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Era uma vez,

o jornalismo

Mainz, Alemanha, ano de 1464


A Era da Informação começa aqui: Invento é capaz de reproduzir
cópias de escritos
Agora, os livros podem ser produzidos mil vezes mais rápido
Por Letícia Carneiro pintadas a mão e pressionadas
sobre o papel de hora em hora. Fora
Johannes Gutenberg, na o tempo de secagem, as chances de
cidade de Estrasburgo, no leste da a cópia não ser legível ou apresentar
Alemanha, desenvolveu a borrões é palpável.
ferramenta que permite reprodução Historiadores tratam a
de obras literárias. A base do experiência como a revolução do
experimento é a prensa de vinho século XV. Os livros produzidos a
modificada, em que o artesão mão até agora, principalmente
trabalhou por mais de uma década. cópias da Bíblia, levam em média
Ourives por profissão, três anos para ficarem prontos e são
Johannes esculpe as letras no metal, de exclusividade da Elite e da Igreja.
as organiza em uma prancha de James Meigs, editor da revista
madeira de forma que possam ser Popular Mechanics, destaca a
reorganizadas, formando uma grandiosidade da descoberta: “ a
infinidade de palavras e sentenças. prensa multiplicou os livros,
As páginas são alinhadas acima dos significando que ia chegar a todos os
moldes e prensadas pela alavanca, lugares, aumentando a capacidade
permitindo serem copiadas várias de leitura, um feito conquistado por
vezes, acelerando o processo, Gutenberg”, finaliza.
quase em escala industrial, “uma Essa descoberta é decisiva no
fábrica de livros, ninguém podia processo para a criação dos
imaginar uma coisa dessas”, conta primeiros jornais e periódicos, nesse
com empolgação. período as produções são tímidas e
Um aparato semelhante é escassas, mas fundamentais. Na
utilizado na China há 700 anos, visão de Gutemberg, contribuirá a
porém o processo ainda é feito de disseminação de conhecimento,
maneira lenta e complexa, através “temos um continente tão grande, a
de chapas de madeira que são ideia permite que as pessoas
tivessem notícia dos pensamentos e Temos aqui um molde de
ações de outras pessoas”. O como seria noticiado o invento
investimento feito a época equivale a revolucionário de Gutenberg na
$ 1mil dólares atualmente, Alemanha do século XV. A partir
multiplicados pelas três mil copias de disso, o conhecimento começa a se
Bíblias impressas por Johanne, o espalhar, chegando ao alcance das
ponta pé inicial a produção em larga pessoas comuns, das pessoas que
escala. Desde então, 6 bilhões já jamais teriam acesso a um livro
foram impressas, Gutemberg é pelas mãos do clero e da realeza,
responsável por cada página transformando a história humana.
impressa nos últimos 500 anos. Agora vamos a um salto no
tempo...

A Imprensa
na
Ditadura

São Paulo, Brasil, 1964 – 1985

O Brasil de 1964 vivia uma um estaríamos hoje vivendo outro


momento de descoberta política e cenário”.
cultural, e a Ditadura foi uma ruptura Todo esse cenário atingiu
a esse esplendor. “Restaurar a diretamente a Imprensa brasileira,
disciplina, combater o comunismo, acompanhadas de perto pelo medo
defender a democracia”, esse era o e o silêncio, durante os 21 anos do
lema dos militares. A Ditadura governo militar. O mais
mudou o Brasil, o jornalista Audálio impressionante nessa realidade, era
Dantas, presidente do Sindicato dos que os grandes veículos de notícia
Jornalistas em 1975, explica que “o apoiavam o golpe, parte dessa
país estava em um momento que se submissão era para proteger os
não houvesse o golpe, teríamos conglomerados, que não queriam
decolado para uma situação de perder suas concessões ou lucro,
progresso que evidentemente antes de tudo eram empresas dentro
do capitalismo. O Jornalista Rodolfo
Konder, repórter no período de criatividade. A igreja católica
Ditadura, relembra a situação dos também se mobilizou a causa, e
veículos no início, “os donos dos tinha no jornal ‘O São Paulo’ um dos
jornais e as revistas não queriam maiores veículos reprimidos até o
correr muitos riscos, mas até final do período, Padre Cido,
corriam, como no caso de O Estado jornalista do veículo, conta suas
de São Paulo, que publicavam experiências, “há aqueles que diziam
poemas de Camões no lugar das que se espremessem nosso jornal,
matérias cortadas”, conta. Algumas sairia sangue, porque a gente
redes como Estadão mudaram de mostrava as lutas do povo, e o
lado, outros como A Folha de São sofrimento da população”.
Paulo escolheram sua lucratividade Todos os pequenos jornais
no lugar do seu pessoal. sofreram com a marcação cerrada
No caso das emissoras de dos militares, o jornal ‘O Pasquim’
rádio, a censura começava no chegou a ser visto como um
momento das concessões. “O rádio instrumento criado para destruir a
sempre foi reprimido no brasil, não família brasileira. Em outros como ‘O
se dá concessão de rádio a nenhum Movimento’ sofria corte em mais da
movimento ou organização que metade do texto de suas
possa mobilizar as massas, porque publicações, em cima da hora em
ele é um meio quente”, explica o que seriam veiculados. Tal costume
professor da Escola de extinguiu vários
Comunicação e Artes jornais, suas opções
da Universidade de São a repressão era o
Paulo, Bernardo humor ao mesmo
Kucinski. Uma situação tempo em que
completamente criticava o regime de
diferente a televisão, forma contundente.
que era usada como
principal instrumento Há quem diga
de controle social para que a Imprensa
sucede-los ao final da Nanica acabou junto
Ditadura, o a Ditadura, isso
investimento em porque não existe
algumas empresas do ramo que resistência sem repressão.
tinham alcance nacional, e através Historiadora da Universidade de São
da comunicação dominava a todos. Paulo, Maria Aparecida de Aquino,
Um exemplo disso atualmente é a explica a importância da alternativa,
vocação da Rede Globo em “a imprensa teve um papel
determinar a história do país, em fundamental, ela não foi somente
dizer quem vai ser o presidente e uma alternativa à Grande Imprensa,
quem não pode. ela criou um tipo de imprensa que
O símbolo da resistência à precisa existir e que o Brasil precisa
Ditadura foi a Imprensa Alternativa, voltar a conviver”, finaliza.
uma reação a censura apoiados por Um ponto forte da Ditadura a
coligações de partidos clandestinos. qualquer Imprensa é a censura, o
“Ética profissional, e a verdade custe uso de poder no sentido de controlar
o que custar”, norteava essa e impedir a liberdade de expressão e
ramificação do jornalismo, feito que foi a maneira que os militares
exigiu coragem, resistência e muita encontraram para suprimir a
informação, Padre Cido destaca que, da tevê Cultura, vários jornalistas
“toda Ditadura precisa ganhar o são presos, sem qualquer tipo de
consenso do povo, quando se mandato ou autorização. As torturas
arrebenta um golpe, a primeira coisa são além de físicas, psicológicas e
que eles fazem é calar os meios de morais. Tudo isso culminou no
comunicação”. Praticada por assassinato do jornalista Vladmir
telefone, os órgãos do Ministério da Herzog dentro das dependências do
Justiça e a Policia Federal ligavam 2º Exército, que sustentou a teoria de
nas redações passando a lista de suicídio. A partir disso ouve um
quais assuntos não poderiam ser clamor geral da população,
noticiados. Para garantir a mobilização em conta das
efetividade das proibições, os meios atrocidades do regime. Em outubro
recebiam censores que fiscalizavam de 1978, o juiz Márcio José de
os textos antes de serem publicados, Moraes da 7ª Vara de Justiça
a personificação da proibição do Federal de São Paulo declarou a
trabalho jornalístico. União responsável pela prisão,
Raimundo Pereira, jornalista da tortura e morte de Vladmir Herzog.
época, trabalhou na Grande Além dele, vinte e um outros
Imprensa e na Imprensa Alternativa, jornalistas foram assassinados em
relembra a discriminação da censura busca de liberdade de expressão e
contra a Imprensa Nanica, “saíam democracia.
algumas coisas e a gente pegava os Com uma atuação
textos já publicados pelas grandes fundamental, o jornalismo era a
redes, sobre determinados representação do campo social,
assuntos, mandava para censura e além de ofício, é um conjunto de
ela vetava para nós”. Os veículos de relações, de representações
comunicação sempre davam um populares. No regime militar os
jeito de mostrar que naquele espaço jornalistas encabeçaram a lista de
haveriam matérias relacionadas ao censurados. A classe jornalística era
governo, as que sofriam censura muito politizada e ideológica,
eram distribuídas em forma de xerox preocupando-se com a ética do seu
nas periferias junto ao jornal trabalho e o compromisso com a
aprovado. comunidade. Ser jornalista na
A tortura e ameaça comunista ditadura foi algo concreto a ser
foram decisivos na realidade do admirado, vestia-se a camisa de
jornalismo. Acusados de compactuar Imprensa.
com o comunismo dentro do canal
A
Imprensa
atualmente

É de se esperar que festejamos Em geral foram 104 casos de


a democracia, após a Ditadura, a violência a Imprensa, o que pode ser
direito à informação livre pelas mãos considerado um ataque a
da Imprensa é estabelecida. democracia, já que, repórteres e
Infelizmente, não é de todo verdade, cinegrafistas tanto de impresso,
o Brasil ainda é um dos países mais rádio ou televisão trabalham no
violentos na prática jornalística, intuito de levar a informação a
segundo a Organização das Nações comunidade. Em um panorama
Unidas para a Educação, Ciência e absoluto, esses registros são
Cultura - Unesco. contabilizados por associações
No relatório da Associação ligadas aos jornalistas, na vertente
Brasileira de Emissoras de Rádio e de que é preciso sempre buscar
Televisão, divulgado anualmente, condições dignas e seguras de
mostrou que em no ano de 2018, trabalho.
houveram 4 assassinatos, 4
atentados, 23 casos de
agressões, 28 registros
de ameaças ou
intimidações, 17 ataques
ou situações de
vandalismo, 5 casos de
ofensas na internet, 1
registro explícito de
censura, 2 casos de
assédio sexual, 3 roubos
e furtos, 11 decisões
judicias não
contabilizando os casos
de violência não letal.
Países como Síria, Iraque e Programa Tim Lopes de segurança a
Somália em suas crises políticas, jornalistas tratam das investigações
humanitárias e institucionais lideram sobre homicídios, sequestros ou
o ranking de violência a seus tentativas de homicídio e sequestro
comunicadores, em seguida, vem o de comunicadores e, em alguns
Brasil. Aqui, apenas metade dos casos, dar continuidade às
casos de assassinatos a imprensa reportagens que estes desenvolviam
foram solucionados. De 1995 ao ano quando foram impedidos. O projeto
de 2018, segundo o relatório do também dividido em duas fases,
Conselho Nacional do Ministério onde a primeira trabalha o
Público (CNMP), foram registrados documentário ‘Quem matou? Quem
64 casos contra a vida de jornalistas, mandou matar?’, produzido pelo
em razão e sua profissão. Desses, jornalista Bob Fernandes, pelo
32 foram solucionadas e outros 16 fotógrafo Bruno Miranda e pelo
estão em investigação. Os estados fotojornalista João Wainer, onde
com maior número de mortes é o Rio conta os bastidores e os riscos de se
de janeiro com 13 registros, seguido fazer jornalismo fora dos grandes
da Bahia com 7 e o Maranhão com 6 centros.
casos. Em seguida, na segunda fase
A amostra feita no relatório será trabalhado através de uma rede
desde 1995 levou em consideração de jornalistas das principais
o tempo que os crimes levam para redações do país para cobrir os
serem prescritos, em 20 anos esses casos que se enquadrem no
dados só foram aumentando. programa, procurando o não
Grande parte dos crimes contra a arquivamento ou banalização da
vida de comunicadores ocorreu no violência contra os colegas de
período entre o ano de 2011 a 2016, profissão.
foram 35 casos registrados. Em Antes de tudo, antes mesmo
2017 caiu para apenas um caso, no de termos um jornalismo justo,
entanto, no ano seguinte subiu para temos de ter um jornalismo livre, e
4 mortes. Todos esses dados infelizmente não se trabalha com as
mostram que a violência, as ameaça mesmas garantias de voltar para
e os crimes contra a vida de casa no fim do dia, assim como a
jornalistas representam um ditadura desconstruiu o jornalismo,
crescimento de 30%, em relação aos censurando, reprimindo, sufocando-
anos anteriores. o até que fosse necessária uma
Um feito nada produtivo, já reação pequenina, mas que
que o jornalista atua como mediador significou tanto. Quantos outros
da informação ao povo, se o simples comunicadores serão necessários
fato de produzir notícia, exercer seu para que se torne além de um
trabalho com liberdade e dignidade problema de Estado e passe a vista
ofende ou incomoda de alguma nacional e internacional que o
maneira uma ínfima parcela da jornalista age como vigilante do
população, ao ponto extremo de usar poder, da veracidade e da justiça.
a violência e polarizar o público ao A versão social do jornalismo
qual se destina essa informação, não era una, dominante, uma instituição
temos jornalismo. só. Hoje ele é uma das várias coisas
Uma campanha da que se fazem para socializar o
Associação Brasileira de Jornalismo mundo, é uma realidade diluída.
Investigativo (Abraji) chamada Apesar desses abalos, a Imprensa
cumpre seu papel, e continua seu vivemos uma democracia plena, boa
caminho em busca da liberdade. parte do Brasil vive essa ilusão,
Muito do futuro do país depende da ainda temos muito o que caminhar
Imprensa, já que é ela que cobra do para que tenhamos realizações
Estado por satisfações. Mas não democráticas.

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