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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

“ANÁLISE ENERGÉTICA E EXERGÉTICA DE


UMA CENTRAL TÉRMELÉTRICA”

Carlos Renato França Maciel

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Mecânica da PUC
Minas como parte dos requisitos para obtenção
do título de MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA
MECÂNICA.

ORIENTADORA: Profa. Elizabeth Marques Duarte Pereira, D.Sc.

Banca Examinadora:

Profa. Elizabeth Marques Duarte Pereira, D.Sc.- PUC Minas – Orientadora


Prof. Sérgio de Morais Hanriot, D.Sc. - PUC Minas – Co- orientador
Prof. José Ricardo Sodré, Ph.D. - PUC Minas - Examinador Interno
Profa. Wanyr Romero Ferreira, D.Sc – UNA - Examinadora Externa

Belo Horizonte, 21 de Dezembro de 2004.


“Em sua mente seus desejos.
Em seus desejos seus atos.
Em seus atos seu destino”.

Dedico este trabalho à minha esposa, filhos, pais, irmãos e amigos.


AGRADECIMENTOS

Em especial à minha esposa, aos meus filhos, aos meus pais e irmãs, que sempre
estiveram ao meu lado me apoiando com tanto amor e carinho.
Aos amigos da Escola de Formação e Aperfeiçoamento Profissional da CEMIG, que me
incentivaram e apoiaram na execução deste trabalho.
À Gerência do Centro de Formação e Aperfeiçoamento Profissional da CEMIG, pela
compreensão e incentivo.
Aos Professores Elizabeth Marques Duarte, Sérgio de Morais Hanriot e José Ricardo
Sodré pela orientação.
A toda equipe do Mestrado pelo apoio.
À Professora Wanyr Romero Ferreira pela disponibilidade.
Ao Professor Geraldo Augusto Campolina França pelas preciosas informações.
Aos empregados da Gerência das Usinas Térmicas, Gerência de Engenharia
Eletromecânica da Geração e Gerência de Operação e Manutenção da Geração da
CEMIG, pelo auxílio indispensável.
A todos os amigos que me incentivaram e apoiaram.
RESUMO

Neste trabalho, foi desenvolvida uma metodologia para avaliação energética e


exergética de uma central termelétrica que utiliza como combustível gás de alto forno e
alcatrão. A implementação das rotinas de cálculo foi realizada com auxílio do programa
computacional EES – Engineering Equations Solver, em sua versão acadêmica. Para
exemplificar a aplicação dessa metodologia, foi avaliado o projeto de implantação da
Usina Termelétrica do Barreiro – UTE, unidade de cogeração conduzida pela CEMIG,
COPASA e a siderúrgica Vallourec & Mannesmann Tubes – V&M do Brasil S.A. Os
resultados apresentados neste trabalho mostram a eficiência dos equipamentos e do
ciclo em função da variação da potência fornecida. A queima dos combustíveis e os
gases de exaustão também foram avaliados. Um futuro monitoramento remoto da
eficiência, utilizando o software desenvolvido, pode auxiliar na determinação das
melhores condições operativas e do momento mais oportuno para intervenções
preventivas. A análise dos gases de exaustão possibilita um melhor controle da queima
dos combustíveis, reduzindo o nível de gases poluentes e aumentando a disponibilidade
energética, com conseqüente aumento da eficiência global e menor poluição
atmosférica.
ABSTRACT

In this work, a methodology for energy and exergy evaluation of a thermoelectric power
plant that uses the high furnace gases and tar as fuel was developed. The
implementation of the calculation routines was made with aid of the computational
program EES – Engineering Equations Solver in its academic version. As an example of
application of this methodology, the project of implantation of the Thermoelectric
Power Plant of Barreiro, co-generation unit lead by CEMIG, COPASA and Vallourec &
Mannesman Tubes Steel – V&M of Brazil, was evaluated. The results presented in this
work show the efficiency of individual equipment and the cycle as a whole as a function
of variation of the power supplied. Fuel burning and the exhaust gases also are
evaluated. Future on-line monitoring of the efficiency using the software developed can
assist in the determination of the best operative conditions and the most opportune
moment for preventive interventions. Analysis of the exhaust gases makes possible
better control of fuel burning, reducing the level of pollutant gases and increasing the
energy availability, with consequent increase of the global efficiency and lesser
atmospheric pollution.
SUMÁRIO

RELAÇÃO DE FIGURAS viii


RELAÇÃO DE TABELAS xi
NOMENCLATURA xiii

Capítulo 1 – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1 Motivação. 1
1.2 Objetivos. 2
1.3 Histórico. 2
1.4 Revisão Bibliográfica. 6
1.5 Escopo da dissertação. 9

Capítulo 2 – FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1 Introdução. 11
2.2 Primeira e Segunda Lei da Termodinâmica e a Disponibilidade
Energética. 11
2.3 Avaliação Energética e Exergética aplicada a Ciclos de Geração
Termelétrica. 15
2.3.1 Eficiência do Ciclo Rankine. 15
2.3.2 Eficiência da Caldeira. 16
2.3.3 Eficiência global do Sistema. 17
2.3.4 Eficiência da Turbina. 17
2.3.5 Eficiência da Bomba de Alta Pressão. 18
2.3.6 Eficiência dos Trocadores de Calor. 18
2.4 Elementos de Combustão. 19
2.4.1 Balanço de massa na combustão. 21
2.4.2 Poder Calorífico. 22
2.4.3 Combustíveis Siderúrgicos Residuais. 24
2.4.4 Disponibilidade Química dos Combustíveis. 25

v
Capítulo 3 – MODELAGEM MATEMÁTICA E PROGRAMA
COMPUTACIONAL

3.1 Introdução. 28
3.2 Modelagem do Ciclo Rankine Regenerativo. .28
3.2.1 Caldeira. 29
3.2.2 Grupo Turbo Gerador. 32
3.2.3 Bomba de Alta Pressão. 33
3.2.4 Condensador. 34
3.2.5 Trocadores de Calor Regenerativos. 35
3.3 Modelagem da Disponibilidade Química e PCI dos combustíveis. 38
3.3.1 Combustão Estequiométrica. 39
3.3.2 Combustão com Excesso de Ar. 43
3.4 Fluxograma do Programa em EES. 49

Capítulo 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Introdução. 53
4.2 Grupo Turbo-Gerador. 53
4.3 Condensador. 55
4.4 Bomba de Alta Pressão. 57
4.5 Trocadores de Calor Regenerativos. 59
4.6 Caldeira. 64
4.7 Ciclo Rankine Regenerativo. 66
4.8 Análise da Irreversibilidade. 67
4.9 Disponibilidade do GAF. 68
4.10 Disponibilidade do Alcatrão. 71
4.11 Combustão e Aspectos Ambientais. 73

Capítulo 5 –CONCLUSÕES

5.1 Considerações Finais. 77

vi
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 79

APÊNDICES

Apêndice I. Cálculo da Eficiência da Turbina. 83


Apêndice II. Cálculo da Eficiência do Condensador. 91
Apêndice III. Cálculo da Eficiência da Bomba de Alta Pressão. 94
Apêndice IV. Cálculo da Eficiência dos Trocadores de Calor Regenerativos. 97
Apêndice V. Cálculo da Eficiência da Caldeira, do Ciclo e Global do
Sistema. 103
Apêndice VI. Cálculo da Disponibilidade do Gás de Alto Forno. 110
Apêndice VII. Cálculo da Disponibilidade do Alcatrão. 116
Apêndice VIII. Combustão Estequiométrica. 120
Apêndice IX. Combustão com Excesso de Ar. 127

vii
RELAÇÃO DE FIGURAS

Figura 1.1 Oferta Interna de Energia de 1970 a 2020 3


Figura 1.2 Intensidade Energética de 1970 a 2020. 4
Figura 1.3 Participação na oferta interna de energia de 1970 a 2020. 5
Figura 3.1 Ciclo Rankine Regenerativo. 29
Figura 3.2 Desenho esquemático da caldeira evidenciando os fluxos de
água e combustíveis. 30
Figura 3.3 Vista superior da caldeira, evidenciando a câmara de
combustão. 30
Figura 3.4 Desenho esquemático do turbo-gerador. 32
Figura 3.5 Esquema do arranjo do processo de bombeamento de
condensado. 34
Figura 3.6 Desenho esquemático do condensador e torre de resfriamento. 35
Figura 3.7 Esquema dos trocadores de calor regenerativos de alta pressão
(aquecedores 1 e 2) e de baixa pressão (aquecedor 3),
evidenciando os fluxos mássicos. 36
Figura 3.8 Desenho esquemático do desaerador de baixa pressão. 38
Figura 3.9 Fluxograma geral do programa em EES. 50
Figura 3.10 Tela com tabela paramétrica de entrada de dados da turbina. 50
Figura 3.11 Tela de entrada da rotina de cálculo da turbina. 51
Figura 3.12 Tela com resultados dos cálculos da combustão. 51
Figura 3.13 Tela de saída com ilustração da caldeira e dados da combustão. 52
Figura 3.14 Tela de saída com gráfico da eficiência global. 52
Figura 4.1 Evolução da eficiência do Grupo Turbo Gerador em função
das condições de carga. 54
Figura 4.2 Evolução da eficiência do grupo Turbo Gerador – Válvula. 55
Figura 4.3 Irreversibilidade percentual do Grupo Turbo Gerador, incluída
a válvula de controle. 55
Figura 4.4 Eficiência do Condensador pela Segunda Lei. 56
Figura 4.5 Comportamento das temperaturas no condensador para
diferentes condições de carga 57
Figura 4.6 Irreversibilidade percentual do Condensador. 57
Figura 4.7 Evolução da eficiência da Bomba de Alta Pressão. 58
viii
Figura 4.8 Irreversibilidade percentual da Bomba de Alta Pressão. 58
Figura 4.9 Evolução da eficiência do trocador de calor 01 de alta pressão
para diferentes condições de carga. 59
Figura 4.10 Comportamento das temperaturas médias dos fluidos quente
(extração) e frio no Trocador de Calor de Alta Pressão 01. 59
Figura 4.11 Irreversibilidade percentual do Trocador de Calor 01 de Alta
Pressão. 60
Figura 4.12 Evolução da eficiência do Trocador de Calor 02 de Alta
Pressão. 61
Figura 4.13 Temperatura média do fluido quente (extração) versus
temperatura média do fluido frio no trocador de calor 02 de
alta pressão. 61
Figura 4.14 Irreversibilidade percentual do Trocador de Calor 02 de Alta
Pressão. 62
Figura 4.15 Eficiência do Trocador de Baixa Pressão pela Segunda Lei. 62
Figura 4.16 Temperatura média do fluido quente (extração) versus
temperatura média do fluido frio no trocador de calor 03 de
baixa pressão. 63
Figura 4.17 Irreversibilidade percentual do Trocador de Calor 03 de Baixa
Pressão. 63
Figura 4.18 Evolução da eficiência do Trocador de Calor Desaerador. 64
Figura 4.19 Irreversibilidade percentual do Trocador de Calor Desaerador. 64
Figura 4.20 Evolução da eficiência da Caldeira para diferentes condições
de carga. 65
Figura 4.21 Irreversibilidade percentual da Caldeira. 66
Figura 4.22 Evolução da eficiência global do sistema pelas Primeira e
Segunda Lei. 67
Figura 4.23 Irreversibilidade percentual por equipamentos na condição de
carga Nominal. 67
Figura 4.24 Participação de cada equipamento na irreversibilidade total
gerada na condição de carga nominal. 68
Figura 4.25 Disponibilidade específica do GAF em função da concentração
de monóxido de carbono. 69

ix
Figura 4.26 Poder calorífico inferior específico do GAF em função da
concentração de monóxido de carbono. 70
Figura 4.27 Disponibilidade total do GAF versus Vazão volumétrica do
GAF. 70
Figura 4.28 PCI total do GAF versus Vazão volumétrica do GAF. 71
Figura 4.29 Variação da disponibilidade específica do alcatrão em função
do teor de umidade presente. 72
Figura 4.30 PCI específico do Alcatrão em função do teor de umidade
presente. 72
Figura 4.31 Disponibilidade total do Alcatrão versus vazão mássica. 73
Figura 4.32 PCI total do Alcatrão versus Vazão mássica. 73
Figura 4.33 Vazão volumétrica de ar teórica versus vazão mássica de
combustível. 75
Figura 4.34 Fração volumétrica ideal de O2 nos gases de exaustão versus
coeficiente de excesso de ar para vazão nominal dos
combustíveis. 76
Figura I.1 Volume de controle da turbina. 83
Figura I.2 Pressão versus Eficiência pela Primeira Lei. 85
Figura II.1 Volume de controle do condensador. 91
Figura III.1 Volume de controle das bombas de alta pressão de
condensado. 94
Figura IV.1 Volume de controle do Trocador de Calor Regenerativo de
Baixa Pressão. 97
Figura IV.2 Volumes de controle dos Trocadores de Calor Regenerativos
de Alta Pressão. 98
Figura IV.3 Volume de controle do Trocador de Calor Desaerador de Baixa
Pressão. 98
Figura V.1 Volume de controle da Caldeira. 103

x
RELAÇÃO DE TABELAS

Tabela 2.1 Reações químicas de combustão típicas na geração


termelétrica. 19
Tabela 2.2 Composição do ar seco padrão. 20
Tabela 2.3 Poder calorífico de alguns gases em base volumétrica. 23
Tabela 2.4 Composição química e propriedades do GAF utilizado na
Usina Termelétrica do Barreiro – UTE. 24
Tabela 2.5 Propriedades do alcatrão bruto. 25
Tabela 3.1 Procedimento para conversão dos dados do GAF. 40
Tabela 3.2 Procedimento para conversão dos dados do Alcatrão,
referenciado para 100kg de combustível. 42
Tabela 3.3 Procedimento para obtenção da fração volumétrica dos gases
de exaustão do GAF, considerando 100kg de combustível. 45
Tabela 3.4 Procedimento para obtenção da fração volumétrica dos gases
de exaustão do Alcatrão, considerando 100kg de combustível. 46
Tabela 3.5 Procedimento para obtenção da fração volumétrica dos gases
de exaustão da mistura GAF e Alcatrão. 48
Tabela I.1 Dados de projeto da turbina para 100% da carga. 84
Tabela I.2 Propriedades termodinâmicas obtidas para as condições de
projeto. 84
Tabela I.3 Pressão versus Eficiência pela Primeira Lei, relativa às
extrações. 85
Tabela I.4 Propriedades termodinâmicas obtidas para as condições de
projeto. 89
Tabela II.1 Dados de projeto do condensador coletados para plena carga. 92
Tabela II.2 Propriedades termodinâmicas obtidas para as condições de
projeto. 92
Tabela III.1 Dados de projeto das propriedades de entrada e saída das
bombas de alta pressão para plena carga. 94
Tabela III.2 Propriedades termodinâmicas de entrada e saída das bombas de
alta pressão, obtidas a partir de dados de projeto à plena carga. 95

xi
Tabela IV.1 Dados de projeto das propriedades de entrada e saída dos
trocadores de calor regenerativos. 99
Tabela IV.2 Propriedades termodinâmicas de entrada e saída dos trocadores
de calor. 100
Tabela V.1 Dados de projeto das propriedades de entrada e saída da
caldeira à plena carga. 104
Tabela V.2 Propriedades termodinâmicas de entrada e saída da caldeira
nas condições de projeto à plena carga. 104
Tabela VI.1 Composição química e propriedades do GAF utilizado na UTE
Barreiro. 110
Tabela VI.2 Atmosfera padrão de referência. 112
Tabela VI.3 Tabela para conversão dos elementos em base mássica. 113
Tabela VI.4 Tabela de conversão em base mássica dos átomos de carbono e
hidrogênio. 114
Tabela VII.1 Propriedades do alcatrão bruto. 116
Tabela VII.2 Conversão em base molar. 117
Tabela VII.3 Valores tabelados das funções de Gibbs a 25°C e 100kPa. 118
Tabela VIII.1 Composição química e propriedades do GAF utilizado na UTE
Barreiro. 120
Tabela VIII.2 Análise molar do GAF. 121

Tabela VIII.3 Composição química do Alcatrão utilizado na UTE Barreiro. 123


Tabela VIII.4 Conversão em base molar. 124
Tabela IX.1 Tabela de conversão para obtenção da fração volumétrica dos
gases de exaustão do GAF. 133
Tabela IX.2 Tabela de conversão para obtenção da fração volumétrica dos
gases de exaustão do Alcatrão. 135
Tabela IX.3 Tabela de conversão para obtenção da fração volumétrica dos
gases de exaustão da mistura GAF e Alcatrão. 138

xii
NOMENCLATURA

Variáveis

a disponibilidade específica de fluxo [kJ/kg].


A disponibilidade total [kW].

Ar área [m²].

C fração mássica de carbono [adimensional].


cp calor específico à pressão constante [kJ/kgºC].

E fração mássica de enxofre [adimensional].


g aceleração da gravidade [m/s²].
G gibbs [kJ/kmol].
h entalpia específica do fluido de trabalho[kJ/kg].
H fração mássica de hidrogênio [adimensional].
I irreversibilidade [kW].
k constante [adimensional].
m massa [kg].

m vazão mássica [ kg/s].

MM massa molecular [kmol/kg].

n°kmolEi número de moles de excesso do elemento i [kmol].

n°kmoli número de moles do elemento i [kmol].

O fração mássica de oxigênio [adimensional].


p pressão absoluta [Pa].
PCI poder calorífico inferior do combustível [kW].
PCS poder calorífico superior do combustível [kW].
q energia específica absorvida na forma de calor[kJ/kg].

Q taxa de calor [kW].
r razão [adimensional].

R constante universal dos gases [kJ/kmol.K].


s entropia específica [kJ/kg.K].
T temperatura [ºK ou ºC].

xiii

V vazão volumétrica [m³/s].

V vetor velocidade do escoamento[m/s].
∀ volume de controle.
vol % i fração volumétrica ideal de cada elemento i[%].

w trabalho específico [kJ/kg].



W potência [kW] .
x título do vapor [adimensional].
xi fração mássica ou volumétrica dos componentes [%].

xio fração molar do componente na atmosfera [adimensional].


z nível [m].

As Variáveis [a1] a [a5], [b], [X1] a [X5], [b1] a [b5], [d1] a [d5], [f], [e1] a [e5],
[g1] a [g5], [h], [i], [j], [k], [l], [m], [n], [o], [p], [q], [r1] a [r4], [s1] a [s4],
[t],[u1] a [u4], [x1] a [x4], [y1] a [y4], [z1] a [z4] são variáveis auxiliares
utilizadas nas tabelas de conversão dos combustíveis.

Letras Gregas

α coeficiente de excesso de ar [adimensional]


ρ massa específica [kg/m3]
∆ delta [K e ºC]
λ fração molar de oxigênio
θ fração molar de nitrogênio
β fração molar de dióxido de carbono
φ fração molar de vapor d’água
ν fração molar de nitrogênio
η eficiência pela primeira lei [adimensional]
ε eficiência pela segunda lei [adimensional]

σ irreversibilidade interna [kJ/kgK]

xiv
Subscritos

A/C ar/combustível
ad adicionado
ar ar
arE excesso de ar
b bomba
c combustível
cc carnot
cald caldeira
ci ciclo
CO monóxido de carbono
CO2 dióxido de carbono
des trocador de calor desaerador
disp disponível
e entrada
f fluxo
fe fluxo de entrada
fr frio
fs fluxo de saída
glo global
i elemento ou componente
ideal ideal
Liq líquido
Lsat líquido saturado
mis mistura
n n° de moles
N2 nitrogênio
o ambiente
O2 oxigênio
prod produto
q calor
que quente

xv
reag reagente
real real
rej rejeitado
rev reversível
s saída
sc superfície de controle
t turbina
tap1 trocador regenerativo de alta pressão 1
tap 2 trocador regenerativo de alta pressão 2
tbp trocador regenerativo de baixa pressão
tc trocador de calor
tg turbo gerador
tgv turbo gerador válvula
vc volume de controle
Vsat vapor saturado
w trabalho
1 estado 1
2 estado 2

Sobrescritos

o ambiente
ch químico

Abreviaturas

Alc alcatrão
BAC bomba de alta pressão
BEC bomba de baixa pressão
Cald caldeira
Ci ciclo
Des Desaerador
EES engineering equation solver

xvi
ETE estação de tratamento de esgoto
Fr frio
GAF gás de alto forno
GCO gás de coqueria
GLD gás de aciaria
Glo Global
GN gás natural
MM massa molecular
Mis mistura
Mol n° de moles
NBR norma brasileira
PCI poder calorífico inferior
PCS poder calorífico superiors
PIB produto interno bruto
Que quente
Reag reagente
Tap trocador de calor regenerativo de alta pressão
tC tonelada de carbono
Tbp trocador de calor regenerativo de baixa pressão
Tep tonelada equivalente de petróleo
UTE usina térmica

Siglas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


BEN Balanço Energético Nacional
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
EE/FSU Eastern Europe/Former Soviet Union
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente
GASMIG Companhia de Gás de Minas Gerais
IEO International Energy Outlook
NEST Núcleo de Ensinos em Sistemas Térmicos
PROCEL Programa de Conservação de Energia Elétrica
PROSAM Programa de Saneamento Ambiental

xvii
RGR Reserva Global de Reversão
V&M Vallourec & Mannesmann Tubes –do Brasil S.A

xviii
Capítulo 1

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1 . MOTIVAÇÃO

Na indústria em geral, existem alguns tipos de perdas nos processos que podem ser
evitadas. Cabe ao engenheiro distinguir onde há viabilidade técnica e econômica para
atuar, de forma a aumentar a eficiência da planta, com investimentos que podem ser
recuperados em períodos de tempo compatíveis e através da própria economia gerada.
Busca-se, dessa forma, um menor consumo específico de energia por produto ou
processo, ou seja, melhor aproveitamento dos recursos naturais existentes e menores
impacto ambiental e custos operacionais.

O escopo do presente trabalho trata do desenvolvimento de uma metodologia de


avaliação energética e exergética de centrais termelétricas para cogeração com base na
Primeira e Segunda Lei da Termodinâmica. Tal metodologia permite avaliar, além das
perdas térmicas, a qualidade da energia utilizada nos processos industriais, comparando
os resultados práticos obtidos com a disponibilidade de energia para sua realização.

Para exemplificação da metodologia desenvolvida, será avaliado o projeto de


implantação da Usina Termelétrica do Barreiro, uma unidade de cogeração conduzida
pela CEMIG em parceria com a COPASA e a siderúrgica Vallourec & Mannesmann
Tubes – V&M do Brasil S.A. O projeto, com geração de 12,9MW, utiliza os gases de
alto forno e o alcatrão em um Ciclo Rankine, ambos combustíveis residuais dos
processos produtivos. Além disso, é utilizado gás natural na partida da caldeira ou na
ocorrência de eventuais interrupções no fornecimento dos combustíveis originais. A
unidade opera continuamente, fornecendo energia elétrica para as cargas prioritárias da
Usina (soprador e bombas do sistema de resfriamento do alto-forno), em paralelo com o
Sistema CEMIG.

1
Capítulo 1 – Introdução e Objetivos 2

1.2 . OBJETIVOS

Este trabalho propõe a elaboração de uma metodologia de avaliação energética dos


equipamentos principais e do Ciclo Rankine de centrais termelétricas, através do
conceito de Disponibilidade Energética, definida pela Segunda Lei da Termodinâmica,
utilizando o programa computacional EES.

Os objetivos específicos são:

- Desenvolver as equações de eficiência energética e exergética para os


principais equipamentos de centrais termelétricas e do ciclo termodinâmico.

- Desenvolver as equações para cálculo da disponibilidade química e poder


calorífico dos gases de alto forno e alcatrão.

- Implementar as rotinas de cálculo no programa computacional EES –


Engineering Equations Solver.

- Aplicar a metodologia desenvolvida ao estudo de casos da Usina Termelétrica


do Barreiro.

- Identificar processos críticos quanto à geração de irreversibilidades, visando


a orientação de implantação de melhorias e adaptações.

1.3 . HISTÓRICO

Desde os primórdios da civilização, o consumo de energia tem aumentado a cada ano.


O relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos, divulgado na internet no
segundo semestre de 2002 sob o título “International Energy Outlook 2002 (DOE,
2002)” e relatado no BEN – Balanço Energético Nacional de 2003 (Ministério das
Minas e Energia, 2003), aponta que a demanda mundial de energia (Oferta Interna de
Energia), chegará a 15.410 milhões tep (tonelada equivalente de petróleo) em 2020,
apresentando taxa média de crescimento de 2,26% ao ano, pouco superior aos 2,14% a.a
do período histórico 1970-2000.
Neste contexto, os países industrializados apresentam taxa de 1,27% a.a , os em
desenvolvimento de 3,86% a.a e os do grupo EE/FSU - Eastern Europe/Former Soviet
Union de 1,64% a.a. Estima-se que o Brasil atingirá um consumo de energia de 424
milhões de tep em 2020, com taxa de crescimento de 3,3% a.a.
Capítulo 1 – Introdução e Objetivos 3

Figura 1.1 - Oferta Interna de Energia de 1970 a 2020 (Ministério das Minas e
Energia, 2003).

Porém, a intensidade energética mundial, medida pela relação entre a demanda de


energia e o PIB, decresce 0,95% a.a no período projetado, percentual que representa um
maior esforço de racionalização do uso de energia em relação ao período 1970-2000,
quando a redução da intensidade energética foi de 0,92% a.a.

Aos países do grupo EE/FSU cabe o maior esforço de redução da intensidade energética
(-2,58% a.a ). O esforço dos países industrializados, de -1,34% a.a é maior do que o
esforço dos países em desenvolvimento (-1,15% a.a ). Os estudos do DOE - Department
of Energy 2002 indicam para o Brasil uma taxa de redução da intensidade energética de
-1,59% a.a, resultante de um crescimento industrial menos intensivo em energia e da
introdução de processos e fontes de energia mais eficientes.
Capítulo 1 – Introdução e Objetivos 4

Figura 1.2 - Intensidade Energética de 1970 a 2020 (Ministério das Minas e Energia,
2003).

No mesmo relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE, 2002), a


indicação é de pequenas variações na estrutura de participação das fontes de energia na
oferta interna mundial de energia, comparando os dados projetados com a série
histórica.

O gás natural é o único energético a aumentar a participação, deslocando,


principalmente, o carvão mineral. O petróleo e a energia nuclear apresentam pequena
perda de participação e as fontes renováveis (hidráulica, biomassa, eólica, solar, etc)
mantêm a participação.
Capítulo 1 – Introdução e Objetivos 5

Figura 1.3 - Participação na oferta interna de energia de 1970 a 2020 (Ministério das
Minas e Energia, 2003).

As emissões de carbono (contido no dióxido de carbono – CO2) chegam a 9850 milhões


de toneladas em 2020. Comparativamente ao ano de 2000, este montante mantém
praticamente a mesma relação com o consumo de energia (0,639 tC/tep). Para os países
em desenvolvimento é esperada uma redução neste indicador de –0,21% a.a. Para o
Brasil se projeta um crescimento de 1,06% a.a no indicador, em decorrência da redução
da participação das fontes renováveis, principalmente da hidráulica. Mesmo assim, o
Brasil ainda continua apresentando um indicador bem mais favorável, de apenas 0,502
tC/tep. Os países do grupo EE/FSU aumentam o indicador em 0,14% a.a, chegando a
0,616 tC/tep e os países industrializados mantêm o indicador em cerca de 0,595 tC/tep.

Ainda segundo o relatório, o Brasil chegará em 2020 consumindo 2,75% da energia


mundial, mas com apenas 2,2% das emissões totais de carbono, pela utilização de
energia.As previsões do DOE 2002 levam a que os países em desenvolvimento
ultrapassem o montante de emissões de carbono dos países industrializados, ao final do
horizonte de projeção.

No caso específico da energia elétrica no Brasil, duas ações governamentais se


destacam, com o objetivo de reduzir o desperdício de energia elétrica:
Capítulo 1 – Introdução e Objetivos 6

1 - A obrigação das concessionárias de distribuição de energia elétrica firmada em


contrato com a ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, que estabelece a
obrigação de aplicar anualmente parte de sua receita operacional líquida em programas
que tenham por objetivo o combate ao desperdício de energia elétrica.

As diretrizes para elaboração desses programas são aquelas definidas na Lei nº 9.991, de
24 de julho de 2000, bem como aquelas contidas nas resoluções da ANEEL específicas
para eficiência energética.

2 - O PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, que foi criado


com o objetivo de promover a racionalização da produção e do consumo de energia
elétrica, eliminando os desperdícios e reduzindo os custos e os investimentos setoriais.

Criado em dezembro de 1985 pelos Ministérios de Minas e Energia e da Indústria e


Comércio, o PROCEL é gerido por uma Secretaria Executiva subordinada à Eletrobrás.

Em 18 de julho de 1991, o PROCEL foi transformado em Programa de Governo, tendo


suas abrangência e responsabilidade ampliadas.

O Programa utiliza recursos da Eletrobrás e da Reserva Global de Reversão - RGR -


fundo federal constituído com recursos das concessionárias, proporcionais ao
investimento de cada uma. Utiliza, também, recursos de entidades internacionais.

O principal objetivo do PROCEL é criar condições para o estabelecimento de um


mercado de eficiência energética auto-sustentável e autônoma, através de ações que
demonstram os benefícios das medidas de eficiência energética.

1.4 . REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Wall (1977) apresentou o conceito de exergia como fonte motriz de todos os sistemas
auto-sustentáveis, tais quais, a biosfera, os ecossistemas, as espécies e organismos
vivos. Wall mostrou os efeitos causados pela ação do homem na natureza através de
processos ineficientes de conversão de energia e da utilização dos recursos naturais
existentes. Propôs, ainda, a utilização dos conceitos sobre exergia, com o objetivo de
mensurar a eficiência das sociedades na utilização dos recursos naturais e para
conscientizar sobre a necessidade da utilização de fontes renováveis e não poluentes.

Wall (1986) utilizou os conceitos de exergia como ferramenta para contabilizar os


recursos existentes na sociedade Sueca. Descreveu ainda as conversões dos recursos
Capítulo 1 – Introdução e Objetivos 7

energéticos e materiais existentes em termos exergéticos e detalhou as perdas


exergéticas na transformação dos recursos materiais e na conversão de várias formas de
energia.

Wall (1986) aplicou os conceitos de exergia em uma indústria de papel e celulose e em


uma aciaria, contabilizando as perdas exergéticas nos equipamentos principais.
Comparou também os preços da energia e exergia de algumas formas comuns de
energia e apresentou um programa em BASIC para calcular a exergia, energia, entalpia
e entropia do vapor e a energia e exergia termoquímica de algumas substâncias.

Crestani (1993) relatou os esforços do Governo de São Paulo no sentido de viabilizar a


participação da iniciativa privada na geração de energia elétrica, através do
estabelecimento de metas para o programa de cogeração no setor sucroalcooleiro de
3000MW até o ano de 2010. Neste programa, as usinas e destilarias, gerariam energia
para seus processos e venderiam a energia excedente às concessionárias.

Nogueira e Santos (1995) avaliaram as possibilidades, vantagens e limitações da


utilização da cogeração no setor terciário e identificaram vantagens energéticas e
econômicas apesar da necessidade de se adequar à legislação existente.

Luengo e Silveira (1995) apresentaram avaliações técnico-econômicas para pequenos


usuários de cogeração no setor terciário, concluindo que a viabilidade prática da
cogeração está condicionada aos preços relativos do combustível e da eletricidade, bem
como da escala de operação da instalação. Os autores destacaram o grande potencial de
racionalização da oferta e uso da energia decorrente da cogeração.

Coelho et al (1995) desenvolveram um estudo do impacto da inserção da cogeração na


matriz energética brasileira. Foram analisados os setores siderúrgicos, de açúcar e álcool
e de papel e celulose, concluindo-se que, em função do grande potencial existente e da
dificuldade da realização de investimentos pelas concessionárias, a cogeração é uma das
alternativas para a expansão do sistema elétrico. Estudos similares foram desenvolvidos
por Janson et al (1997) e Nascimento et al (1997).

Céspedes e Oliveira Júnior (1995) elaboraram uma análise exergética e termoeconômica


da cogeração no setor terciário, propondo uma formulação de termoeconomia para
avaliar o desempenho de sistemas de cogeração. Destacaram, ainda, a utilização do gás
natural no processo de cogeração, através da utilização de turbinas a gás ou motores de
combustão interna.
Capítulo 1 – Introdução e Objetivos 8

Gong e Wall (1997) introduziram os conceitos de exergia e mostraram sua utilidade na


aplicação em projetos de engenharia, com o objetivo de se determinar as perdas e
possíveis melhorias em projetos. Mostraram que a exergia também é um conceito útil
em economia, tanto para medir o esgotamento de recursos naturais e destruição
ambiental (macroeconomia), quanto para a análise de custo benefício de projetos
(microeconomia).

Barros et al (1998) analisaram o potencial de geração de energia elétrica utilizando gás


de alto forno em siderurgias e descreveram as vantagens e as opções tecnológicas
existentes para este fim.

Barreto et al (1999) analisaram a cogeração no Brasil, Europa e Estados Unidos. Os


autores relacionaram o potencial existente no Brasil em diversos setores e suas
perspectivas em relação às mudanças institucionais. Ressaltaram o grande potencial
nacional para cogeração e as mudanças legais ocorridas nos últimos anos que
favoreciam a crescente participação privada na produção de energia elétrica.

Negri et al (1999) aplicaram os conceitos de disponibilidade em uma usina térmica


operando a gás em ciclo combinado. No estudo, foram obtidos as eficiências e custos
dos diversos equipamentos, definindo a competitividade da planta. Foi visto, ainda, que
através da análise da planta pelo método da disponibilidade é possível identificar a
magnitude e as causas prováveis das perdas termodinâmicas em cada equipamento,
caracterizando este método como uma excelente ferramenta para avaliação e melhoria
das instalações.

Muniz e Andrade (2000) avaliaram o potencial presente e futuro da cogeração no setor


de papel e celulose, com base na tecnologia atual. O estudo discute a implantação de
turbina a gás e caldeira de recuperação de calor dos gases de combustão, projetando o
potencial futuro da cogeração em caso de substituição das caldeiras convencionais e de
queima do licor negro.

Metodologias termoeconômicas aplicadas a sistemas de cogeração, segundo estudos


apresentados por Cerqueira e Nebra (1999) e Monteiro (2001), evidenciaram a
viabilidade econômica da geração própria e cogeração para várias configurações e
diferentes relações de produção de calor e energia elétrica. Como a cogeração
representa uma solução de maior eficiência e, conseqüentemente, de menores perdas
Capítulo 1 – Introdução e Objetivos 9

para o meio ambiente, espera-se acesso mais fácil a créditos internacionais, benefícios
tributário, além de caracterizar ações de responsabilidade social.

Coelho (2001) propôs o desenvolvimento de uma metodologia de análise e gestão


energética aplicada à indústria automotiva, avaliando as alternativas de energia solar e
cogeração através de turbina e motor a gás com caldeira de recuperação. Utilizou
critérios térmicos que possibilitaram avaliar a influência da relação calor/potência no
planejamento de uma nova central de aquecimento de água. Elaborou um programa
computacional de diagnóstico energético utilizado na avaliação do estudo de caso de
uma indústria automotiva.

Iglesias e Vasconcelos (2004) apresentaram os aspectos técnico–comerciais da


instalação da unidade de cogeração termelétrica do Barreiro, demonstrando a
viabilidade do aproveitamento de combustíveis residuais de baixo custo e fornecimento
garantido (Alcatrão e GAF), aliados à utilização de equipamentos de tecnologia
consolidada com fornecedores nacionais. Estes autores mostraram ainda os benefícios
obtidos pela indústria através do aumento da confiabilidade do fornecimento de energia,
redução dos custos e melhoria das condições ambientais.

1.5. ESCOPO DA DISSERTAÇÃO

Este trabalho apresenta a avaliação e modelagem matemática para o cálculo da


eficiência dos equipamentos principais e do ciclo de Rankine de geração de energia
elétrica, da Usina Termelétrica do Barreiro.

No Capítulo 2 são apresentados os fundamentos teóricos que servem de base para os


conceitos que serão abordados no desenvolvimento desse trabalho. São apresentadas as
Primeira e Segunda Leis da Termodinâmica aplicadas em volumes de controle, os
conceitos básicos de Disponibilidade Energética e os aplicados a Sistemas de Geração
de Energia, Elementos de Combustão e Cogeração.

No Capítulo 3 apresenta-se a metodologia de avaliação e modelagem matemática para o


cálculo da eficiência dos equipamentos principais e do ciclo da Usina Termelétrica do
Barreiro, cálculo da Disponibilidade Energética e PCI dos combustíveis, e análise da
combustão da mistura de GAF e Alcatrão. Utiliza-se para este fim os conceitos de
energia e exergia (Disponibilidade Energética) apresentados no Capítulo 2.
Capítulo 1 – Introdução e Objetivos 10

Apresenta-se também o fluxograma do programa desenvolvido em EES e as principais


telas de entrada e saída do programa.

No Capítulo 4 são apresentados os gráficos com os resultados das simulações obtidos


através do EES com o objetivo de validar a metodologia e verificar os impactos
causados pelas variações das propriedades na eficiência dos equipamentos principais e
do ciclo.

No Capítulo 5 são apresentadas as conclusões do trabalho.


Capítulo 2

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

2.1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo são discutidos os fundamentos teóricos abordados no desenvolvimento


desse trabalho, tais como as Leis da Termodinâmica para volumes de controle em
regime permanente, os conceitos básicos de Disponibilidade Energética e sua aplicação
em sistemas de geração de energia, utilizando Ciclo Rankine com regeneração, além de
Elementos de Combustão e Cogeração.

A ênfase é dada à Avaliação Energética e Exergética dos principais equipamentos do


ciclo Rankine, tais como turbina, bomba, caldeira e trocadores de calor.

2.2. PRIMEIRA E SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA E A


DISPONIBILIDADE ENERGÉTICA

Os conceitos discutidos nesta seção são clássicos e largamente disponíveis na literatura


e serão incluídos nesta revisão para introdução e uniformização da nomenclatura
adotada.

A Primeira Lei da Termodinâmica para um volume de controle em regime permanente e


escoamento uniforme é expressa classicamente na forma (Wylen, 1995):

• • • Vs2 • V2
Q− W = ∑ m s .[h s + + g.Z s ] − ∑ m e .[h e + e + g.Z e ] (2.1a)
s 2 e 2


onde Q : taxa de transferência de calor;

W : potência de eixo;

11
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 12


m : vazão mássica;
h : entalpia específica do fluido de trabalho;

V : velocidade do fluido quando cruza as superfícies de controle;


g : aceleração da gravidade;
Z : nível em relação ao referencial adotado, normalmente considerado o solo.

Os subscritos ( e , s ) correspondem aos pontos de entradas e saídas do fluido através das


superfícies de controle, respectivamente.

Na maioria das aplicações práticas, podem ser desprezadas as variações das energias
cinética e potencial, sendo reescrita na forma:

• • • •
Q − W = ∑ m s .h s − ∑ m e .h e (2.1b)
s e

A Primeira Lei da Termodinâmica trata apenas da conservação da energia total,


enquanto a Segunda Lei permite mensurar a qualidade dos processos de conversão de
energia em equipamentos e ciclos de geração de energia elétrica.

Para um volume de controle, a segunda lei é descrita pela equação (Wylen, 1995):

∂ → → 1 Q

∂t VC
sρd ∀ + ∫
SC
s ρ V .d Ar ≥ ∫ ( )dAr
SC
T Ar
(2.2)

onde s e ρ: correspondem à entropia e massa específica do fluido de trabalho,


respectivamente;

T: temperatura absoluta;

dAr e d∀ : são os elementos de área e de volume

Os subscritos VC e SC correspondem a volume e superfície de controle.

O primeiro termo da equação 2.2 significa a variação de entropia no interior do volume


de controle, enquanto o segundo termo está relacionado ao fluxo de entropia associado à
entrada e saída de massa através das superfícies de controle. O último termo trata da
variação da entropia decorrente da transferência de calor entre o fluido e a vizinhança.
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 13

Simplificando-se a equação 2.2 para as condições de regime permanente e integrando-a


para as superfícies de controles correspondentes aos pontos de entrada e saída de massa,
tem-se:


• • Qo •
∑ m e s e − ∑ ms s s + ∑ + σ=0 (2.3)
e s To

onde a igualdade é obtida pela inclusão do termo relativo às irreversibilidades internas



( σ ). O subscrito (o) refere-se à condição ambiente local.

Considerando-se processos internamente reversíveis em volumes de controle com


pontos únicos de entrada e saída, a equação 2.3 se reduz a:


Qo •
= m (ss − se ) (2.4)
To

A equação 2.1b pode ser escrita na forma:


W disp
= h e - .h s - To (s e - s s ) (2.5)

m


onde W disp : potência máxima gerada ou potência mínima consumida em processos
interna e externamente reversíveis.

Quando as condições de saída do volume de controle são idênticas às do meio ambiente,


define-se a disponibilidade específica da substância (af) como:

af = (h − ho ) − To (s − so ) (2.6)

O subscrito f significa “flow system” ou volume de controle. As propriedades ho e so


referem-se às entalpia e entropia específicas do fluido, calculadas à pressão e
temperatura do ambiente (Po, To), respectivamente.

Assim, o trabalho específico disponível ( w disp ) entre os estados 1 e 2 é escrito como:

wdisp = af1 − af 2 (2.7)


Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 14

A variação da disponibilidade de uma substância pode ser causada por transferência de


calor ou realização de trabalho, sendo adotada a nomenclatura aq e aw, respectivamente .

Teoricamente, todo o trabalho recebido pelo sistema pode ser convertido novamente em
trabalho sem perdas e, portanto:

a w = − w real (2.8)

onde w real : trabalho específico real realizado pelo fluido de trabalho ou sobre ele.

A mudança de disponibilidade associada à transferência de calor entre o fluido de


trabalho e a vizinhança considera que somente parte da energia térmica pode ser
convertida em trabalho. Em processos ideais, a eficiência máxima de conversão é dada
pela eficiência da máquina de Carnot (ηcc) que opera entre os limites de temperatura T e
To, ou seja:

To
η CC = 1− (2.9)
T

onde T : temperatura do fluido em um elemento diferencial do volume.

Assim, tem-se:

To
aq = ∑ (1− )δq (2.10)
j T j

sendo q :transferência de calor por unidade de massa para o elemento de volume j.

Com base na Primeira e Segunda Lei da Termodinâmica, o balanço de disponibilidade


(A) de uma substância pode ser escrito na forma (Li, 1996):

A 2 - A 1 = A q + A w + A fe - A fs - I (2.11a)

onde: ( A 2 − A 1 ) : variação da disponibilidade entre os estados 1 e 2 no interior do


volume de controle. Em escoamento em regime permanente, este termo é nulo.
I: disponibilidade destruída no processo, definida pelo produto entre a
temperatura ambiente (T0) e a irreversibilidade interna (σ)
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 15

Os subscritos correspondem a
q : calor
w : trabalho
fe e fs : fluxo à entrada e à saída da superfície de controle, respectivamente.

Assim, para equipamentos em regime permanente, a equação 2.11a é rescrita como:

A q + A w + A fe - A fs = I (2.11b)

Portanto, o balanço de disponibilidade implica que o fluxo de disponibilidade, para


dentro e para fora do volume de controle, deve ser igual à sua mudança de
disponibilidade somada à destruição de disponibilidade no interior do volume de
controle.

2.3. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA E EXERGÉTICA APLICADA A CICLOS DE


GERAÇÃO TERMELÉTRICA

2.3.1. EFICIÊNCIA DO CICLO RANKINE

Para um ciclo de geração de energia elétrica a partir de fonte térmica, Ciclo Rankine, a
eficiência (η) de acordo com a Primeira Lei da Termodinâmica, é definida como (Li,
1996):
• •
(W t - W b )
η ci = • (2.12)
Q cald
• •
onde: ( W t - W b ) : potência líquida convertida em energia elétrica, ou seja, a potência
gerada pelas turbinas descontada da potência consumida nos processos de
bombeamento. Pode ser considerado também, a potência líquida descontando
todas as cargas auxiliares.

m c: vazão mássica do combustível utilizado

PCI : poder calorífico inferior.

O denominador da equação 2.12 representa a taxa de energia transferida pelo


combustível para o fluido de trabalho no gerador de vapor.
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 16

Pela Segunda Lei da Termodinâmica, a eficiência do ciclo (εci) é definida como a razão
entre a disponibilidade líquida de saída do ciclo e a disponibilidade de entrada e é
escrita da seguinte forma:
• •
(w t - w b )
ε ci = (2.13)
ac

onde: a c : disponibilidade específica do combustível.


A seguir, serão discutidas as eficiências pelas Primeira e Segunda Leis da
Termodinâmica para os equipamentos básicos do Ciclo Rankine: caldeira ou gerador de
vapor, conjunto turbina – gerador, condensador e bomba. Para um ciclo com
aquecimento regenerativo, são incluídos também os trocadores de calor regenerativos
(condensador e trocadores de alta e baixa pressão).

2.3.2. EFICIÊNCIA DA CALDEIRA

Pela Primeira Lei da Termodinâmica, a eficiência da caldeira (ηcald) é calculada da


seguinte forma (Li, 1996):

Q cald
η cald = • (2.14)
m c .PCI


onde Q cald : taxa de transferência de calor para o fluido de trabalho na caldeira.

De acordo com a Segunda Lei, a eficiência da caldeira (εcald) é definida pela razão entre
a disponibilidade transferida para o vapor (Acald) e a disponibilidade do combustível
(Li,1996):

A cald
ε cald = •
(2.15)
m c .a c
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 17

2.3.3. EFICIÊNCIA GLOBAL DO SISTEMA

A eficiência global do ciclo de geração termelétrica é dada pelo produto da eficiência do


ciclo pela respectiva eficiência da caldeira (Li, 1996).

Pela Primeira Lei da Termodinâmica, tem-se:

η glo = η ci .η cald (2.16)

E pela Segunda Lei:

ε glo = ε ci .ε cald (2.17)

O subscrito ( glo ) corresponde ao valor global, para todo o ciclo.

2.3.4. EFICIÊNCIA DA TURBINA

Considerando-se a turbina adiabática, sua eficiência pela Primeira Lei é dada pela razão
entre o trabalho específico real (wreal) e o trabalho hipotético que seria realizado em um
processo isoentrópico (wideal), (Li, 1996):

wreal
ηt = (2.18)
wideal

Pela Segunda Lei, a eficiência da turbina é dada por (Li, 1996):

wreal
εt = (2.19)
(a fe − a f s )

Deve-se ressaltar que, pela Primeira Lei adota-se um processo hipotético como
referência, enquanto que pela Segunda Lei considera-se a redução da disponibilidade
que ocorre na turbina entre os estados dados.

Para o cálculo da eficiência do grupo turbo-gerador, considera-se no numerador das


equações 2.18 e 2.19, a potência final fornecida pelo gerador, computadas as perdas dos
equipamentos e de seu respectivo acoplamento.
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 18

2.3.5. EFICIÊNCIA DA BOMBA DE ALTA PRESSÃO

Pela Primeira Lei, a eficiência da bomba, considerada adiabática, pode ser calculada
pela equação (Li, 1996):

w ideal
ηb = (2.20)
w real

De modo similar ao discutido para a turbina, o trabalho ideal é calculado considerando


processo isoentrópico.

Pela Segunda Lei, sua eficiência é dada pela razão entre a disponibilidade absorvida
pelo fluido de trabalho e a disponibilidade fornecida (trabalho da bomba), nas formas
(Li, 1996):

(a f s − a f e )
εb = (2.21a)
aw

(a f e − a f s )
εb = (2.21b)
wreal

2.3.6. EFICIÊNCIA DOS TROCADORES DE CALOR

Pela Segunda Lei, a eficiência de um trocador de calor do tipo fechado (εTC) é calculada
pelo balanço de disponibilidade entre o fluido quente e o fluido frio ( Li, 1996):

m fr (a fs − a fe ) fr
ε tc = •
(2.22)
m que (a fe − a fs ) que

Os subscritos ( fr ) e ( que ) correspondem aos fluidos frio e quente, respectivamente. A


equação 2.22 indica como efetivamente a disponibilidade é transferida do fluido quente
para o fluido frio.

No caso dos desaeradores, considerados como aquecedores de contato direto, a


eficiência (εdes) é obtida pela razão entre o somatório das disponibilidades associadas às
entradas e às saídas da câmara de mistura, ou seja (Li, 1996):

∑ m s a fs
ε des = s

(2.23)
∑ e
me a fe
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 19

2.4 - ELEMENTOS DE COMBUSTÃO

Conforme discutido no item 2.3, o processo de combustão influencia fortemente a


eficiência térmica da caldeira e do ciclo (ver equações 2.14 a 2.17).

Em termos práticos, a combustão completa deve satisfazer os seguintes critérios


básicos:

Fornecimento da quantidade de ar adequada ao tipo de combustível utilizado;


Garantia da mistura do oxigênio presente no ar com o combustível, na
temperatura e pressão recomendadas para a ignição;
Volume da fornalha (ou câmara de combustão) suficiente para permitir um
tempo de permanência da mistura ar-combustível.

Em termos gerais, os componentes combustíveis de maior importância são: carbono,


hidrogênio e enxofre, sendo que este último tem o menor significado como fonte de
geração de calor, ao mesmo tempo em que pode acarretar sérios problemas de corrosão
e emissão de poluentes.

A título de exemplo, a Tabela 2.1 apresenta reações químicas de combustão de algumas


substâncias simples, sendo que a última coluna corresponde ao seu respectivo poder
calorífico superior (PCS).

Tabela 2.1 - Reações químicas de combustão típicas na geração


termelétrica.

Combustível Reação química PCS (kJ/kg)

Carbono 2C+O2 = 2CO 9188


Dióxido de C+O2=CO2 32780
Carbono
Monóxido de 2CO+O2=2CO2 10111
Carbono
Hidrogênio 2H2+O2=2H2O 142107
Enxofre S+O2=SO2 9257
Metano CH4+2O2=CO2+2H2O 55533
Fonte: Adaptado de B&W, 1992.
As quantidades dos componentes combustíveis variam com o combustível empregado,
sendo necessária uma determinada quantidade de ar para garantir a combustão
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 20

completa, denotada combustão estequiométrica. Para tais cálculos, adota-se a


composição do ar seco padrão, apresentada na Tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Composição do ar seco padrão.


Massa molecular Quantidade
Elemento
(kg/kmol) (% volume)
Nitrogênio 28,016 78,09
Oxigênio 32,000 20,95
Argônio 39,944 0,93
Monóxido de Carbono 44,010 0,03
Neônio
Hélio
Criptônio
<0,003
Hidrogênio
Xenônio
Ozônio

Fonte:Adaptado de B&W, 1992.

Na prática, para garantir condições otimizadas de combustão, deve-se prever uma


quantidade adicional de ar, conhecida como excesso de ar, cujo valor depende do tipo
de combustível, características do equipamento e respectiva carga de operação. Se a
combustão é incompleta, ocorrem perdas na eficiência da instalação devido ao
combustível não queimado e a indesejável emissão de poluentes atmosféricos como, por
exemplo, o monóxido de carbono.

Define-se a razão ar combustível teórica (RA/C teórica), (Lora e Nascimento, 2004):

mar
R A / C teórica = (2.24)
mc

Considerando-se a fração de ar fornecida em excesso ao processo de combustão (α), a


relação ar combustível real (RA/C real) é definida (Lora e Nascimento, 2004):

mar (1 + α )
R A / C real = (2.25)
mc
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 21

2.4.1. BALANÇO DE MASSA NA COMBUSTÃO

A conservação da massa para a combustão ideal é realizada tomando-se por base seus
reagentes e produtos, na forma:

mreag = mprod (2.26)

Os subscritos reag , prod correspondem aos termos reagente e produto, respectivamente.

Tal balanço visa determinar a quantidade requerida de ar para queimar completamente o


combustível. Para a combustão real, a análise dos produtos para cada um dos compostos
químicos presentes na reação permite quantificar o ar efetivamente fornecido ao
processo. Inicialmente, deve-se converter a composição química do combustível em
base molar.

Considerando-se a oxidação do monóxido de carbono (CO), tem-se:

[n CO CO] + [n O 2 O 2 + n N 2N 2 ] → n CO 2 CO 2 + n N 2N 2 (2.27)

onde n corresponde ao número de moles de cada composto, cuja fórmula química é


usada como subscrito

O balanço de massa fornece:

n CO = n CO2

n CO
n O2 =
2

nN 2 = 3,76n O2 , (considerando 79% de Nitrogênio e 21% de Oxigênio).

As massas de oxigênio e nitrogênio, necessárias para efetuar a reação, podem ser


determinadas através da equação:

m co = n co (MM) co (2.28)

onde MM corresponde à massa molar do componente referenciado em subscrito.

A massa total de ar necessária é a soma das massas dos elementos (nitrogênio e


oxigênio), ou seja:

mar = m o2 + mN2
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 22


A vazão mássica do combustível ( m c ) é calculada pelo produto de sua vazão

volumétrica ( V ) pela massa específica, na forma:

• •
mc = V c ρc (2.29)

Assim, a vazão mássica estequiométrica de ar necessária para a queima do combustível


é dada por:

• m ar •
m ar = mc (2.30)
mc

Conforme mencionado anteriormente, na queima real é necessário adicionar-se ar em


excesso. Portanto, nas equações de 2.27 a 2.30 é introduzido o coeficiente de excesso de
ar.

Dessa forma, a equação da queima do monóxido de carbono se torna:

[n CO CO] + [n O 2 O 2 + nN 2N 2 ] (1 + α ) → n CO 2 CO 2 + nN 2N 2 + α [n O 2 O 2 + nN 2N 2 ] (2.31)

A modelagem referente à combustão do gás de alto forno e alcatrão é apresentada no


Capítulo 3.

2.4.2. PODER CALORÍFICO

O poder calorífico de um combustível é definido como a quantidade de energia liberada


durante sua combustão completa, por unidade de massa ou de volume desse
combustível. O poder calorífico superior (PCS) inclui o calor latente do vapor de água
gerado pela reação de combustão durante a queima do combustível com o ar seco,
enquanto que o poder calorífico inferior (PCI) desconta este valor. Como em
instalações industriais, geralmente a temperatura dos gases de saída é superior à
temperatura de condensação da água e seu calor latente não pode ser recuperado, o
poder calorífico inferior é mais amplamente empregado (Lora e Nascimento, 2004).

A determinação experimental do poder calorífico de um combustível pode ser feita


utilizando calorímetros ou por métodos analíticos, a partir de sua composição química.
Segundo NEST (2002), o PCI de uma mistura de gases combustíveis (PCImis) é dada
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 23

pela soma do produto da fração mássica ou volumétrica (x) de cada componente (i) por
seu respectivo PCI, ou seja:

n
PCImis = ∑ PCIi .x i (2.32)
i =1

No sistema internacional, o poder calorífico inferior pode ser expresso em base mássica
para líquidos e sólidos (kJ/kg) ou base volumétrica para gases (kJ/Nm3). A Tabela 2.3
apresenta valores para os poderes caloríficos superior e inferior de diversos gases
combustíveis.

Tabela 2.3 - Poder calorífico de alguns gases em base volumétrica,


a P = 101,325 kPa e t = 20°C
PCS PCI
Gás (MJ/Nm³) (MJ/Nm³)
Metano (CH4) 37,06 33,38
Etano (C2H6) 64,94 59,39
Propano (C3H8) 92,40 85,06
Butano (C4H10) 119,82 110,62
Pentano (C5H12) 158,20 146,00
Etileno (C2H4) 58,72 55,03
Propileno (C3H6) 92,10 86,01
Butileno (C4H8) 121,12 113,20
Penteno (C5H10) 150,80 141,00
Benzeno (C6H6) 146,10 140,00
Acetileno (C2H2) 54,06 52,24
Monóxido de Carbono (CO) 11,77 11,77
Hidrogênio (H2) 11,90 10,06

Fonte: (Borman e Ragland ,1998) e (Grigoriev e Zorin, 1982)


Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 24

2.4.3. COMBUSTÍVEIS SIDERÚRGICOS RESIDUAIS

Durante o processo de obtenção do aço em uma siderurgia, são gerados gases residuais
que podem ser aproveitados como combustíveis para a geração de energia na própria
planta, a saber (NEST, 2002):

Gás de alto forno (GAF): gases formados durante a preparação do ferro


gusa;

Gás de aciaria (GLD): gases formados durante a transformação do ferro


gusa em aço;

Gás de coqueria (GCO): gases formados durante a preparação do carvão


mineral a ser introduzido no alto forno.

A composição média do GAF utilizado em uma Usina Térmica (UTE Barreiro) é


apresentada na Tabela 2.4. Além desses gases, há também a formação de alcatrão,
combustível residual líquido gerado na conversão do ferro gusa em aço na aciaria. As
características principais desse combustível estão mostradas na Tabela 2.5.

Os valores apresentados nessa seção serão utilizados no estudo de casos da UTE para
validação da metodologia desenvolvida no presente trabalho.

Tabela 2.4. Composição química e propriedades do GAF utilizado na Usina


Termelétrica do Barreiro – UTE.
Gás de Alto Forno (GAF)
Composição Percentual em volume
Base seca (%) Base úmida (%)
CO 24,0 46,28
H2 6,0 5,17
CO2 22,8 24,17
CH4 1,0 24,17
H2O - 24,00
Energia específica
(kJ/Nm³)
PCI - 3.768,12
PCS - 3.919,85
Fonte: (Equipalcool Sistemas, 2002).
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 25

Tabela 2.5 - Propriedades do alcatrão bruto.


Alcatrão de madeira
Composição Percentual em volume
Base seca (%) Base úmida (%)
C 60,9 46,28
H2 6,8 5,17
O2 31,8 24,17
N2 0,5 0,38
H2O - 24,00
Energia específica
(kJ/kg)
PCI - 19.259,28
PCS - 20.414,84
Fonte:Equipalcool Sistemas, 2002.

2.4.4. DISPONIBILIDADE QUÍMICA DOS COMBUSTÍVEIS

A definição de disponibilidade de uma substância toma por base o equilíbrio


termomecânico com o ambiente, conforme apresentado anteriormente (Li, 1996).
Entretanto, no estudo da combustão deve ser contemplado, também, o equilíbrio
químico com os componentes da atmosfera, ou seja, com sua temperatura (To) e
respectiva pressão parcial (xiPo) no ambiente.

Em uma reação estequiométrica, onde os produtos da combustão são formados


basicamente por dióxido de carbono, água e nitrogênio, e se difundem no meio
ambiente até atingir o equilíbrio, a equação recomendada para cálculo do trabalho
disponível é (Li, 1996):

λ
⎡ ( xOo 2 ) .( x No 2 )θ ⎤
wdisp = −∆G (To, Po) + R.To. ln ⎢ o β φ
⎥ (2.33)
⎢⎣ ( xCO2 ) .( x Ho 2O ) .( x No 2 )ν ⎥⎦

onde λ e θ : frações molares de oxigênio e nitrogênio presentes no comburente;

β , φ e ν : frações molares de dióxido de carbono, vapor d`água e nitrogênio


presentes nos produtos da combustão completa.
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 26

− ∆G (To, Po) : número de Gibbs de todos os elementos combustíveis e


comburentes subtraído do número de Gibbs dos produtos da combustão,
considerando os elementos à pressão e temperatura da atmosfera ambiente.

A equação 2.33 é conhecida como a equação da disponibilidade química (ach) do


combustível e pode ser expressa na forma:

a cch = wdisp (2.34)

Para um mistura de combustíveis gasosos, a disponibilidade química da mistura é a


soma da disponibilidade química dos elementos, em suas respectivas frações molares,
ou seja:

= ∑i xi a f
ch ch
af i
(2.35)

Para os elementos oxidantes, presentes no combustível, a disponibilidade química é


dada pela equação (Li, 1996):

a ich (To , x iPo ) = a ich (To ,Po ) + RTo ln( x i ) (2.36)

Para os elementos da reação presentes na atmosfera, tais como oxigênio, nitrogênio e


dióxido de carbono, tomados à temperatura ambiente, define-se apenas a
disponibilidade química associada à sua difusão na atmosfera como (Li, 1996):
xi
a ich (To , x iPo ) = RTo ln( ) (2.37)
x io

sendo R : constante universal dos gases;

x io e xi : fração molar do componente i na atmosfera e nos produtos da reação,


respectivamente.

As equações empíricas recomendadas para cálculo da disponibilidade química são (Li,


1996):

Combustíveis gasosos:

a f ch
gás ( To ,Po ) H 1
= 1,0334 + 0,0015. − 0,0058. (2.38)
PCI C C
Capítulo 2 – Fundamentos Teóricos 27

Combustíveis líquidos:

ch
afLiq ( To ,Po ) H O E H
= 1,0374 + 0,0013 + 0,0756 + 1,5960 (1 − 0,0145 ) (2.39)
PCI C C C C

onde H, C, O e E correspondem às frações mássicas de hidrogênio, carbono, oxigênio


e enxofre, respectivamente.

Simplificando a equação:

af ch (To , Po ) = k1 .PCI (2.40)

onde o parâmetro k1 apresenta valores nas faixas de: 1,06 a 1,10 para o carvão; 1,04 a
1,08 para gás natural e de 1,04 a 1,06 e para óleos combustíveis.
Capítulo 3

MODELAGEM MATEMÁTICA E PROGRAMA


COMPUTACIONAL

3.1. INTRODUÇÃO

Com base nos conceitos e equações discutidas no Capítulo 2, serão desenvolvidas as


equações específicas para cálculo da eficiência dos equipamentos principais e do ciclo
Rankine Regenerativo da Usina Térmica do Barreiro, assim como a metodologia de
cálculo da disponibilidade energética e análise da combustão dos combustíveis residuais
utilizados - Gás de Alto Forno e Alcatrão. Tais equações serão implementadas no
programa Engineering Equations Solver – EES.

3.2. MODELAGEM DO CICLO RANKINE REGENERATIVO

Na figura 3.1 apresenta-se o ciclo básico da Usina Termelétrica do Barreiro com seus
principais equipamentos, a saber: caldeira, grupo turbo-gerador com quatro extrações,
condensador, bomba de alta pressão e trocadores de calor regenerativos (trocador de
calor desaerador, trocadores de calor de alta pressão e trocador de calor de baixa
pressão).

Conforme mencionado anteriormente, neste trabalho são estudados dois combustíveis


residuais típicos do setor siderúrgico: o gás de Alto Forno (GAF) e o alcatrão para
produção de energia elétrica e térmica na própria planta industrial.

28
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 29

Segundo exigência da FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente, no caso de se


empregar a mistura de GAF e Alcatrão, sua proporção deve sempre exceder o valor
54:1, com o objetivo de minimizar impactos ambientais, (Equipalcool Sistemas, 2002).

Figura 3.1. Ciclo Rankine Regenerativo

3.2.1. CALDEIRA E CICLO

As figuras 3.2 e 3.3 mostram desenhos esquemáticos da caldeira utilizada, evidenciando


os queimadores de combustíveis residuais, o fluxo de água e a câmara de combustão.
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 30

Figura 3.2. Desenho esquemático da caldeira, evidenciando os fluxos


da água e dos combustíveis

Figura 3.3. Vista superior da caldeira, evidenciando a câmara de combustão


Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 31

De acordo com a numeração e nomenclatura apresentadas nessas figuras, define-se a


eficiência da caldeira pela Primeira Lei da Termodinâmica com base na equação 2.14:

Q cald
η cald = • •
(3.1)
mGAF .PCI GAF + m Alc .PCI Alc


onde a taxa de transferência de calor na caldeira ( Q cald ), denominada calor útil, é
definida por:
• • •
Q cald = m 31 h31 − m 30 h30 (3.2)

E a eficiência pela Segunda Lei da Termodinâmica com base na equação 2.15:

Acald (3.3)
ε cald = • •
m GAF .a fGAF + m Alc .a fAlc


sendo a taxa de variação de disponibilidade da água na caldeira ( A cald ) dada por:

• • •
A cald = m 31 af 31 − m 30 af 30 (3.4)

O balanço de disponibilidade para a caldeira, com base na equação 2.11b e


considerando a disponibilidade do combustível se reduz a

ch
Atotal − Acald − Aq − I = 0 (3.5)

ou seja

Aq + I = Atotal
ch
− Acald (3.6a)

Pela Primeira lei, a eficiência do ciclo pode ser escrita pela equação:
• •
(W t − W b )
η ci = •
(3.6b)
Q cald

Pela Segunda lei, a eficiência do ciclo é definida como a razão entre a disponibilidade
líquida de saída do ciclo pela disponibilidade de entrada é escrita da seguinte forma -
Equação:
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 32

• •
(W t − W b )
ε ci = (3.6c)
A cald

A eficiência global do sistema de geração de energia elétrica incluindo a caldeira, pode


ser determinada pela equação 2.16 , produto da eficiência do ciclo pela eficiência da
caldeira .

Pela Primeira lei - Equação:

η glo = η ci .η cald (3.6d)

E pela Segunda Lei, através da equação 2.17:

ε glo = ε ci .ε cald (3.6e)

O subscrito ( glo ) corresponde ao valor global, para todo o ciclo.

3.2.2. GRUPO TURBO-GERADOR

A turbina esquematizada na fig. 3.4 possui quatro extrações de vapor, sendo que duas
dirigem-se para os aquecedores regenerativos de alta pressão, uma para o desaerador e a
última para o aquecedor de baixa pressão. Desconsiderou-se a extração para selamento.

Figura 3.4. Desenho esquemático do turbo-gerador.

Aplicando-se as equações 2.18 e 2.19 para cálculo de sua eficiência pela Primeira e
Segunda Lei da Termodinâmica, tem-se:
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 33

ηt =
Wreal (3.7)
• • • • • •
(h1. m1 )− (h 2I . m 2 ) − (h 3I . m 3 ) − (h 4I . m 4 )− (h 5I . m 5 )− (h 6I . m 6 )

onde o subscrito (I) no valor da entalpia corresponde ao processo isoentrópico na


turbina ideal.

W real
εt = • • • • • •
(3.8)
(af 1 . m1 )− (af 2 . m2 ) − (af 3 . m3 ) − (af 4 . m 4 ) − (af 5 . m 5 ) − (af 6 . m 6 )

A destruição total de disponibilidade da turbina, devido à irreversibilidade interna e a


perda de calor ao meio ambiente, pode ser calculada pelo balanço de disponibilidade,
através da equação 2.11, adequada ao volume de controle da turbina :

Af1 − ( Af 2 + Af 3 + Af 4 + Af 5 + Af 6 ) − Aq − Aw − I = 0 (3.9)

ou seja:

Aq + I = Af1 − ( Af 2 + Af 3 + Af 4 + Af 5 + Af 6 ) − Aw (3.10)

O termo Aq + I corresponde à soma das irreversibilidades externa e interna.

3.2.3. BOMBA DE ALTA PRESSÃO

No ciclo teórico Rankine Regenerativo, tem-se pelo menos duas bombas, sendo uma de
baixa e outra de alta pressão. A bomba de baixa pressão tem a função de bombear o
condensado da saída do condensador para os trocadores de baixa pressão, e a bomba de
alta pressão tem a função de elevar a pressão do líquido que retorne à caldeira.

No caso da UTE, a potência das bombas de alta pressão de condensado é de 400cv. Tais
bombas trabalham em paralelo, porém são projetadas para suportar individualmente
toda a vazão necessária as caldeiras, conforme mostra a fig. 3.5.
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 34

Figura 3.5. Esquema do arranjo do processo de bombeamento de condensado.

De acordo com a numeração apresentada na fig. 3.5 e equações 2.20 e 2.21b, a


eficiência pela Primeira Lei da Termodinâmica é escrita na forma:


m11( h11 − h12I ) (h11 − h12I ) (3.11)
ηb = •
=
(h11 − h12R )
m11(h11 − h12R )

O subscrito (R) no valor da entalpia corresponde ao processo ocorrido na bomba real.

Pela Segunda Lei, tem-se:



m11 (af11 − af12 )
εb = •
(3.12)
W real

O balanço de disponibilidade para a bomba adiabática se reduz a:

Af11 − Af12 + Aw − I = 0 (3.13)

ou seja:

I = Af11 − Af12 + Aw (3.14)

3.2.4. CONDENSADOR

A figura 3.6 mostra do desenho esquemático do processo de transferência de calor


promovido para condensação total do vapor úmido proveniente da turbina.
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 35

Figura 3.6. Desenho esquemático do condensador e torre de resfriamento

Neste estudo, a vazão de vapor e gases dissolvidos para os ejetores não foi considerada.
Assim, sua eficiência pela Segunda Lei é calculada pela equação 2.22 como:

m 9 (af 10 − af 9 )
εc = •
(3.15)
m 7 (af 7 − af 8 )

O balanço de disponibilidade para o condensador se reduz a:

Af 9 + Af 7 − ( Af10 + Af 8 ) − Aq − I = 0 (3.16)

ou seja

Aq + I = Af 9 + Af 7 − ( Af10 + Af 8 ) (3.17)

É importante salientar que apesar de rejeitar uma grande quantidade de calor para a torre
de resfriamento, como a temperatura do fluido de trabalho é relativamente baixa, a
destruição de disponibilidade no condensador é pequena, se comparada à destruição
ocorrida, por exemplo, no processo de combustão e na caldeira.

3.2.5. TROCADORES DE CALOR REGENERATIVOS

Os trocadores de calor regenerativos, mostrados esquematicamente na fig. 3.7, são


equipamentos que aumentam a eficiência global do ciclo, devido à elevação da
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 36

temperatura da água admitida na caldeira. Vapor é extraído dos estágios da turbina e


dirige-se aos trocadores de calor do tipo fechado, onde cede energia ao condensado
elevando sua temperatura. Este condensado é novamente bombeado e retorna à caldeira.
O vapor ao ceder seu calor sensível e latente se condensa e retorna para o ciclo através
do desaerador (aquecedores de alta pressão) ou para o poço quente do condensador
(aquecedor de baixa pressão).

Figura 3.7. Esquema dos trocadores de calor regenerativos de alta pressão


(aquecedores 1 e 2) e de baixa pressão (aquecedor 3), evidenciando os fluxos mássicos

As equações para cálculo das respectivas eficiências e balanços de disponibilidade, com


base na numeração apresentada na fig. 3.7, nas equações 2.22 e 2.11b, respectivamente,
são mostradas a seguir:
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 37

Aquecedor de Baixa Pressão (Aquecedor n° 03):



m15 (af16 − af15 )
ε tbp = •
(3.18)
m13 (af 13 − af14 )

Aq + I = Af13 + Af15 − ( Af 14 + Af16 ) (3.19)

Aquecedor de Alta Pressão (Aquecedor n° 01):



m19 (af 20 − af 19 )
ε tap1 = •
(3.20)
m17 (af 17 − af18 )

Aq + I = Af17 + Af19 − ( Af18 + Af 20 ) (3.21)

Aquecedor de Alta Pressão (Aquecedor n° 02):



m 23 (af 24 − af 23 )
ε tap 2 = • • •
(3.22)
(m 21 af 21 + m 25 af 25 ) − (m 22 af 22 )

Aq + I = Af 21 + Af 23 + Af 25 − ( Af 22 + Af 24 ) (3.23)

O trocador de calor desaerador do tipo aberto, cujo esquema é mostrado na fig. 3.8, tem
a função principal de retirar gases dissolvidos residuais, que poderiam provocar
oxidação nos equipamentos, comprometendo sua vida útil e segurança. Além disto,
promove a elevação da temperatura do condensado proveniente das bombas de baixa
pressão. Neste caso, existe o contato direto do vapor proveniente da extração da turbina
com o fluido de trabalho em uma câmara de mistura, considerada adiabática.
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 38

Figura 3.8. Desenho esquemático do desaerador de baixa pressão.

As equações para cálculo da eficiência do desaerador e respectivo balanço de


disponibilidade, baseiam-se na numeração apresentada na fig. 3.8 e nas equações 2.23 e
2.11b respectivamente. Assim, tem-se:

m29 af 29
ε des = • • •
(3.24)
(m26 af 26 + m27 af 27 + m28 af 28 )

Aq + I = Af 26 + Af 27 + Af 28 − Af 29 (3.25)

3.3 MODELAGEM DA DISPONIBILIDADE QUÍMICA E PCI DOS


COMBUSTÍVEIS

No caso dos combustíveis residuais disponíveis no setor siderúrgico, considera-se que

na composição do GAF estão presentes CO, H2, CO2, CH4 e N2. .Os dados disponíveis
são usualmente fornecidos em base seca e fração molar.

Para os elementos combustíveis oxidantes - CO, H2 e CH4, a disponibilidade é calculada


levando-se em consideração a disponibilidade química e as respectivas pressões parciais
de cada componente da mistura, de acordo com a equação 2.36. Entretanto, para os
elementos não combustíveis presentes na atmosfera – CO2 e N2, somente a
disponibilidade devido à difusão é considerada. Para tal, utiliza-se a equação 2.37.
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 39

No apêndice VIII está descrito a memória de cálculo da disponibilidade química e do


PCI do GAF, bem como a comparação com os valores informados nos relatórios da NG
Metalúrgica, fornecedor da caldeira utilizada na UTE.

No caso do Alcatrão, para o cálculo da disponibilidade e do PCI é normalmente


conhecida sua composição em base úmida e respectiva fração em massa. Os elementos
presentes no Alcatrão são: C, H2, O2, CO2, N2 e H2O.

A equação química, em base molar, pode ser representada da seguinte forma:

x H2 x
[ x C C + x H2H2 + x O2 O 2 + x N2N2 + x H2OH 2 O] + [( x C + − x O2 )O 2 + 3,76( x C + H2 − x O2 )N2 →
2 2 (3.26)
x
x C CO 2 + ( x H2 + x H2O )H2 O + [ x N2 + 3,76( x C + H2 − x O2 )]N 2
2

Para um combustível líquido, a disponibilidade pode ser calculada pela equação 2.33:

λ
⎡ ( xOo 2 ) .( x No 2 )θ ⎤
wdisp = −∆G (To, Po) + R.To. ln ⎢ o β φ

⎢⎣ ( xCO2 ) .( x Ho 2O ) .( x No 2 )ν ⎥⎦

xH 2
onde, λ = ( xC + − xO 2 )
2

xH 2
θ = 3,76.( xC + − xO 2 )
2

β = xC

φ = x H 2 + x H 2O

xH 2
ν = [ x N 2 + 3,76( xC + − xO 2 )]
2

Os valores de − ∆G (To, Po) são tabelados, (Wark, 1990). O número de Gibbs dos
elementos C, H2, O2 e N2, para as condições ambientes To e Po, são nulos.

Para calcular o PCI do alcatrão, utiliza-se a equação empírica 2.39.

3.3.1. COMBUSTÃO ESTEQUIOMÉTRICA

A tabela 3.1 ilustra o cálculo para conversão da fração volumétrica em massa para o Gás
de Alto Forno.
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 40

Tabela 3.1. Procedimento para conversão dos dados do GAF

Componente Composição Fração%vol Massa Conversão Composição

% volume [b]=[a/100] Molecular [c] kg/kmol % massa

[a] [d]=[b]x[c] [e] = [d]/[f]

CO [X1] [b1] 28 [d1] [e1]

H2 [X2] [b2] 2 [d2] [e2]

CO2 [X3] [b3] 44 [d3] [e3]

CH4 [X4] [b4] 16 [d4] [e4]

N2 [X5] [b5] 28 [d5] [e5]

Total [Σg] = 100 1 - [Σd] = [f] [Σe] = 1

Componente Análise molar kmol/kg Análise molar

[g] = [e]/[c] kmol/100kg

[g1] = {[e]/[c]}*100

CO [g1] [h]

H2 [g2] [i]

CO2 [g3] [j]

CH4 [g4] [k]

N2 [g5] [l]

Total [Σg] [h + i + j+ k+ l]
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 41

O balanço de massa para a combustão é escrita na forma:

h i h i
[hCO + iH 2 + jCO2 + kCH 4 + lN 2 ] + [ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 →
2 2 2 2
h i
[h + j + k ]CO2 + [i + 2k ]H 2 O( g ) + {l + 3,76[ + + 2k ]}N 2
2 2

A massa de oxigênio necessária para a queima do GAF é calculada com base na


equação 2.28 para o ar seco padrão, na forma:

n°kmolO2
mO 2 = xMM O2 (3.27)
mc

A massa de nitrogênio fornecida na queima do GAF é calculada para ar seco padrão:

n°kmol N 2
mN 2 = xMM N 2 (3.28)
mc

A massa total é a soma das massas de nitrogênio e oxigênio. Assim, tem-se:

mar1 = mo 2 + m N 2 (3.29)

As vazões mássicas de GAF e de ar são calculadas pelas equações 2.29 e 2.30,


respectivamente.

Conhecida a massa específica do ar, sua vazão volumétrica é determinada pela equação:

• m ar1
V ar1 = (3.30)
ρ ar

No caso do Alcatrão, são conhecidas sua composição em base úmida e a fração em


massa. A conversão dos dados para a análise molar obedece ao procedimento
apresentado na tabela 3.2.
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 42

Tabela 3.2. Procedimento para conversão dos dados do Alcatrão, referenciado para
100kg de combustível

Elemento Composição Massa Conversão

% massa[a] Molecular[b] kmol/100 kg [a]/[b]

C [a1] 12 [m]

H2 [a2] 2 [n]

O2 [a3] 32 [o]

N2 [a4] 28 [p]

H2O [a5] 18 [q]

Total 100 - -

A equação de sua combustão é escrita na forma:

n n
[mC + nH 2 + oO2 + pN 2 + qH 2 O] + [m + − o]O2 + 3,76[m + − o]N 2 →
2 2
n
mCO2 + [n + q]H 2 O( g ) + { p + 3,76[m + − o]}N 2
2

As equações para cálculo da massa de oxigênio e nitrogênio necessárias para a queima


de 100 kg de alcatrão são similares àquelas apresentadas para o GAF.

Portanto, a vazão total de ar para a queima do alcatrão e do GAF é dada por:


• • •
m ar 3 = m ar1 + m ar 2 (3.31)

sendo a vazão total dos combustíveis calculada pela equação:


• • •
m c = m GAF + m Alc (3.32)

A razão ar/combustível teórica é dada por:



m ar 3
ra / c = •
(3.33)
m comb
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 43


Conhecida a massa específica do ar, sua vazão volumétrica total ( V ar 3 ) é calculada de
forma similar à equação 3.24. O coeficiente de excesso de ar ( α ) é , então ,


V arR (3.34)
α= −1

V ar 3

onde os subscritos (R) e (3) correspondem aos valores real e estequiométrico,


respectivamente.

3.3.2. COMBUSTÃO COM EXCESSO DE AR

O procedimento apresentado para a combustão com excesso de ar é bastante similar ao


adotado para valores estequiométricos.

As equações da combustão, considerando-se o coeficiente de excesso de ar, são


expressas na forma:

Para o Gás de Alto Forno:

h i h i
[hCO + iH 2 + jCO2 + kCH 4 + lN 2 ] + [α + 1]{[ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 } →
2 2 2 2
h i
[h + j + k ]CO2 + [i + 2k ]H 2 O( g ) + {l + 3,76[ + + 2k ]}N 2
2 2
h i h i
+ α {[ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 }
2 2 2 2

(3.35)

Para o Alcatrão:

n n
[mC + nH 2 + oO2 + pN 2 + qH 2 O] + [α + 1]{[m + − o]O2 + 3,76[m + − o]N 2 } →
2 2
n n n
mCO2 + [n + q]H 2 O( g ) + { p + 3,76[m + − o]}N 2 + α {[ m + − o]O2 + 3,76[m + − o]N 2 }
2 2 2
(3.36)

As equações para cálculo de vazões mássicas e volumétricas são similares ao discutido


anteriormente.

Deve-se salientar que,a medida do excesso de oxigênio nos gases de exaustão pode ser
utilizada como um fator de controle da combustão. Para um excesso de ar conhecido na
caldeira, é possível saber qual a fração volumétrica correspondente de oxigênio nos
gases de exaustão. Portanto, um valor acima do esperado indica queima incompleta na
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 44

caldeira, o que resultará na liberação de gases nocivos, tais quais CO e NOx , além de
perda na disponibilidade química.

A parcela de excesso de oxigênio correspondente ao GAF, nos gases de exaustão é


calculada, através da análise dos gases de exaustão. Assim, o balanço da combustão,
fornece:

h i h i
[hCO + iH 2 + jCO2 + kCH 4 + lN 2 ] + [α + 1]{[ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 } →
2 2 2 2
h i
[h + j + k ]CO2 + [i + 2k ]H 2 O( g ) + {l + 3,76[ + + 2k ]}N 2
2 2
h i h i
+ α {[ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 }
2 2 2 2

(3.37)

A relação mássica estequiométrica de ar/ combustível para o GAF foi calculada através
da equação 2.24. Para a combustão com de excesso de ar, a relação ar/combustível para
o GAF utiliza-se a equação 2.25 rearranjada:

( mo 2 + m N 2 )
ra / c = (α + 1) (3.38)
mGAF

A massa total dos produtos é dada por:

m prod = mcomb + mar (3.39)

Os produtos da combustão são mostrados na tabela 3.3, cujo procedimento apresentado


permite determinar a fração volumétrica de cada componente.
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 45

Tabela 3.3. Procedimento para obtenção da fração volumétrica dos gases de exaustão
do GAF, considerando 100kg decombustível

Elementos Análise molar Análise molar Análise Massa Composição


(produtos) kmol/mprodkg [r] kmol/193,7kg molar Molecular %massa
[r] kmol/kg [t] [u]={[s]x[t]}
[s]

CO2 [h + j + k ] [r1] [s1] 44 [u1]

H2O [i + 2k ]H 2 O( g ) [r2] [s2] 18 [u2]

O2 h i [r3] [s3] 32 [u3]


α {[ + + 2k ]O2
2 2

N2 h i [r4] [s4] 28 [u4]


{{l + 3,76[ + + 2k ]} +
2 2
h i
α {3,76[ + + 2k ]}}N 2
2 2

Total - [Σr] [Σs] = [v] - [Σu] = 1

Elementos Conversão Conversão Fração%vol Fração%vol


(produtos) kg/kmol kg/kmol [y] = [x/t] [z] = [y]*100

[w] = 1/[v] [x] = [w]x[u]

CO2 - [x1] [y1] [z1]

H2O - [x2] [y2] [z2]

O2 - [x3] [y3] [z3]

N2 - [x4] [y4] [z4]

Total [w] [Σx] 1 100


Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 46

Para a parcela correspondente à queima do alcatrão, tem-se:

n n
[mC + nH 2 + oO2 + pN 2 + qH 2 O ] + [α + 1]{[m + − o]O2 + 3,76[m + − o]N 2 } →
2 2
n n n
mCO2 + [ n + q]H 2 O ( g ) + { p + 3,76[m + − o]}N 2 + α {[ m + − o]O2 + 3,76[m + − o] N 2 }
2 2 2
(3.40)

As relações mássicas de ar/ combustível para o alcatrão, estequiométrica e com excesso


de ar, são calculadas conforme apresentada para o GAF.

A tabela 3.4 evidencia o procedimento de cálculo da fração volumétrica dos gases de


exaustão produzidos na queima do alcatrão.

Tabela 3.4. Procedimento para obtenção da fração volumétrica dos gases de exaustão
do Alcatrão, considerando 100kg de combustível.

Elementos Análise molar Análise molar Análise Massa Composição


(produtos) kmol/mprod kg[r] kmol/740,3kg [r] molar Molar %massa
kmol/kg [s] [t] [u]={[s]x[t]}

CO2 mCO2 [r1] [s1] 44 [u1]

H2O [ n + q ]H 2 O ( g ) [r2] [s2] 18 [u2]

O2 n [r3] [s3] 32 [u3]


α {[m + − o]O2
2

N2 [r4] [s4] 28 [u4]

n
{{ p + 3,76[m + −
2
n
α {3,76[m + − o]}
2

Total - [Σr] [Σr] = [v] - [Σu] = 1


Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 47

Elementos Conversão Conversão Fração%vol Fração%vol


(produtos) kg/kmol kg/kmol [y]=[x/t] [z]=[y]*100

[w]=1/[v] [x]=[w]x[u]

CO2 - [x1] [y1] [z1]

H2O - [x2] [y2] [z2]

O2 - [x3] [y3] [z3]

N2 - [x4] [y4] [z4]

Total [w] [Σx] = 28,698 [Σy] = 1 [Σz] = 100

Nos gases de exaustão estão presentes os produtos da queima do alcatrão e do GAF em


proporções variadas. Para cálculo da fração volumétrica total do oxigênio nos gases de
exaustão é necessário determinar as contribuições individuais de cada combustível.

A vazão mássica de GAF é calculada a partir da equação 2.29 e como a vazão do



alcatrão ( m Alc ) é conhecida, a fração mássica de GAF e alcatrão, é dada por:

m GAF

= rGAF / Alc (3.41)
m Alc

Sendo a soma dos combustíveis:

m Alc + m GAF = mtotal (3.42)

Para a combustão com de excesso de ar, a relação ar/combustível para o GAF é


avaliada de acordo com a equação 3.38. Assim, a massa total dos produtos é:

Para o Gás de Alto Forno

m prod 1 = mGAF + mar (3.43)

Para o alcatrão:

m prod 2 = m Alc + mar (3.44)

Para 100 kg de combustível (GAF e alcatrão):


Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 48

m prod 3 = m prod 1 + m prod 2 (3.45)

Para cálculo da fração volumétrica dos elementos dos produtos da combustão da mistura
de GAF e Alcatrão, é necessário obter-se a fração mássica de cada elemento da mistura,
conforme procedimento exemplificado na tabela 3.5.

Tabela 3.5. Procedimento para obtenção da fração volumétrica dos gases de exaustão
da mistura GAF e Alcatrão.

Elementos Composição Composição Massa Massa total[kg] Composição

(produtos) %massa GAF %massa Molecular[t] [c]=[a]x mprod1 %massa


[a] Alcatrão [b] + [b]x mprod2 [w]=[c]/[u]

CO2 [a1] [b1] 44 [c1] [w1]

H2O [a2] [b2] 18 [c2] [w2]

O2 [a3] [b3] 32 [c3] [w3]

N2 [a4] [b4] 28 [c4] [w4]

Total [Σa] = 1 [Σb] = 1 - [Σc] = [u] [Σw] = 1

Elementos Análise molar Análise N° moles da kg/kmol kg/kmol

(produtos) GAF molar mistura[kmol] [m]=[v]x[w]

kmol/kg [s] Alcatrão [j] = [s] x

kmol/kg[x] mprod1

+ [x] x mprod2

CO2 [s1] [x1] [j1] - [m1]

H2O [s2] [x2] [j2] - [m2]

O2 [s3] [x3] [j3] - [m3]

N2 [s4] [x4] [j4] - [m4]

Total [Σs] [Σx] [Σj] = [t] [v]=[u]/[t] [Σm] = [v]


Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 49

Elementos Fração vol Vol %i

(produtos) [y]=[m]/[t] [z]=[y]*100

CO2 [y1] [z1]

H2O [y2] [z2]

O2 [y3] [z3]

N2 [y4] [z4]

Total [Σy] = 1 [Σz] = 100

A fração volumétrica ideal de cada componente dos gases de exaustão (Vol %i) para um
determinado coeficiente de excesso de ar é encontrada. A partir dos valores reais desses
componentes, pode-se verificar o desvio. Quanto maior for o desvio de O2, por
exemplo, maior será a presença de gases nocivos ao meio ambiente, tais quais NOx e
CO.

3.4. - FLUXOGRAMA DO PROGRAMA EM EES

Neste tópico apresenta-se um programa computacional desenvolvido no ambiente EES


– Engineering Equation Solver, para cálculo da eficiência da Usina Termelétrica do
Barreiro, cálculo da disponibilidade dos combustíveis e análise da combustão. A
finalidade desse programa é automatizar os cálculos dos apêndices I a IX.
A modelagem é a base do programa, que é dividido em sub-rotinas através das quais são
calculadas, em seqüências de operações estruturadas, as eficiências dos equipamentos
principais, a eficiência global do Ciclo Rankine, a disponibilidade e o PCI dos
combustíveis, o coeficiente de excesso de ar e a fração volumétrica dos gases de
exaustão.
O fluxograma do programa é apresentado a seguir:
Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 50

Entrada de dados dos equipamentos e dos combustíveis.

Determinação das propriedades termodinâmicas.

Cálculo da disponibilidade e PCI dos combustíveis.

Cálculo do coeficiente de excesso de ar e fração volumétrica dos gases de exaustão

Cálculo da eficiência dos equipamentos, do ciclo e global, pela Primeira e Segunda Lei.

Cálculo das irreversibilidades.

Gráficos de saída.

Figura 3.9 –Tela com tabela paramétrica de entrada de dados da turbina.

A seguir, são apresentadas algumas telas do programa desenvolvido (tabela paramétrica


com dados de entrada, entrada da rotina do programa, resultado dos cálculos, layout e
saída gráfica).

Figura 3.10 –Tela com tabela paramétrica de entrada de dados da turbina.


Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 51

Figura 3.11 –Tela de entrada da rotina de cálculo da turbina.

Figura 3.12 –Tela com resultados dos cálculos da combustão.


Capítulo 3 – Modelagem Matemática e Programa Computacional 52

Figura 3.13 –Tela de saída com ilustração da caldeira e dados da combustão

Figura 3.14 –Tela de saída com gráfico da eficiência global

Os cálculos efetuados para a condição de carga nominal (100%) foram realizados nos
apêndices I a IX. Os resultados obtidos através do programa para as condições de carga
(Min, 25%, 50%, 75% e 100%) estão descritos no capítulo 4.
Capítulo 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo, são apresentados os resultados obtidos através de simulações no EES –


Engineering Equation Solver para as condições e propriedades definidas no projeto da
UTE – Barreiro (Toshiba, 2001).

Observou-se o comportamento da eficiência dos equipamentos principais, do ciclo e


global do sistema em função do carregamento da UTE nas seguintes condições: Min
(1751kW), 25% (4032kW), 50% (6985kW), 75% (9943kW) e 100% (12907kW).

Avaliou-se, ainda, o comportamento da disponibilidade e PCI dos combustíveis em


função da vazão e da composição química, bem como a fração volumétrica dos gases de
exaustão em relação ao coeficiente de excesso de ar.

Os cálculos acima descritos para a condição nominal de projeto (12907kW) estão


detalhados nos apêndices I a IX.

4.2.GRUPO TURBO-GERADOR

A eficiência de projeto do grupo turbo-gerador pela Primeira Lei da Termodinâmica


(Toshiba, 2001), para a condição de carga nominal (12907kW), é de 74,69%, incluindo-
se o redutor de velocidade, gerador e mancais. Tal valor foi ratificado pelos cálculos
obtidos a partir do EES, que incluiu também a determinação da eficiência pela Segunda
Lei. Os resultados para as diferentes cargas estão representados na fig. 4.1.

53
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 54

Eficiência Grupo Turbo Gerador


1

0,9

0,8

0,7

0,6

Eficiência
0,5

0,4

0,3

0,2
ε TG
0,1 η TG

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [kW]

Figura 4.1 – Evolução da eficiência do grupo turbo gerador em função das condições
de carga.

Na figura 4.1 nota-se o decréscimo da eficiência da turbina com a redução do


carregamento. Esse decréscimo é esperado, visto que a turbina é projetada para atender
sua condição nominal (12907kW) na maior parte do tempo. Observa-se também, que a
eficiência pela Segunda Lei é maior que pela Primeira Lei, comportamento não usual,
mas relatado na literatura por Li (1996) e Kotas (1995). Isso ocorre em função da
Primeira Lei considerar como limite máximo a potência isoentrópica, além da conversão
integral da energia térmica em trabalho mecânico. No caso da Segunda Lei, considera-
se como limite máximo a variação da disponibilidade entre dois estados reais. Nesse
caso, nem todo fluxo de disponibilidade é convertido em trabalho, sendo parte da
disponibilidade consumida no processo devido às suas irreversibilidades internas. Essas
irreversibilidades podem ser mensuradas, permitindo uma análise da qualidade do
processo em questão.

Na figura 4.2 apresenta-se o gráfico da eficiência do grupo turbo gerador, incluída a


válvula de controle de vazão. Observa-se que há, nesse caso, uma redução mais
acentuada da eficiência do grupo turbo-gerador para as menores cargas, conseqüência
do processo fortemente irreversível que ocorre na válvula. Esse aumento da
irreversibilidade se deve ao estrangulamento da passagem do vapor na válvula.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 55

Eficiência Grupo Turbo Gerador - Válvula


1

0,9

0,8

0,7

0,6

Eficiência
0,5

0,4

0,3

0,2
εTGV
0,1 ηTGV

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [kW]

Figura 4.2 – Evolução da eficiência do grupo turbo-gerador – válvula.

A figura 4.3 mostra que a irreversibilidade percentual do grupo turbo-gerador-válvula


decresce com o aumento da potência fornecida, sendo o valor mínimo correspondente à
condição nominal de projeto (12907kW).
Irreversibilidade % Grupo Turbina Gerador Válvula
100

90

80

70
Irreversibilidade %

60

50

40

30

20

10 I%TGV

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [kW]

Figura 4.3 – Irreversibilidade percentual do Grupo turbo gerador, incluída a válvula


de controle.

4.3.CONDENSADOR

Observa-se na fig. 4.4, uma redução da eficiência do condensador pela Segunda Lei
para maiores condições de carregamento, atribuída ao aumento da irreversibilidade do
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 56

fluido de trabalho. Li (1996) demonstra que a irreversibilidade aumenta para maiores


diferenças finitas de temperatura entre a fonte quente e fria.

A figura 4.5 ilustra o comportamento da diferença entre a temperatura de saturação e a


temperatura do fluido de resfriamento à saída do condensador. Constata-se para maiores
carregamentos, que essa diferença de temperatura cresce assim como a taxa de
transferência de calor a ser rejeitada, contribuindo para o aumento da irreversibilidade
no equipamento térmico e, consequentemente, para a redução de sua eficiência. Na
condição nominal (12907kW), a eficiência do condensador calculada através do EES
pela Segunda Lei é de 47,24%, enquanto para a condição de carga mínima (1751kW), a
eficiência calculada é de 72,62%.

Eficiência do Condensador pela Segunda Lei


1

0,9

0,8

0,7

0,6
Eficiência

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1 εC

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [KW]

Figura 4.4 – Eficiência do condensador pela Segunda Lei.


Capítulo 4 – Resultados e Discussão 57

45

40
Temperatura
Tsat
35
Tsaída

30

25
Min 25% 50% 75% 100%
Carregamento

Figura 4.5 – Comportamento das temperaturas no condensador para diferentes


condições de carga

Na figura 4.6, observa-se o acréscimo da irreversibilidade percentual com o aumento da


potência gerada, conforme discutido anteriormente.
Irreversibilidade % Condensador
8

6
Irreversibilidade %

1 I%C

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [kW]

Figura 4.6 – Irreversibilidade percentual do condensador

4.4. BOMBA DE ALTA PRESSÃO

A eficiência de projeto pela Primeira Lei das bombas de alta pressão para a potência
nominal é de 75% (Toshiba, 2001). Para essa mesma condição, em cálculos realizados
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 58

pelo EES, encontrou-se um valor de 73,3%. De forma análoga à turbina, nota-se na fig.
4.7 que a eficiência da bomba pela Segunda Lei é superior à eficiência pela Primeira
Lei, fato também descrito por Li (1996).
Eficiência Bomba de Alta Pressão
1

0,9

0,8

0,7

0,6
Eficiência

0,5

0,4

0,3

0,2
εB
0,1 ηB

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [KW]

Figura 4.7 – Evolução da eficiência da bomba de alta pressão.

A figura 4.8 apresenta os valores de irreversibilidade percentual da bomba. Da mesma


forma que na turbina, a irreversibilidade percentual decresce à medida que é aumentada
a potência do gerador, porém, em níveis relativamente mais baixos do que os valores
encontrados no grupo turbo gerador - válvula.

4.5. TROCADORES DE CALOR REGENERATIVOS

Na figura 4.9 observa-se que a eficiência do trocador de calor de alta pressão 01


aumenta com o incremento do carregamento, sendo praticamente constante a partir de
6985kW, ou seja, 50% do carregamento nominal. Conforme discutido anteriormente na
análise do condensador, observa-se na fig. 4.10 que a curva da eficiência acompanha o
comportamento da diferença de temperatura média entre os fluidos quente e frio. Na
condição nominal, a eficiência pela Segunda Lei é de 88,42%.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 59

Irreversibilidade % Bomba de Alta Pressão


2

1,8

1,6

1,4

Irreversibilidade %
1,2

0,8

0,6

0,4

0,2
I%B
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [kW]

Figura 4.8 – Irreversibilidade percentual da bomba de alta pressão.

Eficiência Trocador de Calor Alta Pressão 01


1

0,95

0,9

0,85
Eficiência

0,8

0,75

0,7

0,65 ε Tap1

0,6
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [KW]

Figura 4.9 – Evolução da eficiência do trocador de calor 01 de alta pressão para


diferentes condições de carga
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 60

300,0 95,0

Diferença de temperatura
250,0 90,0

Temperatura 200,0
Média TQ
85,0
150,0 Média TF
80,0 (TQ-TF)
100,0

50,0 75,0

0,0 70,0
Min 25% 50% 75% 100%
Condições de Carga

Figura 4.10 – Comportamento das temperaturas médias dos fluidos quente (extração)
e frio no Trocador de Calor de Alta Pressão 01

Na figura 4.11, conforme esperado constata-se que o comportamento da


irreversibilidade percentual do trocador de calor 01 de alta pressão acompanha a
tendência das curvas de eficiência e respectiva diferença de temperatura entre os fluidos
quente e frio.

Irreversibilidade % Trocador de Calor 01 de Alta Pressão


1

0,9

0,8

0,7
Irreversibilidade %

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1 I% Tap1

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [kW]

Figura 4.11– Irreversibilidade percentual do trocador de calor 01 de alta pressão.

Na figura 4.12, observa-se que a eficiência do trocador de calor de alta pressão 02


apresenta um suave declínio para maiores cargas decorrente do aumento da diferença
entre as temperaturas médias dos fluidos quente e frio, mostrada na fig. 4.13. Assim
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 61

sendo, verifica-se um aumento no valor da irreversibilidade percentual gerada para


maiores carregamentos, conforme fig. 4.14.

Eficiência trocador de Calor de Alta Pressão 2


1

0,9

0,8

0,7

0,6
Eficiência

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1 ε Tap2

0
2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [KW]

Figura 4.12 – Evolução da eficiência do trocador de calor 02 de alta pressão.

300 95

Diferença de temperatura
250 90
Temperatura

200
85 Média TQ
150 Média TF
80 (TQ-TF)
100

50 75

0 70
Min 25% 50% 75% 100%
Condições de Carga

Figura 4.13 - Temperatura média do fluido quente (extração) versus temperatura média
do fluido frio no trocador de calor 02 de alta pressão.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 62

Irreversibilidade % Trocador de Calor de Alta Pressão 2


2,5

Irreversibilidade %
1,5

0,5

I% Tap2

0
2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr (kW)

Figura 4.14 – Irreversibilidade percentual do trocador de calor 02 de alta pressão.

A avaliação para o trocador de calor de baixa pressão é bastante similar. Verificou-se


uma redução acentuada em sua eficiência pela Segunda Lei com o incremento do
carregamento, conforme mostrado na figura 4.15. Tal fato é novamente explicado pelo
comportamento das respectivas temperaturas dos fluidos quente e frio, apresentado na
fig. 4.16.

Eficiência Trocador de Calor de Baixa Pressao


1

0,9

0,8

0,7

0,6
Eficiêcia

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1 ε Tbp

0
2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [KW]

Figura 4.15– Eficiência do trocador de baixa pressão pela segunda lei.


Capítulo 4 – Resultados e Discussão 63

300 30

Diferença de temperatura
250 25

Temperatura
200 20
Média TQ
150 15 Média TF
(TQ-TF)
100 10

50 5

0 0
25% 50% 75% 100%
Condições de Carga

Figura 4.16 - Temperatura média do fluido quente (extração) versus temperatura


média do fluido frio no trocador de calor 03 de baixa pressão.

Na figura 4.17 apresenta-se o gráfico da irreversibilidade percentual que evidencia um


aumento em relação ao maior carregamento, decorrente das menores eficiências obtidas
pela Segunda Lei.
Irreversibilidade % Trocador de Calor de Baixa Pressão
1,4

1,2

1
Irreversibilidade %

0,8

0,6

0,4

0,2
I%Tbp
0
2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [kW]

Figura 4.17 – Irreversibilidade percentual do trocador de calor de baixa pressão.

Na figura 4.18 observa-se o aumento da eficiência do desaerador em função do


incremento da carga gerada. O valor calculado da eficiência pela Segunda Lei do
trocador de calor desaerador na condição nominal é de 93,26%. O comportamento da
irreversibilidade é observado na fig. 4.19. Os valores obtidos são explicados pelas
características operacionais no desaerador. Para menores cargas, o vapor admitido no
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 64

desaerador é proveniente da segunda extração, apresentando, portanto, valores mais


elevados de temperatura. Como as condições de saída do desaerador estão fixadas,
verifica-se maior destruição de disponibilidade nestas condições.
Eficiência Trocador de Calor Desaerador
1

0,9

0,8

0,7

0,6
Eficiência

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1 ε TD

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [KW]

Figura 4.18 – Evolução da eficiência do trocador de calor desaerador.

Irreversibilidade % Desaerador
2,25

1,85
Irreversibilidade %

1,45

1,05

0,65

I%D
0,25
2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [kW]

Figura 4.19– Irreversibilidade percentual do trocador de calor desaerador

4.6 CALDEIRA

A eficiência de projeto da caldeira pela Primeira Lei (Toshiba, 2001), para a condição
nominal (12907kW), é de 90%. O valor encontrado pelos cálculos para a Primeira Lei
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 65

foi de 88%, considerando-se os valores nominais de vazão dos combustíveis e carga


nominal da máquina.

Na figura 4.20, apresenta-se a eficiência da caldeira pela Primeira e Segunda Lei.


Observa-se que a eficiência na caldeira pela Primeira Lei é superior à eficiência pela
Segunda. Isto se deve ao fato da Primeira Lei considerar apenas o balanço de energia no
equipamento, em que as perdas térmicas referentes à transferência de calor pelo costado
e ao combustível não queimado foram da ordem de 12% para a condição nominal.

No cálculo da eficiência pela Segunda Lei compara-se a disponibilidade efetivamente


absorvida pelo fluido de trabalho com a disponibilidade total do combustível.
Eficiência da Caldeira pelas Primeira e Segunda Lei
1

0,9

0,8

0,7

0,6
Eficiência

0,5

0,4

0,3

0,2
η cald
0,1 ε cald

0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [KW]

Figura 4.20 – Evolução da eficiência da caldeira para diferentes condições de carga

O comportamento da irreversibilidade percentual da caldeira é mostrado na fig. 4.21.


Os níveis obtidos para tal irreversibilidade são os mais elevados, dentre todos os
equipamentos analisados. Constata-se, ainda, um grande aumento da irreversibilidade
percentual para pequenas cargas. Isto ocorre em função da necessidade de se manter na
caldeira pressões e temperaturas próximas para todas as situações de carregamento.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 66

Irreversibilidade % da Caldeira
380

360

340

320

Irreversibilidade %
300

280

260

240

220

200

180
I% Cald
160

0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000


Wr [KW]

Figura 4.21 – Irreversibilidade percentual da Caldeira

4.7. CICLO RANKINE REGENERATIVO

Na figura 4.22, observa-se uma grande variação da eficiência global do ciclo em função
da carga, para ambas as Leis da Termodinâmica. Tal fato ocorre principalmente em
função do estrangulamento da válvula de entrada da turbina e da influência das
extrações de vapor. Nota-se que a eficiência pela Segunda Lei é sempre menor do a
obtida pela Primeira decorrente da grande irreversibilidade gerada na caldeira em todas
as situações de carregamento. Esse comportamento é previsto nos textos clássicos, Li
(1996).

A eficiência global do sistema pela Primeira Lei (Toshiba, 2001), é de 25,79% para
carga nominal (12907kW) que concorda com o valor encontrado pela simulação com o
EES.

4.8. ANÁLISE DA IRREVERSIBILIDADE

Os valores de irreversibilidade percentual dos equipamentos para carga nominal estão


sumarizados no gráfico da figura 4.23. Dessa forma, pode-se avaliar o impacto de cada
equipamento na destruição total da disponibilidade da planta industrial.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 67

Eficiência Global pelas Primeira e Segunda Lei


1

0,9

0,8

0,7

0,6

Eficiência
0,5

0,4

0,3

0,2
η Glo
0,1
ε Glo
0
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Wr [KW]

Figura 4.22 – Evolução da eficiência global do sistema pelas Primeira e Segunda Lei.

300
Irreversibilidade Percentual (%)

250

200

150

100

50

0
Turbo Gerador Condensador Caldeira Outros

Figura 4.23 – Irreversibilidade percentual por equipamentos na condição de carga


nominal

Deve-se salientar que os valores percentuais calculados são relativos à potência


fornecida pelo gerador em cada condição de carga. Assim, constata-se que a geração de
uma potência de 12907kW é acompanhada por uma destruição de disponibilidade de
energia na caldeira da ordem 29313 kW, ou seja, 2,27 vezes superior. A participação
dos trocadores de calor e da bomba de alta pressão foi agrupada no item outros,
correspondente a uma irreversibilidade gerada de apenas 3,53% da potencia nominal.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 68

O gráfico da fig. 4.24, recalcula a participação de cada equipamento na irreversibilidade


total gerada, considerada agora como 100%. Evidencia-se, assim, a caldeira e o grupo
turbo-gerador como os equipamentos com maior potencial de otimização. Para as outras
condições de carga, os níveis de participação dos equipamentos são bastante similares.

Outros
1,61% Turbo Gerador
10.54% Condensador
2,39%

Caldeira
85,46%

Figura 4.24 – Participação de cada equipamento na irreversibilidade total gerada na


condição de carga nominal

4.9. DISPONIBILIDADE DO GAF

No apêndice VI, apresentam-se os cálculos detalhados da disponibilidade específica do


GAF a partir de dados de vazão volumétrica e composição química em base seca
informados pelo fabricante da caldeira (Equipalcool Sistemas, 2002), e dados tabelados
(Li, 1996). Os cálculos realizados com o programa em EES demonstram que a
concentração do monóxido de carbono influencia substancialmente a disponibilidade do
GAF. De acordo com a fig. 4.25, observa-se que a disponibilidade específica do GAF
aumenta linearmente com o acréscimo do percentual de CO. Considera-se, neste caso,
uma redução proporcional de todos os outros elementos presentes no GAF.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 69

Disponibilidade Específica do GAF versus %CO

4800

Disponibilidade específica (kJ/Nm³)


4500

4200

3900

3600

3300
a GAF

18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
xCO[%]

Figura 4.25 - Disponibilidade específica do GAF em função da concentração de


monóxido de carbono.

Através do valor da disponibilidade obtida, calcula-se o poder calorífico inferior PCI do


GAF em função da sua composição química. Os cálculos apresentados no Apêndice VI
baseiam-se na composição química informada no relatório do fabricante da caldeira
(Equipalcool Sistemas, 2002), obtendo-se um PCI da ordem de 3923kJ/Nm³. Na fig.
4.26, observa-se o comportamento do PCI para uma variação do teor de CO entre 20 e
28%. Os valores do PCI do GAF obtidos estão em concordância com a faixa definida no
relatório citado, entre 3349 a 4189kJ/Nm3.

Nas figuras 4.27 e 4.28, apresentam-se os gráficos da disponibilidade total e do poder


calorífico inferior em função da vazão volumétrica do GAF, para uma composição
típica do monóxido de carbono igual a 24% em base seca.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 70

PCI Específico do GAF versus %CO


4700

4500

4300

PCI específico (kJ/Nm³)


4100

3900

3700

3500
PCI GAF
3300
18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
xCO [%]

Figura 4.26 – Poder calorífico inferior específico do GAF em função da concentração


de monóxido de carbono

Disponibilidade Total do GAF(24%CO) x Vazão Volumétrica


52000

51000
Disponibilidade Total (kW)

50000

49000

48000

47000

46000
A GAF
45000
11 11,2 11,4 11,6 11,8 12 12,2 12,4 12,6 12,8
VGAF [m3/s]

Figura 4.27. Disponibilidade total do GAF versus Vazão volumétrica do GAF


Capítulo 4 – Resultados e Discussão 71

PCI Total do GAF (24%CO) x Vazão Volumétrica


51000

50000

49000

PCI total (kW)


48000

47000

46000

45000
PCIT;GAF
44000
11 11,2 11,4 11,6 11,8 12 12,2 12,4 12,6 12,8
VGAF [m3/s]

Figura 4.28 - PCI total do GAF versus Vazão volumétrica do GAF.

4.10. DISPONIBILIDADE DO ALCATRÃO

No apêndice VII, são apresentados os cálculos da disponibilidade específica do Alcatrão


em função de sua composição química, a partir dos dados de vazão mássica
(Equipalcool Sistemas, 2002) e composição química do Alcatrão em base seca (França,
2004) e (Li, 1996). Os resultados obtidos a partir da simulação com o EES e
apresentados no gráfico da fig. 4.29 mostram que seu teor de umidade altera
substancialmente a disponibilidade do Alcatrão. Constata-se um decréscimo linear da
disponibilidade específica do Alcatrão com o aumento da umidade presente, conforme
esperado.

Segundo técnicos da UTE, há uma grande variação da umidade do Alcatrão utilizado na


UTE Barreiro da ordem de 15 a 25%. Cálculos apresentados no apêndice VII mostram
que tal faixa de umidade acarretará valores de PCI entre 26879 e 20434,
respectivamente, de acordo com o gráfico da figura 4.30.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 72

Disponibilidade Específica do Alcatrão versus %H2O


28000

27000

26000

Disponibilidade específica (kJ/kg)


25000

24000

23000

22000

21000

20000

19000

18000

17000 a Alc
16000
0 5 10 15 20 25 30 35
xH2O [%]

Figura 4.29 – Variação da disponibilidade específica do Alcatrão em função do teor de


umidade presente.
PCI Específico do Alcatrão versus % H2O
25000

24000

23000
PCI específico (kJ/kg)

22000

21000

20000

19000

18000

17000
PCI Alc

16000
0 5 10 15 20 25 30 35
xH2O [%]

Figura 4.30 - PCI específico do Alcatrão em função do teor de umidade presente.

Nas figuras 4.31 e 4.32, apresentam-se os gráficos da disponibilidade total e do poder


calorífico inferior total em função da vazão mássica do Alcatrão, para um teor de
umidade presente de 25%.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 73

Disponibilidade Total Alcatrão (25%H2O) versus Vazão Mássica

6000

5500

Disponibilidade Total (kW)


5000

4500

4000

3500

3000

2500 A Alc

2000
0,12 0,14 0,16 0,18 0,2 0,22 0,24 0,26 0,28 0,3
mAlc [kg/s]

Figura 4.31 - Disponibilidade total do Alcatrão versus vazão mássica

PCI Total do Alcatrão (25%H2O) versus Vazão Mássica


6000

5500

5000
PCI Total (kW)

4500

4000

3500

3000

2500
PCI Alc
2000
0,12 0,14 0,16 0,18 0,2 0,22 0,24 0,26 0,28 0,3
mAlc [kg/s]

Figura 4.32 – PCI total do Alcatrão versus Vazão mássica

4.11. COMBUSTÃO E ASPECTOS AMBIENTAIS

Todos os efluentes (rejeitos sanitários e industriais) da UTE têm a mesma destinação


dos providos pela VMB – Vallourec & Mannesman do Brasil, ou seja, a rede de esgoto
da PROSAM – Programa de Saneamento Ambiental e ETE – Estação de Tratamento de
Efluentes.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 74

As emissões de gases para a atmosfera foram projetadas para atender juntamente com os
efluentes, a licença ambiental prévia concedida pela Fundação Estadual do Meio
Ambiente, FEAM – Fundação Estadual de Meio Ambiente. Para tanto, a UTE Barreiro
será futuramente monitorada com um analisador contínuo do teor de CO2 presente nos
gases de exaustão na chaminé da Termelétrica. Além disso, a relação Alcatrão/GAF
deve ser sempre inferior a 1/54 no fornecimento dos combustíveis para a Caldeira.

No apêndice VIII, são detalhados os cálculos para determinação da vazão


estequiométrica de ar fornecida e o coeficiente de excesso de ar e, no apêndice IX,
calcula-se a fração ideal dos componentes dos gases de exaustão para a combustão com
excesso de ar.

Para o desenvolvimento desses cálculos, adotaram-se as composições do GAF e


Alcatrão, citadas nos apêndices VI e VII com base nas vazões nominais de projeto para
carga nominal (12907kW). O valor calculado para o coeficiente de excesso de ar para
tais condições é de 0,203, confirmando o valor projetado.

As simulações geradas com o programa EES demonstram o comportamento


praticamente linear da vazão estequiométrica de ar em função da vazão mássica de
combustível, mostrada na fig. 4.33. Neste caso, é considerada a soma das vazões de
GAF e Alcatrão (fixada em 0,139kg/s) para as condições de vazão volumétrica de GAF
superior a 7Nm3/s, ou seja, 50% da carga total. Para vazões de GAF inferiores a esse
valor, não há queima de Alcatrão.

Para se avaliar a influência da vazão de ar real, e conseqüentemente, do coeficiente de


excesso de ar na queima dos combustíveis na caldeira, manteve-se a vazão nominal dos
combustíveis em regime de carga máxima (11,5 Nm³/s de GAF e 0,139kg/s de
Alcatrão).
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 75

Vazao de ar versus Vazao de Combustivel


11

10

Vazão de ar (m³/s)
7

1 Var

0
2 4 6 8 10 12 14 16
mcomb [kg/s]

Figura 4.33 – Vazão volumétrica de ar teórica versus vazão mássica de combustível

A fração de oxigênio nos gases de exaustão permite monitorar a qualidade da


combustão. Valores reais muito superiores aos valores calculados indicam queima
incompleta na caldeira, gerando irreversibilidades além de elevado volume de gases
nocivos ao meio ambiente (CO, NOx).

Da mesma forma, coeficientes de excesso de ar excessivamente altos implicam na


redução da eficiência da Caldeira e, conseqüentemente, da eficiência global do sistema.
Isto ocorre devido à diminuição da temperatura na câmara de combustão. Na fig. 4.34
observa-se a fração volumétrica ideal de oxigênio nos gases de exaustão em função do
coeficiente de excesso de ar.

No próximo capítulo, encontram-se as conclusões mais importantes deste trabalho,


envolvendo os principais resultados e as sugestões para trabalhos futuros.
Capítulo 4 – Resultados e Discussão 76

Fração volumétrica de O2 x Excesso de ar


4,5

Fração volumétrica de O2 (%)


3,5

2,5

1,5

1
Vol%O2

0,5
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
α

Figura 4.34 - Fração volumétrica ideal de O2 nos gases de exaustão versus coeficiente
de excesso de ar para vazão nominal dos combustíveis
Capítulo 5

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS

5.1 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, desenvolveu-se uma análise energética e exergética dos equipamentos


principais e do ciclo da Usina Termelétrica do Barreiro, utilizando o software EES –
Engineering Equation Solver em todas as simulações.

Verificou-se a grande influência da Caldeira no processo irreversível do sistema,


respondendo por praticamente 86% da destruição total de disponibilidade, em todas as
faixas de carregamento analisadas.

A metodologia de cálculo da disponibilidade energética e do PCI dos combustíveis:


GAF – Gás de Alto Forno e Alcatrão Vegetal, desenvolvida neste trabalho, permitiu
avaliar a importância das propriedades físicas e respectivas composições destes resíduos
na eficiência global da planta industrial. Portanto, recomenda-se o monitoramento
continuado da composição desses combustíveis residuais do processo para avaliação de
sua disponibilidade e poder calorífico inferior. Além disso, esse monitoramento cria
subsídios para a implantação de processos para melhoria na obtenção e queima do
alcatrão.

A metodologia desenvolvida permite, ainda, calcular a vazão estequiométrica de ar para


uma mistura dos dois combustíveis residuais, em qualquer proporção. Através de uma
comparação entre os valores simulados e reais para a vazão de ar, obtém-se o
coeficiente de excesso de ar e a composição volumétrica dos gases de exaustão
esperada.

77
Capítulo 5 –Conclusões e Recomendações Finais 78

Recomenda-se, também, a implantação de um programa de monitoramento desses


gases, para identificação do melhor coeficiente de excesso de ar, evitando-se, assim,
emissões desnecessárias de poluentes (CO, NOx e outros) em função da queima
incompleta, bem como vazões excessivas de ar na caldeira.

Na avaliação do Grupo Turbo-Gerador, considerou-se as perdas nos mancais, redutora,


gerador e válvula de controle de vazão. Este equipamento é responsável por cerca de
11% do valor total. Os outros equipamentos: Condensador, Bomba de Alta Pressão e
Trocadores de Calor Regenerativos possuem relativamente pequena influência na
irreversibilidade total, sendo responsáveis em conjunto por apenas 3% do valor final.

Como sugestão para trabalhos futuros, citamos a implantação do monitoramento


informatizado e contínuo dos parâmetros acima relacionados aos combustíveis e
equipamentos da UTE Barreiro, bem como a utilização e adaptação do software em
outras instalações de geração termelétrica e instalações industriais. O software para
cálculo da disponibilidade e PCI dos combustíveis, pode ser utilizado no setor
siderúrgico com o objetivo de demonstrar o potencial energético de resíduos que
atualmente são desprezados nos processos, causando muitas vezes passivos ambientais
de difícil solução. Além da eliminação desses passivos, há a possibilidade de sua
utilização para geração de energia.
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Apêndice I

CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA TURBINA

I.1.INTRODUÇÃO

Conforme informado no capítulo 3, a turbina da UTE Barreiro possui quatro extrações


de vapor, sendo duas para os aquecedores regenerativos de alta pressão, uma para o
desaerador e outra para o aquecedor de baixa pressão. Para o cálculo da eficiência da
turbina, foram utilizados os dados medidos com a máxima geração.

Figura I. 1. Volume de controle da turbina.

83
Apêndice I – Cálculo da Eficiência da Turbina 84

Tabela I.1. Dados de projeto da turbina para


100% da carga (TOSHIBA, 2001).
• •
P p(kPa) p(Bar ) t (°C ) m(kg / s ) m(kg / h)

1 5480 54,80 446,9 16,385 58985


2 2040 20,40 329,4 0,854 3073
3 1211 12,11 271,2 1,624 5847
4 364 3,64 153,7 0,537 1933
5 890 0,89 96,3 0,974 3505
6 90 0,09 43,8 12,138 43698

I. 2.CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA TURBINA PELA PRIMEIRA LEI

O cálculo do rendimento da turbina pela Primeira Lei da Termodinâmica, considerando


as 4 extrações e a exaustão da turbina pode ser efetuado pela equação:

Wreal
ηt = • • • • • •
(I.1)
(h1 . m1 )− (h2 I . m2 ) − (h3I . m3 ) − (h4 I . m4 )− (h5I . m5 )− (h6 I . m6 )

Dados:

Tabela I. 2. Propriedades termodinâmicas obtidas para as condições de projeto


(TOSHIBA, 2001).

h real h ideal s real s ideal


• x
P p(kPa) t (°C ) m(kg / s ) (kJ / kg ) (kJ / kg ) (kJ / kgK ) (kJ / kgK )

1 5480 446,9 16,385 3302,0 - 6,759 - -


2 2040 329,4 0,854 3089,2 3024,1 6,870 6,759 -
3 1211 271,2 1,624 2981,5 2900,6 6,913 6,759 -
4 364 153,7 0,537 2763,8 2664,3 6,998 6,759 -
5 890 96,3 0,974 2557,8 2433,7 7,095 6,759 0,950
6 90 43,8 12,138 2326,5 2127,9 7,385 6,759 0,894

Para o cálculo do título nos pontos 5 e 6, foram calculadas as eficiências dos estágios da
turbina relativos às extrações nos pontos 2, 3, 4 e 5.
Apêndice I – Cálculo da Eficiência da Turbina 85

Onde, x : título do vapor.

Para cada estágio i tem-se:

he − hsI
ηi = (I.2)
he − hsR

Encontra-se então:

η 2 = 0,7657

η 3 = 0,7984

η 4 = 0,8440

Ponto 5:

A eficiência no ponto 5, pode também ser estimada através da interpolação das


eficiências dos estágios subseqüentes. De posse do valor da eficiência no ponto 5,
calcula-se a entalpia real nesse ponto, encontrando então, o título do vapor.

Tabela I.3. Pressão versus Eficiência pela Primeira Lei, relativa às extrações.

p(kPa) η
2040 0,7657
1211 0,7984
364 0,8440
890 ?
90 ?

0,86
0,84
0,82
0,8
0,78
0,76
0 400 800 1200 1600 2000

Figura I.2. Pressão versus Eficiência pela Primeira Lei.


Apêndice I – Cálculo da Eficiência da Turbina 86

A equação que mais se aproxima à curva acima é exponencial, e é utilizada para


calcular a eficiência dos pontos 5 e 6:

η = 0,86024e −0,005811899 P

η 5 = 0,8422

h1 − h5 r
η5 =
h1 − h5 I

h5 r = h1 − η 5 (h1 − h5 I )

h5 r = 2570,7

O valor calculado é 0,5% maior que o valor de projeto.

h5 r ( projeto) = 2557,8

O título do vapor no ponto 5 é calculado através da equação:

h5 r − hLsat
x= (I.3)
hVsat − hLsat

onde, os subscritos Lsat e Vsat correspondem aos termos líquido saturado e vapor
saturado, respectivamente.

Para o ponto 5, t = 96,3°C e p = 890 KPa:

hLsat = 403,4

hVsat = 2670

x5 = 0,9562

x5 ( projeto) = 0,9505

O desvio em relação ao valor de projeto é de 0,6%.

A eficiência na saída da turbina pode ser estimada da mesma forma. De posse do valor
da eficiência no ponto 6, calcula-se a entalpia real nesse ponto, encontrando então, o
título do vapor.

η 6 = 0,8598

h6 r = h1 − η 6 (h1 − h6 I )
Apêndice I – Cálculo da Eficiência da Turbina 87

h6 r = 2292,5

O desvio em relação ao valor de projeto, para a entalpia real no ponto 6, ficou em cerca
de 1,5%.

h6 r ( projeto) = 2326,5

O título do vapor no ponto 6 é calculado através da equação:

h6 r − hLsat
x=
hVsat − hLsat

sendo,

Para o ponto 6, t = 43,8°C e p = 90 kPa:


hLsat = 183,3

hVsat = 2581

x6 = 0,880

O desvio em relação ao valor de projeto, para o título no ponto 6, ficou em cerca de


1,6%.

x6 ( projeto) = 0,894

A eficiência pode ser calculada considerado a potência bruta fornecida pela turbina
através da fórmula (caso A):
• • • • • • •
Wreal = (h1 . m1 )− (h2 r . m2 ) − (h3r . m3 ) − (h4 r . m4 )− (h5 r . m5 )− (h6 r . m6 ) (I.4)


Wreal = 14570kW

Pode também ser considerada a potência útil fornecida pelo gerador (caso B), sendo que
neste caso, já estariam incluídas as perdas eletromecânicas e magnéticas do gerador.

O valor da potência real, seria então, o valor da potência ativa gerada Wreal .


Wreal = 12907kW

Com os dados completos, a eficiência pela Primeira lei é calculada pela equação:

Wreal
ηt = • • • • • •
(h1 . m1 )− (h2 I . m2 ) − (h3I . m3 ) − (h4 I . m4 )− (h5I . m5 )− (h6 I . m6 )
Apêndice I – Cálculo da Eficiência da Turbina 88

Caso A:

14570
ηt =
17218

η t = 0,8462

Caso B:

12907
ηt =
17218

η t = 0,7496

Como era de se esperar, a eficiência cai significantemente em função das perdas no


gerador e mancais.

I.3.CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA TURBINA PELA SEGUNDA LEI

O cálculo da eficiência pelo método da disponibilidade é realizado através da


combinação das Primeira e Segunda Leis da Termodinâmica, através da equação:

Wreal
εt = • • • • • •
(I.5)
(af 1 . m1 )− (af 2 . m2 ) − (af 3 . m3 ) − (af 4 . m 4 ) − (af 5 . m 5 ) − (af 6 . m 6 )

af n = (hn − ho ) − to( s n − s o ) (I.6)

Considera-se para os cálculos, temperatura ambiente de 25°C e pressão atmosférica


local de 0,903 atm ou de 0,915 bar. Para essa situação, os valores de entalpia e entropia
específica são:

ho = 105kJ/kg

s o = 0,367kJ/kgK
Apêndice I – Cálculo da Eficiência da Turbina 89

A disponibilidade de cada ponto pode ser calculada e tabelada, da seguinte forma:

Tabela I.4. Propriedades termodinâmicas obtidas para as condições de projeto.

h real h ideal af Af

P p(kPa) t (°C ) m(kg / s ) (kJ / kg ) (kJ / kg ) (kJ / kg ) (kW )

1 54,8 446,9 16,385 3302 6,759 1291,38 21165,72


2 20,4 329,4 0,854 3089,2 6,870 1045,63 888,78
3 12,11 271,2 1,624 2981,5 6,913 925,08 1498,62
4 3,64 153,7 0,537 2763,8 6,998 681,88 368,22
5 0,89 96,3 0,974 2557,8 7,095 446,82 433,41
6 0,09 43,8 12,14 2326,5 7,385 128,46 1559,47

De posse dos dados acima, calcula-se a eficiência pela Segunda Lei:



Wreal
εt = • • • • • •
(af 1 . m1 )− (af 2 . m2 ) − (af 3 . m3 ) − (af 4 . m 4 ) − (af 5 . m 5 ) − (af 6 . m 6 )
Caso A:

14570
εt =
16417

ε t = 0,8875

Caso B:

12907
εt =
16417

ε t = 0,7862

I.4.CÁLCULO DA DESTRUIÇÃO DE DISPONIBILIDADE NA TURBINA

A destruição total de disponibilidade da turbina, devido à irreversibilidade interna e a


perda de calor ao meio ambiente, pode ser calculada através do balanço de
disponibilidade, através da equação:

Af1 − ( Af 2 + Af 3 + Af 4 + Af 5 + Af 6 ) − Aq − Aw − I = 0 (I.7)

ou,
Apêndice I – Cálculo da Eficiência da Turbina 90

Aq + I = Af1 − ( Af 2 + Af 3 + Af 4 + Af 5 + Af 6 ) − Aw (I.8)

onde,

Af i = m i (af i ) (I.9)


Aw = − W (I.10)

Aq + I , são respectivamente, a destruição de disponibilidade externa e internamente

devido ao processo de obtenção de trabalho na turbina.

Caso A:

Aq + I = 1847kW

Caso B:

Aq + I = 3510kW

Nota-se que para o caso B, já estão computadas as perdas do grupo turbo-gerador, ao


passo que no caso A, essas perdas não são computadas.
Apêndice II

CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DO CONDENSADOR

II.1.INTRODUÇÃO

Conforme já visto no capítulo 3, o condensador é um trocador de calor que rejeita o


calor latente do vapor saturado do último estágio da turbina, transformando o em líquido
saturado, ou ligeiramente comprimido, de forma a ser possível bombeá-lo de volta a
caldeira completando o ciclo.

Figura II.1. Volume de controle do condensador.

II.2.CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DO CONDENSADOR PELA SEGUNDA LEI

A eficiência do condensador pela Segunda Lei pode ser calculada pelo balanço de
disponibilidade entre o fluido quente e o fluido frio, através da equação:

m 9 (af 10 − af 9 )
εc = •
(II.1)
m 7 (af 7 − af 8 )

91
Apêndice II – Cálculo da Eficiência do Condensador 92

sendo,
(af10 − af 9 ) = [(h10 − h9 ) − to( s10 − s 9 )] (disponibilidade do fluxo do fluido frio) (II.2)
e

(af 7 − af 8 ) = [(h7 − h8 ) − to( s 7 − s8 )] (disponibilidade do fluxo do fluido quente) (II.3)

Os dados de projeto do condensador são apresentados a seguir:

Tabela II.1 – Dados de projeto do condensador

coletados para plena carga. (TOSHIBA, 2001).


P p(kPa) t (°C ) x m(kg / s )

7 90 43,8 0,894 12,24


8 90 43,8 0,000 12,24
9 448 30,0 - 905,60
10 100 37,0 - 905,60

Com os dados de pressão e temperatura em cada ponto, encontram-se as outras


propriedades:

Tabela II.2. Propriedades termodinâmicas obtidas para as condições de projeto.

h real s real af Af

P p(kPa) t (°C ) m(kg / s ) (kJ / kg ) (kJ / kgK ) x (kJ / kg ) (kW )

7 90 43,8 12,24 2328,4 7,395 0,895 129,16 1581,00


8 90 43,8 12,24 183,2 0,622 0 2,2829 27,94
9 448 30,0 905,60 126,1 0,436 - 0,5309 480,81
10 448 37,0 905,60 155,3 0,532 - 1,3411 1214,51

A eficiência é calculada através da equação:



m 9 (af 10 − af 9 )
εc = •
m 7 (af 7 − af 8 )

ε c = 0,4724
Apêndice II – Cálculo da Eficiência do Condensador 93

II.3.CÁLCULO DA DESTRUIÇÃO DE DISPONIBILIDADE NO


CONDENSADOR

O balanço de disponibilidade para o volume de controle do condensador é mostrado a


seguir, sabendo que não há trabalho realizado pelo volume de controle.

Af 9 + Af 7 − ( Af10 + Af 8 ) − Aq − I = 0 (II.4)

ou

Aq + I = Af 9 + Af 7 − ( Af10 + Af 8 )

Aq + I = 819,3kW

É importante salientar, que apesar de rejeitar uma grande quantidade de calor para a
torre de resfriamento, devido ao fato da temperatura de saída da turbina ser
relativamente baixa, a destruição de disponibilidade é pequena, se comparada a
destruição ocorrida por exemplo, no processo de combustão e troca de calor na caldeira.
Apêndice III

CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA BOMBA DE ALTA PRESSÃO

III.1. INTRODUÇÃO

Para a modelagem da eficiência da bomba, serão consideradas as bombas de alta


pressão de condensado de 400CV.As duas bombas trabalham em paralelo, porém são
projetadas para suportar individualmente toda a vazão necessária as caldeiras.

Figura III.1. Volume de controle das bombas de alta pressão de condensado.

Os dados de projeto da bomba de alta pressão são apresentados a seguir:

Tabela III. 1 – Dados de projeto das propriedades de entrada e saída das bombas de
alta pressão para plena carga.(TOSHIBA, 2001).


P p(kPa) t (°C ) m(kg / s )

11 190 118,6 16,84


12 6512 119,7 16,84

94
Apêndice III – Cálculo da Eficiência da Bomba de Alta Pressão 95

Tabela III. 2 – Propriedades termodinâmicas de entrada e saída das bombas de alta


pressão, obtidas a partir de dados de projeto à plena carga.

h real s real s ideal af Af



Ponto p (kPa) t (°C ) m(kg / s ) (kJ / kg ) (kJ / kgK ) (kJ / kgK ) (kJ / kg ) (kW )

11 190 118,6 16,84 497,83 1,513 - 51,41 865,66


12 6512 119,7 16,84 506,96 1,519 1,513 58,68 988,15

III.2. CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA BOMBA DE ALTA PRESSÃO PELA


PRIMEIRA LEI.

A eficiência pela Primeira Lei, pode ser calculada pela equação abaixo (volume de
controle adiabático, escoamento uniforme e fluido incompressível):

W ideal
ηb = •
(III.1)
W real

W ideal = -112,7kW

W real = -153,8kW
A eficiência então é calculada:

η = 0,7332

III.3.CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA BOMBA DE ALTA PRESSÃO PELA


SEGUNDA LEI.

Pela Segunda Lei, a eficiência é calculada através da razão entre a disponibilidade


absorvida pelo fluxo e a disponibilidade fornecida (trabalho das bombas):

(af11 − af12 )
εb = (III.2)
wreal
sendo

(af12 − af 11 ) = [(h12 − h11 ) − to( s12 − s11 )] (III.3)


W real
wreal = •
(III.4)
m11
Apêndice III – Cálculo da Eficiência da Bomba de Alta Pressão 96

ε = 0,7965

III.3. CÁLCULO DA DESTRUIÇÃO DE DISPONIBILIDADE NA BOMBA

O balanço de disponibilidade para a bomba é:

Af11 − Af12 + Aw − Aq − I = 0 (III.5)

E a destruição de disponibilidade em função das irreversibilidades:

Aq + I = Af11 − Af12 + Aw

Aq + I = 31kW
Apêndice IV

ANÁLISE DOS TROCADORES DE CALOR REGENERATIVOS

IV.1.INTRODUÇÃO

Conforme visto no capítulo 3, os trocadores de calor regenerativos são equipamentos


que aumentam a eficiência global do ciclo, devido à elevação da temperatura da água
admitida na caldeira. Vapor é extraído dos estágios da turbina e fornecido aos
trocadores de calor do tipo fechado, onde cedem calor ao condensado bombeado para a
caldeira, elevando sua temperatura. O vapor ao ceder seu calor sensível e latente, se
condensa e retorna para o ciclo através do desaerador (aquecedores de AP) ou para o
poço quente do condensador (aquecedor de BP).

Figura IV.1. Volume de controle do Trocador de Calor Regenerativo de Baixa


Pressão.

97
Apêndice IV – Cálculo da Eficiência dos Trocadores de Calor Regenerativos 98

Figura IV.2. Volumes de controle dos Trocadores de Calor Regenerativos de Alta


Pressão.

Figura IV.3. Volume de controle do Trocador de Calor Desaerador de Baixa Pressão.

Os dados de projeto dos trocadores de calor regenerativos são apresentados a seguir:


Apêndice IV – Cálculo da Eficiência dos Trocadores de Calor Regenerativos 99

Tabela IV.1 – Dados de projeto das propriedades de entrada e saída dos trocadores de
calor regenerativos. (TOSHIBA, 2001).

P p(kPa) t (°C ) x m(kg / s )

13 84 94,9 0,9516* 0,970


14 84 94,9 0 0,970
15 220 48,1 - 13,630
16 190 84,5 - 13,630
17 1938 328,4 - 0,854
18 1938 210,8 - 0,854
19 6482 175,7 - 16,840
20 6452 200,4 - 16,840
21 1150 282,5 - 1,810
22 1150 186,1 0 2,660
23 6512 119,7 - 16,830
24 6482 175,7 - 16,830
25 1150 186,1 0,0539** 0,850
26 190 147,3 - 0,537
27 190 84,5 - 13,635
28 190 118,6 0,1217*** 2,663
29 190 118,6 0 16,835

*Valor do título obtido considerando a entalpia no ponto 14 igual à do ponto 5.


(quarta extração da turbina)
**Valor obtido considerando expansão isentrópica do fluido proveniente do ponto
18 (dreno do trocador 1), ocorrida no tanque de flash.

*** Valor obtido considerando expansão isentrópica do condensado de saída do


trocador de calor regenerativo de AP 2 – (ponto 22).
Apêndice IV – Cálculo da Eficiência dos Trocadores de Calor Regenerativos 100

Propriedades termodinâmicas:
Tabela IV.2 – Propriedades termodinâmicas de entrada
e saída dos trocadores de calor

h real s real af Af

P p (kPa) t (°C ) m(kg / s) (kJ / kg ) (kJ / kgK ) (kJ / kg ) (kW )

13 84 94,9 0,970 2558,0 7,120 439,50 428,10


14 84 94,9 0,970 397,2 1,248 29,69 28,91
15 220 48,1 13,640 201,6 0,679 3,69 50,29
16 190 84,5 13,640 353,9 1,128 22,07 301,00
17 1938 328,4 0,854 3089 6,893 1039 887,30
18 1938 210,8 0,854 901,4 2,432 180,80 154,40
19 6482 175,7 16,830 747,2 2,090 128,50 2164,00
20 6452 200,4 16,830 856,2 2,327 167,00 2811,00
21 1150 282,5 1,810 3008,0 6,984 930,50 1682,00
22 1150 186,1 2,660 790,1 2,198 139,30 370,80
23 6512 119,7 16,830 507,0 1,519 58,68 987,90
24 6482 175,7 16,830 747,2 2,091 128,50 2164,00
25 1150 186,1 0,850 897,6 2,432 177,00 151,10
26 190 147,3 0,537 2764,0 7,291 594,50 319,30
27 190 84,5 13,635 353,9 1,128 22,07 301,00
28 190 118,6 2,663 766,3 2,198 115,60 307,70
29 190 118,6 16,835 497,8 1,513 51,41 865,40

IV.2.Cálculo da eficiência dos Trocadores de Calor Regenerativos pela Segunda


Lei

A eficiência pela Segunda Lei é calculada da mesma forma que apresentada para o
condensador, através das equações:

Aquecedor de Baixa Pressão (Aquecedor n° 03):



m15 (af16 − af15 )
ε tbp = •
(IV.1)
m13 (af 13 − af14 )

Com estes dados, calcula-se a eficiência do aquecedor de baixa pressão:


Apêndice IV – Cálculo da Eficiência dos Trocadores de Calor Regenerativos 101

ε tbp = 0,628

Aquecedor de Alta Pressão (Aquecedor n° 01):



m19 (af 20 − af 19 )
ε tap1 = •
(IV.2)
m17 (af 17 − af18 )

Calcula-se a eficiência do aquecedor n° 1 de alta pressão :

ε tap1 = 0,8842

Aquecedor de Alta Pressão (Aquecedor n° 02):



m 23 (af 24 − af 23 )
ε tap 2 = • • •
(IV.3)
(m 21 af 21 + m 25 af 25 ) − (m 22 af 22 )

Calcula-se a eficiência do aquecedor n° 2 de alta pressão :

ε tap 2 = 0,8038

Aquecedor Desaerador:

m29 af 29
ε des = • • •
(IV.4)
(m26 af 26 + m27 af 27 + m28 af 28 )

ε des = 0,9326

IV.3.CÁLCULO DA DESTRUIÇÃO DE DISPONIBILIDADE NOS


TROCADORES DE CALOR REGENERATIVOS

O balanço de disponibilidade para o volume de controle dos trocadores de calor é


mostrado a seguir, sabendo que não há trabalho realizado pelo volume de controle.

Aquecedor de baixa pressão:

Af13 + Af15 − ( Af14 + Af16 ) − Aq − I = 0 (IV.5)

ou

Aq + I = Af13 + Af15 − ( Af14 + Af16 )

Aq + I = 148,5kW
Apêndice IV – Cálculo da Eficiência dos Trocadores de Calor Regenerativos 102

Aquecedor n°1 de alta pressão:

Af17 + Af19 − ( Af18 + Af 20 ) − Aq − I = 0 (IV.6)

ou

Aq + I = Af17 + Af19 − ( Af18 + Af 20 )

Aq + I = 85,04kW

Aquecedor n° 2 de alta pressão:

Af 21 + Af 23 + Af 25 − ( Af 22 + Af 24 ) − Aq − I = 0 (IV.7)

ou

Aq + I = Af 21 + Af 23 + Af 25 − ( Af 22 + Af 24 )

Aq + I = 288kW

Aquecedor Desaerador:

Af 26 + Af 27 + Af 28 − Af 29 − Aq − I = 0 (IV.8)

ou

Aq + I = Af 26 + Af 27 + Af 28 − Af 29

Aq + I = 62,55kW
Apêndice V

CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA CALDEIRA, DO CICLO E


GLOBAL DO SISTEMA

V.1.INTRODUÇÃO

Conforme visto no capítulo 3, a caldeira da UTE Barreiro trabalha com mais de um tipo
de combustível, sendo preferencialmente utilizado o GAF – Gás de alto forno, ou como
complemento a mistura de GAF e Alcatrão, na proporção mínima de 54:1. Esta
proporção não pode ser menor, em função de exigência da FEAM relacionada aos
aspectos ambientais.

Figura V.1. Volume de controle da Caldeira.

103
Apêndice V – Cálculo da Eficiência da Caldeira, do Ciclo e Global do Sistema 104

Tabela V.1 – Dados de projeto das propriedades de entrada e saída da caldeira à


plena carga. (TOSHIBA, 2001).

P p(kPa) t (°C ) x m(kg / s )
30 6452 200,4 - 16,830
31 6000 450,0 - 16,500

Tabela V.2 – Propriedades termodinâmicas de entrada e saída


da caldeira nas condições de projeto à plena carga.

h real s real af Af

P p(kPa) t (°C ) m(kg / s ) (kJ / kg ) (kJ / kgK ) (kJ / kg ) (kW )

30 6452 200,4 16,83 856,3 2,327 167,12 2812,55


31 6000 450,0 16,83 3302,0 6,719 1303,34 21935,21

V.2.CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA CALDEIRA PELA PRIMEIRA LEI.

A eficiência pela Primeira Lei, é calculada através do balanço de energia no volume de


controle, sendo o efeito desejado, a máxima energia absorvida pelo condensado que
cruza a superfície de controle da caldeira, obtida pela queima do combustível na
fornalha, e é descrita pela equação:

Q cald
η cald = •
(V.1)
∑ m i .PCI i

sendo,
• • •
Q cald = m 31 h31 − m 30 h30 (V.2)


Q cald = 41161,13kW

O ponto 30 se refere à entrada de condensado na caldeira.

O ponto 31 a saída de vapor superaquecido para a turbina.

Em função da pequena vazão, o atemperador e a purga contínua são desconsiderados na


análise.
Apêndice V – Cálculo da Eficiência da Caldeira, do Ciclo e Global do Sistema 105


O termo ∑ m i .PCI i se refere a somatória dos PCI´s dos combustíveis. Para a

condição descrita nos apêndices VI e VII, com vazão mássica de 11,25Nm³/s de GAF e
0,139kg/s de alcatrão, e PCIs calculados de 3922,68 kJ/Nm³ para o GAF e 18797,69
kJ/kg para o alcatrão com 25% de umidade, calcula-se o valor total do termo:

∑ m i .PCI i = 46739,53kW (V.3)

Pela primeira lei, a eficiência da caldeira é calculada pela equação:



Q cald
η cald = •
(V.4)
∑ m i .PCI i

η cald = 0,8806

A eficiência pela Primeira Lei, informada pelo fabricante da caldeira é de 90%.

V.3.CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DA CALDEIRA PELA SEGUNDA LEI.

A eficiência pela Segunda, é calculada através do balanço de disponibilidade no volume


de controle, sendo o efeito desejado, a máxima disponibilidade absorvida pelo
condensado que cruza a superfície de controle da caldeira, obtida pela queima do
combustível na fornalha, e é descrita pela equação:

Acald
ε cald = •
(V.5)
∑ m i .af i

sendo
• •
A cald = m 31 af 31 − m 30 af 30 (V.6)

A cald = 19122,58kW


O termo ∑ m i .af i se refere a somatória das disponibilidades dos combustíveis. Para a

condição descrita nos apêndices VI e VII, com vazão mássica de 11,25Nm³/s de GAF e
0,139kg/s de alcatrão, e disponibilidades calculadas de 4052,67 kJ/Nm³ para o GAF e
20434,13 kJ/kg para o alcatrão com 25% de umidade, calcula-se o valor total:
Apêndice V – Cálculo da Eficiência da Caldeira, do Ciclo e Global do Sistema 106


∑ m i .af i = 48.432,90kW (V.7)

Pela segunda lei, a eficiência da caldeira é calculada pela equação:

Acald
ε cald = •
(V.8)
∑ m i .af i

ε cald = 0,3948

V.4. CÁLCULO DA DESTRUIÇÃO DE DISPONIBILIDADE NA CALDEIRA

O balanço de disponibilidade para o volume de controle da caldeira é mostrado a seguir,


sabendo-se que não há trabalho realizado pelo volume de controle.

ch
Atotal − A cald − Aq − I = 0 (V.9)

ou,

Aq + I = Atotal
ch
− A cald

Aq + I = 29313kW

Observa-se que a maior parte da destruição de disponibilidade ocorre na caldeira.

V.5. CÁLCULO DA EFICIÊNCIA DO CICLO

Pela Primeira lei, a eficiência do ciclo pode ser escrita pela equação:
• •
(W t − W b )
η ci = •
(V.10)
Q cald
Caso A:

W t = 14396,1kW
Caso B:

W t =12907kW
Apêndice V – Cálculo da Eficiência da Caldeira, do Ciclo e Global do Sistema 107

Para os dois casos, a potência real da bomba de alta pressão, e o calor absorvido na
caldeira não se alteram:

W b = 154,84kW

Q cald = 41161,13kW

Caso A:
η ci = 0,3460
Caso B:

η ci = 0,3098

A eficiência pode ser calculada considerando a potência líquida que é fornecida a


Manesmann, e que é medida subtraindo da potência total gerada, não apenas a potência
da bomba de alta pressão, mas toda a potência consumida pelo serviço auxiliar da UTE.
O consumo do serviço auxiliar é estimado em 1190 kW. (TOSHIBA,2001).

A eficiência pela Primeira Lei, para este caso, é recalculada:

Caso C:
η ci = 0,2847

Pela Segunda lei, a eficiência é definida como a razão entre a disponibilidade líquida de
saída do ciclo pela disponibilidade de entrada é escrita da seguinte forma - Equação:
• •
(W t − W b )
ε ci = (V.11)
A cald

Caso A:

W t = 14396,1kW

Caso B:

W t =12907kW

Para os dois casos, o trabalho real da bomba de alta pressão, e o calor absorvido na
caldeira não se alteram:

W b = 154,84kW
Apêndice V – Cálculo da Eficiência da Caldeira, do Ciclo e Global do Sistema 108

Acald = 19122,58kW
Caso A:
ε ci = 0,7447

Caso B:

ε ci = 0,6669

Considerando a potência líquida, a eficiência pela Segunda Lei, é recalculada:

Caso C:

ε ci = 0,6127

V.6. EFICIÊNCIA GLOBAL DO SISTEMA

A eficiência global do sistema de geração de energia elétrica incluindo a caldeira, é


simplesmente o produto da eficiência do ciclo pela eficiência da caldeira.

Pela Primeira lei - Equação:

η glo = η ci .η cald (V.12)

Para os três casos estudados, a eficiência da caldeira pela Primeira Lei não se altera:

η glo = 0,8806

Caso A:

η glo = 0,3047

Caso B:

η glo = 0,2728

Caso C:

η glo = 0,2507

E pela Segunda lei - Equação:

ε glo = ε ci .ε cald (V.13)

Para os três casos estudados, a eficiência da caldeira pela Segunda Lei não se altera:
Apêndice V – Cálculo da Eficiência da Caldeira, do Ciclo e Global do Sistema 109

ε cald = 0,3948

Caso A:

ε glo = 0,2940

Caso B:

ε glo = 0,2633

Caso C:

ε glo = 0,2419
Apêndice VI

CÁLCULO DA DISPONIBILIDADE DO GÁS DE ALTO FORNO

VI.1. INTRODUÇÃO

Para efetuar o cálculo da eficiência da caldeira e da eficiência global do sistema, é


necessário o conhecimento da disponibilidade química e do PCI dos combustíveis
utilizados. Para o GAF, foram utilizados dados de vazão volumétrica e composição
química do Gás de Alto Forno em base seca informados pelo fabricante da caldeira
(Equipalcool Sistemas, 2002) e dados tabelados do livro Applied Thermodynamics
(Li,1996).

Tabela VI.1. Composição química e propriedades do GAF utilizado


na UTE Barreiro.(Equipalcool, 2002).
Gás de Alto Forno (GAF)
Composição Percentual em volume
Base seca (%) Base úmida (%)
CO 24,0 46,28
H2 6,0 5,17
CO2 22,8 24,17
CH4 1,0 24,17
H2O - 24,00
Energia específica (kJ/Nm³)
PCI* - 3.768,12
PCS* - 3.919,85

* Os valores importados da tabela foram convertidos para o SI em kJ/Nm³.

110
Apêndice VI – Cálculo da Disponibilidade do Gás de Alto Forno 111

VI.2.CÁLCULO DA DISPONIBILIDADE QUÍMICA DOS ELEMENTOS


COMBUSTÍVEIS.

Para o cálculo da disponibilidade química dos gases metano, monóxido de carbono e


hidrogênio, utiliza-se a equação:

aich (t o , x i p o ) = aich (t o , p o ) + Rt o ln( x i ) (VI.1)

A disponibilidade de cada elemento, nas condições ambientes (po,to) de 25°C e 100kPa,


são tabeladas (Li,1996) para cada combustível e convertidas para o SI:
ch
Metano - aCH 4
(t o , p o ) = 830.828,59 kJ/kmol.

Hidrogênio - a Hch2 (t o , p o ) = 235.381,89 kJ/kmol.

ch
Monóxido de Carbono - aCO (t o , p o ) = 275.575,18 kJ/kmol.

R : constante universal dos gases = 8,31451kJ/kmol.K

Efetuando os cálculos, obtêm-se:


ch
aCH 4
(To , x i Po ) = 819.412,52 kJ/kmol.

a Hch2 (To , x i Po ) = 228.407,54 kJ/kmol.


ch
aCO (To , x i Po ) = 272.037,40 kJ/kmol.

VI.3.CÁLCULO DA DISPONIBILIDADE QUÍMICA DOS ELEMENTOS NÃO


COMBUSTÍVEIS.

Para o cálculo da disponibilidade dos gases nitrogênio e dióxido de carbono,


considerando a difusão até atingir o equilíbrio na pressão parcial do gás no ambiente,
utiliza-se a equação:

xi
aich (t o , x i p o ) = Rt o ln( ) (VI.2)
x io

Para os cálculos, foi considerada a seguinte atmosfera padrão:


Apêndice VI – Cálculo da Disponibilidade do Gás de Alto Forno 112

Tabela VI. 2. Atmosfera padrão de referência (Li,1996).


Atmosfera Padrão

Pressão 100kPa
Temperatura 25°C
Componente Fração molar %
Nitrogênio 0,7567
Oxigênio 0,2035
Vapor d’água 0,0303
Dióxido de Carbono 0,0003
Outros gases 0,0092

Nota: Para fins práticos, geralmente, uma composição volumétrica do ar seco padrão
com 21% de oxigênio e 79% de nitrogênio é usada.

Cálculo da disponibilidade química dos gases:

Nitrogênio:

a Nch2 (t o , x i p o ) = -1223,13 kJ/kmol

Dióxido de carbono:
ch
aCO 2
(To , x i Po ) = 16.443,78 kJ/kmol

VI.4.CÁLCULO DA DISPONIBILIDADE QUÍMICA ESPECÍFICA DO GAF.

Para o cálculo da disponibilidade química específica do GAF, utiliza-se a equação:

= ∑i xi a f
ch ch
af i
(VI.3)

af Mch = 0,01.aCH
ch
4
(t o , x i p o ) + 0,06.a Hch2 (t o , x i p o ) + 0,24.aCO
ch
(t o , x i p o ) + 0,462.a Nch2 (t o , x i p o )
+ 0,228.aCO
ch
2
(t o , x i p o )
af ch = 90.371,65 kJ/kmol
Apêndice VI – Cálculo da Disponibilidade do Gás de Alto Forno 113

Conversão para a base mássica:


Tabela VI. 3. Tabela para conversão dos elementos em base mássica.
Elemento Composição Fração%volume Massa Conversão
% [b]=[a]/100 molecular kg/kmol[d]=[b]x[c]
volume[a] [c]
CO 24 0,24 28 6,72
H2 6 0,06 2 0,12
CO2 22,8 0,228 44 10,08
CH4 1 0,01 16 0,16
N2 46,2 0,462 28 12,94
Total 100 1 - 29,968 [e]

Peso molecular da mistura [e]: 29,968 kg/kmol

Densidade da mistura: 1,3439kg/Nm³


ch
af GAF = 4052,67kJ / Nm 3

VI.5 .CÁLCULO DO PCI DO GAF.

Para combustíveis gasosos, o PCI pode ser calculado também através da equação
empírica:
ch
a f gás (to, po) H 1
= 1,0334 + 0,0015. − 0,0058. (VI.4)
PCI C C

Para efetuar esse cálculo, é necessário encontrar a fração mássica de cada elemento da
equação.
Apêndice VI – Cálculo da Disponibilidade do Gás de Alto Forno 114

Tabela VI. 4. Tabela de conversão em base mássica dos átomos de carbono e hidrogênio.
Elem. Fração Massa Conversão C H Conversão Conversão
%volume[b] Molecular[c] kg/kmol kg C/kmol kg H /kmol
[d]=[b]x[c] [n] [i] {[12]/[c]x[d]}x n {[1]/[c]x[d]}x i
CO 0,24 28 6,72 1 - 2,88 -
H2 0,06 2 0,12 - 2 - 0,12
CO2 0,228 44 10,03 1 - 2,74 -
CH4 0,01 16 0,16 1 4 0,12 0,04
N2 0,462 28 12,94 - - - -
Total 1 - 29,968 - - 5,736[f] 0,16[g]

Fração mássica de C = 5,736/29,968 = 0,1914 = 19,14%


Fração mássica de H = 0,16/29,968 = 0,00534 = 0,53%

Aplicando a equação:
ch
a f gás (to, po) 0,53 1
= 1,0334 + 0,0015. − 0,0058.
PCI 19,14 19,14
ch
a f gás (to, po)
= 1,033
PCI
Pela equação:
af ch (To, Po) = c1 .PCI (VI.5)

c1 = 1,0334
Valores típicos de C1 para gases estão na faixa de 1,04 a 1,06.
O PCI pode então ser calculado:
ch
af GAF (To, Po)
PCI GAF =
1,0334

PCI GAF = 3922,68kJ / Nm 3


Apêndice VI – Cálculo da Disponibilidade do Gás de Alto Forno 115

VI.6. CÁLCULO DA DISPONIBILIDADE QUÍMICA TOTAL.



A vazão volumétrica nominal do GAF, V é de 40.500Nm³/ h.
Para o cálculo da disponibilidade total, será utilizada a vazão nominal de 40500Nm³/ h,
ou 11,25Nm³/s.

ch
Af GAF = af GAF
ch
.V (VI.6)

ch
Af GAF = 45592,56W

VI.7 .CÁLCULO DO PCI TOTAL.

Com a vazão utilizada acima, calcula-se o PCI total do GAF, para a máxima vazão.

PCI TGAF = PCI .V (VI.7)

PCI TGAF = 44130,14kW


Apêndice VII

CÁLCULO DA DISPONIBILIDADE DO ALCATRÃO

VII.1.INTRODUÇÃO

Para o Alcatrão, foram utilizados dados de vazão mássica informados pelo fabricante da
caldeira (Equipalcool Sistemas, 2002) e dados tabelados do livro Applied
Thermodynamics (Li,1996).
A composição do alcatrão é bastante variada, em função da madeira e do processo de
recuperação, entre outros. Utilizou-se para iniciar o cálculo da disponibilidade do
Alcatrão, a composição química em base seca do Alcatrão utilizado na Usina
Termelétrica do Barreiro (França G.).

Tabela VII.1 - Propriedades do alcatrão


bruto (França, G.A.C).
Alcatrão de madeira
Composição Base seca (%)
C 54,90
H2 7,00
O2 37,00
N2 1,10
H2O 0,00

VII.2.CÁLCULO DA DISPONIBILIDADE QUÍMICA ESPECÍFICA DO


ALCATRÃO.

O alcatrão utilizado na UTE Barreiro possui uma variação da umidade na faixa de 15 a


25%, portanto, há uma variação do PCI e da disponibilidade associado a essa variação.
116
Apêndice VII – Cálculo da Disponibilidade do Alcatrão 117

Tabela VII.2. Conversão em base molar (considerando 100kg de Alcatrão ).


Elemento Composição Massa Conversão
% massa[a] Molecular[b] kmol/100 kg [a]/[b]
Base úmida
C 41,18 12 3,432
H2 5,25 2 2,625
O2 27,75 32 0,867
N2 0,82 28 0,029
H2O 25 18 1,388

Equação da combustão:
[3,432C + 2,625H 2 + 0,867O2 + 0,029 N 2 + 1,388H 2 O] + 3,88O2 + 14,58 N 2 →
[3,43CO 2 + 4,01H 2 O( g ) + 14,61N 2 ]
(VII.1)

Cálculo da disponibilidade:

λ
⎡ ( xOo 2 ) .( x No 2 )θ ⎤
wdisp = −∆G (to, Po) + R.to. ln ⎢ o β φ
⎥ (VII.2)
⎢⎣ ( xCO2 ) .( x Ho 2O ) .( x No 2 )ν ⎥⎦

λ = 3,88 , θ = 14,58 , β = 3,43 , φ = 4,01 , ν = 14,61 .

− ∆G (to, po) = 3,432 gC (to, po) + 2,625 g H 2 (to, po) + 0,867 gO2 (to, po) + 0,029 g N 2 (to, po)
+ 1,388 g H 2 O(to, po) + 3,88 gO2 (to, po) + 14,58 g N 2 (to, po) − 3,43gCO2 (to, po)
− 4,01g H 2 O(to, po) − 14,61g N 2 (to, po)
(VII.3)

Tabela VII.3. Valores tabelados das funções

de Gibbs a 25°C e 100kPa.(Li,1996).

Elemento N° de Gibbs(kJ/kmol)
C 0
H2 0
O2 0
N2 0
H2O(g) -228762,1
CO2 -394.675,68
Apêndice VII – Cálculo da Disponibilidade do Alcatrão 118

− ∆G (To, Po) = 1.954.895,89 kJ/100kg.

⎡ (0,2035) 3,88 .(0,7567)14, 6 ⎤


A ch
Alc = 1.954.895,89 + 8,3145.298,15. ln ⎢ 3, 43 4 , 02 14 , 63 ⎥
⎣ (0,0003) .(0,0303) .(0,7567) ⎦

ch
AAlco
Alc =
a ch
100

Alc = 20434,13kJ / kg
a ch

VII.3. CÁLCULO DO PCI DO ALCATRÃO

Para calcular o PCI do alcatrão, pode-se utilizar a equação empírica:

af Lch (To, Po) H O S H


= 1,0374 + 0,0013 + 0,0756 + 1,5960 (1 − 0,0145 ) (VII.4)
PCI C C C C
ch
af Alc (To, Po) 5,25 27,75
= 1,0374 + 0,0013 + 0,0756
PCI Alc 41,18 41,18

ch
af Alc (To, Po)
= 1,08851
PCI Alc

PCI Alc = 18772,57kJ / kg

Pela equação:
af ch (To, Po) = c1 .PCI (VII.5)

C1 = 1,089

Valores típicos de C1 para óleos estão na faixa de 1,04 a 1,08.

VII.4. CÁLCULO DA DISPONIBILIDADE QUÍMICA TOTAL DO ALCATRÃO



A vazão mássica nominal do alcatrão, m é de 500kg/ h.

Para o cálculo da disponibilidade total, será utilizada a vazão nominal de 500kg/h, ou


0,139kg/s.

ch
AAlc = a ch
Alc . m (VII.6)
Apêndice VII – Cálculo da Disponibilidade do Alcatrão 119

ch
AAlc = 2840,34kW

VII.5. CÁLCULO DO PCI TOTAL DO ALCATRÃO

Para o cálculo do PCI total, será utilizada a vazão nominal de 500kg/h, ou 0,139kg/s.

PCI TAlc = m Alc. PCI Alc (VII.7)

PCI TAlc = 2609,39kW

VII.6. Cálculo da disponibilidade química total da mistura GAF e Alcatrão

Para uma mistura de GAF e Alcatrão, a disponibilidade total pode ser calculada pela
equação:
ch
Atotal = AGAF
ch
+ AAlc
ch
(VII.8)

ch
Atotal = 48432,90kW

VII.7. Cálculo do PCI total da mistura GAF e Alcatrão

Para uma mistura de GAF e Alcatrão, o PCI total pode ser calculado pela equação:

PCI Total = PCI TGAF + PCI TAlc


(VII.9)

PCI Total = 46739,53kW


Apêndice VIII

COMBUSTÃO ESTEQUIOMÉTRICA

VIII.1.INTRODUÇÃO

Para determinar a quantidade teórica de ar necessária para a queima completa dos


combustíveis, é necessário efetuar o balanço químico da combustão. Para isto, é
necessário conhecer a composição química do combustível, e convertê-la para a análise
molar. No caso do GAF, é oferecida a composição química média em percentual
volumétrico, conforme a tabela abaixo:

Tabela VIII.1. Composição química e propriedades do GAF


utilizado na UTE Barreiro.(Equipalcool, 2002).
Gás de Alto Forno (GAF)
Composição Percentual em volume
Base seca (%) Base úmida (%)
CO 24,0 46,28
H2 6,0 5,17
CO2 22,8 24,17
CH4 1,0 24,17
H2O - 24,00
Energia específica (kJ/Nm³)
PCI* - 3.768,12
PCS* - 3.919,85

120
Apêndice VIII – Combustão Estequiométrica 121

VIII.2.CONVERSÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO GAF PARA A


ANÁLISE MOLAR

Para o balanço químico, é necessário converter os dados para efetuar a análise molar.
Para isto, é utilizada a tabela a seguir (dados em base seca):

Tabela VIII.2. Análise molar do GAF

Elemento Composição Fração%vol Massa Conversão Fração %


% volume[a] [b]=[a/100] Molecular [c] kg/kmol massa
[d]=[b]x[c] [e] = [d]/[f]
CO 24 0,24 28 6,72 0,224
H2 6 0,06 2 0,12 0,004
CO2 22,8 0,228 44 10,03 0,335
CH4 1 0,01 16 0,16 0,005
N2 46,2 0,462 28 12,94 0,432
Total 100 1 - 29,968 [f] 1

Elemento Análise Análise molar


molar kmol/100kg
kmol/kg [g1] = {[e]/[c]}*100
[g] = [e]/[c]
CO 0,008 0,8 [h]
H2 0,002 0,2 [i]
CO2 0,00761 0,761 [j]
CH4 0,0003 0,0334 [k]
N2 0,0154 1,542 [l]
Total 0,0335 3,336

VIII.3.CÁLCULO DA VAZÃO MÁSSICA E VOLUMÉTRICA DE AR PARA O


GAF (ESTEQUIOMÉTRICA)

Balanço da combustão (para 100 kg de combustível):

h i h i
[hCO + iH 2 + jCO2 + kCH 4 + lN 2 ] + [ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 →
2 2 2 2 (VIII.1)
h i
[h + j + k ]CO2 + [i + 2k ]H 2 O( g ) + {l + 3,76[ + + 2k ]}N 2
2 2
Apêndice VIII – Combustão Estequiométrica 122

=
[0,8CO + 0,2 H 2 + 0,761CO2 + 0,0334CH 4 + 1,542 N 2 ] + 0,567O2 + 2,133 N 2 →
[1,594CO 2 + 0,267 H 2 O( g ) + 3,673 N 2 ]
A massa de oxigênio necessária para a queima de 100 kg de GAF é calculada para ar
seco padrão:

n°kmolO2
mO 2 = xMM O2 (VIII.2)
100kg c

18,15kg O 2
mO 2 =
100kg comb

A massa de nitrogênio fornecida na queima de 100 kg de GAF é calculada para ar seco


padrão:

n°kmol N 2
mN 2 = xMM N 2 (VIII.3)
100kg c

59,72kg N 2
mN 2 =
100kg c

A massa total é a soma das massas de nitrogênio e oxigênio:

mar1 = mo 2 + m N 2 (VIII.4)

kg ar
mar1 = 77,87
100kg c

ou

mar1 = 0,7787mGAF (VIII.5)

Para o GAF, a vazão mássica pode ser calculada:


• •
m GAF = V GAF xρ GAF (VIII.6)

• Nm3
sendo, V GAF = 11,25
s

kg
ρ = 1,3439
Nm 3
• kg
m GAF = 15,12
s
Apêndice VIII – Combustão Estequiométrica 123

• •
m ar1 = 0,7787 m GAF

• kg
m ar1 = 11,77
s

É conhecida então, a vazão mássica estequiométrica de ar para a queima completa do


GAF.

Sendo conhecida a densidade do ar, pode-se calcular a vazão volumétrica de ar:



• m ar1
V ar1 = (VIII.7)
ρ ar

Para temperatura de 25°C, a densidade média do ar é de 1,29Nm³/kg.

• Nm 3
V ar1 = 9,127
s

Para o alcatrão, será considerada sua composição percentual em massa, com umidade de
25%:

Tabela VIII.3. Composição química


do Alcatrão utilizado na UTE
Barreiro.(França, G).
Elemento Composição
% massa[a]
Base úmida
C 41,18
H2 5,25
O2 27,75
N2 0,82
H2O 25

VIII.4.CONVERSÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO ALCATRÃO PARA A


ANÁLISE MOLAR

Para o balanço químico, é necessário converter os dados para a análise molar. Para isto,
é utilizada a tabela a seguir:
Apêndice VIII – Combustão Estequiométrica 124

Tabela VIII.4. Conversão em base molar


(considerando 100kg de Alcatrão)
Elemento Composição Massa Conversão
% massa[a] Molecular[b] kmol/100 kg[a]/[b]
C 41,18 12 3,43 [m]
H2 5,25 2 2,63 [n]
O2 27,75 32 0,87 [o]
N2 0,82 28 0,029 [p]
H2O 25 18 1,39 [q]

VIII.5.CÁLCULO DA VAZÃO MÁSSICA E VOLUMÉTRICA DE AR PARA O


ALCATRÃO (ESTEQUIOMÉTRICA)

Equação da combustão:
n n
[mC + nH 2 + oO2 + pN 2 + qH 2 O] + [m + − o]O2 + 3,76[m + − o]N 2 →
2 2
n
mCO2 + [n + q]H 2 O( g ) + { p + 3,76[m + − o]}N 2
2
(VIII.8)
=

[3,43C + 2,63H 2 + 0,87O2 + 0,029 N 2 + 1,38H 2 O] + 3,88O2 + 14,58 N 2 →


[3,43CO 2 + 4,02 H 2 O( g ) + 14,58 N 2 ]
A massa de oxigênio necessária para a queima de 100 kg de alcatrão é calculada para ar
seco padrão:

n°kmolO2
mO 2 = xMM O2 (VIII.9)
100kg c

124,06kg O 2
mO 2 =
100kg c

A massa de nitrogênio fornecida na queima de 100 kg de GAF é calculada para ar seco


padrão:
Apêndice VIII – Combustão Estequiométrica 125

n°kmol N 2
mN 2 = xMM N 2 (VIII.10)
100kg c

408,2kg N 2
mN 2 =
100kg c

A massa total é a soma das massas de nitrogênio e oxigênio:

mar 2 = mo 2 + m N 2 (VIII.11)

kg ar
mar = 532,26
100kg c

ou

mar 2 = 5,3226m Alc

A vazão mássica do alcatrão pode variar de 500 a 1000kg/h, sendo considerada a vazão
nominal de 500kg/h ou 0,139kg/s.
• •
m ar 2 = 5,3226 m Alc

• kg
m ar 2 = 0,740
s

É conhecida então, a vazão mássica estequiométrica de ar para a queima completa do


alcatrão.

VIII.6.CÁLCULO DA VAZÃO MÁSSICA E VOLUMÉTRICA DE AR PARA A


QUEIMA DA MISTURA GAF E ALCATRÃO (ESTEQUIOMÉTRICA)

A vazão total de ar é a vazão necessária para a queima do alcatrão e do GAF:


• • •
m ar 3 = m ar1 + m ar 2 (VIII.12)
• kg
m ar 3 = 12,51
s

A vazão nominal total dos combustíveis é então calculada:


• • •
m c = m GAF + m Alc (VIII.13)
Apêndice VIII – Combustão Estequiométrica 126

• kg
m c = 15,26
s

A relação entre vazão de ar/combustível teórica:

Ra / c = 0,82

Sendo conhecida a densidade do ar, pode-se calcular a vazão volumétrica total de ar:

• m ar 3
V ar 3 = (VIII.14)
ρ ar
• Nm 3
V ar 3 = 9,7
s

VIII.7. DETERMINAÇÃO DO EXCESSO DE AR CONSIDERANDO OS DADOS


DE PROJETO PARA QUEIMA DA MISTURA DE GAF E ALCATRÃO

Dados de projeto:
Vazão de ar na entrada da caldeira de 11,67Nm³/s com excesso de ar = 20%.

Para os cálculos apresentados, com a vazão real de ar V arR = 11,67Nm³/s, o excesso de
ar é determinado:

V arR
α= •
−1 (VIII.15)
V ar 3

α = 0,204

O valor encontrado é praticamente igual ao de Projeto, informado no manual do


fabricante da Caldeira.(0,20).
Apêndice IX

COMBUSTÃO COM EXCESSO DE AR

IX.1. INTRODUÇÃO

Para determinar a quantidade real de ar necessária para a queima completa dos


combustíveis, é necessário efetuar o balanço químico da combustão considerando o
excesso de ar.

IX.2.CÁLCULO DA VAZÃO MÁSSICA E VOLUMÉTRICA REAL DE AR


PARA O GAF

Na análise da combustão estequiométrica do GAF, foi utilizada a equação abaixo:

h i h i
[hCO + iH 2 + jCO2 + kCH 4 + lN 2 ] + [ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 →
2 2 2 2
h i
[h + j + k ]CO2 + [i + 2k ]H 2 O( g ) + {l + 3,76[ + + 2k ]}N 2
2 2
(IX.1)
=

[0,8CO + 0,2 H 2 + 0,761CO2 + 0,0312CH 4 + 1,543N 2 ] + 0,567O2 + 2,133N 2 →


[1,594CO 2 + 0,267 H 2 O( g ) + 3,673 N 2 ]
Na combustão real, é necessário adicionar mais ar, com o objetivo de obter uma queima
mais completa. No apêndice VIII, foi visto que de acordo com os dados de projeto da
UTE Barreiro, é necessário um excesso de cerca de 20% de ar para obter uma
combustão mais completa. A equação da combustão é expressa com a inclusão do
coeficiente de excesso de ar:

127
Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 128

h i h i
[hCO + iH 2 + jCO2 + kCH 4 + lN 2 ] + [α + 1]{[ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 } →
2 2 2 2
h i
[h + j + k ]CO2 + [i + 2k ]H 2 O( g ) + {l + 3,76[ + + 2k ]}N 2
2 2
h i h i
+ α {[ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 }
2 2 2 2

Coeficiente de excesso de ar α = 0,204 .

[0,8CO + 0,2 H 2 + 0,761CO2 + 0,0312CH 4 + 1,543N 2 ] + 1,204[0,567O2 + 2,133N 2 ] →


[1,594CO 2 ]
+ 0,267 H 2 O( g ) + 3,673 N 2 + 0,204[0,567O2 + 2,133 N 2 ]
=

[0,8CO + 0,2 H 2 + 0,761CO2 + 0,0312CH 4 + 1,543N 2 ] + 0,683O2 + 2,567 N 2 →


[1,594CO 2 ]
+ 0,267 H 2 O( g ) + 3,673N 2 + 0,116O2 + 0,435 N 2

A massa excedente de oxigênio (em 100kg de GAF), presente nos gases de exaustão,
para o coeficiente de excesso de ar = 0,204, pode ser calculada pela expressão:

n°kmolO2
mO 2 = xMM O2 (IX.2)
100kg c

3,712kg O 2
mO 2 =
100kg c

A massa excedente de nitrogênio (em 100kg de GAF), presente nos gases de exaustão,
para o coeficiente de excesso de ar = 0,204, pode ser calculada pela expressão:

n°kmol N 2
mN 2 = xMM N 2 (IX.3)
100kg c

12,18kg N 2
mN 2 =
100kg c

A massa total excedente é a soma das massas excedentes de nitrogênio e oxigênio:

marE1 = mo 2 + m N 2 (IX.4)

marE1 = 0,15892mGAF

Para o GAF, vimos no apêndice VIII que a vazão mássica pode ser calculada:
• •
m GAF = V GAF xρ GAF (IX.5)
Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 129


onde, V GAF , a vazão volumétrica do GAF (nominal = 11,25Nm³/s);

ρ GAF , é a densidade média do GAF de 1,3439kg/Nm³.

• kg
m GAF = 15,12
s
• •
m arE1 = 0,15892 m GAF

• kg
m arE1 = 2,403
s

É conhecida então, a vazão mássica do excesso de ar para a queima do GAF.

Sendo conhecida a densidade do ar, pode-se calcular a vazão volumétrica de excesso de


ar, para o GAF:

• m ar1
V arE1 = (IX.6)
ρ ar

Para temperatura de 25°C, a densidade média do ar é de 1,29Nm³/kg.


• 2,403
V arE1 =
1,29

• Nm 3
V arE1 = 1,863
s

IX.3.CÁLCULO DA VAZÃO MÁSSICA E VOLUMÉTRICA DE AR REAL


PARA O ALCATRÃO

Na análise da combustão estequiométrica do alcatrão, foi utilizada a equação abaixo:


n n
[mC + nH 2 + oO2 + pN 2 + qH 2 O] + [m + − o]O2 + 3,76[m + − o]N 2 →
2 2
n
mCO2 + [n + q]H 2 O( g ) + { p + 3,76[m + − o]}N 2
2
(IX.7)
=

[3,43C + 2,63H 2 + 0,87O2 + 0,029 N 2 + 1,38H 2 O] + 3,88O2 + 14,58 N 2 →


[3,43CO 2 + 4,02 H 2 O( g ) + 14,58 N 2 ]
Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 130

Na combustão real, da mesma forma que na queima do GAF, é necessário adicionar


mais ar, com o objetivo de obter uma queima mais completa.

A equação da combustão é expressa com a inclusão do coeficiente de excesso de ar:


n n
[mC + nH 2 + oO2 + pN 2 + qH 2 O] + [α + 1]{[m + − o]O2 + 3,76[m + − o]N 2 } →
2 2
n n n
mCO2 + [n + q]H 2 O( g ) + { p + 3,76[m + − o]}N 2 + α {[ m + − o]O2 + 3,76[m + − o]N 2 }
2 2 2

Coeficiente de excesso de ar α = 0,20 .

[3,43C + 2,63H 2 + 0,87O2 + 0,029 N 2 + 1,38H 2 O] + 1,204[3,88O2 + 14,58 N 2 ] →


[3,43CO 2 ]
+ 4,02 H 2 O( g ) + 14,58 N 2 + 0,204[3,88O2 + 14,58 N 2 ]

[3,43C + 2,63H 2 + 0,87O2 + 0,029 N 2 + 1,38H 2 O] + 4,672O2 + 17,554 N 2 ] →


[3,43CO 2 ]
+ 4,02 H 2 O( g ) + 14,58 N 2 + 0,792O2 + 2,974 N 2

A massa excedente de oxigênio (em 100kg de alcatrão), presente nos gases de exaustão,
para o coeficiente de excesso de ar = 0, 20, pode ser calculada pela expressão:

n°kmolO2
mO 2 = xMM O2 (IX.8)
100kg c

25,344kg O 2
mO 2 =
100kg c

A massa excedente de nitrogênio (em 100kg de alcatrão), presente nos gases de


exaustão, para o coeficiente de excesso de ar = 0, 20, pode ser calculada pela expressão:

n°kmol N 2
mN 2 = xMM N 2 (IX.9)
100kg c

83,272kg N 2
mN 2 =
100kg c

A massa total excedente é a soma das massas excedentes de nitrogênio e oxigênio:

marE 2 = mo 2 + m N 2 (IX.10)

108,616kg arE
marE 2 =
100kg c
Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 131

ou

marE 2 = 1,0862m Alc

Para o alcatrão, vimos no apêndice VII que a vazão mássica nominal é de 500kg/h ou de
0,139kg/s:
• kg
m alcatrão = 0,139
s
• •
m arE 2 = 1,0862 m Alc

• kg
m arE 2 = 0,151
s

É conhecida então, a vazão mássica do excesso de ar para a queima do alcatrão.


Sendo conhecida a densidade do ar, pode-se calcular a vazão volumétrica de excesso de
ar, para o alcatrão:

• m arE 2
V arE 2 = (IX.11)
ρ ar

Para temperatura de 25°C, a densidade média do ar é de 1,29Nm³/kg.

• Nm 3
V arE 2 = 0,117
s

IX.4.CÁLCULO DA VAZÃO VOLUMÉTRICA DE AR REAL PARA A


QUEIMA DA MISTURA GAF E ALCATRÃO

A vazão total de excesso de ar é a soma dos excessos da queima do GAF e do alcatrão:


• • •
V arE 3 = V arE1 + V arE 2 (IX.12)

V arE 3 = 1,980 Nm 3 / s

A vazão total necessária para a queima é a soma da vazão estequiométrica e da vazão


adicional (excesso de ar):

• Nm 3
V ar = 11,68
s
Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 132

A vazão de projeto, calculada para 20% de excesso de ar, é de 11,67Nm3/s.

IX.5.CÁLCULO DA FRAÇÃO VOLUMÉTRICA IDEAL DE OXIGÊNIO NOS


GASES DE EXAUSTÃO

A medida do excesso de oxigênio nos gases de exaustão pode ser utilizada como um
fator de controle da combustão. Para um excesso de ar conhecido na caldeira, é possível
saber qual a fração volumétrica correspondente de oxigênio nos gases de exaustão.
Portanto, um valor acima do esperado, indica queima incompleta na caldeira, o que
resultará na liberação de gases nocivos, tais quais CO e NOx , além de perda na
disponibilidade química.

A parcela de excesso de oxigênio correspondente ao GAF, nos gases de exaustão é


calculada, através da análise dos gases de exaustão. Voltando ao balanço da combustão,
temos:

h i h i
[hCO + iH 2 + jCO2 + kCH 4 + lN 2 ] + [α + 1]{[ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 } →
2 2 2 2
h i
[h + j + k ]CO2 + [i + 2k ]H 2 O( g ) + {l + 3,76[ + + 2k ]}N 2
2 2
h i h i
+ α {[ + + 2k ]O2 + 3,76[ + + 2k ]N 2 }
2 2 2 2

Para coeficiente de excesso de ar = 0, 204, efetua-se o balanço:

[0,8CO + 0,2 H 2 + 0,761CO2 + 0,0312CH 4 + 1,543N 2 ] + 0,683O2 + 2,567 N 2 →


[1,594CO 2 ]
+ 0,267 H 2 O( g ) + 3,673N 2 + 0,116O2 + 0,435 N 2

A relação mássica estequiométrica de ar/ combustível para o GAF foi calculada no


apêndice VIII:
• •
m ar1 = 0,7787 m GAF

m ar1
= 0,7787
m GAF

Para a combustão com de excesso de ar, a relação ar/combustível para o GAF será:

m ar1
= 0,7787(α + 1) (IX.13)
m GAF

Para α = 0,204
Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 133

m ar1
= 0,937
m GAF

Para 100 kg de combustível, a massa de ar fornecida será de 93,7kg. A massa total dos
produtos, será então :

m prod = mcomb + mar (IX.14)

m prod = 193,7kg

Os produtos da combustão são tabelados, com o objetivo de obter a fração volumétrica


de cada elemento:

Tabela IX.1. Tabela de conversão para obtenção da fração volumétrica dos gases de
exaustão do GAF (considerando 100kg de GAF)
Elementos Análise molar Análise molar Análise Massa Fração
(produtos) kmol/mprodkg [r] kmol/193,7kg molar Molecular %massa
[r] kmol/kg [t] [u]={[s]x[t]}
[s]
CO2 [h + j + k ] 1,595 0,008235 44 0,3623
H2O [i + 2k ]H 2 O( g ) 0,267 0,001378 18 0,0248

O2 h i 0,116 0,000595 32 0,0190


α {[ + + 2k ]O2
2 2
N2 h i 4,108 0,021208 28 0,5938
{{l + 3,76[ + + 2k ]} +
2 2
h i
α {3,76[ + + 2k ]}}N 2
2 2

Total - 6,085 0,03142[v] - 1


Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 134

Elementos Conversão Conversão Fração%vol Fração%vol


(produtos) kg/kmol kg/kmol [y]=[x/t] [z]=[y]*100
[w]=1/[v] [x]=[w]x[u]
CO2 - 11,533 [x1] 0,2621 26,21 [z1]
H2O - 0,789 [x2] 0,0438 4,38 [z2]
O2 - 0,605 [x3] 0,0189 1,89 [z3]
N2 - 18,902 [x4] 0,675 67,5 [z4]
Total 31,8329[w] 31,8329 1 100

Para o caso estudado, a parcela de excesso de oxigênio correspondente aos gases de


exaustão, devido à queima do GAF, foi de 1,89%.
Existe ainda a parcela correspondente à queima do alcatrão.

Voltando ao balanço da combustão do alcatrão, temos:


n n
[mC + nH 2 + oO2 + pN 2 + qH 2 O ] + [α + 1]{[m + − o]O2 + 3,76[m + − o]N 2 } →
2 2
n n n
mCO2 + [ n + q]H 2 O ( g ) + { p + 3,76[m + − o]}N 2 + α {[ m + − o]O2 + 3,76[m + − o] N 2 }
2 2 2
Para um coeficiente de excesso de ar α = 0,204 .
[3,43C + 2,63H 2 + 0,87O2 + 0,029 N 2 + 1,38H 2 O] + 1,204[3,88O2 + 14,58 N 2 ] →
[3,43CO 2 ]
+ 4,02 H 2 O( g ) + 14,58 N 2 + 0,204[3,88O2 + 14,58 N 2 ]
=
[3,43C + 2,63H 2 + 0,87O2 + 0,029 N 2 + 1,38H 2 O] + 4,672O2 + 17,554 N 2 ] →
[3,43CO 2 ]
+ 4,02 H 2 O( g ) + 14,58 N 2 + 0,792O2 + 2,974 N 2
A relação mássica estequiométrica de ar/ combustível para o alcatrão foi calculada no
apêndice VIII:
• •
m ar 2 = 5,3226 m Alc

m ar 2
= 5,3226
m Alc

Para a combustão com de excesso de ar, a relação ar/combustível para o alcatrão será:

m ar 2
= 5,3226(α + 1) (IX.15)
m Alc
Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 135

Para α =0,204

m ar 2
= 6,403
m Alc

Para 100 kg de combustível, a massa de ar fornecida será de 640,3kg.


A massa total dos produtos, será então :
m prod = mcomb + mar (IX.16)

m prod = 740,3kg

Os produtos da combustão são tabelados, com o objetivo de obter a fração volumétrica


de cada elemento:

Tabela IX.2. Tabela de conversão para obtenção da fração volumétrica dos gases de
exaustão do Alcatrão (considerando 100kg de Alcatrão)
Elementos Análise molar Análise molar Análise Massa Fração
(produtos) kmol/mprod kg[r] kmol/740,3kg molar Molecular %massa
[r] kmol/kg [s] [t] [u]={[s]x[t]}

CO2 mCO2 3,43 0,004636 44 0,2040

H2O [ n + q ]H 2 O ( g ) 4,01 0,005422 18 0,0976

O2 n 0,792 0,001063 32 0,0340


α {[m + − o]O2
2
N2 17,55 0,02373 28 0,6644
n
{{ p + 3,76[m + − o]} +
2
n
α {3,76[m + − o]}}N 2
2

Total - 25,796 0,03485[v] - 1


Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 136

Elementos Conversão Conversão Fração%vol Fração%vol


(produtos) kg/kmol kg/kmol [y]=[x/t] [z]=[y]*100
[w]=1/[v] [x]=[w]x[u]
CO2 - 5,852 0,1330 13,30
H2O - 2,804 0,1558 15,58
O2 - 0,9815 0,0307 3,07
N2 - 19,053 0,6805 68,05
Total 28,698[w] 28,698 1 100

Para o caso estudado, a parcela de excesso de oxigênio correspondente aos gases de


exaustão, devido à queima do alcatrão, foi de 3,07%.

Nos gases de exaustão, estão presentes os produtos da queima do alcatrão e do GAF em


proporções variadas. É necessário então, conhecer a vazão de cada combustível, para
determinar a fração volumétrica total do oxigênio nos gases de exaustão.

Essa fração volumétrica variará em função da composição e vazões dos combustíveis e


do ar, e poderá ser utilizada efetivamente como referência de controle da queima dos
combustíveis na caldeira.

No apêndice VIII, foi calculada a vazão mássica de GAF, para uma vazão volumétrica
nominal e densidade conhecida:
• •
m GAF = V GAF xρ GAF (IX.17)
sendo,

V GAF , a vazão volumétrica do GAF (nominal = 11,25Nm³/s)
ρ GAF , é a densidade média do GAF de 1,3439kg/Nm³.
• kg
m GAF = 15,12
s
A vazão mássica do alcatrão pode variar de 500 a 1000kg/h, sendo considerada a vazão
nominal de 500kg/h ou 0,139kg/s.
• kg
m Alc = 0,139
s

Conhecidas as vazões, pode-se calcular a fração mássica de GAF e alcatrão, em 100kg


de combustível:
Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 137


m GAF

= 108,77
m Alc

m Alc + m GAF = 100kg

108,77m Alc + m Alc = 100kg

m Alc = 0,911kg

m GAF = 99,089kg

Para a combustão com de excesso de ar, a relação ar/combustível para o GAF já foi
avaliada:

m ar1
= 0,7787(α + 1) (IX.18)
m GAF

Para α =0,204

m ar1
= 0,937
m GAF

Para 99,089kg de GAF, a massa de ar fornecida será de 92,846kg.

A massa total dos produtos, será então :

m prod 1 = mcomb + mar (IX.19)

m prod 1 = 191,92kg

Para a combustão com de excesso de ar, a relação ar/combustível para o alcatrão será:

m ar 2
= 5,3226(α + 1) (IX.20)
m Alc

Para α =0,204

m ar 2
= 6,403
m Alc

Para 0,911 kg de alcatrão, a massa de ar fornecida será de 5,833kg.


Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 138

A massa total dos produtos será então:

m prod 2 = mcomb + mar (IX.21)

m prod 2 = 6,744kg

Para 100 kg de combustível (GAF e alcatrão), teremos que a massa total dos produtos
será:

m prod 3 = m prod 1 + m prod 2 (IX.22)

m prod 3 = 198,66kg

Para calcular a fração volumétrica dos elementos dos produtos da combustão da mistura
de GAF e Alcatrão, é necessário encontrar a fração mássica de cada elemento da
mistura.

Tabela IX.3. Tabela de conversão para obtenção da fração volumétrica dos gases de
exaustão da mistura GAF e Alcatrão.

Elementos Composição Composição Massa Massa Fração


(produtos) %massa %massa Molecular[t] total[kg] %massa
GAF [a] Alcatrão [b] [c]=[a]x mprod1 [w]=[c]/[u]
+ [b]x mprod2
CO2 0,3620 0,2040 44 70,92 0,3570
H2O 0,0248 0,0976 18 5,42 0,0273
O2 0,0192 0,0340 32 3,88 0,0195
N2 0,5936 0,6644 28 118,4 0,5962
Total 1 1 - 198,66 [u] 1
Apêndice IX – Combustão com Excesso de Ar 139

Elementos Análise molar Análise N° moles da kg/kmol kg/kmol


(produtos) GAF molar mistura[kmol] [m]=[v]x[w]
kmol/kg [s] Alcatrão [j] = [s] x
kmol/kg[x] mprod1
+ [x]x mprod2
CO2 0,008234 0,004636 1,612 - 11,32
H2O 0,001378 0,005422 0,3011 - 0,866
O2 0,000594 0,001063 0,1213 - 0,618
N2 0,021208 0,02373 4,2303 - 18,907
Total 0,03141 0,03485 6,264 [t] 31,713 31,713
[v]=[u]/[t]

Elementos Fração%vol Fração%vol


(produtos) [y]=[m]/[t] [z]=[y]*100
CO2 0,2573 25,73
H2O 0,0481 4,81
O2 0,0194 1,94
N2 0,6753 67,53
Total 1 100

Para a mistura de alcatrão e GAF, a parcela total de excesso de oxigênio nos gases de
exaustão foi de 1,94%.

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