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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

SETOR DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


DEPARTAMENTO DE DIREITO DO ESTADO

JOÃO FELIPE GROLLMAN PASTRO


JÚLIA PRADO
TÁCILA MARIA RICARDO

DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA - O MINISTÉRIO PÚBLICO

PONTA GROSSA
2018
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 3
As competências do Ministério Público .................................................................................. 4
A remissão ................................................................................................................................. 4
Promoção e acompanhamento dos procedimentos infracionais .......................................... 5
Ações de alimentos e outros procedimentos ........................................................................... 5
Hipoteca legal e prestação de contas ...................................................................................... 5
O inquérito civil ........................................................................................................................ 6
Procedimentos administrativos ............................................................................................... 6
Notificações e requisições ........................................................................................................ 6
Sindicâncias, e requisição de inquérito policial ..................................................................... 7
Zelo pelos direitos e garantias das crianças e dos adolescentes ........................................... 8
ARTIGO 202 ............................................................................................................................ 9
ARTIGO 203 .......................................................................................................................... 10
ARTIGO 204 .......................................................................................................................... 11
ARTIGO 205 .......................................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 13
INTRODUÇÃO

É estreita a ligação do Ministério Público com as normas de proteção à criança


e ao adolescente, pois que está ele naturalmente votado à defesa de interesses sociais e dos
interesses individuais indisponíveis.1
Em sua atuação, busca sempre o Ministério Público o zelo de um interesse
público primário, ou seja, um interesse ligado à defesa da comunidade como um todo, a defesa
do bem geral. Com efeito, e é de sabença de todos, há diversas categorias de interesses, que,
sumariamente podem ser sintetizadas em dois grandes grupos: o interesse privado (como o
direito de propriedade) e o interesse público em sentido estrito (como o direito de punir do
Estado soberano).
Observe-se que a proteção à criança e ao adolescente, por exemplo, interessa à
atividade ministerial, seja enquanto isoladamente considerados (p. ex., a situação de uma única
criança abandonada), seja sob o aspecto coletivo ou difuso (p. ex., os adolescentes de uma
escola secundária, todas as crianças do País destinatárias de uma propaganda prejudicial à saúde
etc.).
As funções institucionais a que se refere o art. 200 do Estatuto compreendem
não só aquelas especificamente referidas no art. 201, bem como qualquer outra função que a
Lei 8.069, de 13.7.90, tenha expressa ou implicitamente cometido ao Ministério Público.
Esta disciplina legal permite, sem dúvida, que diversas funções legais cometidas
ao Ministério Público pelo Estatuto possam ou, conforme disponha a lei local de organização
do Ministério Público, até mesmo devam ser exercidas por outros órgãos da Instituição,
levando-se em conta o princípio da especialidade.
Enfim, não se pode deixar de enfatizar quão estreita é a ligação do Ministério
Público com as normas de proteção à criança e ao adolescente, haja vista tratar-se de interesses
sociais ou individuais indisponíveis.
Analisando os principais direitos e interesses ligados à proteção da infância e da
juventude, como foram relacionados pelo art. 227, caput, da Constituição, percebe-se, com
efeito, que a indisponibilidade é a nota predominante em todos eles. Com efeito, diz a
Constituição ser “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao

1
MAZZILLI, Hugo Nigro. O Ministério Público No Estatuto Da Criança E Do Adolescente. Disponível em:
<http://www.mp.sp.gov.br/pls/portal/url/ITEM/1995EF1CFA2A715CE040A8C02701429>
Acesso em: 04 nov 2018.

3
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão”.
Desta forma, não se pode excluir a iniciativa ou a intervenção ministerial em
qualquer feito judicial em que se discutam interesses sociais ou individuais indisponíveis
ligados a proteção da criança e do adolescente; o mesmo se diga quando se trate de interesses
coletivos, difusos ou individuais homogêneos Ligados à proteção da infância e da juventude.

As competências do Ministério Público

A expressão competir foi utilizada no art. 201, caput, do Estatuto, com sentido
de competência administrativa, ou seja, um conjunto de atribuições cometidas a um órgão.
As atribuições do Ministério Público, na área de proteção à infância e à juventude
não se exaurem no art. 201 do Estatuto: incluem também atribuições implícita ou explicitamente
a ele conferidas nos demais dispositivos do Estatuto, como ainda vão além, ou seja,
compreendem atribuições conferidas à Instituição, nessa área, pelas mais diversas leis, entre as
quais não está excluída a lei orgânica local de cada Ministério Público.

A remissão

A remissão veio expressamente prevista nos arts. 126-a 128 e 201, I, do Estatuto
da Criança e do Adolescente, em atendimento à recomendação constante da Res. 40/33, de
19.11.85, da Organização das Nações Unidas.2 Sem aqui adentrar em exame mais profundo do
instituto, cabe anotar que a remissão foi concebida como forma de exclusão do processo, seja
como perdão, seja para aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação
em regime de semiliberdade e a internação (ECA, art. 126).
Quando é o órgão do Ministério Público que concede a remissão ao adolescente
autor de ato infracional, deixará de propor judicialmente a representação.
A remissão não é irrevogável, podendo ser a medida nela aplicada revista a
qualquer tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de representante legal, ou do
próprio Ministério Público(art. 128 do ECA). Por fim, o maior mérito do novo instituto consiste

2
MARÇURA, Jurandir Norberto, “Remissão é instrumento valioso”, O Estado de S. Paulo de 24.4.91, p. 14.

4
na sua utilidade prática, bem ressaltada por Jurandir Norberto Marçura3, uma vez que grande
parte dos casos, de menor gravidade, pode e deve receber tratamento adequado, com o
atendimento e a orientação, feitos de forma usual e profícua, em milhares de comarcas do País,
diariamente, pelos órgãos do Ministério Público.

Promoção e acompanhamento dos procedimentos infracionais

Adequadamente o Estatuto exige, para a apuração do ato infracional atribuído a


adolescente, à guisa do que também se dá no atual processo penal, o princípio da iniciativa de
parte, para possibilitar um juiz efetiva. mente imparcial, porque desvinculado do dever de
acusar (arts. 171 e s., e 201, II, do ECA).
Caberá, pois, ao órgão do Ministério Público a tarefa de representar à autoridade
judiciária para a aplicação de medida sócio-educativa (art. 180, III, do ECA).

Ações de alimentos e outros procedimentos

Em todos os procedimentos da competência da Justiça da Infância e da


Juventude, se o Ministério Público não os ajuizar – e, portanto, desde então já obrigado a
acompanhá-los (v.g. art. 201, II, do ECA) – neles deverá Intervir, obrigatoriamente. Se o
Ministério Público promover qualquer desses procedimentos, agirá como órgão do Estado, em
defesa dos interesses globais da coletividade, aqui identificados com a defesa das crianças e dos
adolescentes, merecedores de um tipo todo especial .de atenção e proteção integral.
No inc. III do art. 201 do Estatuto, não é outra a intenção do legislador que
garantir a presença do Ministério Público em todo e qualquer procedimento da competência da
Justiça da Infância e da Juventude, quer porque já o tenha proposto, quer porque, não o tendo
ajuizado, nele obrigatoriamente deva intervir.

Hipoteca legal e prestação de contas

Já dispunha o Código Civil de 1916 caber ao Ministério Público propor a


especialização de hipoteca legal em favor de incapaz (art. 840, I), ou a especialização de

3 CURY, Munir. PAULA, Paulo Afonso Garrido de. MARÇURA, Jurandir Norberto, Estatuto da Criança e do
Adolescente anotado, art. 186, Ed. RT, 1991.

5
hipoteca legal, se os interessados lhe solicitarem sua promoção oficial (art. 843); por sua vez, a
promoção da ação de prestação de contas, em face de tutores, curadores e administradores de
bens de incapazes já era cometida ao Ministério Público pelo Código Civil (art. 394 do CC de
1916; art. 1.637, do CC de 2002) e pelo Código de Processo civil (art. 914, I).

O inquérito civil

Criação da Lei 7.347/85, o inquérito civil, depois de acolhido pela própria


Constituição da República (art. 129, III), foi previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente
(arts. 201, V, e 223). Constitui procedimento de caráter investigatório, privativo do Ministério
Público, destinado a prepará-lo para a propositura de ações civis a seu cargo.
A denominação busca estremá-lo do inquérito policial, cujas finalidades são
distintas (art. 4° do CPP). Enquanto o inquérito civil se destina a colher elementos necessários
a servir de base à propositura da ação civil pública pelo Ministério Público, o inquérito policial
tem como escopo. A comprovação da materialidade e da autoria do crime, para embasar o
ajuizamento da ação penal pública.

Procedimentos administrativos

Como vimos ao comentar o artigo anterior, não em decorrência apenas do


Estatuto (art. 201, VI), mas da própria Constituição, tem o Ministério Público o importante
instrumento da instauração de procedimentos administrativos.
Entre estes, sem dúvida, tem especial relevo o próprio inquérito civil, de que
vimos cuidando; mas outros procedimentos podem ser instaurados, como a sindicância (art.
201, VII) ou mesmo quaisquer outros procedimentos administrativos afetos ao Ministério
Público (CF, art. 129, VI).

Notificações e requisições

As notificações e requisições não são tecnicamente “funções”, como as Quer o


art. 129,VI e VIII, da Constituição, mas antes instrumentos para consecução das finalidades
ministeriais, vindo reiteradas em diversos dispositivos legais (CPP, arts. 5°, 47; art. 6°, da LACP
– Lei 7.347/85; ECA – art. 201, VI,b ,c e § 4°; Lei n. 8.625/93, art. 26; Lei

6
Complementar n. 75/93, art.8°). Em inúmeras dessas hipóteses, destinatário da
requisição pode ser até mesmo o Particular (art. 201, VI, c, do ECA). Em havendo sigilo legal
sobre a matéria, incumbe ao órgão do Ministério Público resguardar o sigilo, posto se lhe
assegure o acesso à informação (art. 201, § 4° do ECA).
Desde que esteja o órgão do Ministério Público dentro de suas atribuições, terá
ele o poder de requisição, podendo dirigir-se a particulares, instituições privadas ou a
autoridades federais, estaduais ou municipais pouco importa seja membro do Ministério Público
federal ou estadual.
Poderá requisitar não só informações e documentos, mas, quando seja uma
autoridade o destinatário da requisição, até mesmo a realização de perícias e exames, junto à
administração direta ou indireta.

Sindicâncias, e requisição de inquérito policial

O órgão do ministério público pode instaurar sindicâncias para apurar


diretamente ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude; poderá, ainda,
requisitar diligências investigatórias da autoridade policial, bem como a instauração de
inquérito policial, para apurar a materialidade ou a autoria de infração penal relacionada com
os interesses e direitos de que cuida a Lei 8.069/90 (cf.art. 201, VII, do ECA).
A disciplina dos procedimentos instaurados pelo Ministério Público já foi
estudada nos comentários deste artigo. Ao requisitar o inquérito policial, o Ministério Público
emite determinação de cumprimento obrigatório, por parte da autoridade policial. A não-
instauração do inquérito pela autoridade policial só será possível, sem a prática de crime de
prevaricação, caso a autoridade judicial competente casse essa ordem, por meio de habeas
corpus. Por isso, entendemos que a posição mais correta a respeito é aquela que entende deva
o próprio órgão do Ministério Público responder pela legalidade da requisição que formulou
(devendo assumir a condição de autoridade coatora, em eventual habeas corpus visando ao
trancamento do inquérito requisitado).

Zelo pelos direitos e garantias das crianças e dos adolescentes

A norma do inc. VIII do art. 201 do Estatuto é um desdobramento do art. 129,


lI, da Constituição. Com efeito, o papel do Ministério Público, nesses casos, é de verdadeiro
ombudsman, podendo e devendo, nesse campo, receber petições, reclamações ou
7
representações das pessoas e entidades interessadas; investigar as denúncias recebidas até
mesmo pela imprensa; visitar estabelecimentos de toda natureza, onde estejam ou possam estar
crianças e adolescentes; atentar para as propagandas de produtos nocivos à sua saúde ou à sua
segurança; exigir das autoridades públicas não só uma adequada política educacional e de
saúde, como investimentos adequados, destinação e efetiva aplicação de recursos; fiscalizar os
gastos públicos com campanhas, construção de escolas e estabelecimentos próprios; denunciar
na imprensa as irregularidades noticiadas; promover em juízo a responsabilidade dos
particulares, das autoridades ou das pessoas jurídicas que, por ação ou omissão, causem dano a
qualquer interesse defendido no Estatuto ou em qualquer norma de proteção à infância e à
juventude.

ARTIGO 202

O art. 202 do ECA4 diz respeito à atuação do Ministério Público nos processos e
procedimentos em que não for parte, zelando pelos direitos e interesses previstos no ECA.
Primeiramente, deve-se notar que, pela terminologia utilizada pelo legislador, que o
art. 202 prevê não somente a intervenção ministerial em processos judiciais, como também em
procedimento judicial, de natureza meramente investigatória ou de interesse administrativo.5
Há certos interesses que, pela sua relevância, merecem atenção especial pelos órgãos
públicos, em especial do Ministério Público, o qual foi incumbido, pelo caput do art. 127 da
Constituição Federal6, com a função de defender os interesses sociais e individuais
indisponíveis.
Ecoando o dispositivo ora em análise, Código de Processo Civil, no art. 1787, previu
três hipóteses de intervenção do Ministério Público em processos judiciais: o órgão ministerial
deverá atuar nos feitos que envolvam interesse público ou social, interesse de incapaz e litígios
coletivos pela posse de terra rural ou urbana.

4
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na
defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das partes,
podendo juntar documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.
5
DAL POZO, Antônio Araldo Ferraz. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. Disponivel em:
<http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/promenino-ecacomentario/eca-comentado-artigo-
203livro-2-tema-ministerio-publico/> Acesso em: 17 nov. 2018 .
6
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
7
Art. 178. O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem
jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam: I - interesse
público ou social; II - interesse de incapaz; III - litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Parágrafo
único. A participação da Fazenda Pública não configura, por si só, hipótese de intervenção do Ministério Público.

8
Verifica-se, assim, que a proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes é, com
efeito, um interesse jurídico de alta relevância, o que enseja a intervenção do Ministério Público
em todos os procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude.8
O Ministério Público é vinculado ao interesse que enseja sua atuação no feito. Se sua
intervenção se dá em razão é em razão de uma das partes que integra a relação jurídica (como
no caso de crianças e adolescentes incapazes), deverá zelar por seus interesses. Caso o motivo
é o bem da vida tutelado, seu compromisso será com este, podendo, então, manifestar-se
favoravelmente tanto ao autor quanto ao réu.
Imperioso ressaltar que a atuação do Ministério Público nas hipóteses previstas na lei
é obrigatória9. Trata-se de comando legal cogente, cujo descumprimento acarreta a nulidade do
feito, conforme previsto no art. 204 do Estatuto10, analisado mais adiante.
Na segunda parte do dispositivo, determina-se que o Ministério Público terá vista dos
autos após as partes, previsão também expressa no art. 179, inciso I, do Código de Processo
Civil11. Trata-se não somente de corolário da atuação ministerial, como também direito do
órgão, a sua manifestação após seu conhecimento antecipado todas as questões trazidas ao feito
pelas partes.
Por fim, também fica prevista a sua capacidade em juntar documentos e requerer
diligências. Nesse ponto, o Código de Processo Civil, no art. 179, inciso II12, inova,
prescrevendo que o Ministério Público pode, além de requerer as medidas processuais
pertinentes, produzir provas e também recorrer.

ARTIGO 203

O art. 203 do ECA13 diz respeito à intimação do Ministério Público, que deverá ser
feita sempre pessoalmente. Segundo Dal Pozzo, com a intimação pessoal do Promotor de

8
DIGIÁCOMO, Murillo José; DIGIÁCOMO, Ildeara de Amorim. Estatuto da Criança e do Adolescente:
anotado e interpretado. 6. ed. Curitiba: Ministério Público do Estado do Paraná, 2013. p. 317.
9
DIGIÁCOMO, Murillo José; DIGIÁCOMO, Ildeara de Amorim. Estatuto da Criança e do Adolescente:
anotado e interpretado. 6. ed. Curitiba: Ministério Público do Estado do Paraná, 2013. p. 317.
10
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício
pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
11
Art. 179. Nos casos de intervenção como fiscal da ordem jurídica, o Ministério Público: I - terá vista dos autos
depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo; [...].
12
Art. 179. [...]: II - poderá produzir provas, requerer as medidas processuais pertinentes e recorrer.
13
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.

9
Justiça, evita-se que o mesmo desconheça a existência de feito que demande sua intervenção
obrigatória.14

ARTIGO 204

O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) traz em seu texto, no art. 204,


que os atos jurídicos realizados sem a intimação do Ministério Público devem ser considerados
nulos: “Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que
será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.”15
A atuação do Ministério Público, portanto, funciona como instituto protetivo nos
interesses da criança e do adolescente.
O Ministério Público, como mencionado anteriormente, possui competências
específicas delimitadas pela Constituição Federal e pelo Código de Processo Civil. Estes
interesses, de acordo com o art. 178, CPC, estão diretamente relacionados com a atuação da
instituição como fiscalizadora da lei nas lides que envolvam menores, qual seja, interesse de
incapaz.16
A criança e o adolescente são sujeitos de direito, porém, são considerados
incapazes juridicamente , ou seja, não possuem capacidade de fato para participarem
diretamente dos atos da vida civil. Isto se dá, de acordo com Carlos Roberto Gonçalves (2012,
p. 79-80), em razão de sua pouca idade, sendo assim, necessitam de proteção jurídica para que
não sejam lesados por decisões tomadas sem a devida compreensão dos fatos. Desta maneira,
são representados ou assistidos juridicamente por um responsável, geralmente, os pais. Além
de contarem com a referida competência específica do Ministério Público, como um instituto
protetivo de seus interesses.

O art. 204 também encontra respaldo no art. 279 do CPC, que trata das nulidades
processuais:
Art. 279. É nulo o processo quando o membro do Ministério Público não for intimado
a acompanhar o feito em que deva intervir.

14
DAL POZO, Antônio Araldo Ferraz. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. Disponivel em:
<http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/promenino-ecacomentario/eca-comentado-artigo-
203livro-2-tema-ministerio-publico/> Acesso em: 17 nov. 2018 .
15
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm>. Acesso em: 07 nov 2018.
16
DAL POZO, Antônio Araldo Ferraz. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. Disponivel em:
<http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/promenino-ecacomentario/eca-comentado-artigo-
203livro-2-tema-ministerio-publico/> Acesso em: 17 nov. 2018 .

10
§ 1o Se o processo tiver tramitado sem conhecimento do membro do Ministério
Público, o juiz invalidará os atos praticados a partir do momento em que ele deveria
ter sido intimado.
§ 2o A nulidade só pode ser decretada após a intimação do Ministério Público, que se
manifestará sobre a existência ou a inexistência de prejuízo.17

Este dispositivo inscreve a necessidade de ciência do ministério Público nas lides


em que deva atuar. Sendo assim, se demonstra que a influência do órgão em todo o decorrer do
processo é determinante, podendo alterar o rumo do processo e inclusive a decisão final. Desta
maneira, o MP deve estar atuante em todos os atos e não apenas como mero legitimador da
sentença proferida ao final do procedimento.18
Ressalta-se que o § 1o faz alusão a intimação do Ministério Público para que
este esteja ciente dos atos praticados. Desta maneira, sua intimação é obrigatória, mas sua ação
direta não é obrigatória em todo e qualquer ato para o qual foi intimado.19
Porém, também se depreende do artigo, no § 2o, que a simples falta de intimação
do Ministério Público não dá ensejo a nulidade do processo. Isto se dá devido ao princípio de
Direito Processual da instrumentalidade das formas, que preceitua os atos processuais que
ocorrerem em desconformidade com a lei processual mas atingirem seu objetivo sem causarem
prejuízo aos envolvidos devem ser aproveitados. Sendo assim, além da não intimação, deve ser
provado o prejuízo causado à parte para que o ato seja nulo.20

ARTIGO 205
O artigo 205 trata da fundamentação das intervenções do Ministério Público:
“Art. 205. As manifestações processuais do representante do Ministério Público deverão ser
fundamentadas.”21

17
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em: 07 nov 2018.

18
DAL POZO, Antônio Araldo Ferraz. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. Disponivel em:
<http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/promenino-ecacomentario/eca-comentado-artigo-
203livro-2-tema-ministerio-publico/>Acesso em: 17 nov. 2018 .
19
AZEVEDO, Flávio Olímpio de. Código de Processo Civil Comentado (NCPC). Título III – Das Nulidades.
Disponível em: <https://www.direitocom.com/novo-cpc-comentado/titulo-iii-das -nulidades>. Acesso em: 16 nov
2018.
20
AZEVEDO, Flávio Olímpio de, op cit, loc cit.
21
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm>. Acesso em: 07 nov 2018.

11
A fundamentação, neste caso, se refere ao embasamento legal e fático que o
promotor de justiça deve utilizar em suas manifestações. Ou seja, a expressa exposição de
motivos e razões para justificar o ato.22
Deve-se frisar que essa fundamentação dos atos do MP é requerida em atos
processuais, não sendo necessária sua utilização em procedimentos meramente administrativos
ou pré-processuais.
Isto acontece pois tal dispositivo deve ser analisado em conjunto com o Art. 129
da Constituição Federal: “Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: VIII -
requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os
fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;”.
Neste dispositivo se enquadram como não necessárias de fundamentação
as investigações pré-processuais. Isto pois, a prematura exposição de estratégia de ação do
promotor de justiça em certos casos pode vir a prejudicar sua atuação e possível desvendar dos
fatos.23

Portanto, demonstrado fica que a atuação do Ministério Público, guiado pelas


diretrizes constitucionais e processuais, atuam em prol dos interesses da criança e do
adolescente.

22
DAL POZO, Antônio Araldo Ferraz. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. Disponivel em:
<http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/promenino-ecacomentario/eca-comentado-artigo-
203livro-2-tema-ministerio-publico/>Acesso em: 17 nov. 2018 .
23
DAL POZO, Antônio Araldo Ferraz. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado. Disponivel em:
<http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/promenino-ecacomentario/eca-comentado-artigo-
203livro-2-tema-ministerio-publico/>
Acesso em: 17 nov 2018 .

12
REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Flávio Olímpio de. Código de Processo Civil Comentado (NCPC). Título III –
Das Nulidades. Disponível em: <https://www.direitocom.com/novo-cpc-comentado/titulo-iii-
das -nulidades>.
Acesso em: 16 nov 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/
Constituicao.htm>. Acesso em: 07 nov 2018.

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso em:
07 nov 2018.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do


Adolescente e dá outras providências.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm>.
Acesso em: 07 nov 2018.

CURY, Munir. PAULA, Paulo Afonso Garrido de. MARÇURA, Jurandir Norberto, Estatuto
da Criança e do Adolescente anotado, art. 186, Ed. RT, 1991.
DIGIÁCOMO, Murillo José; DIGIÁCOMO, Ildeara de Amorim. Estatuto da Criança e do
Adolescente: anotado e interpretado. 6. ed. Curitiba: Ministério Público do Estado do Paraná,
2013.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. v. 1. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2012.

DAL POZO, Antônio Araldo Ferraz. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado.


Disponível em: <http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/promenino-
ecacomentario/eca-comentado-artigo-203livro-2-tema-ministerio-publico/>
Acesso em: 17 nov 2018 .

MARÇURA, Jurandir Norberto, “Remissão é instrumento valioso”, O Estado de S. Paulo de


24.4.91, p. 14.

MAZZILLI, Hugo Nigro. O Ministério Público No Estatuto Da Criança E Do


Adolescente. Disponível em:
<http://www.mp.sp.gov.br/pls/portal/url/ITEM/1995EF1CFA2A715CE040A8C02701429>
Acesso em: 04 nov 2018.

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