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- SOLDADO PM -
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
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- LEI 5.810/94

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da produção e dos mercados, típicos da III


Revolução Industrial;
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A.2 crescente defasagem tecnológica com
relação ao ocidente. O Japão supera a produção
industrial soviética em 1982.

PROGRAMA: B - Ascensão de Gorbatchev em 1985, que introduziu na


União Soviética duas políticas reformistas:
7 – GEOGRAFIA: GEOGRAFIA GERAL 1. A nova ordem
mundial, o espaço geopolítico e a globalização. 2. Os B.1 Perestroika: reforma do modelo econômico-
principais problemas ambientais. GEOGRAFIA DO administrativo, baseado na remodelação da
BRASIL 1. A natureza brasileira (relevo, hidrografia, produção e na abertura para a entrada de
clima e vegetação) 2. A população: crescimento, capital estrangeiro;
distribuição, estrutura e movimentos. 3. As atividades B.2 Glasnost: reforma política que determinou o
econômicas: industrialização e urbanização, fontes de fim do monopólio ideológico do PC.
energia e agropecuária. 4. Os impactos ambientais.
C-Afrouxamento dos laços políticos que mantinhamo
leste europeu sob a hegemonia soviética, acompanhado
de um significativo corte de gastos, com ajuda militar e
econômica.
GEOGRAFIA GERAL C.1 Campanha Internacional soviética pelo
desarmamento nuclear, o que permitiu a
redução dos gastos com orçamento militar e
com a indústria bélica:
I. A REGIONALIZAÇÃO DO ESPAÇO MUNDIAL: DA  em 1986, a URSS declarou uma
BIPOLARIZAÇÃO À MULTIPOLARIZAÇÃO moratória unilateral dos testes
nucleares.
 em 1987, assinou com os Estados
1. O Encerramento da Guerra Fria e o nascimento de Unidos o INF (Intermediate Range
uma Nova Ordem Mundial Nuclear Force) um acordo para eliminar
mísseis de médio alcance na Europa e
na Ásia;
1.1 O Colapso do Socialismo:
 em 1989, retirou as tropas do
No início dos anos 80, a economia soviética,que era Afeganistão
controlada pelo Estado, estava a beira de um colapso.
D -A Queda do Muro de Berlim acabou com a ordem
A maior parte da industria soviética estava obsoleta, e
mundial estabelecida após da II Guerra Mundial, que
os níveis de produção caíam procrecivamente, o que se
dividia o mundo em “áreas de influência” soviética e
refletiu na queda da qualidade de vida ara cada vez
americana.
pior. O desemprego era crescente, que se associava à
fome, falta de médicos e precariedade nos serviços E-Crise, desmembramento e fim da URSS, em 1991:
básicos. Podemos, apenas como comparação, dizer que  Junho: extinção do Pacto de Varsóvia
essa situação análoga à de Cuba nos anos 90, onde a
crise de desabastecimento ganharam contornos  Julho: extinção do Comecom
dramáticos.  Agosto: golpe militar sobre Gorbatchev
que voltou ao poder através do
movimento popular liderado por Boris
1.2 Motivos que provocaram o fim da Guerra Fria
Yeltsin.
A -Crise do socialismo soviético, causado por:
 Setembro: reconhecimento da
A.1 excessiva centralização do modelo independência das repúblicas bálticas
administrativo, inadequado às transformações (Estônia, Letônia e Lituânia)

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 Novembro: criação da CEI – instituição de 2.2 Os fatores mais imediatos da nova ordem mundial:
mútua cooperação política, econômica e
militar, liderada pela Rússia.
 A crise do mundo socialista, que culminou com
 Dezembro: renúncia de Gorbatchev – a implosão do bloco soviético, implicando no
oficialização do fim da União Soviética fim da Guerra Fria;
F-Deslocamento do eixo geopolítico mundial: a questão
 A ascensão de novas potências, como o Japão e
ideológica (Leste x Oeste) é substituída pela questão
a Alemanha no âmbito do sistema capitalista,
econômica-tecnológica (Norte X Sul)).
redefinindo a correlação de forças e a natureza
do poder mundial.
2. A “nova” (des)ordem mundial
2.3 Características:
“Alguma coisa está fora da ordem, fora da ordem A) O poder econômico-comercial: na vigência da Guerra
mundial.” (Caetano Veloso) Fria foi dada ênfase aos fatores ideológicos e militares,
na medida em que os objetivos estavam mais voltados à
conquista de áreas de influência. Essa importância da
2.1 Contexto tecnologia está ligada ao fato de que, com a
Após a queda do Muro de Berlim um novo cenário desagregação do bloco soviético e o fortalecimento do
geopolítico foi construído e a “Nova” Ordem Mundial neoliberalismo, houve um aprofundamento da
passou a ser um dos temas mais discutidos da concorrência comercial, e as empresas buscam atingir
atualidade. Essa nova ordem internacional, apesar de graus elevados de produtividade (baixar custos de
difusa em suas características, apresenta dois produção), para conquistarem mais mercados. Assim, a
elementos marcantes: o estabelecimento de uma natureza do poder tornou-se mais econômico-
ordem multipolar e o aumento da comercial, pois o objetivo principal das potências é a
integração/interdependência em escala global – o conquista de mercados consumidores, assim como de
processo de globalização. natureza tecnológica aplicada ao setor produtivo.

A implosão do denominado bloco soviético representou B) A intensificação dos conflitos regionais: durante a
um dos principais acontecimentos do final do século XX, Guerra Fria o conflito político-ideológico entre o
pois trouxe uma reordenação das relações de poder, socialismo e o capitalismo dificultava o afloramento das
responsável pelo esgotamento da ordem estabelecida diferenças internas (rivalidades étnicas, religiosas e
no pós-guerra (Guerra Fria). Este processo, no entanto, históricas) dentro de suas respectivas áreas de
não significou a pura e simples ascensão de uma “nova” influência, cuja unidade deveria ser preservada em
ordem mundial. O que se percebe é um conjunto de função da integridade dos dois blocos, soviético e
fatores novos, apontando para uma direção que ainda estadunidense. As rivalidades étnicas, como dos países
não se definiu por completo. Por isso que denominamos africanos, religiosas, como na Iugoslávia, eram contidas
de (DES) ORDEM MUNDIAL, já que indica um processo para garantir a manutenção do sistema, seja ele
inacabado. capitalista ou socialista do país. Com o fim da
bipolarização, a autonomia, o sentimento de
As mudanças analisadas representam uma nova pertencimento e as identidades religiosas, culturais e
concepção no que se refere à natureza do poder e a étnicas ganharam maiores perspectivas de projeção e
correlação de forças no âmbito do capitalismo de afirmação face às menores possibilidades de
resultantes da reorientação da geopolítica mundial. controle político e ideológico por parte das grandes
Essas transformações provocaram o deslocamento da potências que dominavam o mundo da Guerra Fria.
concorrência para a esfera econômica e não mais
ideológica, além disso surgiram novos centros de poder, C) As novas formas de regionalização do espaço
como a União Europeia e a Bacia do Pacífico mundial: na regionalização existente na época da
configurando, dessa forma, uma nova ordem multipolar Guerra Fria os países eram classificados, segundo o
(com múltiplos centros de poder) diferente da Guerra critério de bloco ideológico, em primeiro, segundo e
Fria que se caracteriza pela bipolaridade (apenas dois terceiro mundos, além da oposição entre o mundo
centros de poder). ocidental (capitalista, liderado pelos Estados Unidos) e
o mundo oriental (socialista, liderado pela União
Soviética). No entanto, as mudanças no sistema

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produtivo e o esgotamento do bloco soviético NOTA: observe que a linha divisória Norte/Sul está
reorganizaram as formas de regionalização. Em primeiro representada por um traço vermelho, e a área de
lugar pela “desaparição do chamado segundo mundo” influência de cada um dos centros mundiais de poder
que veio acompanhada, em certa medida, das está limitada com traços azuis. Com isso quisemos
alterações na concepção de terceiro mundo, inclusive mostrar que a oposição entre os países ricos ou
com a tendência de incorporação gradativa de outros industrializados e os países subdesenvolvidos é algo
países antes situados na periferia, como é caso de mais visível e indiscutível. A área de influência de cada
alguns “Tigres Asiáticos”. Além disso, o fim da disputa polo internacional é, por enquanto, fluida,
entre capitalismo e socialismo provocou o esgotamento relativamente indefinida, pois em muitos casos essas
da divisão Leste-Oeste. áreas se interpenetram. Por exemplo, na área
hipotética de influência dos Estados Unidos (como o
D) A divisão em blocos de poder: atualmente, podemos
Brasil ou a Argentina) há um aumento dos
considerar a formação de alguns blocos de poder como
investimentos europeus. E, na área teoricamente
uma nova forma de regionalização que vem se somar à
japonesa (como a Coréia do Sul e Cingapura), os
permanência da oposição entre mundo desenvolvido e
investimentos dos capitais norte-americanos superam
subdesenvolvido, devido à expansão da pobreza entre
os do Japão. Essas áreas de influência, portanto, devem
países do norte (ricos) e do sul (pobres). Por isso,
ser vistas mais como tendências ou possibilidades e não
podemos enxergar a um só tempo a configuração de um
como realidades fechadas.
mundo socialmente bipolar (ricos e pobres):
Fonte: Adaptado de Histoire-Géographie, 3e Paris:
• O bloco americano: sob a hegemonia dos EUA,
Bordas, 1999.
tendo como periferia imediata o Canadá, e com
periferia secundária a América Latina.
• O bloco europeu: capitaneado pelos países da 2.4 A Otan e sua reestruturação dentro da Nova
Europa ocidental, principalmente a Alemanha. Ordem
Tendo como periferia imediata o leste europeu e
secundária a África negra e o mundo árabe.
A) A Otan e o seu papel na Guerra Fria:
• O bloco do Pacífico: tem como liderança o Japão,
periferia imediata os Tigres Asiáticos (Coréia do Sul, No contexto da Guerra Fria a possibilidade de uma
Taiwan, Hong Kong e Singapura) e como periferias superpotência promover uma ofensiva sobre um país
secundárias o sudeste asiático e o sul indiano. rival era significativa, pois isto justificava-se pela
necessidade de expressão de áreas de influência. Dessa
E) A multipolaridade e o G7.
forma, a Otan representava a aliança militar organizada
F) EUA como única potência militar. pelos EUA, instituída com o objetivo de proteger os
países da Europa Ocidental (zona de influência norte-
G) Novos inimigos como o islã e o terrorismo.
americana) de um possível ataque da potência rival
(URSS).

B) O novo papel da Otan:


A queda do muro de Berlim (1989) representou o fim de
uma realidade geopolítica pautada na rivalidade
político-ideológica entre as superpotências. Com o fim
da URSS e de suas ameaças à soberania americana e
capitalista no mundo, surgiu a necessidade de redefinir
o papel da Otan na nova ordem internacional, já que o
principal motivo de sua criação foi extinto. Assim, foi
criado um novo papel para Otan:
 Proteger os países da Europa do poderio militar
representado pela Rússia.

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 Resguardar os interesses das potências do
Oriente Médio em função de suas reservas
petrolíferas.
 Garantir os interesses da indústria de armas.
 Reafirmar a hegemonia norte-americana como
potência político-militar.

3.1 QUANDO SURGIU A GLOBALIZAÇÃO?


Não há um consenso a respeito. Alguns estudiosos
falam dos anos de 1980, quando os governos
começaram a implantar o programa econômico
neoliberal, abrindo suas portas à entrada do capital e
das mercadorias estrangeiras. Outros acreditam que a
origem da globalização remonta à segunda metade do
século XIX, aproximadamente, quando as grandes
economias capitalistas iniciaram a primeira grande onda
de investimentos no exterior, inaugurando o que se
chamou de imperialismo. Finalmente, para outros
3. O QUE É GLOBALIZAÇÃO? estudiosos, a globalização é um fenômeno bem mais
Os norte-americanos usam a expressão globalização, os antigo, que surgiu com as grandes viagens marítimas
franceses preferem mundialização e em outras dos séculos XV e XVI, a partir das quais exploradores,
sociedades a expressão usada é internacionalização. Tal burgueses e governantes europeus submeteram as
processo trata-se de uma maior interdependência de terras conquistadas do chamado “Novo” Mundo à
quase todos os povos e países da superfície terrestre. dinâmica da política econômica mercantilista,
Alguns falam em “aldeia global”, pois parece que o integrando colônias e metrópoles no comércio mundial.
planeta está ficando menor e todos se conhecem
(assistem a programas semelhantes na TV, fica sabendo
3.2 QUAIS SÃO OS EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO?
no mesmo dia o que ocorre no mundo inteiro). Um
exemplo: Você vê hoje uma indústria de automóvel que O avanço tecnológico, a interligação e a
fabrica um mesmo modelo de carro em montadoras de interdependência dos mercados financeiros em escala
3 países diferentes e os vende em outros 5 países. As mundial encurtaram as distâncias, unificaram e
empresas não ficam mais restritas a um país, seja como baratearam a informação e estão promovendo a
vendedora ou produtora. padronização da cultura e do comportamento por meio
de tevês a cabo, filmes, livros, fluxos migratórios e, mais
Estudos teóricos concluíram que o fenômeno da
recentemente, da internet. O movimento da
globalização resulta de três aspectos ou forças
globalização tende a criar uma cultura de consumo
poderosas: a revolução tecnológica, a interdependência
padronizada por meio de uma estratégia mundialmente
dos mercados financeiros em escala planetária e a
unificada de marketing, destinada a uniformizar a
formação de áreas de livre comércio.
imagem dos produtos aos olhos dos consumidores.
Portanto, a globalização é o processo de integração do
Sob certos aspectos, o mundo está se tornando uma
espaço mundial caracterizado pelo fluxo intenso de
"aldeia global". Empresas gigantescas estão
capitais, serviços, pessoas, produtos e tecnologias entre
atravessando as fronteiras nacionais e se instalando em
os países, o que resulta num mundo interligado por
vários países; o avanço tecnológico na área da
transações econômicas que movimentam capitais
informática e das telecomunicações tem permitido a
volumosos.
agilidade nas transações comerciais e no intercâmbio
de informações; a abertura dos mercados nacionais às

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importações, favorecida por baixas tarifas alfandegárias, constituem este conjunto. O Mito da "Novidade" da
deu um grande impulso ao fluxo de mercadorias, Globalização. Ao contrário do que afirma o discurso
fazendo explodir o comércio mundial. dominante, a integração econômica do globo é um
processo secular que acompanha o desenvolvimento do
O processo de globalização provocou também um efeito
capitalismo desde duas primeiras formas comerciais,
devastador; o desemprego, que atinge tanto os países
manufatureiras e bancárias nas cidades do norte da
subdesenvolvidos da América Latina, Ásia e África como
Itália no Século 15. Foi precisamente a transformação
as nações industrializadas da América do Norte, da
do capital "natural" (imóvel, territorializado e, portanto,
Europa e da Ásia. Na história da formação e
passível apenas de acumulação restrita) em capital
consolidação do sistema capitalista, os níveis de
"abstrato" na forma de dinheiro (móvel,
desemprego acompanharam as fases de crescimento e
desterritorializado e, portanto, passível de acumulação
de retração econômica, crescendo nos períodos de crise
ampliada) que impulsionou a expansão comercial da
e reduzindo-se logo que a economia dava sinais de
Europa, resultando nos descobrimentos e no
recuperação. A partir das últimas décadas do século XX,
lançamento das bases materiais do mercado mundial.
porém, surgiu uma modalidade de desemprego não
Esta expansão, por sua vez, viabilizou o
decorrente de crises econômicas nem da redução dos
desenvolvimento e a consolidação do capitalismo
investimentos nas atividades produtivas, mas da
europeu, que completou a unificação econômica e
revolução tecnológica. É o chamado desemprego
política do mundo em torno de si já no Século 19.
estrutural. O desemprego estrutural resulta do avanço
tecnológico, isto é, do aperfeiçoamento do processo da
capacidade produtiva das empresas pela aplicação de
3.4 O MITO DA DISSOCIAÇÃO ENTRE MERCADO,
novas tecnologias e de novas formas de organização do
EMPRESA E ESTADO
trabalho. Se por um lado essas transformações resultam
no aumento de produtividade, por outro reduzem a A reflexão acima nos remete diretamente ao último
quantidade de trabalhadores necessários à produção, mito que pretendo examinar: o da crescente
pois fazem com que muitas funções deixem de existir. dissociação entre mercado, empresa e estado (e do
Por exemplo: o e-mail, mais ágil e prático, substitui a enfraquecimento generalizado deste). Em primeiro
correspondência tradicional, provocando a extinção de lugar, me parece altamente questionável a
postos de trabalho nos correios. contraposição indiferenciada da Empresa ao Estado
Nacional no discurso dominante sobre a globalização.
No Brasil, como nos demais países subdesenvolvidos, a
Em toda a história do capitalismo, sempre existiram
globalização econômica tem elevado as taxas de
"empresas" e "empresas" (poucas das quais puderam
desemprego e ampliado a distância entre ricos e
ou podem comandar a constituição e exploração de
pobres.
mercados mundiais), e "estados" e "estados" (poucos
dos quais concentraram ou concentram poder político e
militar suficiente para impor uma determinada
CONCLUSÃO: o fenômeno da globalização não produziu
ordenação a esses mercados). Desde a concessão dos
os mesmos efeitos em todos os países e em todas as
monopólios oficiais para as grandes companhias de
camadas sociais. A formação de grandes conglomerados
navegação nos antigos sistemas de colonialismo aberto,
econômicos, o aumento extraordinário do volume de
os estados mais fortes sempre procuraram estabelecer
capitais movimentados nas transações financeiras, a
territórios econômicos os mais amplos possíveis no
livre circulação de mercadorias entre os países e a
interior do mercado mundial, reservando a sua
revolução tecnológica não possibilitaram uma elevação
exploração para determinadas empresas sediadas na
na qualidade de vida da maior parte da população
Metrópole. Nos dias de hoje, as grandes empresas
mundial, que inicia o século XXI convivendo com o
multinacionais continuam a explorar as assimetrias de
desemprego, a pobreza e a fome.
poder político no sistema internacional para abrir,
conquistar, consolidar e proteger mercados.
3.3 OS PRINCIPAIS MITOS DA GLOBALIZAÇÃO Desse ponto de vista, a relação entre o capital que
Apesar de já ter se tornado quase um senso comum, a busca se expandir globalmente e os estados centrais do
leitura da globalização reproduzida acima repousa sobre sistema internacional não tem nada de "exterior" ou
um conjunto de mitos que não resistem a uma "deslocada". Na verdade, essa relação é tão íntima que
apreciação mais objetiva e criteriosa. Examino chega a ser promíscua. Este talvez seja, de todos, o
topicamente, a seguir, os principais mitos que ponto mais evidente para nós. Afinal, basta lembrar
episódios recentes como a pressão pesada exercida

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pelo estado norte-americano para forçar os países em --, que recebem voos regionais. As chamadas
desenvolvimento a aprovar legislações nacionais de telefônicas também não abrangem o mundo inteiro,
patentes favoráveis aos interesses das grandes apenas os lugares que têm infraestrutura para receber
empresas estadunidenses; ou então o envolvimento e emitir chamadas (centrais telefônicas, antenas, etc.).
direto dos governos e serviços secretos dos EUA e da
Uma rede que se amplia cada vez mais é a Internet.
França (a favor, respectivamente, das empresas
Essa rede de computadores abarca todo o planeta, mas
Raytheon e Thompson) na polêmica concorrência do
seus fluxos de informações não atingem o espaço
Serviço de Vigilância da Amazônia (SIVAM) aqui no
geográfico do mundo por igual. Seus participantes
Brasil; ou, ainda, a ação arrogante de Washington (EUA)
concentram-se nos países desenvolvidos e nas áreas
para forçar a dissolução do MERCOSUL e adesão dos
mais ricas ou entre a população de maior dos países
países membros à Associação de Livre Comércio das
emergentes.
América (ALCA). O fato é que esse desenvolvimento só
poderá ser compreendido a partir do reconhecimento
da ação entrelaçada de estados e empresas no sistema
internacional.

3.5 NOS FLUXOS DA GLOBALIZAÇÃO DÃO-SE EM REDES


A globalização é uma dos fenômenos mais discutidos
nos últimos anos. Como se trata de um processo em
andamento, não há consenso sobre o seu significado. As
interpretações são muito diferentes e algumas até
contraditórias, mas todos concordam que ela é fruto da
expansão do capitalismo. Na atual fase desse sistema
econômico, a circulação de capitais, mercadorias,
informações e pessoas apresentam acentuada
ampliação e aceleração.
Os fluxos da globalização ocorrem através de redes, que
abarcam o mundo inteiro, mas não todo o espaço
geográfico. Eles atingem principalmente os lugares mais
bem equipados com infraestrutura de transportes,
comunicações, hospedagem, etc. Esses lugares formam
os pontos de interconexão das redes globais.
O espaço geográfico é composto por um denso
emaranhado de redes, por meio das quais ocorrem
fluxos dos mais variados tipos. Há redes de
telecomunicações (televisão, rádio, telefone,
computadores, ligados por satélites e cabos de fibras
óticas), pelas quais fluem informações; rede de energia
elétrica, por onde flui eletricidade; redes de rodovias,
ferrovias, hidrovias e aerovias, pelas quais fluem
mercadorias e pessoas; rede de oleodutos, por onde
fluem petróleo e derivados, e muitas outras. Essas redes
podem abranger o espaço geográfico local, nacional,
regional e mundial.
Nos mapas a seguir, você pode perceber que as redes
não têm seus nós distribuídos de forma simétrica, como
a rede do gol de um campo de futebol. Por exemplo, os
principais nós do fluxo aéreo são os grandes aeroportos
internacionais, porque os aviões de grande porte não
pousam em qualquer lugar. Fazem parte dessa rede
também os aeroportos menores --- os nós secundários -

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 Os fluxos de Capitais: esses podem ser divididos grande parte da população mundial jamais vai
em dois os de capitais produtivos que são aqueles conseguir colocar os pés em uma aeronave.
ligados aos investimentos países em outras nações,
percebido nitidamente através das grandes empresas
conhecidas como transnacionais que se instalam em 3.6 AS CIDADES GLOBAIS (OS “NÓS” DAS REDES)
diversos países do mundo. Assim é muito comum ver Cidades Globais são aquelas que concentram perícia e
países se esforçando para atrair esses capitais, pois as conhecimento em serviços ligados a globalização,
empresas estimulam o crescimento econômico, independentemente do tamanho de sua população.
gerando empregos e arrecadação de impostos. Existe Para avaliar se uma cidade é global, considera-se: o
outro fluxo de capitais chamado de capitais número de escritórios das principais empresas (em
especulativos. Esse tipo de capital é negociado nas contabilidade, consultoria, publicidade e banco e
bolsas de valores e consiste na compra e venda de consultorias) a sua rede financeira/bancária, de
ações de empresas. Esse procedimento é favorecido telecomunicações etc. As cidades globais são vetores
pela facilidade que se tem de transferências de dinheiro importantes da globalização. Elas são sede de poder e
de um lugar para o outro através de meios eletrônicos. por meio delas que a economia global é administrada,
Esse tipo de negócio, na maioria das vezes, tem fins coordenada e planejada. Elas formam uma rede onde
apenas lucrativos e quase não geram empregos. transitam os trilhões que alimentam os mercados
 Os fluxos de mercadorias: é través desses fluxos financeiros internacionais. Elas formam também uma
que se percebe certa padronização do consumo, pois as teia que dissemina serviços especializados para a
mercadorias têm uma maior facilidade de circulação e indústria e para o comércio, concentram as estruturas
um mesmo produto pode ser consumido em diferentes de comando das 37 mil empresas transnacionais
partes do globo. Percebemos com isso certa atualmente existentes.
interdependência das economias, pois um país não Estudos recentes registram 55 cidades globais no
produz tudo o que consome e nem consome tudo o que mundo. O tamanho tem um pouco a ver com o nível de
produz. Esse fluxo também é explicitamente estimulado desenvolvimento da cidade. Zurique, na Suíça, é uma
pelas empresas multinacionais. cidade global, enquanto Lagos, na Nigéria, com uma
 Os fluxos de informação: esses fluxos são de população 10 vezes maior não é. As projeções indicam
fundamental importância no mundo atual, pois eles que Lagos deverá ser a terceira maior cidade do mundo
permitem um maior conhecimento do mundo. Esses em 2015, mas atualmente sua renda per capita é de
fluxos se intensificam cada vez mais graças aos satélites apenas 68 dólares. Nas cidades globais desenvolvem-se
de telecomunicação que possibilitam a comunicação em dois tipos de grupos sociais opostos: um composto por
tempo real de qualquer parte do Planeta. Eles formam mão de obra extremamente qualificado para executar
grandes redes de comunicação entre elas podemos serviços financeiros, legais, técnicos, de consultoria; e
destacar a Internet que possibilita aos usuários outro, composto por trabalhadores pouco qualificados,
realizarem várias ações sem sais do seu lugar. Também para os serviços de limpeza e manutenção. Com renda
se formam grandes redes de rádio e televisão que salarial baixa, estes últimos vão morar nas periferias e
possuem correspondente em diversas regiões do globo. subúrbios, num contexto de enormes desigualdades
Não devemos esquecer que essas maravilhas estão sociais.
restritas àqueles que podem consumi-las, assim muitos
são os excluídos desse processo, sejam pessoas, sejam
lugares. 3.7 O ESTADO E GLOBALIZAÇÃO

 Os fluxos de pessoas: percebe-se no espaço Com o avanço da globalização, muitas pessoas


mundo um aumento das viagens internacionais de consideram que o Estado-Nação está enfraquecendo,
passageiros devido o avanço no setor da construção que suas fronteiras estão desaparecendo. Alguns até
aeronáutica, uma vez que os aviões ficaram maiores, radicalizam, afirmando que se trata de uma entidade
mais rápidos e seguros. Esse fluxo abarca aqueles que obsoleta e que seu fim está próximo.
viajam a negócios (grandes empresários) e aqueles que De fato, com o avanço da globalização, sob o comando
viajam por lazer (turistas), aliás, atualmente o turismo é das grandes corporações multinacionais, e com a
um mercado que vem se expandindo cada vez mais. tendência de formação de blocos econômicos
Além desses existem outros motivos que contribuem supranacionais, o Estado-Nação perdeu parte da sua
para o aumento desse fluxo, porém sabemos que uma soberania e teve algumas de suas tradicionais
atribuições alteradas.

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Entretanto, afirmar que ele está prestes a desaparecer é Washington foram adotadas para a renegociação da
exagero. Talvez em um futuro distante isso venha a dívida externa dos países latino-americanos. Tornaram-
acontecer. No entanto, com base nos fatos do presente, se o modelo do FMI e do Banco Mundial para o planeta.
o fim do Estado não ocorrerá brevemente. Ao contrário, Seu nome, porém, não significa que sejam consensuais,
os fluxos da globalização aumentam em volume e pois movimentos nacionalistas e de esquerda de
velocidade porque os Estados nacionais criaram as diversas partes do mundo criticam essas políticas e
condições para tal. Exemplos de medidas tomadas pelos protestam contra sua aplicação.
Estados nesse sentido:
O Consenso de Washington defende a liberalização da
 A crescente abertura das economias nacionais economia, as privatizações, a redução da ação do
para mercadoria e investimentos estrangeiros; Estado e a desregulamentação do mercado de trabalho.
 A desregulamentação dos fluxos de capitais,
mercadorias, serviços e informações; PRECEITOS
 A política de privatizações e outras medidas
O neoliberalismo prega que o funcionamento da
econômicas de cunho neoliberal, que
economia deve ser entregue às leis de mercado.
favorecem a aceleração dos fluxos da Segundo seus defensores, a excessiva presença estatal
globalização. na economia inibe o setor privado e freia o
 O discurso do “fim do Estado” está ligado à desenvolvimento.
disseminação do neoliberalismo no mundo, ao
questionamento do keynesianismo. Os
Algumas de suas características são:
neoliberais pregam a redução do papel do
Estado na economia, pois ele teria aumentado  Abertura da economia por meio da liberalização
em excesso durante a fase keynesiana. Embora financeira e comercial e da eliminação de
os países desenvolvidos exaltem o discurso barreiras aos investimentos estrangeiros;
neoliberal, porque estão interessados em abrir  Amplas privatizações;
mercados para seus capitais e seus produtos,  Redução de subsídios, investimentos e gastos
eles próprios não segue à risca sua receita. sociais por parte dos governos;
 Desregulamentação do mercado de trabalho,
para permitir novas formas de contratação que
3.8 O QUE É NEOLIBERALISMO? reduzam os custos das empresas.
Neste período de globalização, o pensamento
Historicamente, as ideias do neoliberalismo
econômico predominante em escala mundial é
contrapõem-se às do keynesianismo - ideário formulado
conhecido por Consenso de Washington, também
pelo economista John Keynes (1883-1946), dominante
batizado de Neoliberalismo.
no período do pós-guerra, a partir de 1945, que
Suas diretrizes são as desregulamentações da defendia um papel determinante e uma presença ativa
economia, as livres circulações de capitais, as do Estado na economia como forma de impulsionar o
privatizações e as diminuições da ação estatal na vida desenvolvimento. Os mais conhecidos elaboradores do
econômica. Essa linha de ação na economia começou a neoliberalismo dos economistas Friedrich Hayek,
ser implantada no governo britânico de Margareth austríaco, e Milton Friedman, norte-americano, ambos
Thatcher, iniciado em 1979. vencedores do Prêmio Nobel de Economia na década de
1970.
A expressão Consenso de Washington nasceu em 1989,
criada pelo economista inglês John Williamson, ex-
funcionário do Banco Mundial e do Fundo Monetário
3.9 A EXPANSÃO DAS MULTINACIONAIS
Internacional (FMI), quando, numa conferência do
Institute for InternationalEconomics (HE), em Superada a destruição provocada pela Segunda Guerra,
Washington, listou as políticas que o governo norte- a economia mundial voltou a crescer num ritmo mais
americano preconizava para a crise econômica dos acelerado. Dentro desse quadro de grande
países da América Latina. Por decisão do Congresso prosperidade, as empresas dos países industrializados
norte-americano, as medidas do Consenso de assumiram proporções ainda maiores que na época dos
trustes. Tornaram-se grandes conglomerados e se

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
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expandiram pelo mundo, ultrapassando as fronteiras principal rede de notícias norte-americana, sediada em
dos países em que se desenvolveram, nos quais estão Atlanta); pelas cadeias de fastfood, como a McDonald’s
suas matrizes. Transformaram-se em empresas e a Burguer King, pela música pop e por videoclipes.
multinacionais e se encarregaram de globalizar,
O pós-guerra foi marcado pela emergência de grandes
gradativamente, não somente a produção, mas também
conglomerados multinacionais, nos principais países
o consumo. Construíram filiais em vários países,
capitalistas. A maioria das corporações está sediada nos
principalmente nos subdesenvolvidos, que, ao se
países do G-7, mas já existem algumas importantes
industrializarem, passaram a serem chamados países
sediadas em países emergentes, como a Coréia do Sul e
emergentes, modificando a tradicional divisão
a China.
internacional do trabalho.
Essas empresas desenvolveram-se no final do
século XIX e no início do século XX nos países VANTAGENS ALMEJADAS PELAS MULTINACIONAIS
industrializados. Hoje, dado seu elevado grau de  Custo diferencial da mão de obra - é
internacionalização, são conhecidas como considerada uma das maiores vantagens, pois
multinacionais e são as principais responsáveis pela nos países subdesenvolvidos ela se apresenta
mundialização dos capitais produtivos. Veja as vinte farta, barata e desqualificada. Este aspecto
maiores multinacionais na tabela a seguir. desempenha função decisiva na localização de
indústrias têxteis e de calçados que
abandonaram Estados Unidos, Japão e Europa
em favor da Ásia Meridional e América Latina.
 Custo das matérias primas - este é um fator
decisivo para o deslocamento geográfico de
multinacionais que procuram se instalar em
países onde existem grandes reservas com fácil
localização, como por exemplo, a ALCOA (norte
americana) que explora a bauxita no Brasil,
especialmente na Região Amazônica.
 Custo da energia - nos países desenvolvidos o
custo da eletricidade é cada vez mais elevado,
em função da demanda muito grande e das
fontes envolvidas na produção desta energia
(termoelétricas, petróleo ou termonucleares) e
Embora não se conheça exatamente o volume dos nos países subdesenvolvidos há concessão de
capitais especulativos que circulam diariamente pelo subsídios no seu fornecimento.
sistema financeiro mundial, sabe-se o montante de  Fragilidade/aplicabilidade das legislações
capitais produtivos. Contudo tanto estes quanto ambientais, fiscais e tributárias - as
aqueles se concentram em poucos lugares do mundo – multinacionais aproveitam-se dessa fragilidade
mais uma evidência de que os fluxos da globalização para diminuir seus gastos com encargos
atingem desigualmente o espaço geográfico mundial. ambientais, sociais e tributários, considerando
Paralelamente à globalização da produção e do que alguns países não obrigam as empresas
consumo, ocorre à intensificação do fluxo de viajantes domiciliadas em seus territórios a controlar
pelo mundo (a negócio, a turismo ou imigrando), danos ambientais e/ou divulgar balanços
acompanhada de uma “invasão” cultural, constituída, contábeis, e prestar contas ao fisco nacional.
pelo menos em sua forma hegemônica, de uma cultura  Grande mercado consumidor - neste caso não
de massas que se origina, sobretudo nos Estados ocorre uma generalização, mas tal fato ocorre
Unidos, a nação mais poderosa e influente do planeta. especificamente em alguns países, cuja grande
O American wayoflife (o “modo norte-americano de população absoluta é fator de atração para
vida”) é difundido, por exemplo, pelos filmes de instalação de empresas multinacionais,
Hollywood e pelas séries produzidas por estúdios ressaltando-se países como: Brasil, China, Índia,
cinematográficos ou canais de televisão (veja os gráficos Indonésia e México.
a seguir); pelas notícias da CNN (Cable News Network,

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
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- LEI 5.810/94
 Criação de infra-estrutura por parte do Estado GLOBALIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE
para facilitar a instalação de empresas
Abertura de mercados ao comércio internacional,
multinacionais e dinamizar a produção. migração de capitais, uniformização e expansão
 Flexibilidade nas estratégias de localização – o tecnológica, tudo isso, capitaneado por uma frenética
avanço dos meios de comunicação e de expansão dos meios de comunicação, parecem ser
transporte proporciona maior dinamismo à forças incontroláveis a mudar hábitos e conceitos,
atividade produtiva, permitindo as empresas procedimentos e instituições. Nosso mundo aparenta
dispersarem as etapas da produção em vários estar cada vez menor, mais restrito, com todos os seus
países, gozando da oferta de vantagens cantos explorados e expostos à curiosidade e à ação
comparativas e de mercado consumidor, humana. É a globalização em seu sentido mais amplo,
resultando no acréscimo de seus lucros. cujos reflexos se fazem sentir nos aspectos mais
diversos de nossa vida.
As circunstâncias atuais parecem indicar que a
G-7 OU G-8?
globalização da economia, com todas as suas
O G-7 (Grupo dos sete) nasceu em 1975, em um consequências sociais e culturais, é um fenômeno que,
encontro que reuniu representantes da Alemanha, no mínimo, irá durar. O fim da bipolaridade ideológica
Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. No no cenário internacional, a saturação dos mercados dos
encontro de 1976, o Canadá ingressou no grupo. Assim, países mais ricos e a ação dos meios de comunicação,
o G-7 é um fórum que reúne as seis maiores potências aliados a um crescente fortalecimento do poder das
do planeta (considerando o tamanho do PIB) e o corporações e inversa redução do poder estatal (pelo
Canadá, que em 1999 já não era mais a sétima menos nos países que não constituem potências de
economia do mundo, mas a nona. primeira ordem) são apenas alguns dos fatores que
permitem esse prognóstico. O meio ambiente, em
Em 1997, a Federação Russa foi admitida como membro
todos os seus componentes, tem sido e continuará cada
do fórum, que passou a ser denominado G-8. No
vez mais sendo afetado pelo processo de globalização
entanto, não participa das reuniões que tomam
da economia.
decisões sobre economia e finanças. A Rússia viveu uma
grave crise ao longo da década de 1990 e sua economia Os impactos da globalização da economia sobre o meio
encolheu muito (observe sua posição na tabela). Os ambiente decorrem principalmente de seus efeitos
representantes do G-8 (presidentes e primeiros- sobre os sistemas produtivos e sobre os hábitos de
ministros) reúnem-se para discutir as questões mundiais consumo das populações. Alguns desses efeitos têm
que mais interessam aos seus países. Como o G-8 é um sido negativos e outros, positivos.
fórum, não tem sede; a cada ano os encontros
Está havendo claramente uma redistribuição das
acontecem num país membro.
funções econômicas no mundo. Um mesmo produto
Nos países em desenvolvimento, em geral, os principais final é feito com materiais, peças e componentes
atrativos são os elevados lucros propiciados pelos produzidos em várias partes do planeta. Produzem-se
baixos custos de produção, garantidos pela mão-de- os componentes onde os custos são mais adequados. E
obra barata, pelos incentivos fiscais, impostos baixos e os fatores que implicam os custos de produção incluem
terrenos baratos, entre outras vantagens. as exigências ambientais do país em que está instalada
a fábrica. Este fato tem provocado em muitos casos um
Certos setores industriais utilizam mão-de-obra em
processo de "migração" industrial. Indústrias são
grande quantidade e pouco qualificada, como os de
rapidamente montadas em locais onde fatores como
calçados, vestiários, têxteis, eletrônicos baratos ou
disponibilidade de mão-de-obra, salários, impostos,
brinquedos. Suas novas instalações são implantadas
facilidades de transporte e exigências ambientais, entre
quase exclusivamente nos países emergentes,
outros, permitem a otimização de custos. Como a
contribuindo para a descentralização da produção
produção de componentes é feita em escala global,
industrial no mundo. Em muitos desses países, o
alimentando indústrias de montagem em várias partes
governo concede facilidades para exportação e remessa
do mundo, pequenas variações de custos produzem, no
de lucros para as matrizes. Países mais populosos, como
final, notáveis resultados financeiros.
China, Índia, Indonésia, Brasil e México, ainda contam
com um grande mercado consumidor, capaz de atrair Abertura de mercados ao comércio internacional,
investimentos externos. migração de capitais, uniformização e expansão
tecnológica, tudo isso, capitaneado por uma frenética

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expansão dos meios de comunicação, parecem ser outros animais em vias de extinção. Mercados
forças incontroláveis a mudar hábitos e conceitos, globalizados facilitam o trânsito dessas mercadorias,
procedimentos e instituições. Nosso mundo aparenta cujos altos preços estimulam populações tradicionais a
estar cada vez menor, mais restrito, com todos os seus cometerem, inocentemente, crimes contra a natureza.
cantos explorados e expostos à curiosidade e à ação
Na agricultura e na pecuária, a facilidade de importação
humana. É a globalização em seu sentido mais amplo,
e exportação pode levar ao uso, em países com
cujos reflexos se fazem sentir nos aspectos mais
legislação ambiental pouco restritiva ou fiscalização
diversos de nossa vida.
deficiente, de produtos químicos e técnicas lesivas ao
As circunstâncias atuais parecem indicar que a meio ambiente, mas que proporcionam elevada
globalização da economia, com todas as suas produtividade a custos baixos. É o caso, por exemplo,
consequências sociais e culturais, é um fenômeno que, de determinados agrotóxicos que, mesmo retirados de
no mínimo, irá durar. O fim da bipolaridade ideológica uso em países mais desenvolvidos, continuam a ser
no cenário internacional, a saturação dos mercados dos utilizados em países onde não existem sistemas
países mais ricos e a ação dos meios de comunicação, eficientes de registro e controle. Os produtos agrícolas
aliados a um crescente fortalecimento do poder das e pecuários fabricados graças a esses insumos irão
corporações e inversa redução do poder estatal (pelo concorrer deslealmente com a produção de outros
menos nos países que não constituem potências de países.
primeira ordem) são apenas alguns dos fatores que
A medida mais eficaz para evitar ou minimizar os efeitos
permitem esse prognóstico. O meio ambiente, em todos
deletérios dessas e de outras consequências da
os seus componentes, tem sido e continuará cada vez
globalização sobre o meio ambiente seria a adoção, por
mais sendo afetado pelo processo de globalização da
todos os países, de legislações ambientais com níveis
economia.
equivalentes de exigências. O fortalecimento das
Os impactos da globalização da economia sobre o meio instituições de meio ambiente, principalmente dos
ambiente decorrem principalmente de seus efeitos órgãos encarregados de implementar e manter o
sobre os sistemas produtivos e sobre os hábitos de cumprimento das leis, é igualmente fundamental. Para
consumo das populações. Alguns desses efeitos têm isto, seriam necessárias, além de ações dos governos
sido negativos e outros, positivos. dos países em desenvolvimento, assistência econômica
e técnica das nações mais ricas.
Está havendo claramente uma redistribuição das
funções econômicas no mundo. Um mesmo produto Mas a globalização da economia oferece também
final é feito com materiais, peças e componentes perspectivas positivas para o meio ambiente. Até pouco
produzidos em várias partes do planeta. Produzem-se tempo era comum a manutenção, até por empresas
os componentes onde os custos são mais adequados. E multinacionais, de tecnologias ultrapassadas em países
os fatores que implicam os custos de produção incluem mais pobres e com consumidores menos exigentes. A
as exigências ambientais do país em que está instalada escala global de produção tem tornado desinteressante,
a fábrica. Este fato tem provocado em muitos casos um sob o ponto de vista econômico, esta prática. É o caso,
processo de "migração" industrial. Indústrias são por exemplo, dos automóveis brasileiros. Enquanto a
rapidamente montadas em locais onde fatores como injeção eletrônica era equipamento comum na maior
disponibilidade de mão-de-obra, salários, impostos, parte do mundo, por aqui fabricavam-se motores
facilidades de transporte e exigências ambientais, entre carburados, de baixa eficiência e com elevados índices
outros, permitem a otimização de custos. Como a de emissão de poluentes. Com a abertura do mercado
produção de componentes é feita em escala global, brasileiro aos automóveis importados, ocorrida no
alimentando indústrias de montagem em várias partes início desta década, a indústria automobilística aqui
do mundo, pequenas variações de custos produzem, no instalada teve que se mover. Rapidamente, passou-se a
final, notáveis resultados financeiros. utilizar os mesmos motores e os mesmos modelos de
carrocerias usadas nos países de origem das
A existência de um mercado de dimensões globais, com
montadoras. É claro que isto causou impacto sobre a
poder aquisitivo elevado e gostos sofisticados, é
indústria nacional de autopeças, pois uma grande
responsável por boa parte do avanço da devastação das
quantidade de componentes, principalmente os mais
florestas tropicais e equatoriais na Malásia, Indonésia,
ligados à eletrônica, passaram a ser importados, o que
África e, mais recentemente, na América do Sul. A
antes não era possível, dado o caráter fechado que até
tradicional medicina chinesa, em cuja clientela se
então dominava o nosso mercado interno.
incluem ricos de todo o mundo, estimula a caça de
exemplares remanescentes de tigres, rinocerontes e

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- LEI 5.810/94
Os efeitos sobre a emissão de poluentes dos veículos foi tomando forma na nova era imperial: O FMI, o Banco
notável. Dados da CETESB e da ANFAVEA mostram que Mundial, o Grupo dos Sete países mais industrializados
os automóveis fabricados em 1996 emitem cerca de um + a Rússia, a OMC e outras instituições criadas para
décimo da quantidade de poluentes que emitiam os servirem aos interesses das transnacionais, dos bancos
modelos fabricados em meados da década de 80. Os e das empresas de investimento.
efeitos não são ainda notados na qualidade do ar das
grandes cidades, porque a maior parte da frota de
veículos em circulação é antiga, com sistemas precários MOVIMENTOS ANTI-GLOBALIZAÇÃO
de regulagem de motores. Surgem em todo o mundo frente às consequências
O mesmo efeito sentido na indústria automobilística negativas com que a globalização atinge a sociedade de
estende-se a uma gama de outros produtos, como os todos os países, inclusive os desenvolvidos. Esses
eletrodomésticos. A globalização da produção industrial movimentos partem do princípio de que as
está levando à rápida substituição do CFC, em multinacionais conquistaram tanto poder que estão
refrigeradores e aparelhos de ar condicionado, por dando forma ao mundo segundo seus interesses
gases que não afetam a camada de ozônio. Isto está econômicos. Os governos dos países ricos defendem os
ocorrendo em todos os países, pois não é interessante, interesses dessas corporações para sua melhor atuação
economicamente, a manutenção de linhas de produção e expansão de mercado. Por outro lado, os países mais
de artigos diferenciados de acordo com os países que os pobres disputam seus investimentos atraindo a
vão receber. instalação destas mesmas corporações abrindo seus
mercados.
Outro efeito positivo da globalização da economia sobre
o meio ambiente é a criação de uma indústria e de um Os movimentos antiglobalização tornaram-se evidentes
mercado ligados à proteção e recuperação ambiental. quando no fim do século XX, a OMC organizou o em
Nesta lista incluem-se equipamentos de controle da Seattle (EUA) a “rodada do milênio”, para discutir o
poluição, sistemas de coleta, tratamento e reciclagem futuro do comércio mundial, para o novo milênio.
de resíduos sólidos e líquidos, inclusive lixo e esgoto Diversas organizações da sociedade civil como ONGs,
urbanos, e novas técnicas de produção. São setores que sindicatos, ambientalistas, estudantes promoveram
movimentam fortes interesses econômicos, os quais uma série de manifestações contra o evento. De lá para
acabam por influenciar os poderes públicos para que as cá, qualquer encontro da OMC ou dos países
leis ambientais sejam mais exigentes e haja instituições desenvolvidos provoca manifestações dessas entidades.
mais eficientes para torná-las efetivas. Esses movimentos têm propostas e preocupações
diferentes e até divergentes.
Os ambientalistas estão preocupados com os grandes
O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS NO
problemas ambientais mundiais, reformistas lutam por
ATUAL PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO
uma globalização mais humana, sindicalistas que estão
O desenvolvimento de tecnologias empregadas nos preocupados com os direitos dos trabalhadores,
meios de comunicações, além de integrar países e nacionalistas querem maior defesa do mercado
empresas, e dar a informação uma abrangência maior, nacional, minorias negras, indígenas que lutam contra a
tornou os investimentos quase instantâneos. Os órgãos discriminação... Não existe de fato ainda um
mundiais têm em seus discursos o beneficiamento movimento antiglobalização e sim uma série de
econômico dos países, abarcando inclusive suas movimentos que se unem em torno de um lema em
populações, porém a prática revela outro aspecto, são comum. Não existe uma única visão de mundo e nem
organismos especializados em estabelecer normas a um grupo hegemônico.
conduta para as atividades econômicas comerciais e
"A política mundial está entrando numa nova fase e
outros fatores. O FMI e o BIRD correspondem ainda
poucos estudiosos voltam suas atenções para o fato
num instrumento de dominação dos países
central da realidade que está emergindo: que a fonte
desenvolvidos sobre os subdesenvolvidos,
fundamental de conflitos não será mais nem econômica
especialmente de suas riquezas, seu comércio em geral,
nem ideológica. As grandes divisões da humanidade e a
o que definem padrões capitalistas e beneficia apenas
fonte predominante de conflitos serão de ordem
as classes dominantes dos países.
cultural, o choque de civilizações dominará a política
As estruturas de governo vêm mostrando uma global nos anos vindouros (...). Isso vai ocorrer, em
tendência a aglutinar-se em torno do poder econômico. primeiro lugar, porque as diferenças entre as
O processo continua e o governo mundial de fato está civilizações são fundamentais. Elas se diferenciam por

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sua história, idiomas, tradição, costumes, religião (...). aos mesmos atingirem algumas metas
Essas diferenças são muito mais importantes que importantes, como: a estabilização da
aquelas que existem entre ideologias ou regimes economia; a melhoria da infraestrutura, o
políticos diferentes. Em segundo lugar, o mundo está aumento do comércio intra-regional e uma
ficando menor. As interações entre os povos de maior qualidade dos produtos pelo
diferentes civilizações estão aumentando e com isso se investimento em tecnologia.
ampliam os choques culturais. (...) os processos de
 Preparar os países à globalização: o
modernização e globalização estão separando as
fortalecimento econômico e tecnológico dos
pessoas de suas origens locais, de suas comunidades
países a partir da aliança, possibilita que os
tradicionais. Esse vazio deixado pela perda das origens,
mesmos estejam a médio e longo prazo mais
pelas mudanças rápidas e assustadoras para grandes
aptos para enfrentarem a competição com
massas populacionais, está sendo preenchido pelos
nações de outros blocos econômicos.
movimentos denominados "fundamentalistas", que
podem ser encontrados no islamismo, no cristianismo, 4.2 Interesses das grandes empresas: a regionalização
no judaísmo, no budismo e no hinduísmo. Esses constitui um processo mais político do que econômico,
movimentos bem ou mal tentam recriar laços pois são os Estados nacionais (e não as empresas) que
comunitários e se expandem continuamente." tomam a iniciativa de criação desses mercados em
qualquer região do mundo. Apesar disso, as grandes
corporações transnacionais apoiam a regionalização
4. A FORMAÇÃO E PERSPECTIVAS DOS MEGABLOCOS porque a formação dos blocos econômicos contribui
REGIONAIS para a ampliação dos mercados consumidores dessas
empresas. Isso acontece na medida em que a
eliminação das barreiras alfandegárias reduz os preços
Introdução dos produtos e possibilita às empresas ampliarem as
Paralelamente ao processo de globalização ocorre o que vendas para um número maior de países. Por exemplo,
se denomina de regionalização da economia, ou seja, o no âmbito do MERCOSUL, até 1994 empresas brasileiras
surgimento de blocos econômicos regionais em todo como a Grendene ou a AMBEV direcionavam quase
mundo, à exemplo da União Européia, NAFTA, toda sua produção ao mercado doméstico. Hoje uma
MERCOSUL e outros. Essas organizações entre Estados- parcela significativa dos mercados dessas empresas está
nações são constituídas a fim de buscar mecanismos em países vizinhos do Brasil, sobretudo a Argentina.
para o fortalecimento de suas economias diante das
novas condições impostas pelo processo de
globalização. As diferenças entre os blocos
1. Megablocos: são os blocos de dimensão global,
aqueles que se destacam por terem grandes mercados
Fatores consumidores (população de alto poder aquisitivo);
4.1 Estratégia dos Estados: atualmente a economia elevados PIB’s (trilhões de dólares); alta tecnologia; e
capitalista global assume uma competitividade cada vez são liderados por países desenvolvidos como União
maior, o que leva pessoas, empresas e até mesmo Europeia, NAFTA e APEC.
países a buscarem alianças na perspectiva de se 2- Blocos sub-regionais: são os blocos cuja influência
fortalecerem. Em função disso, a formação e a expansão está mais restrita às regiões em que se localizam. Esses
desses blocos deve ser entendida como uma estratégia mercados têm dimensão apenas regional porque
político – territorial dos Estados – Nacionais, isto é, em possuem pequenos mercados consumidores (população
geral de governos de países vizinhos, visando: de baixo poder aquisitivo); menores PIB’s –
 Unir esforços: com a formação de um bloco, os dependência econômica às nações ricas e são formados
países membros assumem a realização de por países subdesenvolvidos à exemplo do MERCOSUL e
projetos em conjunto, como: unificação de leis, Pacto Andino.
a criação de moeda única e a realização de
obras para a melhoria da infraestrutura.
 O fortalecimento da economia: essa união
objetiva fortalecer as economias dos países
membros do bloco, na medida em que facilita

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- LEI 5.810/94
As negociações entre Estados Unidos, Canadá e México
para a implantação do Acordo de Livre Comércio da
América do Norte foram concluídas em dezembro de
1992. Ratificado um ano depois pelos parlamentos dos
três países, o Nafta passou a vingar de fato em janeiro
de 1994. O conteúdo do acordo é bastante detalhado,
com mais de mil itens e subitens. Entre outras regras,
ele impõe: “Eliminação tarifária progressiva, até sua
eliminação total em dez anos; regras de origem para
garantir que essa eliminação favoreça os países do
Nafta e impedir que outros se utilizem do acordo como
plataforma de acesso ao mercado da América do Norte;
acesso dos sócios do Nafta aos programas de compras
governamentais; abertura do comércio transfronteiriço
para os setores de serviços, incluindo os financeiros;
garantia de direitos de propriedade intelectual;
tratamento diferenciado para os setores têxtil,
As etapas do processo de integração
vestuário, automotriz, de energia, agricultura,
A aliança entre países é um processo extremamente transporte terrestre e telecomunicações.
complexo porque envolve muitas questões de ordem
(KjeldJakobsen e Renato Martins. ALCA: quem
econômica, política, cultural e social. Por isso, a
ganha e quem perde com o livre comércio nas
formação de um bloco ocorre de forma gradativa
Américas. Editora Fundação Perseu Abramo, São
através de etapas, quer dizer, leva décadas, como
Paulo, 2002).
aconteceu na União Europeia.

1- Interesses estratégicos do NAFTA para os Estados


1- Zona de Livre Comércio: caracterizado pela redução
Unidos:
das barreiras alfandegárias a fim de atingir a livre
circulação mercadorias (NAFTA). Há o estabelecimento a) Redução gradativa das barreiras alfandegárias entre
da Tarifa Interna Comum (TIC). os três países no intuito de viabilizar a formação de uma
Zona de Livre Comércio. O Nafta, diferentemente de
2- União Aduaneira: além de incorporar a fase anterior
outros blocos, como a União Europeia e o MERCOSUL,
estabelece uma Tarifa Externa Comum (TEC) –
tem objetivos mais restritos, já que por se tratar de
MERCOSUL.
uma zona de livre comércio, o processo de integração
3- Mercado Comum: estabelece a livre circulação de está limitado à livre circulação de bens e serviços. Essa
mercadorias, tarifa externa comum, livre circulação de estratégia garante aos EUA a ampliação de sua
pessoas (União Europeia). influência na América Latina, com vistas a fortalecer a
economia de suas multinacionais, através da conquista
4- União monetária: agrupa todos os acordos anteriores
de mais mercados consumidores nos países latino-
e estabelece uma moeda única.
americanos. O maior protecionismo dos outros blocos
5- União Política: corresponde à última fase de tem diminuído o mercado externo norte-americano na
integração a partir da unificação das políticas de Europa e Ásia, o que explica em parte o crescente
relações internacionais, defesa, segurança externa e interesse em ampliar as relações comerciais com a
interna e legislações. América Latina.

A formação do Nafta e a nova estratégia norte-


americana na nova ordem mundial (North American
Free Trade agreement)

O NAFTA (North American Free Trade Area) é uma Zona


de Livre Comércio entre os países da América do Norte:
Estados Unidos, Canadá e México.

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de alguns setores industriais norte-americanos para o


México. Essa relocação industrial vai diminuir os custos
de produção de determinados setores, a exemplo do
automobilístico, já que a mão-de-obra mexicana é, em
média, cinco vezes mais barata do que a americana.
a.2 -Os grupos de trabalhadores norte-americanos: por
outro lado, os trabalhadores poderão ser prejudicados,
na medida em que a transferência de indústrias para o
México tem levado ao aumento do desemprego, queda
de rendimentos e precarização do trabalho. Estudos de
sindicatos e ONGs norte-americanas comprovam que,
entre 1994-2000, o Nafta eliminou 766 mil empregos
nos EUA.

b) O caso mexicano: se o Nafta já causa estragos nos


EUA e no Canadá, o que dizer da situação do seu sócio
mais frágil? Este país é a maior vítima deste projeto de
anexação das corporações empresariais e do
imperialismo norte-americano. Apesar de toda a
propaganda da mídia internacional, ele ganha muito
pouco com a vigência do Nafta. O processo de
regressão nestes anos é avassalador em quase todos os
terrenos.

b.1- Na zona urbana:


b) Ampliar os investimentos norte-americanos no
México, no intuito de incrementar a economia deste  A exemplo dos EUA, os seguimentos
último país e diminuir a imigração ilegal de mexicanos empresariais ligados à exportação foram os
nos EUA, ou seja, reduzir a pressão demográfica sobre a grandes beneficiados, já que os mesmos
fronteira sul norte- americana. O aumento da
puderam estabelecer associações com as
população mexicana na fronteira sul estadunidense
gera vários problemas: ameaça à soberania futura dos empresas norte-americanas. Além disso, a
Estados Unidos; aumenta a imigração de mão-de-obra redução das barreiras alfandegárias possibilitou
desqualificada contribuindo para elevar as taxas de maior acesso ao mercado norte-americano
desemprego e os gastos governamentais com o sistema constituído por mais de 300 milhões de
de bem-estar-social. habitantes.
c) Garantir acesso privilegiado aos recursos naturais de  Ao mesmo tempo a integração comercial entre
países como o México, principalmente, devido à os países conduziu a uma forte dependência da
disponibilidade de petróleo neste país. economia mexicana em relação aos EUA, visto
que entre 80 e 90% das exportações mexicanas
2- Perspectivas do Nafta são direcionadas ao mercado norte-americano.
 Quebra de empresas mexicanas que não
suportaram a concorrência das transnacionais
a) O caso dos EUA: estadunidenses em setores de ponta.
a.1 - Os seguimentos empresariais dos EUA: para os
grandes grupos empresariais norte-americanos o
estabelecimento do NAFTA foi uma dádiva, na medida
em que tal mercado propiciou um maior acesso ao
mercado mexicano, devido a redução de barreiras
alfandegárias. Além disso, possibilitou a transferência

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b.2- Na zona rural: - Maior autonomia às comunidades
indígenas, no que se refere a ensino do
 a expansão da agroindústria estadunidense,
idioma e da religião.
através de grandes transnacionais como a
CARGIL no México, com um grande volume de - Reforma agrária nos latifúndios e
capital e tecnologia acarretou a destruição do proteção aos pequenos agricultores frente
campesinato mexicano, quer dizer, os pequenos à chegada das empresas agrícolas dos EUA.
produtores (os chamados ejidos). Por isso, os
camponeses vêm reagindo ao Nafta, através da
guerrilha do exército zapatista no Estado de c) Perspectivas para o Brasil: o fortalecimento do Nafta
Chiapas (sul do México). Os camponeses têm diminuiu a competitividade dos produtos brasileiros no
adotado a luta armada para pressionar o mercado dos EUA, na medida em que as mercadorias
governo a frear a abertura econômica, a política mexicanas se tornaram mais baratas em função da
neoliberal e a concessão de autonomia à redução das barreiras alfandegárias.
população (comunidades indígenas) da
província de Chiapas.
3 - Os desníveis e diferenças entre os países membros
 Aumento da fragmentação territorial do país: A do Nafta:
adesão do México ao Nafta está provocando
uma fragmentação do espaço nacional, ou seja, a) O desnível de desenvolvimento econômico entre os
um crescente desnível de desenvolvimento países: os Estados Unidos e o Canadá são nações
devido à concentração dos investimentos na altamente desenvolvidas em contraste ao México,
fronteira com Estados Unidos e o maior considerado subdesenvolvido.
desenvolvimento das áreas turísticas no litoral Na atualidade, os Estados Unidos, uma das maiores
do Caribe (Cancun). Essa desconcentração potências econômicas mundiais, concentra grande
produtiva tem diminuído o ritmo de parte do desenvolvimento científico-tecnológico e
crescimento das regiões mais afastadas (região industrial em escala mundial e são portadores de uma
sul do México) e da zona rural, já que as das economias mais dinâmicas e competitivas, sendo
mesmas não possuem vantagens locacionais e responsáveis por cerca de 85% do Produto Interno
comparativas. Em consequência dessa Bruto (PIB) do Nafta. O México é responsável por
fragmentação ocorre uma intensificação da apenas 4%. Esses dados refletem a baixa capacidade
migração em direção à fronteira com os Estados competitiva da economia mexicana frente as economias
Unidos. A maioria desses imigrantes não de seus parceiros comerciais.
consegue empregos nas indústrias
maquiladoras que estão concentradas ao norte
do País, porque essas empresas utilizam pouca b) Os desníveis sociais: os Estados Unidos e o Canadá
mão-de-obra. Por isso, grande parte dos possuem uma população com elevado padrão de vida,
mexicanos que chegam à fronteira setentrional já a maioria dos mexicanos vivem em condições de
acabam entrando nos Estados Unidos e pobreza elevada.
servindo de mão-de-obra barata nesse país. Por
O padrão de vida dos trabalhadores mexicanos é muito
outro lado, a estagnação da parte sul, que
inferior ao dos norte-americanos e canadenses. O
corresponde à província de Chiapas, gerou a
tamanho dessa desigualdade pode ser expressa pelas
uma insatisfação popular, sobretudo dos
diferenças da renda per capita (renda total do país
pequenos agricultores que desembocou na
dividida pelo número de habitantes): no México ela é
formação de um movimento guerrilheiro
da ordem de 3 mil dólares anuais, enquanto nos
denominado de Exército Zapatista de libertação
Estados Unidos e no Canadá ultrapassa a casa dos 20
nacional. Os zapatistas utilizam a luta armada
mil dólares. Embora tais dados não reflitam
para exigir do governo mexicano a adoção de
diretamente a distribuição de renda nesses países, uma
algumas medidas, como:
vez que internamente as desigualdades se reproduzem
- Apoio do governo na melhoria da a escala nacional, regional e local, o México apresenta
infraestrutura da região, como a maior desigualdade de distribuição de renda, com perfil
construção de hospitais, escolas e a tipicamente de países subdesenvolvidos, o que expressa
eletrificação das cidades. um padrão de vida e ganho salarial inferior ao padrão

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alcançado pelos trabalhadores norte-americanos e 1- Origens históricas da comunidade europeia: o


canadenses. advento da Segunda Guerra Mundial provocou a
destruição das estruturas produtivas e a perda da
hegemonia exercida nos últimos quinhentos anos.
c) As diferenças histórico-culturais entre os países: o Nesse sentido, a ideia de integração foi produto dessa
México teve uma colonização espanhola de exploração, situação desfavorável, ou seja, as burguesias daqueles
já os Estados e Canadá experimentaram um processo países, outrora rivais como a Alemanha, a Itália, a Grã-
colonizatório de influência inglesa, mais voltado ao Bretanha e a França buscaram eliminar as suas
povoamento. Com formações histórico-culturais e diferenças e partiram para um projeto de unificação em
modelos de colonização diversos, os Estados Unidos da torno do Mercado Comum Europeu visando a
América e o Canadá (países de origem anglo-saxônica, recuperação da hegemonia europeia, através dos
população predominantemente branca e religião seguintes objetivos:
protestante) e o México (origem latina, população
mestiça e religião católica) experimentaram, ao longo
do processo histórico inserções e participações a) Para os países europeus:
diferentes a nível da Divisão Internacional do Trabalho,
a.1- Objetivo econômico: a criação de um projeto
o que conferiu graus de desenvolvimentos
comunitário em forma de bloco econômico era a
diferenciados e desiguais que se reproduzem a escala
única maneira de viabilizar uma rápida
nacional, regional e local.
recuperação econômica unindo esforços dos
países membros.
d) A desigual distribuição interna da população e o a.2- Objetivo político: a integração econômica era
ritmo diferenciado de crescimento: cerca de 70% da uma forma de viabilizar uma política comunitária,
população do NAFTA vive nos Estados Unidos da necessária para impedir o crescimento do
América, aproximadamente 23% no México e apenas nacionalismo e de novos conflitos armados,
7% no Canadá. sobretudo entre a França e a Alemanha.

b) Para os Estados Unidos: o projeto da integração


europeia foi concebido, a princípio, como um bloco
ideológico, já que foi apoiado pelos EUA através do
plano MARSHALL, que consideravam como um
subsistema que juntamente com a OTAN adequava-se
aos seus interesses de contenção do avanço soviético
no contexto da Guerra Fria.

2- Tratados anteriores considerados os primórdios da


unificação europeia:

a) Criação da C.E.C.A. (Comunidade Européia do Carvão


e do Aço): essa instituição buscou a integração da
indústria siderúrgica alemã e francesa. As riquezas de
carvão e ferro alemães (reno-rhur-sarre) e francesas da
O espaço europeu e o processo de unificação
Alsácia-Lorena que constituíram as causas das
rivalidades entre as duas nações no passado (guerra
franco-prussiana), tornaram-se o eixo de nova
Dentro da Nova Ordenação Mundial em blocos de
estratégia de soberania compartilhada dissolvendo
poder e grandes organizações econômicas, o Bloco
assim o nacionalismo que alimentou as guerras no
Europeu é aquele que se apresenta como o mais
avançado ou, pelo menos, o único que expressa uma continente. A CECA entrou em funcionamento em 1952
reunindo, além dos dois países, a Itália, Holanda,
ampla integração explícita entre 27 Estados-Nações.
Bélgica e Luxemburgo, que foi escolhido para ser a
capital da instituição no intuito de impedir

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- LEI 5.810/94
ressentimentos das potências rivais (França e b) Criação da Euratom (Comissão Europeia de Energia
Alemanha). A CECA possibilitou: Atômica): a nacionalização do Canal de Suez no Egito
trouxe e representou o fim da hegemonia europeia no
Oriente Médio. Este fato representou dificuldades para
a.1- Com a inclusão da Alemanha, a CECA impediu o a obtenção do petróleo árabe. Nesse sentido os
isolamento do país e o renascimento do revanchismo europeus procuraram estabelecer projetos energéticos
alemão. comunitários a fim de garantir a oferta de energia
necessária à reconstrução em curso. É dessa forma que
surgiu o Projeto EURATOM voltado à utilização da
a.2- Ao mesmo tempo a CECA possibilitou o energia nuclear para fins pacíficos.
aproveitamento das riquezas minerais alemães para fins
civis impedindo uso para fins militares como no
passado. c) Criação do Mercado Comum Europeu (1957):
c.1 -Objetivos: tem por objetivo promover, pelo
estabelecimento de um mercado comum e pela
aproximação progressiva das políticas econômicas dos
Estados membros, um desenvolvimento harmonioso
das atividades econômicas, uma expansão econômica
contínua e equilibrada, um maior grau de estabilidade,
um aumento acelerado do nível de vida e relações mais
estreitas entre os países que integram o mercado.
Esses objetivos serão alcançados através da redução
das barreiras alfandegárias, da criação de uma tarifa
externa comum, da eliminação dos obstáculos à livre
circulação de capitais, serviços e pessoas, e de adoção
de políticas comuns nos campos do transportes,
agricultura e outros.

c.2 - Fase inicial: o projeto comunitário do EURATOM foi


“A riqueza conjunta em primeiro lugar a do carvão e a estendido a outros campos, originando a ideia do
do aço, cujas bacias naturais inscritas em um triângulo mercado comum. O MCE surgiu em 1957, com o
geográfico que as fronteiras históricas artificialmente Tratado de Roma, reunindo os seis países da CECA
eram repartidas de maneira desigual, mas (Holanda, Bélgica, Luxemburgo França, Itália e
complementar, pela Alemanha e França. Essas Alemanha), como um mercado que vislumbrava criar
fronteiras causais tinham se tornado, na era industrial, um eixo entre Alemanha e França e assim inaugurar
cujo surgimento coincidiu com o das doutrinas uma nova fase econômica de soberanias
nacionalistas, obstáculos às trocas e depois linhas de compartilhadas. Por outro lado, a cidade de Bruxelas foi
confrontação. Nenhum dos povos se sentiu mais seguro escolhida como a capital da comunidade, como uma
porque possuía sozinho todo o recurso, isto é, o forma de dispersar os centros de poder e assim evitar
território. A rivalidade era decidida pela guerra, que só ressentimentos por parte das potências rivais.
resolvia o problema por um certo tempo – o tempo
para preparar a desforra. Ora o carvão e o aço eram ao O MCE objetiva abolir barreiras alfandegárias e criar
mesmo tempo chave da potência econômica e a do tarifas externas comuns, instaurar políticas comuns no
arsenal onde se forjavam as armas de guerra. Esse campo dos transportes, abolir os obstáculos à livre
duplo poder lhes dava então uma enorme significação circulação de pessoas, serviços e capitais. Esses
simbólica que esquecemos, semelhante a de que se objetivos visam o estabelecimento de uma integração
reveste a energia nuclear hoje em dia. Fundi-los acima completa entre os países membros.
das fronteiras seria retirar-lhes seu prestígio maléfico e
os transformaria, ao contrário, em garantia de paz”.
(Jean Monnet. Memórias: A construção da Unidade
Europeia. Apud, Demétrio Magnoli. UE, 1994).

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
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sem os entraves do câmbio, permitindo assim um


aumento do já significativo comércio intra-comunitário.

a.2- Órgãos responsáveis: Banco Central Europeu em


Estrasburgo, na Alemanha, sendo responsável pelo
desenvolvimento de uma política monetária unificada;
controle das reservas cambiais e a adoção de uma
moeda comum. Os bancos centrais dos países e as
moedas nacionais ficam subordinados aos organismos
multilaterais (os bancos centrais dos países perdem a
autonomia sobre as políticas financeiras nacionais).

a.3- Países que não aderiram: “O receio de perder a


identidade nacional, de um lado, e a desorganização
econômica, do outro, fizeram com que a ‘euroland’
fosse privada de US$ 1,75 trilhão adicional, que é o
quanto produz a economia dos quatro países que não
c.3- A expansão do Mercado Comum Europeu: a partir entram já no Euro.
do início da década de 70, o Mercado Comum Europeu
sofreu um alargamento com a adesão da Irlanda do Sul, Se todos os 15 da União Europeia estivessem no clube
Dinamarca e da Inglaterra. Este último país, embora da moeda única, aí sim haveria quase perfeita paridade
tenha hesitado nos primórdios da integração europeia, entre a Europa do Euro e os Estados Unidos, já que a
resolveu ingressar no MCE depois da pressão diferença entre as economias equivale ao US$ 1,75
estadunidense, da decadência econômica e da perda de trilhão dos países que ficam de fora. Dinamarca, Reino
seu império colonial afro-asiático nas décadas Unido e Suécia poderiam entrar, se quisessem. A
subsequentes à Segunda Guerra Mundial. Na década de Grécia, o quarto excluído, queria, mas não pôde porque
oitenta, Grécia (1981), além de Espanha e Portugal não cumpriu nenhum dos critérios de bom
(1986) foram aceitos como membros em decorrência do comportamento nas suas contas exigidas para passar no
processo de redemocratização desses países. Por fim, vestibular da moeda única.”
em 1995, já no âmbito do mundo pós-guerra Fria, (Fonte: Folha de S. Paulo. 25/12/98)
Suécia, Áustria e Finlândia, membros da extinta AELC
(Área Europeia de Livre Comércio) e que adotaram uma
política de neutralidade no contexto da Guerra Fria, a.4- Critérios: o Tratado de Maastricht instituiu os
resolveram aderir ao MCE. critérios necessários para os países tornarem-se
membros da zona do euro. Estes critérios são:

3- O Tratado de Maastricht (1991):  Déficit público inferior a 3% do PIB;

O fim da Guerra Fria trouxe um acirramento da  Inflação e juros, respectivamente, de no


concorrência entre os blocos. Nesse sentido, os países máximo 1,5% e 2% acima da média dos três
da União Europeia decidiram adotar, através do Tratado países de menor índice e Dívida pública não
de Maastricht, medidas visando um aprofundamento do superior a 60% do PIB.
processo de integração, a fim de fortalecer a
Comunidade Europeia e prepará-la à concorrência com
os outros centros de poder através das seguintes
medidas:

a) União monetária:
a.1- Objetivo: finalizar a integração dos mercados
europeus proporcionando a plena liberdade de
circulação de pessoas, mercadorias, capitais e serviços,

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- LEI 5.810/94
indústrias menos sofisticadas, provenientes dos países
mais desenvolvidos.
O desnível Norte-Sul é mais acentuado na Itália, pois a
região Norte (Milão, Turim, Gênova, Veneza dentre
outras cidades) é bastante industrializada, urbanizada e
com um excelente nível de vida, em contraste a porção
Sul, que apresenta uma economia agrária, rural e com
um padrão de vida mais baixo, sendo uma típica área de
emigração.
a.3- As diferentes legislações trabalhistas: a União
Europeia busca a unificação das leis trabalhistas, mas a
possível uniformização por baixo, quer dizer, baseadas
nos países de menores salários, poderá enfrentar a
resistência das organizações sindicais dos países mais
desenvolvidos da comunidade. Se ocorrer o contrário,
certamente haverá a resistência das organizações
empresariais.
4- Os desníveis e diferenças entre os países europeus e
no interior dos mesmos: apesar de apresentar-se como a.4- A disparidades sociais entre a população nativa vs.
um bloco em estágio avançado de integração, a União Imigrantes e a xenofobia: existem seis milhões de
Europeia apresenta grandes desníveis, estes imigrantes que, desde o período pós-guerra, eram
compartimentam-na em dois grupos: recebidos com entusiasmo, pois representavam mão-
de-obra barata naquele período eufórico de
recuperação econômica. Esses imigrantes exerciam
a) Desníveis econômico-sociais: atividades de baixa qualificação, desprezadas pelos
europeus, em função do reduzido crescimento
a.1- Os países da porção Norte-Ocidental (Alemanha,
populacional (que diminuiu a oferta de mão-de-obra no
Grã- Bretanha, Holanda, Luxemburgo, Bélgica, França e
continente) e do acelerado crescimento econômico
Itália): possuem uma industrialização mais antiga,
resultante da recuperação patrocinada pelo Plano
economias maiores representadas por PIB’s elevados e
Marshall. Porém, a partir dos anos oitenta a conjugação
melhor nível de vida.
de crise política (derrubada dos regimes burocratas do
Leste Europeu) e crise econômica (associado ao lento
crescimento e ao impacto da tecnologia), têm ampliado
o desemprego.
Essas situações têm ampliado o sentimento xenófobo,
com o fortalecimento de partidos de extrema-direita e
de grupos neonazistas e neofascistas principalmente na
França e na Alemanha, concorrendo para a criação de
uma Europa cada vez mais intolerante em relação ao
imigrante, visto como o causador dos problemas sociais,
como o desemprego, a violência e a prostituição.
Entretanto, essa visão reflete na verdade o temor da
a.2- Os países da porção Sul - Oriental: nações do população nativa que vê nos trabalhadores estrangeiros
Mediterrâneo (Portugal, Grécia, Espanha, Sul da Itália, uma ameaça aos seus empregos. Com a adesão dos 10
além da Irlanda do Norte, que possuem economias com novos membros, a população da UE cresceu em 75
fortes bases rurais e níveis de vida mais baixos) e países milhões de habitantes, formando o terceiro maior
do leste europeu que viveram uma recente transição mercado mundial, menor apenas que o da China e a
para a economia de mercado. Índia. Para muitos analistas esse efeito positivo pode
ser mascarado pela ampliação dos conflitos
Cabe ressaltar a existência do fundo europeu de
populacionais.
desenvolvimento regional que coordena investimentos
em regiões periféricas. Essas regiões por apresentarem Um dos marcos fundamentais da União Europeia foi a
mão-de-obra barata e incentivos fiscais devem atrair introdução das chamadas quatro liberdades, ou seja, a

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livre circulação de capitais, bens, serviços e pessoas. processo de integração do continente, com a inclusão
Mas, sob esse ponto de vista a entrada dos 10 novos de dez novos países do leste, ampliando o número total
membros começa mal. Temerosos de que ocorresse de membros de 15 para 25.
uma onda de imigração, quase todos os velhos
Com a expansão, a União Europeia aumentou a sua
membros da organização impuseram restrições, até
população de 379 milhões para de 455 milhões de
2011, à entrada de cidadãos provenientes dos novos
habitantes, com um PIB (Produto Interno Bruto) que se
membros. Os estudos econômicos e demográficos
elevou de 8,8 trilhões de euros para 9,5 trilhões de
mostram que essa preocupação é descabida e alegam
euros, representando 28% do mercado mundial. Para o
que a medida inicia a relação entre velhos e novos
bloco, a incorporação dos novos países representará a
membros com um véu de desconfiança.
ampliação do seu papel econômico e geopolítico. Para
Na verdade muitos países da União Europeia precisam os novos integrantes, a inclusão significará a
da mão-de-obra barata dos novos membros. consolidação de uma longa transição econômica, com a
possibilidade de obtenção de fundos comuns
A xenofobia é relativamente comum na maior parte dos
destinados ao desenvolvimento e, ainda, a integração
países da UE, mas ela se manifesta de forma mais
futura na zona do euro, desde que este seja o desejo de
intensa em relação aos imigrantes do Oriente Médio e
cada uma das nações e que se credenciem para tal.
norte da
África por causa de preconceito religioso, e em relação
aos negros africanos por causa da cor. Por conta disso, a) Fatores que favoreceram a aceitação desses países:
alguns estudiosos acham que os europeus orientais
 Redução dos problemas políticos e as
serão bem aceitos e substituirão rapidamente a mão-
de-obra não-europeia atualmente em uso. Indicando dificuldades econômicas que caracterizam os
que essa situação ocorrerá de fato, imediatamente após países que hoje constituem a CEI.
a assinatura do acordo de adesão do dia 1º de maio, a  Oferecem recursos naturais, um grande
Itália anunciou que abrirá, ainda esse ano, escritórios mercado consumidor e mão-de-obra
para contratação de mão-de-obra em nove dos novos relativamente barata às grandes potências da
países membros.
União Europeia.
Se essa situação se confirmar e se estender a outros  São países vizinhos de grandes potências da
países, uma imensa massa de desempregados não União Europeia, sobretudo da Alemanha, o que
europeus irá se formar, ampliando a exclusão social
facilitou a adesão ao bloco europeu pelo
desse grupo e acirrando o xenofobismo.
Tratado de Nice.
 Existência de mão-de-obra qualificada devido
aos grandes investimentos em educação no
período de transição, o que tem conduzindo à
instalação de empresas dos países ocidentais
nos do leste.

b) Dificuldades para a inserção de outros países:


 Economias pouco desenvolvidas, já que
possuem ainda fortes bases rurais.
 Presença de conflitos étnicos.
 Diferenças culturais profundas.

5- A expansão do bloco com a entrada dos países do


Leste Europeu: a partir de 1º de maio de 2004, a União
Europeia deu mais um importante passo no seu

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O espaço regional latino-americano: identidades comércio intra-regional sempre foi pequeno, entre
socioeconômicas e culturais e as tentativas de outras coisas, pelo fracasso das tentativas de
integração regional integração, como a Alalc e a Aladi.

1- As identidades sociais, econômicas e culturais da 2- Tentativas anteriores de integração na América


América Latina: Latina:

a) As semelhanças entre os países da região: a) ALALC – Associação Latino Americana de Livre


Comércio
a.1 - Compreende a parte do continente americano
formado pelos países colonizados por Espanha e a.1 - Contexto: criada em 1960 por iniciativa dos
Portugal, incluindo o México, os países da América governos dos países latino-americanos através do
Central e do Sul. Tais países experimentaram uma Tratado de Montevidéu.
colonização de exploração, baseada na agricultura
a.2 - Objetivo: implantar um mercado comum regional,
de plantation, latifúndio, trabalho escravo e
no prazo de 12 anos, a partir de uma zona de livre
economia voltada ao mercado externo. Esse
comércio.
passado histórico tem uma influência direta nos
problemas atuais, como: industrialização tardia;
concentração fundiária e forte desigualdade social. a.2 - Fracasso:
a.2 - Os países da região são considerados  As grandes disparidades socioeconômicas entre
subdesenvolvidos, pois apesar da diferença no os países membros;
plano econômico, a maioria das nações tem em
comum, a dependência econômica, o  O estabelecimento de prazos e metas muito
endividamento externo, as grandes desigualdades rígidas;
sociais.  As turbulências políticas decorrentes do
a.3 - Os países latino-americanos têm em comum estabelecimento de regimes ditatoriais.
os traços culturais, como: a religião católica e
idiomas de origem latina (espanhol e português).
b) ALADI – Associação Latino Americana de
a.4 - A instabilidade política e econômica: A Desenvolvimento e Integração
democracia ainda não está consolidada na região,
pois a permanência de fortes desigualdades sociais
tem alimentado as tentativas de golpes de Estado, b.1 -Contexto: criada em 1980 em substituição à ALALC
a derrubada de governos, bem como a implantação através do Tratado de Montevidéu.
de regimes ditatoriais em alguns países. A
fragilidade da democracia está associada à
instabilidade econômica. Os países da região b.2 - Objetivo: o estabelecimento, de forma gradual e
apresentam constantemente turbulências, como o progressiva, de um mercado comum latino-americano.
aumento da inflação a desvalorização de moedas e
a adoção de planos sob orientação de organismos
internacionais. b.3 - Dificuldades: nos anos 80 o processo de integração
passou por dificuldades em função da crise da “Década
Perdida” que conduziu os países a adoção de políticas
b) A diferença: existe uma diferença quanto à estrutura econômicas não orientadas pata abertura dos mercados
econômica das nações, pois é possível distinguir um dificultando, assim, o processo de integração.
pequeno grupo de países fortemente industrializados e Atualmente, com o objetivo de promover a integração
urbanizados (Brasil, Argentina, México e mais da região latino-americana, procurando garantir seu
recentemente o Chile), em contraste, com a maioria das desenvolvimento econômico e social alguns acordos
nações que permanecem, com uma economia agro- para facilitar o comércio entre os países foram
mineral. Os países da região apresentaram estabelecidos.
historicamente uma frágil integração. Apesar das
afinidades culturais e da proximidade geográfica, o

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3- A Formação do Mercosul: Venezuela entra hoje para o Mercosul Flávia Marreiro


da Folha de S.Paulo, em Buenos Aires 04/07/2006
O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é um bloco
econômico constituído para realizar a liberalização do O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, recebe hoje
comércio entre os países associados e promover ações em Caracas os quatro presidentes do Mercosul para a
na busca do desenvolvimento econômico – social dos festa política que marca a entrada do país no bloco
países envolvidos. A união visa a ampliação dos como membro pleno. O presidente Luiz Inácio Lula da
mercados nacionais e o desenvolvimento econômico Silva e seus três colegas do Cone Sul assinarão, no final
dos parceiros. As regras de funcionamento são poucas – da tarde, o protocolo de adesão que estabelece prazo
26 artigos do Tratado de Assunção e 53 do Protocolo de de até quatro anos para que a Venezuela se adapte às
Ouro Preto. principais regras aduaneiras do Mercosul, como a
adoção da TEC (Tarifa Externa Comum), e todo o acervo
normativo do bloco.
a) Características gerais:
A reunião extraordinária em Caracas é uma resposta
a.1 - É formado por países periféricos sendo política do bloco ao esforço venezuelano de se
considerado um bloco sub-regional, já que a sua incorporar o mais rápido possível ao Mercosul, o que é
influência está mais limitada à América do Sul. criticado pelo setor empresarial que se opõe ao
a.2 - Segue o modelo da União Europeia, apesar de governo de Hugo Chávez. A rigor, a assinatura do
estar em um estágio de integração incipiente, pois documento poderia ocorrer no dia 22, durante a
está na fase de união aduaneira (livre circulação de reunião de cúpula semestral de presidentes do
mercadorias e tarifa externa comum). Mercosul, que acontecerá na cidade argentina de
Córdoba. Para o encontro em Caracas, também foi
a.3 - Apresenta quatro países membros (Brasil, a convidado o presidente da Bolívia, Evo Morales, que já
Argentina Uruguai e Paraguai), além de países anunciou que pretende se reunir com Lula para discutir
associados, como: Chile, Bolívia, Equador, o reajuste do preço do gás vendido ao Brasil.
Colômbia.
Pelo protocolo de adesão da Venezuela, acordado entre
os chanceleres do bloco em 16 de junho em Buenos
b) Contexto: em março de 1991 é assinado o tratado Aires, em 2010 o Brasil e a Argentina deixam de cobrar
que cria o Mercosul em Assunção, capital do Paraguai. tarifas de importação a produtos venezuelanos, à
Prevê-se a criação, já em 1995, de um mercado comum exceção de uma lista de mercadorias sensíveis. Em
envolvendo os quatro países. Nas reuniões posteriores, 2012, exportações brasileiras e argentinas, também
as metas tornam-se mais modestas, e a integração é exceto produtos sensíveis, entram com tarifa zero na
iniciada por etapas – começando com uma união Venezuela. Paraguai e Uruguai terão facilidades: as
aduaneira e pretendendo chegar a um mercado comum tarifas serão zeradas a partir já da assinatura.
em 2005. “Em 21 1994 foi assinado o Protocolo de Ouro
Preto que cria a estrutura institucional do bloco. O
documento institui uma união aduaneira, eliminando as
barreiras alfandegárias entre eles e fixando uma tarifa
externa comum para os produtos vindos de fora. O
acordo passa a vigorar de forma incompleta em 1995 e
entra plenamente em vigor em 2001, dando tempo para
que setores mais vulneráveis à integração (trigo, têxteis,
açúcar, medicamentos, entre outros) se ajustem. Esses
produtos acabam por formar as listas de exceções.”
(Fonte: Folha de São Paulo)

Países membros: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e


Venezuela (4 de julho de 2006), formam o Mercosul.
São os membros associados dos blocos a Bolívia (1996),
Chile (1996), Peru (2003), Colômbia (2004) e Equador
(2004).

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C- Fatores que influenciaram na formação do Mercosul: d.2 - Adoção de iniciativas em conjunto, no que se
refere a viabilização de obras de infra-estrutura, a
c.1 - O Mercosul reflete as tendências de globalização e
exemplo das eclusas sobre os rios da Bacia Platina no
regionalização da economia mundial que estão
intuito de completar a hidrovia sobre o porto de Buenos
confirmando as mudanças estruturais da economia
Aires.
mundial, em direção à adoção de mecanismos
conjuntos para o fortalecimento das economias Essa iniciativa deverá baratear os custos de transporte e
nacionais; assim elevar a competitividade dos produtos do
Mercosul, sobretudo agropecuários.
c.2 - O Mercosul foi viabilizado também pela dissolução
dos regimes militares, que possibilitou a diminuição da
rivalidade brasileira e argentina, pois durante o
e) Os desníveis e contradições do Mercosul:
contexto do ciclo militar na América do Sul, o Brasil
procurou romper a hegemonia argentina sobre o eixo e.1 - Os desníveis na estrutura econômica dos países
fluvial da Bacia Platina através da cooperação do membros: de um lado Brasil e Argentina, nações com
Paraguai, que foi beneficiado pelo franqueamento do elevado desenvolvimento industrial e população
porto de Paranaguá (PR) ao seu comércio exterior. Ao predominantemente urbana, em contraste ao Uruguai e
mesmo tempo, a construção da hidrelétrica binacional Paraguai, que permanecem como economias agro-
de Itaipu que, além de aumentar a dependência do exportadoras e populações rurais (exceto o Uruguai).
Paraguai em relação ao Brasil, significou uma bomba e.2 -Os desníveis sociais entre os países membros:
d’água ameaçando o corredor de exportação de Buenos quando se compara a situação do Brasil em contraste
Aires. com a Argentina e o Uruguai. O primeiro com um nível
c.3 - O Mercosul é também uma tentativa de de vida baixíssimo e elevada concentração de renda, os
incrementar as economias regionais, no intuito de dois últimos com padrões de vida bem mais elevados
compensar a estagnação econômica, que marcou a em decorrência da colonização europeia baseada na
“Década Perdida”, bem como diminuir a dependência pequena propriedade e o fato de não terem sido
em relação aos Estados Unidos, com o aumento do submetidos a um processo exploratório tão predatório
comércio regional. quanto ocorrido no Brasil.
c.4 - A convergência na adoção de novas políticas
econômicas que privilegiaram a abertura do mercado
intra-regional e a reforma do papel do Estado – mais
democrático e menos intervencionista.
c.5 - O protecionismo e o quadro recessivo em muitas
economias desenvolvidas, responsáveis pela absorção
de cerca de 65% das exportações latino-americanas.

d) Objetivos do Mercosul: o mercado ampliado que


representa o Mercosul para as economias dos membros
é o primeiro passo deles para se adaptarem à
globalização. Em outras palavras, a criação do Mercosul
objetiva unir esforços dos países vizinhos do Cone Sul,
no sentido de fortalecer as suas economias e, a médio e
longo prazo, prepará-las para enfrentar a concorrência
com países de outras regiões. Para atingir tais objetivos,
os países adotaram as seguintes medidas:
d.1 - Redução gradativa das barreiras alfandegárias
entre os países, criando uma zona de livre comércio,
além da criação de uma tarifa externa comum em
relação ao comércio exterior com as nações não
pertencentes ao Mercosul (fase da União aduaneira).

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e.3 -As assimetrias econômicas entre Brasil e Argentina: desenvolvidas tendem a permanecer como periferias
o primeiro tem um setor industrial mais competitivo, secundárias, a exemplo do Nordeste e Amazônia no
pelo maior mercado consumidor, pelo menor custo da Brasil e a Patagônia na Argentina. Essas regiões estão
mão -de- obra, além do que enquanto no Brasil a sendo preteridas pelos fluxos de investimentos
energia é predominantemente hidrelétrica, a Argentina regionais e estrangeiros porque não apresentam
depende das fontes termelétricas. Por outro lado, a vantagens como boa localização, mão-de-obra
maior competitividade da agropecuária Argentina, qualificada, infraestrutura e amplo mercado
decorrente em parte da alta fertilidade dos solos, da consumidor.
distribuição regular das chuvas, além da planura do
relevo na região dos pampas úmidos nos arredores de
Buenos Aires. Esses fatores conferem à pecuária e à g.2 - A concentração de capitais: o Mercosul reforçou a
agricultura argentina melhor qualidade e menores tendência de que a formação de mercados
preços. supranacionais aumenta a concentração de capitais nas
mãos das grandes empresas, como nas palavras de um
estudioso: “A integração dos mercados remove as
proteções aos produtores nacionais, expondo cada uma
das economias maior concorrência externa. A principal
consequência desse processo é elevação da eficiência e
da produtividade no âmbito do Mercosul. Entretanto o
aumento da eficiência realiza-se à custa da eliminação
dos produtores incapazes de enfrentar os custos
médios dos competidores estrangeiros. Assim, a
implantação do mercado comum age no sentido de
acelerar a concentração dos capitais e favorece
essencialmente os conglomerados mais poderosos e as
empresas de elevada especialização setorial.”MAGNOLI,
Demétrio. A nova geografia. São Paulo: Moderna, pág.
240.

g.3 - O aumento do desemprego: no Brasil a competição


foi muito sentida no campo. A rápida entrada de
mercadorias da Argentina e do Uruguai, combinada
com a falta de crédito e com os altos juros, afetou
produtores agrícolas. O custo da queda das barreiras foi
bastante sentida na pequena economia do Uruguai.
f) Os conflitos comerciais entre Brasil e Argentina e as Assim como na Argentina alguns segmentos industriais
dificuldades do Mercosul: nos últimos anos o Mercosul acabaram fechando as portas em função da
vem atravessando sua pior crise, em decorrência dos concorrência representada pelos produtos industriais
conflitos comerciais entre os dois principais países brasileiros.
membros. Esses conflitos decorrem em parte do devido
ao desnível econômico que ainda não foi superado e
poderá gerar atritos com a possibilidade dos governos g.4 - Aumento da concorrência para a agropecuária
estabelecerem barreiras alfandegárias resultando, brasileira: a maior competitividade da agropecuária
assim, em obstáculos ao livre comércio. argentina associada a abertura ampla e irrestrita da
economia brasileira com o Mercosul, está provocando a
quebra de pequenos e médios produtores nacionais
g) Consequências do Mercosul: que, sem ajuda do Estado, não conseguem competir
com a produção da Argentina.
g.1 - O aumento dos desníveis regionais: o Mercosul não
trouxe um desenvolvimento regional mais equilibrado,
pois as regiões já desenvolvidas foram as mais
g.5 - O aumento do comércio intra-regional: a
beneficiadas, como o Centro-Sul brasileiro e os pampas
instituição do Mercosul tem possibilitado um aumento
argentinos. Por outro lado, as regiões menos
do comércio inter-regional, devido às facilidades de

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circulação de mercadorias, com a redução das barreiras A iniciativa para as Américas e a formação da ALCA
alfandegárias, a partir de 1991, como resultado do (Área de Livre Comércio das Américas)
tratado de Assumpção. “Os resultados práticos do
Mercosul foram surpreendentes. Sua implementação
mais do que triplicou a troca entre os países membros, 1 - Contexto: o esforço para unir as economias das
elevando-o de US$ 3,9 bilhões em 1990 para US$ 12,4 Américas em uma única área de livre comércio iniciou-
bilhões em 1995, com um crescimento de 212%. Perto se com a Cúpula das Américas, realizada em dezembro
de 60% desse comércio está ocorrendo no setor intra- de 1994 em Miami, Estados Unidos. Os Chefes de
industrial, liderado pelas empresas transnacionais, que Estado e de Governo das 34 democracias da região
nele encontram um adequado colchão de proteção que decidiram então criar a Área de Livre Comércio das
mais do que compensa o alto custo sistêmico da Américas (ALCA), na qual serão eliminadas
região.” progressivamente as barreiras ao comércio e ao
investimento. Eles acordaram que as negociações
(O Estado de São Paulo, 13/4/97)
referentes a esse acordo serão concluídas até o ano
Obs.: Nos últimos anos as disputas comerciais entre 2005 e comprometeram-se também a alcançar
Brasil e Argentina têm promovido uma queda no progressos substanciais no estabelecimento da ALCA
comércio intra- regional. até o ano 2000.

2 - Fatores da ALCA:
a) Reflete a continuação da estratégia dos Estados
Unidos, iniciada com o NAFTA em 1992, buscando
estender a área de livre comércio por todo o continente
Americano, do Alasca à Patagônia objetivando a
ampliação de suas exportações em direção à América
Latina.

b) É também uma forma dos Estados Unidos impedir o


fortalecimento das economias sub-regionais (o
Mercosul), a fim de garantir a sua hegemonia no espaço
g.6 - A possibilidade de criação da ALCSA: o avanço do
latino-americano.
Mercosul tem provocado um desvio de comércio
importante, na medida em que os países sul-americanos “Hoje o Mercosul é um bloco econômico que incomoda
estão ampliando o intercâmbio entre si e diminuindo a e uma força política que não pode ser desprezada. As
dependência em relação aos Estados Unidos. Esse recentes reações de autoridades norte-americanas não
crescimento do comércio intra-regional poderá deixam dúvidas sobre isso. No início de março de 1990,
culminar com a criação deum bloco mais amplo, irritado com as resistências à Alca, o secretário adjunto
denominado de ALCSA (Área de Livre Comércio da do tesouro dos EUA disse que o Mercosul é feito por
América do Sul), como uma espécie de fusão do pessoas que não crêem em livre comércio. Dias após, ao
Mercosul com os países do Pacto Andino. O surgimento tomar posse no cargo de representante comercial dos
da ALCSA será estrategicamente importante, pois EUA (USTR), Charlene Barshefsky declarou que a
aumentará o poder de barganha desses países numa expansão do Mercosul com Chile e Bolívia e as
futura negociação em torno da ALCA. negociações com UE, China e Japão são uma ameaça à
liderança dos EUA na região e um perigo para os
negócios de suas empresas.”
g.7 - A busca de superação da década perdida: a
Fonte: O Estado de São Paulo. 13/04/97.
recuperação econômica dos países do Cone Sul, com a
dinamização do comércio, superando a estagnação que
marcou a década perdida (década de 80). Atualmente o c) Impedir a ameaça de integração dos blocos regionais,
comércio entre os países do bloco, apesar dos com mercados de outros continentes, como os acordos
problemas recentes, é bem superior ao que constatava do Mercosul com a União Européia, o que poderia
na década de 80. colocar em perigo a hegemonia norte-americana.

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3 - Objetivos principais: sobre os países da América Latina. Por isso, a


implantação imediata da ALCA deve ser
a) Criar uma integração hemisférica, através da criação
entendida como uma estratégia dos EUA, uma
de uma zona de livre comércio envolvendo 34 países da
volta da Doutrina Monroe (América para os
região do Alasca à Patagônia, menos Cuba, até 2005,
americanos), visando impedir que os países do
sendo este prazo não alcançado.
Mercosul possam fechar um acordo com a
b) Estabelecer mecanismos para reduzir práticas União Europeia assim se afastarem ainda mais
comerciais restritivas, como a diminuição dos subsídios da órbita de influência estadunidense.
a produtores locais.
 Dificultar a consolidação do Mercosul: a criação
do Mercosul aumentou o comércio intra-
4 - Divergências entre os EUA e o Mercosul na regional e diminuiu a de pendência dos países
negociação da ALCA: da região aos Estados Unidos. Em virtude disso,
o governo norte-americano vem defendendo a
implantação imediata da ALCA como uma forma
a) A proposta dos Estados Unidos: de enfraquecer o Mercosul através do desvio de
comércio. A eliminação das barreiras
a.1 - Viabilizar a curto prazo a entrada da Alca em vigor alfandegárias poderia aumentar o comércio da
visando ampliar a conquista de mercados consumidores região com os Estados Unidos e assim diminuir
na América Latina, pois as empresas dessa região não o intercâmbio entre os países do Cone Sul,
teriam tempo para estarem preparadas a uma principalmente entre Brasil e Argentina. Essa
concorrência aberta com as grandes transnacionais queda do comércio entre os principais países o
estadunidenses. Além disso, a implantação imediata da Mercosul poderia enfraquecer ou até mesmo
ALCA poderá elevar as exportações norte-americanas e inviabilizar esse bloco a médio e longo prazo.
dessa forma superar a recessão dos últimos anos.

b) A proposta do Brasil:
a.2 - Estabelecer uma negociação individual (de país
para país) e a rejeição de acordos entre blocos, porque b.1 - Retardar ao máximo a entrada em vigor da ALCA,
visa garantir a sua liderança no processo de formação pois a prioridade do país está mais voltada para o
da ALCA, ou seja, a imposição de condições vantajosas Mercosul e a União Europeia.
para o acesso aos mercados e a manutenção do
protecionismo em relação ao seu mercado nacional.
b.2 -Razões da posição brasileira:

Razões:
 Obter um tempo maior para fortalecer as
 Ampliar as exportações à América Latina: os
empresas da região: o Brasil e a maioria dos
Estados Unidos enfrentam a redução do
países latino-americanos defendem um tempo
consumo interno (baixo crescimento
econômico) e o protecionismo da União maior para a entrada em vigor da ALCA.
Europeia e Japão. Em função disso, as empresas
norte-americanas querem a ALCA o mais rápido Essa estratégia visa possibilitar que as
possível (2006), pois a pequena competitividade empresas locais possam investir em
das empresas latino-americanas iria facilitar o tecnologia e consigam estar mais
aumento das exportações de produtos preparadas no futuro para uma
estadunidense para os países da região. competição com as grandes trans nacionais
norte-americanas.
 Impedir acordos entre os países do Mercosul
com a União Europeia: nos últimos anos os
países do Mercosul, sobretudo o Brasil, têm  Estabelecer acordos com a União Europeia: o
diversificado o intercâmbio aumentando o Brasil não prioriza ALCA porque objetiva fechar
comércio com a União Europeia. Esse fato tem antecipadamente acordos de livre comércio
desagradado os Estados Unidos que exercem,
com os europeus visto que o mesmo
desde meados do século XIX, a hegemonia
representaria:

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- Provocaria maiores exportações de bens 2 - Fatores:
primários (produtos agrícolas, minérios,
a) O fim da Guerra Fria: com o fim da Guerra Fria houve
semi-elaborados) em comparação às
uma mudança nas relações econômicas dessa região,
exportações para EUA com ALCA.
pois os países antes dependentes dos blocos
- Fechando um acordo com a União ideológicos (soviético e norte-americano) passaram a
Europeia o Brasil aumentaria o poder de intensificar suas relações econômicas, a ponto de
barganha do Mercosul nas negociações recentemente estabelecerem a criação da APEC
da ALCA porque se os Estados Unidos (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) que,
insistirem em impor os seus interesses, os diferentemente dos outros mercados, visa a criação de
países do Cone Sul podem dizer não uma área de livre comércio entre eles e também uma
ALCA, já que teriam garantindo o acesso cooperação econômica e tecnológica, objetivando
ao mercado europeu. melhorar a competitividade de seus produtos com
vistas a conquistar mais mercados fora dessa região a
partir do ano 2020.
 Consolidar o Mercosul antes da ALCA: o Brasil
quer participar da ALCA e ao mesmo tempo
fortalecer o Mercosul porque este visa uma b) Os interesses dos Estados Unidos e Japão: a criação
da Apec representa uma estratégia das duas potências
integração mais ampla (moeda única e livre
no intuito de ampliar os mercados externos de suas
circulação de pessoas no futuro) seguindo o empresas para contrapor ao crescente protecionismo
mesmo modelo da União europeia. Esse fato dos países europeus. “Os EUA veem a Apec de maneira
justifica a estratégia de retardar a implantação especial, pois sua prosperidade está vinculada aos
da ALCA e a adoção de algumas medidas para a países em expansão que servem de contrapeso à União
consolidação do Mercosul, como: Europeia”.
(Folha de S. Paulo. 22/11/97)
- A adesão de novos países (do Pacto
Andino) ao Mercosul: negociações para a
entrada da Bolívia, Peru, Equador, c) O crescimento acelerado da Bacia do Pacífico: nos
Colômbia e Venezuela já efetivada, visando dois últimos séculos, o Atlântico Norte exerceu o papel
a criação da ALCSA (área de livre comércio de principal eixo econômico por intermediar as relações
da América do Sul). comerciais entre as duas áreas mais desenvolvidas, ou
- A criação de uma moeda única. seja, a Europa ocidental e o nordeste dos EUA.
Entretanto, é provável que no próximo século o pacífico
- A circulação plena de pessoas. norte assuma essa posição em função dos seguintes
fatores:
A formação da APEC (Cooperação Econômica Ásia- c.1 - O crescimento econômico do Japão, que se tornou
Pacífico) a segunda maior potência mundial transformando-se no
maior pólo de crescimento da Bacia do Pacífico.
1- Contexto e países membros: a APEC (Asia - Pacific
Economic Cooperation, traduzido, Cooperação c.2 - O crescimento dos países periféricos, os chamados
Econômica da Ásia e do Pacífico) é um bloco que tigres asiáticos, como a Coréia do Sul, Taiwan, Hong
engloba economias asiáticas, americanas e da Oceania. Kong e Cingapura, que apresentaram grande
Sua formação deveu-se à crescente interdependência desenvolvimento industrial com tecnologia avançada,
das economias da região da Ásia-Pacífico. Foi criada em possuindo o melhor desempenho entre os países
1989, inicialmente apenas como um fórum de discussão desenvolvidos nas últimas décadas.
entre países da ASEAN (Association of the South East c.3 - O crescimento econômico da China, em função da
Asian Nations) e alguns parceiros econômicos da região abertura do país ao capital estrangeiro, que vem
do Pacífico, tornando-se um bloco econômico apenas apresentando índices de crescimento bastante
em 1993, na Conferência de Seattle, quando os países elevados, em função das vantagens locacionais, como
se comprometeram a transformar o Pacífico numa área mão-de-obra barata, isenção de impostos e
de livre comércio. infraestrutura garantida pelo Estado.
Fonte: Wikipédia.

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c.4 - O crescimento da costa Oeste dos EUA, a chamada c) Diferenças culturais: no interior do bloco existem
região do Vale do Silício, onde se sobressaem grandes grandes diferenças sócio-culturais marcadas pela
metrópoles, a exemplo de Los Angeles, San Francisco, existência de dois grupos distintos: no extremo e
San Diego e Seatle, concentrando indústrias de ponta, sudeste asiático, países como: Japão, China, Coréia do
como os setores de informática, robótica, aeroespacial, Sul, e Taiwan possuem semelhanças em termos de
química fina, garantido uma melhor integração da idiomas, costumes e religiões (politeístas, como o
economia estadunidense aos países emergentes da Budismo, o Confucionismo, o Taoísmo). Ao lado destes
Ásia. aparecem Indonésia, Malásia, Brunei, que apesar de
terem semelhanças culturais com o primeiro grupo,
diferenciam-se pela predominância da religião islâmica.
3 - Características: a Apec não pretende ser um bloco
Por outro lado, existe o grupo dos países de cultura
econômico, como são a União Européia, o Mercosul e o
ocidental, que possuem costumes, religiões e idiomas
próprio Acordo de Livre Comércio da América do Norte
de origem europeia, a exemplo dos Estados Unidos,
(Nafta). A meta da Apec é liberalizar suas economias
Austrália, México e Chile.
mais avançadas até o ano 2010, e as menos avançadas
até 2020. Em 1994, os países-membros decidiram criar
uma zona de livre comércio na região em duas etapas:
d) Diferenças políticas: ao contrário da União Europeia,
até 2010 para os países desenvolvidos, como Estados
que exige um regime democrático para que qualquer
Unidos, Japão, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, e até
país ingresse, dentro da APEC, convivem diferentes
2020 para nações em desenvolvimento.
regimes políticos, que vai desde democracias
(Folha de S. Paulo. 22/11/97). consolidadas, como nos Estados Unidos, Japão,
Austrália, passando por monarquias semi-absolutistas
(Brunei), até regimes totalitários, como o que prevalece
A APEC é “um bloco de produção concentrada, visando na China e em menor grau no estado de Cingapura.
atingir grandes mercados externos, mas não pretendo
criar uma zona de livre comércio entre eles a curto
prazo.”
(Bresser etalli, 1992)

4 - As diferenças e os desníveis entre os países


membros da APEC:

a) Níveis de desenvolvimento econômico: existem


disparidades em termos de desenvolvimento quando se
compara de um lado nações centrais, consideradas
potências, como: os Estados Unidos; o Japão e em
menor grau a Austrália. Por outro lado, é possível
identificar países considerados como economias
tipicamente agro-minerais, como: Brunei, Filipinas,
Papua-nova Guiné; Vietnã e Peru.

b) Padrão de vida: as condições de vida variam muito no


interior do bloco, pois é possível identificar nações com
elevado nível de pobreza, a exemplo do Peru, Vietnã,
Filipinas, em contraste, a outros países que se destacam
por um padrão de vida alto, como: os Estados Unidos; o
Japão; A Austrália; A Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura,
que apresenta boa distribuição de renda, elevado índice
de alfabetização e baixa mortalidade infantil.

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II. OS PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS da poluição sonora: o tempo de exposição e o nível do
barulho a que se expõe a pessoa.

1- Os principais problemas ambientais do espaço A poluição visual por sua vez, está ligada à exploração
urbano do espaço urbano pela publicidade. Outdoors, placas,
faixas, cartazes, telões, painéis eletrônicos, tabuletas e
De modo geral, os problemas ecológicos são mais
luzes ocupam todo o horizonte visual, causando
intensos nas grandes cidades que nas pequenas ou no
cansaço e irritabilidade entre as pessoas que circulam
meio rural. Ademais, hoje, mais da metade da
diariamente nas cidades.
população mundial vive nomeio urbano e o número das
mega cidades, aqueles aglomerados urbanos com mais Essa poluição está ligada às próprias transformações do
de 10 milhões de habitantes, cresce constantemente. capitalismo que imprime às empresas dos diversos
Os problemas ambientais urbanos avolumaram-se nas setores uma inserção mais competitiva no mercado
últimas décadas, em decorrência da expansão das global, por isso o setor de publicidade cresce de forma
atividades econômicas que se concentram nas cidades. vertiginosa possibilitando o aumento da poluição visual.
Até a Segunda Guerra Mundial os problemas ambientais
estavam restritos a um seleto grupo de países
industrializados do planeta, pois neles se concentravam 1. 2- As chuvas ácidas: a chuva ácida é um fenômeno
a maior parte das metrópoles e das regiões industriais. que surgiu com a crescente industrialização do mundo,
Desde então, o crescimento exponencial das cidades da em relação direta com a poluição do ar, manifestando-
América Latina e da Ásia – impulsionado tanto pelo se com maior intensidade e maior abrangência nos
êxodo-rural como pelo próprio crescimento vegetativo países desenvolvidos. Não obstante, tal fenômeno
–contrasta com o crescimento fraco ou até mesmo a começa a manifestar-se também em pontos isolados,
estagnação e a regressão populacional das metrópoles em países como o Brasil. As emissões de fumaça das
da Europa, dos EUA e do Japão. Além disso, muitos usinas termelétricas à base de carvão, das indústrias de
ramos industriais altamente poluidor esse instalaram celulose, das refinarias, dos veículos automotores,
nos países pobres, fugindo das severas leis ambientais assim como qualquer poluente gasoso lançado na
que começaram a ser aprovadas nos países ricos. atmosfera, contribuem para a formação de chuva ácida.
Compostos de enxofre e nitrogênio são os principais
componentes desta chuva, que pode se manifestar
Vejamos agora alguns dos principais problemas que tanto no local de origem, como a centenas de
afligem as populações das grandes metrópoles. quilômetros de distância.
O termo chuva ácida foi primeiramente usado em 1872
por Robert Angus Smith, um químico e climatologista
1.1- Poluição sonora e visual: poluição sonora é
inglês.
qualquer alteração das propriedades físicas do meio
ambiente causada por puro ou conjugação de sons, Ele usou para descrever a precipitação ácida em
admitíveis ou não, que direta ou indiretamente seja Manchester logo após a Revolução Industrial. Chuva
nociva à saúde, à segurança e ao bem. O som é a parte ácida refere-se à deposição úmida de constituintes
fundamental das atividades dos seres vivos e dos ácidos, os quais dissolvem-se nas nuvens e nas gotas de
elementos da natureza. Típica dos grandes centros chuva para formar uma solução com pH inferior a 5,6.
urbanos, a poluição sonora decorre do barulho Apesar do termo chuva ácida ter-se generalizado para
produzido pelos carros, ônibus e caminhões, máquinas abranger também a deposição seca de poluentes ácidos
das fábricas, prédios em construção, obras nas ruas gasosos e particulados, a tendência atual é usar a
(principalmente quando utilizam britadeiras), etc. O expressão “deposição ácida” para incluir ambas as
barulho excessivo pode provocar a diminuição da formas de deposição, ficando o termo chuva ácida
capacidade auditiva, além de distúrbios e neuroses. realmente limitado à deposição úmida dos compostos
Segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde, o ácidos. É importante ressaltar que as chuvas, mesmo
limite tolerável ao ouvido humano é de 65 dB (A).Acima em ambientes não poluídos, são naturalmente ácidas. A
disso, nosso organismo sofre estresse, o qual aumenta o combinação de gás carbônico (CO2) e água (H2O)
risco de doenças. Com ruídos acima de 85 dB (A) presentes na atmosfera produzem ácido carbônico
aumenta o risco de comprometimento auditivo. Dois (H2CO3), que embora, fraco, já torna as chuvas
fatores são determinantes para mensurar a amplitude normalmente ácidas. Assim, as chuvas ácidas, das quais

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tanto se fala, e que causam graves problemas, são ocorrem longe do centro poluidor, como
resultantes da elevação exagerada dos níveis de acidez acontece no Canadá, onde chuvas ácidas
da atmosfera. precipitam-se devido a poluentes lançados na
atmosfera pelos EUA. No Brasil há chuvas ácidas
a) Causas: aumento do lançamento de poluentes nas nas cidades de São Paulo, Cubatão e Rio de
atmosferas, principalmente pelas indústrias, veículos Janeiro.
automotores e outras fontes de combustão.  Danos à saúde humana, como doenças de pele.
 Destruição da cobertura vegetal, ou seja, das
florestas. Essa tragédia ecológica é muito
Os principais responsáveis por esse fenômeno são o tri
óxido de enxofre (SO3) – que é a combinação do comum nos países desenvolvidos.
dióxido de enxofre (SO2), emitido a partir da queima de  Nos ecossistemas aquáticos, como rios e lagos,
combustíveis fósseis nos transportes, e do oxigênio(O2), os níveis elevados de acidez nas precipitações
já presente na atmosfera – e o dióxido de nitrogênio podem causar alterações em toda a cadeia
(NO2). Estes poluentes primários do ar são gerados pela alimentar, culminando com a morte de peixes.
queima de combustíveis fósseis – petróleo e carvão
mineral – em veículos e indústrias, notadamente nas
usinas termelétricas, refinarias de petróleo e indústrias
siderúrgicas e, ainda, no processo de fabricação de
ácido sulfúrico, ácido nítrico, celulose, fertilizantes e na
metalurgia dos minerais não metálicos, entre outros.
Uma vez liberados na atmosfera, estes gases podem ser
convertidos quimicamente em poluentes secundários,
como os ácidos sulfúrico e nítrico. Os países que mais
contribuíram para emissão desses gases foram e são os
industrializados do hemisfério norte. Por isso, as chuvas
ácidas ocorrem com mais intensidade nesses países,
principalmente no nordeste da América do Norte e na
Europa Ocidental.

Centrais termelétricas, como esta em Maryland, EUA,


queimam combustíveis fósseis para produzir energia.
Muitos gases são lançados na atmosfera, alguns deles
causam chuva ácida.

1.3- A ilha de calor: outro fenômeno climático típico das


grandes cidades, que também colabora para aumentar
os índices de poluição nas regiões centrais da mancha
urbana, é a“ Ilha de Calor”.

a) O que é “ilha de calor”?:a ilha de calor é uma


anomalia térmica, onde o ar da cidade se torna mais
quente que o das regiões vizinhas ou nas áreas centrais
b) Consequências: das cidades há uma elevação da temperatura em
relação à sua zona periférica. A constatação da ilha de
 Corrosão de metais, pinturas e monumentos calor são um bom exemplo das modificações causadas
históricos. pelo homem na atmosfera. As variações térmicas entre
 Muitas vezes os poluentes emitidos são levados o núcleo das cidades e as áreas mais afastadas podem
pelos ventos, de modo que tais precipitações chegar até 7°C.

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 A retirada da cobertura vegetal: que diminui a


umidade relativa do ar.
 Aumento da concentração de poluentes: que
causam um efeito estufa local.
 O aumento do número de automóveis: que são
uma grande fonte produtora, o qual se soma ao
calor irradiado pelos edifícios, acentuando o
fenômeno da “Ilha de Calor.”

c) Consequências: o aumento da temperatura facilita a


ascensão do ar, quando não há inversão térmica,
formando uma zona de baixa pressão. Isso faz com que
os ventos soprem, pelo menos durante o dia, para essa
região central, levando muitas vezes, maiores
quantidades de poluentes. Assim, sobre a zona central
b) Causas:
da mancha urbana forma-se uma cúpula de ar
 A concentração de elementos reprodutores de pesadamente poluído. Seria desejável que arquitetos e
calor: o concreto e o asfalto absorvem planejadores urbano sutilizassem, em seus projetos, os
rapidamente o calor, cuja dispersão é resultados das pesquisas dos meteorologistas e
climatologistas. Os estudos sobre clima urbano podem
dificultada pela poluição.
auxiliar na elaboração das leis de parcelamento, uso e
ocupação do solo e no código de obras das cidades.
Dessa forma, os problemas gerados pela formação da
 A verticalização descriteriosa: a construção de ilha de calor poderiam ser amenizados. É importante a
edifícios cria um “labirinto de refletores”, conscientização social, para a implantação de áreas
aumentando a emissão de calor, limitando a verdes e a realização de campanhas para a ampliação e
circulação do ar e provocando o aquecimento o monitoramento da vegetação urbana.
atmosférico.
1.4- A inversão térmica: trata-se de um fenômeno
natural que pode ocorrer em qualquer parte do
planeta. Costuma acontecer no final da madrugada e no
início da manhã, particularmente nos meses de inverno.

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No fim da madrugada, dá-se o pico de perda de calor do falta de áreas verdes públicas, que provocam uma série
solo por irradiação. É quando, portanto, registram-se as de efeitos nocivos, impondo custos elevados à nossa
temperaturas mais baixas, tanto do solo quanto do ar. sociedade.
Quando a temperatura próxima ao solo cai abaixo de
Os parques, praças e florestas urbanas possuem um
4°C, o ar frio, impossibilitado de elevar-se, fica retido
grande valor estético e recreativo, além de auxiliar na
em baixas altitudes. Camadas mais elevadas da
atenuação do ruído, nos extremos de temperatura e em
atmosfera são ocupadas com ar relativamente mais
outras formas de poluição, fornecendo um habitat para
quente; que não consegue descer. Ocorre assim uma
pássaros e outros pequenos animais e proporcionando
estabilização momentânea da circulação atmosférica
a vitalização da vida urbana.
em escala local, caracterizada por uma inversão das
camadas: o ar frio fica embaixo o ar quente fica acima, As tarefas de conservação da Arborização Urbana são
fenômeno definido como inversão térmica. Logo após o de responsabilidade dos municípios. Os Trabalhos de
nascer do sol, à medida que vai havendo o aquecimento Conservação da Arborização exigem profissionalização e
do solo e do ar próximo a ele, o fenômeno vai especialização devido à complexidade das situações
gradativamente desfazendo-se. O ar aquecido sobe e o enfrentadas, e a mão-de-obra é um dos aspectos mais
ar resfriado desce, voltando a ter circulação importantes da Arborização Urbana.
atmosférica. A inversão térmica se desfaz. Em decorrência da falta de áreas verdes agrava-se a
poluição atmosférica, já que as plantas, além de
contribuírem para amenizar o clima local, também
ajudam na renovação do oxigênio no ar pela
fotossíntese. E para completar, a carência de áreas
verdes limita as oportunidades de lazer da população, o
que faz com que muitas pessoas acabem passando seu
tempo livre na frente da televisão, ou assistindo a jogos
praticados por esportistas profissionais (em vez de elas
mesmas praticarem esportes). Vários estudos
patrocinados pela ONU mostraram que é necessário,
para uma boa qualidade de vida, um mínimo de 16m2
de área verde por habitante nas cidades, mas em
grande parte do mundo esse mínimo não existe.
É necessário se fazer um planejamento do sistema
dessas áreas, através de boa distribuição das mesmas
pela cidade, utilizando não só a vegetação, mas bons
equipamentos de lazer e diversidade de
entretenimento aos usuários e boa localização.
A criação de novas áreas verdes pode servir para que a
a) Consequências: pela dificuldade dos poluentes em se população conheça e sinta os seus benefícios,
dispersar acaba promovendo uma concentração de passando, a partir daí, a respeitá-las e preservá-las.
poluentes nas camadas mais baixas da atmosfera Decorrente deste fato, do qual os resultados nem
provocando a intoxicação das pessoas, aumentando os sempre são satisfatórios, torna-se premente a
índices de doenças respiratórias, além de irritações necessidade do desenvolvimento de ações em curto
oculares. prazo.

1.5- A carência de áreas verdes: nos últimos anos temos 1.6- O lixo urbano: um dos problemas mais sérios que
experimentado uma deterioração crescente no que se qualquer cidade enfrenta, mas que é particularmente
refere à qualidade do meio ambiente nas cidades, grave nas enormes aglomerações urbano-industriais, é
principalmente nos lugares onde a aglomeração de o do lixo sólido. Trata-se de um problema inerente à
homens e suas atividades já assumiram certo porte. A cidade, devido ao seu papel dentro do fluxo de matéria
manifestação mais importante desse fenômeno dá-se e energia no planeta. Assim, a cidade processa uma
na forma de: poluição do ar e sonora, abastecimento de grande quantidade de matéria e energia, além de
água, fornecimento de energia elétrica, assim como a toneladas e toneladas de dejetos que não são

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metabolizados por ela. Os excedentes vão se b) Principais formas de tratamento do lixo:
acumulando cada vez em maior escala, colocando a
 O aterro sanitário é o modo mais barato de
questão do lixo urbano como uma das mais sérias a ser
eliminar resíduos, mas depende da existência
enfrentada atualmente. Com a elevação da população,
de locais adequados. Esse método consiste em
e principalmente com o estímulo dado ao consumismo,
armazenar os resíduos, dispostos em camadas,
o problema tende a se agravar.
em locais escavados. Cada camada é prensada
por máquinas, até alcançar uma altura de 3
a) Principais problemas decorrentes do acúmulo de lixo: metros. Em seguida, é coberta por uma camada
de terra e volta a ser comprimida. É
tradicionalmente, onde há serviço de coleta, o lixo é
depositado em terrenos usados exclusivamente para fundamental escolher o terreno adequado, para
esse fim, os chamados lixões, que são depósitos a céu que não haja contaminação nem na superfície,
aberto, ou então enterrado ou compactado em aterros nem nos lençóis subterrâneos.
sanitários. Ambos se localizam, em geral, nas periferias  Os incineradores convencionais são fornos, nos
dos grandes centros. Esses locais sofrem graves quais se queimamos resíduos. Além de calor, a
impactos ambientais. É comum também o lixo ser incineração gera dióxido de carbono, óxidos de
depositado em terrenos baldios. Essa prática é muito enxofre e nitrogênio, dioxinas e outros
comum nas grandes cidades do mundo contaminantes gasosos, cinzas voláteis e
subdesenvolvido, nos bairros onde não há o serviço de resíduos sólidos que não se queimam. É
coleta ou ele é ineficiente. O acúmulo de lixo no solo possível controlar a emissão de poluentes
traz uma série de problemas não somente para alguns mediante processos adequados de limpeza dos
ecossistemas, mas também para a sociedade como um gases.
todo. Vejamos os principais:
 A fabricação de fertilizantes ou adubos, a partir
 Proliferação de insetos (baratas, moscas) e de resíduos sólidos, consiste na degradação da
ratos, que podem transmitir várias doenças, tais matéria orgânica por microorganismos
como a peste bubônica, a dengue, etc.; aeróbicos. O húmus resultante contém de 1% a
 Decomposição bacteriana de matéria orgânica 3% de nitrogênio, fósforo e potássio.
(a fração biodegradável do lixo, predominante
nos países subdesenvolvidos), que, além de
c) Possíveis soluções para o problema do lixo: as
gerar um mau cheiro típico, produz um caldo
soluções para o problema do lixo urbano são várias,
escuro e ácido denominado chorume, o qual,
dependendo da fonte produtora.
nos grandes lixões, infiltra-se no subsolo,
contaminando os lençóis freáticos;
 Contaminação do solo e das pessoas que  Lixo hospitalar: no caso, do lixo hospitalar, por
manipulam o lixo com produtos tóxicos; exemplo, não há outra saída a não ser a
incineração, dada a sua alta periculosidade por
 Acúmulo de materiais não-biodegradáveis;
causa do risco de contaminação. Mesmo assim,
 Os lixões também tornaram-se palco de cenas os dejetos hospitalares, em muitos lugares,
que mostram até que ponto pode chegar a ainda são lançados no meio do lixo comum. E o
degradação humana: todos os dias, milhares de uso da incineração promove dessa maneira o
pessoas, catadores de lixo, afluem para os lixões lançamento de poluentes na atmosfera assim
em várias cidades do mundo subdesenvolvido, como desprende um elevado gasto de energia.
em busca de restos de alimentos e de alguns
 O lixo domiciliar: neste há várias possibilidades,
objetos úteis para seu miserável dia-a-dia.
inclusive em função do estágio econômico de
Acrescente-se, ainda, um problema de ordem
cada país. Para o lixo orgânico, predominante
estética, pois o lixo torna a paisagem urbana
nos países subdesenvolvidos, o ideal seria o
feia e suja, causando poluição visual.
retorno do lixo ao solo, para servir como adubo
orgânico ou também para a produção de gás
metano, resultante da fermentação anaeróbica,
que pode ser usado como combustível. Em
muitos países, foram construídas usinas de com

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postagem para o processamento do lixo lavagem de equipamento se de instalações, no


orgânico destinado à produção de metano e de transporte de resíduos industriais nos efluentes
adubo. No Brasil, como aproximadamente, 70% (esgotos), na fabricação de produtos das indústrias
do total do lixo domiciliar são orgânico, essa é químicas, de bebidas, etc.
uma boa saída para o país. Em muitos países da
Veja as principais formas de comprometimento da
Europa ocidental, o lixo orgânico (em torno de
disponibilidade de água potável no planeta:
30% do total) é triturado e enviado pela pia ao
esgoto. Já o lixo inorgânico, o ideal seria a  Lançamento de esgotos domésticos e
coleta seletiva, que possibilitaria a reciclagem industriais no leito dos rios;
de grande parte dos materiais contidos no lixo
 Acúmulo de lixo que é conduzido para os rios
domiciliar e industrial. Materiais como vidros,
provocando a poluição dos mesmos;
plásticos, latas de alumínio e latão, papéis e
vários tipos de metais podem ser reciclados.  Lançamento de rejeitos da garimpagem
Isso é feito de forma significativa em países (mercúrio) nos rios que promovem, além da
europeus e no Japão. Na França, 25% do vidro contaminação das águas, a contaminação ao
são reciclados, chegando a 50% na Alemanha, longo da cadeia alimentar;
na Dinamarca e na Suécia. Ainda na França
 Contaminação das águas subterrâneas pelo
recicla-se 3%do papel (excluindo o lixo
chorume;
domiciliar, esse índice chega a 35%) e de 25 a
35% do ferro, porém apenas 1% das garrafas  Contaminação da água dos rios pelos
plásticas. Veja que ainda são índices muito agrotóxicos usados na agricultura;
baixos (o que dizer então dos países  Aumento da acidez de rios e lagos pela chuva
subdesenvolvidos?) ácida;
 O grande desperdício nas grandes cidades;
1.7- Poluição das águas em sistemas urbanos: nas
 Os acidentes com navios petroleiros – “marés
grandes aglomerações urbanas, o problema da poluição
negras”.
das águas assume proporções catastróficas. Isso é fácil
de entender: são as cidades que concentram, na grande
parte dos países, os maiores contingentes populacionais 2- As enchentes
e a maioria das indústrias.
Nas cidades, portanto, há um elevado consumo de água
e, consequentemente, uma infinidade de fontes 2.1- Fatores:
poluidoras, tanto na forma de esgotos domésticos como  A impermeabilização do solo pelo asfaltamento
de efluentes industriais. Imagine o volume de água que e pelas edificações;
é consumido diariamente por uma grande metrópole  O desmatamento nas nascentes e várzeas;
como São Paulo, Cidade do México, Nova Iorque,
 O acúmulo de lixo nos esgotos.
Londres, Paris ou mesmo pelas milhares de cidades
médias e pequenas espalhadas por todo o planeta.
Na França, o consumo doméstico de água é, em média,
de 150 litros diários por habitante. Desses, 20% escoam
pelos vasos sanitários, 39% alimentam chuveiros e
banheiras, 22% vazam para lavar louças e roupas e 19%
vão para comida, bebida, etc. Somando-se a esse
consumo as necessidades comunitárias hospitais,
escolas, comércio, lavagem de ruas e carros, rega de
espaços verdes, etc. – chega-se facilmente a 200 litros
diários por habitante. Assim, a população da Grande
Paris, da ordem de 10 milhões de habitantes, consome
em torno de 2 bilhões de litros de água por dia.
Volumosa quantidade de água é consumida também
pelas atividades industriais: no transporte de calor (nos
processos de resfriamento ou de aquecimento), na

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As vertentes de morros e montanhas em regiões
tropicais são extremamente vulneráveis a essa ameaça,
pois as águas de enxurradas transportam livremente o
horizonte superficial dos solos.
Uma vez modificado, para cultivo ou desprovido de sua
vegetação originária tem início a erosão, capaz de
remover mil vezes mais material do que se este mesmo
solo estivesse coberto. Por ano, o Brasil perde
aproximadamente 500 milhões de toneladas de solos
através da erosão.
O arraste de partículas constituintes do solo se dá pela
ação de fatores naturais como água, vento, ondas que
são tipos de erosão, além da própria erosão geológica
ou normal que tem por finalidade nivelar a superfície
terrestre.

1.2- Principais causas da erosão:

 Cultivo de encostas sem terraceamento;


 A irrigação indevida;
Os principais problemas ambientais do espaço agrário
 O desmatamento desordenado;
 As queimadas;
1- A erosão
 A desertificação;

1.1- O que é erosão? A erosão é um processo que faz  A prática da agricultura com técnicas
rudimentares;
com que as partículas do solo sejam desprendidas e
transportadas pela água, pelo vento ou pelas atividades  Os deslizamentos provocados por abertura de
do homem. A erosão faz com que apareçam no terreno estradas e construções em geral;
atingido: sulcos, que são pequenos canais com
 A construção de ocupações em encostas que,
profundidade de até 10 cm, ravinas, que tem
além de desmatar, tem a erosão acelerada
profundidade de até 50 cm ou voçorocas que possuem
devido à declividade do terreno.
mais de 50 cm de profundidade. O controle da erosão é
fundamental para a preservação do meio ambiente,
pois o processo erosivo faz com que o solo perca suas
2- A desertificação
propriedades nutritivas, impossibilitando o crescimento
de vegetação no terreno atingido e causando sério A desertificação é definida como processo de
desequilíbrio ecológico. destruição do potencial produtivo da terra nas regiões
de clima árido, semiárido e sub úmido seco. O problema
Pode-se dizer que de todos os recursos naturais
vem sendo detectado desde os anos 30, nos Estados
existentes no planeta, o solo é um dos mais instáveis
Unidos, quando intensos processos de destruição da
quando modificado, ou seja, quando sua camada
vegetação e solos ocorreu no Meio Oeste americano.
protetora é retirada.
Muitas outras situações consideradas como graves
Processos erosivos ocorrem de forma moderada em um
problemas de desertificação foram sendo detectadas ao
solo coberto, sendo esta erosão chamada de geológica
longo do tempo em vários países do mundo. América
ou normal. Ocorre devido à substituição extensiva da
Latina, Ásia, Europa, África e Austrália oferecem
vegetação natural por culturas, o que acelera os
exemplos de áreas onde o homem, através do uso
processos erosivos, que ultrapassam largamente o
inadequado e/ou intensivo da terra, destruiu os
ritmo de reposição pelo intemperismo.
recursos e transformou terras férteis em desertos

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ecológicos e econômicos. Assim, a desertificação é o  Desmatamentos, que além de comprometer a


estágio final de degradação dos solos, que resulta na biodiversidade, deixa os solos descobertos e
transformação de muitas regiões em desertos. expostos à erosão, ocorre como resultado das
A desertificação ocorre em mais de 100 países do atividades econômicas, seja para fins de
mundo. Por isso é considerada um problema global. No agricultura, seja para a pecuária, quando a
Brasil existem quatro áreas, que são chamadas núcleos vegetação nativa é substituída por pasto, seja
de desertificação, onde é intensa a degradação. Elas
diretamente para o uso da madeira como fonte
somam 18,7 mil km² e se localizam nos municípios de
Gilbués, no Piauí; Seridó, no Rio Grande do Norte; de energia (lenha e carvão);
Irauçuba, no Ceará e Cabrobó, em Pernambuco. As  Técnicas não apropriadas de irrigação, a
regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, também irrigação mal conduzida provoca a salinização
chamadas de terras secas, ocupam mais de 37% de toda dos solos, inviabilizando algumas áreas se
a superfície do planeta, abrigando mais de 1 bilhão de perímetros irrigados do semi-árido, o problema
pessoas, ou seja, 1/6 da população mundial, cujos
tem sido provocado tanto pelo tipo de sistema
indicadores são de baixo nível de renda, baixo padrão
tecnológico, baixo nível de escolaridade e ingestão de de irrigação, muitas vezes inadequado às
proteínas abaixo dos níveis aceitáveis pela Organização características do solo, quanto, principalmente,
Mundial de Saúde – OMS. Mas a sua evolução ocorre pela maneira como a atividade é executada,
em cada lugar de modo específico e apresenta fazendo mais uma “molhação” do que
dinâmicas influenciadas por esses lugares. irrigando.
As regiões sul-americana e caribenha têm inúmeros
países com expressivas áreas de seus territórios com
problemas de desertificação. Os mais significativos são Implicações:
Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Cuba, Peru e México.

Problemas sociais: abandono das terras por partes das


Obs. Não confunda desertificação com desertização, populações mais pobres, a diminuição da qualidade de
que é um processo natural de formação de desertos. vida e aumento da mortalidade infantil, a diminuição da
Trata-se de um fenômeno muito lento, independente expectativa de vida da população e a desestruturação
de qualquer ação humana. das famílias como unidades produtivas. Acrescente-se,
também, o crescimento da pobreza urbana devido às
migrações, à desorganização das cidades, o aumento da
poluição e os problemas ambientais urbanos;
Principais causas da desertificação:  Destruição da biodiversidade;
 Erosão dos solos;
 Uso intensivo do solo para a agricultura. O uso  Redução dos recursos hídricos;
intensivo do solo, sem descanso e sem técnicas  Redução de áreas cultiváveis. Destacam-se a
de conservação, provoca erosão e compromete queda na produtividade e produção agrícolas, a
a produtividade, repercutindo diretamente na diminuição da renda do consumo das
situação econômica do agricultor. A cada ano, a populações, dificuldade de manter uma oferta
colheita diminui, e também a possibilidade de de produtos agrícolas de maneira constante, de
ter reservas de alimento para o período de modo a atender os mercados regional e
estiagem. É comum verificar-se, no semiárido, a nacional, sobretudo a agricultura de sequei
atividade da pecuária ser desenvolvida sem roque é mais dependente dos fatores
considerara capacidade de suporte da região, o climáticos.
que pressiona tanto pasto nativo como
plantado, além de tornar o solo endurecido,
compacto;
 Fragilidade do ecossistema;

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3- O aumento da degradação do solo devido à irrigação 4.1- Causas principais do desmatamento:
A degradação do solo é causada também pela irrigação  Utilização dos terrenos para a agricultura;
descontrolada, associada a uma insuficiente drenagem  Exploração de recursos minerais;
do terreno. Cerca de 35% da produção global de
 Extração da madeira;
alimentos é realizada em lavouras irrigadas, que cobrem
menos de 20% das terras de culturas. A água utilizada  Construção de hidrelétricas (perda da cobertura
atinge camadas profundas do solo, dissolvendo sais e vegetal);
trazendo-os à superfície. Com a evaporação, ocorre a  Expansão da pecuária;
salinização do horizonte superficial, que pode destruir  Abertura de rodovias.
as raízes e matar a vegetação. A salinização causada
pela escassa drenagem de terras irrigadas atinge
globalmente cerca de 400 mil quilômetros quadrados
4.2- Impactos:
ou algo como a área da China.
 Extinção e redução da biodiversidade (espécies
animais e vegetais);
4- Aumento do desmatamento
 Desterritorialização de populações;
Isso ocorre de forma mais grave no caso da agricultura  Erosão;
moderna, pois as árvores atrapalham a ação dos  Assoreamento do leito dos rios;
tratores e demais máquinas agrícolas. Além de
promover o extermínio da fauna, que dependia da  Desertificação;
vegetação natural, esse desmatamento deixa os  Aumento de CO2 na atmosfera, provocado
próprios trabalhadores e o gado sem sombras onde pelas queimadas;
possam abrigar-se do sol quente nos dias de verão.  Alterações climáticas. As florestas são
diretamente responsáveis pelas chuvas, pois as
gigantescas árvores absorvem grande parte da
água, devolvendo-a lentamente ao meio
ambiente sob forma de umidade. A devastação
da floresta, reduzindo a quantidade de chuvas
nas regiões;
 Proliferação de pragas e doenças, como
resultado dos desequilíbrios das cadeias
alimentares;
 Empobrecimento dos solos. Quando
convertidas em terras para lavoura, as florestas
permanecem férteis por poucos anos. Então,
mais áreas de floresta têm de ser destruídas e o
processo se repete. Os habitantes das florestas
adotam um método agrícola baseado no corte e
queima de pequenos trechos da floresta que
usam para cultivo temporário. Hoje, contudo,
essa prática está atingindo proporções
gigantescas, deixando um rastro de terra
estéril, que já não poderá ser utilizada para
nada.
Obs.: Os países mais atingidos pelos desmatamentos
estão localizados na faixa tropical do globo: Brasil,
Equador, Colômbia, Guatemala, Haiti, Honduras,
Nicarágua, Gana e Nigéria.

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
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a) Tipos de desmatamento: genéticas e adquirem imunidade em relação ao produto


químico utilizado.

a.1- As queimadas: o método mais utilizado para o


desmatamento são as queimadas, que eliminam grande
parte da cobertura vegetal, causando enormes danos à
flora e à fauna do lugar.
Entre os principais estragos causados pelo fogo,
intencional ou não, estão a queima da biomassa
orgânica existente na superfície e a inutilização dos
vegetais de menor porte, que morrem mais
rapidamente. Como consequência o solo perde a sua
fertilidade e não raro as áreas rasteiras são invadidas
por capim e mato. Para retirá-los são necessárias novas
queimadas e, dessa forma, mais húmus também se
perde, tornando o solo cada vez mais pobre, com
grande dificuldade para se recompor, e facilitando a
erosão.

A.2- A extração madeireira: quanto à extração de


madeiras nobres nada é feito de modo seletivo. Toda a
floresta é pura e simplesmente devastada com as Esse fato torna-se mais grave ainda nas áreas de climas
queimadas ou a derrubada de todas as árvores, com quentes, equatoriais ou tropicais, porque o forte calor e
exceção das maiores – não por acaso as mais resistentes a umidade elevada favorecem a proliferação de insetos
–, que tem grande valor comercial, como o mogno, a e microorganismos. Para combater essas pragas são
imbuia, o jacarandá e o ipê que são de grande porte e utilizados outros agrotóxicos só que em maior
com grandes copas. A retirada delas, portanto, provoca quantidade, mas o que acontece na prática é a
grandes danos à mata que resta, pois ela fica mais repetição do ciclo descrito. Como conseqüência há a
exposta à ação dos ventos, o sol penetra com mais contaminação dos alimentos produzidos pela
intensidade, alterando a sua característica de ser agropecuária: as verduras, as frutas, os cereais e até o
quente e úmida; nas clareiras, a vegetação concorrente leite começam a apresentar resíduos de inseticidas e
que cresce (mato e capim) se prolifera, sufocando ou outros produtos químicos nocivos à saúde (mercúrio
dificultando o desenvolvimento de diversas espécies fosfates). Também a carne bovina ou a de frango
vegetais, além de outros problemas “colateriais” como contém, muitas das vezes, resíduos de hormônios e
a redução da cobertura vegetal, maior erosão outros remédios fornecidos ao gado para que ele cresça
superficial etc. mais rapidamente e não contraia doenças.
Uma alternativa ao uso de agrotóxicos tem sido o
5- Os agrotóxicos controle biológico que consiste na introdução de
parasitas ou de predadores naturais (estas são as
O uso intenso de agrotóxicos na agricultura e na formas mais comuns) nas lavouras como objetivo de
pecuária, para combater pragas que reduzem as eliminar as pragas que se instalam nas plantações. A
colheitas ou a produtividade do gado (em carne, em utilização dessa técnica exige um profundo
leite ou em couro), traz consequências negativas. conhecimento do ecossistema rural, a fim de evitar a
Esses produtos químicos agem eficazmente durante proliferação excessiva de espécies animais e vegetais
algum tempo, mas acabam por multiplicar as pragas a que também poderiam provocar danos. Isso porque,
longo prazo. Isso também porque eles eliminam certos quando se elimina um predador, as presas de que ele se
microorganismos benéficos às plantas por serem alimenta tem mais chances de sobreviver e se
inimigos naturais das pragas. Com o tempo, os insetos e multiplicar.
outras espécies –pragas nocivas ao cultivo ou ao gado –
acabam passando por um processo de seleção natural
com a expansão das variedades que sofreram variações

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6- A contaminação por mercúrio 7- O efeito estufa
O derrame de mercúrio nos rios, lagos e marés são uma
das formas de poluição dos recursos hídricos, atinge de
maneira expressiva a cadeia alimentar, visto que a
concentração desse metal nos rios contamina a cadeia,
bio acumulando-se nos animais e nos seres humanos.
A produção mundial de mercúrio é estimada em 10.000
toneladas por ano para uso nas mais diversas áreas,
como indústrias, mineração e odontologia, sendo os
principais produtores o Canadá, a Rússia e a Espanha. A
emissão natural de mercúrio é devida à gaseificação da
crosta terrestre, emissões vulcânicas e à evaporação
natural de corpos d’água. A mineração de ouro e prata,
a extração de mercúrio, a queima de combustíveis
fósseis e a fabricação de cimento são exemplos de
fontes antropogênicas de mercúrio. Na América do Sul,
o processo de extração de ouro utilizando o mercúrio é
usado em países como Venezuela, Colômbia, Bolívia,
Guiana Francesa, Guiana, Equador e Peru desde os anos Consiste na retenção de calor irradiado pela superfície
80. No Brasil, desde o tempo dos bandeirantes. terrestre, pelas partículas de gases e da água em
O mercúrio (Hg) chega até o homem por duas maneiras: suspensão na atmosfera (efeito estufa natural). O Efeito
ocupacional e ambiental. A primeira é mais conhecida e estufa que tanto se fala ultimamente, resulta de um
está ligada ao ambiente de trabalho, tal como desequilíbrio na composição atmosférica, provocado
mineração e indústrias; geralmente está associada aos pela crescente elevação da concentração de certos
garimpos de ouro, às fábricas de cloro-soda e de gases que têm capacidade de absorver calor. Como é o
lâmpadas fluorescentes. A contaminação ambiental, por caso do metano, dos clorofluorcabonos (CFC’s), mas
sua vez, é provocada pela dieta alimentar, comumente principalmente do dióxido de carbono (CO2). Dessa
pela ingestão de peixes. O mercúrio é, sem dúvida, um forma, o aumento da concentração desses gases
dos mais tóxicos dentre os metais e encontra-se intensifica a retenção de calor na superfície terrestre,
disseminado em rios e solos da Amazônia, em grande elevando a temperatura global.
parte devido à sua utilização na recuperação do ouro
em garimpos, de forma indiscriminada e sem qualquer
controle. Além do garimpo, atualmente são apontadas Causas:
outras duas fontes de contaminação por mercúrio na  O aumento do lançamento de poluentes na
Amazônia, a queima da biomassa florestal e degradação atmosfera a partir da queima de combustíveis
dos solos lateríticos; nestes dois casos, a acumulação do fósseis (carvão e petróleo), por indústrias de
mercúrio seria devida a processos naturais de
veículos automotores.
concentração desse elemento. As condições dos rios da
Amazônia (baixo ph da água, alta concentração de  Queimadas em áreas florestais e agrícolas
matéria orgânica dissolvida e baixo teor de material também agravam a situação.
particulado) favorecendo a metilação do mercúrio,
sugerem um cenário de contaminação contínua e
crescente. Possíveis consequências:
 O derretimento das geleiras ocasionará o
aumento do nível das águas dos mares. A
projeção é que a elevação média no ano2100
será de cerca de 50 cm, podendo variar de 15 a
90 cm. Se o nível do mar subir 1m, 17,5% do
território de Bangladesh ficará submerso;

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 Problemas também para a fauna, pois algumas • Os males: a principal conseqüência da destruição da
espécies de animais não se adaptam a camada de ozônio será o grande aumento da incidência
temperaturas elevadas; de câncer de pele, já que os raios ultravioletas são
mutagênicos. Além disso, existe a hipótese que a
 Comprometimento de ecossistemas como o
destruição da camada de ozônio pode causar um
mangue, que são mais sensíveis a alterações desequilíbrio no clima, resultando no “efeito estufa”,
climáticas. que acarretaria no descongelamento das geleiras
polares e enfim, na inundação de muitos territórios que
hoje podem ser habitados. De qualquer maneira, a
8- Diminuição da camada de ozônio maior preocupação dos cientistas é mesmo com o
O ozônio é um gás rarefeito cujas moléculas são câncer de pele, cuja incidência já vem aumentando nos
formadas por três átomos de oxigênio. Concentra-se últimos vinte anos. Cada vez mais se indica evitar às
nas camadas superiores da atmosfera, a 15 km da horas em que o sol está mais forte e a utilização de
superfície e forma uma espécie de escudo, com cerca de filtros solares, únicas maneiras de se prevenir, e de
30 km de espessura, que protege o planeta dos raios proteger a pele.
ultravioleta do Sol. A maior passagem dos raios ultravioleta também pode
A diminuição da camada de ozônio está relacionada ao atrapalhar o desenvolvimento de plantas e animais
aumento da emissão para a atmosfera de gases CFC’s principalmente fauna e flora marinha, assim podem
(clorofluorocarbonetos) antes usados em sprays e causar extinção de varias espécies vivas.
refrigeradores. Quando emitidos, esses gases vão para a
alta atmosfera, onde atuam como verdadeiras
“marretas” do ozônio – um tipo de gás oxigênio
“turbinado”
(altamente reativo e instável), com três átomos de
oxigênio por molécula em vez de dois. Ao chegar na
estratosfera, as moléculas de CFC’s são quebradas pela
ação dos raios ultravioleta liberando átomos de cloro
que reagem com o ozônio, transformando-o em gás
oxigênio.
Embora ozônio não seja mesmo “flor que se cheire” (é
altamente tóxico, se inalado), é lamentável que ele
suma da alta atmosfera da Terra. Àquela altitude, o O3
passa de vilão a mocinho, formando um escudo invisível
que protege a superfície do planeta contra os raios
ultravioleta vindos do Sol, nocivos para a maioria das
formas de vida, inclusive os humanos.

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1.1- Clima subtropical: presente na região sul dos
GEOGRAFIA DO BRASIL estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por
verões quentes e úmidos e invernos frios e secos. Chove
muito nos meses de novembro à março. O índice
1. CLIMAS NO BRASIL pluviométrico anual é de, aproximadamente, 2000 mm.
As temperaturas médias ficam em torno de 20ºC.
O extenso território brasileiro, a diversidade de formas Recebe influência, principalmente no inverno, das
de relevo, a altitude e dinâmica das correntes e massas massas de ar frias vindas da Antártida.
de ar, possibilitam uma grande diversidade de climas.
Atravessado na região norte pela Linha do Equador e ao
sul pelo Trópico de Capricórnio, o Brasil está situado, na 1.2- Clima semi-árido: presente, principalmente, no
maior parte do território, nas zonas de latitudes baixas sertão nordestino, caracteriza-se pela baixa umidade e
– chamadas de zona intertropical – nas quais pouquíssima quantidade de chuvas. As temperaturas
prevalecem os climas quentes e úmidos, com são altas durante quase todo o ano.
temperaturas médias em torno de 20ºC. Detalhe: A
amplitude térmica no Brasil – diferenças entre as
1.3- Clima equatorial: encontra-se na região da
temperaturas mínimas e máximas no decorrer do ano –
Amazônia. As temperaturas são elevadas durante quase
é baixa, em outras palavras: a variação de temperatura
todo o ano. Chuvas em grande quantidade, com índice
no território brasileiro é pequena. A classificação mais
pluviométrico acima de 2500 mm anuais.
utilizada para os diferentes tipos de clima do Brasil
assemelha-se a criada pelo estudioso Arthur Strahler,
que se baseia na origem, natureza e movimentação das 1.4- Clima tropical: temperaturas elevadas (média anual
correntes e massas de ar. por volta de 20ºC), presença de umidade e índice de
chuvas de médio a elevado.

1.5- Clima tropical de altitude: ocorre principalmente


nas regiões serranas do Espírito Santo, Rio de Janeiro e
Serra da Mantiqueira. As temperaturas médias variam
de 15º a 21ºC. As chuvas de verão são intensas e no
inverno sofre a influência das massas de ar frias vindas
pelo Oceano Atlântico. Pode apresentar geadas no
inverno.

1.6- Clima tropical Atlântico (tropical úmido): presente,


principalmente, nas regiões litorâneas do Sudeste,
apresenta grande influência da umidade vinda do
Oceano Atlântico. As temperaturas são elevadas no
verão (podendo atingir até 40ºC) e amenas no inverno
(média de 20ºC).

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GEOGRAFIA

As principais massas de ar

 Massa equatorial continental (mEc): originária


da Amazônia ocidental – área de baixa latitude
e muitos rios. É uma massa de ar quente, úmida
e instável. Atinge praticamente todas as regiões
durante o verão no hemisfério sul, provocando
chuvas. No inverno, a mEc recua e sua ação fica
restrita à Amazônia ocidental.

 Massa tropical atlântica (mTa): também de ar


quente e úmido, origina-se no atlântico sul.
Atua na faixa litorânea e é praticamente
constante durante todo o ano. No inverno, a
mTa encontra a única massa de ar frio atuante
no Brasil, a mPa, cujo encontro provoca as
chuvas frontais do litoral nordestino. No Sul e 2. RECURSOS HÍDRICOS
Sudeste, o encontro da mTa com as áreas
elevadas da serra do Mar provocam as chuvas
orográficas.
São as águas superficiais ou subterrâneas disponíveis
para qualquer tipo de uso de região ou bacia. As águas
 Massa polar atlântica (mPa): de ar frio e úmido. subterrâneas e superficiais são os principais
Atua principalmente no inverno. Em virtude das reservatórios de água doce disponível para o Homem
baixas altitudes da área central do território (aproximadamente 60% da população mundial têm
brasileiro (planaltos rebaixados), no inverno como principal fonte de água os lençóis freáticos ou
essa massa chega a atingir a Amazônia subterrâneos). No entanto, como o consumo tem
ocidental, e provoca baixa de temperaturas. excedido a renovação da mesma, atualmente verifica-se
Como dito acima, essa massa encontra a mTa um stress hídrico, ou seja, falta de água doce
no litoral do Nordeste no inverno, provocando principalmente junto aos grandes centros urbanos e
as chuvas frontais. também a diminuição da qualidade da água, sobretudo
devido à poluição hídrica por esgotos domésticos e
industriais.
 Massa equatorial atlântica (mEa): massa de ar
quente e úmido. Atua principalmente durante a Somente 3% da água do planeta estão disponíveis como
primavera e o verão no litoral do Norte e águas doces. Destes 3%, cerca de 75% estão congelados
Nordeste. Conforme avança para dentro do nas calotas polares, em estado sólido, 10% estão
país, perde a umidade. confinados nos aqüíferos e, portanto, a disponibilidade
dos recursos hídricos no estado líquido é de
aproximadamente 15% destes 3%.
 Massa tropical continental (mTc): origina-se na
região do Chaco, Paraguai, que é uma zona de
altas temperaturas e pouca umidade, que a 2.1 Bacias hidrográficas
torna a única massa de ar quente e seco.
Também provoca um bloqueio que detém as
massas de ar frio, mormente nos meses de maio Entende-se por bacia hidrográfica toda a área de
e junho. captação natural da água da chuva que escoa
superficialmente para um corpo de água ou seu
contribuinte. Os limites da bacia hidrográfica são
definidos pelo relevo, considerando-se como divisores
de águas as áreas mais elevadas.

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA
- LEI 5.810/94
O corpo de água principal, que dá o nome à bacia, 2.3 As principais bacias hidrográficas brasileiras
recebe contribuição dos seus afluentes, sendo que cada
um deles pode apresentar vários contribuintes
menores, alimentados direta ou indiretamente por
nascentes. Assim, em uma bacia existem várias sub-
bacias ou áreas de drenagem de cada contribuinte.
A bacia hidrográfica serve como unidade básica para
gestão dos recursos hídricos e até para gestão
ambiental como um todo, uma vez que os elementos
físico-naturais estão interligados pelo ciclo da água.
O Brasil, por exemplo, é dotado de uma vasta e densa
rede hidrográfica, sendo que muitos de seus rios
destacam-se pela extensão, largura e profundidade.
Em decorrência da natureza do relevo, predominam os
rios de planalto que apresentam em seu leito rupturas
de declive, vales encaixados, entre outras
características, que lhes conferem um alto potencial
para a geração de energia elétrica.
Quanto à navegabilidade, esses rios, em função de seu
perfil não regularizado, ficam um tanto prejudicados.
Dentre os grandes rios nacionais, apenas o Amazonas e
o Paraguai são predominantemente de planície e 2.3.1 Bacia Amazônica: a maior bacia hidrográfica do
largamente utilizados para a navegação. Os rios São planeta tem a sua vertente delimitada pelos divisores
Francisco e Paraná são os principais rios de planalto. De de água da cordilheira dos Andes, pelo planalto das
maneira geral, os rios têm origem em regiões não muito Guianas e pelo planalto Central. Seu rio principal nasce
elevadas, exceto o rio Amazonas e alguns de seus no Peru, com o nome de Marañon, e passa a ser
afluentes que nascem na cordilheira andina. Alguns denominado Solimões da fronteira brasileira até o
especialistas de acordo com a maneira como fluem as encontro com o rio Negro. A partir daí, recebe o nome
águas, classificam as bacias hidrográficas em dois tipos de Amazonas. É o rio mais extenso (total de 7.100 km) e
principais: de maior volume de água do planeta com uma
drenagem de 5,8 milhões de km², sendo 3,9 milhões no
Brasil.
• Exorréicas: quando as águas drenam direto para o
mar. Ex.: bacias hidrográficas brasileiras. Os afluentes do rio Amazonas nascem, em sua maioria,
nos escudos dos planaltos das Guianas e Brasileiro na
Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia, possuindo, assim,
• Endorréicas: quando as águas caem em um lago ou o maior potencial hidrelétrico disponível do país.
mar fechado. Ex.: bacia hidrográfica da Ásia Central.

2.3.2 Bacia Araguaia-Tocantins: esta bacia drena


aproximadamente 9,5% do território nacional. Seus
principais rios nascem no estado de Goiás e no Bico do
papagaio (TO), onde o Tocantins recebe seu principal
afluente, o rio Araguaia. Em terras paraenses, o
Tocantins deságua no Golfão Amazônico, onde se
localiza a ilha de Marajó. Por apresentar longos trechos
navegáveis, essa bacia é utilizada para escoar parte da
produção de grãos (destaque para a soja).

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA

A usina hidrelétrica de Tucuruí, a segunda maior do 2.3.4 Bacia do São Francisco: é uma extensa bacia
país, foi construída no rio Tocantins e atende, hidrográfica, que tem como rio principal o São
sobretudo, às necessidades de consumo de energia do Francisco, que nasce em Minas Gerais, atravessa o
Projeto Carajás (PA). Os rios Tocantins e Araguaia são sertão semi-árido mineiro e baiano possibilitando a
bastante diferentes. O rio Tocantins é do tipo sobrevivência da população ribeirinha de baixa renda, a
canalizado, com estrita planície de inundação. Nasce no irrigação em pequenas propriedades e a criação de
escudo brasileiro e flui em direção Norte até desaguar gado.
no estuário do Amazonas (Baía de Marajó), nas
O “velho Chico” é bastante aproveitado para a
proximidades de Belém. Já o rio Araguaia nasce nos
produção de hidroeletricidade, além de ser navegável
contrafortes da Serra dos Caiapós e flui quase paralelo
em um longo trecho dos estados de Minas Gerais e
ao Tocantins. Apesar de ser um rio de planície,
Bahia.
apresenta quatro trechos de cachoeiras e corredeiras.
Por ouro lado, desde as nascentes e ao longo de seus
Nos trechos de planície, encontram-se a Ilha do Bananal
rios, a bacia do São Francisco vem sofrendo
(a maior ilha fluvial do mundo).
degradações com sérios impactos sobre as águas e,
consequentemente, sobre os peixes. A maioria dos
povoados não possui nenhum tratamento de esgotos
2.3.3 Bacia do Parnaíba: trata-se da área banhada pelo
domésticos e industriais, lançando-os diretamente nos
rio Parnaíba e seus afluentes, sendo uma das doze
rios. Os despejos de garimpos, mineradoras e indústrias
regiões hidrográficas do território brasileiro. Abarca os
aumentam a carga de metais pesados, incluindo o
estados do Piauí, Maranhão e trechos do estado do
mercúrio, em níveis acima do permitido.
Ceará, e seu bioma varia da Caatinga, passando a
Floresta Tropical, terminando na área de Vegetação Na cabeceira principal do rio São Francisco, o maior
Litorânea. Como principal área habitada da bacia problema é o desmatamento para produção de carvão
hidrográfica, temos a cidade de Teresina, capital do vegetal utilizado pela indústria siderúrgica de Belo
estado do Piauí, e, apesar da extensão do Parnaíba e Horizonte, o que tem reduzido as matas ciliares a 4 %
seus afluentes, a área caracteriza- se pelos índices da área original. O uso intensivo de fertilizantes e
críticos de abastecimento de água, rede de saneamento defensivos agrícolas também tem contribuído para a
básico e tratamento de esgoto. poluição das águas. Além disso, os garimpos, a irrigação
e as barragens hidrelétricas são responsáveis pelo
Tal déficit de abastecimento de água á geralmente
desvio do leito dos rios, redução da vazão, alteração da
citado como fator principal do escasso desenvolvimento
intensidade e época das enchentes, transformação de
da área da bacia. Mesmo assim, considerando os
rios em lagos, etc. com impactos diretos sobre os
períodos de escassez e diminuição do volume de água
recursos pesqueiros.
na bacia, esta é considerada, ao lado das Bacias do
Amazonas e do Paraná uma das três grandes bacias
sedimentares brasileiras.
2.3.5 Bacia do Paraná: o Brasil também é banhado pela
Bacias sedimentares são aquelas onde a área marginal Segunda maior bacia hidrográfica do planeta. Seus três
precipita-se, indo depositar-se ao fundo do rio; à rios principais – Paraná, Paraguai e Uruguai – formam o
medida que pedras, areia e demais corpos vão se rio da Prata, ao se encontrarem em território argentino.
acumulando e sendo soterrados, estes sofrem aumento A bacia do rio Paraná apresenta o maior potencial
de pressão e temperatura, iniciando um processo de hidrelétrico instalado do país, além de trechos
litificação (“transformação em pedra”, literalmente), importantes para a navegação, com destaque para a
formando conjuntos de rochas sedimentares. É hidrovia do Tietê.
importante mencionar que a bacia possui mais de três
A bacia do Paraná, em seu trecho brasileiro, é a que
mil quilômetros de rios perenes (rios que não secam em
apresenta a maior densidade demográfica do país,
tempos de altas temperaturas) e metade da água do
levando a um enorme consumo de água para
subsolo do nordeste brasileiro, avaliadas em 10 milhões
abastecimento, e também para indústria e irrigação. A
de metros cúbicos ao ano.
poluição orgânica e inorgânica (efluentes industriais e
Antes de atingir o Atlântico, o Parnaíba forma um amplo agrotóxicos) e a eliminação da mata ciliar também
e recortado delta, o único em mar aberto das Américas contribuem para elevar o nível de degradação da
e um dos três maiores do mundo em extensão (sendo qualidade da água de grandes extensões dos principais
os outros: o do Nilo, no Egito, e do Mekong, no Vietnã). afluentes do trecho superior do rio Paraná, tornando-a
imprópria para uso do homem e para a vida aquática.

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA
- LEI 5.810/94
De certa forma, as barragens ao longo dos rios têm 2.3.7 Bacia do Uruguai: a Bacia do rio Uruguai consiste
contribuído para a autodepuração e retenção de no conjunto de todos os recursos hídricos convergindo
poluentes, sendo constatado melhoria da qualidade da para a área banhada pelo rio Uruguai e seus afluentes,
água, a jusante das barragens. desaguando no estuário do rio da Prata, já fora do
território brasileiro. Formado então pelos rios Pelotas e
Entre as principais bacias hidrográficas da América do
Canoas, o rio Uruguai serve como divisa dos estados do
Sul, a bacia do Paraná, é a que sofreu maior número de
Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Esta é ainda
represamentos para geração de energia.
responsável por delimitar a fronteira entre Brasil,
Argentina e Uruguai e deságua no Oceano Atlântico. A
2.3.6 Bacia do Paraguai: a Bacia do rio Paraguai consiste bacia do Uruguai é reconhecida pelo grande potencial
no conjunto de todos os recursos hídricos convergindo hidrelétrico, possuindo uma das maiores relações
para a área banhada pelo rio Paraguai e seus afluentes. energia / km² do mundo.
A área total da bacia abrange áreas dos estados do Temos como importantes fontes de contaminação do
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul bem como três países lençol aquífero da bacia os dejetos resultantes das
vizinhos: Argentina, Paraguai e Bolívia. atividades de suinocultura e avicultura e os agentes
O rio Paraguai é o principal rio deste conjunto. Nasce agrotóxicos utilizados nas áreas de prática da
em território brasileiro, nas Chapadas dos Parecis, no rizicultura.
estado de Mato Grosso com o nome de A navegação nos rios da bacia é viável somente no
“Paraguaizinho”, e em um de seus trechos mais ao sul trecho inferior, partindo da foz do Prata. À medida que
serve de demarcador de fronteira com a Bolívia. Seu se sobe o rio, a navegação torna-se gradualmente
nome é de origem guarani, e significa “um grande rio”, inviável.
e mais tarde o nome do rio batizou o país que hoje
conhecemos como Paraguai.
2.3.8 Região Hidrográfica do Atlântico: trata-se de um
A curiosidade da navegação em seu trajeto é a extrema
conjunto de bacias costeiras formadas por rios que
sinuosidade de seu curso, em especial na região do
deságuam no atlântico, exceto os do Amapá, que fazem
Pantanal, tornando viagens a distâncias relativamente
parte da bacia hidrográfica da Amazônia. São cinco as
próximas muito mais demoradas do que o habitual.
regiões:
Estima-se que da região do Pantanal até o Oceano
Atlântico, seguindo o curso do rio Paraguai, leva-se I- Nordeste Ocidental;
cerca de seis meses de viagem. O Pantanal está sujeito a
II- Nordeste Oriental;
inundações periódicas, assumindo desse modo a função
de verdadeiro “reservatório” dos rios do conjunto. III- Região Leste;
As cheias da bacia ocorrem ao longo de vários meses, IV- Atlântico Sudeste;
caracterizando um lento escoamento das águas no V- Atlântico Sul.
Pantanal. Tal fenômeno deve-se à complexa
combinação das várias planícies, cujas lagoas e baías
funcionam como reguladores de vazão, acumulando As águas subterrâneas no Brasil
água e amortecendo a elevação do nível durante as
cheias e cedendo águas durante a recessão.
• Aquífero Guarani: o Brasil possui a maior cisterna do
mundo, com aproximadamente 1,2 milhão de km2 de
Predominam na área os biomas do Cerrado (região de área linear, o equivalente à soma dos territórios da
Planalto) e do Pantanal. É importante notar que as Inglaterra, França e Espanha. A espessura dessa manta
atividades agro-industriais na região, bem como a de água varia 100 metros a 130 metros em algumas
prática da mineração estão provocando o aumento de regiões. Dois terços do aquífero (840 mil km2) estão em
áreas desmatadas, e com isso uma gradativa erosão das território brasileiro e o restante dividido entre o
mesmas. Tal prática acaba provocando o assoreamento Paraguai e Uruguai (com 58.500 km2 cada um) e
dos rios da bacia, sendo dignos de menção os rios Argentina (255.000 km2).
Taquari e São Lourenço.
No Brasil, ele está sob os estados de Goiás, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Nas regiões agrícolas, há a

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA

preocupação com relação aos adubos químicos, 3. TIPOS DE RELEVO


herbicidas e pesticidas, que podem entrar pela rocha
porosa e contaminar a água subterrânea.
Para monitorar e regulamentar a retirada da água, os
países onde se localiza o aquífero iniciaram
conversações sobre o assunto na década de 1990.
Em fevereiro de 2000, um primeiro documento foi
assinado pelos presidentes dos quatro países envolvido,
em Foz do Iguaçu (PR). Em 22 de maio de 2003, foi
assinado em Montevidéu, no Uruguai, o Projeto
Aquífero Guarani. No Brasil, o órgão de
acompanhamento do aquífero é a Agência Nacional de
Águas.

• Aquífero Alter do Chão: reserva Alter do Chão tem


volume de 86 mil km³ de água potável. É o de maior
volume de água potável do mundo. Quantidade
permitiria abastecer população mundial por 100 vezes.
A reserva subterrânea está localizada sob os estados do
Amazonas, Pará e Amapá. Em termos comparativos, a
reserva Alter do Chão tem quase o dobro do volume de 3.1 Terrestre:
água potável que o Aquífero Guarani – com 45 mil km³
de volume. O Aquífero Alter do Chão deve ter o nome
mudado por ser homônimo de um dos principais pontos a) Planaltos: os planaltos, também chamados de platôs,
turísticos do Pará. são áreas de altitudes variadas e limitadas, em um de
seus lados, por superfície rebaixada. Os planaltos são
originários das erosões provocadas por água ou vento.
Exemplo do potencial: cerca de 40% do abastecimento Os cumes dos planaltos são ligeiramente nivelados.
de água de Manaus é originário do Aquífero Alter do
Chão. As demais cidades do Amazonas têm 100% do Exemplo: Planalto Central Brasileiro
abastecimento tirado da reserva subterrânea. A água
dessa reserva é potável, o que demanda menos
tratamento químico. Por outro lado, a médio e longo b) Planícies: é uma área geográfica caracterizada por
prazo, a exploração mais interessante é da água dos superfície relativamente plana (pouca ou nenhuma
rios, pois a recuperação da reserva é mais rápida. variação de altitude). São encontradas, na maioria das
vezes, em regiões de baixas altitudes. As planícies são
formadas por rochas sedimentares. Nestas áreas,
ocorre o acúmulo de sedimentos.
Exemplos: Planície Litorânea, Planície Amazônica e
Planície do Pantanal.

c) Depressões: as depressões são regiões geográficas


mais baixas do que as áreas em sua volta. Quando esta
região situa-se numa altitude abaixo do nível do mar,
ela é chamada de depressão absoluta. Quando são
apenas mais baixas do que as áreas ao redor, são
chamadas de depressões relativas. As crateras de
vulcões desativados são consideradas depressões. É
comum a formação de lagos nas depressões.
Exemplo: Depressão Sul Amazônica.

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GEOGRAFIA
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3.2 Submarino: CLASSIFICAÇÃO DO RELEVO BRASILEIRO

• Plataforma continental: é a continuação do relevo e O que é RELEVO???


da estrutura geológica continental abaixo do nível do
mar, onde aparecem as ilhas continentais ou costeiras,
de origem vulcânica, tectônica ou biológica. Por
apresentar profundidades modestas, há penetração
de luz solar, criando condições propícias ao
desenvolvimento da vegetação marinha, o que torna a
plataforma muito importante para o desenvolvimento
da atividade pesqueira. As depressões do terreno na
plataforma continental tornam-se, ao longo do tempo
geológico, bacias sedimentares importantíssimas para
a exploração de petróleo em águas oceânicas.

• Talude: é o fim do continente, onde há o encontro


da crosta continental com a crosta oceânica, Relevo correspondente aos diversos acidentes
formando desníveis de profundidade variável, que (saliências e depressões) encontrados sobre a superfície
chegam a atingir 3 mil metros. As fossas marinhas são terrestre.
depressões abissais que aparecem abaixo do talude,
em zonas de encontro de placas tectônicas.
E suas principais formas (saliências e depressões) são:
- as montanhas;
• Região pelágica: é o relevo submarino propriamente
dito, onde encontramos depressões, montanhas - os planaltos;
tectônicas e vulcânicas, planícies, etc. Na região - as planícies e
pelágica, aparecem as ilhas oceânicas.
- as depressões.

O relevo brasileiro tem formação antiga e resulta,


principalmente, da sucessão de ciclos climáticos e da
ação das forças internas da Terra, como a
movimentação das placas tectônicas, as falhas e o
vulcanismo.
Existem diferentes classificações do relevo brasileiro,
cada uma obedecendo a um critério. Entre as mais
conhecidas estão a realizada na década de 40 pelo
professor Aroldo Azevedo, que utilizou como critério o
nível altimétrico. Na década de 1950, o professor Aziz
Ab´Saber apresentou uma nova classificação, baseando
no processo de erosão e sedimentação. A mais recente
classificação do relevo brasileiro é de 1995, elaborada
pelo professor do departamento de geografia da
Universidade de São Paulo (USP), Jurandyr Ross. Seu
trabalho tem como referência o projeto Radambrasil,
um levantamento realizado no território brasileiro,
entre 1970 e 1985, com um equipamento espacial de
radar instalado em avião. Ross considera 28 unidades
de relevo, divididas em planaltos, planícies e
depressões.

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA

Classificação do relevo brasileiro realizada por Aroldo Dessa forma e propôs seguinte mapa para descrever o
de Azevedo em 1949 relevo brasileiro:

Esse tipo de classificação foi a primeira a ser realizada


para representar o relevo brasileiro.

a) Quanto ao critério:

geomorfológico (modelado=Fisionomia= aparência física


= perfil visual + origem das rochas que compõe a
superfície do lugar)

As classificações do relevo nesse modelo prende-se


basicamente no estudo das formas (modelados= as
saliências da superfície terrestre) considerando as cotas
altimétricas (observa a altura da superfície = nível
altimétrico no momento da classificação), isto é
FISIONOMIA, unindo ao tipo de estrutura geológica a
qual a região se localiza (Bacia sedimentar ou escudos
cristalinos).

Os planaltos que são:


b) Quanto a Classificação:
- Planalto das Guianas
Usado o critério geo morfológico de Aroldo de Azevedo
- Planalto Brasileiro, subdividido em
ele estabeleceu um limite de 200 metros para
determinar o que seria planalto em relação ao que seria - Planalto Atlântico
uma planície. Considerando as cotas altimétricas, - Planalto Central
definida por ele, o mesmo estabeleceu (conceituou)
que: - Planalto Meridional

- planaltos como sendo um terrenos levemente


acidentados, com mais de 200 metros de altitude, e As planícies que são:
planícies como sendo um superfícies planas, com Planície Amazônica
altitudes inferiores a 200 metros.
Planície do Pantanal
Planície Costeira
Devido esses critérios ficou comum, por exemplo,
denominação como: Planaltos cristalinos (formados por Planície do Pampa ou Gaúcha
rochas magmáticas ou metamórficas) e planaltos
sedimentares (formados por rochas sedimentares).
Obs.: A classificação de Aroldo de Azevedo é a mais
tradicional. Feita em 1949, está um pouco
desatualizada, mesmo assim continua em uso, por três
fatores:

1º devido a preocupação com um tratamento coerente


às unidades do relevo, dando mais valor a terminologia
geomorfológica;

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA
- LEI 5.810/94
2º devido a identificação de áreas individualizadas; b) Quanto a Classificação:
Planalto: corresponderia a superfície aplainada, onde o
processo erosivo estaria predominando sobre o
3º devido a simplicidade e originalidade.
sedimentar.
Planície: (ou terras baixas) se caracterizaria pelo
Classificação do relevo brasileiro realizada por Aziz inverso, ou seja, o processo sedimentar estaria se
Ab'Sáber sobrepondo ao processo erosivo independentemente
das cotas altimétricas.

a) Quanto ao critério:
c) Quanto as mudanças ocorridas:

Geomorfoclimático: (que explica a formação do relevo Por essa divisão o relevo brasileiro passou a ser dividido
pela ação do clima sobre as rochas = que perda ou em 10 unidades, sendo sete planaltos, que ocupam
ganha sedimentos a partir da ação do clima - cerca de 75% do território nacional e três planícies, que
temperatura e pluviosidade - sobre as rochas). ocupam os 25% do restante do território.

Aziz Ab'Sáber em seu trabalho sobre a classificação do


relevo brasileiro levou em consideração em estudo
sobre o relevo apenas a atuação conjunta dos agentes
internos e externos que atuam sobre a gêneses do
modelado da superfície terrestre, ou seja, dos
elementos da natureza como: clima, solo, hidrografia,
vegetação etc.) principalmente da ação do clima nos
diferentes tipos de rochas, com a influência interna
representada pelo tectonismo.

Segundo esse estudo o relevo brasileiro tem sua


formação antiga e resulta principalmente da ação das
forças internas da terra e da sucessão de ciclos
climáticos. A alternância de climas quentes e úmidos
com áridos ou semiáridos favoreceu o processo de
erosão e explicam a formação do atual modelado do
relevo brasileiro. Nessa perspectiva, Aziz A'b saber
observou a evolução do clima (paleoclimas), para
realizar a classificação do relevo brasileiro, isto é, as
Os planaltos que são:
dramáticas alterações ocorridas ao longo do tempo
geológico no território brasileiro. Portanto, a análise do - Planalto das Guianas
relevo atual envolveu também o estudo dos chamados
- Planalto Brasileiro, subdividido em:
paleoclimas, ou seja, os fatores climáticos passados, que
contribuem para explicar o modelado do presente. Com - Planalto Central
base no estudo dos processos fisiológicos que - Planalto Meridional
envolveram as rochas que compõem as estrutura
geológica de brasileira Aziz A'b classificou o relevo - Planalto Nordestino
brasileiro em dois tipos de macro unidades - Planalto do Maranhão-Piauí
geomorfológicas: Planaltos e Planície. Além de aumenta
de 8 unidades para 10 unidades de relevo. - Planalto Uruguaio Sul-Riograndense
- Planalto dos Planaltos do Leste e Sudeste

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA

As planícies que são: OBS: o termo “planícies" se refere às várzeas dos rios,
onde a sedimentação é intensa, e a expressão “terras
Planície e Terras Baixas Amazônica
baixas", aos baixos planaltos ou platôs de estrutura
Planície e Terras Baixas Costeira geológica sedimentar.
Planície do Pantanal - a planície do pampa deixa de existir (sua área nessa
classificação passa a ser um planalto Uruguaio-Sul-Rio-
c.1) Quanto as mudanças ocorridas no macro unidades Grandense).
de planaltos:
Em relação a classificação de Aroldo de Azevedo Classificação de JURANDYR L. S. ROSS
passaram-se de quatro unidades de relevo para 7
Este último geógrafo tentou reunir em seu estudo os
unidades de relevo.
dois critérios citados acima, ou seja, em sua
- Continuaram os territórios dos planaltos: das guianas e classificação ele associou informações sobre o processo
meridional. de erosão e de sedimentação dominantes na atualidade
- Houve uma redistribuição das áreas territorial do (critério geomorfoclimáticos) com informações da base
planalto central, parte dele foi cedido para compor as geológico-estrutural do terreno e com o nível
áreas territoriais das novas unidades relevo: Planalto do altimétrico (critério geomorfológico).
Maranhão Piauí; Planaltos Leste e Sudeste.
- Houve uma renomeclaturação e redistribuição do a) Quanto ao critério:
planalto atlântico que foi dividido em duas novas
As classificações das macro unidades do relevo
unidades de relevo:
brasileiro sofreu uma evolução quanto aos critérios e
- Planalto Nordestino métodos utilizados. A pioneira classificação da década
- Planalto Leste e Sudeste de 40, de Aroldo de Azevedo, utilizava como critério de
classificação a altimetria, sob a qual as superfícies acima
de 200m seriam os planaltos e, as que estivessem entre
- Planalto Uruguaio-Sul-Rio-Grandense (no Rio Grande o nível do mar até 200m seriam as planícies. A
do Sul) compreende o território da planície do Pampa, classificação de Aziz Ab’Sáber, da década de 50, adota o
isso é, na classificação de Aroldo essa região está abaixo conceito de processo erosivo para classificar as macro
de 200 m (altimetria) é uma planície, já na classificação unidades: planaltos são superfícies em que predomina o
de Aziz A'b Saber é uma região que perde sedimentos é desgaste erosivo, enquanto planícies são aquelas em
outro critério (fisiológico)por isso é um planalto. que predominam os processos de acumulação dos
sedimentos. Quanto ao seu critério Jurandyr Ross
associou informações sobre o processo de erosão e de
c.1) Quanto as mudanças ocorridas no macro unidades sedimentação dominantes (critério geomorfoclimáticos)
de planícies: com informações da base geológico-estrutural do
terreno e com o nível altimétrico(critério
Em relação a classificação de Aroldo de Azevedo
geomorfológico).
passaram-se de quatro unidades de relevo para 3
unidades de relevo.
- a planície do pantanal se mantém nas duas - Critério morfoestrutural (Estrutura Geológica)
classificações. Segundo as características morfoestruturais ele
classificou em três níveis o relevo:
- a planície costeira na classificação de Aroldo de
Azevedo passa a ser denominada de planícies e terras - considera altimetria da superfície (planalto, planície ou
baixas costeiras na classificação de Aziz A'b saber. depressão);
- a planície amazônica, na classificação de Aroldo de - considera a estruturação das macro-unidades: base
Azevedo passa a ser denominada de planícies e terras geológica (ex.: sedimentar, cristalino...);
baixas amazônicas na classificação de Aziz A'b saber.

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA
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- Critério morfoclimático (Ação do clima) -Planícies: é uma superfície plana, com altitude inferior
a 100 metros, formada pelo acúmulo de sedimentos de
- considera os processos de intemperismo (ganho ou
origem marinha, fluvial e lacustre.
perda de sedimentos):
-Depressões: superfícies entre 100 e 500 metros de
altitude sendo mais planas que os planaltos (é uma
- Critério morfoescultural (Agentes externos) superfície com suave inclinação) e mais rebaixadas que
- considera o processo de erosão. as áreas de entorno, além de sofrer desgaste erosivo
(formada por prolongados processos de erosão) e
apresentar elevações residuais como inselbergs e
b) quanto classificação: planaltos residuais.

A classificação do relevo brasileiro de Jurandyr Ross,


elaborada com base em imagens de radar nas décadas
de 80 e 90, possibilitou ampliar a complexidade da
geomorfologia do Brasil. Ross propôs a criação de uma
terceira macro-unidade além dos planaltos e planícies,
as depressões; além de ter estendido para quase trinta
unidades de relevo.
-Planaltos: superfícies acima de 300 metros de altitude
que sofrem desgaste erosivo. Contém formas de relevo
irregulares como morros, serras e chapadas.

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA

c) Quanto as mudanças ocorridas: c.1.3) Planaltos dos cinturões orogênicos – originaram-


se da ação da erosão sobre os dobramentos sofridos na
c.1) Planaltos: São formas de relevo elevadas e
era pré-cambriana. São as Serras do Mar, da
aplainadas, com altitudes superiores a 300 metros,
Mantiqueira, do Espinhaço e as Serras do atlântico
marcadas por escapas onde o processo de desgaste é
Leste-Sudeste;
superior ao acúmulo de sedimentos. Podem ser
encontradas em qualquer tipo de estrutura geológica. c.1.4) Planaltos em núcleos cristalinos arqueados –
nas bacias sedimentares, os planaltos se caracterizam isolados e distantes um dos outros, possuem a mesma
pela formação de escarpas em áreas de fronteiras com forma arredondada. São o Planalto da Borborema e o
as depressões. Formam também as chapadas, extensas Planalto Sul-Rio-Grandense;
superfícies planas de grandes altitudes. Os planaltos são
chamados de "formas residuais" (de resíduo, ou seja, do
que ficou do relevo atacado pela erosão). Quanto à c.2) Planície:
estrutura geológica, podemos considerar alguns tipos São superfícies relativamente planas, onde o processo
gerais de planaltos: de deposição de sedimentos é superior ao desgaste.
São formações de relevo geologicamente muito
recente. Sua formação ocorre em virtude da sucessiva
depressão de material de origem marinha, lacustre ou
fluvial em áreas planas. Normalmente, estão localizadas
próximas do litoral ou dos cursos dos grandes rios e
lagos. As Planícies brasileiras podem ser divididas em:
c.2.1) Planícies costeiras: Encontradas no litoral como as
Planícies e Tabuleiros Litorâneos, e a Planície da Lagoa
dos Patos e Mirim.
c.2.1) Planícies continentais: Situadas no interior do
país, como a Planície do Pantanal. Na Amazônica, são
consideradas planícies as terras situadas junto aos rios.

Obs1. As Planícies (exclusivamente em bacias


sedimentares), que passaram a ocupar uma porção bem
menor do território brasileiro. Surgem as planícies
costeiras(na área costeira nordestina aparecem as
planícies e os tabuleiros costeiros (baixos planaltos que
Os Planaltos continuaram dominando o território sofrem erosão e podem ter como limite, junto ao mar,
brasileiro, só que passaram a ser subdivididos em: as falésias) e as planícies continentais (planície do
Pantanal e as planícies fluviais junto aos rios) . Na
classificação de Ross as planícies são em menor número
c.1.1) Planalto em bacias sedimentares – são os que os planaltos e as depressões. Isto se deve ao fato
planaltos da Amazônia Oriental (Amazônia e Pará), os de que muitas áreas que antes eram consideradas
planaltos e chapadas da bacia do Parnaíba (Pará, planície, corresponde na verdade as depressões ou
Maranhão e Piauí) e da bacia do Paraná (Goiás, Mato planaltos desgastados. A planície Amazônica que na
Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa classificação de Aroldo de Azevedo e Aziz Ab’Saber
Catarina e Rio Grande do Sul); ocupava cerca de 2 milhões de km2, ocupa na
classificação atual cerca de 100 mil km2

c.1.2)Planaltos em intrusões e coberturas residuais de


plataforma - são os chamados escudos cristalinos. Obs2. Com relação as áreas classificadas como planícies
Temos como exemplo o Planalto Norte-Amazônico essas são formadas por sedimentos que tem sua origem
(chamado de Planalto das Guianas nas classificações em material de origem marinha, lacustre ou fluvial em
anteriores); áreas planas como se verifica nas várzeas e “igapós” da
Amazônia, no Pantanal Mato-grossense ou planície

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA
- LEI 5.810/94
Mato-Grossense , que avança em direção à Bolívia e ao 4. TIPOS DE VEGETAÇÃO
Paraguai, numa área de sedimentação aluvial recente,
com oscilação de altitude entre 100 e 150 m. No litoral
do Rio Grande do Sul podem se destacar as planícies das
lagoas dos Patos e Mirim. Nas planícies costeiras e nas O Brasil possui uma rica diversidade de vegetação: nela
várzeas fluviais em geral. Temos também planícies se destacam oito tipos principais. Isso se deve à sua
tabulares na orla litorânea, com suas “falésias” e grande extensão territorial e diversidade climática.
“barreiras”, formações cristalinas ou sedimentares que O tipo de vegetação de determinada região irá
constituem paredões junto ao mar. depender, primordialmente, do seu tipo de clima.
Entretanto, essa regra aplica-se somente a vegetações
naturais ou nativas, pois a formação vegetal é o
c.3) Depressões:
primeiro elemento da paisagem que o homem modifica
São áreas rebaixadas em consequência da erosão que se e, portanto, está em constante transformação. O Brasil,
formaram no limite das bacias sedimentares (planícies) por ter dimensões territoriais continentais, abriga oito
com os maciços antigos (planaltos) devido a processos tipos principais de vegetação natural. São eles:
erosivos, rebaixando o relevo, principalmente na Era
Cenozóica. São onze no total e recebem denominações
diferentes conforme suas características e localização 4.1 Floresta Amazônica: de clima equatorial e conhecida
se subdivide em: como Amazônia Legal, abriga milhões de espécies
animais e vegetais, sendo de vital importância ao
equilíbrio ambiental do planeta. Ela é classificada como
c.3.1) Depressão periférica: Nas regiões de contato uma formação florestalLatifoliada, pois suas folhas são
entre estruturas sedimentares e cristalinas (área largas e agrupam-se densamente, geralmente atingindo
deprimida que aparece na zona de contato entre grandes alturas.
terrenos sedimentares e cristalinos). Tem forma
alongada.
4.2 Mata Atlântica: caracterizada como uma floresta
Exemplificando:
latifoliada tropical e de clima tropical úmido, foi a
- Depressão Periférica da Borda Leste da Bacia do vegetação que mais sofreu devastação no Brasil,
Paraná, Sul-Rio-Grandense – nº22 no mapa de Ross) restando apenas 7% de sua cobertura original. Era uma
vegetação que se estendia do Rio Grande do Norte ao
Rio Grande do Sul, mas que foi intensamente
c.3.2) Depressões Marginais: margeiam as bordas de degradada pelos portugueses para a extração de
bacias (terrenos) sedimentares, esculpidas em madeira e plantio de cana-de-açúcar.
estruturas cristalinas.
Exemplificando:
4.3 Caatinga: é uma vegetação típica de clima
- Depressão sul Amazônica e Norte Amazônica. semiárido, localizada no Nordeste brasileiro. Possui
plantas espinhosas e pobres em nutrientes. Nos últimos
anos, vem sofrendo diversas agressões ambientais que
c.3.3) Depressões Interplanálticas: São áreas mais baixas causam empobrecimento do solo, dificultando mais
em relação aos planaltos que as circundam. ainda o desenvolvimento dessa região.
Exemplificando:
- Depressão Sertaneja e do São Francisco. 4.4 Cerrado: típica do Planalto Central brasileiro e de
clima tropical semiúmido, é a segunda maior formação
Bibliografia vegetal do Brasil. Apesar de sua paisagem ser composta
Marcos de AMORIM, “Geografia geral e do Brasil” por árvores baixas e retorcidas, é a vegetação com
Igor MOREIRA, “O espaço geográfico” maior biodiversidade do planeta. Somente nos últimos
WILLIAM V., “Brasil – sociedade e espaço” anos é que os ambientalistas vêm se preocupando com
Jaime OLIVA, “Temas da geografia mundial” esse ecossistema, que sofre vários danos ambientais
Maria Elena SIMIELLI “Geoatlas causados pela plantação de soja e cana-de-açúcar e
pela pecuária.

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GEOGRAFIA

4.5 Pantanal: localizada no Mato Grosso e Mato Grosso 5.1 Domínio Amazônico
do Sul, é considerada uma vegetação de transição, isto
é, uma formação vegetal heterogênea composta por
diferentes ecossistemas. Em determinadas épocas do
ano, algumas porções de área são alagadas pelas cheias
dos rios e é somente nas estiagens que a vegetação se
desenvolve.

4.6 Campos sulinos: também conhecidos como


“pampas” e característicos de clima subtropical,
apresentam vegetação rasteira com a predominância de
capins e gramíneas.

4.7 Mata de Araucária: com a predominância de


pinheiros e localizada no estado do Paraná, é uma
vegetação típica de clima subtropical. Sua cobertura Vegetação: Floresta Equatorial, latifoliada, densa,
original é quase inexistente em razão da intensa perene, com grande biodiversidade, de grande porte,
exploração de madeira para fabricação de móveis. dividida em 3 tipos: mata de igapó, mata de várzea e
mata de terra firme. Espécies típicas: seringueira, vitória
régia, mogno, caucho, guaraná, quaruba, castanheira,
4.8 Mangues: é um tipo de vegetação de formação açaí.
litorânea, caracterizado principalmente por abranger
Relevo: predominam as terras baixas, formadas por
diversas vegetações, ocorrendo em áreas baixas e, logo,
planaltos baixos, depressões e planícies aluviais.
sujeito à ação das marés.
Clima: equatorial, quente e úmido praticamente o ano
inteiro.
Hidrografia: riquíssima rede de rios, composta por
5. DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS
enormes rios caudalosos, e também rios menores como
os igarapés. Como são rios que correm ao longo de
planícies fluviais, são ideais para a navegação, embora
Conceito: espaço geográfico onde predomina um tipo existam trechos encachoeirados dos rios que cortam os
de paisagem natural, resultante da interação dos baixos planaltos amazônicos com bom potencial
diversos elementos naturais: relevo, clima, vegetação, hidroelétrico.
hidrografia, solos, sendo que um destes elementos tem Solos: a floresta é sustentada por uma fina camada de
uma influência maior para caracterizar a paisagem. Ex.: húmus rico em matéria orgânica proveniente da
no Domínio Amazônico, é a vegetação, ou seja, a decomposição de folhas, dejetos dos pássaros, galhos,
Floresta Equatorial o aspecto mais marcante da flores e frutos. Se a cobertura vegetal for removida
paisagem. Já no Domínio dos Mares de Morro, são as através do desmatamento, os solos ficam expostos à
formas do relevo que dão a feição mais típica da ação das chuvas, enxurradas e radiação solar, de modo
paisagem. Podemos reconhecer no Brasil seis Domínios que o húmus fértil é lavado e levado pelas águas,
ou grandes paisagens naturais: amazônico, cerrado, restando um solo empobrecido, arenoso e de baixa
caatinga, mares de morro, araucária e pradaria. Entre fertilidade. A Floresta se auto-sustenta.
esses domínios existem faixas de transição, que são
Problemas Ambientais: desmatamento para projetos
passagens graduais e lentas de um domínio natural para
agropecuários e exploração mineral, queimadas,
outro, existindo elementos típicos de três ou mais
poluição dos rios com mercúrio pelo garimpo, perda da
domínios.
biodiversidade.

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5.2 Domínio dos Cerrados 5.3 Domínio da Caatinga

Vegetação: vegetação pobre, arbustiva, xerófila


(adaptada a ambientes secos), espinhosa (cactáceas).
Espécies: xique-xique, mandacaru, faveiro, juazeiro,
Vegetação: dois extratos de plantas: um arbóreo, com aroeira, braúna.
árvores de médio porte (12 m), com troncos retorcidos,
casca grossa, como a lixeira, o pau-santo, o pequi e um
extrato arbustivo-herbáceo, com gramíneas ou Relevo: formações antigas, fortemente erodidas,
vegetação rasteira, como o capim barba de bode. O predominam as depressões, com morros isolados
Cerrado é considerado a savana brasileira. Nos vales (inselbergs) e algumas chapadas.
fluviais aparece a mata galeria ou mata ciliar.
Clima: semi-árido, é o clima mais seco do Brasil,
Relevo: corresponde às áreas de chapadas e planaltos podendo ficar até 9 meses sem chover. As poucas
do Brasil Central. chuvas se concentram no inverno. A insolação e a
evapotranspiração são muito grandes.

Clima: tropical típico, com duas estações bem definidas:


verão úmido e inverno seco. Hidrografia: a maior parte dos rios são intermitentes ou
temporários.

Hidrografia: baixa densidade hidrográfica é um grande Solos: pouco profundos, salinos, pobres em matéria
divisor de águas entre as bacias amazônicas, platina e orgânica, exige irrigação para a prática agrícola.
do São Francisco. Os rios são perenes e planálticos, Problemas ambientais: o desmatamento tem
ótimos para fornecimento de energia. provocado o aumento da aridez (desertificação)

Solos: sedimentares, bastante permeáveis, pobres e 5.4 Domínio dos Mares de Morros
ácidos, os cultivos exigem a adição de calcário para
corrigir a acidez. Ao sul desse domínio aparecem
manchas de terra roxa, solos muito férteis.

Problemas ambientais: a agropecuária tem provocado o


desmatamento, a erosão, a compactação dos solos e a
poluição por agrotóxicos. Parte do cerrado é
transformado em carvão vegetal nas carvoarias que
exploram mão de obra infantil.

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Vegetação: originariamente recoberto pela floresta 5.5. Domínio da Araucária


latifoliada tropical (Mata Atlântica), hoje quase extinta.
Espécies: pau-brasil, pau-rosa, cedro, peroba, ipê,
jacarandá.

Relevo: acidentado, corresponde à unidade de relevo


denominada Planaltos e Serras do Atlântico Leste e
Sudeste. O aspecto característico da paisagem são as
formas de relevo conhecidas como ‘meias-laranjas’ ou
‘mares de morro’, que são serras fortemente erodidas
pelas chuvas. Predominam terrenos cristalinos,
formados por granitos e gnaisses.

Clima: corresponde às áreas de clima tropical mais


úmido, devido à proximidade com o litoral.
Vegetação: Floresta Subtropical, composta pela
araucária, ou Pinheiro-do-Paraná, espécie de pinheiro
Hidrografia: Apesar de seu imenso potencial hidráulico, aciculifoliado (folhas finas e pontiagudas) da família das
a maior parte dos rios que aparecem no domínio dos coníferas. Aparecem também outras espécies, como a
mares de morros apresentam graves problemas como a erva-mate, imbuia, canela, cedros e ipês.
contaminação por resíduos industriais. Concentração
dos complexos energéticos.
Relevo: planaltos do sul do Brasil, com terrenos
sedimentares-basálticos.
Solos: muito lavados pelas chuvas e enxurradas, muito
sujeitos à erosão devido às declividades, a prática
agrícola exige técnicas como o plantio em curvas de Clima: subtropical, com as 4 estações do ano bem
nível. definidas, sem estação seca. Ocorrência de geadas e
neve nas áreas mais elevadas.

Problemas ambientais: poluição industrial,


desmatamento, deslizamento de massa nas encostas Hidrografia: rios perenes, com bom volume de água,
dos morros, afetando casas e rodovias. Representa a pois as chuvas são bem distribuídas durante o ano.
área brasileira mais transformada por conta de ser a
área de ocorrência deste domínio, a mais industrializada
Solos: diversificados, com solos férteis de terra roxa em
e urbanizada.
algumas áreas e pobres em minerais básicos em outras.

Problemas ambientais: ocupação humana intensa, a


floresta foi muito devastada pela agricultura e
fabricação de móveis e casas.

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5.6 Domínio das Pradarias 6. A PRODUÇÃO DO ESPAÇO INDUSTRIAL BRASILEIRO

1 - Característica do Brasil agroexportador até o início


do século XIX

1.1 - A predominância da agricultura agroexportadora,


sobretudo a cafeeira, como base econômica do país.

1.2 - A indústria era uma atividade secundária restrita à


produção de bens simples, como alimentos, bebidas e
vestuários e muito dependente dos capitais da
Vegetação: herbácea (rasteira), campos limpos, atividade cafeeira.
formados por gramíneas e capins como barba-de-bode,
gordura, mimoso, jaraguá. Prolongamento no RS, dos
Pampas argentinos e uruguaios. 1.3 - A grande concentração demográfica na zona rural
(70%),embora houvesse uma crescente urbanização,
sobretudo nas áreas industriais. Eram poucas ainda as
Relevo: suave, ligeiramente ondulado, formando grandes e médias cidades.
pequenas colinas denominadas de ‘coxilhas’.

1.4 -A predominância do transporte ferroviário, com


Clima: subtropical. grande densidade de linhas no litoral refletindo o
caráter de economia dependente, porém os troncos
ferroviários regionais tinham pouca conexão, o que
Hidrografia: baixa densidade de rios, perenes, com contribuía para ausência de integração entre as regiões
traçados meândricos (cheios de curvas ) brasileiras caracterizando, assim, o país como uma
economia de arquipélago.

Solos: nas várzeas dos rios os solos são mais férteis,


onde ocorre a rizicultura. Nos pampas, aproveitando as 1.5 - Pequena intervenção do estado na economia, pois
pastagens naturais, a pecuária é a ocupação econômica predominavam pensamento liberal, o governo
principal que em alguns lugares cedeu espaço para a geralmente intervia em políticas de valorização do café,
agricultura comercial de exportação ( soja, trigo ) desvalorizando a moeda e/ou comprando parte da
produção para manter valorizado o preço do café.

Problemas Ambientais: assoreamento dos rios pelo


desmatamento das matas galerias. Nas antigas áreas de 1.6 - O poder era exercido pelas oligarquias locais dos
pecuária, onde se instalou a agricultura moderna, o solo estados mais ricos ligadas à agricultura de exportação
se desgastou intensamente e hoje necessita de que se revezavam no poder caracterizando aquilo que
recuperação para produzir em larga escala. historicamente foi denominado de República Velha ou
política do café com leite. Essa estrutura de poder
dificultava a formação de um mercado nacional
integrado, pois cada estado mantinha um sistema
tributário próprio para dificultara entrada e produtos,
como se cada unidade da federação fosse um país
independente.

60
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2 - A crise do modelo agroexportador e o período da facilitava o surgimento de novas indústrias e o


industrialização restringida (a Era Vargas) início da integração dos estados e regiões, até
então isolados uns dos outros.
 A adoção de uma política protecionista: o
2.1 - Contexto: da década de trinta a meados dos anos governo Vargas acreditava numa
cinqüenta. industrialização sob o comando da burguesia
nacional, o chamado nacional
desenvolvimentismo. Em função disso, adotou
2.2-Fatores: algumas medidas, como: o aumento das tarifas
alfandegárias (para dificultar as importações) e
a) A crise de 29 e a Revolução de 30 no Brasil: a crise de subsídios à burguesia nacional, visando
nos EUA provocou a retração do mercado externo para beneficiar as empresas brasileiras na medida
o café brasileiro na medida em que os Estados Unidos e em que criou condições para que as mesmas
a Europa diminuíram as importações de matéria-prima crescessem sem a concorrência do capital
dos países agrários devido a estagnação econômica estrangeiro.
resultante da superprodução. Essa situação refletiu
internamente na queda abrupta do preço do café. Tal
crise econômica ampliou as divergências entre as c) O Estado Novo e a maior centralização do poder: as
oligarquias regionais e o poder central culminando com medidas que o governo Vargas tomava desde 1930 para
a revolução de 30, que marcou o fim da hegemonia das incentivara modernização do país contrariavam em
oligarquias cafeeiras e a ascensão de Vargas. A perda de alguns interesses por parte das elites locais; estas então
hegemonia das oligarquias cafeeiras e a ascensão de procuravam dificultar ao máximo o avanço da
Getúlio Vargas representaram o estabelecimento da industrialização do país. Em função desse
burguesia de pensamento-urbano-industrial no poder. estrangulamento, Getúlio Vargas resolve centralizar o
poder com a implantação da ditadura do estado novo
em 1937. Sem entrar no mérito das reais motivos da
b) A maior intervenção do estado na economia: a ditadura, é importante destacar que a mesma resgatou
ascensão de Vargas na década de trinta foi marcada, a tendência centralizadora do Estado brasileiro e foi
principalmente, a partir do estado novo pelo advento fundamental para a futura integração e formação do
das idéias keinesianas, que defendiam a maior mercado consumidor nacional através das seguintes
intervenção do estado na economia como uma forma medidas:
de regular parcialmente o mercado e evitar a crise de
 O enfraquecimento dos poderes locais (elites
superprodução, como a depressão de 1929. Essas idéias
estaduais e municipais), com a federalização da
foram colocadas em prática em 1932 nos Estados
infraestrutura (eletricidade, telecomunicações e
Unidos com o NEW DEAL. No Brasil, o governo Getúlio
transportes), das funções sociais(saúde e
Vargas procurou ampliar a participação do estado, com
educação) e a eliminação do imposto
as seguintes medidas:
interestadual, enfraquecendo o poder
 Maior intervenção estatal: via criação das econômico dos estados e municípios.
grandes estatais, como a CVRD (Companhia Vale
 Essa centralização foi implantada com a
do Rio Doce), siderúrgica Belgo Mineira,
revogação de leis, deposição de governadores e
companhia siderúrgica nacional e mais tarde a
prefeitos e nomeação de interventores
Petrobrás. O surgimento de grandes estatais
militares, ou seja, pessoas de confiança de
possibilitou o início da indústria de base no país
Vargas, a exemplo de Magalhães Barata no
e a produção de matérias-primas essenciais,
Pará.
como os minérios, aço, petróleo, cimento, que
facilitaram a sofisticação do parque industrial  O estabelecimento das leis trabalhistas
brasileiro com a produção de bens de consumo nacionais, como salário mínimo, jornada de
duráveis (eletrodomésticos e automotores) por trabalho, direitos sociais, previdência social,
empresas nacionais a partir dos anos 40 e 50. legislação sindical, que institucionalizaram as
 A melhoria da infraestrutura: houve um relações entre capital e trabalho e por outro
aumento dos investimentos governamentais na lado criaram uma tutela do governo sobre
expansão das rodovias, redes de eletricidade, muitos sindicatos para impedir a explosão das
de telecomunicações (rádio e telefone),o que contradições sociais.

61
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d) As políticas territoriais da era Vargas: as políticas  A expansão da fronteira agrícola através da
territoriais constituem estratégias governamentais marcha para o oeste (implantação da ferrovia
baseadas no uso do território visando assegurar maior noroeste do Brasil) que buscou a incorporação
controle do estado sobre o espaço. Nesse sentido, a das terras dos Estados de MT e GO. Tal política
partir dos anos30 a unidade do território nacional era visava a um só tempo a consolidação
fundamental para a almejada modernização do país, econômica do espaço industrial (com a
pois somente com a integração de estados e regiões era expansão da pecuária extensiva a agricultura
possível formar um mercado consumidor interno que nos cerrados) e garantir a estrutura agrária do
estimulasse a ampliação do parque industrial. Essa sudeste “empurrando” os camponeses
necessidade levou o governo Vargas a desencadear expropriados pela modernização do campo para
algumas políticas territoriais, tais como: a fronteira.
 A criação do IBGE: para modernizar o país,
melhorando a infraestrutura, ampliando os e) O limite do nacional desenvolvimentismo: a melhoria
serviços sociais como saúde, era preciso antes na estrutura econômica trouxe certo, mas limitado,
de qualquer coisa conhecê-lo. Em função disso, desenvolvimento dos setores de bens de produção e de
o governo criou uma agência de pesquisas (o consumo duráveis. Esse esforço para a industrialização
IBGE), que passou a realizar coletas de dados e desde os anos 30 era baseado nos capitais provenientes
da exportação de café (capital nacional), porém a partir
pesquisas utilizadas pelo estado até os dias de
da década de quarenta, a redução das receitas de
hoje para vários fins. O censo serve para que exportação (queda no preço do café) e a ausência de
cada um possa conhecer melhor o país, os tecnologia inviabilizou o modelo de substituição de
estados e os municípios. Com as informações do importações baseadas no capital nacional, o que abriu
recenseamento, o Governo poderá, por caminho para a queda de Vargas e uma industrialização
exemplo: com o capital estrangeiro, a partir da abertura
econômica operada por JKem meados dos anos 50.
– Identificar os locais onde é mais
importante investir em saúde, educação,
habitação, transportes etc.; 3 - A consolidação do modelo urbano-industrial no
Brasil
– Descobrir lugares que necessitam de
programas de incentivo ao crescimento
econômico, como instalação de pólos 3.1 - Contexto: do plano de metas ao milagre brasileiro
industriais; (1955 a 1973).
– Distribuir melhor o dinheiro público dos
Fundos de Participação dos Estados e dos
Municípios. 3.2 - Fatores:

A sociedade em geral também usa as informações do


censo:  A expansão das transnacionais: a partir da
 Para escolher onde instalar suas fábricas, década de 50 foi acirrada a concorrência entre
supermercados, shopping centers, escolas, as empresas americanas e europeias por
cinemas etc.; mercados.

 Para conhecer melhor os trabalhadores O interesse dos Estados Unidos em manter o Brasil
brasileiros – quem são o que fazem como como área de influência face ao temor de avanço dos
moram etc. Essas informações são muito regimes pró-soviéticos na região, principalmente após a
importantes para os sindicatos, associações revolução cubana (1959), implicou no alinhamento do
profissionais e entidades de classe; Brasil ao bloco capitalista e maiores investimentos
diretos norte-americanos (implantação de
 Para pedir a atenção dos governos para multinacionais) no país, sobretudo, durante a vigência
problemas específicos, como a expansão da da ditadura militar. Ao lado disso, a criação da
rede de água e esgoto, a instalação de postos comunidade econômica européia ampliou os
de saúde e assim por diante.

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investimentos de conglomerados alemães, holandeses, 6.1 A industrialização brasileira


franceses no Brasil.
JK, militares e novo desenvolvimentismo: a chegada ao
1- A ascensão do Brasil como potência regional: do
poder de JK e mais tarde dos militares, rompeu o
crescimento econômico em “marcha forçada” ao
modelo nacional de Vargas, pois a concepção vigente
endividamento externo
era de que a consolidação da indústria só seria possível
com a participação de capitais e tecnologia
estrangeiros. Para isso foram tomadas as seguintes 1.1 - Contexto: a partir da primeira crise do petróleo
medidas: (1973).
 A abertura da economia brasileira ao capital
estrangeiro, com a formação do tripé
desenvolvimentista (o Estado encarregado da 1.2 - Fatores:
infraestrutura-capital nacional das indústrias
mais simples e o capital estrangeiro
encarregado das indústrias de bens-de- a) A crise do petróleo e as dificuldades para a
consumo duráveis). manutenção de um crescimento baseado nas divisas da
exportação: a crise do petróleo elevou o preço do
 O maior investimento em infraestrutura, como
rodovias, ferrovias, portos, redes de eletricidade produto e impactou os países dependentes dessa fonte
e telecomunicações, dentro do plano de metas, de energia, como o Brasil, de duas maneiras: gerando
com a utilização maciça de empréstimos um grande déficit na balança comercial.
estrangeiros. O plano de metas foi fundamental Os países periféricos e pobres em petróleo como o
para consolidar a liderança do Centro-Sul como Brasil tiveram que realizar maiores gastos devido ao
região mais desenvolvida e ao mesmo tempo encarecimento das máquinas e tecnologias vindas do
integrar as periferias como fornecedoras de mundo desenvolvido e à elevação do preço do petróleo.
mão-de-obra e matéria-prima às indústrias. Naquele contexto, início dos anos 70, mais de 90% da
 A ampliação do consumo interno devido a energia consumida no país provinha de usinas
integração econômica em formação, que termelétricas movidas à petróleo, o que obrigava o
estimulou o a implantação de mais indústrias de Brasil a manter as importações petrolífera.
bens duráveis nacionais e principalmente
Por outro lado, a oneração do petróleo gerou uma
estrangeiras (multinacionais) beneficiadas pela
grande recessão no mundo desenvolvido, o que levou
abertura econômica do plano de metas. Essas
as potências centrais decidirem pela redução das
transformações contribuíram para a ampliação
importações de matéria dos países subdesenvolvidos.
do parque industrial e do processo de
Esse fato acarretou na desvalorização dos commodities
urbanização, fatores esses que aceleraram a
(matérias-primas)e diminuição das receitas de
modernização do país com a geração demais
exportação de países como o Brasil. Ao lado disso, as
riqueza.
grandes transnacionais decidiram reduzir os
 A deflagração da ditadura militar, que viabilizou investimentos produtivos diretos em países periféricos
um novo cicio de crescimento econômico (9 a o que acarretou numa queda drástica na entrada de
10% ao ano), com complementação da divisas (dólares) no país.
infraestrutura, expansão dos investimentos
estatais, implantação de grandes projetos. Esse b) O crescimento econômico em marcha forçada: o
crescimento(1968-1973) foi possível graças à déficit na balança comercial revelava que a capacidade
repressão salarial aos segmentos menos de importação(petróleo, máquinas, tecnologia) era
privilegiados da sociedade e ao aumento dos muito pequena e indicava a necessidade de medidas
empréstimos governamentais no exterior para restritivas para que o país enfrentasse a crise
viabilizar a continuação da prosperidade internacional. Entretanto, o governo que acabava de
iniciada com o plano de metas (1955-1960). assumir (Geisel) decidiu pela manutenção dos grandes
investimentos estatais na busca de uma autonomia
tecnológica. Essa decisão estava relacionada à
revolução técnico-científica acelerada a partir dos anos
setenta com o rápido desenvolvimento dos setores de
robótica e informática, o que levou o governo militar a

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GEOGRAFIA
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buscar uma capacitação tecnológica capaz de adequar o contraste às demais fontes que tiveram o uso ampliado
país ao que acontecia no resto do mundo. Essa com destaque à hidroeletricidade.
adequação implicou nos investimentos em pesquisa,
visando uma auto suficiência tecnológica, como a
prospecção e produção interna de petróleo, através da c) A criação de tecnopólos: o projeto do Brasil potência
Petrobrás (visando diminuir a dependência em relação implicava necessariamente a autonomia tecnológica do
ao petróleo importado). Ao lado disso houve a criação país frente às potências centrais. Para isso, o governo
de projetos civis e militares voltados a setores de ponta, começou a implantar e/ou reforçar centros de alta
como a Nuclebrás, a Embraer, o Inpe, aImbel originando tecnologia voltados a áreas estratégicas, como:
pólos tecnológicos na região Centro-Sul. Como o Brasil indústria bélica (Imbel e Avibrás); aeroespacial (ITA e
não possuía recursos próprios, os investimentos acima INPE e Embraer),além de estimular a integração dessas
citados foram realizados às custas de um crescente instituições federais com universidades estaduais e
endividamento externo ao longo dos anos 70 que uma privadas, a exemplo da USP, Unesp, Unicamp, FGV e
década depois gerou vários problemas levando o país à PUC. O êxito desse projeto acabou transformando
uma fase de estagnação conhecida como “a década algumas cidades em verdadeiros tecnopólos, como São
perdida” nos anos 80. Paulo, Campinas, São Carlos, Rio de Janeiro. São cidades
que atraem investimentos porque apresentam mão-de-
obra qualificada e tecnologias de ponta.
1.3 - As políticas territoriais para o projeto do Brasil
potência:
1.4 - O endividamento externo, a década perdida e os
limites ao projeto de potência: a decisão de manter
a) O projeto de integração nacional: o fortalecimento do elevados investimentos nos anos 70, apesar do déficit
país como potência regional implicava na melhoria da na balança comercial, provocou um crescente
infraestrutura nacional e incorporação de regiões endividamento externo junto ao F.M.I (Fundo
periféricas, como a Amazônia, à economia brasileira. Monetário Internacional). Esse quadro se agravou no
Para isso, o governo militar realizou enormes início da década de 80, pois houve a elevação dos juros
investimento sem rodovias, energia e sobre a dívida e o país já tinha dificuldades até mesmo
telecomunicações. Ao lado disso, direcionou estratégias para pagar os juros. A pressão dos organismos
com vistas a conectar a grande fronteira amazônica à Internacionais e a necessidade de novos empréstimos
economia nacional. A integração dessa região era levaram o governo a tomar decisões visando a obtenção
importante para elevar as exportações de recursos de mais dólares para o pagamento da crescente dívida
naturais, atenuar as tensões no campo do nordeste e externa através das seguintes medidas:
fortalecer a imagem do Brasil em relação aos países
vizinhos. Para viabilizar a modernização da região, o
governo militar desencadeou as seguintes medidas: a a) Incentivo à exportação: o governo procurou
abertura de estradas, como a transamazônica, o estimular as exportações, através dos subsídios,
incentivo à imigração, a ampliação da rede de incentivando as atividades voltadas para o mercado
telecomunicações e de energia. externo, objetivando fortalecera balança comercial,
com o aumento das receitas.

b) A nova política energética: a necessidade de ampliar


a oferta de energia para suprir a crescente b) A contenção das importações e do consumo interno:
industrialização e ao mesmo tempo diminuir a o governo no intuito de superar o déficit na balança
dependência do país ao petróleo importado, levou o comercial adotou uma política de contenção das
governo a alocar mais investimentos na produção de importações, com o aumento do protecionismo
novas fontes de energia, como o álcool (projeto pró- (elevação dos impostos sobre as importações de
álcool), a energia nuclear (usinas nucleares), energia produtos e serviços), além do arrocho salarial sobre os
hidrelétrica (usinas de Itaipu e Tucuruí),além de trabalhadores.
modernizar a Petrobrás visando ampliar a produção
interna de petróleo. Os gráficos ao lado demonstram
que de 1970 a 1994, graças aos investimentos estatais, c) Redução dos gastos governamentais na área social: o
a participação do petróleo e da lenha no consumo governo procurou diminuir os gastos nas áreas sociais
nacional de energia sofreram um decréscimo em para somar mais divisas visando o pagamento dos

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empréstimos no exterior. Essa política implicou no b) O neoliberalismo e as mudanças estruturais: a partir


sucateamento dos programas de saúde e educação da década de oitenta, houve a emergência de uma nova
públicas, prejudicando principalmente a população de doutrina econômica nos Estado Unidos e na Inglaterra,
mais baixa renda. denominada de Neoliberalismo. Essa doutrina busca
adaptar os princípios do liberalismo econômico do
século XVIII às condições do capitalismo moderno, em
2- A década perdida e a abertura econômica na contraposição ao modelo interventor e regulador
tentativa de inserção do Brasil ao processo de keinesiano com a argumentação de ajustar o papel do
globalização estado às transformações da economia mundial,
visando aumentar a eficiência econômica dos países. Os
neoliberais acreditam que a vida econômica é regida
2.1-Contexto: meados dos anos 80 aos dias atuais. por uma ordem natural formada a partir das livres
decisões individuais e cuja mola mestra é a lei da oferta
e da procura. O Brasil persegue a maioria desses
2.2 - Os problemas estruturais da economia brasileira na objetivos através da implantação das seguintes medidas
década de 80 que justificaram a necessidade de uma neoliberais:
abertura econômica:
Fonte: Texto Extraído de Almanaque Abril 1999.

a) O isolamento da economia brasileira, devido ao


aumento do protecionismo, o que representou um • Ajuste fiscal e o menor engajamento do Estado na
grande atraso tecnológico, pois a multinacionais área social: a busca de uma estabilidade financeira,
pararam de remeter novas tecnologias para suas filiais quando o Estado assume um papel mais empresarial do
no Brasil e o empresariado nacional parou de importar que social procurando atingir resultados econômicos,
novos equipamentos para as suas empresas. através da diminuição dos gastos nas áreas não
diretamente produtivas, como saúde e educação,
previdência social, seguro desemprego, objetivando
b) Estagnação da economia nacional com a redução dos sanear as contas públicas, ou seja, te rum saldo positivo
investimentos estrangeiros diretos entre o final da (arrecadar mais e gastar menos). Essas medidas
década de setenta e a segunda metade da década de significam um menor engajamento do Estado na área
oitenta além do deslocamento do capital nacional do social devido a diminuição das conquistas sociais, o que
setor produtivo para o mercado financeiro. deverá atingir principalmente a população mais pobre
em todo o mundo representando uma espécie de
universalização da pobreza (aumento das desigualdades
c) O aumento dos problemas sociais, com a elevação do sociais tanto nos países subdesenvolvidos como nos
desemprego, achatamento salarial e deterioração dos desenvolvidos).
serviços públicos, sobretudo, educação e saúde, porque
os recursos obtidos com as exportações foram usados
para o pagamento da dívida externa. Veja algumas medidas práticas desses objetivos:
d) A instabilidade econômica com a hiper-inflação, • Elevação e criação de impostos como uma maneira de
desvalorização monetária e adoção de vários planos aumentaras receitas do Estado.
econômicos(Cruzado, Verão, Bresser), que afastavam os • Manutenção de gastos públicos pequenos na área
investidores estrangeiros e deslocavam os capitais da social.
área produtiva para o mercado financeiro.
• Modernização do setor público com a implantação de
equipamentos modernos e a redução do número de
2.3-As mudanças estruturais para a inserção do Brasil à funcionário públicos, vistos como vilões da crise
globalização: econômica do Estado.
• Implantação do Plano Real ancorado ao dólar visando,
coma sobrevalorização da moeda e dos juros altos,
a) Contexto: a partir de 1989, com a eleição de
manter a inflação baixa e possibilitar a estabilidade da
Fernando Collor de Melo.
economia.

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• A abertura econômica e a maior internacionalização 7. A AGROPECUÁRIA BRASILEIRA
da economia brasileira: desde os anos 70 o governo
brasileiro adotou medidas para fechar a economia
brasileira e reduziras importações. Essas medidas
passavam pelo aumento das tarifas alfandegárias, PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO
criação de monopólios estatais e a reserva de mercado  O processo teve início na década de 60.
a alguns setores como o de informática.
 Mecanização agrícola.
Esse protecionismo não conseguiu a tão sonhada
autonomia tecnológica que os militares almejavam e  Incorporação de novos solos à produção.
acabou afastando os investimentos estrangeiros  Intensificação do uso de insumos Industriais.
levando o país a um grande atraso tecnológico. Para o
 Grandes investimentos de capital.
governo Collor, que assumiu em 1989, a única forma de
superar esse atraso era abrindo a economia para  Agroindústria.
facilitar a importação de tecnologia às empresas  Trabalho assalariado.
brasileiras e a retomada dos investimentos
transnacionais.  Desenvolvimento científico-tecnológico.

A abertura é defendida como necessária para estimular  Novas técnicas de correção dos solos.
a concorrência.  Melhoramento de sementes: vegetais e
• A privatização das indústrias de base e o animais.
enfraquecimento da intervenção direta do Estado na
economia: o Estado repassa, através da privatização CONSEQUÊNCIAS DA MODERNIZAÇÃO
determinados setores à iniciativa privada, com
argumento de que haverá maior concorrência e  Recorde na safra de grãos (soja, milho, feijão e
consequentemente melhoria na qualidade dos bens e outros).
serviços oferecidos, além da redução dos preços ao  Aumentos no volume de produção e na área
consumidor. Por outro lado, os segmentos contrários à plantada.
privatização argumentam que ela representa a perda de
setores estratégicos ao desenvolvimento e que poderá  Elevados índices de produtividade.
aumentaras taxas de desemprego.“ As empresas  Grande exportador de grãos e de carne bovina.
federais privatizadas a partir de 1991,quando começou
 Produção da carne de frango, de cana-de-
o atual programa de privatizações, fecharam39.631
açúcar - reforçada pela viabilização do etanol
postos de trabalho desde que passaram ao controle do
como combustível automotor -, do café e da
setor privado”. Isso representa 32,67% dos121.299
laranja.
empregados que elas mantinham quando foram
vendidas pelo governo federal em leilões. O total de
postos de trabalho fechados equivale, PAÍSES SUBDESENVOLVIDOS E DE ECONOMIA
aproximadamente, a um estádio do porte do paulistano EMERGENTE (DESTAQUE PARA O BRASIL)
Pacaembu lotado (40mil pessoas, incluindo a parte do
tobogã).  Incipiente processo da modernização das atividades
agropecuárias.
Folha de S. Paulo, 03/03/97.
 Apropriação monopolista da terra e concentração
fundiária
• A descentralização das funções públicas: o  Uso especulativo da terra e Conflitos fundiários.
agravamento da crise fiscal e a necessidade de cortar
 Convivência de relações assalariadas com relações
gastos, têm levado o estado a repassar determinadas
semi- servis.
obrigações, como saúde, educação, habitação para os
governos subnacionais, ou seja, os governos estaduais e  Predomínio da agricultura comercial.
municipais. Talvez o maior exemplo dessa  Prioridade à produção para o mercado externo
descentralização seja a criação do SUS (Sistema único
de saúde), no qual a união repassou aos estados e  Sub – valorização da agricultura de gêneros
municípios a responsabilidade pela questão da saúde alimentícios.
pública.

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Produção de cereais, leguminosas e oleaginosas Para o Trigo, uma cultura de inverno a produção
esperada de 5,6 milhões de toneladas supera em 3,9% a
informada em março.

Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2007.

Produção nas Grandes Regiões Para a soja (2010), a produção esperada de 67,9
milhões de toneladas é maior 0,8% que a informação de
março.

Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2007.

Para o café, a estimativa da safra 2010 é de 2.698.361 t


Mas, sabemos que:
 A modernização do campo não alterou a
estrutura fundiária do país, que se manteve
com forte concentração das terras nas mãos de
grandes proprietários;
 Ocorreu um aumento extraordinário da
produção agrícola sem a distribuição de terras.
 A modernização é conservadora e capitalista:
enquanto governos e empresários da
agroindústria comemoram os resultados a cada
ano, uma legião de pequenos agricultores se vê
Fonte: Censo Agropecuário do IBGE, 2007. excluída dos benefícios da modernização.

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Problemas Socioambientais e Conflitos ZONAS PIONEIRAS NO SÉC. XIX
 Custos socioambientais, em especial com o  Ocorreu basicamente no SUDESTE com a
avanço das culturas sobre áreas de florestas e expansão do CAFÉ para o oeste paulista.
cerrados, como mostra o chamado arco do
 Agricultores organizaram novos espaços na
desmatamento na faixa sul da Amazônia,
região em núcleos.
colocando em risco sistemas naturais e também
unidades de conservação, terras indígenas e  Avançando sobre terras devolutas ou livres e
populações tradicionais. sistema de queima de florestas e outras
coberturas vegetais e rotação de terras

Arco do Desmatamento e Conflitos


ZONAS PIONEIRAS 1ª ½ DO SÉC. XX
 Oeste de Santa Catarina.
 Norte do Paraná.
 Oeste de São Paulo.
 Sul do Mato Grosso do Sul.

FRONTEIRAS AGROPECUÁRIAS 2ª ½ DO SÉC. XX


Verificada particularmente no Norte e no Centro-oeste
do país.
A partir dos anos 70, contou com forte participação do
Estado.
O Estado ordenou o processo de ocupação em extensas
faixas nas franjas ao sul da floresta e na Amazônia
Oriental.
A nova frente é ocupada também por formas urbanas e
atividades diversificadas, tais como a agropecuária, e
PROCESSOS HISTÓRICOS DE PRODUÇÃO E extrativismo mineral e vegetal e setores da indústria.
APROPRIAÇÃO DOS ESPAÇOS AGRÁRIOS NO BRASIL. Entre a década de 1960 e 1980, esse processo
combinou a implantação de projetos agropecuários,
envolvendo empresas e grandes proprietários, em áreas
de ocupação mais antiga (como o eixo Belém-Brasília e
o sul do Pará) e um acento na pecuária e lavouras de
arroz.
Programas de colonização e assentamentos para peq.
agricultores ocorreram ao longo da rodovia
Transamazônica, em parte usados como válvulas de
escape para tensões no campo.
No final dos anos 1980, o governo federal estabeleceu
planos de assentamento rápido, sem assistência técnica
e financeira aos colonos, como em Rondônia.
Mais tarde, a partir de meados dos anos 1990, outra
forma empregada foi a dos projetos de colonização aos
empreendedores privados capitalizados. Parte deles
localiza-se no norte de Mato Grosso, ao longo da
rodovia Cuiabá-Santarém. Muitos obtiveram sucesso
econômico com a lavoura mecanizada de soja.

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REFORMA AGRÁRIA → ao deslocamento do eixo econômico para a zona


urbana, com a indústria passando a gerar mais emprego
Sistema em que ocorre a divisão de terras, ou seja,
que o campo, pela dinâmica dos setores secundários e
propriedades particulares (latifúndios improdutivos) são
terciários.
compradas pelo governo a fim de lotear e distribuir para
famílias que não possuem terras para plantar. Dentro
deste sistema, as famílias que recebem os lotes,
→ a modernização conservadora do campo, que liberou
ganham também condições para desenvolver o cultivo:
uma gradativa força de trabalho para as cidades (êxodo
sementes, implantação de irrigação e eletrificação,
rural). Esse processo está associado à outros fatores,
financiamentos, infra-estrutura, assistência social e
tais como a manutenção da estrutura fundiária
consultoria. Tudo isso oferecido pelo governo.
concentradora de terras, à falta de uma política que
O termo Reforma Agrária designa os esforços de favoreça o pequeno produtor, à violência no meio rural,
reorganização do espaço rural através de intervenção dentre outros.
governamental.

OBJETIVOS DE REFORMA AGRÁRIA


 Diminuição dos conflitos fundiários;
 Diminuição do êxodo rural;
 Aumento da produção de alimentos;
 Amenização dos problemas sociais urbanos
(favelização, desemprego e marginalização);
 Combater o fenômeno da fome.

8. URBANIZAÇÃO BRASILEIRA

As transformações econômicas decorrentes da


industrialização provocaram grandes mudanças na
distribuição territorial da população brasileira. Podemos
perceber tais mudanças nas seguintes fases:

1. Até a década de 50: a economia brasileira estava


baseada no modelo agrário-exportador; a cidade
apresentava um pequeno crescimento urbano, ou seja,
a população urbana crescia em proporção menor que a
do campo. Tal fato se justificava, pois o eixo econômico
estava centrado no campo, gerando mais empregos e a
cidade se limitava às funções administrativas ou de
exportação.
2. Período pós-50: a industrialização favoreceu a
concentração e o crescimento da população das cidades
em ritmo mais acelerado que o campo, constituindo a
urbanização. Essa urbanização pode ser associada a dois
fatores principais:
Em aproximadamente quarenta anos (1940-1980), a
distribuição da população urbana/rural no Brasil se
inverteu. Passamos de praticamente 70% de população

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rural para 68% de população urbana. Em 1990, mais de
75% da população brasileira concentrava-se nas áreas
urbana, especialmente nas grandes cidades. Segundo os
dados do último levantamento realizado pelo IBGE,
quase um quarto da população brasileira está
concentrada em apenas catorze cidades.

2. O processo de favelização das cidades, decorrente


da(o):
Características da urbanização brasileira

→ intensa imigração campo-cidade, em virtude da


1. Metropolização: Consiste na concentração do êxodo concentração de terras na zona rural;
rural em direção a um número reduzido de cidades
(geralmente as capitais dos Estados), provocando um
acelerado crescimento horizontal na direção das áreas → empobrecimento crescente da população, em
periféricas, chegando a incorporar outras cidades virtude dos baixos salários;
(Conurbação). A Metropolização provoca
transformações internas do espaço urbano, tais como:
→ negligência do Estado pela ausência de uma política
→ deterioração dos bairros mais antigos,
habitacional voltada à população de baixa renda. Essa
transformando os antigos centros em cortiços ou áreas
população é obrigada a residir em áreas cada vez mais
comerciais de baixa categoria. A desvalorização de
distantes dos centros urbanos, aumentando os gastos
espaços é relativa, pois o papel da especulação
com transportes, ou são levadas a ocupar (“invadir”)
imobiliária pode revalorizar esses bairros,
terrenos públicos ou privados ociosos, desprovidos de
particularmente quando há intervenção do Estado na
infra-estrutura: baixadas, periferias, favelas, etc.
recuperação de áreas deterioradas;
→ expansão do sítio urbano, com a criação de novos
centros comerciais que passam a ocupar aqueles que → especulação imobiliária pelos proprietários
outrora serviam de residências; fundiários, agindo de duas formas: deixando áreas
ociosas no meio das cidades à espera de valorização, ou
→ deslocamento da população de alta renda para pressionando o Estado para criar infra-estrutura em
condomínios de luxo nas áreas afastadas do centro,
determinados bairros, que valorizados, provocam a
buscando mais segurança, espaço, áreas verdes,
saída da população de baixa renda para outras áreas
silêncio, etc. São conhecidos como “enclaves
subvalorizadas.
fortificados”, representando uma auto segregação.

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3. A hierarquia urbana no Brasil: população apresenta baixo índice de escolaridade, a


oportunidade de emprego é reduzida e uma grande
parte é forçada a procurar a economia informal
(organizada com base na propriedade dos instrumentos
de trabalho e meios de produção pelo próprio
produtor). A economia informal é também uma
economia subterrânea, escapando à cobrança de
tributos e às regulamentações legais do Estado. Esse
fato é agravado na atualidade pela inserção da
economia brasileira na globalização, que tem
provocado um aumento do desemprego.

5. O Empobrecimento da população e aumento da


violência. O crescimento da miséria agrava as
contradições sociais e amplia a violência nas grandes
cidades, uma vez que a miséria alimenta a violência, na
O surgimento das grandes áreas metropolitanas refletiu medida em que sem perspectivas, parte considerável da
o crescimento econômico desigual das regiões, pois população parte para práticas ilegais (assaltos,
criou uma hierarquia entre os vários centros urbanos, sequestros, narcotráfico, prostituição). As crianças e
de acordo com o tamanho da infra-estrutura e da adolescente têm sido as grandes vítimas, uma vez que
localização geográfica das cidades. Assim, temos: são aliciadas a essas práticas. O Estado tem adotado
uma política de segurança repressiva, com a ampliação
do sistema policial, incapaz de ao menos diminuir o
→ Metrópoles nacionais: cidades localizadas na região problema. Essa política tem forçado parte da população
mais desenvolvida e que apresentam melhor infra- a adotar medidas de segurança próprias, tais como a
estrutura, como as cidades de São Paulo (cidade global contratação de empresas privadas de segurança, a
ou mundial) e Rio de Janeiro. criação dos esquadrões da morte nas periferias e os
linchamentos.
→ Metrópoles regionais: cidades localizadas fora do Para alguns autores, como Milton Santos, esse conjunto
eixo econômico mais dinâmico, mas que possuem um de transformações provocadas no meio urbano pela
poder de polarização limitado às regiões mais próximas industrialização constitui uma “urbanização terciária”,
(Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, onde o setor secundário é incapaz de absorver a
Belém e fortaleza). população liberada pelo campo.

4. A Expansão do setor Terciário (hipertrofia do 6. A segregação sócio-espacial ou


terciário), uma vez que o crescimento das cidades geográfica(segregação territorial intra-urbana):
provoca um desequilíbrio entre o crescimento Trata-se de um processo social e espacial cujo
demográfico e a geração de empregos, em decorrência significado é a exclusão de parte substancial dos
dos seguintes fatores: habitantes da cidade aos equipamentos infraestruturais
e benefícios do desenvolvimento capitalista. No âmbito
do processo de produção do espaço urbano, a sua
→ a industrialização com base em tecnologia importada subordinação crescente às exigências da acumulação e
foi poupadora de mão-de-obra, provocando um à manutenção crescente de fluxos financeiros, implica o
crescimento econômico sem a correspondente geração privilegiamento de espaços e infraestruturas que
de empregos no setor secundário. A consequência foi a diluem estrategicamente barreiras físicas em favor de
hipertrofia ou inchamento do setor terciário. sua reprodução ampliada, gerando processos de
exclusão e segregação territorial intra-urbana.
A segregação sócio-espacial é assim explicada como um
→ a modernização das atividades terciárias com a
produto da crescente monopolização do espaço urbano
utilização de tecnologia avançada, o que exige maior
incidindo sobre o preço do solo e levando à separação
qualificação da mão-de-obra. Como a maior parte da
entre zonas e moradias reservadas às camadas sociais

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privilegiadas e as zonas de moradia popular. Os níveis Brasil uma sociedade capaz de vencer as enormes
de renda dos habitantes se expressam tanto na diferenças entre nossas distintas matrizes raciais e
localização no espaço urbano quanto no usufruto culturais. Entretanto, a intensa miscigenação racial não
coletivo do espaço. conduziu a nenhum tipo de "democracia". Pode-se, isto
sim, reconhecer que as distâncias sociais tornaram-se,
no Brasil, mais perversas e insuperáveis que as
diferenças raciais. Porém, ambas existem e quase
sempre andam juntas.

O ÍNDIO
Atualmente, existem no Brasil cerca de 300 mil índios.
Todos esses índios representam bem menos do que 1%
da população brasileira total. Na época em que os
portugueses chegaram ao Brasil, a situação era
completamente diferente. Calcula-se que havia de 2 a 5
milhões de índios em nossa terra. A população indígena
brasileira era superior a toda população existente em
Portugal. Como explicar, então, a violenta redução da
população indígena ao longo dos séculos?
A população indígena foi massacrada pelo conquistador
europeu durante o processo de colonização. Como já
estudamos, o conquistador europeu utilizou três tipos
básicos de violência contra o índio: militar (a guerra),
econômica (a escravização) e cultural (a destruição de
seu modo de vida).
9. A POPULAÇÃO BRASILEIRA
Nos primeiros contatos, os europeus pensavam que
todos os índios eram iguais entre si, falavam a mesma
língua, tinham as mesmas crenças, utilizavam as
FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO mesmas técnicas de trabalho e obedeciam ás mesmas
normas sociais. Mas, aos poucos, perceberam a
existência de grande variedade de nações e línguas
Miscigenação e racismo no Brasil entre os indígenas. Na verdade, indígena é um nome
Participaram da formação do povo brasileiro três genérico, utilizado para denominar um grande conjunto
elementos étnicos: o índio, o negro e o branco. Durante de povos diferentes entre si.
a colonização, as miscigenações entre essas matrizes
étnicas (índio, negro e branco) deram origem aos três
O NEGRO
tipos de mestiços:
Os povos africanos desterrados e escravizados
Na Idade Moderna, Portugal foi o primeiro país da
Mulato - mestiço do negro com o branco;
Europa a realizar o comércio de escravos negros. Isso
foi possível porque os portugueses dominavam muitas
regiões da África. Com o decorrer do tempo,
Caboclo - mestiço do índio com o branco;
holandeses, ingleses e franceses também passaram a
participar do tráfico negreiro.
Cafuzo - mestiço do índio com o negro. Devido ao tráfico negreiro, milhões de negros foram
violentamente arrancados da África. Certas regiões
africanas, como a de Angola do século XVII,
Os autores mais conservadores, como Gilberto Freyre, transformaram-se em lugares desertos.
escritor do clássico Casa grande e senzala, diziam que a
miscigenação entre brancos, índios e negros formou no

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Calcula-se que, somente para a América, entre os O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA


séculos XVI e XIX, vieram cerca de 20 milhões de
Poucos países conheceram um crescimento
escravos. Um quinto desse total veio para o Brasil. Ou
populacional tão grande e rápido como o que ocorreu
seja, cerca de 4 milhões de negros em três séculos de
no Brasil nos últimos 120 anos.
escravidão (1549-1859).
Depois de aprisionados na África, os negros eram
acorrentados e marcados com ferro em brasa. Então De 1872 (primeiro censo) a 1991 (décimo censo), a
eram transportados para o Brasil nos chamados navios população brasileira passou de quase 10 milhões para
negreiros. pouco menos de 150 milhões de pessoas, um aumento
de quinze vezes em menos de 120 anos. Em apenas três
Os navios negreiros saíam da África com
décadas (período 1950-1980), a população brasileira
aproximadamente 600 escravos e um grupo de cerca de
teve um acréscimo de 67 milhões de pessoas: passou de
12 traficantes brancos. Receando uma revolta dos
52 para 119 milhões. Esse acréscimo é muito superior á
negros, os traficantes trancavam-nos no porão do navio.
população atual de alguns países.
Nos escuros porões, o espaço era reduzido e o calor,
insuportável Além disso, a água era suja e o alimento, Em 1900, o Brasil possuía 17,4 milhões de habitantes e
insuficiente para todos. ocupava a 15ª posição mundial. Em 1991, com uma
população de 147 milhões, o Brasil passou a ocupar a 6ª
posição mundial, antecedido por China, Índia, EUA,
O BRANCO Indonésia e Rússia. No período 1900-1991, o Brasil foi o
país que apresentou o maior percentual de crescimento
A INFLUENCIA CULTURAL DOMINANTE
populacional do mundo. Como se explica o elevado
Durante a colonização do Brasil, o grupo étnico branco crescimento populacional ocorrido no Brasil?
era representado por portugueses, holandeses,
Em qualquer país, o crescimento populacional resulta
franceses e espanhóis. Mas o principal deles na
de duas variáveis: as migrações externas (entrada e
formação do povo brasileiro foi o português.
saída de pessoas do país) e o crescimento natural ou
Os portugueses vieram colonizar o Brasil atraído pela vegetativo da população (diferença entre as taxas de
ambição de "valer mais" a que, ou seja, sonhavam em natalidade e as de mortalidade).
ficar ricos e adquirir prestigio social. Esses portugueses
No caso do Brasil, apesar de a imigração ter contribuído
eram das mais variadas posições sociais, podendo ser
de forma decisiva no aumento populacional, sem
agrupados em cinco categorias:
dúvida foi o crescimento vegetativo o fator principal do
 Fidalgos e militares - pessoas ligadas ao rei de aumento populacional. Entre 1872 e 1940, período em
Portugal, que tiveram preferência nas concessões de que Brasil recebeu cerca de 80% do total de imigrantes,
terras. Eram a classe mais elevada da época; as taxas de crescimento populacional situaram-se em
tomo de 1,8% ao ano. A partir de 1940 e até 1980,
 Sacerdotes - padres responsáveis pela organização
período em que a imigração foi insignificante, as taxas
religiosa e moral da sociedade que se formava. Entre
de crescimento populacional situaram-se sempre acima
eles destacavam-se os jesuítas;
de 2,3% ao ano. Na década de 50, a de maior
 Degredados - pessoas que vieram para o Brasil crescimento, as taxas situaram-se próximas a 3%.
condenadas por pequenos crimes. A pena de degredo
Assim, se até a década de 30 a imigração teve
era utilizada para formar o povoamento das colônias
participação importante no crescimento populacional, a
conquistadas;
partir de então o crescimento populacional passou a
 Criminosos fugitivos - pessoas que vieram para o Brasil depender, quase exclusivamente, do crescimento
fugindo ao cumprimento de penas por delitos cometi- vegetativo.
dos em Portugal;
 Lavradores, artífices e artesãos - pessoas que vinham
espontaneamente desenvolver atividades econômicas
Foram os verdadeiros colonizadores.

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA
- LEI 5.810/94
O PÓS-GUERRA E A EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA aumento no período). Entre 1940 e 1980, a população
quase triplicou: passou de 41 para quase 120 milhões.
Essa bomba humana, conhecida pelo enorme de
explosão demográfica (não foi privilégio do Brasil. No
período pós Segunda Guerra, ela atingiu todo o Terceiro
Mundo. De 1940 a 1980, a população mundial mais que
dobrou: passou de 2 bilhões para quase 4,5 bilhões de
pessoas). Cerca de 90% desse aumento coube ao
Terceiro Mundo.
As razões dessa explosão demográfica ocorrida no
↓ Terceiro Mundo são aquelas já mencionadas no caso do
Brasil: persistência de elevadas taxas de natalidade e
redução acentuada das taxas de mortalidade.
A rápida e acentuada queda das taxas de mortalidade
no Terceiro Mundo resultou de várias causas, tais
como: progresso mundial da medicina e da bioquímica,
urbanização dos países subdesenvolvidos,
acompanhada da melhoria das condições médico-
hospitalares e higiênico-sanitárias, combate ás doenças
No período pós Segunda Guerra Mundial, o Brasil de massa, etc.
ingressou na segunda fase do ciclo demográfico, ou
seja, na etapa de maior crescimento populacional.
O explosivo crescimento populacional ocorrido no
período situado entre a década de 40 e a de 80 resultou
da seguinte combinação de variáveis demográficas:
redução muito lenta da natalidade e queda acentuada
da mortalidade.

Entre 1940 e 1980, enquanto a taxa de natalidade


passou de 44% para 33%, a taxa de mortalidade
desabou de 25,3% para 8,1%. Em consequência, a taxa
de crescimento populacional, que era da ordem de 1,8%
em 1940, saltou para quase 2,5% em 1980. Na década
de 50, a taxa de crescimento atingiu quase 3% ao ano,
uma das mais elevadas do mundo, na época.
No período 1940-1980, a taxa média de crescimento Por outro lado, a persistência de elevadas taxas de
anual da população brasileira situou-se em torno de natalidade está relacionada a vários fatores que
2,6%. Para se ter uma idéia do que isso significa em dificultam a adoção de métodos artificiais de controle
termos de aumento populacional, observe que: da natalidade, como, por exemplo: influência religiosa,
baixa escolaridade da população, pobreza, elevado
 Para uma taxa de crescimento anual de 3%, a contingente de população rural, etc.
população duplica a cada 23 anos;
 Para uma taxa de 2,5%, a população duplica a
cada 28 anos;
 Para uma taxa de 1 %, a população duplica a
cada setenta anos.
Em apenas trinta anos, por exemplo, no período de
1950-1980, a população brasileira mais que dobrou:
passou de 51,9 para 119 milhões de pessoas (133% de

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA

CRESCIMENTO POPULACIONAL E A ESTRUTURA ETÁRIA anticoncepcionais; crise econômica que dificulta a vida
DO BRASIL nas grandes cidades, encarecendo o custo de vida;
casamentos tardios, etc. Tudo isso, é óbvio, está
Pelo PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
associado ao processo de urbanização da população
Domicílios) de 2005, o Brasil ficou mais velho (9,9% da
brasileira. O país, desde o primeiro censo, no século XIX,
população com 60 anos ou mais), mais feminino (51,3%
apresenta quedas nas taxas de natalidade e
do total), mais urbano (84,3%) e mais alfabetizado
mortalidade, em virtude de fatores, como a própria
(87,2%). Este novo quadro demográfico obriga o
urbanização e o avanço da medicina.
governo a estudar novos rumos para a política pública,
interferindo nos investimentos privados.
Por outro lado, o país continua marcado pela
desigualdade social com o aumento de concentração de
renda nas regiões mais pobres. Está aumentando
também a desestrutura familiar, com crianças que
vivem sem o pai, e a mulher responsabilizando-se por
uma em cada quatro moradias. O pior de tudo, sem
dúvida, é o crescimento da violência, assustando a
população com suas novas modalidades, como o
sequestro relâmpago, rebeliões em presídios e
atentados à polícia, ao patrimônio e aos prédios
públicos e ao sistema de transporte público (ônibus, em
particular).

CRESCIMENTO POPULACIONAL
O Brasil, como qualquer país, tem apenas dois fatores
para o crescimento de sua população: o saldo positivo
entre nascimentos e óbitos e a diferença positiva entre
o número de pessoas que entraram (imigrantes) e as
que saíram (emigrantes). Atualmente, o principal fator é Nosso país é populoso e mal povoado, isto é, tem uma
o primeiro, conhecido por crescimento vegetativo ou grande população absoluta, com cerca de 190 milhões
natural, isto é, a diferença positiva entre os índices de de habitantes, dados do censo do último censo
natalidade e os de mortalidade. demográfico realizado em 2010, (5ª população do
planeta), e apresenta uma baixa população relativa
(densidade demográfica) com 22 hab./ km2, devido à
sua grande área. A população do país é superada por:
China, Índia, EUA e Indonésia.

ESTRUTURA ETÁRIA
A estrutura etária e por sexo é fundamental para um
país planejar o bem-estar social, mostrando a
necessidade de criação de novos empregos, mais vagas
escolares, mais leitos hospitalares e até a ampliação da
infraestrutura urbana. Atualmente, o governo brasileiro
está preocupado com a previdência social, já que o
envelhecimento populacional resulta em consequente
aumento de aposentados.

Observando o gráfico, verifica-se uma queda na taxa de


crescimento natural, devido a vários fatores: melhoria
no nível de informação, exemplificado pelo uso de

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GEOGRAFIA
- LEI 5.810/94
CORRENTES MIGRATÓRIAS
A contribuição da imigração
Os europeus, africanos e asiáticos que emigraram
(saíram de seu país de origem) para o Brasil e mais os
indígenas que aqui já viviam são os formadores de
nossa população.
Entre os imigrantes, os que vieram em maior número
são em ordem decrescente: os negros, os portugueses,
os italianos, os espanhóis, os alemães e os japoneses.
Os negros foram imigrantes forçados, que saíram de sua
terra contra a vontade; os demais foram imigrantes
livres ou espontâneos. Em menor número emigraram,
para o Brasil, os escravos (poloneses e ucranianos), os
sírios, os libaneses, os judeus, os holandeses, os
coreanos, os chineses, os egípcios, os chilenos, os
A pirâmide etária é um gráfico que mostra a uruguaios e muitos outros.
composição da população por idade e sexo de um lugar O primeiro lugar na América em número de imigrantes
(país, estado, região ou município). Pode ser livres é ocupado pelos Estados Unidos, em segundo
interpretada por três partes: a base, parte inferior que lugar está a Argentina e em terceiro, o Canadá. Isso
representa a população jovem; o corpo (envolve a ocorreu porque esses países ofereceram maiores
altura), parte intermediária que representa a população incentivos aos imigrantes. Os Estados Unidos, por
adulta, e o ápice, parte superior que representa a exemplo, ofereciam aos imigrantes 160 acres de terra,
população idosa. no oeste, para serem cultivados por um período no
mínimo de cinco anos; assim, a chance de se tornar
proprietário de terras e ter melhores condições de vida
atraiu milhões de europeus para esse país. Isso já não
ocorreu no Brasil. Aqui, para ter um pedaço de terra, o
imigrante precisava comprá-la.
O menor número de imigrantes recebidos pelo Brasil,
em relação aqueles outros países da América, decorre
principalmente de dois fatores:
 a ausência de uma firme política imigratória por parte
do governo, como concessão de terras, garantias e
assistência ao imigrante etc.;
 a existência da escravidão até o final do século XIX.
Esses fatores repeliram uma maior imigração para o
Observando as duas pirâmides, é visível o estreitamento Brasil no século passado, pois o imigrante temia ser
da base e o aumento de idosos, fatos explicados pelas tratado da mesma maneira que o escravo.
alterações na dinâmica demográfica nos últimos trinta A imigração para o Brasil se tornou maior depois que foi
anos, destacando-se: abolido o tráfico de escravos, a partir de 1850, e a
• queda da taxa de fecundidade; escravidão, em 1888, e quando a cafeicultura passou a
necessitar de mão-de-obra, também no século passado.
• aumento da expectativa de vida;
• queda das taxas de natalidade e mortalidade
Em vista disso, podemos então dizer que, até o ano de
1930, a contribuição da imigração livre para o
crescimento populacional brasileiro foi considerável.
Depois dessa data, a imigra<; áo continuou
contribuindo para o crescimento da população

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brasileira, mas com menor intensidade. No período absolutos, o contingente de brasileiros que vivem em
compreendido entre 1950 e 1960, houve um aumento cidades passou de 12 milhões de pessoas em 1940 para
na entrada de imigrantes. Nesse período, o Brasil 110 milhões em 1991, um aumento de nove vezes em
apresentou um grande desenvolvimento industrial. A apenas cinco décadas. Como os diversos setores de
industrialização atraiu populações estrangeiras, atendimento as necessidades da população urbana
principalmente aquelas que tinham problemas em seus (escolas, hospitais, saneamento básico, moradias,
países de origem, como, por exemplo, a falta de empregos, etc.) não cresceram na mesma proporção, as
empregos. cidades se transformaram em um verdadeiro caos.
Favelas, cortiços, esgotos a céu aborto, criminalidade,
prostituição, desemprego, subemprego, etc. são alguns
AS MIGRAÇÕES INTER-REGIONAIS E INTRA-REGIONAIS dos aspectos que evidenciam a situação da
As principais migrações inter-regionais (entre regiões) e deterioração das cidades brasileiras.
intra-regionais (dentro das regiões) ocorridas no Brasil
foram as seguintes:
TRANSUMÂNCIA
-Deslocamento, principalmente de nordestinos e
É uma migração populacional temporária e reversível
paulistas, para Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso
que ocorre em função do clima. É o deslocamento de
durante o ciclo da mineração (século XVIII).
uma pessoa de uma área para outra, em determinada
-Deslocamento, principalmente de nordestinos, para a época do ano e após realização de determinada
Amazônia, durante o ciclo da borracha (1860-1910). atividade retornam ao local de origem.
 Deslocamento de nordestinos, mineiros entre AS MIGRAÇÕES NAS ÁREAS DE FRONTEIRAS
outros para o interior de São Paulo e o norte do Levados pela onda expansionista migratória interna das
Paraná, durante o ciclo do café (1850-1930). últimas décadas, milhares de brasileiros transpuseram
 Deslocamento, principalmente de nordestinos e as fronteiras políticas do país e se instalaram em terras
mineiros, para São Paulo e Rio de Janeiro, a de países vizinhos. São os casos, por exemplo, de
partir da década de 1950, devido á garimpeiros de Roraima que se instalaram na
Venezuela, de seringalistas do Acre que se instalaram
industrialização. A migração de mineiros e
na Bolívia e, principalmente, de agricultores sulistas, os
capixabas para São Paulo e Rio de Janeiro é a chamados brasiguaios, que se estabeleceram no
mais volumosa migração intra-regional do país. Paraguai.
 Deslocamento principalmente de sulistas, para
No caso dos brasiguaios, trata-se de um contingente de
a região Centro-Oeste, a partir da década de cerca de 350~000 pessoas, formado principalmente por
1940 e para a região Norte a partir da década paranaenses e catarinenses, que se instalaram no país
de 1950, eram as frente pioneiras chegando no vizinho, junto á fronteira com o Brasil. Desse
Centro-Oeste e Norte do país. contingente de brasileiros imigrantes, fazem parte não
apenas trabalhadores sem-terra, como também
pequenos, médios e grandes proprietários.
O ÊXODO RURAL
O êxodo rural ou migração campo para cidade é um dos A POLÍTICA DEMOGRÁFICA BRASILEIRA
mais importantes movimentos populacionais internos
Desde a década de 30 até a de 60, o governo brasileiro
dos últimos anos.
desenvolveu uma política demográfica nitidamente
Na segunda metade do século XX, os países mais populacionista.
atingidos pelo êxodo rural foram os subdesenvolvidos,
A Constituição de 1934 foi a primeira a explicitar essa
principalmente os industrializados, como o Brasil,
política populacionista. Ela atribuía ao Estado a in-
México, Coréia do Sul e outros.
cumbência de socorrer as famílias de prole numerosa.
No caso do Brasil, para se ter uma ideia das proporções
A Constituição de 1937 avançou ainda mais, ao afirmar
do êxodo rural, basta dizer que, no período 1940-1980,
que "as famílias numerosas serão atribuídas
a população rural diminuiu de 69% para 31 %, ou soja:
compensações na proporção de seus encargos.
em apenas quatro décadas, o Brasil transformou-se de
país essencialmente rural em país urbano. Em números

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- LEI 5.810/94
Em 1941, no governo Getúlio Vargas foi criado um natalidade estão os poderosos laboratórios
decreto que obrigava as pessoas solteiras ou viúvas, farmacêuticos mundiais.
maiores de 25 anos, a pagar um adicional de 10% sobre
Essa dissimulada política de controle de natalidade,
o imposto de renda devido.
rotulada oficialmente de planejamento familiar",
Na Constituição de 1946, o artigo 164 segurava o juntamente com a urbanização da população, a
amparo ás famílias de prole numerosa. Os pais que expansão dos meios de comunicação e a maior
tivessem mais de seis filhos tinham direito a um abono participação da mulher no mercado de trabalho, explica
especial. a forte redução das taxas de natalidade no Brasil a
partir da década de 70.
A crescente necessidade de mão-de-obra (numerosa e
barata), para sustentar o desenvolvimento industrial, e A taxa de fecundidade (média de filhos por mulher),
a preocupação do governo em povoar os vazios que era de 6,2 em 1940, passou para 4,3 em 1970 e
demográficos do interior do país (Centro-Oeste e para 2,6 em 1991. Nos países desenvolvidos, essa taxa
Amazônia) serviram de estímulo permanente á política situasse atualmente entre 1,3 (Itália, Alemanha, etc.) e
natalista ou populacionista. Nos anos 60, foram criados 2,0 (Estados Unidos, Suécia, etc.).
o auxílio-natalidade (1960) e o salário-família (19635).
No Brasil, desde a década de 80 até os dias atuais os
Auxílio-natalidade: pagamento de um salário mínimo, métodos anticoncepcionais mais utilizados são a
aos pais, quando do nascimento de um filho. esterilização e a pílula.
Salário-família; pagamento mensal de 5% do salário
mínimo local, para cada filho, até os 14 anos de idade.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA POPULAÇÃO
Foi essa política demográfica natalista que, somada á BRASILEIRA
situação de pobreza e ignorância da população e
A população brasileira apresenta distribuição geográfica
ajudada pela redução das taxas de mortalidade,
bastante irregular, mostrando de inicio um enorme
produziu a maior explosão demográfica do mundo.
contraste entre a fachada litorânea, onde se concentra
o grosso da população, e o interior do país, muito vasto
mas fracamente povoado.
O FIM DA POLÍTICA NATALISTA
Duas razões fundamentais explicam a elevada
concentração da população brasileira junto ou próximo
A partir da década de 70, principalmente após a ao litoral:
primeira crise do petróleo e o bom do “milagre
econômico” brasileiro, os pesados investimentos  A condição do Brasil como ex-colônia e a
demográficos exigidos pelo acelerado crescimento consequente dependência econômica e
populacional levaram o governo a adotar uma política necessidade de contato com o exterior.
demográfica do tipo antinatalista.  A concentração das principais atividades
Embora não oficialmente, essa política antinatalista econômicas e da urbanização na porção
vinha sendo praticada no Brasil desde a segunda oriental do país.
metade da década de 60. Nessa época, o governo já Com exceção de Belo Horizonte, todas as demais
incentivava e apoiava programas de controle de metrópoles brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro,
natalidade executados por entidades não Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza e
governamentais, como, por exemplo, a Sociedade Belém) encontram-se no litoral ou próximas dele. As re-
Brasileira de Bem-Estar da Família (Bemfam). giões metropolitanas concentram cerca de 30% da
A Bemfam atua em todo o território nacional e mantém população total do país.
convênio com centenas de órgãos particulares e oficiais. A regra geral, no Brasil, é a diminuição progressiva da
Seu trabalho consiste fundamentalmente na prestação população absoluta e das densidades demográficas, no
de serviços de planejamento familiar, compreendendo a sentido litoral-interior do país. Densidades
esterilização feminina em larga escala (ligadura de demográficas superiores a 100 e até 200 hab/hm² na
trompas) e a distribuição maciça de pílulas an- fachada litorânea contrastam com densidades
ticoncepcionais e DIUs. Em 1983 a Bemfam mantinha inferiores a 1hab/hm² em vastas porções do interior do
cerca de 990 postos espalhados pelo país, dos quais 789 país.
no Nordeste. Por trás desses programas de controle de

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As regiões Nordeste, Sudeste e Sul ocupam pouco mais As fontes de energia ou recursos energéticos
de um terço do território brasileiro e concentram quase podem ser classificados em dois grupos:
90% (86,5%) da população total do país. O interior do
país, formado basicamente pelas regiões Norte e
Centro-Oeste, constitui um imenso vazio demográfico. A  Recursos energéticos não-renováveis: Uma vez
maior parte da Região Norte tem densidade utilizados, não podem ser recuperados
demográfica inferior a 1hab/hm² espontaneamente ou mesmo pela ação humana
(petróleo, carvão mineral ou hulha, gás natural,
Se observarmos a distribuição da população absoluta e
urânio etc).
das densidades demográficas por unidade política,
veremos que os contrastes são muito mais acentuados.
Por exemplo:  Recursos energéticos renováveis:
 A população do Estado de São Paulo (31,5 Regeneram-se espontaneamente ou através da
milhões de habitantes) é quase 150 vezes maior intervenção adequada do homem (vento, ondas do
que a população do Estado de Roraima (217.000 mar, marés, água, energia térmica, dos oceanos,
habitantes). sol, energia de plantas e de animais...).
 Os cinco estados mais populosos (São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande
do Sul) concentram mais da metade (55%) da A matriz energética é o conjunto de recursos de
população do país. energia de uma sociedade e das formas como é
feito seu uso. A matriz abrange as fontes de
 Enquanto a densidade demográfica do Estado energia (petróleo, água etc.), as tecnologias de
do Rio de Janeiro é de quase 300 habs./km2, a geração (mecânica, nuclear etc.) e a forma do
de Roraima não atinge 1hab/km². consumo: eletricidade, combustíveis e queima
industrial ou doméstica, entre outros. As principais
fontes de energia no país são o petróleo e
10 FONTES DE ENERGIA NO BRASIL derivados, seguidos pela água, carvão vegetal e
mineral, gás natural, lenha, urânio e bagaço de
cana. Buscar fontes de energia renováveis e limpas
é um desafio mundial.
Entende-se por energia a propriedade que possuem
certos corpos de produzir trabalho ou gerar força.
O Brasil tem o maior potencial hídrico do mundo.
Nos anos 1970 houve investimentos maciços na
construção de grandes usinas hidrelétricas.
Recentemente, o consumo cresceu mais que a
geração de energia. Nesta conjuntura, o governo
planeja ampliar o uso de fontes de energia
renováveis como energia eólica (de ventos), solar,
energia de biomassa (resíduos agrícolas) e o
biodiesel (feito de óleos vegetais).

A matriz de transporte brasileira nos torna


dependente do petróleo. A matriz de transporte: é
o conjunto de meios de locomoção de um país,
tanto de cargas quanto de pessoas. Uma boa matriz
de transporte barateia o transporte das
mercadorias. Na composição da matriz: brasileira,
segundo dados do Ministério dos Transportes, o
meio rodoviário é responsável por 60,5% de tudo
que é transportado no Brasil, seguido do
ferroviário, aquaviário, duto viário e aéreo.

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
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AS FONTES uma oferta estável do combustível, com o
lançamento de automóveis, com motores híbridos,
capazes de funcionar com álcool ou gasolina.
Petróleo: os derivados de petróleo respondem por
quase metade da energia consumida no Brasil. A
produção nacional de petróleo já atende a cerca de Urânio: o Programa Nuclear Brasileiro, iniciado nos
90% da demanda interna. O óleo diesel e o gás anos 60, domina hoje o processo de enriquecimento
liquefeito de petróleo (GLP), vendido em botijões, do urânio. Isso permite usar o mineral para fabricar
estão entre os subprodutos importados. Em 2002, o o combustível das usinas nucleares e do futuro
Brasil produziu quase 550 milhões de barris diários, submarino nuclear. O programa desenvolveu
mais de 70% extraídos na Bacia de Campos, no também materiais e equipamentos para as áreas de
estado do Rio de Janeiro, segundo a ANP. saúde, odontologia, alimentos e engenharia.

Hidreletricidade: o Brasil tem o maior potencial No Brasil, está funcionado a Usina Nuclear Angra 2
hídrico do mundo e o usa para gerar eletricidade, sendo que a produção de energia elétrica é em
uma direção mantida nos últimos 50 anos. Nos anos pequena quantidade que não dá para abastecer toda
70 houve investimentos maciços na construção de a cidade do Rio de Janeiro.
grandes usinas hidrelétricas, como Itaipu, que
No âmbito governamental está em discussão a
entrou em operação na década seguinte. No
construção da Usina Nuclear Angra 3 por causa do
período mais recente, porém, o consumo cresceu
déficit de energia no país.
mais que a geração de energia.

Fontes Renováveis: buscar fontes de energia


Álcool Etílico: o Pró-álcool- criado em 1975, foi uma
renováveis e limpas é um desafio mundial. O governo
das principais ações oficiais para substituir a
brasileiro planeja ampliar o uso de fontes de energia
gasolina, após a primeira alta internacional do
eólica (de ventos) e solar. A energia de biomassa –
petróleo.
de resíduos agrícolas, como bagaço de cana e palha
de arroz – também são pesquisados. Existe ainda a
possibilidade de utilização de óleos vegetais feitos de
NOTA: O esquema ilustra o processo de obtenção
plantas como o dendê, a soja, a mamona e o pequi
do álcool etílico a partir da cana-de-açúcar.
no lugar do diesel. Esses produtos são chamados de
biodiesel. O governo também busca ampliar a oferta
do gás natural e estimular seu uso.

OS BIOCOMBUSTÍVEIS
A demanda por energia teve expansão súbita a partir
da RevoluçãoIndustrial iniciada no século XVIII.
Primeiramente, utilizou-se o carvão mineral para
aquecer a água que movimentava as máquinas a
vapor. No fim do século XIX, teve início a produção
de motores de combustão interna. Em vez de
aquecer água numa caldeira e canalizar o vapor para
dentro do motor, um combustível líquido é
vaporizado e lançado dentro do motor, onde então
explode, liberando energia. Esse combustível é um
derivado do petróleo. Tantoo carvão quanto o
Na década de 90, a estabilização dos preços da petróleo originam-se da decomposiçãode material
gasolina tornou o álcool pouco competitivo, o que orgânico que se processa por milhões de anos,em
levou o governo a subsidiar a produção. O álcool ambientes aquáticos anaeróbicos. São os chamados
entra na composição da gasolina numa proporção de combustível fósseis. Os dois principais tipos de
20% a 25%. Atualmente o governo procura obter motores, hoje, são os que utilizam a gasolina -

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
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semelhantes aos motores a álcool e os movidos a petróleo importado. O processo para obter o etanol
diesel. Tanto a gasolina quanto o diesel têm como (ou álcool etílico) a partir da cana-de-açúcar tem
principais componentes compostos orgânicos que início com a moagem, que produz caldo e bagaço.
possuem apenas carbono e hidrogênio - os Após filtração, o caldo é evaporado para conseguir
hidrocarbonetos. Ambos possuem compostos como um material viscoso - o melaço. Nesse ponto temos a
nitrogênio e enxofre que,na combustão, produzem colaboração das leveduras, um fungo que transforma
substâncias ácidas. Lançadas na atmosfera, elas se açúcar em álcool e gás carbônico. A mistura
precipitam como chuva ácida, uma forma de poluição fermentada, chamada mosto, é então destilada,
que causa grande preocupação. A combustão dentro obtendo-se o álcool hidratado e um matenal pastoso
dos motores nunca é completa, isto é, sempre falta denominado vinhoto. No início da produção de
um pouco de oxigênio, o que produz o monóxido de álcool combustível, o vinhoto era lançado nos rios,
carbono (CO), substância tóxica que impede que com graves consequências ambientais. Hoje é
nosso sangue transporte oxigênio. Finalmente, toda utilizado como fertilizante e agregado à ração
combustão de material orgânico produz gás animal, já que é rico em minerais. O bagaço também
carbônico - o principal responsável pelo aquecimento tem utilidade, como combustível e em rações para o
global. Já os biocombustíveis têm origem em gado.Além de ser queimado puro, o etanol pode ser
material orgânico produzido recentemente: a misturado à gasolina comum com dois efeitos muito
denominada biomassa. Para entender a diferença benéficos. Como possui um átomo de oxigênio na
entre um biocombustível e outro de origem fóssil, molécular a combustão é mais completa, o que reduz
devemos lembrar do processo denominado a produção de monóxido de carbono. Como o etanol
fotossíntese. Todo alimento de nosso planeta é aumenta a eficiência da gasolina, substitui aditivos
formado pelo processo (desencadeado nas plantas, que são muito poluentes.
algas e certas bactérias) que transforma gás
Quanto ao biodiesel, uma nova forma de produzi-lo
carbônico e água em glicose e oxigênio. Como a
foi patenteada no Brasil em 1977, embora com
fotossíntese retira gás carbônico do ar, cada
pouca atenção governamental nas décadas
molécula de gás carbônico que introduzimos na
seguintes. Com um projeto lançado pelo governo em
atmosfera queimando bio-diesel já foi retirada no
janeiro de 2005, porém, a produção de biodiesel
processo fotossintético, o que o torna interessante
passa a ser incentivada. Já neste ano (2008) teremos
do ponto de vista ecológico. Além disso, as fontes
a adição de 2% de biodiesel ao diesel comum, e essa
dos biocombustíveis são os vegetais, que podem ser
proporção deverá aumentar. Pode-se utilizar nessa
replantados indefinidamente, ao contrário dos
produção óleo de mamona, amendoim, buriti,
combustíveis fósseis. Como não se acumulam no
pinhão-manso, coco, dendê ou gordura animal. Para
ambiente, pois são degradados por bactérias,
produzir o biodiesel, reage-se óleo ou gordura com
dizemos que são biodegradáveis.
álcool etílico ou metílico. Ao final do processo,
obtêm-se biodiesel e glicerol. Esses componentes se
separam em duas fases. Como o biodiesel é menos
O desenvolvimento da indústria automobilística
denso, flutua, e as fases são facilmente
mundial - grande consumidora de petróleo - tem
separadas.Possuindo átomos de oxigênio em sua
início no século XX a partir dos Estados Unidos. Por
estrutura, o biodiesel acrescenta o mesmo efeito
isso, são estadunidenses cinco das sete empresas
benéfico do álcool quando adicionado à gasolina -
que controlaram a produção, o refino e a distribuição
torna a combustão mais completa, diminuindo a
do petróleo mundial nesse século. Agindo juntas para
emissão de monóxido de carbono.
defender seus interesses, foram apelidadas de "As
Sete Irmãs". Não causa espanto, portanto, que Em 2006, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma
combustíveis alternativos tenham sido esquecidos. O Rousseff, anunciou o início da produção do Hbio, o
panorama muda drasticamente a partir de 1973, novo companheiro do álcool e do biodiesel no time
após o desfecho da guerra do Yom Kippur, quando a dos combustíveis derivados de biomassa e, portanto,
Opep decide aumentar o preço do barril de petróleo renovável. O processo de produção parte da adição
substancialmente. Inicia-se então um período de de hidrogênio ao óleo vegetal dissolvido em diesel
grandes elevações de preço, o que levou à busca de comum. 0 óleo transforma-se então em diesel, isto é,
alternativas. Um dos desdobramentos disso é que, em moléculas com apenas átomos de carbono e
em 1975, lança-se no Brasil o Programa Nacional do hidrogênio. Também se obtém o propano, utilizado
Álcool(Proálcool), visando diminuir a dependência de como gás de cozinha.O enxofre que contamina

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POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO
GEOGRAFIA
- LEI 5.810/94
normalmente o diesel é retirado e pode ser usado
por diversas indústrias. Com isso, parte do diesel terá
origem renovável, diminui-se a concentração de
poluentes que produzem chuva ácida e obtém-se
enxofre como subproduto. A patente é "brasuca" e
está nas mãos da Petrobras. O Brasil detém hoje a
dianteira na produção e utilização dos
biocombustíveis. Mais uma janela de oportunidade
que, aproveitada de forma competente, colocará o
país em posição de destaque no cenário mundial.
Seremos competentes ou deixaremos escapá-la pelas
mãos, como fizemos com a borracha no início do
século XX?

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