formação do cidadão, é contemplada com um
capítulo inteiro, no livro da 1ª série.

Observa-se, porém, que há sobrecarga de alguns conteúdos como, por exemplo,


trigonometria, que compõe um conjunto de quase 180 páginas, ocupando o fim do
volume da 1ª série e o início do volume da 2ª série.

Quanto à distribuição dos conteúdos, os temas concentram-se em grandes blocos,


alguns deles localizados em um único volume. Por exemplo, o estudo de funções
acumula-se no volume da 1ª série e o de geometria analítica no da 3ª série.

57
A análise

A abordagem dos conteúdos é, em geral, adequada. Exemplo disso é o tratamento


dado à geometria, em que se valoriza a visualização do espaço físico, em particular,
com o emprego de figuras e fotografias de objetos concretos. Há um estudo adequado
da álgebra, que contempla desde o processo dedutivo até os procedimentos e
algoritmos puramente algébricos. Na abordagem da estatística, a ênfase é dada a
gráficos e tabelas que retratam situações atuais, sem, porém, se descuidar da parte
conceitual. Nos capítulos destinados à trigonometria, prevalece uma atenção excessiva
a técnicas algébricas. No estudo dos logaritmos, adota-se um tratamento que separa
sistemas de logaritmos de função logarítmica, o que não é recomendável.

Há grande diversidade de representações na apresentação de noções e fatos matemáticos.


As linguagens materna e simbólica, acompanhadas de desenhos, ilustrações, gráficos e
tabelas são instrumentos de ensino-aprendizagem presentes nos três volumes da coleção.

Em vários momentos do texto, especialmente na introdução de conceitos com base em


situações-problema, busca-se uma articulação do conhecimento em foco com os
previamente abordados, assim como com outros campos da Matemática. Além disso, os
problemas propostos contribuem, também, para a conexão entre os tópicos matemáticos.
Entretanto, as articulações entre os campos são dificultadas pela separação dos temas
em grandes blocos, distribuídos por série. Importantes conexões, tais como escalonamento
de matrizes e resolução de sistemas por escalonamento, não são feitas.

A contextualização está presente nos exercícios que envolvem aplicações da


Matemática, com ricos exemplos de articulação com outras áreas do conhecimento,
com as necessidades culturais e sociais e com o mundo físico. Observa-se que, em
apenas alguns capítulos e itens, a contextualização motiva a construção de novos
conceitos e seus significados. Em contrapartida, destaca-se a presença de temas
ligados à História da Matemática, que permeiam os três volumes.

Quanto à sistematização, em muitos dos capítulos e itens, segue-se uma metodologia


baseada na exposição do conteúdo formalizado, seguida de exercícios. Além disso, a
obra faz uso de validações empíricas, ainda que nem sempre seja feita uma distinção
nítida entre esta e a validação matemática. Busca-se, na obra, atingir um bom nível de
rigor matemático, o que é conseguido, salvo algumas exceções.

A metodologia de ensino-aprendizagem pauta-se pela apresentação dos conteúdos já


sistematizados, entremeados de questões resolvidas, sem uma participação mais ativa do
aluno nessa fase. O texto é impessoal e, praticamente, não há diálogo com o leitor. Contudo,
a apresentação de pequenas cadeias lógicas auxilia o desenvolvimento do raciocínio dedutivo.

Essas limitações metodológicas são atenuadas pelas atividades propostas, que se


compõem de uma boa seleção de exercícios, problemas e desafios, em vários níveis
de dificuldades, com respostas no livro do aluno e resoluções detalhadas no do
professor. Não há, porém, um convite sistemático à pesquisa e algumas poucas
sugestões para atividades em grupo são detalhadas no livro do professor.

58
A análise

Em geral, a obra não explora as facilidades propiciadas por calculadoras e


computadores. As idéias de aproximação não são enfatizadas e o cálculo mental não
é mencionado explicitamente.

A linguagem utilizada no livro é adequada ao aluno a que se destina e a linguagem


simbólica é utilizada sem exageros.

Temas relevantes para a construção da cidadania são apresentados no decorrer do


texto, em seções como as dedicadas à História da Matemática, à matemática
financeira, à probabilidade e à estatística.

O manual pedagógico contido no livro do professor apresenta, em linguagem clara,


a estrutura da coleção e seus objetivos, bem como uma releitura das diretrizes
curriculares para o ensino médio de Matemática.

O manual traz, também, alguns subsídios para a atuação do professor, em sala de


aula, de uma maneira esquemática. A resolução dos problemas mais difíceis está
bem apresentada e fornece, ao docente, uma boa fonte de informação e inspiração.
Indica, ainda, uma extensa lista de livros paradidáticos ou revistas, que tratam de
assuntos diretamente ligados ao dia-a-dia do professor, tais como: aprofundamento
em Matemática, ensino-aprendizagem de Matemática, História da Matemática,
questões curiosas de Matemática, entre outras.

59
Matemática
no Ensino Médio

Márcio Cintra Goulart

Editora
Scipione LTDA.

029020

Síntese avaliativa

Nessa obra, a escolha dos temas é a usual para o ensino médio. No entanto, o
espaço dedicado à matemática financeira é pequeno. Além disso, o desenvolvimento
de cada tema é concentrado em um dos volumes da coleção, à exceção da
trigonometria.

Os conteúdos são, em geral, apresentados de forma direta e pronta, seguidos de


exercícios resolvidos, e sempre de grande quantidade de exercícios propostos. As
atividades, na sua grande maioria, são de leitura e resolução de exercícios. Tal escolha
metodológica não favorece uma autonomia maior do aluno na construção do
conhecimento matemático.

Há alguns bons exemplos de articulação entre conhecimento novo e aquele adquirido


anteriormente. Outro ponto positivo observado é a utilização de diferentes tipos de
representações, como desenhos de figuras geométricas, língua portuguesa, linguagem
simbólica, gráficos e esquemas. O livro do professor faz referência a atividades
contextualizadas, sem, contudo, oferecer subsídios para encaminhá-las.

60
A coleção

A coleção distribui os conteúdos em capítulos temáticos. Cada livro traz uma


Apresentação, seguida de um Sumário e dos capítulos com o desenvolvimento dos
conteúdos. Termina com Respostas dos exercícios e problemas propostos, Bibliografia
utilizada na elaboração do livro e Sugestões de leituras complementares para o aluno.

Cada capítulo é organizado em itens que contêm a explanação teórica e, em quase


todos eles, há seções com Exercícios resolvidos que complementam a teoria exposta.
Ao final, há uma seção Testes de exames e concursos. Alguns capítulos apresentam,
também, textos de Leitura. O livro do aluno traz, ainda, as respostas dos exercícios e
testes propostos em todas as seções.

O livro do professor contém, na íntegra, o livro do aluno. Sua parte específica é organizada
em seis seções: Por que e como ensinar (e aprender) Matemática no ensino médio; Por que
e como avaliar o aprendizado de Matemática no ensino médio; Como se organiza a coleção;
Nossas sugestões, com indicações de leituras, endereços eletrônicos e instituições para a
formação continuada; Desenvolvimento dos conteúdos em sala de aula, iniciada com breve
orientação metodológica por capítulo, seguida das resoluções de algumas questões
selecionadas do livro do aluno; e Problemas e exercícios suplementares. O terceiro volume
apresenta, também, a seção Resolução das questões do ENEM (1998-2003).

1a série
Números: naturais, inteiros, racionais e reais; intervalos; módulo; porcentagem · Funções:
representação; plano cartesiano; constante e identidade; função polinomial do 1° grau;
inequações do 1° grau; função quadrática; inequações do 2° grau; função definida por mais
de uma sentença; funções composta e inversa • Função exponencial: potências e raízes;
função exponencial; equações e inequações exponenciais • Logaritmos • Função logarítmica:
propriedades; mudança de base; função logarítmica; aplicações; co-logaritmo • Seqüências:
progressões aritmética e geométrica • Matemática financeira: porcentagem; juros simples
e compostos • Razões trigonométricas: tangente; seno e co-seno; valores notáveis; relação
fundamental; ângulos suplementares; área do triângulo; leis dos senos e dos co-senos.

2a série
Trigonometria: circunferência trigonométrica; seno e co-seno; tangente; cotangente,
secante e co-secante; fórmulas de adição; transformação em produto; inequações
trigonométricas; funções trigonométricas inversas • Matrizes: operações; propriedades;
matriz invertível • Sistemas lineares e determinantes: escalonamento; discussão de
sistemas; regra de Cramer; sistema homogêneo; matriz transposta; propriedades dos
determinantes • Contagem: princípio multiplicativo; permutações; combinações;
arranjos; binômio de Newton • Probabilidades: experimentos aleatórios; espaço
amostral equiprovável; probabilidade da reunião e do complementar; multiplicação de
probabilidades; probabilidade condicional e independência de eventos; distribuição
binomial • Geometria espacial: posições relativas; projeção ortogonal; prismas – áreas
e volumes; pirâmide; cilindro; cone; tronco de pirâmide; tronco de cone; esfera; ângulos
poliédricos; poliedros.

61
A coleção

3a série
Geometria analítica: distância entre dois pontos; divisão de um segmento; coeficiente
angular, condição de alinhamento; equações da reta; posições relativas; ângulos;
distância entre ponto e reta; inequações do 1° grau em duas variáveis; circunferência;
tangência; lugares geométricos; cônicas • Números complexos: representação no
plano, complexos conjugados; forma trigonométrica; produto e quociente; potências;
raízes • Polinômios: operações; dispositivo de Briot-Ruffini • Equações polinomiais:
multiplicidade de uma raiz; relações de Girard; raízes racionais; raízes complexas •
Noções de estatística: pesquisa estatística; média, mediana, moda; variância e desvio
padrão; distribuição de freqüências; histograma.

A seleção dos conteúdos é a normalmente adotada para o ensino médio. A escolha


A análise

de temas é feita de forma apropriada, nos campos da aritmética, álgebra, geometria,


trigonometria, geometria analítica, estatística, probabilidade e combinatória. Faz-se
exceção à matemática financeira, à qual é dedicado um pequeno espaço.

Na coleção, opta-se pela distribuição dos conteúdos em extensos blocos temáticos,


concentrados num único volume, com exceção da trigonometria, que é abordada no
1º e no 2º volumes. A geometria analítica, por exemplo, é tratada, apenas, no volume
da 3a série; toda a geometria espacial está no da 2a série.

Quanto à abordagem dos conteúdos, a resolução dos sistemas lineares é


apresentada pelos processos de escalonamento e pela regra de Cramer, mas a
comparação entre os dois é discutida somente no livro do professor.

O conceito de função é introduzido como associação entre variações de grandezas,


mas, depois, se formaliza esse conceito como um caso especial do conceito de
relação e não se comparam as duas definições.

Em relação à trigonometria, refaz-se, no volume da 1a série, o estudo das razões


trigonométricas no triângulo, presumivelmente visto no ensino fundamental, e estendem-
se as definições para a circunferência trigonométrica no volume da 2a série.

Um ponto positivo observado na coleção é a diversidade de representações, no


que diz respeito à utilização de desenhos de figuras geométricas, da língua
portuguesa, de linguagem simbólica, de gráficos, de esquemas, entre outras.
Particularmente no estudo das funções, são privilegiadas as representações algébrica
e gráfica, tanto na unidade específica de funções, quanto na de funções
trigonométricas e na de geometria analítica. Não existe, contudo, um cuidado especial
em destacar ou em discutir, com o aluno, a vantagem de cada uma das
representações, bem como a conexão entre elas.

62
A análise

Há alguns bons exemplos de articulação entre conhecimento novo e aquele adquirido


anteriormente. Pode-se citar a retomada dos sistemas a duas incógnitas, quando se
estuda a posição relativa de duas retas na geometria analítica. É interessante, também, o
exercício resolvido que apresenta uma demonstração clara e acessível da regra de
divisibilidade por três. A prova, além de ser um exemplo simples de desenvolvimento do
raciocínio, liga o estudo dos números inteiros ao estudo de exponenciais. No entanto, não
são estabelecidas algumas articulações, notadamente entre probabilidade e estatística.

A contextualização das questões, em geral, é feita nos exercícios e nos testes de


vestibulares ou do ENEM. Há casos em que é apenas mencionada, como no da utilização
da multiplicação de matrizes na informática. As conexões com outras áreas do
conhecimento aparecem especialmente nos problemas ou nos testes de vestibulares.

Quanto à sistematização, os conteúdos são apresentados no início de cada capítulo ou


seção, ou, ainda, por meio de exercícios resolvidos antes da seção Exercícios e problemas.
No entanto, os temas não são rediscutidos ao final dos capítulos, o que permitiria
sistematizar os eventuais avanços conceituais e procedimentais alcançados pelos alunos.
Além disso, no tratamento dado aos conteúdos, podem ser encontradas algumas
inadequações, como na abordagem da noção de distância e na de função composta.

A metodologia de ensino-aprendizagem está baseada em leitura de texto que expõe


o conteúdo, seguida de resolução de exercícios. A apresentação dos conteúdos é,
quase sempre, feita de forma já estruturada, seguida de exemplos e exercícios propostos.

Em geral, não é solicitado papel ativo ao aluno no seu processo de aprendizagem.


Algumas vezes, ele é convidado a ler textos das seções Leitura relacionados ao assunto.
Por exemplo: as considerações sobre órbitas de planetas no item que discute as elipses.

As atividades propostas, quase sempre são pouco desafiadoras, restringindo-se a


leitura de textos e resolução de exercícios e testes. O emprego de atividades mais
contextualizadas é sugerido no livro do professor, sem se detalhar o planejamento de
tais atividades. Por exemplo, a utilização das equações algébricas de grau superior a
dois, em modelos de otimização, é sugerida no livro do professor, sem mais pormenores.

Muitas vezes, a linguagem empregada na obra é inadequada, por dois motivos: primeiro,
pelo uso de nomenclatura não usual na Matemática, e, em segundo lugar, pela ocorrência
de textos confusos na apresentação de conceitos e procedimentos.
Há algumas atividades relacionadas à construção da cidadania, mas, como no caso
das contextualizações, a maior parte restringe-se a exercícios e problemas de
vestibulares ou do ENEM.

O livro do professor apresenta sugestões úteis para o desenvolvimento do conteúdo de


cada item e para a resolução de algumas das questões propostas no livro do aluno, além
de Problemas e exercícios suplementares. Defende uma metodologia baseada no uso da
História da Matemática, na resolução de problemas, no uso de tecnologia e no envolvimento
do aluno, mas há pouco material para ajudar o docente a seguir tal concepção.

63
Matemática:
Uma Atividade Humana

Adilson Longen

Base Editora e
Gerenciamento Pedagógico

029019

Síntese avaliativa

A seleção dos conteúdos da obra abrange os temas usualmente abordados no ensino


médio, além de incluir uma revisão do conteúdo do ensino fundamental. Observa-se
que a matemática financeira é pouco explorada. Em cada série, os temas são tratados
em grandes blocos, o que contribui para a fragmentação do conhecimento matemático.

Os conteúdos são introduzidos por meio de uma situação-problema interna ou externa


à Matemática, ou a partir de conhecimentos prévios, o que pode facilitar a atribuição
de significados aos conceitos matemáticos. As demonstrações apresentadas na
coleção são de fácil compreensão, embora seu número seja reduzido.

A linguagem é acessível e diversificada. Há vários tipos de textos, alguns de caráter


histórico ou informativo, e outros, trechos de artigos de jornais ou revistas.

O livro do professor contém vários subsídios que auxiliam o docente, sugere


leituras complementares, atividades a serem desenvolvidas pelos alunos,
propostas de avaliação e de articulações entre conteúdos matemáticos e, destes,
com outras disciplinas.

64
A coleção

Os livros se iniciam com uma apresentação da obra, seguida de um sumário, e são


estruturados em unidades que se desdobram em capítulos. Estes se subdividem em
tópicos e apresentam as seções Questões para discussão, as quais levam o aluno à
reflexão sobre o conteúdo, e Resolva agora, com problemas de fixação.

Todo capítulo começa com a seção Idéias iniciais, com textos, referências históricas
ou situações-problema, e termina com uma lista de atividades, subdivididas nas seções
Resolva em seu caderno, Em grupo e Um desafio para você.

Ao final das unidades, há textos informativos, alguns deles sobre a História da Matemática,
em que são propostas questões para debates. Em seguida, encontra-se uma lista de
questões e testes variados, quase todos de múltipla escolha, cujas respostas são fornecidas
no livro do aluno. Cada volume é finalizado com as Referências bibliográficas.

O livro do professor contém um manual pedagógico seguido de uma cópia do livro do


aluno, acrescida de algumas respostas de exercícios, sugestões e observações
complementares, referentes aos temas abordados e às atividades propostas.

Uma parte do manual é comum a todas as séries e apresenta os Pressupostos teóricos


e metodológicos subdivididos nos itens: Introdução, O conhecimento matemático no
Ensino Médio, Objetivos do ensino da Matemática, Avaliação, Instrumentos de avaliação
e Estrutura da coleção.

Uma segunda parte, específica para cada série, apresenta o Encaminhamento do volume
com os itens: Subdivisões do capítulo, Sugestão de avaliação, Discussão e resolução de
algumas atividades. Além disso, há, em alguns capítulos, Sugestão de leitura para o professor.

1a série
Tópicos de Matemática do ensino fundamental: números reais; potenciação; radiciação;
expressões algébricas; equações e sistemas de equações; medidas; números
proporcionais; triângulo retângulo; círculo e circunferência; equações do 2o grau • Conjuntos:
noções importantes; subconjuntos; operações entre conjuntos • Funções: função; função
afim; função quadrática; conceito de módulo; função exponencial; logaritmos; composição
e inversão de funções; função logarítmica • Trigonometria: o sistema trigonométrico; seno
e co-seno de um arco; outras razões trigonométricas; operações com arcos; funções
trigonométricas; fatoração de razões trigonométricas; trigonometria num triângulo qualquer.

2a série
Seqüências numéricas: médias; seqüências; progressão aritmética; progressão
geométrica; juros simples e compostos • Geometria no plano: ângulos; triângulos;
polígonos; retas e ângulos na circunferência; polígonos regulares • Análise combinatória
e probabilidades: princípio fundamental da contagem; permutação; combinação
simples; binômio de Newton; probabilidades • Geometria espacial: pontos, retas e
planos; perpendicularismo; poliedros; prismas; cilindros; pirâmides; cones; esfera.

65
A coleção

3a série
Introdução à estatística: noções de estatística; medidas estatísticas • Matrizes,
sistemas lineares e determinantes: sistemas de equações lineares; discussão de um
sistema linear; matrizes; determinantes; teoremas sobre determinantes • Geometria
analítica: introdução; equações da reta; ângulos entre retas; equação da circunferência;
distâncias; cônicas • Números complexos e equações polinomiais: polinômios; divisão
de polinômios; números complexos; plano complexo; operações com números
complexos; equações algébricas; relações de Girard.
A análise

A seleção dos conteúdos inclui os temas normalmente abordados nessa fase da


escolaridade, nos campos da aritmética, álgebra, geometria, trigonometria, geometria
analítica, estatística, probabilidade e combinatória. Também oferece uma revisão do
ensino fundamental no volume da 1a série e um aprofundamento da geometria plana
no volume da 2a série. No entanto, a coleção aborda certos tópicos dispensáveis,
como identidades trigonométricas especiais, algumas propriedades dos determinantes,
radiciação de números complexos, entre outros. Além disso, é limitado o estudo de
probabilidades, de estatística e de matemática financeira.

Na distribuição dos conteúdos, adota-se o modelo de concentrar grandes blocos


temáticos em determinadas séries. Todo o estudo de funções e trigonometria é
apresentado na 1ª série; a geometria, na 2ª série; e a geometria analítica, na 3ª série.

A abordagem dos conteúdos é feita de forma adequada, na medida em que se


recorre a uma situação-problema, própria da Matemática ou de outras áreas, ou,
ainda, a conhecimentos prévios. Além disso, as seções Questões para discussão
propõem temas e problemas que, devidamente trabalhados, enriquecem muito a
compreensão dos conceitos.

No entanto, algumas limitações comprometem a abordagem dos conteúdos de certos


temas. Os números irracionais, por exemplo, mereceriam mais atenção em seu
tratamento, especialmente na representação decimal desses números e, também, na
passagem do discreto ao contínuo, no estudo das funções. É pouco freqüente a
utilização de demonstrações matemáticas, em particular no estudo da geometria
espacial. Os conceitos de análise combinatória são apresentados de forma
fragmentada, o que pode levar o aluno a não utilizar o princípio fundamental da contagem
como elemento central na resolução de problemas.

66
A análise

O trabalho relacionado à matemática financeira é feito de forma superficial, sem


privilegiar a contextualização. Também há limitações no estudo da estatística, pois
não se promove, na obra, discussão qualitativa ou leitura crítica sobre os conceitos. O
tema das probabilidades não é bem explorado, alguns conceitos são mostrados de
forma muito direta, sem favorecer a atribuição de significados pelo aluno.

Em geral, a obra apresenta diversidade de representações de conceitos e


procedimentos matemáticos articuladas de modo satisfatório, com as quais se procura
facilitar o entendimento do assunto. Ressaltam-se, de forma especial, os textos ao
final das unidades, enriquecidos com desenhos e esquemas.

Além disso, em alguns momentos a coleção privilegia a diversidade de enfoques,


como no estudo dos produtos notáveis, em que se busca uma abordagem algébrica
acompanhada do significado referente às grandezas geométricas.

A articulação entre campos está presente em todos os volumes, em diversas


situações: chamadas ao professor; atividades propostas ao aluno; lembretes inseridos
no texto ou colocados como sugestão de pesquisa. Por outro lado, pode-se verificar
falta de articulação em alguns conteúdos, como no estudo de funções e progressões
ou na ligação entre probabilidade e estatística.

As ligações entre o conhecimento novo e o já abordado são freqüentes, mas, às


vezes, é feita de forma insuficiente, deixada como proposta nas questões discursivas
ou sugeridas no suplemento pedagógico do livro do professor.

Em relação à contextualização, observam-se textos que relacionam o


desenvolvimento histórico da Matemática com os conteúdos abordados, embora ainda
em pequena escala. Também são satisfatórias as tentativas de atribuir significados
socioculturais à Matemática.

As conexões com outras áreas do conhecimento aparecem na obra como sugestão


ao professor e, em outros momentos, embora de forma discreta, em exemplos ou em
situações que incentivam a curiosidade do aluno.

A sistematização dos conteúdos, em geral, contribui para a compreensão dos


conceitos e procedimentos, mas há várias situações em que o conteúdo vem carregado
de simbologia e nomenclatura. O docente também precisa ficar atento às seções
Questões para discussão, que trazem problemas abertos, para os quais não são
apresentadas orientações no livro do professor.

Quanto à metodologia de ensino-aprendizagem, verifica-se que, em geral, os


conteúdos são apresentados de forma adequada. As demonstrações, embora em
número reduzido, são de fácil compreensão. Em alguns momentos são sugeridos
trabalhos de pesquisa.

67
A análise
A obra utiliza vários processos relacionados ao desenvolvimento do pensamento
matemático e de competências complexas. Todavia, em alguns casos, a informação
de que certos resultados podem ser provados matematicamente é omitida, não sendo
estabelecida distinção entre validação matemática e validação empírica. As seções
Questões para discussão, Desafio e Em grupo apresentam atividades, em geral,
interessantes, que podem enriquecer e valorizar a participação do aluno no processo
de ensino-aprendizagem.

Um bom número de atividades também apresenta sugestões de pesquisa e incentiva


o trabalho em grupo. Além disso, há um número expressivo de testes e exercícios de
vestibulares, especialmente instigantes, que não se restringem a exercícios técnicos.

O estímulo ao uso de calculadora, de materiais concretos, de régua, de compasso e


de transferidor é comum, tanto em atividades dirigidas diretamente aos alunos quanto
como sugestão ao professor.

A linguagem utilizada na obra é, em geral, adequada ao aluno, apresentando clareza


na abordagem dos conteúdos. Há vários tipos de textos, históricos, informativos de
caráter geral, trechos de artigos de jornais ou revistas e artigos científicos.

As propostas de discussão ou trabalhos em grupos proporcionam boa oportunidade


para a construção da cidadania, em que os alunos podem exercitar o convívio
social e a tolerância. No entanto, a pouca atenção dada à estatística e à matemática
financeira priva o aluno de temas que contribuem muito para a consciência sobre
problemas socioeconômicos.

Em geral, há coerência entre os pressupostos teóricos explicitados no livro do


professor e a proposta contida no livro do aluno. Isso é observado, sobretudo, nas
questões deixadas para discussão e nas sugestões feitas ao professor, para
complementar os estudos.

No livro do professor, propõem-se, também, diversas atividades que levam o aluno a


pesquisar, a refletir e a fazer críticas sobre questões que envolvam o seu dia-a-dia. Ao
final da apresentação de alguns capítulos encontram-se sugestões de avaliação, ainda
que pouco detalhadas.

68
Anexos

69
70
Critérios Específicos de Matemática
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA

Para ser compatível com os objetivos do ensino de Matemática no Ensino Médio, um


livro didático deve abranger um amplo espectro de conteúdos nos campos da aritmética,
da geometria, da álgebra, das grandezas e medidas, da estatística, das probabilidades
e da combinatória.

Em contraste com muitas das abordagens atuais, o tratamento desses conteúdos deve
buscar o equilíbrio na atenção aos diversos conteúdos. Deve, igualmente, afastar-se da
compartimentalização e procurar ampliar as ocasiões de articulação entre os diferentes temas,
evitando o inconveniente de se limitar à apresentação de conteúdos de maneira concentrada
em uma parte da coleção e desconectada de outros conteúdos. Por exemplo, é freqüente que
sejam abordadas as funções apenas no primeiro volume da coleção e os de geometria analítica
no último volume, com pouquíssimas conexões com os demais conteúdos.

É também importante que, no livro didático, atenda-se a requisitos de diversidade. Um


mesmo conceito matemático pode ser abordado em mais de um dos campos temáticos
acima referidos e, mesmo dentro de cada um deles, pode ser tratado de diferentes
pontos de vista.

A seguir, são apresentados alguns desses aspectos metodológicos — seleção,


distribuição, articulação dos conteúdos — com objetivo de exemplificá-los ou de apontar
desvios mais comuns, sem nenhuma pretensão de delinear uma proposta curricular
para o ensino médio, tema deixado para um outro âmbito de discussão.

O estudo das funções numéricas como modelos matemáticos para o estudo da


validação de uma grandeza associada à variação de outra grandeza assume um papel
unificador importante. A abordagem das seqüências numéricas — não apenas as
progressões aritmética e geométrica — pode ser feita com base nas funções definidas
no conjunto dos números naturais, por exemplo.

Além disso, a representação no plano cartesiano permite ligar as propriedades de uma


função com as de seu gráfico e a geometria analítica pode aparecer, então, como um
campo de confluência de vários conceitos — função, equação, figura geométrica, etc.
— que deveriam ser desenvolvidos e integrados no decorrer de todo o ensino médio. Por
fim, o tratamento de temas como crescimento, decrescimento, taxa de variação de
uma função, inclinação do gráfico, entre outros, devem permear o estudo das diferentes
funções estudadas. Esse seria um caminho apropriado quando se deseja trabalhar o
conceito de derivada nesse nível. Tal conceito, quando abordado, usualmente é precedido
de um extenso capítulo de limites que se revela como inadequado e dispensável.

A função linear e sua estreita relação com o conceito de proporcionalidade entre


grandezas é uma primeira dessas funções relevantes, que se amplia para o estudo da

71
Critérios Específicos de Matemática
função linear afim e correlatas, e suas inúmeras aplicações. A conexão com as
progressões aritméticas, tema bastante enfatizado no ensino médio, é possível e
desejável.

A função quadrática é um tema propício para a ligação com o conhecimento adquirido


sobre a equação do 2º grau, que deve ser retomada, com atenção à importante técnica
de completar quadrados. A função quadrática articula-se bem com o estudo geométrico
da parábola, além de ter papel relevante como modelo, por exemplo, para o movimento
uniformemente acelerado.

A função exponencial, um dos temas centrais em todo o conhecimento científico, por ser
um modelo para inúmeros fenômenos naturais, tem, também, um papel central na
Matemática, merecendo um lugar de destaque nos conteúdos a serem selecionados
num livro didático para o ensino médio. Em particular, a função exponencial articula-se
muito bem com as progressões geométricas e com os problemas de matemática financeira.
O conceito de logaritmo de um número, abordado como um meio de facilitar cálculos
numéricos, perdeu completamente sua importância com o advento da calculadora.
Contudo, a função logaritmo retém sua importância como inversa da exponencial e deve
continuar a ser estudada, com suas propriedades básicas, nessa etapa do ensino. Não
faz sentido, todavia, despender atenção com o estudo pormenorizado de equações
logarítmicas, muitas delas artificiais.

A abordagem da trigonometria deve afastar-se do extenso, detalhado e excessivo


repertório de fórmulas e de equações trigonométricas que prevalece em muitas
propostas para o ensino médio.

Em contrapartida, devem se enfatizar as funções trigonométricas básicas como um modelo


matemático para os fenômenos periódicos. Entre esses fenômenos, as projeções sobre
dois diâmetros ortogonais da posição de um móvel em movimento circular desempenham
o papel de modelo básico, que está diretamente associado às funções trigonométricas
fundamentais. Esse é um momento adequado para valorizar a utilização da Matemática
no estudo do movimento harmônico simples, que se liga a praticamente todos os
movimentos ondulatórios da Natureza, particularmente na acústica e no eletromagnetismo.

Os conteúdos relativos a conjuntos devem ser reduzidos ao mínimo necessário


nessa etapa do ensino, com uma apresentação intuitiva, não-formalizada, dos
conceitos básicos, com economia no uso da simbologia específica do assunto e
com emprego em aplicações nas quais esses conteúdos ajudem, de fato, na
compreensão de outros conceitos e procedimentos matemáticos. Em contrapartida,
o excesso desnecessário de tratamento desse assunto revela-se no esforço que
se faz para utilizar a linguagem e a notação de conjuntos em situações em que
aparecem de modo artificial e desnecessário. Um exemplo em que é bastante
desaconselhável, tanto do ponto de vista matemático como didático, o uso da
linguagem da teoria dos conjuntos é a definição de função com base em conceito

72
Critérios Específicos de Matemática

de produto cartesiano de dois conjuntos. Por fim, lembre-se que o tratamento de


conjunto, nesse nível de ensino, tem conduzido, com freqüência, a equívocos
conceituais, por exemplo, à confusão entre pertinência e inclusão, entre conjunto
e cardinalidade de conjunto e entre conjunto infinito e conjunto finito.

Com relação, ainda, ao excesso de linguagem formal, cabe lembrar o emprego


desnecessário da noção de sentença matemática, aberta ou fechada.

A geometria, no ensino médio, pode representar outro campo privilegiado de


articulações entre conceitos e procedimentos matemáticos relevantes, como se pode
observar no próximo parágrafo.

Possivelmente por sua história, a geometria tem sido vista, em muitas das atuais
propostas de ensino, como o único campo em que são pertinentes as demonstrações
do método lógico-dedutivo. Esse não é um ponto de vista correto, pois o método
dedutivo é fundamental nos demais campos da Matemática. A geometria tem a
particularidade de ser um campo em que é possível se exercitar, de forma plena, as
inter-relações entre o método lógico-dedutivo e o raciocínio intuitivo, baseado nos
desenhos, ou nos exemplos materiais dos objetos abstratos da geometria.

A abordagem dos sistemas de equações lineares tem um papel importante não só


para a formação matemática como na modelização algébrica de muitas situações
das ciências e da tecnologia. A resolução desses sistemas pelo método de
escalonamento da matriz do sistema deve ter a primazia, em detrimento do emprego
dos determinantes e da Regra de Cramer. O estudo de tal regra no ensino médio não
se justifica nem do ponto de vista da Matemática, nem é o procedimento a que se
recorre nas aplicações com o uso do computador. A técnica de escalonamento de
matrizes pode ser abordada por meio das operações elementares com suas linhas,
sem a necessidade de serem utilizadas as operações da álgebra de matrizes.

Os processos de aproximação na resolução de equações assumem maior importância nas


aplicações do que as fórmulas, e podem ser tratados de forma acessível ao aluno do ensino
médio. Mais amplamente o tema da aproximação pode ser estudado em conexão com o
cálculo numérico aproximado. Em especial, podem ser tratadas as soluções de equações
algébricas de graus mais elevados ou mesmo de equações não-algébricas e, por fim, a
determinação da área ou do volume aproximado de figuras geométricas, entre outros casos.

Passa-se, agora, tratar outros aspectos relacionados a dois eixos norteadores das
práticas pedagógicas, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio — a interdisciplinaridade e a contextualização — no que diz respeito à
Matemática, os quais devem ser contemplados nos livros didáticos.

Quatro importantes modelos matemáticos, como a função linear, a função quadrática,


as funções trigonométricas e a função exponencial foram anteriormente salientados

73
Critérios Específicos de Matemática
como fundamentais ao estudo de fenômenos da Natureza e, como tais, favorecedores
da interdisciplinaridade que se almeja no ensino médio.

Outro campo fértil para que se realize essa prática de interdisciplinaridade é o da


abordagem de situações-problema que envolvam grandezas e medidas, não só as
geométricas, mas também as grandezas físicas, sempre presentes nas práticas sociais,
tecnológicas e científicas.

Quanto ao eixo da contextualização, cabe comentar, primeiramente, que o termo com


muitos significados tem provocado acirrado debate entre educadores. Nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, a contextualização é vista como um dos
instrumentos para a concretização da idéia de interdisciplinaridade e para favorecer a
atribuição de significados pelo aluno, no processo de ensino-aprendizagem. Lê-se, ainda,
no documento: “A contextualização evoca por isto áreas, âmbitos ou dimensões presentes
na vida pessoal, social e cultural, e mobiliza competências cognitivas já adquiridas”.

É recomendável, portanto, que um livro didático procure atender esse requisito de articulação
com as práticas e necessidades sociais. Mas estas últimas não se devem restringir apenas
às situações do dia-a-dia do cidadão, o que tem sido um freqüente desvio da idéia de
contextualização. A articulação da Matemática ensinada no ensino médio com temas atuais
da ciência e da tecnologia é possível e necessária para que se guarde o desejável equilíbrio
ante a tripla missão dessa fase do ensino, mencionada anteriormente.

É necessário, também, observar que as articulações com as práticas sociais não são
as únicas maneiras de favorecer a atribuição de significados a conceitos e procedimentos
matemáticos, pois isso igualmente é possível, em muitos casos, com o estabelecimento
de suas conexões com outros conceitos e procedimentos matemáticos importantes.

Cabe, ainda, lembrar que são totalmente ineficazes contextualizações artificiais, em


que a situação evocada nada tem de essencialmente ligada ao conceito ou ao
procedimento visado, como também são deseducativas as contextualizações
pretensamente baseadas na realidade, mas com aspectos totalmente fantasiosos.

A História oferece um outro âmbito de contextualização importante do conhecimento


matemático. Um livro didático deve fazer referências aos processos históricos de
produção do conhecimento matemático e utilizar esses processos como instrumento
para auxiliar a aprendizagem da Matemática. Há vários temas em que a articulação
com a história da Matemática pode ser feita com essa perspectiva, tais como a
crise dos irracionais no desenvolvimento da ciência grega, que tem conexão com
obstáculos até hoje presentes na aprendizagem desse conceito; os cálculos
astronômicos realizados em diversas fases históricas e suas relações com a
geometria; a discussão das Leis de Kepler e suas conexões com a geometria da
elipse, com a noção de proporcional idade e com a tecnologia de satélites; a evolução
do emprego do logaritmo com o advento das novas tecnologias de computação; o
Princípio de Cavalieri e as questões de cálculo de volume.

74
Critérios Específicos de Matemática
Se a interdisciplinaridade e a contextualização precisam, de fato, integrar-se às práticas
pedagógicas no ensino médio e, particularmente, nas da Matemática, não se pode
deixar de enfatizar alguns aspectos caracterizadores desse campo do conhecimento,
que precisam, também, ser contemplados nesse nível de ensino, devendo, portanto,
estar presentes no livro didático, respeitando-se alguns princípios.

Invocam-se, especialmente, a ampliação e o aprofundamento da explicitação da estruturação


lógica da Matemática, para o aluno, nesse período da escolarização, não com a apresentação
sistemática e excessiva de demonstrações rigorosas, mas organização do assunto, de
maneira a respeitar sua lógica interna, suas grandes linhas de desenvolvimento e a
interdependência entre suas diversas partes. O livro-texto deve valorizar os vários recursos
do pensamento matemático, como a imaginação, a intuição, o raciocínio indutivo e o raciocínio
lógico-dedutivo, a distinção entre validação matemática e validação empírica e favorecer a
construção progressiva do método dedutivo em Matemática.

A respeito do método dedutivo, convém advertir para desvios freqüentes a serem afastados.
O primeiro deles é o de formular uma generalização como fato provado, com base na
verificação de exemplos — muitas vezes um ou dois apenas. Outros são apresentar
provas muito complicadas de alguns teoremas, que podem ser deixadas para estudos
posteriores, ou expor demonstrações difíceis para fatos intuitivamente evidentes.

Muitas vezes, tais demonstrações podem ser dispensadas sem prejuízo da compreensão.
Por fim, cabe evitar raciocínios circulares, às vezes presentes, em que proposições
equivalentes que se querem provar são utilizadas em uma demonstração.

É indispensável que os conteúdos ensinados sejam compatíveis com a Matemática, enquanto


conhecimento acumulado e organizado, evitando-se, dessa forma, erros conceituais. Também
são prejudiciais as formulações que induzam o aluno a tirar conclusões erradas com base
no que é afirmado no livro-texto. É, igualmente, necessário empregar corretamente o raciocínio
dedutivo, não sendo admissíveis afirmações contraditórias ou inconsistências lógicas.

Cabem, ainda, algumas considerações em relação ao uso da linguagem nos livros


didáticos de Matemática.

Podem ser utilizadas diferentes linguagens para representar os conteúdos símbolos:


matemáticos, língua natural, desenhos, gráficos, ícones, etc. Esse tratamento
diversificado é apontado, atualmente, como um fator muito importante para a
compreensão dos conceitos e dos procedimentos matemáticos. Convém, também,
evitar o equívoco, às vezes observado em textos didáticos, de exagerar na nomenclatura
ou em notações e classificações, muitas delas supérfluas.

A linguagem utilizada no livro didático deve ser adequada ao aluno a que se destina quanto
ao vocabulário utilizado e à clareza da apresentação dos conteúdos e da formulação das
instruções. Além disso, tem sido defendida a idéia de que haja, nesse livro, o emprego de

75
Critérios Específicos de Matemática
várias modalidades de texto — como exposições de conteúdos, descrições de
algoritmos ou de procedimentos, citações de outros textos, diálogos, esquemas e
diagramas, demonstrações, seqüências de cálculos numéricos ou de operações com
símbolos lógicos, entre outros.

Considera-se, também, relevante para a formação dos conceitos que o livro-texto


estimule a discussão dos significados usuais e matemáticos de um mesmo termo.

Além dessas escolhas de conteúdos, metodologia e linguagem, outras opções,


relativas à formação de conceitos pelo aluno impõem-se à consideração e serão
apresentadas a seguir.

Um aspecto a se destacar é que o livro didático deve contribuir para que o aluno
compreenda os conceitos e os procedimentos matemáticos e não apenas tente
memorizá-los sem os entender. Para isso, é indispensável que o texto auxilie o aluno
na atribuição de significados aos conteúdos estudados e estimule o seu envolvimento
ativo na construção do conhecimento visado.

Conduzir uma adequada sistematização dos conteúdos no texto torna-se importante


para que o aluno vá, progressivamente, organizando os conteúdos estudados. A esse
respeito, uma desarticulação indesejável de um livro didático manifesta-se muitas
vezes quando um assunto novo é introduzido e não é feita nenhuma ligação dele com
conhecimentos possivelmente já adquiridos pelo aluno, dentro ou fora da escola, ou
mesmo tratados anteriormente no próprio texto.

Um outro equilíbrio a ser visado num livro didático é relativo à atenção dedicada
aos conceitos e aos algoritmos. Não faz justiça à Matemática, nem favorece uma
atividade educativa, uma proposta que contenha, apenas, regras, algoritmos,
fórmulas e aplicações em exercícios.

Igualmente, a escolha ou a abordagem de temas que sejam incompatíveis, pela sua


complexidade técnica ou científica, com o nível de escolaridade a que se destinam,
não contribui para que o aluno atribua significado ao que se ensina.

Para formar um aluno com as competências cognitivas complexas, como é hoje


desejável, o livro didático deve propor situações que o levem a explorar, estabelecer
relações e generalizar, conjecturar, argumentar, provar, tomar decisões e criticar, utilizar
a imaginação e a criatividade, expressar e registrar idéias e procedimentos.

Uma das estratégias usuais de desenvolvimento da compreensão do aluno é a resolução


de problemas. Esse procedimento é amparado na concepção de que, para o aluno
atribuir significado aos conceitos e procedimentos matemáticos, é fundamental sua
ação diante de uma situação-problema, ação esta que lhe permita construir, reconstruir,
organizar tais conceitos e procedimentos. Tal estratégia contrapõe-se e vai além do

76
Critérios Específicos de Matemática
modelo usual definição — exemplo: exercício de aplicação, que se tem revelado ineficaz
para a aprendizagem da Matemática.

Outra estratégia é a de propor atividades em que o aluno deva registrar, por escrito, ou
relatar oralmente suas estratégias de resolução. No ensino da Matemática, há forte
tradição de serem produzidos, nesses casos, textos que contêm quase exclusivamente
linguagem puramente numérica ou simbólica, com escassez absoluta da linguagem
natural. O livro didático deve procurar estimular o aluno a superar essa limitação e
fazer da produção de um texto matemático uma ocasião de aprofundamento de sua
capacidade de expressão e de comunicação em sua língua materna.

Uma das competências matemáticas mais importantes, atualmente, é a de realizar cálculos


mentais. O emprego de estimativas numéricas ou de medidas de grandezas é outra
competência visada para a formação matemática do educando. Um livro didático destinado
ao ensino médio deve propor atividades que favoreçam a aquisição dessas competências.

Tem sido indicado, como um dos instrumentos para uma formação mais interativa do
aluno, que o livro didático proponha questões instigantes, desafiadoras ou questões
abertas, estas últimas opondo-se às questões em que o enunciado dê margem apenas
a uma interpretação ou só haja uma maneira de resolver o problema. O livro didático
deve, igualmente, propor questões em que haja mais de uma solução correta, ou não
exista nenhuma solução que atenda ao que se pede no enunciado.

Outro aspecto que precisa ser estimulado num livro didático é a interação entre alunos, em
particular, o trabalho em grupo. Tais atitudes se justificam em duas dimensões, pelo menos,
uma dimensão cognitiva, pelo fato de que ao expor suas idéias para o colega, ao confrontar
diferentes estratégias de resolução de um problema, ao formular um problema para o colega,
o aluno pode, também, compreender melhor o conteúdo matemático em jogo, outra dimensão
é a da formação para a cidadania, pelo exercício da disciplina da atividade em grupo e do
respeito aos diferentes pontos de vista que emergem nesse trabalho.

Deve-se reconhecer que um livro didático é um dos instrumentos mobilizados no


processo de ensino-aprendizagem, talvez o mais importante no momento, mas não o
único. Dessa forma, ele deve estabelecer pontes para o emprego de outros recursos
didáticos que possam contribuir para a aprendizagem do aluno. Por exemplo, propor
atividades que requeiram o uso de materiais concretos, de instrumentos de medição
ou de construção de figuras, de jogos matemáticos, entre outros.

A esse respeito, um lugar inegavelmente especial deve ser ocupado pelo uso da calculadora,
essa ferramenta tecnológica amplamente difundida em todas as camadas sociais e que
não pode ser ignorada na escola. Há inúmeros exemplos em que a calculadora pode ser
um instrumento útil na aprendizagem de conceitos matemáticos, dois desses apontados
a seguir. Um primeiro ocorre quando não se visa à aquisição de habilidade de efetuar
cálculos numéricos, mas à busca de regularidades ou padrões numéricos, ou à descoberta
de propriedades de funções. Nesses casos, a calculadora pode libertar o aluno da realização

77
Critérios Específicos de Matemática
de cálculos longos e tediosos que desviam sua energia e atenção do objetivo principal da
atividade. Um segundo exemplo envolve atividades em que o aluno é chamado a
compreender as propriedades do sistema numérico empregado na calculadora — que é
finito — e o cálculo numérico aproximado efetuado por esse instrumento.

Um outro elemento tecnológico de importância inegável é o computador. Num livro


didático podem ser propostas atividades que empreguem o computador como meio
auxiliar na aprendizagem de conceitos e procedimentos matemáticos, bem como
atividades que auxiliem a formação do aluno para o mundo do trabalho. Algumas
dessas atividades podem ser apontadas: explorar a articulação entre a representação
gráfica e algébrica de funções; utilizar a planilha eletrônica para auxiliar a compreensão
de vários conteúdos matemáticos, como fórmulas, gráficos, entre outros; fazer uso
dos programas de geometria dinâmica nas construções geométricas e na formulação
de conjecturas de propriedades pela observação de padrões geométricos. Há de se
ter o cuidado de não impedir que o aluno que não disponha desse instrumento tenha
dificuldade em seguir a proposta pedagógica do livro didático.

Ainda a respeito do uso de recursos além do livro didático, é recomendável que haja
sugestões de leituras complementares para o aluno.

78
Anexo
Ficha de Matemática
FICHA DE AVALIAÇÃO1

DESCRIÇÃO DA COLEÇÃO
(Estrutura da obra, sumário dos conteúdos)

1. ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DO LIVRO DIDÁTICO (LD)

A) CONTEÚDO MATEMÁTICO (Footnotes)

1- O LD apresenta adequadamente os conhecimentos relativos aos


campos de conteúdos - aritmética; álgebra; geometria; estatística,
probabilidades e combinatória - quanto a:
1.1.1 - seleção
1.1.2 - distribuição
1.1.3 - diversidade de enfoques e articulação entre eles
1.1.4 - articulação entre o conhecimento novo e o já abordado
1.1.5 - diversidade de representações matemáticas (língua materna,
linguagem simbólica, desenhos, gráficos, tabelas, diagramas, ícones,
etc.) e articulação dessas representações
1.1.6 - equilíbrio e articulação entre conceitos, algoritmos e
procedimentos
1.1.7 - sistematização dos conteúdos

1.2 - Os conteúdos matemáticos são apresentados sem:


1.2.1 - erros conceituais
1.2.2 - induções ao erro

1.3 - Há referências aos processos históricos de produção do


conhecimento matemático que contribuam para a aprendizagem da
Matemática.

1.4 - O LD favorece a compreensão das relações da Matemática com


outras práticas e necessidades sociais.

1.5 - O LD apresenta articulações da Matemática com outras áreas do


conhecimento.

1. Nos quadros à direita, o parecerista deve escrever os símbolos: S para “sim”; N, indicando “não”;
e P, no caso de “parcialmente”. Nos itens relativos a critérios de exclusão, não cabe a opção P.

79
Ficha de Matemática
B) FORMAÇÃO DE CONCEITOS, HABILIDADES E ATITUDES

1.6 - O LD contribui para a compreensão dos conceitos e procedimentos


matemáticos, favorecendo a atribuição de significados aos conteúdos.

1.7 - O LD estimula a utilização dos vários processos envolvidos no


pensamento matemático, tais como: intuição, visualização, indução,
dedução e a distinção entre validação matemática e validação
empírica, entre outros.

1.8 - O LD valoriza o papel do aluno na construção do conhecimento


matemático levando em conta, inclusive, seus conhecimentos prévios
e extra-escolares.

1.9 - O LD apresenta situações que envolvem:


1.9.1 - desafios
1.9.2 - problemas com nenhuma solução ou com várias soluções
1.9.3 - cálculo mental e por estimativa
1.9.4 - utilização e comparação de diferentes estratégias na resolução
de problemas
1.9.5 - verificação de processos e resultados pelo aluno
1.9.6 - formulação de problemas pelo aluno

1.10 - O LD favorece o desenvolvimento de competências complexas -


explorar, estabelecer relações e generalizar, conjecturar, argumentar,
provar, tomar decisões e criticar, utilizar a imaginação e a criatividade,
expressar e registrar idéias e procedimentos.

1.11 - O LD incentiva a interação entre alunos.

1.12 - O LD estimula a utilização de outros recursos didáticos (recursos


tecnológicos ou materiais concretos).

1.13 - O LD apresenta sugestões de leituras complementares para o aluno.

80
Ficha de Matemática
C) LINGUAGEM

1.14 - A linguagem utilizada no LD é adequada ao aluno a que se


destina quanto:
1.14.1 - ao vocabulário
1.14.2 - à clareza na apresentação dos conteúdos e na formulação
das instruções
1.14.3 - ao emprego de vários tipos de texto

2. CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA

2.1 - O LD, no texto e nas ilustrações, é livre de preconceitos ou


estereótipos que levem a discriminações de qualquer tipo.

2.2 - O LD é isento de doutrinação política ou religiosa.

2.3 - O LD apresenta-se sem publicidades de artigos, serviços ou


organizações comerciais.

2.4 - O LD respeita a legislação vigente para a criança e o adolescente


relativa à proibição de publicidade de fumo, bebidas alcoólicas,
medicamentos, drogas, armamentos, etc.

2.5 - O LD estimula o convívio social e a tolerância, abordando a


diversidade das experiências humanas com respeito e interesse.

2.6 - O LD evidencia as contribuições da Matemática na construção da


cidadania.

2.7 - O LD não privilegia os membros de uma camada social ou os


habitantes de uma região do país.

3. ESTRUTURA EDITORIAL

3.1 - A estrutura do LD é hierarquizada adequadamente (títulos,


subtítulos etc.), sendo evidenciada por meio de recursos gráficos.

3.2 - No LD a revisão é isenta de erros graves.

3.3 - Os textos e ilustrações no LD são distribuídos nas páginas de


forma adequada e equilibrada.

81
Ficha de Matemática
3.4 - No LD os textos mais longos são apresentados de forma a não
desencorajar a leitura.

3.5 - As ilustrações do LD:


3.5.1 - estão isentas de erros
3.5.2 - enriquecem a leitura dos textos, auxiliando a compreensão

4. LIVRO DO PROFESSOR (LP)

4.1 - O LP explicita os pressupostos teóricos ou os objetivos que


nortearam a elaboração do LD.

4.2 - Há coerência entre os pressupostos teóricos explicitados no LP e


o livro do aluno.

4.3 - O LP emprega uma linguagem clara.

4.4 - O LP traz subsídios para a atuação do professor em sala de aula:


4.4.1 - apresentando orientações metodológicas para o trabalho com o LD
4.4.2 - sugerindo atividades diversificadas (projetos, pesquisas, jogos,
etc.) além das contidas no LD
4.4.3 - apresentando resoluções das atividades propostas aos alunos
4.4.4 - contribuindo para reflexões sobre o processo de avaliação dos alunos

4.5 - O LP favorece a formação e a atualização do professor:


4.5.1 - sugerindo leituras complementares
4.5.2 - apresentando a bibliografia utilizada pelo autor
4.5.3 - indicando fontes de informação

5. OUTRAS OBSERVAÇÕES

Acrescente observações adicionais, se julgar necessário.

82
Referências
Referência

BRASIL. MEC. SEMTEC (1998). Diretrizes curriculares nacionais para o ensino médio.
Brasília, Conselho Nacional de Educação Câmara Básica.

BRASIL. MEC. SEMTEC (1999). Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino


Médio - Ciências da Natureza e Matemática. Brasília, MEC/SEMEC. Vol. 3.

BRASIL. MEC. SEF (2002a). Guia de livros didáticos - 5ª a 8ª séries. Brasília, MEC/SEF.

BRASIL. MEC. SEF (2003). Guia de livros didáticos – 1ª a 4ª séries. Brasília, MEC/
SEF, Vol. 2.

BRASIL. MEC. SEF (1997). Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC/SEF,


Matemática - Primeiro e segundo cicios do Ensino Fundamental.

BRASIL. MEC. SEF (1998). Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC/SEF,


Matemática. Matemática: Terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental.

GÉRARD, François Marie & ROEGIERS, Xavier (1998). Conceber e avaliar manuais
escolares. Porto, Porto Ed. (Ciências da Educação, 30)

NATIONAL COUNCIL OF TEACHERS OF MATHEMATICS. NCTM. Principles and


Standards for School Mathematics, Reston, VA, USA, 2000.

83
ISBN Nº : 85-296-0034-7

84

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