Em abril de 1964, um golpe militar depôs o presidente João Goulart (1961-1964), instituindo
um período ditatorial no Brasil com o objetivo de resolver a crise econômica e afastar da
política os opositores à nova ordem. Um sentimento comum também unia os diferentes
militares que formavam as Forças Armadas brasileiras: o anticomunismo. O temor de o Brasil
se tornar um país comunista existia em alguns círculos militares e em parte da sociedade
brasileira antes mesmo de 1964, como demonstrou a manifestação de caráter anticomunista
formada por cerca de meio milhão de pessoas que foram às ruas da cidade de São Paulo
protestar contra a "baderna e a corrupção", conhecida como Marcha da Família com Deus
pela Liberdade, ocorrida em 19 de março de 1964.
Outro grande expoente do período foi o músico Geraldo Vandré. Geraldo compôs “Pra não
dizer que não falei das flores”, um hino contra a ditadura. Nessa canção, Geraldo enfatizava
as injustiças (pelos campos há fome em grandes plantações), destacava a presença do exército
nas ruas (Há soldados armados, amados ou não) e convocava as pessoas para se unirem na
luta contra a ditadura (Vem, vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora,
não espera acontecer). Geraldo foi preso, torturado e exilado, mas “Caminhando” (como ficou
popularmente conhecida) é um clássico da música popular brasileira e, com certeza, deve
incomodar até hoje. A “flor” da canção é uma referência ao movimento “Flower Power” que
surgiu nos Estados Unidos. Pregava a não violência contra os povos e foi teorizado depois da
Guerra do Vietnã em 1959.
Em 1979, João Bosco e Aldir Blanc compuseram “O bêbado e a equilibrista”, que fala sobre
os exilados. É um retrato do Brasil no final do período ditatorial, com mães chorando
(Choram Marias e Clarisses) pela falta de seus filhos, os “Carlitos” tentando sobreviver
(alusão a um personagem de Charles Chaplin. Representa a população que, mesmo oprimida,
ainda consegue manter o bom humor) e a equilibrista (nossa esperança, se equilibrando e
sobrevivendo).
Várias outras músicas também confrontaram o regime militar. “Apesar de você” (Chico
Buarque) e “Cartomante” (de Ivan Lins e Victor Martins).