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Concessão de Crédito Bancário em Moçambique

Euclides Hermes Tomo

Cândido Ali

(Estudantes do 4º ano, do Curso de Direito, na Faculdade de direito da Universidade Católica de


Moçambique - Nampula)

Resumo

Concessão de Crédito Bancário em Moçambique é o tema que abordamos neste artigo, sendo a sua
importância vital, pois não são poucas as pessoas que recorrem ao crédito bancário na nossa pátria,
sejam pessoas individuais ou colectivas, sendo que muitas delas ignoram os trâmites para atingir
este fim e quais as implicações jurídicas no nosso ordenamento. Assim, visamos dar a conhecer o
conceito de crédito bancário, ou empréstimo, como é comummente conhecido pelas massas
populares, sua tipicidade, obrigações daí decorrentes, quais as partes envolvidas, os elementos,
etc. Assim, propõe-se também a uniformização das taxas de juros pelas entidades bancárias, pelo
Banco de Moçambique (BM), entidade responsável pela supervisão e regulação bancária. Na
realização do artigo a abordagem de pesquisa, quanto ao gênero foi teórica; quanto ao objectivo
foi exploratória, por visar proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-
lo mais explícito e descritiva, por descrever factos e/ou fenómenos de determinada realidade e
quanto à abordagem foi mista (qualitativa e quantitativa).1

Palavras-chave: Crédito Bancário, Concessão de crédito, Banco de Moçambique.

1
FANTINATO, Marcelo, Métodos de Pesquisa, PPgSI – EACH – USP 2015, págs. 6-8.

1
Introdução

O mercado financeiro é muito afectado pela presença de incerteza. Como bem constatam novo-
keynesianos, o banco não é capaz de ter informação completa sobre o tomador de recursos e sobre
sua capacidade de auferir receitas futuras que o permitam cumprir os compromissos contratuais.
Em um contexto de incerteza fundamental, esta dificuldade do banco é agravada porque, segundo
Minsky2, a possibilidade de o banco receber o pagamento de um empréstimo (principal e juros)
depende do desenvolvimento do projecto de gasto e da performance da economia durante
determinado período, seja ele mais curto ou mais longo. Sobre este futuro, nem tomador nem o
banco possuem base objetiva de cálculo. A decisão acerca «da concessão de crédito depende, em
boa medida, das expectativas do banco quanto à viabilidade dos empréstimos, ou seja, da
capacidade do tomador auferir receitas futuras para cumprir seus compromissos financeiros»3 e da
percepção de risco de frustração de expectativas. O processo de concessão de crédito é linear e
uniforme em todas as instituições de crédito? Se não, quais as implicações daí derivadas? Ademais,
como conseguir, em Moçambique, obter crédito bancário? Quais as dificuldades para sua
obtenção? Estas e mais questões serão abordadas resumidamente neste artigo.

Para a realização deste artigo fez-se uso do método sistêmico, método este que procura
compreender a complexidade da realidade, bem como suas transformações, através dos processos
sistêmicos e do efeito retroactivo que acontece permanentemente entre o sistema e seu meio
externo, sendo os tipos de pesquisa a bibliográfica (aquela feita a partir do levantamento de
referências teóricas já analisadas)4 e a descritiva (descreve os fatos e fenómenos de determinada
realidade)5.

Quanto à estrutura, o presente artigo comporta elementos pré-textuais, nomeadamente: a


apresentação do autor, um resumo e palavras-chave; em seguida os aspectos textuais: a introdução,
o desenvolvimento, onde se faz a conceitualização, a apresentação de dados, resultados, seguidos
de uma conclusão; por fim os aspectos pós-textuais: recomendações e bibliografia.

2
MINSKY, H., Can ‘IT’ Happen Again? Essays on Instability and Finance, New York, pág. 20.
3
PAULA, L.F.R. e ALVES JUNIOR, A.J., Comportamento de bancos, percepção de risco e margem de segurança
no ciclo minskiano, Revista Análise Econômica 21, 2001, pág. 24.
4
FONSECA, J. J. S., Metodologia da pesquisa científica, UEC, Brasil, 2002, pág. 32.
5
TRIVIÑOS, A. N. S., Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação, Atlas,
Brasil, 1987.112.

2
1. Fundamentação Teórica
1.1. Conceito

Contrato de concessão de crédito é aquele «mediante o qual o banco (creditante) promete por
determinado período de tempo, ou por tempo indeterminado ter à disposição (crédito) do ciente
(creditado) uma quantia ficando o segundo obrigado a pagar as comissões que forem devidas e na
medida da utilização efectiva do crédito, a reembolsar ao banco e a satisfazer os respectivos
juros»6.

Segundo Pires, «o crédito é um contrato de troca económica em que o credor realiza uma prestação
em determinado momento a favor de outrem e aceita o risco da respectiva contraprestação ser
deferida para o momento ou momentos posteriores, confiando no cumprimento total do creditado
e tendo normalmente direito a uma remuneração»7.

Na lei das instituições de crédito, no art. 1º, alínea n)8, define-se Instituição de crédito como
empresa cuja actividade consiste em receber do público, depósitos ou outros fundos reembolsáveis
e em conceder credito por sua própria conta; claro que essa concessão de crédito deve ser feita
mediante uma garantia bancária, que é o que dá a coercibilidade à norma jurídica e assegura ao
titular dos poderes jurídicos que integram o conteúdo da relação à tutela jurídica em vista a
realização do seu interesse.

1.2. Características e elementos da transferência de crédito

O contrato bancário não tem forma específica, havendo assim liberdade contratual, nos termos do
art. 405º do Código Civil (CC)9, contudo, essa liberdade deve ser exercida dentro da lei, podendo
escolherem a forma que lhes aprouver, bem como as cláusulas.

6
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W Editora, Maputo, 2011, pág. 216.
7
PIRES, José Maria, Direito Bancário, II vol., Edições Rei dos Livros, 1995, pág. 182.
8
Lei nº 28/91, de 31 de Dezembro: Lei das instituições de crédito.
9
«ARTIGO 405.º (Liberdade contratual)
1. Dentro dos limites da lei, as partes têm a faculdade de fixar livremente o conteúdo dos contratos, celebrar contratos
diferentes dos previstos neste código ou incluir nestes as cláusulas que lhes aprouver.
2. As partes podem ainda reunir no mesmo contrato regras de dois ou mais negócios, total ou parcialmente regulados
na lei.»

3
Salientar que as cláusulas do crédito bancário geralmente são: contratos massificados ou
generalizados, muito técnicos, simplificados e formalizados.

As cláusulas contratuais, segundo Waty10, são intransigíveis e irretratáveis, ou seja, as partes não
podem desobrigar-se das estipulações a que se vincularam, salvo se houver acordo entre as partes
nesse sentido, ou por providência legislativa ou intervenção judicial, nos termos do art. 762º CC11.

Os elementos constantes nesses documentos são:

a) Transferência de uma soma de dinheiro (prestação do credor);


b) Obrigação assumida pelo devedor de restituir outro tanto do mesmo género e qualidade
(contraprestação do devedor);
c) Um prazo entre a concessão do crédito pelo credor e o vencimento da obrigação de restituir;
d) Convenção de pagamento de uma remuneração como restituição do crédito concedido
(juro);
e) Outros como o risco, o tempo, a confiança.

Quanto à sua natureza jurídica, o contrato de crédito bancário é um contrato sui generis, nominado
mas atípico, consensual definitivo e sinalagmático, que por não estar legislado em nenhum Código,
seja Comercial ou Civil, não se prende a requisitos formais obrigatórios para sua validade,
prevalecendo o constante no art. 217º/1 CC12.

Um facto importante é que os contratos de concessão de crédito bancário são sempre escritos, pois
assim propicia mais vantagens, principalmente para efeitos de prova. Se este for celebrado por
documento particular, devem constar nele a identificação das partes, o montante de crédito a ser
concedido, a duração do contrato e suas possíveis prorrogações, as modalidades de utilização, as
possíveis garantias a constituir ou constituídas, juros, comissões de abertura de crédito e de
imobilização e as condições em que o contrato pode ser revogado.

10
WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W Editora, Maputo, 2011, pág. 217.
11
«ARTIGO 762.º (Princípio geral)
1. O devedor cumpre a obrigação quando realiza a prestação a que está vinculado.
2. No cumprimento da obrigação, assim como no exercício do direito correspondente, devem as partes proceder de
boa-fé.»
12
«ARTIGO 217.º (Declaração expressa e declaração tácita)
1. A declaração negocial pode ser expressa ou tácita: é expressa, quando feita por palavras, escrito ou qualquer outro
meio directo de manifestação da vontade, e tácita, quando se deduz de factos que, com toda a probabilidade, a
revelam.»

4
1.3. Taxas de juros

A obrigação de juros, ligada à obrigação de capital é tratada na LUP, nos artigos, 569º-561º, e
correspondem a uma remuneração que o beneficiário de crédito deve pagar ao credor pelo serviço
prestado – o de crédito.

Os juros podem ser antecipados ou à cabeça, sendo deduzidos aquando dá disponibilização do


crédito ao cliente. Podem ainda ser voluntários, os fixados pelas partes, ou legais, os que resultam
directamente da lei. Podemos falar de juros remuneratórios ou juros de mora. Os primeiros têm
em vista remunerar o capital mutuado; os juros moratórios têm em vista sancionar o mutuário pelo
não pagamento atempado.

Os juros são designados de compulsórios quando têm em vista incitar o mutuário ao pagamento e
de compensatórios quando o objectivo seja o de actualizar o capital, que sofre erosão com o
decurso do tempo. Podem ainda designar-se os juros de civis, comerciais e bancários.

Há anatocismo, com prática que permite calcular juros sobre juros vencidos, mas não pagos, só é
tolerada nos termos do art. 560º/1 CC13.

A lei bancária afirma o seguinte:

«ARTIGO 53º

O Banco de Moçambique definirá o regime das taxas de juro, comissões e quaisquer outras formas
de remuneração para as operações efectuadas pelas instituições de crédito.»14

O modelo de racionamento de crédito propõe que a decisão do banco sobre quanto cobrar dos
clientes pelo recurso é complexa, porque ela afecta o retorno esperado pelos empréstimos. A
hipótese de autores como Stiglitz e Weiss (1981) é que a taxa de juros afecta a fragilidade
financeira do tomador e consequentemente afecta a sua probabilidade de honrar os compromissos
contratuais. O argumento básico é que o aumento da taxa de juros ao mesmo tempo em que eleva

13
«ARTIGO 560.º (Anatocismo)
1. Para que os juros vencidos produzam juros é necessária convenção posterior ao vencimento; pode haver também
juros de juros, a partir da notificação judicial feita ao devedor para capitalizar os juros vencidos ou proceder ao seu
pagamento sob pena de capitalização.»
14
Lei nº 28/91, de 31 de Dezembro: Lei das instituições de crédito.

5
o retorno dos empréstimos que são pagos, também reduz a probabilidade de quitação dos mesmos,
porque (i) o tomador é induzido a assumir maiores riscos, chamado o problema de risco moral, e
(ii) ocorre seleção adversa dos tomadores, já que os agentes mais conservadores desistem de tomar
empréstimos. O racionamento de crédito é uma maneira de tentar reduzir estes problemas de
assimetria de informação. A taxa de juros passa a ser arbitrada pela instituição: o valor é
suficientemente alto para proporcionar bons retornos, mas é baixo o bastante para evitar o aumento
significativo das taxas de default. Em suma, a taxa de juros fixada é aquela que maximiza o retorno
esperado com os empréstimos, considerando tanto o valor pago a título de juros quanto o impacto
sobre a probabilidade de default. Fixada esta taxa de juros, o banco controla e seleciona os
tomadores. O modelo geralmente supõe que a demanda por crédito é maior do que a oferta de
crédito à taxa de juros arbitrada pelo banco, o que caracteriza a situação de racionamento de
crédito.

Vale lembrar que este modelo de racionamento de crédito pressupõe a noção de risco, ou seja,
embora o pagamento dos compromissos contratuais seja uma variável estocástica, sua distribuição
de probabilidade é bem definida e conhecida pelo tomador.

O modelo combina esta noção de risco com a tensão de uma relação agente-principal.

Conclui-se que a taxa de juros dos empréstimos é uma decisão administrativa do banco, baseada
em factores que vão além das condições estritamente de oferta e demanda. Em especial, a taxa de
juros que maximiza o retorno da carteira de empréstimos no modelo de racionamento de crédito
independe do volume de empréstimos, dentre outras variáveis.

2. Apresentação dos Resultados

«Das operações do Banco


Artigo 41
De acordo com a política de crédito o Banco pode efectuar as operações que justifiquem por força
da sua qualidade de Banco Central e, nomeadamente, as seguintes:
(…)
b) conceder às instituições de crédito, empréstimos, por prazo que não exceda cento e oitenta dias,
nas modalidades e condições que consideram aconselháveis, caucionados por: ouro, títulos do

6
Tesouro e outros títulos de Estados estrangeiros cotados nas bolsas dos principais mercados
financeiros, títulos emitidos por outras pessoas de direito público nacionais quando possuam os
privilégios e garantias atribuídos aos títulos de dívida pública; letras e livranças pagáveis no país ou
no estrangeiro, em moeda nacional ou estrangeira»15.

Cerca de 86% do financiamento à economia moçambicana está concentrado em quatro Bancos,


nomeadamente o Millennium BIM, o BCI, o Standard Bank e o Barclays.

O crédito a particulares e ao comércio continuam a ser os que mais crédito conseguem angariar.
Aproximadamente 53% do financiamento à economia é direccionado aos particulares e aos
sectores de comércio e construção.

O aumento significativo dos depósitos em moeda estrangeira provenientes do Investimento Directo


Estrangeiro não se reflectem na maior capacidade de empréstimo por parte dos Bancos, uma vez
que o BM (Banco de Moçambique) criou uma limitação legal no montante de créditos concedidos
em moeda estrangeira.

2.1. Percepção relativa à limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira e o


impacto que esta limitação têm na liquidez do sistema bancário 16

De acordo com o BM, a limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira tem um impacto
relevante na liquidez do Sistema Bancário.

Tal se deve ao facto dos Bancos receberem elevados depósitos em moeda estrangeira mas não
terem permissão para conceder crédito na mesma moeda.

Por outro lado, de acordo com a Banca Comercial esse impacto é pouco relevante devido ao facto
do peso dos depósitos em moeda estrangeira são reduzidos. A limitação consiste em apenas
conceder créditos em moeda estrangeira para operações de exportação.

15
Lei nº 1/92 de 3 de Janeiro.
16
Estudo sobre o custo de financiamento em Moçambique - impacto no desenvolvimento empresarial, Dezembro
2014, pág. 75-80.

7
Esta medida não interfere nas operações dos Bancos comerciais apesar de ter impacto nas
operações dos exportadores que beneficia a Banca comercial nacional pela realização de margens
cambiais na compra e venda de divisas.

A limitação da concessão de crédito em moeda estrangeira tem um impacto relevante na liquidez


do Sistema Bancário pelo facto de existirem entidades bancárias com elevados depósitos em
moeda estrangeira que não podem ser transformados em concessão de crédito. Adicionalmente, as
aplicações de moeda estrangeira no mercado interno não apresentam retornos significativos devido
ao reduzido rácio de transformação em moeda estrangeira. Por outro lado o impacto é pouco
relevante, na medida em que o peso dos depósitos em moeda estrangeira é reduzida
comparativamente aos depósitos em moeda nacional. Dessa forma, os clientes utilizam métodos
alternativos para efectuar pagamentos através de Bancos estrangeiros, tais como, a criação de
empresas offshore e outros mecanismos para evitarem a conversão de 50% do valor em moeda
nacional.

O agente económico que mais influência a continuidade da taxa de juro de concessão de crédito
acima dos 20% são as entidades bancárias. A banca comercial assume, por um lado, a sua
influência sobre as taxas de juro e por outro, indica o Sistema Judicial como um dos principais
agentes económicos que exerce influência sobre a continuidade da taxa de juro de concessão de
crédito acima dos 20%, por apresentar falta de celeridade nos processos de contencioso.

Por outro lado, a falta de organização financeira e de gestão de várias empresas não permitem obter
credibilidade e garantias reais junto das entidades bancárias. Para além disso, existe burocracia
elevada associada à execução das garantias pelos tribunais tornando o processo moroso.

Diz-se que o agente económico que mais influência a continuidade da taxa de concessão de crédito
acima dos 20% é, por um lado, a própria Banca comercial devido a:

 A base fundamental para concessão de crédito são os depósitos - a estrutura de passivos


das entidades bancárias está assente na captação de depósitos de clientes. Apenas com a
captação de depósitos é possível transformar essa liquidez na concessão de crédito e as
campanhas para captação de novos depósitos apresentam produtos com taxas não inferiores
a 2 dígitos;

8
 Os Bancos comerciais têm uma obrigatoriedade de manter 8% dos seus depósitos no BM
– as Reservas Obrigatórias não são remuneradas pelo BM, contudo apresentam um custo
de oportunidade pela não utilização dessa liquidez. Adicionalmente, os Bancos são
obrigados a constituir Reservas Obrigatórias em moeda local mesmo que a base seja
depósitos em moeda estrangeira.
 Conjunto de depositantes com elevada liquidez (fundos de pensões de algumas empresas
públicas) - os maiores agentes económicos têm poder de compra necessário para negociar
elevadas taxas de remuneração sobre os seus depósitos.

Por outro lado, o empresariado nacional e o Sistema Judicial também são apontados como agentes
económicos que mais influenciam a continuidade da taxa de concessão de crédito acima dos 20%
devido a:

 Dificuldade do empresariado nacional de oferecer segurança financeira – este facto deve-


se por muitas empresas que constituem o empresariado nacional não apresentarem
contabilidade e gestão organizada;
 Escassez de garantias pelos empresários – dada a escassez de património dos empresários,
a concessão de crédito torna-se mais difícil por serem considerados um grupo de risco de
recuperação de crédito;
 Sistema Judicial ineficiente – a execução das garantias pelas instituições financeiras torna-
se num processo moroso devido à ineficiência dos tribunais traduzindo-se numa maior
dificuldade de recuperação de crédito com impacto directo sobre a taxa de juro que mede
o risco de incumprimento.

O BM, as Empresas Públicas e a Banca comercial são considerados pelo sector privado como
sendo os agentes económicos que mais influenciam a continuidade da taxa de concessão de crédito
acima dos 20% devido a:

 O BM é o principal responsável como Regulador, Investidor e Financiador do Sistema


Financeiro - O BM tem como funções regular e reverter a estrutura de mercado para que
evite a existência de uma estrutura de oligopólio; regular o uso do fundo de pensões das
Empresas Públicas;

9
 Empresas Públicas – determinam ou influenciam a taxa de juro (realizam leilões de
depósitos de fundos de pensões remunerados até 15% pelo que a Banca comercial aumenta
as suas taxas de juro para cobrir o custo de obter esta liquidez;
 Banca comercial – a Banca comercial não possui informação comercial acerca dos seus
clientes. Para além disso, as entidades bancárias não possuem um sistema informático
paralelo de registo de crédito entre Bancos e não existe uma central de informação de risco
de crédito que possa permitir a diferenciação na aplicação das taxas de juro de acordo com
o risco percepcionado. Os Bancos não uniformizaram quais as garantias aceites para a
concessão de crédito criando assim uma situação de aumento do risco.

2.2. Como é Que Contrai Um Crédito Bancário?


a) O Que os Bancos Querem Saber?

Não se deixe enganar pela teoria convencional de que precisa sempre de providenciar um plano de
negócios para contrair um crédito. Ao avaliar os créditos, os bancos, regra geral, querem respostas
a estas cinco perguntas: (1) Quanto dinheiro é que pretende? (2) Qual o propósito do crédito? (3)
Como é que o crédito vai ser garantido? (4) Quando é que vai ser feito o reembolso? e (5) Como
é que vai ser feito o reembolso?

b) Tem Garantias?

O outro elemento-chave da contracção de um crédito bancário é a compreensão do conceito de


garantias. As garantias são referentes aos activos que disponibiliza para o reembolso de um crédito.
Estes activos podem ser as contas a receber da sua empresa, o inventário, ou os equipamentos da
empresa e são usados para afiançar o crédito (versus um crédito inseguro, que não tem nenhumas
garantias). Na eventualidade de não cumprir as suas obrigações relativas ao crédito, o credor pode
adquirir e vender essas garantias. Se uma empresa não tiver activos válidos para o efeito, um credor
volta-se para os activos pessoais - por exemplo, acções ou títulos – ou outra forma de garantia
pessoal. Uma garantia pessoal significa que o contraente garante o reembolso com activos
pessoais, ao invés de activos da empresa. Evite que o seu cônjuge assine uma garantia a menos
que ele ou ela tenha uma participação activa na empresa. Está a preparar-se para contrair um
crédito? Considere estas questões antes de submeter o seu pedido.

10
c) Esteja preparado para prover garantias ou uma garantia pessoal

Considere a possibilidade de lhe serem pedidos ambos, principalmente se for a primeira vez que
contrai um crédito. Se assinar uma garantia, tente limitá-la ao prazo de um ano com a possibilidade
de renovação, se necessário. Evite que o seu cônjuge assine uma garantia a menos que ele ou ela
tenha uma participação activa na empresa. Se tiver amigos ou familiares que estejam dispostos a
ser fiadores do seu crédito empresarial mas que não estejam dispostos a garantir a totalidade do
crédito, isto pode dever-se ao facto de a garantia requerer que sejam ‘conjunta e igualmente
responsáveis’, significando que eles terão de pagar o crédito na totalidade se houver uma quebra
de contrato. Para evitar este resultado e motivar vários fiadores, um fiador pode simplesmente
prover garantias para a porção do crédito correspondente à garantia que estão a conceder. Se
houver três fiadores, cada um pode garantir apenas um terço do crédito.

d) Peça um valor suficiente

Um dos erros mais comuns que muita gente comete ao contrair um crédito é subestimarem a
situação e pedirem menos dinheiro do que deveriam. Atente na seguinte história: Era uma vez uma
empresa que fazia mobília de madeira e estava a safar-se muito bem. A empresa pediu dinheiro
emprestado a um banco e, infelizmente, pediu menos dinheiro do que o necessário. Quando voltou
ao banco para pedir mais dinheiro, apercebeu-se de que desta vez era mais difícil porque o banco
ficou desconfiado. Porquê é que não calculou antecipadamente o valor efectivamente necessário
logo à partida? E isso dificultou o processo de crédito. Ao pedir menos do que precisa não resolve
o seu problema.

e) Estabeleça a idoneidade da sua empresa perante as entidades bancárias

Aqui vai uma dica para a criação de idoneidade da empresa perante as instituições bancárias: Não
use um cartão de crédito pessoal para propósitos empresariais. Esta é a regra que é quebrada com
maior frequência. A maioria das pessoas tem um crédito pessoal e pensam: bem, se temos este
cartão porque não usá-lo para fazer aquisições da empresa. O problema é que isto não ajuda em
nada o seu crédito empresarial.

11
f) Conheça o seu histórico de crédito

Tem um histórico de crédito pessoal verificado? Há quanto tempo é que a sua empresa está em
actividade? (As empresas com menos de dois anos de actividade tendem a ser vistas criticamente.).
Sabe qual é a sua avaliação de risco de crédito? Não a poderá melhorar se não a conhecer.

g) Certifique-se de que os seus processos financeiros correspondem

Não forneça relatórios financeiros impressos às 3 da manhã da noite anterior à reunião. Reveja e
corrija quaisquer documentos financeiros usados para um pedido de empréstimo junto de um
contabilista ou conselheiro financeiro.17

2.3. Exemplos de algumas instituições de crédito e seus requisitos para concederem


crédito

 Barclays Home Loans

O Empréstimo para Habitação do Barclays concede créditos mínimos desde MT 1.500.000 até
máximo MT 21.000.000 estão disponíveis em qualquer um dos nossos balcões. Clientes também
são capazes de aplicar um pedido para crédito imobiliário quando um capital adicional é necessário
para fins pessoais ou de investimento, através do uso colateral da propriedade18.

Que tipo de documentos eu precisa-se:

a) Formulário de pedido de Crédito devidamente preenchido;


b) Cópia do Bilhete de Identidade ou Passaporte e Declaração de Residência;
c) Cópia de NUIT;
d) Se for casado (a), cópia do Bilhete de Identidade do Cônjuge e cópia da Certidão de
Casamento;
e) Declaração de Rendimento original e carimbado;
f) Em caso de consignação de salários, deve anexar o documento comprovativo do
rendimento do Cônjuge;

17
http://mozambique.smetoolkit.org/mozambique/pt/content/pt/7663/Como-%C3%A9-Que-Contrai-Um-
Empr%C3%A9stimo-Banc%C3%A1rio-
18
http://casamozambique.co.mz/emprestimo#collapse_1

12
g) Certidão Predial actualizada do imóvel a adquirir (Validade mínima de 3 meses);
h) Certidão Matricial actualizada (Validade mínima de 3 meses);
i) Contrato promessa de compra e venda assinado entre as partes e reconhecido pelo Notário;
j) Cópia do Bilhete de Identidade do Vendedor e número de conta do Vendedor e respectivo
NIB;
k) Extracto de conta contendo os últimos 3 meses de salário; -Informação detalhada sobre
empréstimos em outros bancos (Se aplicável);
l) Incluir Extracto de Cartão de Crédito de outros bancos (Se aplicável);

 CrediAzul do Standard Bank

É uma linha de crédito destinada a clientes particulares para o financiamento de bens de consumo
doméstico, tais como equipamentos electrodomésticos, informáticos, mobiliário, etc19.

As condições de acesso são:

 Clientes sem registo de incidente nas contas e sem informação desabonatória na CDR
(Central de Risco), nos últimos 3 à 6 meses;

 Idade – Mínima: 21 anos (18 emancipado), máxima: idade da reforma (sujeito à restrições
de seguro);

 Prova de rendimentos.

 Empregado há pelo menos 6 meses (excepto funcionários das Nações Unidas)

Destina-se ao financiamento de quaisquer despesas pessoais, como a aquisição de bens de


consumo, férias, viagens, obras na sua casa, formação, saúde, compras de mobiliário, equipamento
informático, casamento e muito mais.

Para obter um financiamento o cliente deve dirigir-se ao balcão do Standard Bank mais próximo,
efectuar a simulação de crédito e preencher a proposta de adesão do crédito ao consumo

19
http://www.standardbank.co.mz/pt/Particulares/Produtos-e-Servicos2/CrediAzul

13
 Crédito Nova Vida Funcionário, BIM

Basta ter o salário domiciliado no Millennium BIM para adquirir ao Crédito Nova Vida
Funcionário Público.

O CNV-FP apresenta grande flexibilidade de condições, designadamente em termos de montante


de financiamento e prazo, sendo os montantes de 1.500,00 MT a 500.000,00 MT, pagáveis num
prazo de 6 meses a 72 meses.

 Crédito habitação, BIM20

Este é concedido num prazo de 5 a 20 anos, sendo o montante de financiamento até 60% do valor
da avaliação, com taxa de juro variável com spread atractivo, rendas posticipadas e permite
liquidação antecipada.

Aqui, os encargos financeiros com a realização do Crédito à Habitação, centram-se em 3


domínios:

Comissões: Será cobrada uma comissão de organização de processo e de alteração/reformulação


de contratos previamente definidos pelo Banco.

Preçário Standard: Será cobrada uma taxa de juro, em vigor à data da concessão da respectiva
facilidade denominada indexante (PRSF – Prime Rate do Sistema Financeiro), acrescida de um
spread definido em Sede de Risco de Crédito.

Liquidação Antecipada: Em caso de Liquidação Antecipada, Total ou Parcial, do capital em


dívida fica sujeito a penalização.

20
http://ind.millenniumbim.co.mz/pt/public/credito/paginas/Habitacao.aspx

14
3. Conclusão e Recomendações

As instituições de crédito tem como objectivo não ceder crédito para receber as rendas dos créditos
cedidos. A verdade é simples, o crédito é muito fácil de vender. Basta pensar no crédito habitação,
a pessoa vai contrair na grande maioria dos casos, só falta saber em que banco. Este processo é
complexo, já que envolve uma série de factores, como pudemos verificar acima.

Sabendo disto, as instituições financeiras desenvolveram fórmulas para fundamentarem o crédito


concedido, por forma a criarem uma base onde podem analisar com rigor matemático as
probabilidades do cliente cumprir ou não as suas responsabilidades financeiras perante o banco.

A concessão de crédito a particulares assenta em 2 critérios21:

Critérios de segmentação – Através deste método pressupõe-se que pessoas com as mesmas
características adoptam comportamentos idênticos. Assim as principais classificações assentam
nos aspectos:

 Geográficos;

 Socioculturais;

 Socioprofissionais;

 Macroeconómicos.

Critérios de Scoring – Este modelo funciona como apoio à decisão da atribuição de crédito com
base em critérios definidos no modelo onde é avaliado o proponente, alguns desses critérios são
critérios de segmentação. O envolvimento com o banco permite recolher muitas informações
valiosas, por exemplo: conta poupança, evidência por parte do cliente controle financeiro.

Avalia como o cliente se comporta na relação com o banco, por exemplo se utiliza frequentemente
o saldo descoberto da conta ordenado, se utiliza e como liquida o saldo do cartão de crédito.

 Scoring de Aceitação;

 Scoring de comportamento.

21
http://bancario.pt/como-funciona-concessao-credito/#ixzz4rrnXpuOD

15
A concessão de crédito a empresas

O mundo empresarial é bem mais complexo do que o de pessoas particulares. Para este tipo de
clientes a concessão de crédito é analisada através dos registos financeiros da actividade, como o
balanço, onde se pode verificar os activos, passivos e capital próprio da empresa e as
demonstrações financeiras onde é possível apurar os resultados financeiros da actividade. Com
base nestes mapas e nas perspectivas do negócio em si, com a análise dos concorrentes é possível
fazer um diagnóstico com objectivo de reduzir ao máximo o risco de incumprimento por parte da
empresa. Estes casos são analisados pela equipa de gestão de risco do Banco. As análises que são
realizadas:

Análise Qualitativa

 Informações

 Análise interna

 Análise externa

Análise quantitativa

 Identificação

 Património

 Incidentes bancários

 Participações (accionistas)

De uma forma geral é assim que escrutina a concessão de crédito em instituições financeiras.

Os bancos não têm interesse em prejudicar os clientes. As instituições só avaliam porque querem
ter menos incertezas face ao futuro, querem ser ressarcidos dos fundos que emprestaram.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Legislação:

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei nº 28/91, de 31 de Dezembro.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei nº 1/92 de 3 de Janeiro.

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil.

Doutrina:

FANTINATO, Marcelo, Métodos de Pesquisa, PPgSI – EACH – USP 2015.

FONSECA, J. J. S., Metodologia da pesquisa científica, UEC, Brasil, 2002.

MINSKY, H., Can ‘IT’ Happen Again? Essays on Instability and Finance, New York.

PAULA, L.F.R. e ALVES JUNIOR, A.J., Comportamento de bancos, percepção de risco e


margem de segurança no ciclo minskiano, Revista Análise Econômica 21, 2001.

PIRES, José Maria, Direito Bancário, II vol., Edições Rei dos Livros, 1995.

TRIVIÑOS, A. N. S., Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em


educação, Atlas, Brasil, 1987.

WATY, Teodoro Andrade, Direito Bancário, W&W Editora, Maputo, 2011.

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empresarial, Dezembro 2014.

Páginas electrónicas:

http://mozambique.smetoolkit.org/mozambique/pt/content/pt/7663/Como-%C3%A9-Que-
Contrai-Um-Empr%C3%A9stimo-Banc%C3%A1rio-

http://casamozambique.co.mz/emprestimo#collapse_1

http://www.standardbank.co.mz/pt/Particulares/Produtos-e-Servicos2/CrediAzul

http://ind.millenniumbim.co.mz/pt/public/credito/paginas/Habitacao.aspx

http://bancario.pt/como-funciona-concessao-credito/#ixzz4rrnXpuOD

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