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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2018.0000571856

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº


2116932-13.2018.8.26.0000, da Comarca de Bariri, em que é agravante MUNICÍPIO DE
BARIRI, é agravado CLAUDINEI APARECIDO PEREIRA LIMA.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 18ª Câmara de Direito Público


do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento em
parte ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores BEATRIZ BRAGA


(Presidente sem voto), WANDERLEY JOSÉ FEDERIGHI E BURZA NETO.

São Paulo, 2 de agosto de 2018.

Ricardo Chimenti
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto n. 11017
Ano 2018

AGRAVO DE INSTRUMENTO n. 2116932-13.2018.8.26.0000


Comarca: Bariri
Agravante: Município de Bariri
Agravado: Claudinei Aparecido Pereira Lima

Agravo de Instrumento. Execução Fiscal. ISS dos exercícios de


2013 a 2015. Decisão que indeferiu o pedido de inscrição do
nome do devedor em rol de inadimplentes, bem como o de
cadastro visando à indisponibilidade de bens e direitos do
executado. Pretensão à reforma. Acolhimento parcial.
Preenchimento dos requisitos necessários para o decreto de
indisponibilidade fundada no art. 185-A do CTN. Execução é
feita no interesse do credor, ainda que observado o princípio
da menor onerosidade possível para o devedor. Inclusão do
nome do devedor no cadastro de inadimplentes. Medida
reservada à execução definitiva de títulos judiciais (art. 782, §§
3º e 5º do CPC). Recurso provido em parte.

I Relatório

Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de efeito


suspensivo, interposto pelo Município de Bariri objetivando reformar decisão que,
nos autos da execução fiscal que move em face de Claudinei Aparecido Pereira
Lima, (i) indeferiu pedido de inclusão do nome do executado no cadastro de
inadimplentes porque tal medida pode ser diligenciada pela exequente em via própria,
sendo certo que o interessado estaria em posição de efetuar o protesto extrajudicial da
CDA de modo a até mesmo afastar a necessidade de interpelação ao Poder Judiciário e
que, no entanto, não se tem notícia nos autos tenha sido realizado, concluindo, em
suma, que, dispondo a Fazenda de meios próprios para a efetivação de seu crédito,
descabe transferir ao Judiciário tal ônus; e (ii) indeferiu o pedido de registro do
executado no CNIB (Cadastro Nacional de Indisponibilidade de Bens), pois o
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exequente não comprovou terem se esgotado todas as diligências para a localização de


bens passíveis de penhora, não se justificando a adoção de medida excepcional e
extrema de decretação da indisponibilidade dos bens e direitos do executado.
Em suma, a decisão agravada concluiu que o exequente deverá
diligenciar, por conta própria, sobre a existência de imóveis de propriedade do
executado, sendo desnecessária a intervenção judicial, já que a prestação do serviço a
particulares já é propiciada pelo chamado Sistema de Ofício Eletrônico da ARISP.
O agravante sustenta, resumidamente, que uma das inovações
trazidas com a entrada em vigor do novo Código de Processo Civil foi a possibilidade
de se determinar a indisponibilidade de bens em nome dos executados, antes mesmo de
proceder à sua citação ou à sua intimação, a teor do que dispõe o art. 854 do NCPC;
(ii) outra inovação trazida pelo NCPC é o poder conferido ao juiz para determinar
todas as medidas indutivas, coercitiva, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias
para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por
objeto prestação pecuniária, previsto no inciso IV do art. 139; (iii) o art. 185-A do
CTN, ademais, teve por escopo viabilizar a indisponibilidade de bens do executado que
deixa de oferecer bens à penhora e que a implantação do CNIB, pelo provimento nº
39/2014, objetiva imprimir rapidez, qualidade e eficiência no cumprimento das
determinações do juízo; (iv) tal como as ferramentas eletrônicas BacenJud e RenaJud, já
corriqueiras nos processos judiciais nacionais, o objetivo do CNIB é conferir
efetividade às decisões judiciais; (v) a inscrição do devedor na CNIB não está
condicionada ao exaurimento das diligências para localização de bens do executado,
senão porque não há previsão legal nesse sentido, mas também por inexistir um rol
taxativo de diligências que podem ser requeridas para a consecução de tal desiderato;
(vi) revela-se impossível aferir se realmente foram adotadas todas as providências
cabíveis para encontrar bens do executado, circunstancia que propicia negativas
arbitrárias fundadas neste frágil e inconsistente argumento; (vii) o mesmo juízo, em
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momento anterior, determinou a indisponibilidade de bens e direitos do executado,


através dos sistemas BacenJud e RenaJud, o que deixa claro a incoerência dos
fundamentos adotados para decidir; (viii) não haveria sentido em se projetar e
implementar no âmbito do Judiciário um sistema altamente eficaz para compelir os
devedores a honrarem seus débitos se os juízes não pretenderem deles se utilizar; e (ix)
a decisão, neste diapasão, afronta os princípios da eficiência, da duração razoável do
processo e da economia processual. Pugna pela reforma total da decisão agravada para
determinar a inscrição do executado na CNIB, bem como sua inclusão nos cadastros
de inadimplentes, via SerasaJud. Instruiu a inicial de p. 01/10 com os documentos de p.
11/17.
Dispensa-se a intimação do agravado para apresentar resposta ao
recurso, uma vez que, devidamente citado, deixou de constituir advogados nos autos da
execução de origem.

II Fundamentação

O recurso comporta parcial provimento.


O Município de Bariri ajuizou execução fiscal contra Claudinei
Aparecido Pereira Lima visando à cobrança de crédito tributário relativo a ISS dos
exercícios de 2013 a 2015, no valor total de R$1.849,46, conforme petição inicial e
CDA de p. 02/03 dos autos de origem.
Consta dos autos que o executado foi regularmente citado (p. 08),
não efetuou o pagamento do débito, nem ofereceu bens à penhora (p. 10).
A consulta ao processo em 1º grau dá conta, ainda, de que
intentada a “penhora online” pelo sistema BacenJud, por duas vezes, bem como a
pesquisa pelo sistema Renajud, visando à restrição de veículos de titularidade do
agravado, ambas as medidas mostraram-se infrutíferas. E o que o artigo 854 do NCPC
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autoriza, inclusive em relação às execuções fiscais, é que após requerimento do


exequente, a penhora de dinheiro em depósito ou em aplicação financeira sem se dar
prévia ciência do ato ao executado. A indisponibilidade é tratada em dispositivo legal
diverso, mais especificamente o art. 185-A, do CTN.
Nesse contexto, há que se observar que o município exequente
requereu, com fundamento no Artigo 185-A do Código Tributário Nacional, a
decretação de indisponibilidade de bens do devedor, bem como a anotação do nome
do devedor no rol de inadimplentes, pelo sistema SerasaJud, obtendo o indeferimento
do pedido, em 24.05.2018, nestes termos:

“1- Indefiro a inclusão do nome do executado no cadastro de


inadimplentes porque tal medida pode ser diligenciada pela Exequente
em via própria. Impende salientar, todavia, que a Fazenda Pública,
desde a alteração promovida pela Lei 12.767/2012, que incluiu o
parágrafo único no art. 1° da Lei 9.492/97, está autorizada a efetuar o
protesto extrajudicial da certidão de dívida ativa - medida que seria
altamente recomendável, capaz de inibir o próprio ajuizamento da
execução fiscal, mas sobre o qual não se tem notícia nos autos tenha
sido efetivado, o que, em princípio, afastaria, a meu ver, a necessidade
de utilização do Judiciário com o fim pretendido. Ora, dispondo a
Fazenda de meios próprios para a efetivação de seu crédito, descabe
transferir ao Judiciário tal ônus. Ademais, como já dito anteriormente,
ainda não foram promovidas todas as diligências necessárias à
localização de bens do executado.
2 - Indefiro o pedido de registro do executado no CNIB (Cadastro
Nacional de Indisponibilidade de Bens). O exequente não comprovou
terem se esgotado todas as diligências para localização de bens passíveis
de penhora. Assim, não se justifica a adoção da "medida excepcional e
extrema" de decretação da indisponibilidade dos bens e direitos do
executado. O exequente deverá diligenciar, por conta própria, sobre a
existência de imóveis de propriedade do executado, sendo desnecessária
a intervenção judicial, já que a prestação do serviço a particulares já é
propiciada pelo chamado Sistema de Ofício Eletrônico da ARISP
(http://www.oficioeletronico.com.br). Caso sejam encontrados imóveis
de propriedade do executado, o exequente pode requerer a penhora
sobre eles.”

Com efeito, as recentes alterações do sistema processual visam a


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implementação do artigo 5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal, o que significa


conferir razoável duração à prestação jurisdicional, tornando-a efetiva e célere. Nesse
sentido o artigo 139, inciso II, da Lei n. 13.105/2015 (Código de Processo Civil).
Para esse fim, dentre outros mecanismos temos também a Lei
Complementar n. 118/2005 que acrescentou o artigo 185-A ao Código Tributário
Nacional, grafado nestes termos:

Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não


pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem
encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de
seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por
meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de
transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às
autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais,
a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem
judicial.

Conforme se extrai do citado dispositivo legal, o decreto de


indisponibilidade de bens e direitos se mostra perfeitamente possível nas condições em
que, cumulativamente, o devedor, devidamente citado, não pagar nem apresentar
bens à penhora no prazo legal, e não forem encontrados bens penhoráveis. Não
há imposição de que se esgotem as consultas a todos os cadastros existentes, a exemplo
daquele mantido pela ARISP.

Sobre a hipótese da indisponibilidade de bens, Leandro Paulsen


leciona que:

“O devedor citado em execução fiscal tem o dever de apresentar o seu


patrimônio para a satisfação do crédito tributário. Aliás, o § 1º do art. 656
e o art. 600 do CPC, ambos com a redação da Lei 11.382/06 e aplicáveis
subsidiariamente à execução fiscal, são expressos justamente no sentido
de que é dever do executado indicar onde se encontram os bens sujeitos
à execução, exibir a prova de propriedade e se abster de qualquer atitude
que dificulte ou embarace a realização da penhora, dever este cujo
descumprimento é considerado ato atentatório à dignidade da Justiça,
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sujeito a multa.
Caso o devedor tributário, citado, não pagar nem apresentar bens à
penhora e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará,
por força do estabelecido no art. 185-A do CTN, a indisponibilidade de
seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por
meio eletrônico, para os órgãos de registros de transferência de bens,
especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades
supervisoras do mercado bancário e de capitais.” (Paulsen, Leandro.
“Curso de Direito Tributário Completo”. 5. ed. Porto Alegre: Livraria
do Advogado Editora, 2013, p. 213).

Não obstante o princípio da menor onerosidade ao devedor, parece


oportuno relembrar que a execução é feita no interesse do credor, como confirma
inclusive o art. 797 do Código de Processo Civil de 2015. Nesse sentido o AgRg no
REsp 1287437/MG, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em
02/02/2012, DJe 09/02/2012.
E, considerando que na execução fiscal o executado é citado para
pagar a dívida ou garantir a execução (art. 8º, da LEF), é seu o ônus de indicar bens à
penhora (art. 9º).
No mais, em sede recurso repetitivo (cf. REsp n. 1184765/PA), em
que se analisou a aplicabilidade do art. 185-A do CTN, restou reconhecido a
subsistência da indisponibilidade como forma de se buscar a satisfação do crédito
tributário. Confira-se excerto da ementa:

“[...] 9. A antinomia aparente entre o artigo 185-A, do CTN (que cuida


da decretação de indisponibilidade de bens e direitos do devedor
executado) e os artigos 655 e 655-A, do CPC (penhora de dinheiro em
depósito ou aplicação financeira) é superada com a aplicação da Teoria
pós-moderna do Dialógo das Fontes, idealizada pelo alemão Erik Jayme
e aplicada, no Brasil, pela primeira vez, por Cláudia Lima Marques, a
fim de preservar a coexistência entre o Código de Defesa do
Consumidor e o novo Código Civil.
10. Com efeito, consoante a Teoria do Diálogo das Fontes, as normas
gerais mais benéficas supervenientes preferem à norma especial
(concebida para conferir tratamento privilegiado a determinada
categoria), a fim de preservar a coerência do sistema normativo.
11. Deveras, a ratio essendi do artigo 185-A, do CTN, é erigir hipótese de
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privilégio do crédito tributário, não se revelando coerente "colocar o


credor privado em situação melhor que o credor público, principalmente
no que diz respeito à cobrança do crédito tributário, que deriva do dever
fundamental de pagar tributos (artigos 145 e seguintes da Constituição
Federal de 1988)" (REsp 1.074.228/MG, Rel. Ministro Mauro Campbell
Marques, Segunda Turma, julgado em 07.10.2008, DJe 05.11.2008). [...].
Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução
STJ 08/2008.” (REsp 1184765/PA, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe 03/12/2010)

Tratando-se, assim, de dever fundamental de pagar tributos, e já se


mostrando inócuas as outras medidas adotas pelo juízo visando à localização de bens
passíveis de penhora, perfeitamente cabível a medida de indisponibilidade requerida,
com a observação de que a indisponibilidade foi determinada para garantir crédito que
em sua totalidade é de natureza tributária.
A inclusão do executado no cadastro dos inadimplentes, por sua
vez, é reservada à execução definitiva de titulo judicial, nos termos do art. 782, §§ 3º e
5º do NCPC.

III Conclusão

Diante do exposto, dá-se provimento parcial ao recurso para


determinar ao juízo de origem a anotação da indisponibilidade de bens de titularidade
do devedor pelo sistema CNIB.

RICARDO CHIMENTI
Relator
(Assinatura Eletrônica)

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