ABSTRACT - The Negative Sequence Protection actuates more faster and with much
more sensibility for short circuits phase to phase than the common overcurrent protection
(50/51). This happens because the negative sequence elements don’t respond to balanced
loads and consequently the adjusts can be done below the level of the load current. This
article presents the traditional protection functions applied in distribution systems
proposing the inclusion of negative sequence parameters to improve the protection
ratings.
TCC – TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
1 INTRODUÇÃO
Com o desenvolvimento cada vez maior dos relés de proteção microprocessados, muitas
funções disponibilizadas pelos fabricantes que dão a possibilidade à proteção do sistema
elétrico tornar-se mais robusta, não têm sido bem aproveitadas pelos usuários
(CALERON, 2001), deixando a detecção dos mais variados tipos de falta somente para
as tradicionais proteções de sobrecorrente instantânea e temporizada (50/51). Os
elementos de sequência negativa, por exemplo, bastante conhecidos pelos engenheiros,
tinham pouca facilidade de implantação nos projetos de proteção, pois os relés estáticos
e eletromecânicos requisitavam equipamentos a mais, tornando-se um tipo de proteção
cara e complicada de se ajustar. Porém nos relés microprocessados a parametrização dos
elementos de sequência negativa é relativamente simples e sem custo adicional.
(CALERON, 2001)
Segundo Eineweihi, Schweitzer III, Feltis (1997) o grande problema dos ajustes
tradicionais é que as unidades de fase da proteção dos sistemas elétricos de potência
devem acomodar a corrente de carga e a corrente de partida de cargas a frio, o chamado
Cold Load, ou seja, o ajuste da proteção de fase deve ser maior que a máxima corrente de
carga possível, pois caso contrário a proteção poderá operar incorretamente. No entanto,
ao seguir este critério os ajustes de fase limitam a sensibilidade da proteção ao valor de
corrente de carga, fazendo com que curtos-circuitos bifásicos e bifásicos a terra com
magnitudes abaixo da corrente de carga não sejam detectados, o que pode causar
interrupção de energia, acidentes envolvendo pessoas e danos aos equipamentos da
concessionária.
Para Eineweihi, Schweitzer III, Feltis (1997) os ajustes de sequência negativa podem
operar mais rápido e com maior sensibilidade que os elementos de sobrecorrente de fase,
pois é possível utilizar ajustes abaixo da corrente de carga. Segundo Stevenson (1986),
em um sistema trifásico equilibrado, a corrente de carga não gera corrente de sequência
negativa. Deste modo a sensibilidade da proteção para defeitos desequilibrados é elevada
tornando o sistema de proteção mais eficaz. Nesse trabalho será apresentado uma
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2 COMPONENTES SIMÉTRICAS
Para reduzir o número de variáveis nas equações 2.1, 2.2, 2.3 deve-se utilizar segundo
Stevenson (1986), o operador “a”, sendo a = 1∟120º. Esta variável é utilizada para
representar os fasores de componentes simétricas em termos das componentes da fase “a”
que por convenção se encontram na referência quando o sistema está em perfeito
equilíbrio. Desta forma:
Fazendo a relação entre as equações 2.1, 2.2, 2.3 com as equações 2.4, 2.5, 2.6, 2.7, 2.8 e
colocando na forma matricial têm-se a matriz 2.9.
1 1 1 0
= 1 1 (2.9)
1 2
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0 1 1 1
1= 1 (2.10)
2 1
Segundo Stevenson (1986), uma falta em um circuito elétrico é alguma perda de energia
com interferência no fluxo normal de corrente e estas faltas podem ser classificadas como
faltas simétricas e faltas assimétricas.
Faltas simétricas nada mais são que faltas trifásicas equilibradas, o que facilita a sua
análise, pois os sinais de tensão e corrente são equilibrados, não existindo os diagramas
de componentes de sequência negativa e zero, restando apenas a análise de sequência
positiva. Na Figura 2 é ilustrada uma representação monofásica de um gerador, um
transformador e uma linha em vazio, em que a chave CT representa um curto trifásico
aplicado ao circuito.
Sendo:
Eg – Tensão subtransiente do gerador
jXd – Reatância síncrona subtransiente do gerador
ZT – Impedância de curto circuito do transformador
ZL – Impedância da linha
IF – Corrente da falta
CT – Chave
IF = !"#$"#%
(3.2)
Faltas assimétricas são os tipos mais comuns de defeitos no sistema de potência, que
podem se constituir de curtos-circuitos, condutores abertos e faltas assimétricas com
impedâncias, apresentando-se como curtos-circuitos fase-terra, fase-fase e fase-fase-terra
(STEVENSON,1986).
As faltas fase-terra são o tipo de defeito onde apenas uma das fases tem contato com a
terra. Segundo Dornelles (2007), ocorrem em cerca de 70% dos casos de defeito na rede
e é umas das perturbações mais severas ao sistema (SATO,2003).
Ib = 0, Ic = 0, Va = 0 (3.7)
Figura 4- Diagrama de sequência para uma falta monofásica (fase A para terra).
Fonte: Fonte: (DORNELLES,2007)
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Fazendo uma análise de circuito na Figura 4 é possível obter as equações 3.8, 3.9, 3.10,
3.11, 3.12.
-.
= Ia0 = Ia1 = Ia2 (3.8)
-.
Va0 = −Z0 (3.9)
-.
Va1 = E1 − Z1 (3.10)
-.
Va2 = −Z2 (3.11)
1
Ia = # "# "#2" #3
(3.12)
Menos comum que a falta fase-terra, porém considerada também uma perturbação severa
ao sistema de potência, os curtos bifásicos se caracterizam por ser a intercepção de dois
cabos no sistema, representando segundo Dornelles (2007), 15% dos curtos na rede.
As condições de falta para o curto bifásico da Figura 5 são apresentadas nas equações
3.23.
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Ia = 0, Vb = 0, Vc = 0 (3.23)
Ia0 = 0 (3.14)
1.
Ia1 = (3.15)
#. "#.
A falta fase-fase terra é o tipo de defeito que possui menor frequência no sistema elétrico,
cerca de 10%, conforme Dornelles (2007), e diferente do curto bifásico, devido a presença
da terra, o diagrama de sequência zero volta a aparecer na análise de rede de sequência.
Na Figura 7 é mostrada uma representação de um curto fase-fase terra em um sistema
genérico.
Ia = 0, Vb = 0, Vc = 0 (3.19)
-. .#.2
Ia2 =
#. "#.2
(3.21)
@-. .#.
Ia0 = #.
"#.2
(3.22)
A proteção dos sistemas elétricos tem a finalidade de isolar os defeitos do resto do sistema
com rapidez, segurança e seletividade com o objetivo de se evitar perdas de energia,
acidentes envolvendo pessoas e danos aos equipamentos que compõem o sistema
(ALMEIDA,2000).
LEGENDA
50- Instantâneo
50G- Instantâneo de Neutro
51-Temporizado
51G- Temporizado de neutro
79 – Religamento
62BF – Falha Disjuntor
A unidade temporizada tem por finalidade colocar um tempo antes da atuação do relé
para um defeito. Esse tempo é definido por uma curva característica que para Almeida
(2000), pode ser definida como curva de tempo definido ou curva de tempo inverso.
Na curva de tempo definido o relé irá atuar para qualquer defeito na rede ou sobrecarga
em um instante de tempo definido pelo usuário, como pode ser visto na Figura 10.
Existem diversas curvas características como, por exemplo, a IEC e a ANSI e existem
também curvas características do fabricante que só são encontradas em determinados
tipos de relés. Em relés mais modernos já é possível que o usuário crie a própria curva
característica para adaptar ao seu sistema. Na Figura 11 são apresentas as tradicionais
curvas IEC, normal inversa (NI), muito inversa (MI), e extremamente inversa (EI).
Onde:
Onde:
(0,1 a 0,3) – Faixa admissível de corrente de desequilíbrio (10 a 30% da corrente
FT - Fator térmico do TC
máxima de carga)
equipamento de proteção a jusante (SEL,2010), isto tudo para garantir que não haja
descoordenações entre as proteções havendo perda de seletividade no sistema.
A unidade instantânea de fase segundo Albini (2010,p.33) “não deverá está sensível as
correntes de energização do circuito” porém poderão ser ajustadas para curtos-circuitos
bifásicos e trifásicos próximo ao primeiro equipamento a jusante (ALBINI,2010).
( .R).-A.BC. ST
Iaj = (4.3)
G%H
Onde:
Segundo Almeida (2000) a unidade instantânea de neutro não poderá estar sensível a
corrente de energização de carga ligadas entre fase e terra ou fase e neutro, porém poderá
ser ajustada para atuar para curtos fase-terra nas proximidades da proteção a jusante.
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( .R).-!^_^`.
Iaj = G%H
(4.4)
Onde:
A função de religamento automático tem o objetivo testar a rede de modo que não haja
interrupções desnecessárias ao sistema quando ocorre defeitos temporários nas linhas que
para Sá e outros (2009) representa no sistema 96% dos curtos circuitos que são
provocados por árvores, passarinhos, ventos fortes, umidade, etc.
O religador abre e fecha o disjuntor por determinados ciclos de tempo chamado de tempo
de religamento, porém se o curto persistir o religador completará seu ciclo de religamento
indo a abertura definitiva do disjuntor, sendo que dessa vez o religador só abrirá
manualmente através do operador em campo ou em salas de controle entrando em contato
com o relé através de comunicação remota.
• todas rápidas;
• todas lentas;
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Os ajustes rápidos servem para testar a linha que possui proteções de fusíveis a jusante
fazendo com que o religador teste a rede antes que o fusível queime, pois caso seja um
curto temporário não fará com que a concessionaria troque o fusível a cada curto
temporário que aconteça (ALBINI,2010). Porem caso o curto seja permanente o religador
no seu último ciclo de religamento irá atuar pela curva lenta fazendo com que o fusível
queime e isole a região com defeito.
Quando se tem um outro religador de rede a jusante, as operações rápidas podem ser
substituídas por operação pelo instantâneo, fazendo com que o religador teste a rede pelas
operações com o instantâneo e na última se o curto for permanente, a proteção irá atuar
pelo temporizado sendo que o instantâneo não pode invadir a zona de proteção do
religador a jusante, para não haver uma descoordenação.
Para Eineweihi, Schweitzer III, Feltis (1997) o grande problema dos ajustes
convencionais de proteção para faltas bifásicas é o compromisso dos ajustes de fase com
a carga fazendo com que sua sensibilidade para faltas entre fases seja comprometida para
curtos abaixo da corrente máxima dos alimentadores. A utilização dos ajustes de
sequência negativa tem o objetivo de cobrir a lacuna deixada pela proteção de
sobrecorrente convencional, pois podem ser ajustados abaixo da corrente de carga
promovendo maior sensibilidade para curtos entre fases. Na tabela 1 foi feita uma
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comparação entre a corrente de sequência negativa resultante das três fases (3I2) e a
corrente de falta (Ip) para diferentes tipos de defeitos que ocorrem comumente nos
sistemas de distribuição.
Analisando a Tabela 1, observa-se que a maior relação entre 3I2 e Ip acontece para um
curto bifásico, portanto uma proteção de sequência negativa, operando através da
grandeza 3I2 é 1,73 vezes mais sensível que a proteção convencional de fase, se ambas
tiverem o mesmo pick-up. Então pode-se concluir que para a aplicação dos ajustes de
sequência negativa, é necessário apenas realizar o estudo de coordenação com
dispositivos de sobrecorrente localizados a frente para faltas entre fases sendo obtida
automaticamente a coordenação com outros tipos de defeitos.
Pickup 1° método
Pickup 2° método
3 2 = 3 × 104[ = 312[
-
Ipickup = = = 208A
,{ ,{
O pickup escolhido foi o menor entre os dois métodos no caso 208 A, pois garante mais
sensibilidade à proteção, a curva e o time dial permanece o mesmo do ajuste de fase. Na
figura 14 pode-se observar a coordenação feita entre os ajustes de fase do religador de
rede e o ajuste de sequência negativa proposto em um curto bifásico próximo ao religador
de rede, relembrando que ao realizar essa coordenação automaticamente é obtido
coordenação para outros tipos de falta.
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10 CONCLUSÃO
Ao final desse trabalho conclui-se que as proteções de sequência negativa podem ser
facilmente utilizadas nos relés digitais modernos, sem custo adicional aos equipamentos,
não justificando mais a sua não utilização.
REFERÊNCIAS
COELBA. Dados coletados dos banco de dados e controle das subestações do sistema
COELBA. Salvador, 2013.
ROEPER, Richard. Correntes de curto circuito em redes trifásicas. 1. ed. São Paulo.
Edgard Blucher.1975.
STEVENSON, William. Analise de sistema de potência. 2. ed. São Paulo. Mc Graw Hill.
1986.