Texto 1. “Bases para uma psicologia do desenvolvimento sociocultural e evolucionista”
Grupo: Ana Carolina Cirino, Izabela Prazeres e Natalia Moraes
O objetivo do texto é elucidar as bases da psicologia evolucionista, iniciando
com uma consideração importante acerca da influencia do contexto no estudo do desenvolvimento humano. Percebemos, na literatura, espaços diferenciados de análise de fatores específicos, onde autores e leitores fazem parte de contextos diferentes. Dessa forma, o desenvolvimento humano é situado no contexto e não pode ser estudado independentemente, sem levar em consideração, por exemplo, diferentes culturas. A autora se orienta pelos trabalhos de Vygotsky principalmente e destaca alguns dos principais pontos da contribuição de Vygotsky. Ele considera que o estudo dos fenômenos humanos depende do estudo de sua história, e que o homem é um ser racional, produto da filogênese e da história cultural. O comportamento do homem cultural é produto de três gêneses: evolução da espécie, história cultural e ontogênese. A evolução biológica, explicada por Darwin, segundo o texto, fundamenta a existência dos processos mentais naturais ou inferiores. A história humana, explicada por princípios de Marx e Engels, demonstra o uso de ferramentas e diferenças no desenvolvimento, que atuam no controle gradual da natureza. A filogênese e a ontogênese, para Vygotsky, segundo a autora, apresentam-se em dialética. Sobre a ontogênese, a junção da filogênese com a história cultural, ele fala da linha de desenvolvimento natural, ou seja, da maturação/ crescimento e da linha cultural, da apropriação de ferramentas de mediação (meios culturais) responsáveis pela transformação de processos mentais inferiores (linha natural) em superiores. A linguagem, por exemplo, seria resultado de um processo de desenvolvimento. A lei geral de desenvolvimento, de Vygotsky, antes de internalizadas, as funções psicológicas se desenvolvem no plano interpessoal, com utilização de ferramentas de mediação, o que explica o a transformação dos processos mentais. O texto cita ainda algumas questões relativas às crianças, sua interação com os adultos/ cuidadores e seu desenvolvimento. A perspectiva sociocultural, de orientação nem universalista, nem relativista radical, acaba permeando-se a outros níveis de análise como, por exemplo, o micro e ontogenético. M. Cole, um dos autores contemporâneos, pretende retomar o projeto de integrar a psicologia fisiológica (dos processos básicos) à psicologia da cultura. Cole é dissidente de Vygotsky ao passo que discorda do fato da história cultural suceder a filogênese, considerando-as em interação dialética. Cole, segundo o texto, considera que a cultura não é especificamente da espécie humana, fala em aprendizagem por imitação, existência de artefatos (usados em atividade sociais). Além disso, Cole considera que a interação entre organismo e ambiente, dá origem ao recém nascido, que nasce imerso em uma cultura, sendo um ser biológico e social. A natureza humana, assim, é produto bio-sociocultural da evolução. Segundo o que vimos em aula, para Cole, os bebês nascem com programas específicos para conhecer o mundo, mas dependem da aprendizagem e flexibilidade comportamental para terem sucesso na complexidade do ambiente social humano. Sendo assim, se a pessoa nasce com bom temperamento e em ambiente saudável, irá fazer boas relações, provavelmente. Porém, a pessoa com temperamento difícil em ambiente saudável, apresentará maior flexibilidade, que se constitui em uma capacidade adaptativa. A psicologia evolucionista, desenvolvida a partir da década de 1980, teve como base estudos Darwinistas e Neo-darwinistas, e tem algumas premissas, como: a natureza humana é universal, produto da evolução da espécie; a seleção natural de mecanismos psicológicos adaptativos; e a estrutura da mente humana, envolve mecanismos de processamento de informação que permitem algumas ações relativas à cultura. A interface entre problemas dos nossos ancestrais com os atuais se dá na psicologia evolucionista pela modularidade. Há necessidade de elaborar módulos para utilidades mais gerais, ou adaptar à realidade de hoje, que é completamente diferente da realidade de nossos antepassados. A fluidez cognitiva, segundo Mithen, foi o passo crucial na evolução da mente moderna, da especialidade para a generalidade, que capacitou as pessoas à desenhar instrumentos complexos, criar arte e acreditar em religiões. A ciência apresenta propriedades que dependem da fluidez cognitiva, e esta continua alterando contextos que geram cada vez mais conhecimentos. A psicologia Evolucionista tem foco na mente adulta, na racionalidade e lógica, e apropriou-se da idéia de mente da psicologia cognitiva, como processadora de informação. O texto destaca, ainda, alguns aspectos do estudo de Brunner, como por exemplo, o fato de considerar que a cultura modela a mente e que os indivíduos atribuem sentidos às coisas, de acordo com o contexto em que está inserido. A concepção de mente é agentiva, colaborativa, orientada para problemas, focalizada atencionalmente, seletiva, construtiva e dirigida a metas. O texto cita ainda alguns outros autores, destacando pontos específico de cada um, como no caso de Barkow, Cosmides e Tooby, que não vêem a ontogênese como ponto relevante, ou ainda Keller, que fala em um processo de construção baseado em módulos selecionados, dentre outros. Vale destacar que consideramos o capítulo bastante denso e com muita teoria. Em alguns momentos, torna-se difícil contextualizar situações e explanações do texto pelo fato de ter sido o primeiro deles em nossa disciplina. São citados diversos autores e um panorama geral é dado para situar as bases da psicologia do desenvolvimento sociocultural e evolucionista. Por fim, a autora expõe de uma forma bem mais geral a importância do estudo das evidências da história da espécie e considera que “toda a psicologia deve ser evolucionista”. Além disso, comenta sobre a importância da cultura para a nossa espécie e a articulação da psicologia evolucionista para o estudo do desenvolvimento humano e para a perspectiva sociocultural em diversos estudos.
Referência bibliográfica
Seidl de Moura, M. L. (2005). Bases para uma psicologia do desenvolvimento
sociocultural e evolucionista. Temas pertinentes à construção da Psicologia Contemporânea, 15-41.