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Apresentação da edição ponuguesa

Ao ser editado em língua portuguesa este recente livro de


Pierre-Nlichel Menger, autor anteriormente ainda não traduzido
entre nós, não pode ficar sem referência o facto de os seus trabalhos
serem já conh_ecidos em .Portugal, no meio universitário, há pelo
menos uma de cada e meta. Julgo que será curioso para 05 leitores
de :Nienger, e para ele próprio, saber como surg1u nesse meio. Avan-
çarei, assim, algumas linhas que, correndo embora o risco de apa-
recerem como uma intrusão pessoal, antes se destinam a fornecer
uns poucos elementos para um breve enquadramento da rc;Rexão
sociológica, em Portugal, sobre a actividade artística e do contributo
que, no caso da sociologia francesa, Nlenger juntamente com outr<>s
colegas, investigadores do CNRS, da EHESS, do D EP, etc., presta-
ram à referida reflexão.
Esta desenvolveu-se aqui, à partida, sobretudo tm duas tn.s-
tituições de pesquisa e ensino, o ICS - Instituto de Ciências Sociais
da Universidade de Lisboa - e o ISCTE - Instituto Superior de
Ciências do Trabalho e da Empresa-, designadamente no ramo <la
Sociologia da Cultura, disciplina integrada pela primeira vez (1983)
no elenco das cadeiras de licenciatura em Sociologia Jo lSCTE. Para
essa cadeira, defini um programa e constitui unu bibliografia que
correspondiam, em parte, às minhas pn~ocupaç~s <le investigação
em torno <la temática em que, então, n1t: ct·ntr. tva (os intek:ct_uais e as
suas condições de formação, profissionalização e rt:conheomcnto),
conjugando o ensino no lSCTE con1 :1 {X~L\uisj no lCS.

3l
,i . lmctmr-o,-. a brirnm -:-t' nov11 s
. , do,rt·s J'- ·' . · , tot:l
-:,.: .1~ b,blR'tt."'l!. . r f\ ,i .u,rnc:tH~1nd,> o numero de li, s Nurn ronrc xrn cm c1u c, no s últim os
- · t..1 d.1 n iltu ni . .. . 1· . • - ~ l'os e . . - a.nos , se ttm ,. ' ·r
n..i N .1 :-l "'- Klk~ 1 1, •-tJt··-c:-:-1\'11:- m<X 1ha 1çoes da est-?-.. >n ,idc rnvtl au rn cnr o das 1nst1t u ircics J . t:r11cad 0
t- ,tn·J . •\ ,, h. )fl..~"\) l) . - - . .. . . • '4..\Jf11, uni c1 - . . 'r . onc,e se invl'sti
n-·n., ~5 rn--:-f'J , n"-.--r'lllU~ que tm o~~zando no qtiar1- .· n;i 1írca dn qK 1o logia el a culr-ura, ;i rrad .· d g:i t lec .
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.. k-., rlt n '\\: ~Cl"E b ºbli ~u <1t> fl -1 . uçao o pr~·s , .
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rA d.a c·..tU<'J.f".l ~ l 1 'º"' lC-S e.:' n o 1~ • as I ografias fo n
, i\( -n~Tt.:r. p nr:1 m ru . um a a 1rtJra cm ciuc O e h .
S . . . tnte 11,-re>
· -i- "m~:~~'"\: b ~ 1
< t l e .. .,- • • ,. , . . on ec1mcn to da lin ia
~ ~'-, rr~ n . . cc, t tkcn:-ctu no mno uni , ers. 1rnno vem f _ .
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. itl fK) \VS .1utort'S e noYa:- o rns de autores .. gt


--,,t. 7', :it\.."-~ h<'tl( · b. desses proo-.-.irn_ 1~ tr.ttl . . · .1
' . acurar
1 · o ...ront .1cro
Ç\Xrl\.) C '- ' • ( ,...,_i{) que. 00 11111 Jto .1 fK ~ou1sn u o tncsmo auro r t.: . rn ulf o espe •e
rn-~• .
f l~ "•
J..ri tt'11'vnk"fl~~ ~ · ..i') n.-J..J prime.iri1 ,-ez na bibliogrniia de utna '
6l •~•i.ts_ cot11 . ., , • . • : c1i1c.trn ente, com ,1
_ ibord n~>"Cm ri questno da crtrilcte m aç 30 da acti 1·d d , , .
f Ct"f'J. ~"W ':it..l\.. t-- . e.. :-tl.l • · _L :i t art1n1e t·
' '
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~•~'t'! _ d· c~ul~ do ensino supenor po~O\.les ,. . . · t')<"rt inc t:t de que se reveste enc1uanro e:xprcs,~o d _ !
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~ .\(ai~. dois ou rres anos depois da SlJa
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Pn..:limrnnm1ente a estn qucsrao. e rendo em c0 0 ,,. ~ .J _
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~ H.z,-u ~ . .--., '"t- - er ílffi re..terena..as


_ _ ,. ou,· obnga tonas em tn.-1A . ci.<>lógicn tocncb no es rudo da nctJV1dack 1..rti,ac, Mr .. c
. -~ :-O • ~ · ..., r--- . . e-rnc :-er
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) \ , ] ' ~' Di ..i.lC.ll ~ 1~ _ rt"C'On10-me. p..articul:umente, da Rn11t p,_ de t'\°OCH.f:ugumns linh ns-c have de orirn c:1çào reonca qu e rem tn -
__::: .:. s~ edil., .-t.'1r..s dt /.; FJ. ~ de que os alunos fotocopia, zido ,-is.ibilidndc: o u nons v-isibilid:1dcs p~r.1 determin Jdos rem.i~
-- ;"!\_~ ,<"'-'-&U
\--i=l :; ~- :__fC ll• ...u l'm~~
- ~ dt· Bou.niieu. .Nathalie Heinich, Henruon
-.,
p.roblemns n:Je,·:tntes para esse estudo.
\!~~ R.nmooJc: )foulin. erc~ etc .. Recordo-me também de urn Desrac0. entre o utms pa ssiveis. um'.1 linha qu e n:io scr-.i 0 _
x ; ~ ~'ldc- fa1lii5 que, f'1ni Li d:1s 11ter.ições introduzidas nos ces~ ,·o quo..l..i ficar como fundadora na medid'.l cm que nurcou Lmu
na.~ =';'---r...mu., eu ruo cki··cn--J de manter como pano de fundo. o rie..nmçi10 sociológica p am a ab0rd:1gcm d.is condiçc"><.' s ~1.X:Í::u5 d.1
::i.:s e t ~ - JS a-1n~rom ucc~ no" sistemas de produção, difusão e produçúo cultu.ml e artística em rnptu r-J com 15 rr.hitciü n.ús mrn -
:a.~ 0.úuri.11e:' l . rt'dcfuuçio do esraruro dos produtores culturais prernções carism~ticas do criador; tun:1 ourn l.inh.1 ~uc wto pr,1hlt-
:- ~~ produções. mariza.r a dassificaçào das artes e :1lcn:1.r p.m non :- k :,!1ttmll!.1dc~
En:?tUnro. do ll!lfroor enfoque sobre os intelectuais passa- face ao fen ó men o da misccniz:1ç~o dt· di r'e remc·:- .irl'.1:- e t"t)rm .is dt'
::! l Ct'!l::I;-mc sob~ 05 .m:isr:i~ ê, em pwcular, sobre O mercado expressào :1rtística; o utra aintb que pri,-ikgil)U .1 .uubc J.t:- in,l u:--
dr ~ ffll.~oco. inreresse crescentemente partilhado por uns trias culturais e da s implic:içôcs d :1 rd.1ç."io dc:m: Sl't.:fN Cl'm l):- d .1
~~ cokg1 s. qut começu-.un também a pmi..legiar a pesquisa e o culturn clássic 1 e experimen t1l; e.:\ t·nrre :1:- t" ric.·nr-:1 \•l;l':- m.u:- n.·ccnrr:-.
~ ~ i..9tt.{; das ~ da culrura e da arre. a linha que se propõe cstud:u o :1rti sr:1 cPnk) rrt..)ti:-:- i\)tu..l ç h ·.Ji :,Jr

·'5'<'.. ~
' io ~.rrp~
b-1>~
pois,, a recorreocia que começou a verifioo·
destas disciplinas, de nomes de invesaga
· dores
a sua actividadc nos modernos sistc:m.1s de.· c.- mprt~t:u .
q:Jê. not..-r:os • Nt'stas últinrns o ric:n r:1~·ôcs sinu-sc \kn~·r. ú)m um:i
h.t!..~ i- ~~. trahJJh.i ,-am e, nalguns casos, continuam a tn· particularidade - no St.' U c1so. c.' sobrt· rudt) no hru tjlll' ·1P.1 r: 1 :-(
em ao~ onde s · ·1 apresenta, rrnta-sc rü o sornt..·nrc: dc- n)nsidcr.tr :1 .teu, id.llk :irt i~üc.i
g,-~ <h , .e entrecruzam concnbucos das socto 0 ·
~ me t' uas profissões d .
cabe: b.zer lqUJ lis ' caso e Menger e de outros de que nao Corno pro1,e. ss:10 , mas b t~m ass im
. c.' n'-1 t1:1 nt l ) c'Xpk
..,. ~~-
...l(\ lJt,
1 dcrr.: rm1n:1
•· . -
' ll1ni tagem que acabaria pecando por defeiro. das trans fo rmaçôes do mc· rc:tdl', de rr:tb.tHH) JCn1.tl, confom,c :i rr:i~

32 33
cn9uan ro t:\.pr-e1Jào exemplar dessas . ,çi.o e dive rsifi cação de ri scr,s _ num 1· h
, < c f H ; 4: .i~or.1, soo , · a tn a de pes •5.,
hU}U J,rrn. e . ..icn ,.,. agora retomar e d ese n volver º ""te· 1. . . 9ui ,1 yue o
ve rn v 5 ' '- , 1vro .
rr;i nc-.forffl.aç,·'<" . d acrivjdade artísti ca como profissào C uriosamente, por aciu<: la me-,ma data EJ' .
p 2 0 cn< ~mhmer11 o a .· - . , -' l ot f reidso J .
" . vános o bstáculos, alguns d os 9u ais al
_ rnv::t ,1uc, an 1t1Camcntc, nao tinha intcre . n c: -
J< X''-'1'1'> ulc nipa.ssar . , l 1a e ' 1 . - 5SC constdt: ra.r a .
1cm 'l• 1 nN . - denN1dentemenrc das característica_,; visuais) como prohssocs, J e tal mc,d,, da<; ,;e af . s artts
alu_, n.r,J.. h<lJC . . ubsis rcm , in r~- -- ( . - ' V I as tam dr) ideal-
. _ b lh arrisoco vem manifestand o. Um :i das i . 0 c.k 'profissao . a e a pena evocar, me<; mo . . .
uc 2 J 1, t,Jv d v 1n a o tP •I I - . . 9ue , umar1amcntc
q d é a da diferenç~ cnrrc o bra e trabalho ,J aun s traços desse teca -tipo ddrncado po r h t i<h í, . ,_1 '
d,ttcu!J>~ .i con, , erar . , , • r,- , . • , . n e ,ugumas <las
_ . 1J nah Arendr avançava uma exrli caçao fun . actertsricas da sttuaçao das artes nas s<,cie<laJ ..., _ . 1.
dtfcrcn{..1 P'ln' yuc . 1an . . . ca r, . , . _ _ ~., capna 1stas yuc ,
~ ,.1,r,.., cm c:w, a (os am stas) , d1 snngu1.nd o-s,.. ·gundo O ,llltor, levam a c.1ue a arte nao <;eia· n..-rn , e _
cL,~ ru .w ru d e d ' ,., "u1'- · . . , -'- SL: . . "" • uma pronssao

1
·I" ... tar r,rc!o/cn rc uma 1mplicaçao profunda dos seus
, .t •r.l po r n<: a e n e·m uma acttvtdade• de. lazer, mas um híbrido an<;··rm a I Ja'í duas,'
para usar as suas proprtas palavras .
j..dt",ii-m:·"·
~ .w é alheia 3 c .. t.a di ~tin ç~o a 1du:1 de..: qut o tt:mpo ele.: criação Uma bn.: víssíma síntese . da proposta dt: ·F' re~-1 ,u.,<<.i n p<x..ic
.. 1 ra.
n..,n e l.fl !l'KflÍ vel no remro .-.ociaJ de rrnbalho, ideia n.:s iJícntc, mau permitir fazer a econom1a de outras reft:rênc1as at1m t ajudar no
l.,r.idulkcker r ou rrc,., ílu forc~ :-.e rcrc:m cmr<.: nh ado c..:m forncctr confronto com diferentes paradigmas, dcsignadamemt O do contri -
n.c mp lm r ci1;1çi,ct-. de arll . , lít ~ que visam de smontá-la. buto de Mcngcr. O ideal-tipo de profissão de f reidson assrnta na
( )urro c,bi, r~ç ul, 1 um7t vez ma,_., ligado à míti ca cio artista autoridade do métier, ou seja, na capacidade ele dispo r dt um corpus
cum(J demiurgo, Jng, ,, forn e: ac ima d a sociedade..: - corresponde à ddimitado de saberes, de competências . Tal supõe que, numa ck:
p<f't, rcn rn.1 de um a con cc- pç:i o Jc arte:, pdo menos da 'verdadeira terminada divis ão social do trabalho, uma profi ssão traça fronteiras
.u , c ·. a m,irgcm d(I mt.-rCH.l<•. No~ úldrn os vinte anos, a abertura das que, cm princípio, impedem as incursôcs dos não habüíta<lo~ no <l e-
1..e,oolog1,1 ~ JH n ilru rn r da an r a modelos da economia permitir ir sc..:mpenho dessa profissão, mais precisamente dos que não integram
r 1n 1k m ..lc~,a ros JÇ IP dl" drflrJ:.0((1(/ do ~ro11ómico, conforme a famosa o corpo de especialistas que adquiriram as adt:lfllaclas e im1ispensá-
J e,a~-naç.io dr Hou rdieu. mcdi antt" :1 tr~rnsposição de instrumentos vcis competências através de uma específica fonnaçào.
dJqud.a d1,c1rlmn 11arri u~ l'~ ru dos J as profi ssões artísticas e da or- Acontece, ainda segundo Í'rcidson, que estas condíçõt:s mui-
~.iruza.çj< J do re ~rl'CU\'O mercado J e emprego. to dificilmente se podem conceb<.:r para o Jcrua.l mundo J as artes
R.a, monde l\fou.lin encon tra -se entre os 9ue iniciaram esse onde cada vez é maior a diluição das fronteiras entre o 4ue é: ou não
cruntnho que ;\·frnger va.i também percorrer, convocando num arte e entre os l)UC são ou não artistas. Sem possibilidades de con-
rn lJa.lhu de 19')41. duas ex tensÕ<:'s da teoria do capital humano - as- trolar e av,tliar colectivamente o seu trabalho ou, noutros termos,
sem poder demarcar um abrigo eficaz no mere1do de trabalho, os
1
artistas não detém propriamente uma profissão, antes vão manten-
Pierre-MicheJ Mmgc:r. "Appariement, risque et capital humain: l'emploi et
la carriere daru les professions artistiques", L 'ande la recherche. Essais en d0 " a sua ·telenudade
· · esper1ttea
soetal ·e a· cus t·a e10 empenhamento
- h ;mento de outros
I i 1om1t•11r ele Raymonde Moulin. La Documentation Française, 1994, p. 21 9. pessoa, l reforçado pela aprovaçao e recon ec.u 1

34 35
. b, nniltiplas comunidalk:-- infnr > nto ao abrigCJ da oh~olcscc nc,.. e
1 urn.1 n 11 n1 ,11~ t. . . - cr rt 1 110 •• , · , , e rora da ló _· ,
a r11~rn!- 4uc r )' (,.1.11 ~ nnindo Ja arte:: no seu con1unto·· ~ ~n, por que a c1cncta se rege.: . KJci l 1e progres-
' lll' li 1( C~rt ,1111 () - . . . .
1
m ,11:- e di~fX"r.,,.. '1 :1d <; prolíssocs art1st1rns const1tutfh
1 rciJ~{,n, a:- e1,a,n, •1. . ," Todnvia, nestas poucas r áuin as p
,.,. · , <>rvenr-u ra rn ·
.\ :-~1m. 11.lra , , • ·rá O repensa r dos conceitos e teoria 1 t ·r mL' sobr•· •···s" J
'- '- ·'·" l'marcaçao - : antes_ lt ais releva nr,·
.. d 1tKO yut: e xtgt . s 1
cio 1 l uc oc t: -
'
·
. , ser,1 rnb rar ljllC ()"
um d c-:-Jh_l' .ln- b no senado de uma poss1ve l adequação ~ t' l . J
• 1ho e1e criaçno cnuc, cac1a vc.:Í'. mais a •.
. '
1 ,..1.1 do rrn a ,o 11 tni 11 ,1 · ' · , .,e r ponto de conA , _.
JJ :- c<:>(1 ( ~
ac uv1dadc a rt1s □ ca . u
_ _ . , · J lgo que o presente cnsai o de . dois movimentos diversos - um no se ntid aJ ucrKia
• 1_ 1 1
l l . . . •. - • . o t I( 1 ' arga rnento du
JO (':-1\)\.l<1 (IJ . '
cisamentc um a tnteressantt: propos ta para ampo de act1v1dadcs nao art1st1cas em que as • . . . _
\ lrnt"("l' et1n :' ti ru 1, pre ' e, CXJgenaas J e cnau-
.
A

' idadc se vem reforçando; outro no senüd o da di _.e. •


c~!-l l t'lt"qUJÇào , . v • , . . . ' versincaçao das
raz· cr um recuo para lembrar que a orgarnzaçào tividadcs arttstJcas, muitas das qua.ts se vem e-xe rc <l ,
\ {a-' ,·amos 1: • aC _ ~ . - en o atraves de
do-' s.,~rcs segu nd o O mode/.o profissional e a _sua ligação a uma apren- fl.,nções que nao sao propriamente as do ar□s ta-criado r (na concep-
. .
1 -
;,J,·parou-sc no domínio artisaco, com uma longa per- ção tradicjonal cio autor singular da obra).
1
('.;-.~ ,11 on110
... , · •
~~~n~a do modPlo artesanal (aprendizagem na oficina/ atelier), o que, Esta djversihcação crescente constitui um dos faccores da
ciero,·arncntc., dificulrou a definição da identidade profissional dos mudança por que passa o mundo do trabalho, em geral, e O do tra -
aru_;;tas :mavés do tír-ulo escolar, cfüerentcmente do que aconteceu balho artístico, em particular, o que levanta no\·os problemas c.iue se
para as profissões liberai s. Aliás, noutros domínios que não pro- distanciam do modelo profissional clássico e se tecem à volta da fi -
pn.arncn re O arristirn mas ond e o 'rrabaJho de criação' também está gura do novo trabalhador, no quadro de uma economia da incmen.
pR-s<.-n re - caso da invtsti!:-,r-ação científica - o modelo profissional Já nos princípios dos anos 80, Touraine chamava 1 atenção
rradicional revc.: igualmc.:nrt dificuldades em implantar-se (note-se, para a necessidade, nas sociedades pós-industriais, de s16er res pon-
por e:.xt:mplo, a subalt ern.id adc formal cm que ainda tende a ser der à mudança acelerada, mover-se em sisrcmas complnos, passar
mantida, nalgum países, a ca rreira de investigação face à carreira da visão continuista à descontinuista, gerir a incerteza. Também Ja
docente::). meson, por essa mesma altura, mostrava como os moJelos abrrtos,
sa bido, ,·ários autores tem reAectido sobre os jogos
Como é plurais, destronavam os modelos fechad os e rigi<lus. ::i v;iriPs nÍ\'cis
de aproXl111açào t demarcação entre diferentes actividades que con- ela vida social. As formas Aex_ívt:is e prt'círiJs g.1nha"am visibilid:1dt",
templ_am uma componentt de criatividade. A este respeito, Menger designadamente, a nível artístico, atr:1\<·s lh pluralitbdc de estilos
não de1x.a de nos adYertir quanto às características que distinguem o e sua curta duração, coincidindo com J nt-ct·ssidadl' l'COnómica dl'
rrabalho de criação na act:i ,idade artíscica e na actividade científica, produzir vagas ele bens com uma rotaç,io uda \ t·z rna.ior.
3 pre 5entand o o conhecimento cientifico e técnico como um bem Num merca<lo dt: trabalho ctnctcri1Jdll pela incerteza, us
inttTTTil~di o e a ul)ra de artt como um bcm J e consumo fin al , ate' dois eixos - ílexibil.idade/prt·caridadc - nprimL·rn -sc cm tL·rmos de
c1esemprcgo, su b-emprl'go e :1umrntu lo~ l . t t...Lb·tlh·iJorcs
• • . .·
tcmpora
.
-
· nos vanos
nos , . sectores . l\lttlttp · l.1car e l 1tHrsti,c
· . , .·e •·ir
. ·'Lct1v1dadcs e urn
i Eliot Freidson , "Pourquoi l'art nc peut pas être une profession'', idem, . . 1 la artL' encontra
p. 134. moe1o <lc gcnr a 1ncertaa, rnoJo lJllt', nu mum O l • ' ·

36 37
M -n rcr mos tra na sua ani Lise da o r
. - mrl.tr ('() flHl Il ~ . . ga. , ·so;Js e sociais ex tra-profi ssion,.,; . b
cxrrcssJn cxc ._ -m que as tom1as do nunantes são pc!-- . . <uS, a rern lu r
• j lqJ!, p
3 rt_l:-IJ CO e , . O ,,t:"io de s1 por parte dos Intelectuais e d . ga para urna nov

~
nmiç,w l
O fí.1
· . _ . fo rm as attpICas de trabalho
as d .rias gt - . d . os a.rttstas . a
1
., n~ n /r(r .. m,11~1!. e - _ . Ln utman , corresp~n e a um a situação de desr a •~ªqual, segundo
a u ro-cnif rql · . . _ ,-ançadas _ inadequaçao do modelo P
-\' ,uc:-rcx-:- ;irra~ a t o. ·,1 ._ e de reconhecimento, situação em egul çao de cornpetên-
· · Y mergéncia de um a nova figura de trabalhad d• - que o /JefÍ!tari d0
1
fissi n ru.1 rr-.1d1on na r e . _ or n(
)mm cada um tornando-se "comrn. 1·5
' voyageur'' d ·
ª surge corno
· . ais condiçoes do mercado de emprego. Para 1. Parece-me haver uma grande con . . e si mesmo.
_ sin tuJcnu-, nas acru . , a
· b. :d d de deter um diploma cauc1onador de competenc.i vergenc1a entre e l .
d;i r n ~Sl w1 ll e . as k La utrnan e a de Menger, quando este ú)ti ~ . sta e1tura
.- (po 'bilidade que de resto, se fo1 afirmando ao Ion e . <LO"º ve na ff/>N! -
c,peO hOIS SS I ' , . gG q uase-renda que o artista pode fazer valer u ª(ªº urna
· lo menos para alguns saberes aro st1cos), o que ho· ' - rna vez montado (co
J0 rrmPo pe . . . _ je exito) 0 seu processo de acumulaçao de capital hum m
· par-se é confo rme diz Menger, a a9ws1çao de comp - d ., . ano, sustentado
rt>n d e a 1m , . .
. mpartamentai s• de saberes e de savoirf azre em situaço· es
e-
Po r uma sucessao
,
e exper1enc1as de emprego m · ..J:... .
. u1to wversificadas
renc!áls co T ambem Xavter Greffe, nas suas referências a " . ·
de aprendizagem permanente. Com petências que e~volvem capaci- e. »4 I . o artista
q uase-nrma . - ague e que
.
se organiza como seu pro·p · od
. no pr utor
chdes fo rtem ente individualizadas na base das quais se vão definir e tem de gerir os seus investimentos em rt>nutacào d .
-, .., - , an a muito
sa,nentações que ultrapassam as hjerarguias de partida firmadas próximo da figura do empresário (entrepreneury da sua própria carrei-
1
;,n·és dos dipJomas. De not.ar que o enfraquecimento da invul. ra, figura avançada por Menger na sua abordagem aos sistemas de
oe.rabilidadc dantes oferecida pelos djpJomas começa a revelar-se emprego por que hoje se orienta a actividade artística.
corno ncsr<: Livro se veri ficará, no recente aumento relativo das taxa; A tendência para a substituição do emprego (modelo tradi-
de dc::SeD1prego para os contingentes com qualificações elevadas. cional) pelo projecto é uma das características da no\·a configuração
Este é um dos efr.itos da mudança no trabalho profissional que desses sistemas a que estes autores estão aremos . .-\lguns poderão
agon se \'ai ext::rcc::.ndo fora ou ao lado do esquema convencional de retirar dessa tendência uma ilusória conclusão sobre a crescen te
"monopolização de competências legalmente certificadas". independência das actividades artísticas: funcionando como uma
:\ssim, a noção de competência apresenta, também ela, mu- pequena empresa, envolvido directameme na real.i21çào do seu
dança..,, reclamando crescenremen re uma legitimação outra que se projecto, o artista ficará em condições de melhor proteger os seus
n.1 conquisrando à margem das instâncias de consagração tradicio- direitos. Neste sentido, o ensaio de ~fenger constirui um bom
n.a.lméntt exigidas. Parece, pois, estar a intensificar-se a tendência guia para percorrer as ambivalências e conrr:i.d.ições do mund o do
para o gue Jacques La urman design o u, há alguns anos como fileiras trabalho artístico, a um tempo lugar de hiperflexibilidacle e <le de-
tk oftaa/iJadt paralela (recuperand o e actualizando a designação já sigualdades gritantes. A sua leitura permice-nos identi fic1r, por um
utilizada num anterior trabalho em que participou com Raymon- lado, as seduções da neo-independencia no merodo <le trabalho
de Moulin t ou tros aurores)3. Es tas fileiras, ao valorizar atributos
4
Xavier Greffe, "Les nouvelles données de l"emploi culturel", 08S nº 1l,
3 Nov. 2002, Observatório das Activ idades Culturais, Lisboa.
Jacques Lautman, "Compétence, légitimation, vedettariat", idem, P· 203.

39
38
.. nomia, J:i rc spn11 s:1htlidadt I·
,1ltrn /, l ( ,íll l 1,\ ,ll
110
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(1, J n .1111.H, . . J . tr.1gmcnr;u;:11) do I r·ll li
i b l i1nc1Hn nc1a num con 1cxtn e1t g-rnn ·.L . . . . . . - • . • ):\ 11,
. díl'- compc 1cnc1.1:. cx 1g-1d:1s pcl.1 mtcns•
r de ~r,rnJ e , ,1n a l) 1It J íl L1e . . ;1
n,Pb1l1d.1dc ,n1crpnstos e inter-em pregos . . . INTRODUÇÁO
·c,·r a im1alda dc ck npo rn1n1d :1Jcs, o bcro J
l,nn ~c l 1e favo rc.: . _ • r,- . _ . :\
• ·. 1·rlorníls ter \'ind o a dar luf0 r :1 sdccçao v ia acurnu.
-.d 1,c ç-J1) pc 1ns < 1 '· . , . .
. ,,, 1 t,·umano (;i reput::i çao) favorece um :, log1ca fon,. Concordamos hojt L!Ue o saber t a inova - . .
1.1ça1 , 11r . cap1 ,, ·z,, ,, c !)ara a qual concorrem va n.ados mecanismo . -.- • _ . çao sao a condição
men te h1t:ra r9u 1 •" 1 ' · ·tior do dcscnvolvtmcnto das soctcda<les. Ora e . ., .
· s nl • . . , XI Stcm UO IS rnun -
Jt" f.alcÁJ'rfJÍ'!~- Também ;i divcrsific;içào_das relações co~tratuais e a le os- que fozt.:m destes metos o seu pnncípio e fim · as . .
. , , . . ants e a inves-
gestão do nsco r rolissiona.l, que arravcs dela se podera fazer, não tigação cicnufica e t~c_mca. Estes mundos são O resultado de uma
dt:ix:i m de cri ar situ.açõcs dcsvanta1osas num mercado concorren- especialização ela actJvtdade humana que encarregaria algu ns de de-
wJ dcscquilibraJ o onde a rcsav a de mão de obra é abundante e senvolver os conhecimentos e inventar as obras capazes de satisfa-
pcm1ancntc. zer a necessidade de novidade e divertimento? Ou então trazem-nos
Se as ;incs aparecem n:1 abo rdagem de Menger corno um la- estes mundos qualquer coisa de mais geral sobre os melhores meios
borã tóri o da Acxibilidadc ~uc arra\'essa rodo o mundo do trabalho ) para uma sociedade, mobilizar a sua criatividade? '
essa mesma Rcxibibdade aprescnt1-se também com um custo desi- Esta interrogação sobre a singularidade ou, ao contrário, 0
gualrnenn: dimibuido. 1\ opornista equação mágica que o autor põe papel de exemplo das artes e da pesquisa cienáfica remete-nos para
à pron - fkx.ibilidade -cruti,idade- responsabilidade-securização um enigma ao mesmo tempo antigo e central: falar da actividade
das rrajrctórias - conrrapõe-se a elevada incerteza face aos riscos da de criação é falar propriamente de trabalho, e, se assim for , os seus
pem.· rsa maleabilidade do mercado de trabalho contemporâneo. processos e os seus modos de organização económica e social se-
T oda\-ia., confonne a partir do ensaio de Menger se poderá riam convertíveis para outros mundos de produçio? Ou resultará a
cond uir, os 1ogos nunca tstào fotos, quer no que respeita às tácticas arte de condições tão raras que seria necessirio considerá-la como

1 do~ 1rnsus tnquamo trabalhadores, quer no que respeita às propos-


us tcúricas dos im- esrigadores para o entendimento das mudanças
distante do trabalho, como o seu inverso?
Ser-se-ia tentado a responder que '.1S actiridades de criação
p<>r 91.tt ,·em passando o mundo do uabalho aróstico. e de inovação têm poucos pontos em comum com o trabalho ~n-
ttndido como um dispêndio rtm uner:ido de energia don~e advem
0 sustento de quem trabalha e da sua familia, como O calc~lo tn ·

,\la.ri.a de Luurdes I,íma <los Santos Ctssante <los prazeres e <las penas L\U t co nL1uz- a- 01 ovimencaçao
· ..
das
.
e
10 . . N
rças produuvas ckt1Jas por cada um. l o ena , ·t nto artes e Clcnoas

40 41
ases mais opostas do trabalho ina organizacional (o projecto a rede a . .
•- das J uas f · . doutr . , , e9u1pa a irn li ~
. botizarn hoje a rcun1ao . . aqui no empenhamento produtivo le descentralizado, a re::sponsabilidade ) ' P caçao, o
sun - . . l de assenta . contr O . . . .. · e a sua filos 0 fi
rn lado, a acovtc ª ro-ia conhecimentos) e colectivo trabalho fundada sobre a 1_nd1v1c.lualização. a do
Por u . . ( -forço ene t:1· , s
dos meios pcs~o.ai'-- e~. ' s trocas entre pares), empenho esse Mas, perguntar-se-a, se se pode admitir corn .
fin anciamento ' . . . . ~ . , ngor 9ue em
equipamentos, . . _ que fazem regularmente dos indiví- rta med1da, a mvest1gaçao c1ent1fica seja descrita ,
( . . . de ,rnplicaçao ,, ce , , di , . . . como um tra-
corn r.a.i s OJYCIS d d . os "drogados do seu trabalho. p 0
. .acivos ver a etr . . . r balh o , sera este
, .
agnosttco igualmente admissível pa
~ . , ra as artes? A
duos rn11s crt . valorizadas da acttvtdade, os meios d ·vidade art1st1ca nao suscitara, ao fim e ao cabo ,
d , formas mais _ e ac tl , . . , . , num numero
outro la o, na.5 d mobilizados a nao ser ao preço de urn ável de casos, um fasciruo iroruco onde se misturam ~
. . .d d - po ern ser
cnaa\1 a_ e nao·a1 d
~ a ra Zo . . a atraccao
tinas: a 1·mp li caçao,
~ ·
a mtens1'd a d e d o esfor- m espaço profissional de liberdade e de auto-deter · - '
di sso\uçao. parct asflexividade
ro po r U . . . . . rrunaçao, e
_ só podem ser colocadas ao serviço a suspeição de fnvo~dade, de improdut1v1dade em relação ao gue se
o a rnoovaçao e a re .
ç ' al de trabalho na medida em que este se mantém parece mais com ~ J~go d~ que co~ o trabalho? Isto seria ignorar
de um t processo . . ,
.mprevisível e neste sentido portador de novidade que a inovação a~t1st1ca se mfi_ltr~ ho1e em numerosos universos de
em gran de pa rte, 1 . . .
Estas qualidades supõem pois poder _der:n?nst~ar aquilo ª.qu~ Kant produção. Primeiro, por proXlffildade: os artistas, ao lado dos cien-
chamaria livre jogo das faculdades mdiv1dua1s, fora da urarua alie- tistas e dos engenheiros passam pelo núcleo duro de uma "classe
O

nante de fins utilitários. criativa" ou de um grupo social avançado, os "manipuladores de


A questão do "trabalho de criação" ganha mais em .perti- símbolos", vanguarda da transformação dos empregos altamente
nência se se considerar a extraordinária valorização dos meios de qualificados 1 . Em seguida, por contaminação metafórica: os valo-
conhecimento e de criatividade nas economias capitalistas moder- res fundamentais da competência artística - a imaginação, o jogo,
nas. Os ganhos de produtividade, as capacidades de inovação e os a improvisação, o diferente comportamento, e mesmo a anar9uia
beneficios da implicação plena do trabalhador na sua actividade têm criativa - são regularmente conduzidos para outros mundos pro-
como denominador comum o empenhamento e o enriquecimento dutivos. E ainda pelo seu valor de exemplo: o espírito de invenção
dos conhecimentos, de onde nascem as duas espécies de inovação comunica com o espírito empresarial nas jovens e pequenas empre-
das quais o capitalismo faz desde há muito tempo o motor da sua sas, a organização em rede das actividades criativas e das relações de
expansão: a inovação incremental pelo enriquecimento e reorgani- trabalho e de comunicação entre os membros dos mundos da arte
zação contínuos dos saberes e a inovação radical destruidora dos fornecendo um modelo de organização para outras esferas. Enfim,
' ' por acumulação: o mundo das artes e dos espectáculos toma-se um
saberes e dos saber fazer passados. Neste quadro, as indústrias de
alta :ecn~logia, as actividades de expertise jurídica, financeira e de sector economicamente significativo.
?eSrao, ª investigação científica fundamental e aplicada, o sector da
1
mfonnação . e as m · dustnas
· · d e criação formam uma vanguarda, com Ço~~ultar Robert Reich, Futur parfait, traduzido por A. Prigent, Paris,
os st us sztes e as suas montras (as "cidades mundo'' como Londres, ~ditions Yillage Mondial, 2001, e Richard Florida, The Rise 0/ th e Crea-
Nova lor9ue, Los Angeles, Paris, Berlim, Tóquio, Shangai.•.), a sua tive Class , New York, Basic Books, 2002.

43
42
_ "trabalho de criação" cornp 0 n,petências, segundo o princíp·10 d .
uc..r::to
1
00 rte das co · . , . a d1f .
e . l:>cn1 '-luc -~ ~ · ...... po das artes como para O e~~ 0 e beres, e da sua mscnçao dinârn• c renc1ação e ,
_-,l . .. V1l O ca,.. ~t1p d0 s sa . ica no 10 rescente
. u rc:Jc,-:1nd•1 P· _1 se,·a naquele que transparece . funcionais e das relações de tg· . , go das interd
urna '!! ·11 _ _. •ocíhC3-, ríllvez l'l1a.is d·0 c1as . u1pa. F epen.
da n::sci.~.1ç 1t1 uc.: _ . crn jogo. As artes revelam com et . e balho artístico que se revelam algumas d - nos paradoxos d
111 ~ dcir:uncore . ,e eito
rra ·vas do trabalho e dos sistemas de as rnutações rnais . o
quc c:-r,i ,·cfl a · investigação c1enttnca, a pane arbitr ' . ,
0 . ore do que a . .d d . . <ltla ·ficatJ . _ . . emprego rn ·, s1g-
m:ii~ d,rc.-cra.rnc .d roda a actJVl a e cnattva. A libe d rll d i.niplicaçao na act1vidade, autono . 0 dernos: fo
... . ,J ue rcsi e ern . . r ad ,rall e . . . rrua elevad rte
e: jn, prc,1:-1, e.; 9 . , •co maior face as regras de avaliação e g 'bitidade aceite e mesmo re1v1ndicada b. a no trabalho
. .d d , cnaava e rnui . ' nor fl e}{.I . . . , ar ttragen '
da acon 3 e.: ' t ann-imentos cumulativos das inova , · anhos matenais e gratificações muita _ s arriscadas
·af dação e cons r 5-- . Çoes entre g, , . . s vezes nao 010 , .
rnas de ' " 1 elo novo que pesam sobre a mvesu· e
l ação estrateg1ca das manifestações desi·gua1s. do tal netanas,
.
- · - do anago P ' gaç 0 expor,
subsoruiçao d -edade das formas e dos modos de exp ª0 Em suma, o nosso tempo não é mais d ento ...
oe.n□hc,'1. ·
. , - A gran e var1 .
. criatividade é aí colocada ao serviço d
ress,
ª das do século XIX , que opunham O ideali
o as repres -
entaçoes
·, ocos confirma-o. a . fi . e urna her a d . . smo sacnfi . 1
ara- . _ li-ires O que roma as artes m rutament . . t e O materialismo do trabalho calculad _ eia do
d.fi oaçao sem J " ' . . e rnai artts a . . . o, ou mais aind
.1 ere~ . . nifestações mais duvidosas da mvenção individ s e ra do criador, ongmal, provocador e insubmis aa
ermeaveis
P . . as rna te submetidas ao vere dicto d o consumidor Ual, ngtl
ês ocupado com a esta
bili'd
ade das normas d
so, e aquela do
e ma.JS direcrarnen - e aos burgu. _ . . , e as convenções
·a1s. Nas representaçoes actuais, o artista e quas .
diferences níveis de recepçao. . . . . soei , e como uma 111 _
, . que este ensa10 se 111teressa prmc1palrnente 1 ão poss1vel do trabalhador do futuro é quase
E
por 1ss 0 . , _ , . . pe as carnaç . . , , como a figura
•pótese de partida e que, nao so as actividades de . o profissional mventlvo, movei, rebelde perante as hi .
arres. A sua hí . ena. d . . erarqu1as,
_ , . a~o são ou deixaram de ser a face oposta do trabalh i·nrrinsecamente motivado, que vive numa economia da 1·nceneza e
ç.ao arosaca n . . o,
,A sa~o cada vez mais assumidas como a expressão . rnais exposto aos riscos de concorrência inter-individual e às no\~as
como eJAS ma.is
avançada dos novos modos de produção e das novas relações de inseguranças ~as trajectórias profiss~onais. Como se, no mais pró-
emprego engendradas pela: m~tações recent~~ do capitalismo. Lon- ximo e no mais afastado da revoluçao permanente das relações de
ge das representações roman11cas, contestatanas ou subversivas do produção profetizada por Marx, a arte se tivesse tornado um prin-
artista, seria agora necessário olhar para o criador como uma figura cípio de fermentação do capitalismo. Como se o artista ele próprio
exemplar do novo trabalhador, figura através da qual se lêem trans- exprimisse no presente, com todas as suas ambivalências, um ideal
formações tão decisivas como a fragmentação salarial, a crescente possível do trabalho qualificado com forte valor adicional.
influência dos profissionais autónomos, a amplitude e as condições A primeira parte deste texto passa em re\·ista, para as avaliar,
das desigualdades contemporâneas, a medida e a avaliação das com- as diferentes posições teóricas a partir das quais pode ser construído
petências ou ainda a individualização das relações de emprego. O este retrato do artista enquanto trabalhador. A segunda parte trata
desenvolvimento e a orgaruzação das actividades de criação artística as desigualdades que caracterizam o mundo da criação artística, para
ilustram hoje o ideal de uma divisão sofisticada do trabalho que analisar as suas dinâmicas e discutir os seus critérios de legitimidade.
A terceira e última parte incide nos sistemas de emprego que regem
satisfaz simultaneamente as exigências de segmentação das tarefas

45
44
hoje a actividadc. artística,
- e ô luz
. dos
. '- quais
, 1· podem se r anal·

h,umas, ns rmnsforinaçoc s mais s11noo ,cas do mcrC~o<l ~~
· tsa-'.
a )alh
1
cont,·mpon1nco. e
()
tr l ' aL

CAPÍTULO I

~s ~1.rrES E A ECONOMIA CAPITALISTA

e é que o trabalho artístico


_ envolve que
. possa ser ensi-
O qu mundos de produçao, e aos analistas, managers ou
outros ~ . d . ~
oado aos ue veem nas revoluçoes
A
. sucessivas a organizaçao
_ do.
q d condições maiores das transformaçoes do capi-
profetas,
alho urna as
rrab
ralisrno? compreender, é necessário recusar a controvérsia ele-
para o . . ,. .
ndo a qual, por mais smtomatlcas que seiam, as contra-
rnentar segual
. - s do t ento criador e do capitalismo dizem apenas respeito a
diçoe d , . C i: .
r reduzido do mun o econonuco. om e1e1to, o argumen-
urn secto limi. A , . 1 , .
to encon tra depressa os seus tes. s estatlstlcas reve am o rap1do
· nto do sector das artes,
crescune . dos espectáculos e dos divertimen-
tos nas economias desenvolvidas, tanto do lado da oferta (emprego,
rodução e trocas comerciais) como do lado da procura (crescimen-
~0 da parte destinada aos lazeres no orçamento doméstico). Além

do mais, é habitual alargar a dimensão das "indústrias criativas" a


tudo o que o investigador, o político, o funcionário, o estatístico
julgam oportuno de aí incluir: a publicidade, a indústria do brinque-
do, a imprensa, o design, o artesanato de arte, etc. A elasticidade da
explicação aumenta particularmente quando se trata de defender a
legitimidade de um forte crescimento das despesas culturais públi-
cas ou de hastear as cores pós-modernas de uma criatividade difusa

46
47
io rc'- c<.pcciali7.:1dns n a arte t
cHc •n :1 'IJrtk-ubr de.· ira 1\ A lt i .H · · .. . ' nas <'
~ í _ · habm1al de ac uqd adcs . 1 n 1 ilh o artÍ<.t Jcr, rr,dc.: '>C' r C f>TT)h
-.,1r O• ) t.nn1 0 01 0 . ue 1c: 'r;1 i . ,-:H i:l d< i nc ,
n,ntrAo :1 ,.., ~c,1 1u!'- . d . 1d . C;td a , .
. comunida e soc1a o ciuc a rcp\.Jta • l . r el i e Xl' r CICI< > li v rc.: e: '\(• rn r I . Kat,va.rn,-n, ·..,
um . e hc.--n< h<t.AOA m.11, Çan e n t , > -~ > >, rac 1
A
srrt• .. .,· 1 •
.u (,, nu . " l: ..t\u1\,>
.. ) Jc um o u o utro . ·de!- da d1 v1s,I!> e'> trah-:Jlh, >e I· tn.1 "'> crc lau ~uc
" lJ<C'-"", C\.' tlClOfTT I(( .. . -
n{)ráncos ra o d1fe rcnrcme ntc herde·
dPS rtl, . . . r <t <.::< PI< ira~ e t lil>etta
,· ()S art istas, ctn partic ular, enc, ., 11 rnt rcant,l
\ ur.)fC"'- conrcmt' -- , • tros di 1<:nf<>.. . . . >nt rarao - ( ,,, t;, .
\\ ' ht \fill<- ou 1\ndre C,o rz procuraram • _ ,,eia da c r1 at1v1d adc urn ~1 f"n, e d . n,1 u,,>Pta dt u 1
n un.1"1l<l cn mo n~ . nesta rnocr, . . 0
t rcne:1.a,, . rn:.i ik
. •d d reino do trabalho sub1ugadu para . 1·sc, ruilt1>n<>s p<: rm antnt<.: ,; d, 1 , rnu d \½tr<1 mtdi tar
oJS>r r n CtO
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_ _J d
;i '-.li ,1 ()
, r 1·
, 2 Da mc,ma Tnrrna , \ .orne tus .aston d .
e· () r" l
'- 11 () ns l t - ,
. orrnnizados - excesso ts trutur-ii ·}
n , •'i da . ">< ' )rt
Ule tal c,,rn, i ,. 1-
d.a acnnu~ e 1,, re . . . . a is ho 1c ,...,. - . .. < t candi<lat . --~ta, i
.- ~ - tl - <l d d , 11( i
~ n ,marnna,rf de /.a .roczete, \ e na ac \ 1 a e - 0 ah; l ·rnprt:~'' > cndt:mrco d os profissí....._. • e~ 41 , t rri"rtv
'CU J#Jflhll1W ,,e,· . ' • uSta ( ~li 1t r-- . .. , 11a 1,;, r e,igualda ,. , . ., ,,
(a "teon·a'') um a ] ·s d as oportunidac.lt.:s de: suct:s'l( i , <l 1 ._
·)'tna,J, ") como na acú\·ídadc . do conhcc1mcnto . cu ,_ .,n:. . - . >U a ·, 1m lt
<lt~ .t\Ptcta .
_ _1 .i n ,c,,·ntc ma~. inmn-.ccamcnte mcena d os seus a nurn,a ,·' 1ctiv1dadc art1st1ca regular. P "' C<>n tinui<laJt
.aron uauc cr, · ~ · .. , , · - resulta
.L . , .. da para alcro de que nao e poss1vel no entanto co · N o t:ntanto, a ct:lcbraçào marxista .1 L
(J(°K oncnlA ,-, . _ . ntrolar u, > traua.lh,
kwo urna acnv1dadc finalizada mas se m fim deteN-n · '. · ra d.1cat·d
. pela sua propna 1 adt, sobn: um rv.. ~- · i cnatlrir t.rn<:r
o cu~. n .. 11tnado gt.:, . 1
r-.. r,u.H :i;r,. l-a;, . <l
··l)UUldo um am..ra começa uma ob ra [. . . ], ele sabe t nào · trabalho c.:xprc.:sstvo <J v<..:ctor ck realização tndivid1 -t n 11 tl,,
'..: sabe
:.aqutJo que vai Jizcr." () mc--;mo se passa para a actividade t . . - . 1 b
Po rte <lc uma cnttca e. o tra alhí> afü:nado \ L uai t P'>r I\Sl i , J
. eonca su , · 1.4fX t ra ltvad,J , .
.. cnK" nã, 1 p<><k ga ranur racionalmente nem os seus fundarn fraqueccr uma <las grandezas constitutiva5 cio dtstnvc l _. il. tn.
, -- entos
nem 0 ~ S{_·u~ resultados' '.
. .
activi<lac.ks cnauvas: . . _
a <l1fr:renc1açao consi<ltrávtl <l, >•. irntntu <l. .· <la\
. J'\ in t1,1<lw>-; t
Para roda c~ta corrl:nte de pensamento, a actividade cri,., . dos produtos do seu trabalh o, a identificação ckJ in<li .·d
1.<ttlVa • 1 uo C•Jm a
cr_,n_qirui O marco anu.nci.ador de u~ mund~ melhor onde a uilo sua obra e a identificação pelo outro <las si nen,l~...:c1a,1.., ,!,,,, -
9 . . ' "5'-lUlll UC, """-!Ul1() ~Ut
qu~ é hotc: 0 pri,ilégw de alguns, sera amanha de todos, e revelará a se oferece ao seu dcleae. Tal linha de pt:nsamtnt<J ptrmítia-lht dis-
c<-~aa própn.a da humanidade im·enriva, conquistadora e civiliza- sipar as desigualdades de talento <.: as cornparaçúes inttr-in<livi<luai~
dc.lfa__-\ ac□ ,idade criaci,·a co nsri nü também um instrumento de cri. geradoras de conco rrência, de hierarquização t de tspecia~zaçào.
x i S<..JCÍal eecun<.í mica radical, pois as fo rmas actuais da actividade Mas o valor chave da originali<lac.k volatiliza-se: t ntàv, trJrnan<lo
humana podem ser examinadas segundo a sua proximidade, e, mais
incompreensível o <lesenvolvimemo histórico J.as m t '>. O rno<ltlo
txpressivista coloca em evidência a grandeza pusitiva <lo trabalho
\ 't-zcS, o st"u dcs,io, com este modelo de realização. Enfim, com
- disto se lembrarão Walter Benjamin, Hannah Aren<lt t outros - ,
urna chmcnsàv critica mais restrita, o exercício actual das formas
mas o seu alcance individualisu t J.iftrenci.ador iria mais ali:m d(J
que o suporia Marx.
: A. Gorz_ Métamorphoses du rravail, Paris, Galilée, 1988 ; C. W. Mills, Analisando o aparecimcmo dos ,·alores de originalidade, de
Les Cols biano, tradULido por A. Chassigneux, Paris, Maspéro, 1966. autenticidade e de sinceridade pessoais na cultura europeia e na
3
Comelius Castoriadis, L 'Jnsrirurion imaginaire de la société, Paris, SeuiL concepção do eu, no fim do século XVlll, na senda de R~usseau_e
1975. d
e Her<ler, Charles Tt) lor mo~trou como e, que 0 5 incfü·1duos sao

50 ~ 1
doravante dotados de uma forma de interioridade, inédita: . a tndi
.
dualidade de cada um é funda d a so bre as caractensttcas par( d.í não devem sobretudo comparar-se ad .
, , . d . Lcu1 v j, 5íduos . aAorar as d·c
da sua personalidade que e necessano preservar . A . . a tmüa ~
Çao eat1::s i in v que fana herenças , ·llluit
- d11\Jrar-se
· "
os eJ·ar- e -, o oca e de transacçao - fu ndadas nas, vant:i,-,
o tpressa,0as
d
influencia do outro. Cada um Pº e, graças ª re e:xiv1dade d ela
· fu d , os el 0 iJlV
. tl açoe- s de tr cada um podena. tirar
. Ptoveno . para fa,e
oens ' ºtnpa.
ed
conscientes do eu, proC:U~ar ac er as pro n ezas Intimas da s 51ttl de que _ _ . . . r a9u1 o u,
personalidade. A autennc1dade acrescenta a este controle r sua r• ·vas nao _ faria tao bem ou tao facilmente. . Da u1resulta 1a .d .
,9'"
reconhecimento da originalidade de cada modo individua} efleXiv0 d q
outro nidade humana, nurna s0c,edade 9 <otnunista .
o comu . . , sena
0
tência que é fonte de uma celebração da diferença e da di d~ eXis, e ue . ª,da por 1·ndivíduos cnattvos tornados todos Otnnistientes e
' . - . . . vers1d
a realização de st nao devena. ser, idealmente,
d . rmpossibili tada ade: const1tulal ntes, e todos produtores,
d eGernAnenhum
C h caso
di · consUtnidores
elo conformismo social doli• e ressivo o outro. . . o en s1mgu, ª'Jlli urna
P reconhecimento do 1usto . nem pelas es1gualdades . que m~~
• netn
. , . d li ~
valor da personalidade de eada u tatn po trabalho _expda antropologia filosófica de Marx: a negação da ne.
0 maior
desabrochar pleno deste. Se cada um tem uma maneira O . . lll e o fraqueza d d 1
.dentificação de s1 propno e e gaçao ao outro, condi.
ser humano ' cada um deve ainda descobrir este eu que n~ aotlgtnal
e . .de ça-o d eaPeoss1b
cessi de. ilidade da orgaruzaçao
· ~ soei·a1 de uma cornum·dade'..
com nenhum modelo pré-existente. A referência à arte e aoºlnctde a .
como modelo da definição do eu torna-se aqui central4 ttista
Mas como passar da emancipação expressiva do c A arte, agente de protesto contra O capitalismo
mento individual à vida colectiva? Pode o valor da originali~tnporta-
nar-se uma norma social? A reunião da autenticidade ' O!lgtnalj . . ade tor, Poderá o artista à procura de orio-inalidade e • .d
. t>~· autent1c1 ade
e liberdade opõe-se directamente à moral das convenções , 0 dade constituir um modelo social? Esta questão não cessou de alimentar
, · da V1·da mo d ema - progresso técnico, industriali e ª_ rdem
utili tana as i·ustificações da modernidade cultural e da vanguarda arti u·
. d . d zaçao rn . . s ca,
caruza a, orgaruzação as relações sociais segundo a re e- logo que os artistas deixaram de tornar solidário O seu ideal in-
,_ .d d I · d , · J · gra das r dividualista daquele do burguês, e a estabelecer a sua concepção
gw.an a es . e a eJ o .numero, me umdo aquela que advem , da l . de-
democracia. expressivista da individualidade na base contestatária do anti-con-
. , . .Como c1mentar então uma colectividad e em tornoet d0a formismo e anti-conservadorismo.
pnnc1p10 emmentemente diferenciador da autenticid d · d. .
D 1 - · · ª e ln 1v1duai? A oposição entre arte e capitalismo mercantil que daí resultou
ª so uçao marxista
li . . -. .
resulta a invenção de uma espe' 1- d . . 1.
. e e e indiv d
a smo 1nd1ferenc1ado, e indiferente a ele mesmo ' n a me dida em que u- pode ser apreendida do ponto de vista dos artistas ou daqueles acto-
res chave da economia capitalista. Mas em ambos os casos, a critica
visa separar os valores centrais dos dois universos. Se é o artista que
~" fDesde 1800 aproximadamente] o artista é promovido de certa maneira é tido como o depositário reputado <lc uma verdade crítica sobre o
aposição de modelo do ser humano, também agente da definição original
do cu", Charles Taylor, le Malaise de la mudernité, trad . por C. Mélan-
çon, Paris, Ccrt: 1994, p. 69-70. 'G. /\ . Cohen, Karl Marx ·s Theory of History, Princcton, Princeton Uni-
vcrsity Press, 2000.

52 53
. . . ,u,:urnulandn as sin1!l1\ar,· .1 . •rcussão social. Pois o tnerca J
.
. \, ,·,c.:·i
. . ,, , 1\f\f) l ,
l.1uc • . \ • .. . ' --
e:-,
,
e"•·\
,,, t'S ln a rcpc..: . . . . . e o sabe rntiito b
in\tnl\(, srn.:m\. l' nc.:Ll-. - .,. urn universo l c c.:xccpçao situ•,c:I ' 1ol •to dtcamcnte o ciclo das inova , . ern corn
· )'- t(lftll l\ll• :\ . e . • C) '
a 1 rM me . . . , Çocs, tnclusiv o ex.
. nnindus i,rtísuet ·
( ,:- .
.
·>mKº qu:-t
. ,u\o se trata e ~\s rorn"\as tnéÜs
· Pur
pº d . de jnícto tncomparavel, d e p ois d o . . e na sua rad·
11·eh• c..: • mc.:stJcada 1 . ' 1-
,w,n...~ n, c\n ic.:)~) t.•con<\ \o ,ncrcado logo que aí s e in filtrch-,. as cn , •ca das obras Julgadas em tempos pe a c1rculaçã
· ' . . . \ ,minal n pc . , d . , · ·'' Os o nornt , . provocatórios o
lk c n :\Çtl<'. t.: l < • - • corncrcml, ao preço <:: unu d egrad , cc D rnesma manetra, o descnvolvime t d ,·
. \1 vn\o n zaçao - d . açaa a . . ~ n o a ad tnin . -
mc.:-c ,ntstn<'s t ' . . . · Ú a ar~umcntaçao pro . U7.tda in1 ed· sua profiss1onaltzaçao aparecem a Ad Jstraçao da
. ·nwu,,os. - H kl . lata ee a - orno co rn O d
lh,:- ide:~\\:- ccJn:- por Adorno, or · 1etme r e a D · art mais seguras ela sua neutralização i\" lh uas das
. \u:v, ~uc.:rt"as · l:.Scol 1 vancas . iv1e or qu d
n,l·ntc.: cnt-rc.:· a:- < · • · _ !lrtc vc.rdadcira é por essência re b ld a
~ kt- p ,,n\ e 1cs. a • . . e e ªª d . ocidentais tentam extinguir as crises
··eda es . .
. ' . an o as s0-
econorn1cas e
lk \·rnn · nrt. ·_ \ reado e O poder das tnstJtuições a ct_ ciais generalizando a organização buroc , . os con-
b. ·ao p e o me . · ' tnas
wda a su 1uga~ · :\ ~ facto no jogo social e econónu a flitoS so . . d
. ficada das act1v1da es humanas, 0 desenvotv·
ratica, tecnocráti
ca
d i ,:ic) mscreve-a e c ' co da e planJ . a1 . d . . ln1ento do con-
sn:\ pro t ç. d melhor dos casos, ela protestará 's rtís tico, ao qu a socte ade atr1bu1 funções d ,J .:....__ •
)cit.·dades, on e, 00 . . contra surno a d , e uivenunento
n oss:lS s< . _ :lo mercado, n e m que se1a virando-as ' ~ individual, torna- se um os ve1culos ideolóo-ico d d . '
a:- forças do nunante!'.- {. contra prazer . . b~ s a onuna-
das próprias. .. d b . d - E se O conservadorismo dos ouvmtes e dos espe t d
\d poder cnuco a o ra mo erna exprirn çao. , . . e a ores do-
p ~\ra h. o rno, O , . . . . e-se . dos pelos hab1tos de consumo e marupulados pela · d , .
. . _ das soluções esteucas tradie1ona.1s que escondern rn.tna . s tn ustnas
na re1eiçao · • as culturais confinou os cr~ad~res progressistas a um doloroso isola-
_ oci·,..; 5 sob a aparente harmonia da obra. Este Pod
contra di çoes s =- - . ,. er mento social, a sua marginalidade parece suficientemente perigosa à
. d do a exercer-se negauvamente, na critica do sen..;d sociedade burguesa para que ela procure neutralizar os seus efeitos
esta con ena • . . u o
e d os c ódi·,_.,_s
5....,
herdados-, na vontade de destrmr a dialéctica por absorvendo a criação na esfera da administração cultural.
demais ben1 conseguida do todo e ~as partes da ~bra (homóloga Os refinamentos do raciocínio dialéctico de Adorno têm uma
à dialéctica do interesse geral e dos _interes~es par1:1culares na ges- tonalidade extremamente pessiniista: se a essência social da obra
tão política burguesa). Aquilo que a ~d~ologia do1:1'1nante dissimula reside na sua autonomia, porque esta é um protesto contra O uti-
_ a saber as crises económicas e soe1a.1s sempre tao profundas que litarismo mercantil, não há aí escapatória, mas apenas uma espécie
desequilibram progressivamente a sociedade capitalista - , a obra de " paixão" (no sentido sacrificial do termo) da arte autenticamente
de ane autêntica não o pode revelar a não ser sendo ela mesma inovadora.
dilacerada, dolorosa, revoltada contra as suas próprias convenções,
mas ao mesmo tempo afastada das categorias comuns da percepção
estética, e finalmente isolada no seu protesto. Estas são as condutas A arte, elemento subversivo do capitalismo
próprias da criação contemporânea que exprimem a " catástrofe
diabólica" a que conduzem as contradições do capitalismo. Mas a Não menos recorrente é o argumento gue consiste em con-
inovação corre sempre o risco de se fechar sobre ela mesma, de se ceder às artes um poder subversivo do capitalismo. Esta posição é
abandonar à pulsão abstracta da novidade a todo o custo vazia de ilustrada principalmente por Daniel Bell nas suas Co11tradictiom mlt11-
'

54 55
U (; ,;,,me rctrr f'1> }'XXtt-i,) d~ hi:,1/,r~ rr ,, ••
.t,tràí o s ,Jcít<J~ tl cv ~~t.t(j rn ,.o. "'1· ci 'J.t :.. ,., ,
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Ju J1:mrtO 'tt lc-, L Ué~'tt U,,"ffl uma dup~. ,m,çt-rn t. ,1 m <Ln-~ ,,,.
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P'J.ra a ,.,,cu; au cdíg,r a se r- . > '>f':i - ,;r,mtn , J,.. 1.
, . , -11; - '
. "l' lk ll prc-tL"fldt r , r/.]cbrC de.: Max Wtbt r IK 1 · r,afJ r (it<>·bri
..'co ªAl!.:.' tr~JY4lhr;;. A ,111tra' Jn·,n,.-,
·,·':«lc' lnt.éjifl( i
,,.,,..:¼
t nu Uita, do en.saio ""' · . J >t t :i
carácr~ e de Hohhe,, é um indíviduali,,m,, r"1ic,J; ,, 1i,,,_
, , jca ín.augurada P , d r1 itafisme. Weber mnstrava C<nn, · fi lot,ona I'· , ~ , .
h':u,1,,wr /' rMZI II t(T/J
'Íqt1t 11r()tt1tante ti tr - LAJho e do esforço
. . ,
ind1v1 duaí. R r,,,.
i, n:i.
na -útts ílí mítados, 9W::~ tm J'<) i~ica, %!J tt'itnnghl_,r, pd2
/
; ifl . Jto do tra1T~ . , , . . , -"""'r,n, rcrTl apt
-_da.de, m~s qut se. satJsfa7,em hvrtm~ntt
11
, . ll/.Jli d(1rníni<r,
moral n-urítarU, 0 cu cial e ccon0m1co anunc1.ador de
,. rn sucesso so " ~ urn:i. autorf'mico , e c ulturaL Ei;tas
, duas ten.dfnc1ai; formaram ¼-rnpre
. ~
cma.dos por u . íd instrumento da exp-ansao capital' econo
Possívd salvaçao, - onh.a s o o . ist:i_ ouco harmonJ<Jso.
' Com o tc..-rnpo, , ~ua.1> rtlaç~ '
Jores da esfera cultural, e cm prirn . ·
P . u.anto os v-a - . . ~ e1r() um fY<lr P e Nós vimos 9W:: n0s Esta.dos Unidr,s ü purit:anis-
Bdl sublinh.a O 9 . referéncia colecuva, fizeram a<lví romper_am-sd~ adado e que não restava senão uma mentaJida.
st
_Ar - do eu sem .. r uni gr bati.va atenta antes de maJS· a· respeita · bili'uaot.
-LJ
lugar a rc.uJzaçao , . que destruiu progressivamente os , mo unha _· e re ba r ' . . ..
. . . . o hcdonJ.5 tlCO . - ~ - prQ.
mdivíduafurn d sistema capitalista. A concepçao marxista d de estret~ , de Hobbes alimentaram as 1de1as essenc1rus do
. fundamen tos o se que "não pode existir . . sem revoluci 0 a Os prín~ipws a fome devoradora de experiências ilimitadas".
pnos moderrusmo,
esía corno urna e Ias _ ~ . nar
burgu mente os ins , rrurnentos de produçao, o que signific
a as
constante d ão ou seja rodas as relações sociais" Bell É porque os desejos_~os indivíduos deixam de ser limitados
condíções - de pro -uçsan-sírnontana
' .' da vanguarda, segundo' a qualso- por const~an~~ntos soc1a1s ou econ~~cos, ou por uma moral
brepoe ,a .concepçao rt1.sta partilham a mesma obsessao ~ pela novidad o do justo díspendio, que o culto hedorusttco da satisfação imediata
ernpresano , e o a
- ambos actores hístoricos plenos. Mas aquilo que,
. , . dos apetites lança o indivíduo numa corrida desenfreada para 05
e' a este otu , .1o,esaa c1Asse burguesa são levados a promover na ordeme
0
prazeres sempre renovados e sempre mais vazios de significação,
ernpresano ia , . . •11
já que estão condenados à obsolescência vertiginosa. O desenvolvi-
0 , • combatem-no na ordem moral e cultural: o mdividualis
econorruca, - mento do crédito seria o instrumento por excelência da destruicào
mo empresarial, necessário ao desenvolvimento ~o liberalismo eco- '
da ética protestante, na medida em que permite que a satisfação
nómico, é celebrado quando permanece pragmat1co e racionalista.
material deixe de ser calculada em função do produto imediato do
Pelo contrário, 0 individualismo torna-se um valor perigoso quando
trabalho e em que generaliza um direito de usurpação dos prazeres
é persuasivo e anti-racionalista. que a máquina capitalista se esforça em multiplicar para alimentar o
A análise de Bell tem contornos tipicamente durkheiminia-
desenvolvimento de uma economia de produção fundada na inova-
nos. Quando ele quer explicar a curiosa inclinação da burguesia na
ção, na "destruição criadora", segundo as palavras de Schumpeter.
embriaguez dos prazeres, Bell não está longe, com efeito, da con-
Idolatria do eu culto da rebelião anti-moral da libertação, procura
cepção durkheirniniana do indivíduo como ser duplo, habitado por ' '
desejos e de uma imaginação sem barreiras, e que, simultaneamente,
6 Daniel Bell, Les contradictions culture/les du capita/isme, traduzido do
depende da colectividade e dos seus poderes de constrangimento
francês M. Matignon, Paris, PUF, 1979, p. 90.
para garantir a sua sobrevivência:

57
d . comPonamento, e finalmente: ••· . anfaação capítafü ta ínvtnt,Ju e,
, JTr) ª , tl'<1.
.. ,
d,,. ímpul.so 1 a org . . ~
como mouo t - . , ln.\ t1tu
. _ . . . .. ,, dt cailll um em relaçao a tod<>$, <.:is St /ftJe d rovei to pe 1a m0vaçao t p<:la1:, , Prr,c,Jra
'1 - oP . vantw<:n- 1íl.ct1,-
c1 r;rui.Jizaçao da lfl\ eia
. d
. . .
• dadc burguesa minada pelo tnunfrJ <l
' · gtJ nu11 saflte , • s rme ela conce<lt:- ~, ~ rn,ITl.r)?<;)í• ,·
n0raflª ,- 'Jca\
Bc:U, <J destJJJº a soc 1t . , . ~ . ' J Pri n ceror -
. . . .. d __ 1; d< gwil O aru sta e a mcarnaça<J mais um . .
opio ,ndín wws ta, J • • sc:~Jd
· servadorismo um mecamsmo tn falívt:I :i
e (J culto do ana-conc.,s inovadores e a consagraçao _ das pr<Jvo · A ,.rte um modelo firme para O pn·n , .
S d· ~ ~ ' c1p1o d .
O s suct.--Ss<J.
rY,;lrecem em Bell como em Adorn o, igualrnc: . J(:"
caçt a inovação
\·anguar cli sras ar-- , . ntc: n .
mr úvos diametralmente opostos - nefastas (;. Daqui resulta uma quarta respvsta à _
faseas , mas po r J · . })ara , . ~ , Cjutsta,; dr
• ..1 _,1 capítajjsta segundo Bell, nefasta.e; para os cna.d<m:s <1.
E
lo das artes. _,sta posiçao e partilhada ) P'aptl de
s<JCJtruwt . , au tc:n. eiefl1P , por urna ' d
t t · c. vadores segundo Adorno. Mas em ambos (JS . _J,.,de de autores que veem nas artes um mod I, . ~an t va-
. ,
ocamt11 111 1
•✓ • • _ ca..., ,
• r1eua ~ , . e u ou urn ala
.c~;;r do poder social e polinco da movaçao artística C< . >\ , . eficazes e nao utop1cos: pensadores pa 1~ d vanca
a que ",.,. J , , . . Jnstitui crtnca . , . .. raia o trabalh 0 . .
~ ,, apüt12 ínu1trafY,l_c.savel. Claro esta que o. amsta movad,Jt Prt u das sociedades pos-tndustnais teóricos . , . di,,·1-
u,,,.,. r- - . did0 O . . ' · e prauc 05 da (Jr
tende levar a cabo contra a ordem_ estabelecida<> mesmo c<,rnba~ . ça~ economistas ocupados a decifrarem O d,,, · d . &1-
rUZª 0 ' v / lf O capttafu
rtYolucionário que as classes donunadas contra a o rdem burgu . as também profetas propondo os seus serviços aos . . mo,
r1l , · ~ · • . pnnapts, aos
\ [as a questão consiste em saber gual é a eficácia extra-art:J' t ~a. tr ões as orgaruzaçoes mternaC1onais e mesmo . .
· . ,. . _ . . st1ca Pª '. ~ . , . aos sindicatos t
desta radkalidade esrenca. Com . efoto, nao soube a sociedade bur. ao S movunentos . de. contestaçao
_ ant:1-capitalistas · Eles rtaiçam
05
guesa acomodar-se pr~gres,:1vam~te ~ esras c~nt~stações culturais valores _fuk:ais da mov_açao, do conhecimento, da aprendizagem e
e arústicas da sua dommaçao. social,_ nao o, . tera feito cada vez mats. da mot1vaçao para designar os sectores movidos ptlo dinamismo
facilmente à medida que as movaçoes cnt1cas . ou provocadoras st da criatividade (as_ art_es e as _ciências) e, por proximidade, aqutles
multiplicaram, ao panto de promover os artistas ao nível de heróis que O são com ob1ect1vos aplicados (a educação, a pes9uisa e O de-
dos templos modernos, museus, lugares de honra das exposições senvolvimento tecnológicos, a comunicação e a publicidade) como
públicas, salas de concerto, festivais, etc? reservatórios de conhecimentos, de regras, de instrumentos trans-
Surge então a questão da própria organização da inovação: feríveis, ou opostos, ao conjunto das esferas da produção. No livro
gue autonomia reconhecer a um sistema de inovação ao qual O mer- Nouvel Esprit du capitalisme, Boltanski e Chiapello7 procederam a um
cado se acomodou tão bem que fez dele o motor do seu desenvolvi- levantamento dos argumentos científicos e das instruções de gesrão
destinadas a adaptar no mundo do trabalho vulgar as dimensões
mento, nem gue fosse encontrando no apoio dado pela intervenção
chave daquilo a que chamamos aqui o trabalho expressirn, como
das administrações culturais públicas um substituto do pedido pri-
os valores de implicação, realização de si, identificação pessoal com
vado? A contradição social e ideológica agudiza-se: o princípio de
originalidade exige de cada artista gue se diferencie obstinadamente
de todos os outros, mas será que esta exigência não conduz a um 7 Luc Boltanski e Eve Chiapello, Le Nouvel Esprit du capitalisme, Paris,
sistema de concorrência gue se parece mesmo muito com aquele Gallimard, col. ''NRF Essais", 1999.

59
58
A questão que continua ern ab . literários que suscitam e fecham a
.. erformance. . . erto . , rruos s nossas fa
a acav1dade e ª P . de mais de um sistema ideolóoi e pre . dos quais se comenta ano após ano . . rnosas rentréeJ
ta aqui antes b•Co d áf1as, . o irres1stív l
de saber se se era e s de exploração, em função de e,,,.; , e ucer . se faz a cróruca dos resultados irnedia e aumento
. . - d novas iorma . . ·'-'gen 05
quais .. tos prov , . '
1usaficaçao e 'vel de produuvtdade do trabalho - d l O a seguir defirut1vos segundo urn ritu ~veis, possí-
. d umentar o 01 , ou s . e og 1
a tarnbérn
cias visan ° ª s assim difundidos entram em resson , _e veis . turando suspense orquestrado e irnp _ estabele-
ordens e va1ore . - ancia ·do rrus . . recaçoes acus , .
as novas _es sistemáticas na defiruçao e organização d cl ' uais se relembra, trorucamente, que eles f atonas,
m as cransformaço . d 1 - . os e dos q , d di azem entrar e
co , balh e com a exigência e revo uçao lncessante d ência um numero e can datas que aurn m
actos de tra 0 , _ os coocorr . , . enta grosso modo
meios e das relações de produçao_. . . . orção inversa ao numero de leitores pot . .
ern proP . .- enc1a1s? Onde se
Para responder, diremos pruneuo_que a s1n~~dade da esfe- , is funcionar com tanta precisao urn rnercad 0 d
, . , · gar as orientações mais contraditonas. Que vera Pº , _ o talento es-
ra arasaca e con1u . . , . outra , 1 como fixado a uma tambem tao perfeita estruru d \ .
•vi·dade está mais obsessivamente entregue a lnov _ tave . ra e Otana
sector de actl açao . falta de pudor concorrencial se dá a ler nurn estranh , '
. ce·mera alinhada sobre as modas ou, pelo contrário d cuJa . , , o cuculo
- se1a e1a er, , , . , e caus al (q uanto maior e o numero de
. participantes , ~~ e evadOe,
m,,;
0 \
..1-,rada e interpretada durante deceruos ou se· ul
longo prazo, aUJUll ~ c os prémio do vencedor; quanto mais elevado é O prémio prometido
_ mas também mais preocupado com a conservaçao de tudo aquilo 0
ao vencedor, maior é o número de candidatos)? Onde se encontra-
q~e nele se produz, em insti_tuições co~o museus, bibli~tecas rno-
rá celebrada tão abertamente a conversão em valor financeiro, nas
numen taJ·s, colecções pessoais e conhecimentos, competencias e sa- praças dos leilões públicos, de um trabalho cujo conteúdo criativo
ber-fazer transmitidos de geração em geração? Onde se encontrará
uma procura tão abertamente especulativa do talento, suportada por é O resultado de motivações intrínsecas (de expressão, de realização
uma sobreprodução estratégica de obras lançadas como foguetões de si, etc.) mais do que de motivações extrínsecas (ganhos, prestigio,
para O céu incerto da crítica e do público, com a ajuda de topos de honra)? Mas também, onde se encontrarão toleradas, e até festeja-
vendas com protecções dos vencedores sem equivalente no mundo das, tão fortes desigualdades de sucesso profissional, e onde se verá
de consumo vulgar, pois eles recorrem a esta espécie de publicidade agir formas tão sofisticadas de cobertura individual e colectiva do
superior que é a apresentação em números e a encenação dos espec- risco, misturando dispositivos de assistência, sacrifícios pecuniários,
táculos das preferências dos consumidores, com os fins de impul- práticas de multi-actividade e formas de partilha dos riscos?
sionar e de informar sobre o desejo criado pelos bens, num mundo Os mundos artísticos aprenderam a conviver com as pres-
de.: novidades? Onde se encontrará uma selecção tão concorrencial sões de eficácia económica e os critérios de aproveitamento, não
dos taJcntos mais estimáveis ou os mais vendáveis organizada em para deles se exonerarem, mas para os acomodar aos seus princípios
ritos agonísticos (nisto comparável às provas desportivas) mas cujos orientadores: testemunham isso os seus modos de organização, 0
critérios de avaliação são imperfeitos, não estritamente codificáveis comportamento simultaneamente empresarial, individualiS tª e co-
e facilmente objectos de suspeita: os concursos de intérpretes clássi- munitário dos seus actores, os seus sistemas de financiamento que
combmam . os mecanismos da economta · de mercad0 , o voluntans-
cos, as provas eliminatórias do acesso ao vedetismo televisivo, ou os

60
mo corrcctor oas J
po t·1ttcas
· pu' lJlicas · e' nos sectores estruh.
· lutaltn .
·incapazes de se auto- fimane 1·ar , os 1· ogos concorrenciais cção dos trabalhadores attistico, for~ ..
_ · e os dtv-id
. <:nte P prote . , ,,,as •~P1eas
· · caracteris , u·_e os de ~uma economia ad rninistrad
· · ~n,. ara a d risco de emprego ern certos países corno .
dos rcputac1onats ,cs a o . , o regin,,
· _ que cs , 5 mundos inmgam. 1:.les. assentam
, te. sobre un-. ª· B t,jc co
1
berturizaçao_ do desempregof, dos . lntetrnitentes en, F rança
nt:ito . " l cocfe, .

singular de individualismo e de comurutansmo. Por um lado . az/ ' ·oJcrnn


11 0 1 · de empregos re ugio (permitindo un,, seo,, '
Jc
d ·rnento 0 . • º "'>nça
corrência pela originalidade e pela diferenciação apoia-se no ~a con, ,se. anhos,
v lv como. ensino arusuco) acumulados con, a acu·v'd I ade
' · ou do trabalh Jos g - criadora. . . .
da tomada de risco do empresano . ador lndepe
· ode\
d o
. . . n ent de vocaçaoU1. resu]ta um tnplo rnouvo , d de1lnteresse. ,Perante as acti.
da economia capitalista, quando o arusta age por sua cont e
. . a, e n
hipe rflexibilidade dos mercados de tra balh o mternutente d a. Daq ' sucas.
. . pelo seu conteu o, pe a sua. exigenci,
, de enipe-
. ~ , a exter, vi.dades aftlind1v1
.. duai no trabalho e pela .orgaruzaçao contratual do
nalização e do Jreelanczng, quando se trata de relaçoes de em
~
e da di spersao ~ d . abPrega hatnento, , il de O demonstrar a partir do problema que estava

,
efémeras, ao sabor da formaçao as equipas
. , · , · ettas n
tra E fac ,· ·t ' d di ·
trabalhando em pro1ectos art1st1cos temporanos, ou das prátic baJho. te no centro da cnuca manu, a: a questao a .visão do
~ d . as de
subcontratação como aque1as da ediçao e a 1.mprensa descritas recisamen
prra 1 contrario,
once '
b·da como um factor de progresso e de Jnvençào
. . .b.d d
11 ,
los autores de Inteuos precazres-.• .R pe, e o
P e
ou,balho • . como um rnecarnsrno lIII I or a realização
Por outro lado, os valores de implicação, de autono . individual.
responsabilizante, de motiv~ção intrínseca, d~ adaptabilidade e~:
tomada de risco estão associados a uma expertzse e a uma gestão d
carreiras pela reputação que aproximam as profissões artísticas ;s UM TRABALHO CURIOSAMENTE DIVIDIDO
mundo das profissões liberais - das "profissões" na terminolo -:
anglo-sa..xónica - onde são fortemente valorizadas as regulações ~e Esferas de actividade como as artes e as ciências autonomi-
tipo comunitário tal como a ética (que pode ser também uma retóri- zaram-se progressivamente, conforme o processo de racionalização
ca) do trabalho desinteressado e do serviço, e o controle pelos pares pela diferenciação das actividades produtivas analisado por Max
mais do que pelos accionistas. E a elevação da produção artística Weber. A especialização das actividades e a sua profissionalização
ao lugar de bem público ou semi-público, por causa dos benefícios são indissociáveis. O artista recebe a identidade profissional de um
para a sociedade, e mesmo até para a humanidade inteira no caso prático, detentor de competências e de uma expertiseque ele pode fa-
das obras-primas designadas à admiração universal, desencadeou a zer valer na negociação e na valorização dos seus actos de trabalho,
invenção de mecanismos de socialização do risco criador - subven- detentor de uma formação que pode constituir um critério diferen-
ções públicas, disposições jurídicas e sistemas de segurança particu- ciador - senão mesmo necessário - de acesso a um métirr artístico,
titular de direitos (os da propriedade literária e artística alimentam a
dinâmica de profissionalização e de emancipação face ao mecena-
k Anne Rambach e Marine Rambach, Les Intel/os précaires, Paris, Fayard,
2001 . to, ao emprego disciplinado e às associações). J\ história das artes
pode-se escrever como aquela da desmultiplicação das actividades

62
63
, . num nu, mero crescente de métiers e de especiat·id adc:s . sificação e: a renovação das artes tira P' .
art1sucas . · · . ; . /',. diver, · _ , an1c <lesta
. . pletnentares ou concorrentes de metzers reS· ii cente <las tarefas, mas a pn:servaçã 1 1O
fi ss1ornu.s com txi·
Stent Ptei - . ref1 ~ 0 cres _ . _. 0 e o actc) C<i-
O d esen Volvimento do mercado dos bens e servi· · Ços ts. e~s ·a.lizaça 00 centro da cnaçao permanece S(:tnp • .
- ecl balho . ~. . r(: urn Kkal
cos, a expansão e as transf~rmaç~es d~ o~ganização das e~attístj, esP de tra •cidade da orgamzaçao do trabalho n .
uf11 A plastl . . .. _ _ . as artes tl:tn
culturais, a introdução ~~s movaçoes tecrucas e o movirnent~tesas (11 1 Jor, uivalentes. nao se acabaria ck contar .<l. .
111.1 a ucos eg , . as t lossin.
Prio das inovações esteticas concorrem para a segmenta , Pt6. rei;- to Pº e ões arusucas e das suas formas de trab Ih
d res ronss . . _ a ar ljUe
vez mais precisa das espec1'alid ades e, no mtenor · · de um Çao e: ªela
e . 5 Jas P n-1o especializando-se, as artes desenvol .
ras1a e roesu, . . . vern, para
profissão, favorecem a di:er~i~c~ção das identida?~s pro~s::s~a e taf11 qu , invenuvtdade 9ue contraria a critica dás .
e dos saberes em concorrencia. e o processo de divisão h . n.a1s ares ízar, uma s1ca e
10
, d,e espec1.alização e de Ottza se organ entado. . ~
(funcional) do trabalho por areas ,,. _n.tal balhº se~ . - 0 do trabalho Justapoe categorias de profis · .
Ção" baseada na expertzse
9
· deu'da . E s1mu · 1taneamente e JUt1scli • tJª div1sa . , . s1ona1s
, ~ a tont Esta relações de mterdependenc1a, passando da e
competição entre pro~ssoes pelo :~ntrole dos mercados de e da te ern as . . ~ . oope-
ll e pro g ' neta e ao conflito, mas nao os situa numa L :
ração (por vezes atraves de monopolio legal, no caso das Pres, q ~ . concorre . , . Luerar-
raçao a
,. .d
com estatuto e exerc1c10 protegi o e controlado legalment
Ptofiss 0,
es . . ecta e o rgaruzada: os seus . poderes
, .e prest101o· 0
respecu·vos
· d 1 il
aquele dos arqwtectos e outrora os e oetros) e o dinamis · e, catn o qt.llª dirm por exemplo, aos cnadores plasttcos, aos galeristas, aos
corrente das relações de troca e de cooperação que tornam mo ~e- confere
, . os de' arte e aos conservadores
, . de museu, pesos diferentes nesta
a realização de toda e qu alquer act1v1 . 'd ade: H oward Becker Poss1ve1 crtn~ interdependenc1as que torna posstvel e/ ou a valorização
deta de - b . .
Mondes ue J I'
art, sublinh ou como e' que to da a act1v1dade · · ' nos seus.
artística ca'blica . da obra , mas nao se conce em nunca 1gua1s a um controle
à mais solitariamente criadora, como a do poeta, por exemplo ' ate
pu .. mente imposto.
explicita di . - . ld b lh .
biliza múltiplas categorias de profissionais ao longo de urna ~ tnd ~- ' Pelo contrário, a v1sao veruca o tra a o instaura as rela-
- .
de cooperação sem a qual as obras nao senam nem produzidas n
a eia - de controlo, de supervisão, de autoridade e de subordinação.
çoes . . d .
di stn'bu1'd as, nem comentadas, nem avali adas, nem conservadasto ' ern Aorganização do trab~ho no mten~r e uma o_r~uestra, companhia
As artes e as indústrias do espectáculo e do divertimento com · de teatro, equipa de cinema, estaçao de televtsao ou editora fun-
, o to-
dos os sectores produtores e consumidores de inovações, suscitarn da-se na diferenciação por linhas hierarquizadas de especialidades
constantemente novos métiers, novas identidades profissiona· profissionais sob a autoridade de um mestre responsável pela obra.
IS e
correlativamente, a redefinição das fronteiras entre as especialidade~ Quando a organização assim formada é permanente e es tá\-el, como
é o caso de uma orquestra, a divisão do trabalho exprime-se at ra-
1 vés de uma cotação gradu ada dos postos ele trabalho, elas ta refas ,
' Ver Andrew Abbott, The System of Professions, Chicago, University of
Chicago Press, 1988. das qualidades e das co mpetências, e através de uma hiera rquja dt
10
funções, desde a concepção e o tn<.juadramento até à ntcuç;10.
Howard Beckcr, Les Mondes de f 'art, trad . .1. Bouniort, Paris, Flamma-
ri<m, 1988. Mas o essencial das actividades criati vas move-se hoje quer scj '.l eni
organizações ao projecto, gu t r se ja cm for mas mi st:1s, in scrind(l

64
65
e realização profissional que desenh
_idade d , a percurs
no interior de uma organização
de elos contratuais temporar1os
, · permanente uma mui ªPlic·
ou recorrentes com pr
. .
Je
sigtllJ.l
·5 sefll
relação com o esquema habitual de · os
urna carreira e
flrc>-
ofiss·1ldac1 e.
~ .
. . d . . e sioflal - com a progressao numa h1erawuia <l . . m
independentes consututn. o equipas que se Juntam e se d.lS ºna1·S r,s . çao e 7 e empregos n0
,gafl!Zª . rno do trabalho. Entre as djversas expli ~
conforme as circunstâncias. Neste contexto, a divisã Petsall) o do inte . ,. . , . · caçc)es P<>S<;Í-
trabalho deixa de ter formas duráveis e disciplinares doe Vertical cl ,,.,erca petência para os metzers arttsticos é nec , , . .
w . obre a a . . , . ~ ' . cssan(, atnhuir
. . .d li ~ . cont 0 C) veis s , eia parucular a esta assoc1açao do mdivi<l , 1.
de supervisão ' e uma. mdivi ua zaçao . . acrescida . atrib u1. a ca ra] e . portan . . ~ . ua ismo t c1 1 ,
ofl'lll iJ1l _ , para qualí ficar a s1tuaçao dos criadores in 1. . d
uma maior autonomia e respon_sabilidade mais afastada de li da l.J.11) oao so , . t tpt n entes
acordadas. O que reforça os dois vulgares parâmetros da _gações ósco, rnas tambem aquela dos profissionais que trabalh,
·d d. ~ d · acuv·d 1 . lados, . ~ . E 6.m em
ao projecto: a reduzt a .1mensao as equipas e a clive . ade e 1so. a as o rgaruzaçoes ao proJecto. . ·•stes valore o,, alim t.ntam• umá
. . .d d . f rsidad eqt11P
0
. e.cação com uma comunidade profissional rnt .t
especialidades . .
profiss1onrus
. ~
reuni as; ~
01s actores qu e cont .be das jdentln , ruJS V>nre
ara a indJVJdualizaçao das prestaçoes de forte d 1.ntegração de cada um num grupo homcwéot,> d, ,
P . . . trabalho e O exerc1c· _ri ttcrn
1 b se a . ~ . ~ ,., > q ,e
competencias". No entanto, a autonom1a, que confere urna tn º das a ª <la organtzaçao cm rede das rclaçocs de tralri \l
bre a 6ase . i:t nr>.
de manobra mais elevada do que no emprego assalariado ~tgeto so Um último elemento do ~~z~lc ~o<lc dat-nc,s a chave rko,fã
e que pode aparecer como uma das condições chave da v lcl~ssic:o, ._ - ao me smo tempo d1v1d1da, inchvídualiza<l,,ra e dt<;t-: ✓
.d .fi ~ ,. a oriza ~ urgan1zaça 0 . . . ,. ~ ,,1~.
do trabalho e da 1 cntl caçao positiva com um métier e u . Ça0 ho cnauvo. Como mostra R1char<l Caveo, na t.Ll',1 ari h~-
• •1 , · · ~ b, tn sistc"' do tra baJ . . . . '<li v::
de act1v1w1.( 1e at1p1Co, 1mpoe tam em aos profissionajg bc ,' 10 . .,,a , ·ca das Crealtve /m/t.1s/nes, a partir do m1,mcn t1> trn ''lle 1• _
. h' ncf1c • cconom1 , . . . -r ,.
(1csviintagcns (1ircctamente expressas cm 1p6tcses de etn ·' e · rn Lima forte.:: componente de cr1at1v1dadc na ítcriví,}tt<lt e.': ,.,
" I b'l'd I ptcgi, 1 rcrvc 12
• ,., ·
nuvas contrataçoes, ( e mo J J ate ascendente nas redes d, , 'le mecanismos agem cnntradítoríament c . Por urn ladl), i: rnuit,, ,)-,_
,.,
vw, ,w ,,
l t lcpcmIcnu, l (1e uma reputaçao "" acrescldíl · <,u dími e capt· , · "- flcíl de idcntií1 car a prion· as tiualid adc s llUC vã1, dctcm i,nã r ,, ', 'it.f r.
"n ~u11rcp(Js1C;ao · ~ las 1 (1l•1·crentes e.11mcnl-iÔC!-i
· nu,da~ ·d11
dc1-1 h' l 1·lVI•Síi(1 _ a ori~inalidade, íl inventivid ;ulc, a sÍnKularídadc - d1, <..nW<ll' t ,:J/
, .
rrnldho pcm,itc <;utnprccndcr u >tn<J 6 que d"ís Vídorc Hdír,Ct.l ,,ll11cn
1 •
trabalho ~crador da obra . Fntre d11i s arti i, ta'I de f1 ,rrnat,.a11 il k -.·-ü,
f(' 1tpu~t(1!', (;(JCY.
. • lCITJ • ,rn
l!l • ,,rw111IZ):U;w,
" dílJ.,) actívídad
, cf.l, '1rtíq ' fl : p11r
, . ,, ltíl dct cnt11rc!'I de rccur!'loi; so cií.,i ~, c<.: oni',miu ,q, e Lu lturai, u,rr1v4r~-.~•
"''' h,du, ,íf t,,rt . ,c 1dcr,til1
. caçao rum ,,n111ét11:r.r CU)" cx crdd, . , e'. pri, fun. um pudr ser melhor suctdido do qu e o 1Jutr,,. /\ Cí! Ultá }ií!L,• ~ .;,,i;:-,
díluwrll t 11,d1 v1dwd1z{, vcl, p< ,r, ,ut ru hu 1, ,, 11111:1 ri~,, 1nrn111J' 11YII 1·llll( 1íl te do i~nada para explicar a diftrcrn;a é c1,11hccída: ,, t;,b,·,, \: ~•.
c11ta cxplirnção pouco no~ csdarccc . lJma <Li'I ra:ú',t "- v h·. e••~-~',
rcc uri,c, rxplirativo à!'I qualidmlt:!'I h,d,itualincntt 1drnttfK~·. !j• ,sr}
11 l'. ~lí1 díví~n,, (:1c.CM:c11tc e t~la idc11tlfíc1u;~o l111lívid1111I do" uch,1' de trnh11• trnl,alho fra c 1ssa é a diftn.: nria<;~i,, ilimitada da11 mànlÍt"Ã'/ -'~ ·. ,fi; ;J
Hu, Cfl(.;f,11tt111t1 cxcmpl, m11ml ic11l1,rr11c11tc víulvcí,~: cxlc11uNu do ~c11éricu lc11111: a sua amplitw.h.: e o prcç,, qu e lh e l dad" , di11, <k ,,uu ;,. fr, '.""!'.'!,
d,rt: fllmct 1,H111 ;11111dtipllc11,;no dau c~1pccí11líd11dcN 11111hílizud1111, ídc111ífl,
uufoci e r«.m,J,cdd11ti, 11p111 cd 1t1t t1ft1 duN111,mcN dm, prnfl1oliorHiÍlí implica,
'" " r,á pwdu',-4'1 de ""' lívrn, 1111;111;llo dm, cornlHHÍtrlo~ de cxprndi,:ão, do~ u l(id1ard Caves, Crl!alive Industries, Carnhrídgc, ll an ard Lnr ,m l• .'
u;r1/1y.,n1t,~, dui-. q1Jc c<mcc bc111 a luz, cu: ,, rw H c.1q>0HÍÇÕtH, l'rc,oj, 2000,

M, 67
r outro lado, nesta diferenciação ilimi d
i,!aS• Pº as comparações op«am indeli .'dª a das obras
,.ieotos, ru amente
os t ·<cal'. escolhe<, separar, selecciona< . parn
•fi - e valor da originalidade variam segu d e 1,sSl'' • , onenta, a
a especl caçao. de facto O este mecanismo . .
da diferenciação . n o_ os Per· ~a.!,
i"' d . s· ose d críticos e dos
, . ,operls
d no campo,
, . dos .s
consum1doP"·
. , nao li . 'º·
~
os, mas e, • ., . . e ~êflc1a . es e empresa.rios, os propnos artistas b res,
feitamente enunciaveis, que anima a dime - 0 <nitad ,,, Jutor - em usca d
d regras
por ..dadpeerarti'srica- Esta . elemento snsa . a prº çoes ffl.lt:tl sas, etc. Assun, mesmo • que dois aru·stas possa e
aac""' , .,ncorpora certos . convCtJati1•a 1,bº'' . ,~ente
0
pelas suas competencias
nais,
. b e competenc1as estabelecidas e transou· , enc: · de05 . ,:adícaJJ.•· - . , e pelas suas quaudades -" m
d , sa. per ere _ _
5....... ite distinm1Jr os virtuosos dos menos exp
ssivei
s, cu·
o. ,lifefl! • um• coniparaçaod e ass1ftca-los-á1 verticalm ente, com
0 . eflçao, .
om1nio "" ,,- . . _ erls rn Jo
- e ece a chave últin1ª da d1ferenciaçao tão fortem ' as ist de tfl\1"btu""'_i,dade que surpreen _ . e precisamente . porque0 o trab-'· .uho
nao
d ,orn _ , . . . _ ente o
. para medir a ,rnportancia relanva dos ingrediente d valorj_ ofl1ª bt• d e e ada um ' se tao diferentes _ ao princípio , na
- d .
se eixam
za a. s ac
0
oud iremos um domínio . semelhante, . como. por . exempl aqu riação 1 , e a o. r est:Ot=·. ~rl'lente pela mesma unidade de medida. Teremos ass,m .
tidodpor dois. compositores. -que teriam b ilhassunilado
, l todas as tec _e e .de. ava.liª d ~rl'leirO plano ou de segundo plano ou @mes d , . ,
,s e p,u.. . asene J\
convencionalS de compoSlçao, um r ara dpe a sua ori,,;
, • A • o~nalidad
. nicas acto! ..,.. de pintores mais finamente classificadas mas di · -
1l oU co~ 5 VISl·
outro não passar• de um ,xperl na ciencia e composi - ou e. e . .d çao
da .
0 consideraremos como um a o a quirl o que todas
d. d d d . . . as aud
' ' ""· . 'otJ_eis effl classes
' i:;m lugafdede
valor.
uni• sunp
· l es divJSao
· - d o trabalho, aquela de
.
estéticas ditadas . pelo ,mperauvo a originalidade b são possivei
. acias
e ,,.~
,.,~,. fa2i• a base. do seu _ processo_ de trabalho
_ alienado , nos
·0
legítimas, wdusrvamente
du,ern a descrecJ . 1zar
·bil.
a
~
e,vilpor vezes
,,.,.,,,,,e d
os
so hretudo
con
·
ec1mentos
aquelas que cose
. . n-
e das tecn1c
9
0
e.... de[l)OS as dirnensoes plurais daquilo que no âmago d
,1 . ~ iiliº. b,.i~o •·reputado considerado
coftlPre - corno expressivo,
_ 'age no sentido
l
herdada< e, a .subsotul· Oas por ,novaçoes :1 D h n stas,l desviante s, provo" : diferenciação horizontal, da individualização, mas também da
.
cadoras, .
h1br1das, etc. gesto· , e · uc amp va .e certamente como·
A •
roftlParação vertical e da cotação portadora de desigualdade. Abre-
um sinal inaugura/ nesta. 1uta . ,nterwr
. contra a c1encia do a r t.ista ern
-se então o grande debate: a diferenciação e a individualização são
nome: do capricho da or1g111abdade. as assinaturas d e urn processo de autonomização da esfera artística,
Enfim, os domínios e os métierJ artísticos não oferecem
· 1d d .fi . ~
e/os o mesmo potencia e, 1 crcnciaçao: o poeta, quase subtraido
to- º"• pelo contrário, sinais da sua decomposição pelas forças dis-
seu solventes dos mercados capitalistas? No primeito caso, os artistas
""' constr:ing1mentos cconom1cos, ou o pintor trabalhando no
reivindicariam, à semelhança dos cientistas, uma gania de ,xperliw
11tdicr, ,siio in(iniwmente mais livres nas suas escolhas do gue um
profissionais e d e títulos de competências a negociar co ntra pw«c-
rc,i//z11c/11r ele um li/me; e n<> interior de urn mesmo domínio art/s-
ções reforçadas pelo Estado Providência garante do b em cultural
,ic11, 11 criador é mais livre do 9ue o intérprete ou o co/aborndor
'o co1111111si1or de 11bra.< niio funciomiis rnais do que o compositor público, e eles poderiam propor ao mesmo tempo as singularidades
'1 1r11í.sin1 de um (,/m e, o realizador mlfi,s do que o seu director de do seu mundo prof15sional corno exemplos a pensar < a adopt:lf.
,111gmfi:1, 11 pi:1nista s11/is1:i men11s yue o co1npositor mas mais do Nn segundo caso, assistiríamos à comédia d a p seudo-tlifr « ncúç;o,
· 11 .scgunc/11 v i11IIT11 d:1 11rques Ira, d e )- A rcspcc Iiva c11rnção de "" brilho enganador de fabas originalidades, à m anipub\à" d<'s
1pc,t nriH s e de in 1:1ginH\·ão e ri:1 li v a faz va riH r a gra Iif ic:1<;ã11 pd•
11:didíHk l' íl c:1p:1cic/;uk de dilc rcflCÍ:1 <,:iio .
69

M<
0 . - -,v J. 6
- C!l~torj'os ~d Qo.~;iÇ:ã()
-'-'e' ""n:c, , ,__ . e "Q(o,;,, · • <ie .,,,_
"= él:J.ocbs_ ~\:..o "1 ""- d; __
~~Ql ~~C:tj
Q()~ 6 ~ Ítj
~¾s ¾\ acidade de enriquecer e de des .
O Proo-.-..., - ~~""
d ., ~ª c~ ....
0 ~~s~
~~~': r
.• • ca
10g
.
.
acreditar
P antenores, para resolver um p b\ canheciment
...,c;:la : - 1 1 ias
ro ema as
_
n:,..~Poosi=1 de-... \:Sso as C:.ZP- . "'-' \1 ,: reól 0 ." •e' rn disso, os mecarusmos de acumul _ c.anhecida a
rv . acaa d
P '-' • Q o d - . . C:.Zas ·
iJlédJ.t 0 · dos conhecunentos e da livre r , .e -e destruir-à
u
C"epa_r--..J.das P--» .. •ese.nv-oh,.; · ....._..i:.1ento e. das teC?:ti
-
~eJeC
üvos . . eapropna
_ t ê fll um estnto eqmvalente nas an E çaa das 1deias
. ., a
. . _. . a lnov-a._r econõ . ca.s s na 0 - es. nfim
zo. ºUm C'atninho de , e Portanto <la "1ico das P"<J, 'tt . ova, não gera a nao ser por derivação d , a trabalha
0 . ufico - as obras f .
., COnt:rj b . .- . creseunen, . Stia"' s""''<I "" cie!l
!ll pu
, blicO profano, e nao organiza O seu d
.
ª erec1das
esenvol ·
. . UJç:ao da coação "rti . o Pos,ti,-o D"""''nção '¾~ li, a ll . d sucesso das suas mvenções }Unto de _
_rl1r O , •
~enta a
nao espec1ali
econo01.J c o e soc1·a1 d StJca e CllJtu . ev-e-se , -t lon~ \ pa>-~ _...-ística pelo contrano, e apesar da van· d d stas. A.
. ao l1J- ~ e a ed '-
e um Pais, - i<lenti6 taJ. rata ,

corn urn proo-r h


o d) P<t.tª''¼b,
~{) Pii c!lªç, . entre oferta e procura segundo os sect
ssiveis
as reiações
ores e os ti
,,,,esso con,Pará,-eJ;> . ca, o "1 . es'••oh, li, Pº rno-ve-se num espaço de produção-consumo d . pos de
es<Juerna de progresso é e . . A. ªPlicaçào a º"1ni,n,o ··""'1 obras, . ilimi.. d , .
ta o . A diferença d
estmado a um
úb li.co potencialmente . -e.. , .
. .
a cumuiat1V1dade
rn:iis admirável Para aute~ntJ~firov-ersa. É V-erda~t1undad-ts:~ªttei P eci.rnentos c1ent1ncos e tecrucos O patnm· , .
dos co nh . . , oruo cuitural e
pro fi ss1o
. na} da es fera artísa· d ""1 dos'"'i
o UnPortante qu, eca,-
Ili _ri
. , .
art1suc 0 constltul
. um
_ armazenamento
, . e faz da obra um reservatório
. ca tOJ a assi.rnil , a espec" . e,~ dura-V, e1 de sansfaçoes estencas . quando esta figura n o reportono .. de
anguardas, e ntre novidade e n, d . açao, sisternat;~ t~ªíào
li n h aniento da invenção· 0 escolhas , de .gostos e de mteresses dos experts . , dos int .1:, .
u1 ermeuianos e

sobre u er111dade
d
'¼ada
. ~rogressista. M Pe~ o consunudores. No. , fundo, o conhecimento cientic.nco e tecmco , .
ç...1- o. ~,s te. Uca
. d I.vide
. largarnen te a ma eliniçao t 1 . . ••~ . .
d S
con, .d e eologica da e ,e u..,,.." bem mtermediano de que. podem ser derivado s produtos,
1

-
o fundamente un1 asade
as artes entre elas: será que dos ar tistas,eº?õe
. ev(). invenções de que se possam registar a patente, bens e semços no-
vos, enquanto que a obra de arte na qual se incarna uma invenção
. - o sao,
cs tigaça - pela sua essência superiores artes , . as est·e_b.casoe
a's p ou criadora é um bem de consum~ final, pois é de\a que se ocupam
·xp e nmentaçao,- ~ ' art1st1cas
, expressoes
as , . raticasamais livre
que• corno directamente o espectador, o leitor , o melómano, o cinéfilo , etc.
1
1ografos registando . ou formatando as emoções , e as Paixóes~
que 1as doi Uma das particularidades da obra de arte é no entanto con-
trariar parcialmente esta disúnção pois ela pode atravessar o tem?o,
r, ~, ,eia/, as propagandeiam como fazem as modas? Saudei~,
constituir uma reserva de valor (valor estético, mas tarnbtm valor
1 um b, nn J{Uia p ara discernir as ambiguidades constitutivas~ financeiro como aplicação fmancei ra ou activo patrirnon:1ai ck urna
J< > ;,r, í i. t ica e dos se us avanços, <.Ju ando ele proclama que "a colectividade pública ou de uma nação) e oftrec.er um t\uxo clt gra-
•,,ul.ult· {' " transit<>rio, o fugitivo, o conti~.gcnte, a metadeib tificações estéúcas indefinidas, protegidas do ob,;o\etr> , ?t\o mtn()~
enciuanto o aparelh o in stitucional de conservação e de apte.,;,rnta-
,,
4 , • I . é o e te rno e o consta nte·, . · s reside prw-.
, 1ut fíf tnc ta< t ção, meio envolvente, meio <le conhecimento~ e de ln~uument<JS
w,. clifrrenc,a~ essc. nc1a1~· e.l ' m das c1enc1
t ia \
a,
obra nãosemiil, cognib vos de <lccifração da obra lhe as1:,cbrurat em urna vida efecfrn..
I . ", novídadc 1ntr1nscca uma
,u, ,,,., ,,, ('

i
'-JfJo Só d.i
J/ "':s. Nas não é<!: resPeit
h-.
- •-H,uragc:ni do valor Pela rarjd·••enos
d V-etcla.qe a ll'11a.
O
conco"enc,aj . dos ltJundos "<tia e_ 9Ue se º'!laa, - 'o,'<, ,
9ue ',.,,,
_ uni ar-gutnent de psucos ·
Fica 0 ·••a t()eia. a.•, Ça_(), ,,,\
°,
~
ane incarna
- a tnd1v1duali,-,açã
- - - eso a fa" da d·c 0 %,,,,,
"'•
0
.e nquanto que c1enc1a -- - ºPera Por nastedu
sua,, P,,,,n,õ,,
,,,,,nç,,,, 1,,'
0
intriga: coino e que a incjj,,_idualid d Çao do in.cl.i . 'na.is eJ ta. ,
• - art1st1cas
cnaçoes - - acede ã UniversaJidad a e Pe,r, ·
, •1ta.,,,n,,"•d,' 11'.O~,. 1:v6 '
1 CAPÍTULOU
.
des,gua ld ~ ra di cal das reaJi,-,açõe e·
. a d e tao - B. en.-i
. 9ue é <16tlli~dar~ ~,
o Panteão dos valores artísticos fornecs 1nd1v- du.,,. Cuj %e '<>tt;;,,_n ~s DESIGUALDADE~ NO M\JNDo
1
competiçao
. _ pelo trabalho e Pelo talento?" e un, "'"<I ,. ~"'1'11:;,
_ e o 1,0 teste DO ESPECTAC\JLO
a resolver para I·d entincar
·e os ltJeios econ - n-,.
<'Ste· I
e etl.t~a
O
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19 "'1,,e dt
dª lrlovaçào
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/isar a organização socfal da sua reaJi,ação ••1Icos
pl - se&tt.n1t 1

1 1._.o rnundo das artes e dos espectáculos , como no do


,..1

ena. ean as desigualdades de sucesso e de remu _ _ s


a. sportos, . , . . . , neraçao sao si.
de ..... ente consideraveis, su1eitas a mais viva da f . _ -
i.tltanea.. , . . s ascmaçoes
!11 . nte aceites e vigorosamente encenadas. São 0 b' '
c1alrne . . \ecto de
50 . c rrnação e de uma apo1ogia destinadas a prop-;io, d
urna 1.fll'0 . c:,an ear as
erspe Ct1 ·vas de sucesso da
. . .lotana dos talentos. São ate
' ·
m
cenuva• d
as
P
ao po nto de serem . .reivmdicadas e celebradas como em h
nen um
outr O S ector de act1Vidade:
_ topos de
_ vendas de discos e de \i:vros,
lista das remuneraçoes e das cotaçoes das estrelas do cinema e da
canção, rituais dos prémios literários, bolsa de valores e lista dos
preços recorde nos leilões n~ mundo das artes plásticas, inquéritos
permanentes sobre os vencunentos chorudos nos média, etc. o
instrumento de medida dos talentos e da sua tarifação fornece , sob
a aparência indolor e excitante dum pátio da fama, a apologia mais
surpreendente da concorrência inter-individual.
Velho ditado, dir-se-á: os cachets astronómicos elas estre\as,
a agonística dos prémios literários com o seu lote de prestigio e
de ganhos, a especulação sobre a cotação dos artistas fazem parte
11
Fazemos aqui muito brevemente eco dos trabalhos de Gilles-Gaslon do próprio desenvolvimento dos mercados artísticos e a sua con-
Granger, E.}sai d 'une philosophie du style, Paris, Annand Colin, 1968. testação sempre foi ambivalente e marginal. No entanto é a esses

73
72
mercados que incumbe racionalizar e inoYar para reduzir a -
. - - dada .d lnceh,
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·rrnulas com um font p.--Jttnrjzj ~e.ai . "
·, . d.. .
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do sucesso. _\ i.níorm.açao aos consurru ores acerc.a d · '-C) ~ %_ !J r
as o -camente vian,s, •n;g, ..,., """1 1· ''"-·,,·
e da repuraçào de um artista, medidos em termos de ganh~) va1,1r -e. 5l!
oric . os eco nonu alisar as evo1UÇot')
- da. prc)01r\
. . ltntr~ r:-ti~.
e;.,-.. . .
,endas, é ob;eao de um tratamento cada ...-ez mais SOfisti x t dt · oc an · --,,,., '-' , .
__ 1 cad , · e.ado rv ,r0s preeísos, íli·dades e das expectativas,
1 dtsrnu\tipli,,,
.r •~ ,.~ __-~~'"· in..
~ em tempa rt:a1., nos mer

~
os propnos, a cotação di)s ta1/<l.r~
do sib d par exemp o com a inifJtrn-<ltirJ v-: , • _ _

5é m:ne ou.ma bolsa dos sucessos e que a escolha dos cons . =ntr1l eO O . ' "'<., ,,..__
. . .l-- ef- . . . d -
S<:1ª u:r:1 ffilStO UAS pr erenaas pessoais, a 1nfluéncia das
unud, ,µs s ão jogan
• (111llÇ endações da imprensa). ou tom . a.Ptr%,;,, r""'<. 1 ,-, _"
0
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to ·. recorn . com as redes horizontais acuvad,., F<!.., ,e1a,,-,,. ,
de informação critica ftmprensa, comentários que circulam d:ont~ 5

~
,_p-(1(j, ~be~ to ou pela atenção Pit5tada dL~~-- · .
trr: boca, grupo de pares), dos componamentos mim, . lx'Ca ~ - -conhec aen na'rio urbano (é a técnica d,, "bu,,., - - .
.l - . - - b ttlc.os rn,, iJlcer no ce .. , ;,.,.._
.....
resulum ill1 mtorrnacao , so re o sucesso
. e o valor pr ~'lSlvtl
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5u~ uco espontan
. dispersos , ea de suscitar os COmtntano, 'J1l< CÍrC>J\am 1,
bens, t dos companamentos de.scmos por Keynes na sua ~dr~ befO pO boca).
co!lcurso de beleza - escolher o melhor em função da ante . ~'J 1
b()C2ern

sobre o número de sufrágio que cada concorrente obtiver. C!paçã_,1


Os processos inventados para reduzir os custos da A DUPLA HELICE DAS DESIGUALDADES E51rn,-....I . ~ ~
~~
. .
talé:mos e a mcerteza quanro aos resultados da corrida as
_ _ , ' ,nui~¼ - ,. 1:,\,,

inádem sobre as duas ,ertentes do mercado. Do lado da ot · -


· __ 1 d - ena, tra- Habitualmente a análise das desigualdades d ·A'-
ra-~ d e d escob nr os üilentos e e constru1r as carreiras dos - . . t IAltnt~ pt°.<lt
- , anis~ distribuir-se em duas catego~ de _argumentos não exclusivos_
que 5< pretende promo,er. operaçoes análogas aos investimen
Urna parte dos argumentos esta relaaonada com os int-, esumemo,-
t aos processos de procura e de desenvolmento que constirut½
, .
um argumento cha,e da concorrenaa entre as empresas em tod~
em que os indivíduos fazem na formacão ' inicial e nas tonnas
- ultenores- ·
de am11sição
.- de conhecimentos e de recursos cogrum-
~ 0 ,-, 551·cos
os mercados de produção, sendo o ,ocabulário às vezes o mesmo psicológicos e sociais, utilizáveis no trabalho. O desem-ohmem~
como quando se fala por exemplo de "desenvolver'' um artista. dt mais sistemático desta análise encontra o seu fundamemo ru rtoru
,ariedades. Do lado da procura, trata-se de multiplicar os canais de do capital humano.
informação ptrsuasIT"a acerca da identidade e do valor de bens que Os outros argumentos provêm da sociologia da esrraci.ficaçio
possuem a dupla característica de ser infinitamente diferenciados e social. Estes interessam-se mais directamenre pdas posições ocu-
dificilmente identificáveis no que faz a sua singularidade enquanto padas na sociedade, as profissões e as funções n1 hierarquia das
não se concretizar o seu consumo (o consumidor só é informa.do organizações. Trata-se aqui de afectar a cada profiss10 e posição
sobre o seu conteúdo real e só conhece efectivamente a satisfação ocupadas, características e exigências de capacidade cuio n.lor so-
que deles se podia esperar uma vez o "bem" consumido) . Assim, as cial e económico é diferentemente apreciado consoante o st u grau
tecnologias de comunicação e de mediatização destinadas a moldar de raridade e a natureza da colaboração entre aqueles que trabalham
a representação dos bens e torná-los desejáveis procurarão iden· ·Juntos. O grau de raridade evoca a dirnensao
- - veroc· al da cotaça· o das

74 75
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( '11111hridgl', l 'm11hrid~c l l11iwrsity Prl·ss, l '>X<, : David focohs, "Towurd


ii Vn t\11h111 S1i11d1rn111hl', "Sot1ll' b11p irirnl ( 'ot1Sl'ljlll'lll'l'S 111' lhl· ll11vis- 11 Thcory 111' Mobility 1111d lkltavillur i11 Org.a11í1.ali\l11s", A111erirn11 .lo11r-
· M1111H· lhrnt y 111' S1ra1illrnti1111". ;,, Str11t(/i,·111/,m ,mil <Jrg1111b1t/o11, ,,,,f ,fS11riolugv, 11>XI, 87. p. M<4 -707; 1-'rnnk Harn11 l' David Kr~ps. Stm -
t,•gic· fl1111w11 /fr.,·11111'c '1•s, NL'W York. foh11 Wiky & Sons, !<)1)9,

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cstrategta bancar1a, no 111anagemenl
medicina. na
qu.tlÍi.bdcs. m.11~ d<.·rcnrnnanrcs a longo Pt':l;, de clet eten 11 ,I I r1H f1;1 . . ~ Ü.
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. rl.1\\~ 11( '• 1r.10° · su.ltadona em comun1eaçao po t1ca, na cria-
tlHllt"(:J\Ít'-' pd:~ tom1açao 1nrc1aJ. 9lle 1 11'1 1 ·1 con.
()~ ~ ~ ,k (( ' ·,,rcsi1s. r, , ,, ;.nda no meio universitário e da investigação
.-\ L)bscrnçào d o mundo das acti,·idad ' ~r~ . ,11, • . ou ,u..
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de:- própnas dos mundos arusacos ilustram de , as desj 3-1 (
ti.atJ,. • j(l

r·t1c;11~ • . .. iio dos merca dos eª z
1:
C · t: • so-
om que a 1.nrormaçao
'° nrt dia11zaÇ• . . .
J co tação das qual.idades do trabalho pe lo tal 111 aneira ~ <4. ,., ,\ r,itJfl rodos estes mundos profiss10na1s circule muito
' .,50S t:rTl . ~
:iLff:inca que da,, advem, · rornecendo às cLfie en to e os ef, P<:rt
e
. ei~ . , ~tJCt• eça a apartçao de bolsas de talentos ou de super
nrt· o- . e favor . . .
Jegjci midade sem falha, numa altura em gue renças de Sl.Jc:eseitos de d:iíT1core verifica à escala rnternac1onal permanece válido
~ - - os profis 51. so ll r:•P'
·J ,nros- O que se·onal onde a performance de elite é procurada e
res nao escondem a sua preocupaç.ao perante . . 0nais ,L Ilia r: e . O oaCl , .
. . . as t.nJus · "'Is , r,i o espaÇ t: rme uma estrutura de lotana: prémios muito im-
ínonções dcstrwdoras do cap1tal1smo e os se . tlças s c:i . ¼. Pª da conro . . .
0
_ de valores. Por us siste íl1as n-ter élJ s, a,s eJ11Lloera mais reputados, e, para os outros, uma distnbwção
de coração de toda a espécie r s para os
. . . .. outro lad cantil n0rt3nte alonada que pouco tem em conta as diferencas de
os sectores de acmTJdadcs nos diversos níveis das em tOd ?, r-_nh~~ - '
rrabalho, (: difundida progressivamente uma , . 9Ualificações dos dos !í'."-- Trata-se de uma das expressoes do aumento não só das
- dos talentos e das competencias, 1 cidades. . . b , d dit:
de coraçao quogica
~ de defiruçà . o caP.ª aJdades inter-categortats, mas tam em as . 1erenças de con-
16
. ., e exporta 0t desigu b rvadas no seio de uma mesma categoria profissionaJ .
concorrenc,al Jª prevalecendo nas anes e no desporto. 0 modelo di ão o se . .
ç Uma explicação foi avançada por Sherwtn Rosen num artigo
ado ao fenómeno das superstars e às desiguaJdades espectacu-
consagf fi ~ lib .
lares de rendimento nas artes e nas pro ssoes erais e cientificas.
A FABRICAÇÃO DAS DESJGUALDADES LEGJTJ••1
"U\VEJS Esta é uma questão que intriga há já algum tempo os economistas,
17
de Adam Smüh a Alfred Marshall e a Milton Friedman • Uma outra
Mercados onde a concorrência é aceite, ou até r · . .
dtsde que pura e perfeita, e onde as desiguaJdades de sue1vtnd1cad. ª
. cesso sao Robert Frank e Philip Cook, The Winner-Take-A/1 Society, New York,
celebradas e explorada s para alimentar o fascínio sem su · ri

SCJtar a The Free Press, 1995. Para uma discussão crítica, ver Tyler Cowen, What
indjgnaçào contra o monopólio das retribuições, eis um sonho
Price Fame?, Cambridge, Harvard University Press, 2000.
de capitalista/ Num ensaio corrosivo e discutido, Frank e Co()k 16 Ver Daniel Cohen, Richesse du monde, pauvreté des nations, Paris,
descrtvcrarn corno, seguindo <J rnodc:lo da cotação dos talentos t Flammarion, 1997. Éric Maurin, em / 'Egalité des possibles (Paris, Le
da remuneração das reputações yuc rrevalecem nos cbportos t Scuil/La République des ldées, 2002), frisa bem uma outra expressão
n ;1s arrc.s, lic multiplicam estes 11111mer-lr1ke-r1/I 111arket.r (mercados dos destas desigualdades, o enfraquecimento da relação entre remuneração e
vrnccdorcs açambarcadores) <mck os yuc silo considnados por um antiguidade na organização.
r·, Shcrwin Roscn, "The Economics of Superstars'', American Economic
lc1T1p11 os mais ralcrH,>S<JS :irrcc,d;im t·odos os ganhos, no jornalis-
Review, 1981 , 75, p. 845-858.

7X 79
1 O
. : ) ·d:ir~t
t'Xp lr:IÇ,l< ' •
alcance
.. ,
por· dernais
.
incL,;d
. Ua li St
que n:- prohss1ona1s se assoc 1arn d a dest _ o<lcr realizar-se senão no frente a frente do
º"'""'º"º .J
1 . . e '11. . a, . 0 0
.. , de quabdade ou de reputaça 0 . B,.P ~ e.11':\ • ~% -r:1çri 0
,rc~ · · ª0 o pr · ·
p ofissional tão procurado terá de trabalhar
. .
p<>r.1. OI\ e '
_, _complementares com o fim de dar cont
. .. , º''ttio
~ est•eel'.ti1-. 11 1
1 1h 1:- j(> :10 vtV ' d dos empregos com alto potencial sugenrá
:in.1 " ' , . . • a da, d . a,1 d '1 111 1
. ctt erca o
., 11l'rr, .11 r,io O rn _ ais escolher, tendo em conta o mvel de mvcs-
, .
·cri·,ro habitual de expücaçao pelas dif,•re ' es D-, , ll,
~uc
i o rc,, : . . . . • nças de 1'"•d, ' 1 . . ()li l fisstoO . al . .
. .· l "is
l l\ \( U, · b"
bP":Jdas a ongem ,
SOC1al e as ,
formações d
• a 91lÍtj
teclt•
0 1 rjei1
•lo, 1
t1:~•~· s pro OS de formação e de captt , a especialidade profis-
(l1ftlÍ 0 , .
br 1
. Teremos tambem a oportunidade de es d:ts dA· Q• ,11 ,~
0
cf11 rcrrn ura é melhor assegurada e onde as perspecttvas
faz com que as des1gua.ldades de sucesso qtie d . er o P:tr r11 ~
som " . eIatee •". 1
rif11c'\:1 qualª P~º~os e simbólicos ligados à qualidade do trabalho
e des . a,d res llltatn ¾,.
9ue • . 111/11 onetart - - . .
'e) só aceites e toleradas como admiradas .X~ st< hos 111 'rito de invençao sao mais unportantes .
•~ . do espt
, 10 d .
"' ••
Nos sectores de act1v1dades em que exist ''ªas. stl'I 11
l " -1<Cfc1c
. ,10 e.:, Jelo nao
_ seria original se emonstrasse unicamente que
. . .
. - . .
renciaçao dos bens, uma forte , alonzaçao da ºti'""º" . - em urna f ºn, ~I t • O rn° alento é desmuluplicado pelos meios de alarga-
. . d - d. b"-'l<llldade e. nto do t, 'd. , l . d
qforre r.,;p,rtur as presraçoes, as 11erenças de Ualid , Ou""'
e
º r, ,0 dirne d
rnerca o, graças . aos me 1a, as . tecno. ogias e comunica-
ue mínimas, podem polanzar as preferências e9 ªde, ltles,
0 111e11 to d:bilidade espacial dos profiss1?na1s e d?s consumidores,
preço do bilhete . para um concerto, do disco . ouasd esco[h a.s: %j•40 -ão, à rn . _ das trocas e das carreiras de elite. O que Rosen
médico . ou mun advoga do, dingtr-me .. para profisa .consu1 '••~o ç dializaçao . . . .
it· 1nUfl é corno, a parur de um detemunado limiar de selecção
lentoso ser-me-á mais. uu . ·1. AJ em , di sso PareceO ue a s1ona1 est biJini~., ,,.
9 n1ostra,_ uma diferença de talento, mesmo que pequena, entre
procura de 9ualidade pode ser suficientemente forte" ª dad,~ alitatrva, •
:10s mais
. .
. taknrosos acu111 u1 ar as vantagens de um pr
. .
p~~~ -
eço de'
··•Qtir
qu
P
. ais submetidos a provas comparativas constantes, pode
rofisston ~ .ul d
fi . nte para concentrar nos que sao I ga os mais talentosos
mais elnado com uma procura acrescida, desde ue s 'ndi ser su c1e . . '
fazer este aumento sem tnmwr di 9 'scirno de procura mais do que proporcional e portanto
. . a quali dade do servie Possa satis. um acre '
A f1'jlloraçào tntens,va as tecno logias
. . d . de reproduçãoçeOde Prestado· · ar-lhes uma reputação e hipóteses de actividade que reforcem as
d lí . 19
'º~,.
A •

nicaçào pennite a um artista reputado servir simultaneame suas posições nesta concorrenc1a monopo stica : a alavanca uma
a! d
mercado arga o pe1a d1tusao . - _ p1anetar1a , . dos seus discos dnte um
filmes ou dos seus romances. No caso do bem não ser reprod .
, os seus 19 o modelo de s • Rosen assenta
. numa
. . _análise do comportamento
. . da pro-
u21ve!, cura, sens ível à imperfeita substitu1çao entre_ profiss1ona1s, nos
. .sectores
" Se o consumidor estiver disposto a aumentar mais do que Ptoporeiona( onde a diferenciação dos bens e das prestaçoes faz-se em pnme1ro lugar
mente a sua despesa para comprar um bem ou uma prestação de qualid,. pela qualidade. No entanto, é necessário que o comportamento da procu-
de mais elevada, o artista ou o profissional pode, ou atrair por utn dado ra seja suficientemente móvel para ser determinável pelas variáveis con-
preço, muito mais audiência do que os seus rivais menos talentosos, ou sideradas, o que está assegurado, neste modelo, pelo facto da edificação
então atrair pelo menos tanta audiência praticando tarifas mais elevada, das reputações e a obtenção dos super-ganhos ocorrerem em contexto
do
umaque os seusdiferenciada.
tarifação rivais, ou ainda escolher uma solução mista pratica,~ concorrencial. Não é possível examinar aqui as respostas dadas à ques-
tão de saber como se fonna a percepção de uma diferença de qualidade
- por e~pe_riência directa, por adopção das avaliações de prescritores, por
avahaçao informal nos círculos de sociabilidade, por imitação, etc. Basta

80

81
, ·a de valorização do talento, 9ue foi . a arquitecturas organi7.acionais f.
. nada a are, . d d'fu - ca11 . 50 c1am . e erneras (
vez accro , , 1 las tecnologias e J sao e Pela i s1det . ., as . " ração vertical) uma c:struturaçã <l .· recks,
. ,1largac. a pe , . nter11 . a. 1,·tlco- d s1nteg . . o e equ1p
vdnicntc '
. . d0 s n,crcac1os
culturais, actua no sentido
.
de d ac1()
esrnu1 . .11 ~- ~rt ~ tos, e. e. siona1s de qualidade ou de reputa ~ . as Pela
cc ror1S . Çao e9u1v l ·
lm1çao ·
hos gera os
d . JJOr uma vantagem comparativa ini . t1p1rc~
c1a1 s . t p<()! cflcre P . a fórmula, por associações selectiv . ª ente,
os ,l.,r:111 • de , e,~ e! 1·ao urntr . . as. urn po
. uena ou gran . . d f: 1 . - a tif1 ra rcs dO5 matrimoniais se estratificam P'·l f uco
ptlJ . .- ) mecanismo a a mcaçao das J, .
1 pª ca · '- a orça gr ·
Este primem . _. _ . , • c1esigua1 oL 0 s fller a.mias, os mercados do trabalho par avita.
of11º hornog . - a os empregos
·s ccraculares e tz .
I'· respeito . a .uma . . s1tuaçao . ~ espec1fJca: 'aq Ue Ia e dacles. e _, das
·oflílJ 1·1fica os
d estruturam-se por associaçoes
~ .
ad d
equa as entr
e. P . profissioru1s detentores ele urna e:x:perr 1119~e ci 15. qua 5 talentos estao associados entre si . . e
os artistas ou os . . zse Valar· 111a 0
. ais- d · .d · em pro1ectos
·h cstao _ em con corrênc1a . . para captar
- - uma procura act Uanda t~a- c 1on ~ que enten em tirar parti o da associa - d
55
l • . d' .d !mente cm 1nteracçao com o mercado, sem c~da rori- 1.zaçoes . . çao aqueles
um 111 1v1 ua .. d·c . Pareei P organ
0
sua especialidade, pertencem a classes ele _
... 1.,.,llnr 1,arn produzir ou trundtr os seus[) d tos. t1 d urn na . . , reputaçaa
~las p:rra tt.J '" ' ' . ra Utas que, ca a ces co .m vista a desmult1phcar
. a produtividade d as campe-
.. .. · · intcirrnm-se
prnn:-;s1on:11s r,
geralmente numa
, .
organi7.ação .
.; Per , os
seja u.ivaJen 'd membro da equipa aumentando assim as hi .
. : ·fi~mera (or9uestra, companhJa teatral, eguipa d. llla. eq de ca a . • . d . poteses
ncntc sq:1 e e ' . , . -. ' e Ptod e·ociaS d_.ganho. A dmam1ca. a carreira de sucesso eqUJv. al e a
_ 1 . . 11·1me , etc.) ou firnum um cont.1.ato corn u a en,p ll- t so e e
ç-10 e c um 111 de suce;bilidade asce~dente no seio de um ~undo estratificado de
· . . -1,· intermediário (edir-ora de livros ou de disc tesa 01
ljllC ~crvc l .., . _. . • , . . , , • os, galcr· urna de rnter- . conhectmento e de colaboraçao recorreme2º .
1
l l' :ll'I l'
) r) ,11.,1 ,·c·iltz:1r m;Het talmente os cxemphtrcs do b,
' ' ' ·• ' . C:11) Otr ,1
a re des
.1·,.l·til·t,··fo a obr;1 de ntnH.'.irn a que estes entrem no ,, . d Por
l'lll l • ) •. ' ' , ' • ' ' '. . 111 '- 1ca O, É
:1q111 lJ uc. .,...
· ~.• rnscre
• ·•1 sc,rund,1 :-.. .1l.1v,1nc:1 das dcs1gualdad•·s· P
. _ , .. . -.. , • ara obt ~ ções
,11opnnc1p10 f E selectivas,
. Destudado
1 por" Michael Kremer(em
de um tikr1to ;t melhor valon1.:içao poss1vd, 11npona assoeiº• Iler 1 Theory o conom1c eve oprnent , Quane/v
· ·•The 0 -R·i,g,s . , Journa/ 01,r
protissinruis mm r:1knto cnmpar:1vd • •u- 1e
nas outras actividades nec,, Econom1·cs· , 1993, 108, p. 551-557)
. e o seu modelo
. da 0-Rmgs Production
s·íri·ts .1 nroduç:'1n e :1' c1rcu
. 1aç:w~ das o IJras: um real'1zador de . t'.S- do nome de um el~mento defe_1tuoso do v~1 e v_e~ Challenger cuja expio-
•• • · • r . · _ . . · · c1nenia (_
rcpuudn rr:11:1r:í de l'nrnnrr:1r prohsstonRts de prime.iro pia.na P . saoem voo conduziu a reexammar . a.orgamzaçao
. tntemada NASA) , e, em
• _ 1 • e , . . ar,1 França, por O. Cohen no seu mventtvo R1chesse du monde. pauvretés des
ns pllstns rlt1Yl'S (d1rccçal) 0:1 totograna, cena.no, tnontage , ú_
111 nations (op. cit.), já aparecia em trabalhos consagrados à organização da
sic1. ctr.), e simerricamcntc, mn editor confiarú ao seu director111de produção cinematográfica, e em pesquisas sobre o papd das agências ar-
p11blic1ç}o mais expcric·nte as rdaçÔc'S de trabalho com os autores tlsticas na montagem dos projectos audiovisuais. Assim Robert Faulkner
mais takmosos ou mais prometedores da sua editora. Os mercados mostrou como a emergência de relações recorrentes de colaboração pro-
voca uma profunda segmentação do mercado do trabalho hollywoodiano:
no caso dos papéis chaves da produção de filmes. rdações fortes de inter-
que os lllt'l'm1ismos de detecção e de avaliação dos talentos e de fonna- dependência são tecidas entre profissionais com uma reputação compará-
çào das reputações não esteja controlado por um actor único (círculo, vel, daí uma estratificação das associações entre profissionais baseadas no
mt>cenas local, grupo social, etc.) para que a cotação das diferenças de nível de sucesso nas respectivas especialidades. Ver R. Faulkner, Al11Sic
talento opere num horizonte de incerteza e de jogos estratégicos.
On Demand, New Brunswick, Transaction Books, 1983; R. Faulkner e
A. Anderson, "Short-Tenn Project and Emergent Careers: Evidenct' from

82
83
.rra. t··ac.·1cr,tc·,idcr
· , as dcsim1ald:-idc"
,1uc . ~/') · · " ·"e:
' an1plir1. . .,r11a, ficções televisivas, músicas
S . ck1 uma rncsma profissao quando a f , ,1(c1ric - d , · _ populares I'
ta,11 . 1 . ,:.ivc reputaçoes urave1s sao excep . . , 1ttrat1Jra _1 .
o~ mctn l)rn~ . _ · orrna , tn ifl~ u) as c1ona1s eu ut
. . ,·onstrução de uma organtzaçao se fun I Çan de: tt ,, tif11 ' .'.n1ero de sucessos efémeros · 1 an<lr) crmirv.
c4u1p:t ou ,1" • ea num \1111 c0" 5 fJ1 o f)l,.ll'' · r~ -
. , d" na uniiio dos seus membros pelo valor e P''l. a selec , ~ das e~ ssiin duas as forças opostas cui·a e0 .
:t~ta •' ·
brcmune~1ções ~ a rep Ça r~ 5ao a · · · , mpos1 -
atingem, segundo o princípio dos efeito Utaçàa: 'll " o seu eguilibr10 mstavel. Por um lad .. çar, e<mft rt
0
. - 1 . s '1l 1 · q~ · tef11ª equipas e1emeras,
e
esta, de acord o com, ao trabaJh
.tJVOS do talento e das associaçoes se ecttvas níve,·s tnuito u ttpt·lca
1s ' 1 a,)
' ) ~ 5 efll . 'r • '
O
segmentos superiores de talento e de comp , elevad · roiect 0~ ,. singularizante dos produtos e pr _ exigtncra dt
p:ira oS - . . · etencia os P ciaǪº - estaçoes t fu .
ferenças no seto de. uma mesma categona profissio al , e as d ' Jiferefl n1a cotaçao a curto prazo, constant nc1rm,j
. ald n au ,_ o> b se ou1 " emente r ·
cor1l ª d valor dos profissionais candidatos tvista t ac-
onde a análise clássica das. des1gu ades . . de emprego e rernulllentani, . da, o , aos emprer h
se funda nas diferenças mter-categomus. neraçà0 ttJalliª e rência ao nivel de sucesso dos project g.(JS e a-
o! re1e E . , . . os nos quais pani-
Acomposição dos dois factores de desigualdade _ . ve, PaJll rec entemente. ste pnnc1p10 de organiza çao - e de cr -·
, · · - difer cipaf urna volatilidade excessiva. Os ingredi d Jta.çarJ
de talento mesmo que mmunas e assoc1açao por nível d enças d gerar entes o sue
_ atinge a sua eficácia máxima em actividades como e reputação Pº e e difíceis de dosear porque o sucesso é aD d . tssr)
.,. . , as artes ,, setJlPr , . . d , 1 . ecta o por uma
os cntenos de qualidade e de valor das competencias
. _ sao
nao _ ,f:'onde sa: onente aleatorta Ul'e ut1ve ; a ~putação da responsabilidadt
de definir apriori. Os mundos das artes 1nventaram há muito . teaceis co P so ou do fracasso de um pro1ecto a um ou O d
do suces . . , ,. . utro os stus
d
que outros segmentos do merca o de trabalho qualificad O , rnpo rincipais e problemat1co, na medida em gue , • .
0 actores P ._ e 1I11poss1vel
adoptam para aumentar a produtividade . di , dos trabalhad oresso rnhoj,. dir a contribwçao de cada um para o resultado global. E nO
competentes: cotar o valor. d.e cada 1n . viduo consoante o sucesais
me
canto, são de facto. os sinais . emitidos
_ pelo sucesso ou pelo fracasso en-
dos projectos em que parnapou ma1s recentemente, reco .so que servem de ".1e10 de !flfonnaçao para os produtores avaliarem os
tennediátios - as agências artísticas ou os gabinetes de reC:" ªJn. talentos disporuve1s. Por outro lado, sem mecarusmos estabilizado-
. . b . tarnen-
to _ para orgaruzar e genr as oas eqwpas, manter a cota - res, um mundo de actividade tão volátil seria impossível de gerir e
- b - 'al çao das
reputaçoes so uma pressao concorrenc1 permanente alim insuportável: as qualidades e as competências dos profissionais 9ue
do sem parar o viveiro dos candidatos à glória com novos ~ntan. emergem da concorrência devem poder desenvolver-se através da
. 'bli d d , entos
capazes de cativar o pu co e e respon er a moda sempre renova- tirania do curto prazo, segundo um horizonte de aprendizagem e de
da das novas identidades arústicas. Nos sectores onde a especula - experiência profissional diversificada que é a matéria de uma carrei-
, . e bril çao
so bre o tal ento e mais 1e porque o mercado é mais vasto e mais ra. A reputação é simultaneamente um capital acumulável 9ue con-
fere ao seu detentor um poder para orientar as suas escolhas de pro-
jecto e de equipa, um sinal necessário ao consumidor 9uando este
Hollywood", American Joumal of Sociology, 1987, 92, p. 879-909; W.e
não pode conhecer o conteúdo da obra antes de experimentá-la, e
D. Bielby, "Organizational Mediation of Project-Based Labor Markets:
um elemento de identificação usado pela comunidade profissional
Talent Agencies and the Careers of Screenwriters", American Sociologi-
para organizar projectos e diminuir a incerteza dos restJtados. Daí
cal Review, 1999, 64, p. 64-85 .

84 85
::1 inextric:iYd imbricação de indjvidualismo, de red
, . s de avaliação ou a sua instabilidad .
gaçõc~ intt:'f-10 · d l.Vl·d uais. C d e m úl tlp . las soluções d es. de nsas r l . ircrto-
)o!- c.;r
• · ~ . .
ciclos d e tnovaçao surpru:nden tts (
e trn mundos
.
~ · · . e tnte 1..1e t· J . , ,i l . ·rosa
a fomu de concorrencta num s1sten1a de ernpre rrnecli 1, I . . as artes pias.
' •"'.cos. .,u1ct
.1 0 certa mente o . exernp o rnais ttnpressionant e) tornan,
, . " . d di e
ajusta-se a exigenaa e 1erenc1açao os talentos e
· ·d u ali zaçao
.

d as s1tuaçoes
·
-

-
d go de . açã_
Slnteo-.. Cl: ~
.rf~r.1
"' . ,ao
J ss . a1·dade terrivelmente eficaz. Perguntemo
. ,n, t s, conio o
incitar à ind1V1 ~
e dos recur das ob tas.:::.<aqo •e~!> ~ de ong
.
bes O que acontece quando cada anist
.d . e sos • a f:><tt " v• escom . , , . . . a tern de
refações inter-in diV1 uais rornecem a armadura ' s terj a cnt D. JO . ai . Ja, as análises feitas
. organjz . es cl ,.1 pro.y1J1C . . d . por.d Baudelaire
. . deix avarn
não
plente capaz de favorecer a constituição das equi ªctonaJ e "c;ii 0 strar origdúvt·das.·
0 regime ln 1v1 ualista de crução cont -
. . ein
. • e ~ , · pas cas 0 Sti
de rufundir as mrormaçoes necessanas sobre os e a c:as , se ft1yefll para _ s próprios termos na med1da em que poucos ar-
· 0
,e d. ao no ~ d . di . .
tidades dos can rud atos; a mterme . di açao ~ ,
e assegurrnpregos
d e as fll.rgcon ,ra 1Ç sperar resolver a_ equaçao a tn . vtdua!izacão
, p el os empregadores que tr ª ª Pela s agê ,..lla,9 . . , _conse.
arósricas mas tambem .
0 '-las 1.1J11ª Pº dern e as treAs dimensoes de autononua, . de reafuacao
, . de si
, . _ ocatn.
informações e as avaliaçoes sobre as qualidades d
, . .
. entre si
os artist a.s
ti•'"' com as su nhecimento pelo outro. O maior numero, quando
níveis, e pelos propnos artistas que apadrinham pnn · . . as clis.., r,-,
rr111da,_ rio e de reco la o b r i·gação de ongmalidade,
. tem ma.is probabilida-
. . c1p1ant t'O- P0
ciam colegas no se10 de eqwpas e tomam a seu carg
. . o a or
es, asso
. , Pr P jon ado pe O ' , cao s de uma liberdade extenuante , . . · E,
, e .estéril"
colectiva das suas act1vidades. ganizaçào 5 de e onhecer ara d ox os em que a concorrenc1a
ress . amsuca . e fértil,
Globalmente, não há nada como a cotação e a d< tlf!l destes deseJosos P . de se singulanzar tornam-se refens . . de uma .
5
inruvidual, pelo menos no que concerne à categoria dos reputaçà 0 por_ u.1to artistas· ante em relação aos seus colegas ma.is 1 invent1vos
rJl . ação alien
adfll.11" lo os . ula e os destrói simultaneameme2 .
estlffi
mais desejáveis e mais expostos, para estabelecer a rn . empregos . e:x:ernp
. .
hierarqwzaçoes. ~
Nad a como a l ogica , . d a associação p ais fina , das
cuJ 0
~ or ntveI
qualidade ou de reputaçao para trazer uma forte desiguald de - -se- reve
E Vincent Descombes que
· btilm · d ade 21 . Baudelaire
. nos pede para cons1.derarmos
nada mais su ente atractlvo o que um mundo profi . · eb " o preço a pagar para. . que
. seJa glorificado o indivíduo · [··· ] Num regime
.
~ d . ss1ona1
onde a inovação pela expl oraçao a rncerteza e a gestão d . holista da arte, a ongmahdade das soluções encontradas pelos robl
. N . . d. . P emas
~ . d nh . os nscos artísticos é co 1ect1va. um regime m 1v1dualista, cada um tem a ob ._
pela reduçao das rncertezas ese am um caminho estreito en
.d d
consolidação dos di VI en os reputac1onais e o facto destes d
. . tre a gação de o~erec~~' u~~ __sol~ção_ inédita p~~ _problemas cada vez ma~s
po e- dificeis devido a d1v1sao mfimta do temtono da arte". Baudelaire vê
rem ser contestados a cad~ m~m~nt? _pelos recém chegados. Que que a glorificação do indivíduo gera, para o maior número, a "dúvida", a
as mesmas regras de orgaruzaçao 1ndiv1dual da carreira se apliquem "pobreza de invenção". A maior parte das pessoas são de facto incapazes
a todos os artistas, indepen~en~emente do lugar que cada um ocupa de fazer prova de uma originalidade pessoal. Essa é a razão pela qual têm
nestes mundos profissionais tao espectacularmente estratificados de se contentar com uma originalidade de empréstimo. Na ausência de
um estilo colectivo poderoso, o destino da maior parte dos artistas será a
consrittü além disso um potente e paradoxal factor de unificação:
imitação impotente. Serão os "macacos da arte". Em vez de sofrer a do-
numa altura em que as diferenças de sucesso desenham linhas de minação legítima de um mestre numa escola, os macacos da arte sofrem
clivagem muito profundas e devidamente exploradas pelos merca- a dominação revoltante de uma personalidade mais poderosa", V. Des-
d os da indústria cultural. Mais subtilmente ainda, a indeterminação combes, Proust. Philosophie du roman, Paris, Minuit, 1987, p. 142-143.

86 87
~ ~
A!I r a:áj t: !i pelas CJuaí11 c.<+ ta frac 1u<.:7.a ""'•·
e n•n ,,u,r,,, devem permanecer suhcien,e~nvcn ç,., " •no.
' , Q .
e este •,am reunidas várias. condições • Por um lad o,
22
. . . .
fice15 de de1e,m,na, para nàr, ª "'"uila , ·r.1c, ,,,en,, n lJ ttic t (,, ., ,,1 1~ ,1),
0 1
P,,.,. para ,e alimenta, com ,,,cl.., , a, f<>rma, ,.,,cl, .e. , > '" cu ' endi 1, ;i ~ ' 1,1 ,, , rc' jsO qudo pro fissional ou . a qualidade do bem comercializa- -
5 e P .aflce _ não em
réncia deve con verter as di fe rença., de , uc~-.,., e lt) l)Va <;;1,1,, rc ' : 0 !f1l ,1
•0 1.gauas . termos absolutos, por. conformidad e
~ ,1 ,,
l'li1.: , ,,
p'r rJ1 ser l tável prev1.amente fixada, mas sim primeiro em
pcctacu/,r afi m d e •uscítar a admiração •e a'-On •de, fl lJfll '•"'~•
() -, . ,I;,
'- ( l i) < ,,,
11 , de'' !fllª es ~ , .
1 · · · J ' ·• a ) 1
ªt<=lc dº i no r comparaçao e concorrenc1a directas com ou.
· J f
n, '"" a«, cu,., eic o e tao >reve. ( 'ue , i,,n · e. ,. ·rt\(1: . 1·~ ~ · os, Pº · · d
ar,;_,..,,
~
11 ,of1l rel.atlv rofiss1 ona1s: os mun os em que o modelo do
à, de,iguaklade, de e<mcliçà,, do, < ' r,So~ 1
ncaçao . ""bu;, . ' 1 ,j .e"•, ,,11os O utros p b d . d .
1e"' raS e dores açam arca ores omina e gera as diferen-
c , p /icaçil,, pcl,, talem,,, d ist ribuíd,, de maneira • . J <.:t do!í h~1)1>' "
•• •C>s t <.: tti . . 5 ob vence . b , li .
.1 0 dos . . sim o co e mattn al são aqueles
.
pe/,,, Heu, NIHtcm,s de e,pl<>raçà.,_ Scrã,, as de, ; U• J ." 1de,;~u, ·•1 'li"• " ,.,,, tf:1
reiº rt1gu,osas de sucesso . , .
ai' ais ve . f rmas mais puras de concorrenc1a, pela polémica,
1ad,, d a cegueira de um púl,J ic., cuja, p referêne;: • dsde, ,, ,,, ' '· s f1l m as o .. , .
Ida, pci,,., etnpre,átto. . s m,,.
. tníluen
. 1e, do, merc, S S<.:t1 an-i Cr)11 ~tr1li . ç:1
e recorre a r1va . lídade, o Jogo agorustJco, a comparação , . directa
- lese mcn,,. c1n1camcn1
• • c « mspttadora
. _ serão .. ,,<.1t)s artí· , 1·c,.>~ li1. qll
o co ofrooto, ances a partir de
, . um m esmo reperton o de provas 'se.
\
pnncfp1<,
, . prop . do, C<>m baie, e das compcthJc,
, r,., . st
' 1••...'>lo/d "-J•• ~ ' ,1
1
' ,' Jas PerforrTl d spornva . s ou art1st.1cas, co m o para os cantores de ópera
, .
's,1 ,,. .p1J11 e)as e mentis . tas virtuo sos num~ repertono b em. delimitado de
çilo, Í<inna tada s para determin . adas categoria,. ~ de <•n J'
visando . . 1 .
1a lcn tos, e yuc aca ham por s usei tá-lo,, af•stand o e m ' 1' ato, e ,i, 051nstru . ) ou por comparaçao entre obras d1ferentes direc-
1 oll lássicos ' . .
.,, ,,utro,? Scrau , ~ estas . i . - a le1a,-1cs, a cxprc"ªº
. , uesJl(U ~ de um atg1na1i:-a
h' · nqo tr e,bos e .
lassl 6ca 'veis numa lista. estabelecida
, . co nsoante
. as prefe -
<>h1ecttv:i
. , ,.lo.s ta lcnt,,s cm compcttçao, . ~ CJUat.sque, que se a •crat(,,u,,. tamente e
. que os e onsumidores emitem rap1da e massivamente .
_
ll'tm in . ant cs d esta. hierarqwa
. ~ elas provocadas
. ? ( ) u. scrao , Jan, os d,_' réocias
por outr O lado o trabalho, enquanto prestaçao de serviço
' , . .
moJclo das .r11pm 1an o s, ugeria, . . po r uma •mpJ1ficaça , ~ <xccs , Con, . ão de um bem, deve ser observavel e 1dent1ficável sepa-
diferenças ass,1z hrrutadas entre os talen tos, nomeadamcntsiv, 0da,0·0 produç , · quando resu lta de uma act1v1
· ·dade
. . oud mente, o que é automauco
.
uso de tccno log1.as mo d ernas e, mediante , • campanhas PUhlicite' .Pelo ra ª .a1mente solitária e independente ou de uma performance in-
comemo rati vas ad equ ad as ? Da . resposta a estas perguntas dedu anase _ e~s~oc~ devidamente medida como tal, mas torna-se mais aleatório
d1vidu · · d · d' d
um a rcprescnt:i çiio d o que é a comunidade dos artistas e, ainda,2 do quando o trabalho consutu1 um os ingre
. lentes e uma pro dução
. se
que po derão ser o s ideais co lecti vos .c ompatlveis com o imperativo e uipa. Tendo em conta a extrema dificuldade em medir O peso
de realiza ção p essoa] fortemente md1VJduaJ,zado. de q , ·a1 .b . -
de cada contribuição, e essenci que esta contn u1çao e o seu autor
se·am identificados e citados para que uma parte do sucesso ou do
fr:casso possa ser-lhes imputado: trata-se de uma figura eco nómica
os FUNDAMENTOS DAS DESIGUALAnEs LEGIT(111AVE1s e jurídica do processo da performance que é requerida para selar a

Para que o trabalho e as qualidades dos trabalhadores possam 22


Devo mencionar aqui uma troca de opinião frutuosa e esclarecedora com
ser objecto de uma cotação que cria desigualdades tão espectacula- o meu colega Alain Trannoy, da EHESS, grande especialista da análise
económica das desigualdades.

88
89
ligação entre llrn Pro·
membros d,1 cqttip Jccto e a e9llipa
. . <1 se sep 9tie
se1am cap1tali~<1dos atr . a.tatn dep . efabri
0
, aves d is cJ
•~~
cada um trollJce P"'· . 0 re&isto 0 f)r() - t () lJ. l)
O
.
que a mfotrnaçào ~a
sobre o Prol eqo e o %e• '"1 gen,tjco,
. 1,,,,, . '"" \ .
Possa esta, sepatada da ª"ª~ o Va.Jo- r e'ªcto de '"ºtti ,1, 'oi:>c'''\ 'ti , >. ·< e o< qum er
e se revelam, c:m prQvas com?arativas, rn1:.nos
· cado pac, a c<>taçã,,
. <l<>s takn,o,
. 1· "ia"'""º
'•d, %;"" '1
rl;.
Alén, di açao &lob 1 rt' ,11,0\o"•.. que< , otrta
. s e ulturnis) nu muuo d espcc,ad •»d,,. (u <nundu
. sso, as Pro"as de • do ,,, , ' º"ltib : ",, ' 0
Permitem Passar em revist coll1pa.rar.:; _ltaq() d, ~,q\l \ ,,> rr:t"" d:iS • ; Jus0 ceiros,. 0 dos advoga. oS ou o, b <ncdko, nun,,
- devem ser suficient a os tal entos, e f::i-.
Çoes, '"º tn tet,jfl,.J, ·, ()llll!ll \ , r' ..ro 1·c;ras
(º fin• . 1tame .
ntc ci,cunscma, etq, >sta,; qu, un,
tal ou tal ProJissional emente
conhe .d fire9Uentes--<er p:ikOll desf;i> \JJ~rj l!aj !h:
111
d•'°
, ,,.s ,,ifl:l J. 1 . estre claque . les 9ue. 9u1sc-rern C<)tnprar <) .bern ou os
0
q,,
a ,.,, '11,, ,pc.c.i:ih

~
Ptoporc1onand
. Ptitjjé,,; c, o n-ª 0 se to, ~, llo e. S100
s U ficicnte . ai S ei·am .
informados sobre as diferenças d1:

concorrenqa• . redis ttibua.,,,o e Protecçao


re,,,,1 - "''ºntest.
. 0' °""'
' ' Oda ,o,,,1~,,
1
5
i.: -úfl'l , ro do pronse parte s ignificattva

•.,rv ;ço d , Pª ra qu
. h da procura
, se. concentre
- c1.·
d o b em for único, ave,a compeuç,o "teta. pa,.
nos
.
- rnesrno que cada um d "" arniente as ºPotti, . , e ~ª¼ •~
sao, '"••s •~· ll1,11J
s , ,;da e; Quan 5
° o ntcce nos leilões de obras de an, ou de dt<esto,
. -.... i1entaralll"'tlades de a'I, i
os que expe,.;_
tista, o seu "gente o seu edit
~~
'fllc:dq
u,o« · orno ac .
l.11•rir, e_ deu m livro o
u do guião de um filme
· ' a conheor, a sua dis cografica . o a bücaçao
descoboran, e deram oº••ce. ssa , o . de pu
porran to controlar os rneios decera
O
p sua obra - Procure , sectltic s9tiear.
erpetuar. !lrf•s, 'º%a,;,
0
que acontece numa carretra . Pre\'is;,, 0 nserv- ª·lo,,
os!JtG
UMENTOS NÃO MONET ÁRlOS DA vm,\ DE. ARnst
"
0
c,·a1 ao fu nc,onamento
. 1
dos mercado ed nuina orgª111zaçã . lllentt
· ªº
permaneça Incerto, Para estimular a ino,, - qo,0, e••~ mos entender agora como, ao mesmo tempo que e .
. s as reputa
_ Çoe, '" "· pod e . _ . . ontn-
cnativa
. . do trabalho e não desanimar coneaçao, 'ºnsen,ar aditnen 0 e,,,, , . ara o pr estío-10
o- social das profi.ssoes .arnsncas e para a mao-i
<:>.a d e
. , . acavidades
. . orrentes e novos candidasao bul P_ d ctividade tornado em paradigma do trabalho livre ,
tos. Para tornar viave,s intrinse upo e a , nao
urn_ . e idealmente
otineiro . realizador,
di ~ a inceneza do sucesso gera di.spa-
.
Incerteza .
dos resultados e a InstabiJjdade dascalllente
po . , tna readas Pela·
r·dades co nsideráve1s de con çao entre aqueles . . q:ue têm suces•o ., e
dado momento, um dos meios tnais '"1.lgares é liga s1çoes detid as num 1
aque es
ri que são relegados para patamares mf enores da pirâmide da
so nestes mercados reputacionais tnuito concorrenc · • lll!s.
to compro . notoriedade. . .
por os veredictos aí válidos dependerem do consulllo1 de '' Como dar conta do pro1ecto de fazer carreua em actividades
o,1c1os
r:- • ou a organizaçoes
. . são lllais ais
~ on d e as carretras
e Volát .
massa,
segu,,,. Éa nte
atrae s mas arriscadas? Logo nas . origens da ciência económica,
esquema da cobertura do risco individual da inovação peU tnultio com Adam Smith, uma explicação doravante clássica combinou
-actividade ern empregos e métiers abrigos, Já voltarelllos. dois argumentos: por um lado a tomada de risco é incentivada pela
Por firn os talentos não seriam tão bem telllun«ados" esperança de ganhos elevados (enquanto que um cálculo somente
, ' baseado na remuneração média obtida no exercício duma activ -
corno já o dissemos, as actividades em questão não concentrassem 1
en, si urna procura muito sensível à diferença de qualidade eno, dade artística seria dissuasivo); por outro lado, um con1unto de
gratificações não monetárias - gratificações psicológicas e sociais,
condições de trabalho atractivas, fraca rotinizaçào das tarefas, etc

90
91
I l / 11 /1 1111 11 11 1 1
1 111 111 · l111 / 11 11
/ I ' 1/ ~ I lt / I t
1 1/ / 1 1, 1 1 f ,., i,
1 ' Ili 1,, 1, , I& I ,., ''•, / .. ,,,,. v
" '" 1 1 111 / 1 /1 11 , 111 /11 r l llu ,, ,.,0,,, "''lJ)
sacrificar mui to pc:\o exercício d

~
1 ,, 1/I111 , , , 1/,, ,/,,, 1,,,,,,,
111111111 1 /t-1 1 •/~ ,, ' ' " '",I,,,
., ,,,, ' ~ , ,,, \, . n as que. esta Ih es
• d everá trazer a sua arte e
1
1 . 5 ac eitarn
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I
1• •1, . 1)--:~,'-=-(, _"Ctj
t.. . ,.'<I~., fi 1
1 . ,:1. f roes _ da v1da de artJsta assim construid -
111 '-

"', {1✓,
,,,.d, . 11:.i ·s caçao a lustra um
l1/ 11
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l i/ /i /11/ 1/ 1 / 1, l /1 / 11/ I 1t I /1,1,J, Íf 1 11 r/ 1~/r, _
;,. </tJ;i',t;:
-.,, \ lf~;i.t"t:1 11 1
,, .• ~:,ti prcscn do de trabalho: aquele onde as CUrv 1d e
.111~ /\ rc erca as e Otcrta

~ ,..~
' f V /1 1 ~ 1~ ,(~ C;i.r1
lr;., /_,,_,,L 0 o f11 d e onde os montantes dos vencunent
os re\au-
.
1 l i /,, / •1/ / / ,/ ,,/ I• ' •t ~(I' 11' 1.rc_,
J '1 , / / flf/ ,' ,/ J .11
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1
. . 1•da e .
1 111111 11 111 11 1 / 1 1 1 , 1,1 , 11 • ,/ ,11
1 ~'· 11 L«: r"-(. :.,,P<::tc:
;✓ 'lc1.a.,~
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, , I/ I I /1 , , , ~" , (J ri,,:
......_ fJ:i_ tlJ r<::,est\Jrj()s· •1 Qr 1 , 0 \Jfl' ,\astJC _ d s unicamente pelas condições da ptocu
,na o ta, s
- <1~ e 1;~1).~s,_
11 .,,, • f1l e e . d .
11 11 1/1 1, l1 11 /1 ., 1,/, , / 1 ,,1 11 1,' 11' , ,, , t · ,,,,, 1
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,1,u - 0 e; ·d s pare cem benenciar e uma tenda, no sentid 0
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1 ·~ "i,, ' ' , sa r c C1 o-
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fl'lo : a
sua espera mais ou menos \onga pelo su
Jo ter 0 em termos e sacn. 1c1os
d . f' . .. .
matena1s por vez
cesso,
JH ,111,, i/lJ/ 11111111,1 ,1 in, J , l ít 111f1, , "' ''-'a¾t-~
' /.t :rJ t -fcJI ,1 '-'-4.·c1~·:1
C() i-,., Petê
t'tiel) t()q
'11,l ' cri· . 0 . . es co n -
o
1
/11 11 /1 1,1,1,11 , ,11 ,1 1 /1/11 ' l t, 1:. 1/JJt 11, -i,/,i,, .< 4-~ t :ir. <:fa11,
r,. - (:Stn
"'Jti~ . . 11t4 t~t.
(:hiet· .~ fl . ,1}Jc prero .,. pag, demonstrado a postenon que tenam . aceite conserv ar
o aJtº .5 tera
•ve1 , . ·da e = d ,.,;nda que por uma . retnbuição muito ;"fe •
u, nor.
11 IJ / , ,/ '/,, / 1111 // 1H,1(/11 / ' ( /-. / ;-,1,,,, 1 I ( ./ ,JJ;:,r
I , -t, , ,yiis (: SI.J.botrl: ' ~ti.ita rL "<lStA I ltq
clt%
sideril a act1,r1 ...... unerados , que aceitam durante muito temp
sfll b m re,.. d . . - o
111 " 1I,/,, ,/, , /, • , ,, µ_;., 11 ' " r ', , ""', ' ,,,
1 h, ,:"lue1,,
' "Y,,J"J/d,, ' qu,, tê~ s, p,,"
"'¾lo ' 'si'•' a t:l'le(lle oosdi :ao em vez de mudar e actividade, sao logicamente
, "11, 1\ ;r" 1,,, , , , ,, •/1,,, 11 • ,1,
.
'"•h,,.. J na<) S<: -
, ra, ao i;_ ·•1 s4«...,4€Jo .
os va'00 Ç araracionalizar a sua esco a, a trnputar
lh -
. a mediocri-
t > ,,11,11 1,1 ,, n ~ artLstica autentica:i
d :,l'l v~n ,:u,én§·--ra..<J • •t..1n e a cc1b()· A a sodüzidoS, P_ s1tuaça - 0 fundamentalmente a. uma cnse endémica de
'I'" ' 1, '//, 1' '"li,, /,/,, " 1'ª"" dn,.., cnc•ntarn . l1as
4f) mo ne-t:á ' é tão. 0 )q co da sua rno eultural: serem econorrucamente marginalizado<:.
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d de _
111 11 • 11, 11, / ( , / 111· ,, "'K~ rntn,,, P<>dc fac"-- il _ 0 ,onsu inião, a uma procura globalmente muito baixa,
- • doPode'a,,
ento tde0 1º&>co
1 1
bi11" sua op di fun - d ·
e-se, oa . e tação da mesma s çao a sociedade, às ptefe-
• /11 li~"\"" """ d II. n cnH<-' " • nã,, rnonetá,.;.,
=nenteT de,;_"ar Pata 11t--
"'bali de"' afllles · ld d
11 ,,, ,,,,/" , ·111 "'li"" na,, ou, utrª d Orn
0
-- r, perfil tnédio das r
'~. a1 e o caso 9"and
... <1 ab.0. s coflSUmidores, as qua.1.s, mo d a as pelas
. forças do mer-
las d esl•gualdades_que .fun. ama sociedade de classes , se
11 , ciaS
reo .
, , 11l1111g" ,1,, e II rrt t.ra p t<, fi ssionaJ, rnas a realidade d e,. esp,,a;,,
ernuneraçõ oe do e pe muitíssuno limitado de obras e de arustas. Este
ca ' !lúmerO .
d 11,, 1·, •11,//11 Jn li,,., observada para urna dada Pop disl:tibttiçà ~ª fj_){art1 nu_ rn todas as virtudes de um sistema de defesa contra
u1açaodde "ti,.,,,
1111 , 11 d/ 11 w, e,11 no e, fteq uen te na percepção corrente , uco tem - d B di A .
. 0 d,iagn°s conforme a expressao e our eu23 . p01a-se com
0 d
encanto, , · f d · d ·
, /, '" 11,. 11·.s 1" , , , , m,ve1 de rern uneraçao
~ tnodaJ, registado noª condi\ao- es ta levian . dade na histona para azer o msucesso os arustas
. '/ . ~- I fc . - .
,/,., ,,., >111ç,,o ºº< e os e ectnros sao rnais numerosos. Ün,a estrato •e d' ut:11ª cer to uma 1e i eterna e eternamente consoladora. A história das
al
e, 111,/iç,io desta maioria . . te1ativa
. d e atttstas
. aparece geralrnent z que a de t en guramente um grande número de exemplos ilustres
s oferece se 'd . 'd . l
, . so, t ardiamente foi reconheci o e CU)a V1 a matena passa
arte. e1110
111cd/ocrc,
11 · quando comparada com as qualificações . possuidas e~
ecotno
g 'd - difícil quanto a exaltação criadora foi grande. Mas,
cuJO te
, , "rgias gastas, tem de imputar-se aos artistas preferências e capaci. por r 51 o tao
d:itit·s tais que pareçam motivados essencialmente, quando não ex.
dusivamcnte, por considerações não pecuniátias. Ou dito de outr, 2, Pierre Bourdieu, "Le marché des biens symboliques" , L 'Année sociolo
gique, 1971, 22, p. 49-126.

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desporto alimenta abertamente, pubüc;taria.r,,
compras e vend as d e " act:1vos
. h urnan ,, e ente , a cr . diferenciada de obras, de espectáculo s e de
05
dos lotes, palmares, dos super-sala.nos,
, . Illas or:n 6 l\i'"<t ¾
qlla tarj_f:as, tl:l.ci . ari~.roent~ dade . Conhecem-se desde há muito tempo os
di _ ,di.!l otorte 'd l , . li . .
evidente, a con çao s alan.al vulgar da qUase to . <>""tl~''-
Se lll.lJ::i -tP1º s àn onstinu os pe os prenuos teranos, os con-
~' ·dato alento e , , . , . . .
que a miragem dos super-salários Pôde incita, at:ali<la.Je <!ao¾, ó c#o! os de t . . de interpretes de musica class1ca, as dist1nções
. ma os eesar, , M o,zere,
b 5
da. Motores e ene fi aanas . , . d a tn
. fl ação dos .,.hL entt,.~ - ¾ ill~1""
e " ,o!l
c\Jrs
;,...cefflacional ,.. 5 ept d'Or, Oscar, Grammv
os v- . de Clfle ' . . . , -- y
concorrendo desenfreadamente para a obtençã o~~.10s, doas 'e!<>;,, CJttj, , iits festi-v-ais. da os prémios Nobel, aqueles distnbwdos pelas dife-

=
transmissão, investem no emprego precário de J,,_ s <lit<ito,':;•
0
d05 ..,1,, o\l aJ.fl . etc. Distinguem talentos num universo de quali-
A JV(IT..... defI11as, , . . .
futebolistas
• para quem o contrato a Prazo fo1• '4..ll..O - a
cou~<'le <1,.
'lt - tes aca etências art1st1cas, uitelectuais ou científicas onde
de cotnP .
na medida em que os hbertava de uma dependência ProJo ta '"'¾ reíl
des e ~ . é suficientemente uitensa para que o sucesso tenha
mesmo clube a qual o s tena unpedido de realizar Por ~ <:i<:i da rrencia . .
~ ,ooc 0 _cu:nidade forte. ~Neste s~nt1do, se vistas~as _hipóteses de su-
no terreno das conttataçoes, _ a totalidade
. '
do valor de5Portiv lllobiJi<laq,
~
~a legt concursos tem efect1vamente a aparenaa de uma lotaria,
cancil d esejado; sim~taneamente, os cana;., televisivos •¾ . o estes cl ' . d .aliz
c~ss do talento a imagem as~1ca a espea ação das qualidades
do do emprego precano rnats corrente, aquele dos técnicos Pa,,;_ 0
da . do sucesso correlaaonado com um capital de saberes de
quadros = . te . s . que em numero
" cada vez tnaior, . cotnple d~ ·a.o-vas e , . . . ,
cO f er e de caractenst1cas pessoais sufiaentememe rans pan
ou subsriruem os efeoivos peilnanentes e entram em coneoo,~
com eles. Maim significativo é o . facto d e, ~s fias ~~ ª1;:
5
:stinti,as e desejáYeis: a competição assenta em ,ário s faao-
se d sucesso , trabalho, talento, sorte. Os mundos anísricos de-em
da cadeia, no ecci como nos bastidores da divisao do trah.Ibo d res e - ~ - . .
- •
=~
,.i_ .• - .T
eStúdíos ua,
• -
serem os mesmos m ec-· ~ n.; ~
- -"-,mos l'onado,.,
Os olicitar estes o:es ,alores fulcrais para consegurrem da coocorrência
:ice:r-indindual o especráculo de fascinantes mas jusras d 0 ..iguakh-
~-us e o d~ ~ e: dos- técnicos intermite:mes.
de d ~ 'JUe <strnmr,,m o mem,,Jo de ttabalho dos ~ -
des de realização entre artistas que devem diferenciar-se do público
pelo grau d e qualidades e saberes que distinguem a 5ltl cr:i:.uin<lade
e a sua arte . ~!as era n ecessário que fosse generaliz-:lth a estrutu-
ra do concurso e da lo taria e c ontinuamente aumc:mada .1 qtnnria
~ DO GÉXIO:
~ IXDnJ:nc.il:JDADE CO~o CAPIT.u. AD~fi:R.ÁVEI..
social de admiração rese:n-ada a roda a espécie de vencedo res pan.
que fo sse in,entado aquilo que, de mane.ira polémica, D .1..r úd Bd1

~ ~ das lotarias <k, chamou " democrarização do génio'\ p retendendo J.Ssim douuu o-s

~ n:o--.,.-" ~ amplificar e "'-tÍcar até ao


;,.,,,,_ 4 cud,~ e a
excessos niilisus da ane moderna e o culto, pelos próprios :m ::c,--us.
cc~ J ,, ~ ;>ela difo,<ociação infinita dos COnteúdos e do,
~,
d a d esprofiss.ion.aliz.ação e desespecializacio 1rriscic3s.
O média dominante., a td eYisào, alarga a :ire-.1 de rêCTUu-
= '-'-" e . , _ ~ o - - c i s . É Oécessário aplicar uma m<s-
mento dos candidatos às im errniténcias eh notoriethde .:a tn~és dos
"'-""""""°"' de "!>'.-si,, n.-, ultnu., e na SUa exploração, a uma gama
rwliry-sbüws (a,enruras, pro,as d e sedu ção , co n~ s de jo,cns □-
le ntos, exibição de parricularidad es biogrincis e co m poIT3.IllcflC2is' .

96
97
e explor:1 os dcii:-- in,l.-rrcdirntrs ch·n ·
- · - ' · C - a Co .
segundo Rn~cr C:1illrn:--. r.1r:1ctni;,"rn . rnpettçà . . [.1 5
L
o ,rnrctcnci· .
,1 ~ (ÍÍs ic;p;
. 1nr cltc .
. ' .. . .,. os 1o - o e. --~, ,:- L
jogos cn:1111 :1r11hn:llmcntc condiçõ J gos en-i tih a. $<:ltt . r(L-11 1 ·. _ l , e :1t·,n1c·1·11···1·· Ll·11
· .," í1 t r;1cç~r, ) ·I tl.1.t1s· · ,.' ºCLlls) 1
, . . . . es Cie I t-'011 e' 1• '' ,-11<'" ·. 1-idc :1 org,rn1za . . ç;1<1 . de elef tr , alc,ii, n n , · k 'I"•
c1p1m- de 1u:--t1c;a tnH·rsos rnas cornp] gualdade Pu.ta8 ~~ ,
.,, r1
r
. 1L . · · rcrm inada<; . · 0 11
ernenra . seo,, · ti ·, l 111 1N,· íl• 11. Lktcnnin:1c . -1as ca tcg,,na<;
1 uccs:..,' ,icr1v, ,<lt'.. t< ,
perante :1 sorte quando nenhuma corn , res: igu I t- 4 1'\da t~ -ull)ll
1
. ,c~
. . . petencj a. da.d ~11 t'cf•'' ·t> ll VL't1cedor alcat (,nr 1 e r n cr,rnhtw,
cidade e rcqucnda pelo Jogo Ootaria)
. _
. ª nen-i n e Pa n.
, ou iguaJd enh s~ 1,.
,,r . t •)'.' > t 1 · • · ,, mecani, 'm " ·'
.. l\1> 1 -ib:illlP , :1 pers1 strnc1a e ,, mé •. mn,; da com
d1çocs do concurso, afim de que, nota Caill . ade Pe u.ll1a c.i_ l ·1•' t<· íl\tll' ~l)• diz . n:spe1to . a um núrn nu,: 9ua d P<
·i· , · o,s O • t'ante [}._
i ' '·
(li. ,
r(.
..-,l ,
r·• f'º n :i cnn<;at,,,,
err) rnu1t
Í)
,. , ,,1\-
mob1 1z:1.r ao max1mo os seus recurso ' s Jogad ~se . r• • · -
)l'r1çao torna-se a1tament e ·10 · r, rcuu;,.1d<>
.1
. , . s, e fome Ores rin. . l, t
cerra. e "
1
test:1,·el da sua excelenc1a. Mas cada u d cer a p Posh ('' . r•'" 11 . . .
. rn estes . ro,~a. . '4'!) .11.•itt 1:-.·. · ' . ,a,.ücS c1110 calculo sr revela insuc . ma al9Utrnia de
limires. E verdade gue os jogos de azar e l0 gos te ' lf1con, l , .; t ' t. t . . . . nCJenre ' .
., l1~.I · . 1 . •p ct: tlVOS (qualidades tnclividuaic; _pítra clanfic:ir
. d . Jd d . 01erecen-i tn os l, ' ct:; ro , . -- . , , , pres,;,a,> da -
u~a . to1:111_ª e 1~a a ~ ra~ical perante a Sorte
1
aos tndj\i seu1 ( 1~ r,1p ' l:1dc das ~\V ,tltaçocs t: das composicr.>e) d . Sltuaçao,
.,1t:idt . . - ) . _ ·
0
e np1ru • -
distnbwçoes mutto des1gua1s das hipótese d ' que a rea.]jd duas c1>t11 1 . nas à cornpettç,10 tmpoc então a 5 1 . t\ tnHu-
e pelo empenhamento lhes recusa. No ent
s e suce
sso Pelo tr b ~s
ªde d • <; t:.J{tt.:f
êf1c1:1. , ttS ou aqueles que apostam neles p<xl
ua e1 <la Ln
cen_e✓. a. O,
- . anto as pr b . a alh cof1
corrcf1 ·rnprar ou .m f1 uenciar • . os votos aum em tenrar t
: orçar t)
ganhar sao demasiadamente fracas e a passiVI.d d O abilidarj 0 tiflO co , tntar an1ficialm
, . a e de . esd dcS Í\'e 'd ªs performances,• drogando os cornos _ 1:nu:
de para tornarem poss1veJ uma identificação dur lllas1ad 0 gr e -, ou rnampuland 0
. _ f, adoura gr . an. o entes 1 (r1.unores, profecias que alguns tentarão 1 as
com seme1hante s1tuaçao: a abula do Iavrad ªt:Ifica O .
. . _
omdr aut(}--a,·alia-
. . . or e dos s nte rtl tentativas de contro 1o dos canais essenciais da f _
não diz outra coisa, na medida em gue recomenda a eus filhos doras, · . ormaçao das
- as , esperanças de ennguec1mento
. . ões), as sempre, . . o. 1mperauvo da justa concom:ne1a
. . deve
totalrn desconfiança
_;
em relaçao aVaJJaÇ 111 d ..
1
,
e defende um sucesso gue sera urucamente O produt
. ente aleat0..
. 110 es orçar-se para corrigir . . tais envas para . a competiç-ao conser\'ar a
?6 l , . . o denv d f
sua e dihílidade, utilizando
, . para o efeito todo um con·1umo <l e tec-
.
do esforço- . Pe o contrano, os Jogos e os torneios de ªo re
. s - garantias deontolog1cas, surpresas das escolhas ciemonstran-
. . . competi , 01ca . ., .
agonística exploram desigualdades de capacidades na ba d Çao do a independêncta dos 1uns, controles das perfonnances e dos seus
' se eum
igualdade formal de cada um perante as regras. Mas ningu' ª
. ern pode
satisfazer-se durante mwto tempo com o empenho do simples rné. ~ de maneira g~aciosa: "Logo que tenha idade para
rito pessoal, se os esforços e o trabalho não compensarem as defici- reflectir, cada md1v1duo percebe facilmente que para ele já é tarde e que
ências que advêm de uma distribuição muito desigual e penalizante os jogos estão feitos. Está fechado na sua condição. O seu mérito talvez
lhe permita melhorá-la, mas não escapar-lhe nem mudar radicalmente
seu nível de vida. Daí nasce a nostalgia das trajectórias não lineares,
26 Jon Elster analisou a fónnula paradoxal do sucesso inventado pela fá. 0de soluções imediatas que ofereçam a perspectiva de um sucesso súbito

bula: o sucesso só é descoberto por quem não o procura directamente. mesmo que relativo. Parece pois necessário recorrer à sorte já que o tra-
É unicamente um by product do empenho no trabalho e na actividade balho e a qualificação se revelam incapazes de consegui-lo", R. Caillois,
produtiva. Ver J. Elster, Le laboureur et ses enfants, trad. por A. Gers- Lesjeux et /es hommes, Gallirnard, 1967, p. 22 1.
chenfeld, Paris, Minuit, I986.

99
98
af.istaJtlento dos batoteiros, inquéritos 6
autor<', . so re
uvt'do'º'
• , escândalos
. , . pu11ficadores
. _ e provisoria
. mente os sue ess
erc. prémios füerartº'• cornpeoçoes
dr , . di . desport1vas
. , concursredentOreo,
idade tais corno os rnedia. au ovisuais os estào sempr os de tel s, CAPÍTULO III
- -ecern fl[ernplos
. cornbmados de agô11 e aka, que alim
e a inve nt:,e,
b ,., . ,.
vederisrno e urn ,rnagtna!1º
. ,do lsucesso por delega çao
- tà entarn llllJr, • a'l'f:S: J»lORATÓRIO DA FLEXIBI-
t0 ¾Tia f.S IV' · LIDADE
e tào comummente ,rnprovave. ' o Pró .

O trªbalhº artístico é organizado segundo tr'es modos . .


_,1,., ern empresas com pessoal a temp . . pnnc1-
. . o tfll ª'" 0 o tntetro com
aJS· 110~· b.,.f'lual - orquestras, teatros líricos ' companhias t con- ·
tfat d bailado, sociedades públicas de produça~ di eatrais,0
P ..nos
0 p e
1 . o au ovisual·
cO•r b=º ,h w ,~terrnitente ao pro1ecto ,com. contratação temporanae . . pa '
0
ti" à wefa; e por fim, a cedencta contratual de u b -
~rllent - . ma o ra ou
o..-- :.-r1eoto
0 de uma prestaçao de serviços a um ernp , .
fo,:!Se<:»" . · • • . resano cultu-
,-,, /,..,:ilerista' editor...). A dinanuca das orgaruzações
_1 u;- _ . e dos mercados
:,tUS, u·cos rnost:r11 _ que, na. esfera
. da produçao
. arnsrica propnameme
.
,. a integt"çao das acnvidades no seio de empresas imponan .
wta. ., l e d tes e
boje dificilmente viave 1ora .os sectores maciçamente susremados
or ajudas públicas, e que se mstalou uma "desintegração vertical"
~orn as suas caracterís~cas de especialização flexível e organiiaçã~
e.rensiva da cooperaçao entre pequenas firmas que inren·ém nas
diversas etapas da divisão do trabalho de produção de produtos
complexos e sempre protótipos.
Da mesma maneira, as empresas trabalhando com criadores
independentes - editoras, galerias, produtoras discográficas - são
pouco integradoras: não só a sua matéria-prima, a obra, ttm dt str
adquirida contratualmente, num mercado concorrencial, e á cusra
de transacções instáveis na duração, como ainda grande partt das
funções e dos serviços que a produção implica pockm ser dtlei;,·

101

l:. :!C t'. ',1 !., 100


~
1,
, _,·. , - f li- r.,/ fl
J ,. ,,
. afíleoto? É aqui que surgem as repartiç - _ d . .
dos a indivíduos trabalhando em free-lance ou a em vf'lc1ot1 . :1;d de oe, esiguais do
, . d . . presas e Jc f flePbu.i a .
Grandes grupos cem vm o a constm11r-se, mas as e X:terj()t e.1,1stº da
0s e......iprega dores querem .po der utilizar li·vremente uma
. dim - . rnpresa ts 1"
nats de pequena ensao continuam a ser numero sas e e s. artesa,,·
. , . . .-<ra de pessoal para reduzir os seus custos d
,eso • . . . . e produçao,
_ e
grande vanedade de estrategias no se10 dos próprios Xlste urn 1arf.eiar0 dispor do viveiro
.mtegraçao- comp1era ate, ao contro1o de uru·d ades aut grupos d . . possivel para rir ar o melhor
mais vasto
· ' desde a. ,.rtl·do da variedade as competenc1as e dos talemos· ,,,.1as nao
de5 _ es-
_ . onornas i:.. a
nando como centros de produçao e de receitas indepe d •uncio, P- !Jlte
. ressados em custear
significará por si só que os aspectos industriais e artes: ~ntes. 1a.1 fl . .uma
. protecção dos assalariad os contra
: 0desemprego- _Ora, a . exibilidade exigida por um sistema de orga-
coexistir numa mesma empresa devido às característic a.is P0 det'tl ~ ao pro1ecto ena um forte desemprego temporan ' ·0 .. em cada
as espe .fi .
oiiaça , .
da produção cultural. CI ca.s
nnte0 numero de quadros, de arustas de técnicos de op , ·
iJlstw , O. . . .' , eranos
,lisponívets deve ser mwto supen~r ao numero de empregos atribu-
O
ídos e reparndos entre as produçoes em curso, para que Jogo das
FLEXIBILIDADE DO TRABALHO,
redistribuições rápidas de pessoal em projectos de formatos muito
VARIEDADE DOS TALENTOS E SUBEMPREGO
variáveis, possa ter uma certa fluidez. Esta componente estrotural
da flexibilidade impõe aos indivíduos alternâncias de períodos de
O trabalho em free-lance e o _emprego intermitente, sinónimos uabalho, de desemprego indemnizado, de desemprego não indem·
de hiperflexibilidade contratual, 1ncarnam uma das condições da. nizado, de procura de emprego, de gestão de redes de inter-conhe-
"perfeição concorrencial": contratar e despedir consoante as neces- cimento, e de multi-actividade dentro ou fora da esfera artisóca.
sidades, sem barreira nem à entrada nem à saída, com custo zero na Para serem viáveis, estas situações de trabalho devem com-
prospecção como no despedimento. Os mercados de trabalho mais portar soluções para cobrir, mais ou menos eficazmente, os riscos
flexíveis dizem respeito geralmente aos empregos menos qualifica- ligados à actividade ao projecto e à concorrência pela inovação. As
dos, onde a simplicidade das tarefas permite uma fácil substituição soluções observadas em diferentes países fazem muitas vezes apelo
dos assalariados. É o que se designa muitas vezes de mercado secun- a um conjunto sofisticado de regras e de acordos colecúvos, e à
dário do trabalho. Ora, nas artes, a flexibilidade tem de funcionar edificação de instituições de gestão e de previdéncia. Assim, nos Es-
também em actividades fortemente qualificadas onde a substituição tados Unidos, o esquema de remuneração dos artistas empregados
dos indivíduos, embora sempre possível, vai contra os princípios pelas sociedades de produção cinematográfica e audiovisual" faz in·
estruturantes da actividade, na medida em que nesta se valorizam tervir mecanismos reguladores e negociações contratuais colecúvas
muito as diferenças (de talento, de experiência, de aparência) mes- organizados pelos sindicatos dos trabalhadores e os representantes
mo em relação a empregos que não sejam de primeiro plano.
Podemos então falar de um mercado paradoxal: aparenta-se d stry
Ver A. Paul e A. Kleingartner, "Flexible production and the transfonn'.;
d
com o mercado secundário pela flexibilidade da relação de empre- 28
944
ªº
tion of industrial relations in the motion picture 662
televiston
678 ,o u '
go, e com o mercado primário pela natureza das qualificações, os /ndllstrial Labor and Relatiam Revicw. 1 9 , · P· - ·
salários e o valor atribuído às competências. Qual é o seu modo

~
103
102
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, . , 1.; t1Jrrr..;IÍ2 a,•~r."'; '" ; ~,,.X& ,:;r.7 . i:--.~ '.: ,.,:
1
;,1n. ímir1m:11:-, d1: dirt.:íJt r., prfJpnn.i,m;,j1-; 'At )1'; r en, lítn~n J >1;;,nt,11,. te~#< . >'"'' '"' r j<1, c1JJª t~.:t~. .h11rnna
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pd~ ezpJ, ,rw,'AJ ; J ;, :-; <Jlmt1'> ;,w J111 vhu ;,J ..,, / );,1.J,1, a dírn1,;n~ J tn ,1ui>t ~ 1, .; rnm1.ran.Jo a (JU~.J,ficaça11. 1,, m~ ,)11t ra fl'~n1, í- e....,,~.,.,'-- 1.
v,rc·,, V' 1
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- , · , · , J/J11,i
culJ1Jr;i/ f, 1r,~i maf» u ,m m v<:11» p r 11p 11rc.:11 ,m1,1:1 a. d1 m (; m>i<> d,J1'i nn _ J)ci;dc h á vin te an()1o,, <J omjuntn d<1 r;<;CtJ ,r dr" ~ pttr;J.Cuk~
. . , <:r
ç íU.J' Pi dt.: e:xJ>Ír1ru;?i.JJ, n,1 rci,,p<:Han t..<.: ::J. t.<: ra irn c:<,m1,, n<:.nt,- 1 , cvoluíu fYJ.ra um n..:cur~, crc;1;CCnt.t: a.t l1i omrratJ rí dt curta Jur~ , e
~ , ,,
1 ...._, 1A) t ~-~
(1írmufa 1, cv, 1c;,m a.1'1 m 1 1,b.Jui~kh u m t.(;m p, rra,n1.:a.t> d e rc.;n, un(.;.r•, •%
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;, ;ml,ricaçãn cada vez rnaí, frctJ""""'
wrrc t-mprcgo r.-muncr;.i,, ,
a v~rJ,,.., nfv<.:Í,-,; uma l >'✓t1->c fixít, umíJ. p~rt.(; va.ríávd índí víd u~tlí%;i,d: . dc~<:mpn.:g" ín<lcmnízaJ (), para ,Jl,rcr <Jnívtl de Rexib1!Jdadt: t":Z4'9du
u11Ja JY,trtJ.; J(; ín t.cr<.: foi;x: n<Jti IJ<:ncffcí, JH. ,, t: p d a n atu r<.:za <la pmcJ uçãn cJ{)~ <.: 1,pl:Ctáculc)l; e Jí, por ili= uma rt,;,crva
1~m l 'nm<;~, f) Í', dí ,-,r 11:~Í IJ V() "1 d<.: prtJl (;(;.(;i{() /(Jfn íi.(T) ,~tml)(rn Jc mãn-de--(Jbra Jí i,pfmívd a <.:a.Ja instante, para 0 1n lL."r rJ aurm.-ntr J
,,utr;i ,-, forrníi. r;, J~m ,1 wt1W J 4u(;, n;,i m ítÍ()r parte JH1ÍH<: H, ,, tr,t/Jíi.ih, d,,,, d()!i cust< Jt, de pr"<l uçân dus 1,; 1,pcctácul, Jli) para ~ aj u, c.ar a 1:xpan.,ão
1 1
<:1n / rt:1: hrm: para um a. m ultíplíó dí1.(.J1,; eh: c.:mJ>rcgac.l,Jrc.;i; c"J,,ca , ~ da i; uhc< mtratac;ã(J, e para co;pc<.:ular c1mtinuam cnr c y1!.Jn: , 11 n11 v rr,
1
;, r1 í ri ta, I) nu rn <=M íi.t ut/J d(; <:mpn.:w, ín c;n m p a.tfvc.:1 <.:()m w; dísp<ndc/>c~ talcnu,i;. D aí, um resulta.d() parad();,;al: '>cn:1,cimt nto do trnpn;~u f,,1
d ,J,., nulJti ídí,>"1 d1.: dcl'lcmpr1.:_w, p r0prÍ<1 1'1 J,, ~lílo/afarí;.,,d'>, ne,;r-e p:-tÍH, 1 a<.:ori1 panha<l <> por um cresci m ento J" J e1,emp rcgo ínJt mnizaJ1J.
1
1rn }J;i /f1,, ÍrJt <.: rrn ítcnt c é al'iHÍm í/,.u l,, 11 u,n;.i m()d;ilídade de alílíal;.1 ríad, ( ] uai é ent ão e, impac tu J a rr"cura Jc rrabalh(/ 'lt: L-x prímí r
1 1
<.: f)<.:nnítc ~ 1ud<.: H4u.c Mtl ÍHfa%c111 () H c:rít trÍ<>H de d cgíl>ilidade de.: Hc.: • prínd palmcnt c cm tcrmoi-. de cmprq~u'í Je curta Juraçã , , contrata
rcm índ 1.:1n1JÍí'.;.i1J,J,,, r><.:}(),; pcrÍ<JJ'Jlí de deHetnpreg<> dunív <.:ÍH<Ju , inaí~ ç~i<> ª" projec to, <.: "mpras de dir<.: Ít<JS ligado-s a 1nc() rpnraçãu d,1 rra
f n..:,1u <.:t1l <.:rn <:nt <.: , Ínt <.:r,., ,ÍCÍ;..i ÍH%'1• l,alho numa ohrn (livro, composição mu<,Ícal, _L,tUla" , d e.):' <> aurm:n
to do número de arri stas, tal cot11<, rcpru,c ntad,1 n" ~ rr.:n.: n'>t.:arnc:n to~
1
ou nos ín~u érí1os solire o ernprego "', <'"'
1,,ngc de corrc, punJc r
'J •, / M. Mc11gcr e Marc Ciurg;md, " Work :md <.:1>1npcmmwd 1111cmployrncnl

í11 tlic pcrformí,,g :JrtH", V. GínHhurg/1 e I'.- M. Mc11gcr (cdN.), Hconom/( ·,1'
;,, Segundo ' " dudos do recc11scar11cn10, o número de art• •"" ern França du-
o/lhe Arl.v, AmHtcrcfam , North l lollí.lnd, J 'JW,; P.-M. Mc11gcr, "l ,cHi11tcr-
míttc11tH du Hpcc.;i:Jdc. CroÍ HHéJllc.;c de / 'cmp/oí cl c.;roíNN:mcc du d16magc
pl icot< cn Ire 1')82 e 199'1; no sector da, artes do cspcculcnlo, conccnl "' ~•e
índctnn ÍHé", INSHH l'rem/ém , 11' 1 5 J O, I 997. perto de urn 1crço dcslcs ,111i.,1us, os cJCc1ivos 1<1rarn rnullipl icados por 2,4

105
104
....-::::;a,,..
..; ~
,~-thol.l, e de iogarlhcom toda a gama das possibilid ades abertas
a um aumento equivalente do nível de actividade. o · di , tíiv~
. in cad 0 jl:l . erdade de esco a entre a segurança fomecid . _
demografia profissional baseado na contagem de indivíd t de li l!P . di 'd . , fi d a pelas hgaçoes
. _
auto-identificam como artistas de profissao revela um
uos
91.le se
pecorre"tes a U1 V1 uos . lª rma os, e o ""'ª
risco li,-,. d , d
o a escoberta de
reo<ºs talentos. O. arttsta desde que seja suficientemente solicitado ..
a cena
biguidade: se o volume de trabalho aumentar menos r .d ' ªtn-
. ap1 ame o&sPºe ~ de urna liberdade . formal da mesma natu reza.. a gestao _ das
do que o número de artt.stas presentes no mercado do trab nte
iOcer eias da sua carreira passa, para e\e também , pe\a dosagem das
concorrência intensifica-se e leva a desigualdades crescentes alho, a t
ugaÇ
. ~ es recorrentes e daquelas, que . são mais ocasi anais. · Esta sune-
.
maior variabilidade, no tempo, do nível e dos ritmos de acu· .'dª lltna 0
vi ade . e}(plica urna das caractensttcas deste mercado·• a estruturaçao
trll:l _
tudo somado, a um racionamento do trabalho para aqueles u ~ e
. .dade entre s1·31 . D aí, a alternânc· q e sao. Jas associações de emprego pelo nível de reputação evocado no
chamados a partilh ar a act1v1 1ª tna1s
frequente e paradoxal, num contexto de crescimento da actividad capítulo anterior. . .
No entanto tais associações nunca excluem comportamentos
entre sequências de trabalho e sequências de inactividade ou e,
, . d " _ ,, . .d d d entre o:iais prospectivos. Na medida em que o empregador não é de ma-
tra balh o art1st1co e vocaçao e act1v1 a es e complemento.
neira nenhuma responsável pela carreira que O artista tem de cons-
De facto, as empresas e os consumidores podem beneficiar
n-uir, contrato após contrato, as contratações que efecrua nunca dão
da variedade crescente dos talentos, mas é à custa de um nível eleva-
àqueles que são contratados por um tempo curto qualquer garantia
do de subemprego ou de desemprego, com uma variabilidade acres-
de segurança. Ele faz assim um uso pleno da outra dimensão da
cida nas situações individuais, e de uma desigualdade crescente en-
flexibilidade: a procura e o recrutamento de novo pessoal, para tirar
tre aqueles que tiram proveito da sua reputação para trabalhar mais
vantagem da variedade de competências, das diferenças de salários
num mercado em expansão, e aqueles que constituem um elemento
entre profissionais com antiguidade e reputação diferentes, e do
complementar num sistema que procura em permanência a flexibili-
sucesso potencial ligado ao lançamento bem sucedido de um artista
dade. Isso tudo com uma incerteza acrescida em relação ao decurso
principiante ou pouco conhecido, podendo evenrualrnente manter
da carreira, se a especulação sobre o talento conduzir a sucessos e
estável, durante um certo tempo, urna parte da sua equipa assim
a reputações mais voláteis. O recurso a trabalhadores intermitentes
tem, por segunda particularidade, o efeito de dissociar radicalmente reconstituída.
A dimensão do viveiro dos indivíduos contratáveis aumenta
o destino do empregador e o do assalariado, constituindo a relação
com o jogo das apostas especulativas dos empresários culturais em
de emprego um quadro efémero muito pouco constrangedor. O
jovens artistas: geralmente menos bem pagos, mas fortemente ern.-
empregador fica livre de recorrer ou não a indivíduos com os quais penhados no trabalho, estes aderem à procura de renovação enu·
tida nas artes onde os critérios de idade e o ciclo curto das modas
31
. . f • · , · do segmento maioritário
Ver em anexo a descrição e a análise dos volumes de trabalho e dos ní- coincidem com as pre erencias versate1s .
veis de emprego, e dos níveis de remuneração e de ganhos nas artes do do público (o público das salas de cinema ou dos discos de va-
espectáculo, entre 1987 e 2000.

107
106
tC) J.
A APOTEOSE DO PROFlSSlONAL
riedades recruta-se maioritariamente entre os 12-25 an
· , · ' · - d d · os). 1--[a
apoios pubhcos a crtaçao po em repro uz1r estas assimila , s C)s auto-emprego,
' . . , o .Jreelancing e as diversas farmas at1p1cas
..
juventude e capac1·dade de mvençao
· - quan do o ciclo
· d Çoes. efltt:e O ,,\ho (mterm1tenc1a, tempo parcial multi.
. - . as inov , rra .. . , -assa1ana
. do...)
estéticas é ma.ts breve e a consagraçao pode intervir llluit
. . o Cedo
açC)es de un . b.ern as formas dominantes de organizacào - , do trabalh 0
carreira: como mostrou Raymonde Mouhn para o mund 0 d na 1
c0,,05arte s • De facto, a esfera das artes desenvolveu quase to das as
. as
plásticas, já não é raro um cnador obter uma retrospectiva d artes
forf11ªs f\er.ívets
11..-5 · de emprego, to das as modalidadeº d
. . ~ e exemc10,·
obra num museu contemporâneo antes dos 30 anos, sem a sua "lho (desde o mais estreitamente subordinado ate· ·
, . . que est do trab " . _ ao mais
consagraçao seia no entanto uma garantia sobre a continu , ª ütónomo) e todas as ~ombmaçoes de actividade (da pluri-actiV1-
. açao d
sua carreira. a ~ade escolhida pelo c~1ador de sucesso à p\uri-actividade forçada
Assim, os imperativos funcionais de flexibilidade não e:x. . do criador que financia o seu trabalho de vocação através de acti-
. , . .- d d
can1, por s1 so, a constitwçao e uma reserva e mão-de-obra
Pli-
. , . nem vidades de subsistência). Quer a ironia que as artes que, desde há
as apostas especulativas no talento. E preoso mencionar també dois séculos, têm cultivado uma oposição radical em relação a um
os ganhos que os empresários culturais esperam obter por uma rn mercado todo-poderoso apareçam como percursoras na experi-
Va-
riedade perfeita de talentos e por um ritmo elevado de renovação. mentação da flexibilidade, ou até da hiperflexibilidade. Ora, tanto
Terceiro factor que actua sobre a multiplicação dos aspirantes nos Estados Unidos como na Europa, o emprego sob a forma de
a artistas e sobre a intensidade da concorrência inter-individual: 0 missão ou de contratação de curta duração desem·oln-se, tam-
1
acesso à iniciativa empresarial tem um custo reduzido num sistema bém, conforme este modelo32 , nos serviços muito qualificados - a
1 gestão dos recursos humanos, a educação e a formação, o direim,
de organização ao projecto, na medida em que os custos fixos e as
imobilizações de capitais são ajustados pelo nível mais baixo. Daí, 33
a medicina .
o número muito elevado de empregadores e o seu rápido aumento
num sistema de emprego hiperflexível em crescimento: uma pro- A evolução da produção cinematográfica em Hollywood. com o des-
32
porção importante destes empregadores trabalha muito ocasional- mante\amento dos estúdios permanentes de produção int~grada. é s~m
dúvida o exemplo mais comentado: ver Michael Stoq,<r. '·The nansition
mente, a dispersão dos níveis de actividade e da antiguidade no sec-
to flexible specialisation in the fi\m industr{. Cambridge Journal of
tor é muito elevada e a demografia das empresas tem características Economics, 1989,13, p. 273-305, e Rosaheth Kant«. World C/as.<, New
de flm1-over que a aproximam daquela dos profissionais empregados.
-York, Simon & Schuster, l995 .
Uma população de empregadores muito heterogénea e com uma Ver por exemplo Peter Cape\\i, The New Deol 01 Work, Boston, Harvard
33
Business School Press, 1999; François< Carri e a/ii \eds). No11sw11dard
forte taxa de renovação, relações muito fracas entre empregadores Work, Champaign, IRRA, 2000. Para uma comparação internacional re·
e assalariados: tais factores contribuem para aumentar o reservató- cente, John Mangan, Workers WiJ/,001 Tradilio110/ Emplormenl, Chelte·
rio disponível de mão-de-obra mais rapidamente que o volume de
nham, Edward E\gar, 2000.
trabalho atribuído.

\09
~ I
108
~
/!!_J
,,s os riscos <.k op<,rtuní~mr, cr,mru,nam'-·nt
lhªd o r"'' ,,.
\
... a nr, trana-
l

o espaço do
.
trabalho organizado tm profi ssões (
,
.
trad1cj t!abª incertezas dtcorrc.:nt.e?i da <.-. v<,luçir, d:i.5 C<Jrnpt1tncias. Ma._"-
nalmcntc.: concc.:b1do como um espaço clc.:scontmuo: as prf)fj __(>
. . fi .1 • , . iss,)t t110, ª~ ~
d'15,tJOǪ 0 entre organízação
. ,
t mc.:rcacfo ni11 f:. t\tática· C<)l< , ,
. • ){af d
são descntas como um coniunto 1xo ut caractensticas; os tr-h s
a '!ta.O ~ (.la eficíénc1a organ1zac10-nal,
. _ .
dettrmínar ,141 rw-rfii " ·1·\ ., •
r-- - , ceai~
lhadorcs são principalmente identificados pda estatística públ' _'' ,,_
, . . d 1· . fi -
emprego atravc.:s da grelha que e 1m1ta as pro ssocs, as Cate: r . >
ltíl d( qv\nr:nensão <.: de_OfgítOJzaçao Interna p<,r inttrdt..-ptn<lfocía <la.~
. · · , · .1 1·r. ~
sócio-profos1ona1s e os n1vc1s ue yu a 111caça"; os P<>St<,s de t , ·
g >tl ,ts de _·d Jes funcíuna1 s e pur subcontrat.açãt, de fun</><:.~n, 1 me-rcad,,,
. raD,t vfll a .
r Jntro.<l uz1r,
.-. nas poI'ltlcas
. , ut
.1
(,-mprtv<> da,; tínrutv.1~ a]Uli-
lh o definem-se pelas tarefas a cumpnr; as mudanças de situa ·ãú , roeu ra , , . ., ri t' . ' i,.-
. . ~ ,. e;. flít e P Jas caractl·n~uca.'i chave da perft1ça,, cr,no.Yf'rtnà.-1.L ()uai í:. ít
profissão são _apreendida.o, wmo tram1çocs nit_,d ~s e tecnicamente r0as .acl ,. .
mais separáveis do yue complementarc.:s. Os direitos, a.,o, formas de fi ttlra do trabalho as~<>CJ' a a e~ta..~po1mca-'<,:' A_análiº:t ;,_qui prr'lY ~
rcmunc.:ração, a organização do trahalhr> assentam numa t statí,·t· _ g .. tra corno formas de ernpn.:gr>, yue ".t divtrnÍlcam t "ut ,ãJ ,
,) Jt,1 ta 1')1 0.:> · , '/ 7
.~ocial descüntin uada. ·ntementt. a.., s-<>c1a<la~ pda.<1 t mprt<\a<\ em tr,rmu\,i,-, htttrr~t~
0 0 rre .~ . ~ .
Fsta estatística s<Jcial txprímt alguma da "rígkle%'' ci<, tncr- , s gão obtí<la.<; pda cornp<)ll.lÇat, dt: duas dimt:n~x:, - a 41x4hficaçãf 1
ca<lo de trabalhr, cm rclaçàJJ às príncípais omdíções du rn1 ,dt1r> : ~ capadda.c.k de rrv,hílíc.la<lt ínt<..:r-p<rW~. t ínu.-r-t.-mpn:gr~ - t:.-m
de "pcrfdção crmu,rrcncial": a da h<Jmr1gcneídade r,u da pcrftítít fon ção de uma nuva cotaçfo da dímeM-á<J tralY,1Pn<,. D 1.Y4\ fí, tca.~
dívbíbilídí.1.dc das ,c;andc;i:as p-rcs<.:ntc~ ní.ls tran »ac<;ues co-ntratuaís, ít í •,. .-1,J trabalht, <lc~contínuí~ta t cr,ntínui-.ta, cmr<1m a::.im t·m
1
~()CJa ,.., u '
dr, u mhccírncntr, o ,rnpktfJ e pattílhad<, da~ rnractcrÍl\ tJCa,~ d,,I\ 11 b_
concurréncía.
í1.:ct1,~de tr<,ut, t1 dít mr,b1lídadc.; ptrfoítíl d,,c.i fa.ct<>W, de pt<>duçãr;11,
;-ye ~-e í1r,rr ,xítna<..~~ Lk s.títc. o mJíc),c<.) "ídcílÍ~'\ r, rrwn.:a<l<J d,, 1ral-r1.1Jh,,
Y,ílt1fm1ít J7t(Jf)'fÍeda<lt<:: ,k fl cxJbílída( lc1 de rapídc,; de ajuMarncrit,J e Gm~mRALIZAÇÃO E flRAGMf~N'fM),o 1)0 A.~ AI.A.klA[J(J
dt: ru lt <;lrt'1uí<;a,1 f11rtít11ít. C( ,n ~/j,JJlf C ()(', tn(fvÍmcnt11<; de.; tn,ca (: r,c;
t:q,,ílíl,rí, ,<: mtn- 11fcrtít e J)flJtU Tí1, c.u,n,,mía1; Jc~ nv,,l vidae,, ,, a,~.akt1Í~// n~, deir.1Ju dt
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pr<,}iftdír nac,, últ íma~ J écadao. - cm h ança rt ~.pt1b a Jff ! da popu ,

u 11 ,~trw/ .11·:: í101,1·rft Jtít<;:' /, cu ,m,r,m; '"i' í1, c:, títucí1Jrt;d dt <,rnt1,c e
l;u;ai , actlva, Contudo, ce,ta e-xpan~;il, f, ,1 ac,,rnP'tinh:.t<la pcl(J frau.11 r
\Y/tlll í1 t11<;<,11 :;1 d,lí1il1<111 (j lll'i t lri Ctflíí~ (;.( tttdí,) ícci, íl Ct1l J)íC!-'. a 1,1,día,
n~m t nt o e pela i.d cctí vídadc dai; f/,rrn ula, v,nt ral'Jalt: de cmprcg<,:
11 wlhr,r d1J que llttJ tner( ítd,, 1,w·r1 dt trnr, 1»H.i(;/,Ct'.i cférncnt <;, f()ttrnt
11 cmprcwI durável /JÍcreu: n.:. , i1oi1éncia·.-., rr1a, ,, m•xldu Jc rckrénoa
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"A ·u < M,1/1 í1 :: lt 1,1,pl't f l' IV,,1e~; li qtw í1 j e1Jm1, 11,cv 'tt a vt:1t11cr1t c a ,,r
11 c11111rnt1, dcfinítív,, ;11 crnp1, tnt c 1ri1 - di-1. n:,pi.: it, , a urn núrm:rc,
Yí it,1'1,í1 1, í11.1 ,l,,t, í'' t,,c; rll' trnbídl11J 1:,Jí ,,e, 1,11t1t()<', líyíid<,r, :, yp;t:í,1
cíU Lt vez rr 11:nur dt: 1x"1,,,a~ ar tí va~: 'S(,'1/,, crr1 1 rança, v ,ntra 72'1/,, r><>
rl , (, í1J11 ~.1;,1 ,,1 ,,11,,{; 1·1,1r,, :1 t, cM:1< ,,,1k ttl.í1 "- d1,<; t 11,1 ,r1·~1,1i e w, d111;
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l'clcr Aucr e Sandrínc Cazc11, "L'cmploí durablc J>l,'f~i11U: dan li:, P"'Y"
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1

111
110
,M
. r con·,untura\rnente, contudo estas var1·aco~ e ,
\l'ar1a ' 'f s so mo-
. _- _,b A difusão das formas particulares 0e(O- m'essão destas formas de emnrego A ..1:fer _, ._,
· · \o, ano~ 10 · , con ~o a pro 0 - , . r _ · \.li enç.a s·<11art·<11
pnnc1p10 e . . : rios contratos de aprendizagem está . tra,_
razo ternpor,1 -. , gtos Q Ja(O- e as caractenstlcas desta banahzacão co
tos a p_' . . tos .,ubvencionados - , por um lado, e a ext e v1 · 1,oü-se, , , 'f mponam en-
formaçao, contra · ·· , difi · ensà 1-.110-ali e desafios. E tambem a correlacão entre ·
· ·a1 or outro lado, tem mo cado profundam ci V ent0S - . 'f ª\UStamento
do tempo parei , P ente a S1oa(O-cüstº"e de mao-de-obra e c1c\os económicos que d
imaoem do assalariado. . . . , _ esaparece
0
orrente considerar-se o cresctmento das f c\Os ndo, na \iteratura \igada a ~estao, o argumento principal da t\e-
Antes, era e ., . orrnas
, . de empregO como uma vanavel qüª . -ao passa a ser a capacidade de reaccão idea\ às «·mcen ,,
aup1cas . _ de a1ustamento
. con·)untuta.l: ·bUí-1,aÇ . 'f ezas
, dos de retoma económica sao assinalados por um te cursa· )Õ ntes do me10.
os peno . i:esce . gul
acrescido ao trabalho temporário e, em segw.da, por uma taxa ele\ra,, e Os empregos me ares expandem-se doravante por todo 0
da de recrutamento através de co~tratos a pra_zo, s~ndo os contrateis aço das qua\i&cações. A população contratada a prazo tomou-se
definitivos consolidados só ulteriormente; stmetncamente, os e esp ' ., d d d'
ais heterogenea: \ª nos mea os a ecada de 90, 39% dos contra-
pregos precários são os primeiros a serem atingidos pela muda~~ (0- dos a prazo tinham concluído o 12º ano, contra 25%, cinco anos
de conjuntura. Por seu lado, ao mesmo tempo que se multiplicam, tamais cedo11 • A f ragili.zaçao
- dos empregos altamente qualificados,
os dispositivos políticos de luta contra o desemprego têm perdid'
uando medida em relação à. taxa de desemprego, de recurso ao em-
em clareza e em eficácia. Têm favorecido paradoxalmente O cresc~- q , . d
rego temporano, e contratos a prazo dos quadros, é, na verdade,
mento de formas peculiares de emprego, caucionando a substitui-
ção de urna concepção do trabalho corno forma subvencionada de :uito inferior à. precarização maciça dos empregos pouco qualin-
reinserção e de reconstituição de um capital de empregabilidade à cados, no entanto revela uma erosão contínua da invulnerabilidade
sua função clássica de fonte produtiva. O trabalho menos qualifi._ garantida no passado pelos diplomas. Em meados de 2002, segundo
cada podia ser adquirido pelas empresas sob formas cada vez mais a Unedic, o trabalho temporário abrange 77% de empregos operá-
variadas, e por durações cada vez mais fragmentáveis. úos e só 8% de quadros e de profissões intermediárias; no entanto,
Ora esta análise da deformação dos quadros convencionais a progressão recente dentro destas últimas categorias é duas vezes
do emprego já só descreve um dos níveis de uma transformação mais rápida.
que se foi tornando sistemática nas novas estratégias de gestão do A diferença sa\aüal tem nos nossos dias efeitos sobre todo o
recurso trabalho e da flexibilização organizacional. É verdade que óc\o de vida. O contrato a prazo deixou à.e representar ho\e uma
ª taxa de recurso ao trabalho temporário e ao contrato a prazo simples porta de entrada na vida activa: só um contratado a prazo
36
em quatro tem menos de 25 anos. Por seu \ado, as po\íticas de a\u-
Ver Jean-Michel Belorgey e Annie Fouquet (dir.), Minima sociaux, da à. entrada no mercado de trabalho dos \ovens têm provocado
revenus d'activité, précarité, Paris, La Documentation française, 2000;
Olivier Marchand, P/ein emp/oi, l'improbable retour, Paris, Ga\\imard,
Colecção "Folio", 2002. 1
11 Brigitte Be\\oc e Christine Lagarenne, "Em\)\O\S \em\)Ot:'a.\t:es e\ em\)\oü;
aidés", Données sociales. Paris, \NSEE, \ 9% .

\ \2

5 ,,,,._
\\3
. suas polfocas Je Acxihilizaçào exprime-se , sem
., ,1s
. <l'uv-·1da
u111:1 ,.cr. d:l( ll ·,·r·i• ,c,rn1ent:1<,:ào
· ~
dos percursos ck_ inser
'
_ e_.
Çao. rcsa -.' di·rectamente em contratos curtos ciuanto a · b . _ '
dam...1. • com O alar_1:,r:1mcnro para todos do tempo d "er_ ~•rt1r0 rt1alS · 1rn ncaçao
ljLll, . e tran . , , r1rº itivos de seguros fica melhor estabelecida p ·l
f. ni:iç:'io e emprego, os empregos irregulares P _ s1ça 0 r, 1 llisPºs , . . , e o menos
cntn: or • · _ . . assara t11 transferenc1a de urna parte importante do .1
dc~cmpt- nh~r um papel de trtagem demonstrativa dos 11) <l e0 anco a . . custo s0C1a
•' . · candida.t cflqv• ·bilidade para a entidade seguradora do desemprego não f
~ tir,rn contratação consolidada. No entanto, os contr
par., , . atos s os ae~J l •l - ,
d:1 11 : do por uma .eg1s açao espec1hca. Do lado da oferta
or
• n .

, tnc10
nados cem constituído muitas vezes um mercado
, .
cllb,
secund.
aliZª _ , o com-
pe!l' to de acumulaçao evoca, corno que num eco abaf d
rio subsidiado de empregos de ma quaLid~de, mal remunera.doa.- rrarrien _ . . a o, as
insr:í,·cis e pouco ou nada formadores, cuia acumulaçào cond s, pºrrrias de gestao_tmbnc~da. ~o trab~o e do desemprego indem-
a percursos caóticos, fora de qualquer horizonte de inserçào llz f~ d que perrrutem a viabilidade soe1a1 do emprego intermitente
O
. . - , . . Pro. oiza sectores do espectacu, lo. Tal comportamento constitui tanto
Priamenre dita: a trans1çao para o emprego tlptco distend
medida que o labirinto do percurso prolonga o tempo da pre . a.' e-se 005
contrapartida à precarização, como uma forma de seguro acti-
cane. orriª . · · .
dade desqualificante. vado pelos parceiros sociais contra os nscos de degradação da em-
Na outra extremidade do ciclo, as soluções de pré-refo regabilidade que provocam o prolon~ame~t_o do desemprego ou a
progressiva, de reforma antecipada, de dispensa de procura de:~ ~ternância frequente entre trabalho e macaVJdade.
prego para os desempregados de mais de 55 anos, têm introduzido A}ain Supiot sublinhou muito bem o paradoxo de uma exten-
uma série de medidas que, gradualmente, conduzem à cessaçào da são do assalariado que procede, por abrangência de um número cres-
actividade mais precocemente. cente de situações particulares: a dispersão excessf\-a dos quadros
Por fim, uma evolução menos visível tem a ver com a arti- jurídicos da relação de trabalho advém no apogeu de um assalariado
culação entre a fragmentação da actividade individua] em empregos cujo direito passou a ser mais complexo, e em certos casos ilegível,
instáveis ou contratos curtos recorrentes, e a indemnização pelo para adaptar-se a uma diversidade alargada de formas comraruaisY>.
fundo de desemprego dos períodos intersticiais de inactividade Particularizar a gestão das situações individuais de trabalho, os ní-
forçada. A evolução recente revela uma subida rápida das situações veis de cobertura dos seguros, os direitos a receber indemnização
de imbricação entre actividade parcial e indemnização38 . A expUca- de tiragem sobre a política pública ou em parceria de luta contra o
ção para tal evolução é dupla. A procura de trabalho ajustada pelas desemprego, a dimensão da actividade profissional e as transições,
ao longo do ciclo de vida, entre um número crescente de situações
3 (inserções, emprego, formação, licença parental, desemprego, re-
., Em l 999, à volta de 15% dos indivíduos que solicitavam emprego,
conversão, pré-reforma, .. .), equivale a decompor o trabalho numa
inscritos na ANPE, exerciam, no més tomado cm consideração, uma
ac.1ividade que os ocupava entre 78 horas e 136 horas (limite superior
configuração alargada de parâmetros e as carreiras em combinações
da curnpatihilidadc entre o estatuto de indivíduo que proc;ura emprego de vários estados: o desafio com o qual são confrontados o direito
indemnizável e a situac,:ão de activo ocupado), contra 13,9'½, cm l99X e
l l ,7'1/,, w1 l 9')7 Warcs, /'remieres in/i'Jrmations, Junho, 2000)
3'1 Alain Supiot, Critique du droit du travai/, Paris, PUF, 1994.

114
115

""1t. illl ~ ·. Jú
os s-0vos F.."frn..r.,,., DA t!c:1.,,,-.n,:.-..fA~·~'--'~
, r~,r J,:· Lç,Jy... ho Olf1':!'> ' k e-:id,a:111,;:rrJJ...··m.<:: é1TJ l""tl(: . e A J-{ fBfíJDAC,M) D<~ ES J)(fl,7 </i,, l.1f Ar:fJ'fffJ,W;,:,
t: 2 9 ~p,217.:ú, J ~ • .I . • 4J.t;,~ .
r , ,.,.......,._,,.,.,./"' rt'.r: Df,,:: n,t:lf rne<l.lü:&.<;i u,ntraf «J.1/,J.<ij <tl:J.<- ,~ . "' i
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1

~f)IA vtrj, AtkHí~Jfí.<1\ ~ ,11r,;rs..1; u,rno uma. MU;Ôf½1.-Ç?JJ:1 ímrwt:~< .,. betr.1 díf<;1:t:rm.: da dfJ dtdínfr,,
. 1 r· · . .11, .
r>i r,tt; ,fa t:·11,h Jtr~/ J ~,r,ju m~ dr,c,, <:M~l JJttr, é d~. r,r~~fJÍ1/.~V, ma.napf. .Em prímdm l.uWlr, fn u.--rriti,rfr~ dá<i~Íc.r.Y<l d a í ~
fl(i/4 (fa '; (;TflfffC¼ t : Í1, rl í': tÍtu(?;Í) t ritrc fft:~ír,ílíd.« f~ numéríç~ C; O c;íe ~VJ revísitadm,. ( J artc"íanãtn t r1 ~t.1.1 mrJd,, dt orJ~;a.nfraçãt; d<J rrab:a-
l11l11b1Í(; frmd r,r,::,J írit rr,d,1z r, <i1Jf 1l1, rcç1rm; ck ::s.t.ríl1uÍÇ~h dr, f~~ft.tr lho ínspfraram. mod.dfJs pós.-forcfom1s de <,rg;inízaçãt, t.dótmíaliza-
1
1n,J,,,thr1, ( /trr1éto c.rít~,, vtrífíu,I o,rnr11 n4:f;tá nfJV~ cr,nfi~~t.mu;?ir,, ri da da prrJ<iução numa wmum.ía d(; ;,,Unas ín<lu.,trfr1i5 \ A ag:riculruta
, n,J~lh/J '),rr ,fi~::.ir ,1,~JH t,;m de 1rrf,J1rÍt> (;W ,1 uidr, frrrn d,, <.:.t,,4ucrr,t1, {; h"jc mcnJJs k-rnb-rada ptlo seu sistema de rrabalho ínc:k-ptndenu:,
dr; T(1ltfl/JjJ'1IJ z ~1)í1, de v 11,,r,c1ú,dw) légÍl,lmcM.C c:.crt ífícálla.,'i, JY;;1,ra, ti,!) cujo V(,lumt não tem c.k.-íxaJrJ de: diminuir, do que pela.3 formula.5
<k plurí ✓actívidád.c aí praüca<las dtsde há muitos anos~ . A indústria
2
flf1 ,f1~~/x•~, rrwítu qv::,/ífic~.& ,I', o,rn w n cwuuu, p-r<1I-C,t)d(1, e ' fUáÍ,c;
~11 , ~t r,,,,dífiu,1/,c"-' que d~í ~d vérn cm rclmiil, à .~<.:p,.ttração entre da construção ínspüa há muíto «..-mpo os teóricos da fkxibífala<lt
✓,, ~{',11 l;t rí,,,t/,, e ít)( ICfiéruJê:nda.. fundo-na! da organização ao projccto e da reconfiguração · 13
rápida
dCJ~ fa.crutes de produção em meios marcados pe a incerteza 1

"'· Vt:r Hcrna,d <Ja:âcr, t'r:onfJmle du truva/1 el de l'emploL, op. clt., p.330
e Hl>ma,d IJnmficg () msu/tants, l lfurope de l 'emplol ou commen/j(Jn/ 41 Michael Piore e Charles Sabei, Les chemíns de la prospéríté. De la pro-
ler. outre,lf. f'iHÍH, Lcs &Jítíuns cJ 'org.,mísatícm, /994. Se, na verdade, os duclion de masse à la spécíalisalion souple , trad. por L. Boussarol, Paris,
trnhalhos sob-rc as formas pàrtic:uforcs de emprego se têm rnultíplicado Hachette, 1989.
nos t1 n '1S 90, pc~uísas isoladas tinham assi nalado a emergência cio fonó~ 42
Catheríne Benjamin, Emploi et p/uríactívité dans les e.xploitations agri-
111e1,u e o seu ímpa<:to sobre a organização cios colectívos de trabalho já
coles, Paris, Economica, 1996.
t1us anos 7ú. Ver cm particular Jacques Magaud, "L 'éclatcmentjuríclíque 43
Ver o artigo pioneiro de Arthur Stinchcornbe, "Bureaucratíc and craft
cJc //J collcctívité de travaíF', /Jroit social, 1975, 12, p. 525-530. administration", Administrative Science Quaterly, 4, 1959.

J 16 117
1
~ .~ j
-~
iridas cm empregos variauns e c.:rn L .
11.1 ,,s n:1 idl'ntif1rnç:1o da nco-indcpendênci:1 com os . ;1dqu rno"rlidadcs inter . •
I\ ' • • ' ' ' ' ' 1llnv, . L,cntcs. nas rna,s
mcn , t o:-. t""i,,sform:idnrcs
,. • lb cconom1a, . e evtdcntcmcntc :1 r••'-l1tstn... . frct\ , .
1··icatn poucas duvidas lluanto ao fact<>
. da . .
huic;:in intrrm d:is rnx:1s de trabalho indcrc:ndcmc entre ns gr;-ind ,.
•siwnsahilidadc serem mais solicitadas . . ' au ronnm1;1 e d;i
. ·c t·111.t.,• d·,· cn1nmni:1 llUl'
:-t ,
. r.
mo( 11,1c:1 a s1111 )o 1c1 tr:i cl tcional
. 1 . 1· . . c:s
dor,·seu
. fl:, . nos cmprcgr s . l' r:
utJ: dos pelos trabalhadores que: ncrt, . ,>. yu,i 1r1caJoc;
cmptt:-:iri:il e d: 1 autornnni:1 otatut ~ria no t-rahal~10. /\ :-:ua P:ll'tt oc 1 , . 1 ,, . cn cun ;io nuclco dur 0 1
cresce 110 st·ctnr tt:rci~rin, e nos scctnrt:s com um:1 tortc co,nponc.:n_
. , -,rci.ros
ln r cstavc1s < a. firma . Também 0 ao
- (i
1c1m du. vida
. l m
1
f,icro clcst·a autonomia estar sujeita a um . '.'l (1uanro :in
te: de itHi,-,1~·:io - rcprcscn t Hlns pelas :1ctivid:1dcs de :-ilta tcrnologi:i e.: · ._ contro 1o aprn;ido f'on
pel os n, ),·os sctYiços de intrmwdi:1ç~o (conselho, engenharia finan - tudo, a grnduaçao
' ' ' deste h · controlo , deixou de rO {I·<.:r se.r analb:1d:i
. · ·cm
<.:rir.1. inf1mnâ1ic:1. bi1)tcrnolo.1.. ri:1s) . ,cnnos t·rm \1c1ornus: 01c, a avaltaçiio fa~-s. . ·. 1 .
.. ' ' ' ' . ' ' ' . ' . ' ' ' ' e m.us n,1 JaS<: das rufor-
,-\ tr:insf,mn:1ç:i11 d:1 nr.~,111i:,,:1ç:in do tr:1balho e :is mudanças m:1nccs. 111d1v1du,11s
.;- e, dos
, .H..: sultadns
. rnlccti
- vns. t 1O tr:tJalhn
1 cm C(JUI.·
nl'nrrid. 1:- 1111 1nnt":1dn dn tr:11'.dhn rnndu1c111, t-:1mbétn, a dc:-:cnhnr 1
:1. /\e::voluç.Hl
. ~ l\llt: s11bst1tu1 11111 controlo · <Ias. r:m:·f·.1 \. cxecut:iJ:1-.
1
n,n-:imc:ntc: 1)S c,1111111111,:-; d.1 indrprndt·nri:1 e 1.h panilhn com n :is d :1 nvaltaçao ~ das co111pctênci~1s l'Clltll'richs . ·I.t :i 1nr roo
• · 1cll< ..1 ·
uz1r uma·
1.1, .. .,
s.tl .1ri.1d11. Ccrtt1s prind pios rc~i:1m :1 idl'tlt if ic:1~::io com n 1·r:1b~Llho d1vcrs1l1c1çao · das tormulas . s:tl:1ri ··1is· e d·is
· , pr:•111·c.1~ ... J e org:1111zaçao
r111 c1d.1 rsfrr:1: :is t\·l:t\·1'1cs dr suhPrdin:1,·:io. o comrolll hier:Í 1'l.Jlli('ll, do 1raldhn. , consrntrll'L' os 1m1x:rntivos
' ·( >"', l 1,<: ca, Cl;} Oí~ ílíll·i'. aÇaO
, 11rc'i111·1 ·
.1 SC:,!llt~1n(:1 do c1111tr:11l, dd111i1i,·ll r 11 hnri zt)t1t<: ll)ngn d:1 carreira, e do lustnrtal d:1s rdaçl>cs snci:1is dentro de c1Jn cmpro:i, e j:í n;io
d1, blu d11 rmprt'!,.." ll :1:-s:d:1ri:1dtl: :1 :1utnnnmi:1 rr:-p<)t1s:1biliz:111tc, :1 cnnso:1nt·e os l'crmns d<: uma eslrntur;1ç:10 cnnvcncion:il homo~t·nc:t
tt ,m:1d.1 de risc1lS, P hmi1Pntc nt1.is curtn d:t g-cst:10 d:1 int.:crtcza, e, por Sl't:tnr ou pt)r rnmn-H .
cm r cn,is prnhss,\:s. u llh ,nopc;lin do ncrdric\ <) (ontrnlo pe.los Por fim, o dircirn :10 rr;1li:1lho wmpkxilic:1 sl' ;lf l'. se diluir: por
p.1rc:-. do Indo do tT:tb:tlho indrprndcnte l' 1.•mprcsari:1.I. Os tt' rmos um bdo, a trndt nci:i para :i individualiz;1ç;in das formuhs wntr:1
Jc:-u p:1niç:10 tt~m ,·indo :1 ser fonrm1.'nt1.· redistribuídos, nas duas ruais de emprego reforça-se; por outrn. um número imporuntl' de
úlr.im.is tkC!ldas. profissões imkpcndcntcs têm vindo a sl'r assimiladas :1 '.1Cti,·id'.1des
.\ s noYas fo nna s de org:1niz:1çào do trab:1.U10 no seio das em- assalariadns e a beneficiar dos dir1.·itns tk protc·cçào CL\ffl':-pondvn·
prcs:1s do buscar à figura do ''profissional" muitos dos valores fun- tes. O alargamento das zonas dt· automHni:1 e de rcspnn:-:1btlizaç;in
<lamcma.is da independencia : autonomia, iniciativa, empenhamento, relativiza o alcance dos critérios tr;1dicion:tis de subordin:içàu l\lll'
estão no fundamento do contr:1to salarial. lnvcr:-anK·ntc . as form:1s
'.luto-controle, operacionalização das competências, de saberes e de
contrntuais de emprego tk:úvd. muito utiliz'.1d;1s pcbs pl'l\Ucnas
saber-fazer em siruaçào de aprendizagem permanente, criatividade
empresas quando em situação de subcontr,1t:1çlt) t.Hl Lk prrst:1ç:i1)
individual. A ind.i,-idualizaçào das trajectórias salariais e dos perfis
de serviço, aumenr:un a pressào subún1im11tt' th\ cc,ntr:ltu :1 prazo
de mobilidade dentro da empresa exprime de maneira crescente o
preço atribuído à transmutação da qualificação dos trabalhadores
substituíveis em postos que lhes pré-existem, em trabalhadores po- Jean-Louis Beffa. Robert Boyer e: Jean-Philippe: Touffut ... Lc:s relations
44

livalentes, definidos por uma soma particularizada de competências salariales en France''. Notes dt> la Fond,11io11 Soint-Simo11. Junho. 1999.

118
~ .... ,,· _JI
.
• '

~
\ \9
ou do conmno subvencionado. Em suma, a dicotornia Ç3º de Prestação comercial, formam assim as duas extrerrudades .
dcprndéncia v.u sendo substituída progressivamen te a.s salatiadG/ relaufl'I e~º desenhado
. d pelas práticas de Aexibilizacão ___ 1 se
, ' e no 9uaJ
. . por urna
e _ urna varteda e crescente de fórmulas dt e
fíguraçio d1\'er,;;1 ncada dos e:: statutos de emprego cu·
i: •. - • . . . d d . . , Ja º
Con.
Pera.cio
d
dispoC , . . . . mprego comb1-.
UJ...1.çao t rrws ince::n.a.: a in cpen eno.a decljna-se t
. _ . rn cate:g .
fla _
fl3-!l o ,.']ractenst1cas
v-- • · . ,
do
, .
assalanado_ flex1b1uzado
.
e caractensncas
, . da
d
. deneodenc~ estatutana ou da nao subordinação no trabalh o. ,""ª1
múlr~plas bgo _q~ sao po~tas <:m Jogo ~s numerosas cornbint:as ~ • •

f"J)SIVcLS do dm:1w dü trabalh(J, do d1.rc1to d.a protecçào s . Ç-0(:,; 1 os trabalhadores que, para di _
. fi 5ea.,
..t t dn d'1r<..1t:o
. u1merc1.a
.L Ocial, dG verte....,te do assalanamento
111 . situam-se
. .
d1rctt0 rniouírern os nscos de sub-actlVldade e de de5emprego prolongado
T oon acrmrca UJmo Sé a ddí.niçã.o jurídica t e:cono· . ligados a~ contrato a prazo, contactam com empresas de trabafüo
f,mTlá'> d<: emprt go - trabalhrJ r.empürano, . . pre:staçào de: mica se . <l.as r,ernporáno, grupos de empregadores, empresas de prrn.a.çào de
. , · : i- . 1 L · - d rvtç.o
u:mpn u l VIIJJ4J{) , u ,mrnna.çafJ t é'i tatutos pda pluri -actívidad.e'5 servíço, estruturas que o~r~~ segundo fórmulas de tempo di,i-
e, ,mbina.çãr 1 t mprtgi ,-ref, 1rma, <:te. - pudesc,t escrever-se C0 ' dído: trata-se para estes md1v1duos no acúvo de fazer gerir uma
uma di htribuíç~,, ck cara,ctcrÍH1cas e<1mbín.á vti_~ d.t várias man .rno ''índependêncía" por fragmentação das suas prestações para driü'S
. , . ' <:iras:
o ,n rra11, %hmíJJ , rr,411 cr,m V íi rl tJ'i <: mpn:g.adores sem lio·aço-<:" e: ernprtgadores. Na vertente da índependéncia, situam-se os inde-
7:::i "' ntr<:
~1, erm tra1111-i alaria.J cr ,rn <:: mprt j.0.!.l,m:1i dí vulíndn a gtHào e: r ) tmpre:. pendentes operando "a solo" ou em free-lance, em grupo, em rede,
gr, du p c.:f'\!lti;,tJ '-jU<:: pÍl nil hít.m <:: nln: ~í, o,ntratJJ salarial p<mtual crnn em assoei.ações, em parceria, em sociedade, t sob esmuro rruúoritá-
cm prt µ,ítdr m:ti, pc:-lr, lt1 1crmt dí1J de: urníl ~, >CÍtdadc: de: prc:staçãt i de: rÍ<J ou exclusivo (quando se trata dt mulri-acrividade) de preJtataim
~ rv1~1 ,._ i '., t lc. l ~;, fíl l\ Cflrr1bíníl1/ 1t'i c: rn númc:ri, crtsctmc: gc:raríam índcpendcntes, dentro e fora das profissões regulamentadas {]jbe -
u rr1 uin1i n1mm dt: f\ ll Uíl-ÇÍ1c1i, dc~dc.: ri a•il\íllaría.c.J(J 9ua1'i t tradícíf,na,l áte: raí.s) . A multí-a.ctívidade, da qual um primeiro retrato esraústicoll,
!J 1ndr.: pc11dü1cííl purít , ( h índi víd1.1,, 1, pod eri am t ntâ,1 tn CfJntrnr, c:m rcvdou que diz rcspc:íto a 3'l/1J dos activos do privado (contra mais
(,;,, r;.;, , , rb ~ MJ:i ri d<,l íH,Íicr. , pr1: fcri:11CÍílti t e tpacídadt s, á rlSlí<,cíaç~.,, dt (No nos Estados Unidos da América), alimenta-se da dupla fonte
11 1;11 1\ )1-{ IP jWü b r 11trç á 'I ,-, ua , um1p1.: 1éncia!, prr,ft líll Í(Jnaís t urna das da fragmentação salarial t da desmultiplicação dos modos de orga-
(l ,rr,,,dítl\ l'i ll w1díj ri 1111 uml1tmum, p(Jd cnd , , p<.: rc,,rrt r t rn scg-uída 11
nização da in<lc:pc.:ndência.
tr111/tn1ow1 d íi ll pi 1'1 Í(/ >t l'I í11J rn 1111, da 1i •1u íP1 rx pcrí é11cía.'i c tn v!trí, 11i d, 1s (1, nc.:cc:ssário lc:mbrar que, se as probabilidades de cada um
rnr:,d, ,r. ,, 111 "> Íd rn11I, 1n, controlar o seu pc.:rcurso num tal mercado do trabalho aumentam
prt< {,nr, du rral,:tlhítdur nií,1 qw1lííi t ad,, <.: 1, prés
< > rr 11prq,_ u com <, nível de qualificação, esta dtixou de s<::r um capital com r~n-
1111111 d,1 "1'ri1l1 •i!\f1111;tl'' 11pcn111d11 1<l' jíl 1111 í11rcrí,1r da lirn,a, <..: orn mna dimc.:nto aHsegurado: uma parte crescente das rupturas de rraiectona
· - · · ndo os indivíduos se
111:irp,r,11 d r íl111,,111,111L1 í111p1,r1a11t r, 11cja 1111 l'Xll'rÍ11r, por via dr 11ma e das mudanças .de s1tuaçocs. 10tervem qua ção elcv·ida das expe-
aproxirnarn dos cinquenta. I
anos, e uma propor ' ,
• .· , "sulo" coincidem com a saida
1
1
rirncntaç,->cs de nco-tnc epcnc. encra ,1
~ Ver Muric-1,uure Morín (dir), /'n .vtatlon IÍ<' tmvall <'I ll<'llvlté d" .Vl'rvl<x,
1

l'url N, l,11 1>ol:11111c11talio11 frunc;ui 11c. l ')'>9 ; l'ícrrc-Míd1cl Mcngcr, l'm1- . " - 11· t' ·1~ chcz les salariés du secteur privé",
c11lí11c ( 'o~lu e Du11iclc l luncl, L<'s w ·tlvlté.v l/llaltfiée.,· entre .v11/arlal l.'I M, Séb11st1cn Roux, La mu ,ac ivt
l"'J,:1wnd1111n•. dm.: umc11tu de lruhulho do CESTA, 2001 . !NSHE Prernii!re, 1999, n" 674 .

\ 21
120 ~.
y ~
7\l
~
CoNT/NUUM DAS QUALIDADES
do desemprego
-
dos quadros despedidos. Em princípio de c .
. arreira E CONCOff.MNC
inserção profissional faz -se a paro.r de uma gama alargada de fó ,a MONOPOLÍSTICA DOS TRABAJ HADO . IA
• RES QUALIFICADOS
.......,ru,,;, E a desmultiplicação dos perfis de actividade ao l trn.uias
conu " "-'~· . ongo d
cido de vida vana consoante o sexo: por exemplo, a multi-activid 0 A flexibilização contribui para criar .
. , . contraladas, mais. frequente nos q dade · ~ um espaço conanuo que
uma v1sao concorrente que cont · d . _
é rodas as outras vanave1s
' . . . ua tos su rge como
. ~ rana as escncoes des-
jovens que trabalham a tempo inteiro no respeitante aos homens continu1s tas das profissoes. ·
48
nas mulheres com 45 a 55 anos que trabalham a tempo parcial. ' e Numerosos
• . trabalhos
. • têm mostrado como o voca bul'ano .
Além disso, o próprio indivíduo é chamado a comportar- da s competenc1as
. ~ se impos à medida que acont ec1am· as mudanças
como "empresário da sua própria carreira'', portfolio worker47 a cu se na orgaruzaçao ~o t_rabalho e na gestão dos recursos humanos, e as
. , s~
de uma forte individualização do seu sistema pessoal de actividade rnudanças das tecrucas de produção e de tratamento de informa-
de uma gestão racionalizada dos seus capitais pessoais (tempo, esfor~ ção. A caracterização da dimensão trabalho como um continuum faz
ço, competências, empregabilidade, reputação). O paradoxo atingiria emergir novas perspectivas sobre a melhor relacão entre o indiví-
0 cúmulo se esta imposição se aplicasse indiferentemente a trabalha- duo e o seu trabalho. A competência é uma dim~nsào heterogénea,
dores cujos níveis de qualificação seriam no entanto profundamente multi-dimensional, que se pode decompor e que evolui: o léxico
desiguais, o "profissional com uma forte reputação" que negoceia os cognitivo atribui ao indivíduo capitais, estratégias de operacionali-
seus talentos e a sua expertise, e o trabalhador pouco qualificado cujo zação e de enriquecimento destes capitais, e capacidades de adapta-
único capital valorizável é o tempo e o esforço múltiplos. Daí a inver- ção permanente a uma situação de trabalho mais autónoma e a um
são espectacular dos signos entre a precariedade escolhida do profis- ambiente de trabalho mais complexo. Saber, saber-fazer, saber-estar
sional livre de qualquer dependência organizacional e a precariedade formam um trilogia com base na qual são construídas as práácas de
forçada do trabalhador dependendo de um contrato. Ora, no funcio- gestão de individualização das performances e de responsabilização
49
namento dos mercados artísticos e das profissões "criativas", esta in- acrescida dos trabalhadores • .

junção estrutura, independentemente do nível de sucesso, o conjunto A referência às competências apresenta-se como uma racio-
das apostas profissionais e de carreira, para aqueles cujo emprego é nalização da identificação dos atributos exigidos pelos e~pregos
e dos atributos detidos pelos trabalhadores, afim de opunuzar o
fortemente autónomo por estar fora da dependência subordinante de
um único empregador. É necessário compreender como um mundo
profundamente segmentado pode parecer homogéneo e desenvol- 48
Ver nomeadamente Marcelle Stroobants, Savoir-faire et compétence au
ver-se numa cultura da concorrência individualizadora. travai/, Bruxelles, Éditions de l'ULB, l 993 ; François Stankiewicz, Éco-
nomie des ressources humaines, Paris, La Découverte, l 999.
49
Philippe Zarifian, "L'émergence du modele de la compétence", em F.
47
Stankiewicz (dir.), les stratégies d'entreprise face aux ressources hu-
A fórmula, inventada por Charles Handy (The Age o/ Unreason , Boston,
maines, Paris, Economica. l 988; Valérie Marbach, Évaluer et rémunérer
Harvard Business School Press, 1989), conhece um grande sucesso no-
meadamente no Reino-Unido. /es compétences, Paris, Éditions d·organisation, 1999.

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. _ consti.tutivo
. s, lificados, e as evoluções de carreira obedecem às descontinuidades
0 que pemiite confortar o u~o _de urn a _m~diçao rac1~nal das ca- das vacancy chains, por desocupação de lugares no organigrama da
p:icid:ides indi,iduais, e multipLicar as _hip~~eses de ~ferenciação empresa. A organização qualificante da empresa japonesa5'l opera
comensurfrel das acti,1dades e das tra1ectonas, ou se1a, aumentar uma institucionalização da mobilidade horizontal entre postos, pro-
35 perspectins de individualização da gestão das situações e das move um acréscimo da experiência, e organiza um movimento as-
negociações das relações de emprego. cendente relativamente homogéneo de um grupo de trabalhadores
Por outro lado, nos critérios tomados em conta para caracte- desde os postos de execução até os postos de concepção. Existe,
rizar os empregos figuram o nível de responsabilidade e o grau de seguramente, descontinuidade pela estratificação dos empregos, mas
autonomia. Estes elementos tradicionais da qualificação são aqui existe também continuidade pela integração dos percursos numa
reconrexrual.izados, não através da nomenclatura dos empregos de mobilidade planificada entre postos de um mesmo níve~ e, a seguir,
um dado ramo, mas através de uma configuração precisa de activi- entre níveis. É através da polivalência das competências adquiridas
dades específicas de uma determinada empresa. A decomposição progressivamente que a progressão se efectua. Aqui, ~ co:tinuum
da dimensão das competências em características mais numerosas dos postos em cada nível orienta a mobilidade e a po~valencia,_ e
conduz a definir conclições mais constrangedoras de associação cria a permeabilidade entre os níveis. Trata-se de um~ raaonahz_aç_ao
entre os indivíduos e as posições nas empresas, condições locais muito aprofundada da mobilidade das carreiras no se10 de uma uruca
organização, conforme uma lógica renovada do mercado unemo.
que deixam de ser referenciáveis ipso facto a uma lógica de ramo de
actívidade.
Situar o trabalho na dependência de uma gama de saberes 50 Ver Masahiko Aokí , Économie japonaise. Information. motivalion et
marchandage, trad. por H. Bernard, Paris, Económica, 1991 ; Benjamin
que não se resumem às exigéncias técnicas de um posto de trabalho
, ' Corjat, "Penser à l'envers", Travai/ et organisation dans l ·entreprise
t t,irrJbé_m cvlr.x:a r a formttção no centro do emptcendjmento de japonaise, Paris, Bourgois, 1991 ; lkujiro Nonaka e Hirotak.a Takeuchi,
r:JCJ(J1iaÍJ/,açãr,, rna s ntt urndiçã0 ele que também a f,-'rmação possa The Knawledge Creatíve Company, New York, Oxford University Press,
~u __rftuJtr1J>-r.~ tt1. cm v~rías ~gm entos mcnsutávejs e sujcít<Js a evo- 1995; Jean-François Amadieu e Lo'íc Cadin, Compétence et Organisa-
Ju rr:,,r. ,fipfr1111 í1 c., fr11rm.t<;~r, r-1,, tttrt n<J, ex períêncías de m(.Jb-í)íc.Jadc lion qualí/iante, Paris, Economíca, J 996.
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124 , 71,Q 125


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, . _ - .,,.,.,....,entávei.5 e trans fenve,s. Ser empresário d dela que fo rneça u~a calibrag_em dos empregos símultant:amcntt
pt:U-DGa sao me '-"' _ ,. _ , . a sll.i
. . 0 diz a literatura do management, e cons trutt_.,L,
mais precisa e estntamente c1rcunscríta ao ámbit.<J de cada em-
CMrt:rra, como ~ _ ., . ,. "'" um
v 1s1v el e autenahcave] fora dos resa. Será que a promoção das competéncias nfo aparece então
geru:nco dJ e uma rt-nut.açao
, . pt:s~__,_, -r
limíu:s de urru única empresa: como o temem as firmas confron_ ~omo uma armacliJha da história recente da organização do tra-
t.adas com uma concorrência forte, a lealdade tem um preço muito balho? Ao mesm o tempo que a autonomfa e a individualização
denuJo quando a procura de competéncias cresce mais rapidamen_ acrescidas da activídade restringem o campo e o poder da nego-
re do que a of ert.a.. O fun~or_iamenro ?ªs_cidades te~nológicass1 t ciacão colecriva, concedem mais reconhecimento a cada membro
das zonas índusrriais materniliza a cont1gmdade espacial das firmas do ~olectivo 52 .
entre as quais a mobilidade externa está org anizada. Esta figura da
independi:ocia, expressa por uma lealdade diminuída. para com a or- 52
Segundo ~ucje Tanguy, "os sindicatos de assalariados sempre reivindica-
ganização e por uma identificação reforçada com uma comunidade ram uma mversão do método de construção das grelhas de classificação
de profissionais nómadas, baruiliza a identificação do trabalho com- substituindo uma organização fundada nos atributos dos trabalhadores
plexo com um estado permanente de aprendizagem em contextos por aquela estabelecida a partir dos postos de trabalho. Paradoxalmente,
de acrivídade.s em mudança. a codificação em termos de competências [... ] opera a inversão deseja-
da, mas modificando simultaneamente as regras do jogo: negociada ao
Eis então o nosso trabalhador teoricamente equipado para
nível dos ramos profissionais pelos representantes dos empregadores e
deslocar-se no mercado de emprego sem ser penalizado, bem pelo
dos assalariados, a qualificação distingue-se da competência que é fixada
contrário, pela multiplicação das experiéncias e dos lugares de tra- dentro da empresa ao tenno de um frente a frente entre o assalariado e
balho. A informação transmitida pelas ferramentas (CV, registo de a hierarquia, no seio dum campo de possíveis circunscrito pelo respeito
competências) é, presume-se, normatizada e racionalizada; deve das regras e procedimentos anterionnente construídos pelos dirigentes de
assentar numa estandardização das avaliações individuais no seio da empresas e especialistas. Do mesmo modo, a indetenninaçào ligada a de-
organização e produzir uma melhor gestão da adequação entre os tenninadas dimensões da qualificação, tal como a autonomia, a respon-
candidatos a empregos e os postos a ocupar. sabilidade, a natureza da actividade, encontra-se teoricamente anulada
na definição da competência, "um saber operacional validado", que, em
princípio, abrange todos os elementos anterionnente citados e mede-os
" Ver a análise do caso da Silicon Valley por Anna/ee Saxenian, Regional numa dada situação". L. Tanguy, "De l'évaluation des postes de travai!
Advantage, Cambridge, Harvard University Press, 1994. à celle des qualités des travailleurs", in A. Supiot (dir.), Le Travai/ en
perspectives, Paris, LGDJ, 1998, p. 555.

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11 11', 111111 hc'• t11 11 11 111 ~.rnd11 111,·1111 d11:.; 11, 1d r1ni d r 111 r 1T11d11 de tad11
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,erão consideradas t~o inevitáveis como surpreendentes. Dai O de-
pouco ,·aloriz:adas s.ào entregues à concorrencia pelos preços 00
- fio aceite pelos cnadores de valores (valores materiais e valores
mercado de trabalho não qualificado; os detentores de compete, 0 _
~a ateriais , criadores de lucros no conhecimento e mercado) : a im -
cus adquiridas em parte na empresa e em empregos funcionais tt1l ..d d . ul
. ç~ao nestas actlVl a es CUJO res tado é inceno para todos mas
gares da empresa são estabilizados em empregos a médio ou l o : pl1ca ,
de O sucesso é prometido a alguns, que podem esperar aprender,
razo num mercado interno
. da firma; os detentores de qualificaÇoes
- 0
P : decurso da própria actividade ou através da análise dos seus
muito elevadas negoceiam o seu valor num mercado alargado
e . . . b ' em n rocessos, e pela experimentação incessante de novos disposiúvos
termos tanto mais 1avorave1s quanto os seus ruc os de especiali-
~e organização social e económica, a reduzir a inceneza do novo, a
zação estiverem mais estritamente associados à inovação cientifica
e técnica (informática, biotecnologias, engenharia financeira, etc.). dorninar a sua invenção.
Tal não será a realidade de todo o mercado, mas será sem dúvida Daí a mobilização impressionante de forças económicas, de
a realidade modelisável de uma parte da gestão organizacional do meios institucionais e de tecnologias visando actuar sobre O decurso
mercado das qualidades dos trabalhadores num espaço mais conti- da criação: trata-se não só de produzir novas obras, e de assegurar
a viabilidade e os lucros da empresa, como de extrair da própria
nuo de diferenciação.
actividade de produção os saberes e os instrumentos que permitam
produzir mais, com mais facilidade e de tentar reduzir os riscos de
Conclusão insucesso.
Mas o que é que acontece quando os valores da imaginação
O agir humano expressivo não é nada sem a sua confrontação e da criatividade se tornam imposições correntes do mundo do
com a incerteza. As actividades de criação conseguem em perma- trabalho? O desafio diz respeito à arquitectura das empresas e das
nência iludir a explicação determinista do decurso das coisas: nada organizações, às modalidades de segmentação da mão-de-obra con-
do que advém é desprovido de causa, e, no entanto, nada do que é soante a mobilização e a mobilidade dos saberes empenhados no
produzido de autenticamente novo deixa de surpreender e portanto acto de trabalho, e às novas funções do Estado-Providência. A aná-
de seduzir pelo seu carácter emergente. Por um lado, menos do que lise do mundo do trabalho artístico parece-nos constituir um bom
qualquer outro campo de actividade, o campo da invenção criadora guia para identificar as seduções e os perigos do enriquecimento do
não é uma excepção às leis do mundo nem aos jogos estratégicos trabalho realizado com autonomia, responsabilidade, criatividade, e
dos acrorcs sociais: será a patrimonialização crescente das produ- exposição muito desigual aos riscos correlativos.
ções culturais e artísticas um testemunho directo da historicidade A cotação das qualidades dos trabalhadores artísticos permite
dos actos de criação? Por outro lado, nenhuma certeza é mais bem imaginar um dos cenários possíveis de tal t:volução: novas segmen-
fundamentada c mais paradoxal do yuc csta: as inovações artisticas tações, doravante fortemente individualizadas. Um princípio, ob-
yuc am anhã farão surpresa, admiração ou polémica cm tal ou tal ,, servável no seu estado quimicamente puro nas artes, designa com
arte, não são prcvi sívci s, mas aquelas yuc vão ocorrer e impor-se deito toda a ambivalência da organização do trabalho e da gestão

130 131
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V ' J' ' q 11 al1d ;1d «.: ~ d e ínv c nç ,í,, a rtí-.11 ,:;, •, 1a J·, r_, ,rrv, ;Hj'.J.r l ,1 •,
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( :11 n1 ud P , na p r,111c ,1 , ,t !-- ,., . , . . , ., . Nu e nt ant o a amb1 vakn c1a d c:,u.a cc.1ua.ça1, pr,Jc rc, umir--...c
. . , - ,, ;,.;H, d c cm J1n.· gu s l) p c n ,m a p artir el e J1 s11nç õcs 1o ri ,., s. .
pc tcncJ;,.~ e a íl 1r11' .,,, ~ . , b rutaltn l'. nl <.: num a fó rmul a: a tn '4 ~gL•'?n ça q ~a ntr, a,) , uc.c, c.< J ~e um
. • , . , r . ch ..,..,c.., de rcp111 aç,10 e valo r: es tas rcduz crn ,.1
ma is grosse iras c n e ' · · · . ' ro · ccto c d ad o r ou c1uant o à rcaltzaçao d e ~ t m es m o na.., actrv1da<lc,
..,, >r·1,,.., ,-lune nt ,1 res t,,r,,m lc e pequ e na lrte raturn, arte
íl 1gu mas c:11c,4 ,. , ... \h
de invc,t.ÍgílÇão e art e de o ,m umo po pul ar, pr.odutos d e serie /\
. . . , , · ~ n~s tra jcctó rí as d e vid a profi ssio n al c.-xpressívas, n.à.<J rotírn.:-ira!\,
duravc.:lm e ntc formad o ras, s{, se d e ixa pa rci almente dominar num
e J<: sérit: H) <: íl hi aa rc.1uias si m p lirí cad as (a rti stas de gr ande o u
pcqu eno ialenlo, o rigi nal o u co nven cio nal_, do_tad o o u aplicad o) ri sco asseg urável. Daí a pro liferação dos cen ári os h o je invcmadvs
todo O cs paço de di fc rc.: nciação c.iuc d á scnud o a procura de origi - para adaptar ~ indjvic~ual~ a~ão da~ tran sacçõc~ d o _m ercado do tra-
balho c o m a mutuahz açao d o s nscos p ro fi ss1o na1S t: daí, tam bém,
nalid ade.
Es ta redu ção de urn espaço de quaLidade infinüamente dife- a desmultiplicação das protecções procuradas <lo lado do pólo da
renci áv el a urna po larização m a.is el ementar repercuta-se na gestão segurança, no triângulo habitual de interacção en tre empregador,
do ri sco de emprego. Será es te ri sco provocado por factores ex- trabalhador e segurador dos direitos sociais, com vis ta a absorver
ternos, co mo seria o caso se a sub-actividade e a falta de sucesso uma parte significativa das funções protectoras clássicas que preva-
profissional tivessem de ser atribuídas a uma procura insuficiente lecem no contrato de trabalho assalariado a longo prazo .
do género de tal ento e de aptid ões detidas pelo artista? Ou será
ele end ógeno, Ligado a uma in suficiência de talento ou de aptidão?
Neste último caso é ainda necessário definir qual é esta insuficiên-
cia. Ora os factore s do talento e da aptidão não podem ser defini-
dos ou medidos fora de qualquer referência aos determinantes da
concorrência pela inovação. Como o revelam as fases de expansão
contínua dos mundos da arte e das indústrias de lazer e de diver-
timento, a intensidade da concorrência aumenta a investigação e a
produção de inovação, diversamente originais , explorando · e esti-
mulando a procura de novidade do consumidor: as especificações
do talen,to _artístico_~o_dificam-se à medida que incorporam novas
caractenst1cas ongrnanas das inovações bem sucedidas e que va-

132

~ .... a:>-,
133
ANEXO

A evolução do mercado do trabalho em França


oas artes do espectáculo: 1987-2000

. · ~ realizadas no ( :en trn <le Sc>cio\ogia


,e
< ssas invcsttgaçoc,:-, ~ . .
As n J. e: · • (("E S~T'A) com Philippe ( :ou\angcon, Jan1nc
lho e das Artes ~ \ d
·r
do rab ª h •k
lonela }lo ar1 . so
bre as profissões e os mercac.. os e
.
Rannou e <l .. . táculo e que se fundam nomeadamente
nas artes o espec ' .
emprego ,'. d . d dos da Caisse des congés spectacles., revelam um
. b a analise os a , , d 987
so re . m expansão continua durante o peno o 1 -
tor de emprego e . ,., .
sec b se no entanto fortes d1vergenc1as nas curvas
2000 O servam- , , , .
- · · t da oferta (expressa pelo numero de artistas
de cresc1men o ,
e da procura (expressa pelo numero de contratos, o
recenseados) . -
volume total de dias de trabalho declarados e a soma das re~u~eraçoes
mo mostra o gráfico 1. Uma das consequenc1as deste
pagas) , Co . , . ,
crescimento desigualmente rap1do aparece no grafico 2: o valor
mediano do tempo de trabalho e do rendimento anual por artista
diminuiu durante o período estudado, na mesma altura em que
0 número mediano das contratações acumuladas por cada artista
aumentava. Dito de outra maneira, o trabalho intermitente sofreu
uma fragmentação crescente e a concorrência tomou-se mais
forte entre um número crescente de artistas que obtêm partes
de trabalho menos importantes. Por outro lado, a remuneração
mediana por dia de trabalho aumentou como que para compensar

135
pardalmente a brevidade acrescida dos co n tratos e a in tensifica _
lIa co nco rrencta
' . 1n. ter-1n . d1v1
. .d uaI cJ a y ua I esta b rev1c· 1ade é urn Çao
• · . (g.ra' fi c_o 3) . Co n hll:1 o, O V,
C0 11SClJ llCl1CJas ·al or me d Jano
. ªdas
do rencUtrlento
anual total de um artista ba1xa , o que m o stra que os emprega I lodice
_ . . e ores (base= 1987)
11 ,10 o fe recem a gucm empregam de man eira in termitente
. ll ll) a
segurança compensadora con tra as conseq uê ncias do crcscitr1ent < 250
deseq uilibrado d este mercado de trabal ho . 0

200
lntl loe -....,
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t 1,(, I • -- f / llndÍmco\o (mediu.) Nómcro de <oatr11ot ( ~l

(1 Gráfico 2
Principais tendências no mercado d,, trabalho d,,, artistas (198U000,
t '1'11 t r.""' , <,,►,4 , ~i f ~-. , f r,v., 1 <,~ 1 <,{,4 f ç,r,~ f r,·<;1; f 'á7 f 4 (,11 r """ , r,<i()

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Valom medianos por artista (1)
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• ur,,,.,.,,, "" e,,,,,,.11..
 ft l&;.úv!'l4
)( Muo eal.ul1tl

r;rá/íc(J I
/'nnufaiJ k ndêndaJ "" mercadó d, trahalhó "'11artú tm (19//7-2000),

136
\37
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-··--
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,.,. iNDI CE
• il


• • • • • • • • • •

' ,,~ 1

•,I • •• Prd1icio do au t<ir à edjç110 portuguesa ....... ... .... .
... .. ... ... . .. 7
1
"' • •
• • • Apresen tação da edição portugue:-a .. ... .... .......... .. .. ... ... ............. 31
~
• • • • •
2:1 • Introdução ........................... .... .. .... .......... ...... ................ .. · ..... .. .. ..... ... 4l

[) Capítulo 1
1 illl' ,_ ,_ 1~ 1 1111 1 1 1111:' 11111..~ 1~ 1~ , _ ·1 ~ lia! 1QQII ,cn'.)

""" As artes e a economia capitalista ... ......................... ............................. ..... 47


A criação artística: modelo ou contra-modelo? ........ - ..... - .... ...... ...... ...... 48
• ~ ....... _tra_ • •_ ___, ........ ,_ ....... trab&lbo
A arte, verdade utópica do homem ......................................................... ..... 49
Grrífiro 3 A arte, agente de protesto contra o capitalismo .................. ................... .. .. . .. 53
A arte, elemento subversivo do capitalismo .............. .. ........... ... ................... 55
Pnnapai.J tmdf,uiaJ rM mercado do trabaibo doJ artÚl tJJ (1981-2000).
A arte, 11m modelo firme para opnncipio da inovação ....................... ... 59
V alom medianoJ por artista (2) Um trabalho curiosamente dividido .... ..... ........ ... .. ......... ...... .. .. ........... .... 63
Criatividade e progresso ... ....... ........ ...... ........ .. .. ... ... ...... .. . ......... 70

Capítulo II

As desigualdades no mundo do espectácuJo .... ........ ..... . ... .. ...... ...... 73


A dup Ia he'li ce das des1guaJ
. dades especacu1ues . . ... .. .. ....... ......... ........ 75
A fabricação das desigualdades legicimáveis .. .. ... .... .. . . .............. ......... 78
Os fundamentos das desigualdades legiuroávcis . .. .... .. .. .. .... ..... .. 88
Os argumentos não monetários da vida de :inis ca ....... .. ........ . .. .. ...... 91
Democracia do génio: a individuaLJaJe como capital admirável ..... ... ... 97

139
138

AfA & .-
c/dip,tuJ,, JJJ

• ~,"".,.
/'I ~ ...., J,·'",,~thrí,,
~
d~ #tcxíhíHd:«k ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,"~No,,,,., 1, t1 , .,,,,,, I)

Vi.r-:xH~Jid~,J,; d,, 1r~lr-1H1t),


Víirjtt,1 f~1k dnt ,~_l,;111n~ ~ ~1.,1'~1111,r~Yi'; ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.,,,,,,,,,,,,,,, . j ,
12
A ~w;fJ:-n!>t dn pr1;fi:-i{'S í1t11~J ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.,,,,,,,,., . 1ffJ
(i,~11,:r~lí11A,(/Sn ~ fr~yJJJ(~tJ•·~1;~, dlJ ~~~J~,í~;J,, ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.,,,.. ,,,, ...,, J1J
eh n,,v,)~t;l)Jíln~ J~ ín1.kptn.di:ni:í~
e: ~ híbrid~~J; dn1'i t:-itatiJII;~ dt ~1ívi.dad1; ,,,, .. ,,,.,,, .. ,,,,,,,,,,.,,,, .. ,,, .. ,,, ......,, 11 7
(~ntinuum d.a~ywtlí.d~,d~~ e umo,rrtncía.
,wmnp<)lht kt,t dfJ:-i 1rn.l>',;j_lhad 1 ,re:; (jualíficadrn'l ,.. ,.,,,,.,, ... ,,,, ..... ,, ........ ,..... , 121
O n<>vo mundo dn f'ral>~lh<, ,.................................. ,,,, .. ,,,, .... ,..................... JV-S

Con.cl usão ......... ,.. ,, ,,, .... ,, .... ,, ............ ,.................. •. •.... •........ ............................... 13<J

Anexo

A evolução do mercado do i-rahalho em França


nas artes do espectáculo: 1987 -2000 ......................................................... 135

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