Positivismo
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Fundamentos teóricos do positivismo I:
A. Comte
A capacidade que a mente humana tem de olhar para os
entes e classificá-los, uma vez sistematizada mediante
critérios lógicos (fundado no sistema aristotélico), permite
um conhecimento departamentalizado: para cada diferente
natureza de ente deverá surgir uma ciência específica.
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Princípio epistemológico de Comte
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Princípio epistemológico de Comte
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A sociologia de Comte
Inspirado na física newtoniana e na tradição filosófica racionalista (de
Aristóteles aos iluministas) Comte se propõe a criar uma nova ciência, a
sociologia.
Newton havia estudado a matéria sob duas óticas básicas, o repouso
(estática) e o movimento (dinâmica). Comte vai se valer de uma
metáfora da física (mecânica) para pensar a sociedade.
ORDEM: como fenômeno de ordem, com instituições que passam de
uma geração a outra, com regras gerais de conduta, com suas tradições,
a sociedade revela seu lado estático.
PROGRESSO: e como fenômeno de mudança, como ente histórico que
se arranja de acordo com contingências, a sociedade revela seu lado
dinâmico.
Ordem e progresso foram parar no lema da bandeira brasileira, devido
aos estudantes da elite brasileira, que iam fazer seus estudos em Paris e
voltavam com idéias republicanas e positivistas. Influenciados filosófica
e moralmente por Comte, transportaram sua classificação para o lema da
bandeira.
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A maturidade do positivismo:
Durkheim
Embora Comte seja o “pai” do positivismo, seu pensamento
ainda não pode ser considerado científico. Seus principais
trabalhos pertencem ao campo da epistemologia e da moral.
Para que a sociologia positivista alcançasse a importância que
faz dela um dos mais vigorosos paradigmas da história da
ciência, foi preciso chegar na leitura de Émile Durkheim,
pensador francês de fins do século XIX e inícios do XX.
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Durkheim e a Metáfora orgânica
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Durkheim contra os liberais I:
As perguntas fundamentais
A origem da discordância entre positivistas e liberais está na
maneira como respondem às duas perguntas fundamentais
da sociologia. Relembrando Comte, uma dessas perguntas
nos remete ao campo da ordem, a outra ao da mudança. As
perguntas fundamentais:
1. Relativa à ORDEM: Por que as pessoas se associam?
2. Relativa à MUDANÇA: Por que as sociedades mudam?
Resposta liberal:
1. Porque elas precisam umas das outras, a satisfação das
necessidades individuais depende da cooperação do grupo,
por isso elas se associam: interesse.
2. Por causa da sinergia (o trabalho organizado, coordenado,
resulta num produto maior do que a soma dos trabalhos
individuais realizados isoladamente)
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Durkheim contra os liberais I:
As perguntas fundamentais
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Durkheim contra os liberais II:
O argumento da solidariedade
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Solidariedade mecânica e
solidariedade orgânica
Inspirado no conceito darwiniano de organismo (página 6), Durkheim
associa complexidade com modernidade: uma sociedade é tanto mais
moderna quanto mais complexa ela é.
Desde a sociedade primitiva, em que todos faziam de tudo, até a
sociedade moderna, pautada por uma grande diversidade de profissões,
pode-se verificar um grau cada vez maior de divisão do trabalho.
Portanto, é pela divisão do trabalho que se mede a complexidade.
Se as pessoas se associam por solidariedade, as sociedades mudam
também em função da solidariedade, mas são solidariedades diferentes:
a primeira, que funda a sociedade e se mantém como pano de fundo
moral para perpetuá-la, Durkheim chama “solidariedade mecânica” e à
segunda, pautada pela complexidade, ele denomina “solidariedade
orgânica”.
Durkheim, como cientista social, busca um recurso empírico
(verificabilidade) para demonstrar o seu argumento da solidariedade:
como medi-la?
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Medindo as solidariedades
Baseado em seu argumento da moral, Durkheim acredita que o
direito (as leis positivas) guarda parte substancial da moral; é sua
cristalização em forma de códigos. Por exemplo, nos países
cristãos, o que o Estado define como crime, coincide com o que a
religião define como pecado.
A solidariedade mecânica, aquela que existe desde antes da divisão
do trabalho e que se refere aos homens enquanto totalmente
semelhantes, Durkheim medirá pelo Direito penal (que é ditado
igualmente a todos).
A solidariedade orgânica, que só aparece quando o trabalho se
divide e se refere aos homens em diferentes posições sociais
(patrão x empregado, vendedor x comprador, locador x locatário,
pai x filhos, etc), Durkheim medirá pelo Direito contratual ou civil.
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A solidariedade em gráfico
Linha do
no de leis
Sol. orgânica
No de leis
penais Sol. mecânica
No de leis
Linha do
contratuais
tempo
2000 A.C. 2000 D.C.
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A solidariedade em gráfico
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Complexidade e anomia
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Complexidade e anomia
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Outras questões importantes em
Durkheim
Os conceitos de solidariedade e anomia possibilitam um
sistema teórico para Durkheim. No livro “Divisão do trabalho
social” ele faz a demonstração que resumimos nas páginas
anteriores.
Em “As regras do método sociológico”, Durkheim estrutura
toda uma metodologia para a pesquisa em Ciências Sociais
No livro “O suicídio” Durkheim volta a diagnosticar a anomia
moderna, agora com os recursos da estatística, além de
demonstrar as causas sociais que estão por traz do mais
individual dos gestos.
Em “As formas elementares da vida religiosa” Durkheim
mergulha fundo na importância da solidariedade como base da
ordem social.
Em suas últimas obras, Durkheim compara o positivismo com
outras teorias sociais em voga, especialmente o pragmatismo
anglo-saxão.
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Contribuições do positivismo
Nenhum paradigma foi mais fértil às ciências em geral, que o
positivismo: métodos positivistas invadiram todos os campos
do saber e se encontram ainda arraigados, por exemplo, na
educação e na medicina.
A maneira como se estrutura a escola moderna, hoje
tradicional, os cursos, as seqüências curriculares, são lapidares
modelos dos efeitos contemporâneos do positivismo.
Um passeio por um hospital moderno é uma aula do
pensamento classificatório, estatístico e semiológico do
positivismo.
Também na política o positivismo teve fortes reflexos e, nesse
quesito, o Brasil é um dos mais influenciados. Principalmente
nos momentos ditatoriais e militares, o discurso positivista e
seus métodos estão sempre muito presentes.
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Os fatos sociais
Para Durkheim, o objeto fundamental de análise da sociologia era o
que ele chamava de FATOS SOCIAIS. Segundo ele, os fatos sociais
deveriam ser vistos como “coisas” com as seguintes características
fundamentais:
EXTERIORIDADE: Os fatos sociais são exteriores aos indivíduos.
Nesse sentido, independem de sua vontade, de seus sentimentos e
pensamentos, em geral existindo na sociedade como anteriores a eles.
COERCITIVIDADE: Eles exercem poder de coerção sobre os
indivíduos, ou seja, exercem uma força sobre eles que os impele a
fazer algo. Padrões culturais são apenas um exemplo dessa força,
quando agimos orientados pela tradição, seguindo normas impostas
por ela.
GENERALIDADE: Significa que os fatos sociais se aplicam à
coletividade; que não dizem respeito a um indivíduo ou outro
exclusivamente. Nesse sentido, a análise de Durkheim tem aspecto
macroscópico, uma vez que seu objeto só existe enquanto fenômeno
coletivo mais amplo.
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Os fatos sociais
Um exemplo de fato social é o comportamento de torcidas de
futebol. Cidadãos muitas vezes pacatos, auto-controlados,
quando vão ao estádio torcer por seu time, se misturam e se
perdem na massa, entoando hinos entre palavras de agressão
ao juiz ou à torcida adversária.
Os três elementos estão presentes: A coercitividade impele o
indivíduo dissolvido na massa, a gritar por seu time, a
generalidade está no caráter coletivo da torcida e a
exterioridade no sentido de que aquilo acontece fora do
indivíduo e independente dele. Se João ou Maria deixa de ir
ao estádio, a torcida continua lá, entoa os mesmos cantos e se
manifesta do mesmo jeito, o que acontece há várias gerações
anteriores a eles e é retransmitido culturalmente ao longo do
tempo.
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