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TEORIA JURÍDICA DO DIREITO PENAL – PENAL I

Prof. VITOR SOUZA

V – LEI PENAL NO TEMPO: PRINCÍPIOS, VIGÊNCIA, VALIDADE, SUCESSÃO DE LEIS


PENAIS NO TEMPO E CONTAGEM DO PRAZO PENAL

O estudo da lei penal no tempo no remete ao estudo de alguns princípios específicos que
se destacam no Direito Penal. Mostram-se garantidores de que o cidadão só pode ser alcançado
pelo Estado (titular do monopólio do poder punitivo) se a sua conduta considerada infratora,
estiver previamente estabelecida em lei.

1. PRINCÍPIOS - DA LEGALIDADE, DA ANTERIORIDADE, DA RESERVA LEGAL, DA


TAXATIVIDADE E DA IRRETROATIVIDADE

1.1. LEGALIDADE

Trata-se do princípio mais importante do Direito Penal. Destacado logo no Art. 1º do


Código Penal, também está expresso no Art. 5º do texto constitucional.

Código Penal.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

CF/88. Art. 5º.


XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;

Paulo Bonavides leciona que:

“O princípio da legalidade nasceu do anseio de estabelecer na sociedade humana


regras permanentes e válidas, que fossem obras da razão, e pudessem abrigar os
indivíduos de uma conduta arbitrária e imprevisível da parte dos governantes. Tinha-se
em vista alcançar um estado geral de confiança e certeza na ação dos titulares do
poder, evitando-se assim a dúvida, a intranquilidade, a desconfiança e a suspeição, tão
usuais onde o poder é absoluto, onde o governo se acha dotado de uma vontade
pessoal soberana ou se reputa legibus solutus e onde, enfim, as regras de convivência
não foram previamente elaboradas nem reconhecidas.”

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Alguns autores indicam que sua origem remonta à Magna Carta Inglesa, de 1215, editada
ao tempo do Rei João Sem Terra, cujo art. 39 vinha assim redigido:

Art. 39. Nenhum homem livre será detido, nem preso, nem despojado de sua
propriedade, de suas liberdades ou livres usos, nem posto fora da lei, nem exilado,
nem perturbado de maneira alguma; e não poderemos, nem faremos pôr a mão sobre
ele, a não ser em virtude de um juízo legal de seus pares e segundo as leis do País.

Mas foi Paul Johann Anselm Ritter Von Feuerbach, quem, no início do Séc. XIX resgatou o
princípio da legalidade. Em seu Tratado de Direito Penal, publicado em 1801, o autor assevera
que:
“I) Toda imposição de pena pressupõe uma lei penal (nullum poena sine lege).
II) A imposição de uma pena está condicionada à existência de uma ação cominada
(nulla pena sine crimine).
III) O fato legalmente cominado (o pressuposto legal) está condicionado pela pena
legal (nullum crimen sine poena legali).

Portanto, a conduta tida como criminosa, só pode assim ser considerada pela lei. Não se
pode impor ou proibir condutas senão por meio de lei.
Por intermédio da lei existe a segurança jurídica do cidadão de não ser punido se não
houver uma previsão legal criando o tipo incriminador, ou seja, definindo os tipos penais
incriminadores, mandamentais ou proibidas, comissivas ou omissivas, sob a ameaça de sanção.
Boa parte da doutrina entende que o princípio da Legalidade contempla diversos outros, ou
melhor, se desdobra em diversos outros princípios. são eles:

1.2. PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE

Como desdobramento da Legalidade, o preceito primário do tipo penal incriminador deve


ser escrito e conter uma descrição clara, precisa, exata da conduta proibida ou imposta, sendo
vedada a criação de tipos que contenham conceitos vagos ou imprecisos. A lei deve ser, por isso,
taxativa.

Ensina Nucci,

Não se pode, na atualidade, contentar-se com a mera legalidade, pois nem todo tipo
penal construído pelo legislador obedece, como deveria, ao princípio da taxatividade. O

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ideal é sustentar a estrita legalidade, ou seja, um crime deve estar descrito em lei,
mas bem detalhado (taxativo), de modo a não provocar dúvidas e
questionamentos intransponíveis, bem como sendo possível visualizar uma
ofensa a bem jurídico tutelado, agindo o autor com dolo ou culpa.

OBSERVAÇÃO: Legalidade Formal X Legalidade Material

1) Legalidade Formal e Legalidade Material: Ferrajoli adverte que:

“O sistema das normas sobre a produção de normas – habitualmente estabelecido, em


nossos ordenamentos, com fundamento constitucional – não se compõe somente de
normas formais sobre a competência ou sobre os procedimentos de formação das leis.
Inclui também normas substanciais, como o princípio da igualdade e os direitos
fundamentais, que de modo diverso limitam e vinculam o poder legislativo excluindo ou
impondo-lhe determinados conteúdos. Assim, uma norma – por exemplo, uma lei que
viola o princípio constitucional da igualdade – por mais que tenha existência formal ou
vigência, pode muito bem ser inválida e como tal suscetível de anulação por contraste
com uma norma substancial sobre sua produção

2) Vigência e Validade: O conceito de vigência da lei penal estaria para a legalidade formal
assim como o conceito de validade estaria para a legalidade material.
a) Vigência: uma lei penal, depois de seguir o devido processo legislativo e transcorrido o
período de vacatio legis, entra em vigor (vigência – legalidade formal):

Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB):


Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1º Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se
inicia três meses depois de oficialmente publicada.
§ 2º (dispositivo revogado)
§ 3º Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada
a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da
nova publicação.
§ 4º As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.

b) Validade: funda-se na aferição da conformidade do texto legal com o texto


constitucional. Tendo consonância com a Constituição, aí sim tem a lei a plena aplicabilidade,

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pois é considerada válida. Portanto, a mera vigência é insuficiente para conferir-lhe o status de
validade, ou seja, de legalidade material.

1.3. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE

Não haveria real garantia se a lei penal incriminadora não tivesse que ser anterior à
conduta. Obrigatoriamente deve haver a prévia existência da lei penal incriminadora, seja ela
proibitiva ou mandamental, para que o Estado possa exercer o jus puniendi.

CF/88. Art. 5º.


XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;

1.4. PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL / ESTRITA LEGALIDADE:

Alguns autores entendem ser necessário destacar e distinguir o princípio da legalidade e o


princípio da reserva legal (ou estrita legalidade). Isso porque em diversos ramos do direito, ao se
usar a expressão legalidade, permite-se a adoção dos variados institutos normativos, elencados
pelo art. 59 da Constituição Federal:

Constituição Federal
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
VII - resoluções.
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e
consolidação das leis.

Em direito penal é diferente. Somente a lei formal, em seu sentido mais estrito, fruto do
processo legislativo, pode definir crimes e cominar penalidades.

Alberto Silva Franco assevera que:

“é evidente que, se o Poder Legislativo, na própria Constituição Federal, reservou com


exclusividade para si a tarefa de compor tipos e cominar penas, não poderá o Poder
Executivo, através de medida provisória, concorrer nessa competência. A matéria
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reservada é indelegável e a competência dos órgãos constitucionais é sempre uma


competência vinculada. Daí a impossibilidade, por ofensa ao princípio da separação
dos poderes, de invasão da área de reserva do Poder Legislativo”
(..)
“a matéria penal deve ser expressamente disciplinada por uma manifestação de
vontade daquele poder estatal a que, por força da Constituição, compete a faculdade
de legislar, isto é, o poder legislativo”

FIQUE ATENTO: FUNÇÕES/CARACTERÍSTICAS DECORRENTES DA LEGALIDADE

a) Anterioridade: Proibição da retroatividade maléfica (in pejus / in mallan parten):


b) Lei escrita: Afasta a aplicação do direito consuetudinário, ou seja, pelos costumes
(nullum crimen nulla poena sine lege scripta).
c) Princípio da Reserva Legal: Não se admite que o Poder Executivo unilateralmente
imponha regras restritivas de direitos individuais.

1.5. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL (REGRA GERAL)

Comando esculpido no Art. 5º da Constituição Federal, que veda a irretroatividade in pejus


da lei penal.

1.5.1. Regra Geral da Irretroatividade:

CF/88. Art. 5º.


XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Em regra, uma lei é aplicada durante o período que em estiver vigente, ou seja, a partir do
momento em que entrar em vigor até o momento em for revogada (atividade), a lei terá
aplicabilidade.
Como decorrência dos princípios da legalidade e da anterioridade, aplica-se, em regra, a
lei penal vigente ao tempo da realização do fato criminoso, por ser esta dotada de atividade -
tempus regit actum - e, consequentemente, a lei penal é também, em regra, irretroativa.

LINDB
Art. 1º Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada.
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(...)
Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.

No entanto, o próprio texto constitucional evidencia não se tratar de regra absoluta.


Portanto, qualquer alteração na lei penal que mostre benéfica ao réu, poderá retroagir,
excepcionando, assim, a regra geral. É o que veremos logo na sequência, ao estudarmos o tema
SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO.

1.5.2. Exceções ao Princípio da Irretroatividade:

Já vimos anteriormente que o CP estabelece o princípio da Irretroatividade da lei penal.


Mas o próprio texto do inciso XL do Art. 5º da CF/88 informa-nos que tal regra comporta
exceções, mas somente se for para beneficiar o réu.

CF/88. Art. 5º.


XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Tal excepcionalidade é complementada pelo Código Penal, materializando-se nos


institutos da abolitio criminis e da novatio legis in mellius (lex mitior - lei mais suave)

Lei Penal no Tempo


Código Penal.
Art. 2º. Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.

2. SUCESSÃO DE LEIS PENAIS NO TEMPO

Ocorre quando várias leis se sucedem regulando a mesma matéria. Quando há uma
efetiva sucessão de leis penais, o eventual conflito entre as leis é superado por meio de algumas
regras específicas.
A partir da previsão constitucional do Art. 5º, inciso XL e do previsto no Art. 2º do CP,
podemos estabelecer algumas regras.

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A primeira regra se funda na previsão de irretroatividade da lei penal, constante da


primeira parte do inciso XL do Art. 5º.

1ª REGRA – IRRETROATIVIDADE:
a) Lei Nova Incriminadora: NÃO RETROAGE.
b) Lei Nova Mais Gravosa / Novatio legis in pejus ou lex gravior (prejudicial):
NÃO RETROAGE.

CF/88. Art. 5º.


XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu

A segunda regra se funda na possibilidade de retroatividade benéfica da lei penal,


constante da parte final do dispositivo constitucional retrocitado e do Art. 2º do CP

2ª REGRA – Retroatividade Benéfica:


a) Lei Nova Abolicionista / Abolitio Criminis - Descriminalização: Aquela que
deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado como ilícito penal. RETROAGE.

Lei penal no tempo


Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.

Exemplos, os arts. 217, 220 e 240, todos do CP, foram abolidos, suprimidos.

OBSERVAÇÃO: A abolitio criminis é causa de extinção da punibilidade.


Código Penal. Extinção da punibilidade
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

b) Lei Nova Benéfica/Novatio Legis in mellius/lex mitior: Aquela que, sem


descriminalizar, der tratamento mais favorável ao sujeito. LEI RETROAGE – Parágrafo Único do
Art. 2º do CP
Art. 2º (...)
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se
aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em
julgado.

- Mesmo que a sentença condenatória esteja em fase de execução, prevalece a lex mitior
que, de qualquer modo, favorece o agente.
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OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

1) EFEITOS EXTRA-PENAIS: Os efeitos extra-penais permanecem, mesmo com a abolitio


criminis, exemplo, obrigação de indenizar.

2) ABOLITIO CRIMINIS X CONTINUIDADE NORMATIVA TÍPICA.


- Enquanto na ABOLITIO CRIMINIS ocorre a revogação e a supressão total da tipicidade da
conduta do ordenamento jurídico, na CONTINUIDADE NORMATIVA TÍPICA ocorre uma
revogação formal, porém o conteúdo normativo continua preservado em outro artigo ou em outro
dispositivo legal.
- Por exemplo: o Art. 214 do C. Penal foi revogado pela Lei 12.015/09, todavia seu conteúdo foi
incorporado ao Art. 213 do C. Penal; o conteúdo do art. 219, CP, agora está no art. 148, § 1º, V.

3) COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS PARA BENEFICIAR: VEDAÇÃO. A jurisprudência pátria


consolidou-se no sentido de não permitir tal conjugação.
- STF: RE nº 600.817/MS, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, concluiu pela
impossibilidade da aplicação retroativa do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 sobre a
pena cominada com base na Lei nº 6.368/76, ou seja, pela não possibilidade de
combinação de leis (STF, ARE 703.988 AgR-ED/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª T., DJe
04/06/2014).

STJ, a Súmula nº 501, publicada no DJe de 28 de outubro de 2013:


Súmula nº 501. É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde que o resultado
da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o
advindo da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação de leis.

4) COMPETÊNCIA PARA APLICAÇÃO DA LEX MITIOR:


a) Fase de investigação: O Ministério Público, ao receber os autos de inquérito policial, já
deverá oferecer a
denúncia tomando por base o novo texto.
b) No curso da ação penal: o juiz ou o Tribunal aplicarão a lex mitior.
c) Transitada em Julgado a sentença penal: o juízo das execuções, conforme determina o
art. 66, I, da Lei de Execução Penal. Também o STF já havia fixado tal entendimento:

Súmula nº 611. Transitado em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das


execuções a aplicação da lei mais benigna.

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3ª REGRA - ULTRA-ATIVIDADE: Poder que a lei tem, de mesmo não estando mais em
vigor, avançar no tempo e ser aplicada aos crimes praticados durante a sua vigência.
a) Lei Mais Benéfica (lex mitior): a lei mais benéfica tem esse poder. Na verdade, a lei
mais benéfica, tanto é retroativa quando posterior, quanto é ultra-ativa quando anterior. Mas além
desta, o CP destaca outras duas leis portadoras do poder da ultra-atividade. São elas as leis
excepcionais e as leis temporárias.

b) Leis Temporárias e Leis Excepcionais:


Lei excepcional ou temporária
Art. 3º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante
sua vigência.

São leis que se caracterizam pela autorrevogação.


As leis temporárias são aquelas cuja vigência vem previamente fixada pelo legislador, no
próprio texto da lei. Exemplo, a Lei nº 12.663 2012, que dispôs sobre as medidas relativas à
Copa das Confederações, FIFA 2013, à Copa do Mundo FIFA. O art. 36 da referida legal
estabeleceu que os tipos previstos no Capítulo VIII, correspondente às disposições penais, teriam
vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.
As leis excepcionais são aquelas que vigem durante a permanência de uma situação
excepcional, como estado de guerra, situação calamitosa ou emergencial. Exemplo, lei durante
calamidade provocada por fenômenos da natureza ou de guerra declarada.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:

1) Constitucionalidade das leis Temporárias e Excepcional: Divergência. Duas correntes:


a) Frederico Marques, em defesa da extra-atividade, aduz:
“A ultra-atividade da lei temporária ou excepcional não atinge os
princípios constitucionais de nosso Direito Penal intertemporal porque a lex
mitior que for promulgada ulteriormente para um crime que a lei temporária
pune mais severamente não retroagirá porque as situações tipificadas são
diferentes. [...]

b) Segunda Corrente: Rogério Greco entende não ter sido o Art. 3º do CP recepcionado
pela CF/88. Defende o seguinte pensamento:
“deve prevalecer o entendimento no sentido de que o art. 3º do Código Penal, em tema
de sucessão de leis no tempo, não foi recepcionado pela atual Carta Constitucional,
para fins de aplicação da lei anterior em prejuízo do agente. Assim, portanto, havendo
sucessão de leis temporárias ou excepcionais, prevalecerá a regra constitucional da
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extra-atividade in mellius, ou seja, sempre que a lei anterior for benéfica, deverá gozar
dos efeitos da ultra-atividade; ao contrário, sempre que a posterior beneficiar o agente,
deverá retroagir, não se podendo, outrossim, excepcionar a regra constitucional”

2) Crimes permanentes e a lei mais gravosa: Crimes permanentes são aqueles cuja
consumação se prolonga no tempo. Ex, art. 159. CP.
Código de Processo Penal
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito
enquanto não cessar a permanência.

Acerca do tema, o STF firmou o entendimento constante da Súmula 711


SÚMULA 711-STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou permanência.

3. TEMPO DO CRIME

Saber definir-se o tempo do crime é aspecto relevante quando estuda a lei penal no tempo
e principalmente a sucessão de leis penais no tempo.
Seguindo orientação do código penal português, a reforma penal de 1984 definiu
expressamente a tempo do crime.

3.1. TEORIAS/PRINCÍPIOS DA LEI PENAL NO TEMPO

Algumas teorias se apresentam com o intuito de apontar o que seria o “tempo do crime”.
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a) TEORIA DA ATIVIDADE: tempo do crime é o momento da atividade ainda que outro


seja o momento do resultado.

b) TEORIA DO RESULTADO: tempo do crime é momento do resultado, não importando o


momento da conduta.

c) TEORIA MISTA / UBIQUIDADE: o crime se considera praticado tanto no momento da


conduta quanto do resultado.

O Código Penal adotou a teoria da atividade, conforme redação de seu art. 4º:

Tempo do Crime
Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que
outro seja o momento do resultado.
IMPORTÂNCIA PRÁTICA DA ANÁLISE DO
TEMPO DO CRIME:

a) Análise da Imputabilidade do Agente: Se a conduta se deu quando o seu agente


era menor de 18 anos, aplicar-se-á o ECA, não importando se o resultado se deu em
tempo em que o agente já tinha mais de 18 anos.

b) Análise das Circunstâncias da Vítima:


- CAUSA DE AUMENTO DE PENA:
Art. 121. § 4º. (...) Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se
o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta)
anos.
c) Entendimento da Sucessão de Leis no Tempo.

QUESTÕES DE PROVA:
1. Assinale a alternativa correta:
a) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado após a sua
vigência.

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b) Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o
momento do resultado.
c) A pena cumprida no estrangeiro não atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas.
d) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, não responde pelos atos já praticados.

2. (2016-CESPE-PC-PE-AGENTE) Acerca dos princípios básicos do direito penal brasileiro,


assinale a opção correta.
a) O princípio da fragmentariedade ou o caráter fragmentário do direito penal quer dizer que a
pessoa cometerá o crime se sua conduta coincidir com qualquer verbo da descrição desse crime,
ou seja, com qualquer fragmento de seu tipo penal.
b) O princípio da anterioridade, no direito penal, informa que ninguém será punido sem lei anterior
que defina a conduta como crime e que a pena também deve ser prevista previamente, ou seja, a
lei nunca poderá retroagir.
c) É possível que uma lei penal mais benigna alcance condutas anteriores à sua vigência, seja
para possibilitar a aplicação de pena menos severa, seja para contemplar situação em que a
conduta tipificada passe a não mais ser crime.
d) O princípio da insignificância no direito penal dispõe que nenhuma vida humana será
considerada insignificante, sendo que todas deverão ser protegidas.
e) O princípio da ultima ratio ou da intervenção mínima do direito penal significa que a pessoa só
cometerá um crime se a pessoa a ser prejudicada por esse crime o permitir.

3. (IBFC/FJPO/2011) São princípios de aplicação da lei penal no espaço, exceto:


a) princípios da territorialidade temperada e da nacionalidade ativa.
b) princípios da proteção e do pavilhão ou da bandeira.
c) princípios da justiça universal e da nacionalidade passiva.
d) princípios da representação e da defesa.
e) princípios da extratividade, da ultratividade e da retroatividade.

4. (PC-SP/2012/PC-SP) A lei estrita, desdobramento do princípio da legalidade, veda o


emprego:
a) analogia
b) costumes.
c) princípios gerais do direito.
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d) equidade.
e) jurisprudência.

5. (TJ/SP-FCC) JOSÉ foi vítima de um crime de extorsão mediante sequestro (art. 159 do
C. Penal), de autoria de CLÓVIS. O Código Penal, em seu art. 4º, com vistas à aplicação da
lei penal, considera praticado o crime no momento da ação omissão, ainda que outro seja
o momento do resultado. No curso do crime em questão, antes da liberação involuntária
do ofendido, foi promulgada e entrou em vigor uma lei nova, agravando as penas. Assinale
a opção correta.
a) A lei nova, mais severa, não se aplica ao fato, frente ao princípio geral da
irretroatividade da lei.
b) A lei nova, mais severa, não se aplica ao fato, porque sua vigência é anterior à cessação
da permanência.
c) A lei nova mais severa, é aplicável ao fato, porque sua vigência é anterior à cessação da
permanência.
d) A Lei nova, mais severa, não se aplica ao fato, porque o nosso ordenamento, considera
como tempo do crime, com vistas à aplicação da lei penal, o momento da ação ou omissão
e o momento do resultado, aplicando-se a sanção da lei anterior, por ser mais branda.

6. (Adaptada) Em 15/12/2012, ocorre em toda a região Nordeste do País forte estiagem,


ocasionando situação de calamidade pública pela falta de chuva. As reservas de águas
dos Estados afetados alcançam níveis baixos, faltando inclusive água potável para a
população. Em virtude de período anormal, é editada lei que tipifica a conduta de uso
desnecessário de água. Em 15/01/2013 a estiagem acaba, com a chegada das chuvas,
normalizando por completo o abastecimento da água na região afetada, ocasionando auto-
revogação da lei que tipificou a conduta de uso desnecessário de água. Em 18/12/2012,
João da Silva é flagrado lavando seu carro e responsabilizado por tal conduta. Em
15/01/2013, o processo referente à conduta de João da Silva está em fase de instrução
criminal. Assinale a opção correta.
a) Por força dos efeitos da abolitio criminis o processo é arquivado imediatamente.
b) O processo continua seu curso normal, mesmo com a revogação da lei;
c) Por força dos efeitos da novatio legis in mellius e do abolitio criminis simultaneamente o
processo é arquivado imediatamente.
d) Por força dos efeitos da novatio legis in mellius o processo é arquivado
e) N.D.A
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9. (2016-CESPE-PC-PE-Escrivão de Polícia) Um crime de extorsão mediante sequestro


perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor, prevendo causa de
aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço. Nessa situação
hipotética,
a) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio
legis in pejus.
b) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência
e a legislação, em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.
c) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada
em vigor da nova legislação, antes da cessação da permanência do crime.
d) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do
princípio da ultratividade da lei penal.
e) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da
incidência do princípio da irretroatividade da lei penal.

10. (Defensor Público- DPE/AM- 2011) Sobre os princípios da legalidade e da anterioridade


(artigo 1º do Código Penal) é correto afirmar:
a) pelo princípio da legalidade compreende-se que ninguém responderá por um fato que a lei
penal preveja como crime e, pelo princípio da anterioridade compreende-se que alguém somente
responderá por crime devidamente previsto em lei que tenha entrado em vigor um ano
anteriormente à prática da conduta;
b) os princípios da legalidade e da anterioridade pressupõem a existência de lei anterior à prática
de uma determinada conduta para que esta possa ser considerada como crime;
c) tais princípios são sinônimos e significam a necessidade da existência de lei para que uma
conduta seja considerada crime;
d) são incompatíveis um com o outro, já que pressupõem circunstâncias diversas;
e) pelo princípio da anterioridade compreende-se a previsão anterior de determinada conduta
como criminosa independentemente de definição por lei em sentido estrito.

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