RESUMO
Na rede de transporte público o Terminal Rodoviário representa o ponto onde a população tem acesso ao transporte.
Sua importância cresce se considerada a demanda por viagens intermunicipais. A análise da eficiência dessas
instalações é relevante para a oferta de serviços de qualidade. O objetivo do modelo de avaliação de desempenho
operacional da Gestão dos Terminais Rodoviários de Passageiros que ofertam viagens intermunicipais é medir o uso
das funcionalidades e o nível do serviço. As restrições e delimitações são o porte e capacidade operacional do
terminal, o impacto e influência do uso do espaço urbano, o número de operadores e linhas intermunicipais. Foram
modelados índices a partir de indicadores que tipificam cada Terminal e da operação da oferta e demanda de
transporte entre cidades. Esses índices, calculados utilizando os indicadores, irão compor um Índice Global de
Desempenho do Terminal – IGDT que classificará as instalações em função do nível de serviço.
ABSTRACT
In the public transportation network the road terminal is that point where the population has access to transport. Its
importance grows when intercities trip demanding is considered. The evaluation of its efficiency is crucial factor for
quality service offering. The performance evaluation model for intercities road passengers terminal is to measure
terminal operational performance throughout Management practices related to its plant functionalities, service level
offered and its acceptance by the population. The model delimitation and restriction are the terminal size and
operational capacity, impacts and influence in the use of urban space, and the number of transportation operators.
This procedure assessed to understand the terminal operations in terms of offering and demanding particularities of
the passenger transportation between each city. By the usage of calculated index using the indicators, the model
provides a Global Terminal Performance Index – IGDT which allows classifying, those plants with better quality of
level services.
1. INTRODUÇÃO
As cidades brasileiras, nas últimas décadas, passaram por processos de crescimentos intensos,
ligados à dinamização das atividades econômicas e às migrações populacionais. Essa
dinamização trouxe impactos no modo de vida das pessoas, como a reconstrução física e
adaptações do sistema viário, nem sempre justificadas como alternativas capazes de proporcionar
uma redistribuição de acessibilidade, ou seja, a capacidade de movimentação entre pontos de
origem e destino.
O gerenciamento das viagens e os aspectos referentes à sua geração como localização das zonas
de tráfego em relação às áreas centrais e periféricas, padrões de uso do solo e características
sócio-econômicas da população são elementos que variam em diferentes regiões. Recebem
tratamentos administrativos similares e amparo na legislação federal, referente à tributação,
regime de concessão ou permissão e trabalhista. Na esfera estadual um conjunto de normas
próprias de cada Estado é aplicado e no nível municipal alguns aspectos legais como licença de
zoneamento, alvarás e impostos incidem também na dinâmica gerencial (ANTT, 2002).
A pesquisa sobre o desempenho operacional dessas instalações torna-se relevante para adequar a
crescente demanda por viagens intermunicipais. Portanto, é oportuna uma abordagem para
modelar uma sistemática de avaliação de desempenho operacional dos Terminais Rodoviários de
Passageiros que oferecem viagens intermunicipais. O modelo deve medir esse desempenho em
termos das práticas de Gestão empregadas considerando as funcionalidades oferecidas, o porte,
seus impactos e influência no espaço urbano, o nível do serviço ofertado e a sua receptividade
pela população.
Por outro lado, as formas de medição com o objetivo de acompanhar o desempenho de sistemas
podem levar a resultados imprecisos e vagos. Uma vez que nenhum sistema é perfeito, pode-se
esperar uma taxa de erro tolerável sem comprometer as medições como um todo (Neely, 2000).
Considerando que todo processo possui um nível de organização que o caracteriza como um
sistema constata-se que existe uma preocupação em descobrir os indicadores e as unidades de
medida que caracterizam seu funcionamento.
2. METODOLOGIA EMPREGADA
A realização de pesquisas periódicas de satisfação do usuário com o objetivo de melhorar o
serviço oferecido reduz os custos e redireciona investimentos, além de aumentar o nível de
qualidade real do serviço. Entender o comportamento dos usuários, a sua percepção do nível de
serviço, diminui gastos desnecessários na implementação de políticas gerenciais e aumenta a
lucratividade, a qualidade dos serviços e a sua satisfação. Portanto, não adianta ter um excelente
desempenho segundo um conjunto de indicadores bem modelados se o usuário não der o
correspondente valor (Magri, 2003)(Bandeira, 2007).
Portanto, o processo de descobrir medidas de efetividade deve considerar que, embora seja um
equipamento do sistema de transporte público de passageiros, os terminais são também
empreendimentos de um singular tipo de pólo gerador de viagens (Portugal & Goldner, 2003)
(Kneib, 2004). Estão inseridos no desenho urbano das cidades, algumas vezes fora dos centros,
impactam no fluxo de mobilidade, fazem parte do sistema de transportes de forma diferente de
outros pólos como os serviços públicos de salvamento e coleta de lixo, ou cinemas e shopping
centers. São pontos de referência de passageiros e veículos que, uma vez interligados,
representam os nós de uma rede de distribuição de viagens proporcionando o acesso da
população ao sistema multimodal de transportes.
Assim, mesmo que essas medidas sejam oriundas de dados extraídos de forma direta ou indireta,
sejam dados discretos ou contínuos com perfil determinístico ou probabilístico, as informações de
natureza econômica, social e administrativa devem estar presentes. Parmenter (2007) sugere que
os indicadores devem ser simples na forma, mas representarem o que é mais importante, segundo
a visão de seus administradores e especialistas.
Tabela 1: Movimentação de viagens e passageiros nos terminais rodoviários
administrados pela CODERTE e iniciativa privada no Rio de Janeiro
Assim, pode-se ter um indicador que representa tanto um atributo de conforto, de difícil
mensuração quanto ser facilmente mensurável, tais como a quantidade de ônibus. Enquanto
considerado como preferência pessoal o critério de conforto é impreciso, mas a medida de
quantidade de ônibus é objetiva e mensurável. Os indicadores dos terminais dizem respeito aos
aspectos físicos, às dependências utilizadas pelos usuários, operadores e veículos, trabalhadores
internos e externos (Dunham, 2008). Alguns desses indicadores são:
a) quantidade de plataformas de embarque e desembarque;
b) quantidade de banheiros, com o quantitativo de sanitários;
c) quantidade de guichês com o quantitativo de operadores;
d) metragem da área de circulação, espera e alimentação;
e) quantidade de lojas e quiosques;
f) quantidade de pavimentos e capacidade do estacionamento;
g) quantidade de portas de entrada e saída;
h) quantidade de salas da administração;
i) consumo de água, energia elétrica;
k) telefones públicos instalados;
l) número de funcionários da instalação, terceirizados e das lojas; e,
m) quantidade de computadores e aparelhos eletro-eletrônicos.
Esse número informa ao Gestor do Terminal como o local está sendo utilizado em função do
trânsito de passageiros em um período. A capacidade de absorver usuários d é medida em
passageiros por metro quadrado (p/m2). O nível de saturação será alcançado se a diferença entre
o total de usuários a viajar, e seus acompanhantes, somado ao total desembarcado for maior que a
soma do total embarcado, seus acompanhantes e os visitantes que deixaram o terminal.
O valor TH x TB é um total teórico uma vez que irão existir berços em alguns horários que
estarão ociosos.
Para cada plataforma b, ou berço, existem totais de passageiros desembarcados TDb, quantidades
de desembarques QDb do dia para cada horário h de chegada e totais de passageiros
desembarcados TDh em todos os berços. A taxa de utilização do local de desembarque pode ser
calculada como sendo a razão entre o total dos horários de chegada para cada berço, no caso
ΣQDb = TH onde b = 1,...,TB e h = 1,..., k com 0 < k < TH, e TH x TB. A capacidade de
bh
utilização da plataforma de desembarque será menor ou igual à capacidade total. Por outro lado, a
ociosidade O das plataformas será o complemento dessa medida. O índice para representar os
passageiros desembarcados por plataforma será:
h=k
onde: b=TB
b = 1,...,TB e TB é a quantidade de plataformas ou berços TDb QDb (6)
h = 1,..., k e 0 < k < TH é o total de horários
TD = Total de passageiros desembarcados por berço b
IPDP = Σ TDx THbh
b b,h=1
TH = Total de Horários (ciclo) com Desembarques em cada berço
bh
A regularidade da janela de tempo entre as partidas indica a presteza do serviço ofertado. Nessa
janela de tempo o Terminal executa tarefas tais como limpeza da plataforma, vistoria das
condições de higiene e limpeza, etc. Quanto mais próximo de zero mais eficiente serão as
partidas e conseqüentemente mais estáveis serão os intervalos entre partidas, provando a
regularidade do serviço. l=n
onde: l = 1,...,n e n é o quantidade de linhas
h = 1,...,k e k é a quantidade de horários de uma linha
Σ
l=1
AH
l
(8)
AH = Atrasos ocorridos em cada horário IRIP =
l=n
TH = Total de horários
Σ
l=1
TH
l
3.4.3. Índice de Eficiência do Serviço de Venda de Passagens (IES-VP)
É a medida de eficiência com que as passagens são vendidas em um período de observação. A
venda de passagens pode ser no guichê, como também por agentes de viagens ou eletronicamente
pela Internet. Não são vendidas passagens por telefone ou feitas reservas, nem troca ou
cancelamento de passagens. A eficiência significa maior volume de passagens vendidas por
unidade de tempo e que o atendimento ao cliente é feito com um mínimo de reclamações. Permite
ao Gestor acompanhar a evolução das vendas e controlar a distribuição de viagens nas épocas em
que a demanda for maior que a oferta de assentos. A eficiência será de 100% se todos os assentos
forem vendidos para todos os horários de um dia. Esse índice quanto mais próximo de 100 mais
demonstrará a eficiência da venda das passagens.
onde: h = 1,..., TH e TH é o total de horários
TA
TAh = Total de Assentos em um horário IES-VP = h (9)
TA = Total de Assentos TH x TA
TH = Total de Horários
o=k
l=n
Σ l=1
LOE
l1
(15)
IVRE =
L= Σ l=1
LOElo = total de linhas para todos
os operadores L
o=1
3.6 Índice Geral de Desempenho do Terminal (IGDT)
O IGDT é um valor resultante da combinação dos índices, agrupados e classificados por categoria
funcional, e ponderados em função da sua importância relativa no conjunto das 5 categorias. A
metodologia para realizar a conjugação de vários indicadores de desempenho em um índice único
consistiu em:
1) pesquisar os critérios de operação da gestão de um Terminal Rodoviário de Passageiros no
contexto do sistema rodoviário de transporte público de passageiros e,
2) criar um método de ponderação de forma a considerar a contribuição relativa de cada grupo de
índices envolvidos.
Os critérios do IGDT foram tanto os dados de pesquisa de campo como da bibliográfica, ficando
os terminais intermunicipais bem caracterizados. Suas atividades definem um desenho de Gestão
com o foco na integração dos diversos recursos materiais e humanos utilizados na satisfação das
necessidades da população por mobilidade. O IGDT é um índice único que informa o status
operacional da Gestão permitindo estabelecer comparações qualitativas entre diferentes
instalações. É uma medida dinâmica, uma vez que os índices de desempenho se alteram de
acordo com a variação dos seus indicadores componentes.
Naturalmente que a mesma metodologia, com pequenas adaptações, pode ser aplicada a terminais
de passageiros de outros modos de transportes. Entretanto, procurou-se descobrir as relações
qualitativas, além das considerações quantitativas, que os terminais rodoviários intermunicipais
guardam entre si determinando os valores mínimos e máximos para a avaliação de desempenho
para essas instalações.