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PRÁTICAS CORPORAIS E PROMOÇÃO DE SAÚDE

Sylvie Fortin
PhD.
Universidade de Quebec, Montreal
fortin.sylvie@uqam.ca

Tradução: Márcia Donadel


Doutoranda em Artes Cênicas/UFRGS
mdonadel@gmail.com

Tradução: Mônica Fagundes Dantas


Professora Adjunta/UFRGS
modantas67@gmail.com

Resumo Abstract
The paper analyzes the relations between
O artigo busca refletir sobre as relações en- corporal practices and health promotion, exa-
tre práticas corporais e promoção da saúde, mining examples coming from the Dance Field.
analisando exemplos oriundos do campo da In a societal context in which body receives
dança. Em um contexto social em que o corpo more and more attention, it is important that
recebe cada vez mais atenção, se faz impor- professionals in the field of art, physiotherapy,
tante que os profissionais da arte, fisioterapia and physical education engage in critical re-
e educação física reflitam de forma crítica so- flexivity about values entangled in mainstream
bre os valores entranhados tanto nas correntes and alternative discourses.
dominantes como em discursos alternativos.

Palavras-chave Keywords
Dança. Práticas Corporais. Promoção da Saú- Dance. Corporal Practices. Health Promotion.
de. Discursos do corpo. Body Discourses.
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Nas sociedades ocidentais as pessoas em todo o mundo mostram que entre 70% e
são cada vez mais estimuladas a participar 80% dos bailarinos sofrem de lesões e que
em atividades físicas e esportivas por causa as questões psicológicas são tão importantes
dos evidentes benefícios para a sua saúde e quanto os fatores físicos e ambientais. Eu es-
bem-estar. A dança, a educação física e os es- tava ansiosa para implementar mudanças em
portes são muitas vezes vistos como ativida- direção a uma prática mais segura da dança
des chave através das quais um estilo de vida no meu ambiente, mas enfrentei o desinteres-
ativo pode ser estabelecido, em que as pes- se de muitas pessoas, pois lesões físicas e
soas possam aprender sobre seu corpo, sua distúrbios psicológicos são vistos como parte
saúde física e psicológica. Obviamente, esses do jogo: “Esta é a realidade no meio da dança
ambientes não são neutros. Eles transmitem profissional”, as pessoas diriam: “é como as
normas corporais, bem como normas implíci- coisas são”. A fim de desenvolver um progra-
tas e explícitas sobre a saúde. Neste discurso ma de promoção da saúde no meu ambiente
de fechamento para o Evento de Comemora- da dança, eu percebi que precisava dar um
ção de 75 anos da Escola de Educação Física, passo atrás para entender o que as pessoas
Fisioterapia e Dança apresentarei questiona- pensam sobre saúde e como bailarinos cons-
mentos e ideias sobre práticas corporais e de troem a sua saúde.
saúde, a fim de desenvolver um processo de De 2002 a 2008, eu e meus assistentes
reflexão crítica coletivo sobre o papel que nós de pesquisa realizamos uma série de estudos
podemos desempenhar enquanto especialis- com mais de cem bailarinos contemporâneos
tas em movimento em um contexto social em profissionais e pré-profissionais, coreógrafos,
que o corpo recebe cada vez mais atenção. ensaiadores e estudantes de dança do Ensi-
Farei isto do meu ponto de vista de pratican- no Médio em Montreal, Canadá (Fortin, 2008).
te e pesquisadora acadêmica da dança e de Foram realizadas entrevistas individuais e ob-
técnicas somáticas no Canadá. Espero que, servações participantes em aulas de dança,
apesar de um contexto cultural diferente, seja formação e ensaios, que nos forneceram ma-
possível estimular o intercâmbio entre o nosso terial rico e fundamentado que foi analisado
grupo composto por estudantes, professores qualitativamente. Partes desta pesquisa estão
de educação física, fisioterapeutas, artistas e sendo atualizadas para aprofundar nossa com-
pesquisadores da área do esporte, dança e preensão de como os artistas se constroem e
movimento em geral. Para isso, vou usar algu- são construídos de muitas maneiras por vários
mas das conclusões da minha pesquisa que discursos por vezes contraditórios, para usar o
investiga como bailarinos profissionais e estu- termo de Foucault.
dantes de dança constroem a sua saúde.
Minha motivação para estudar a saúde no
Fundamentos
ambiente de bailarinos profissionais começou
teóricos
no início da minha carreira, quando eu parei de
dançar por causa de uma lesão. Eu, então, tor- De acordo com Foucault (1963), discursos
nei-me mais sensível a esta questão da saúde são compostos de ideias, atitudes, crenças,
e das lesões causadas pela dança. Estudos conjuntos de ações e práticas que permitem,

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tanto quanto restringem, o que pode ser dito aplicativos de saúde voltados para o autoaper-
ou feito em determinadas épocas e lugares. feiçoamento estão crescendo tremendamente.
Em outras palavras, discursos não são sim- De acordo com Boxall (2014), há 100.000 apli-
plesmente reflexos de realidades sociais atra- cativos dedicados à saúde. Estes aplicativos
vés da linguagem; eles podem ser melhor buscam capacitar os usuários mundanos a
compreendidos como práticas discursivas e serem consumidores mais informados. Mas às
comportamentais que moldam realidades so- vezes eles se tornam um instrumento de auto-
ciais. Por exemplo, o discurso dominante da tortura, dizem os críticos. De fato, o caminho
saúde ocidental coloca os indivíduos como para o autoaperfeiçoamento pode ser um de-
principais responsáveis pela sua própria saú- safio. Algumas pessoas abandonam o monito-
de, relacionado a sua conquista a uma série ramento por causa da pressão estrangulante
de práticas corporais. Estão presentes, neste que se exerce sobre eles. “Um quilo mais pe-
discurso, exigências de consumo de práticas sado pela manhã? Você está gordo. Faltando
de saúde, serviços e produtos ao longo de um dia de corrida ou a sua aula de dança diá-
toda uma vida. Com base na análise da prisão ria? Que preguiça!”. Dispositivos de automoni-
panóptico de Foucault, pode-se dizer que as toramento levaram ao que Lupton (2014) cha-
pessoas adotam uma forma internalizada au- mou de uma “cultura de automonitoramento”,
toimposta de controle corporal de acordo com na qual prevalece a crença de que os dados
essas exigências. Concretamente, o discurso são uma forma superior de conhecimento para
dominante implica dedicação constante e au- trabalhar e melhorar a si mesmo. No passado,
tovigilância, encorajando as pessoas a evitar quando as pessoas tinham problemas, havia
riscos e adotar comportamentos seguros, tais uma tendência a privilegiar a cura através da
como exercitar-se, repousar adequadamente, fala (psicanálise). No entanto, graças à presen-
não fumar ou não comer fast food. Claro que a ça das tecnologias digitais contemporâneas, o
culpa tornou-se intimamente ligada à falha de discurso neoliberal dominante valoriza a autor-
cada um em seguir estas regras. responsabilidade.
Recentemente, as pessoas se voltaram para Lupton salienta ainda que, embora a fixa-
tecnologias digitais com o objetivo de ajudá-las ção de metas possa servir ao aperfeiçoamen-
no desenvolvimento e na manutenção da sua to pessoal, também serve para aumentar os
saúde e de seu controle corporal, por vezes lucros das empresas nas indústrias do exer-
com uma atitude obsessiva de “automonitora- cício/saúde. Confiar em sensações corporais
mento” (self-tracking), um termo cunhado por ao invés do relógio eletrônico inteligente que
Gary Wolf e Kevin Kelly. Em 2007, eles encon- sabe o quanto você precisa correr e descan-
traram um blog chamado Self-Quantified1 que sar é quase um pecado. Há muito tempo, em
reúne indicadores registrados por “automoni- 1987, Habermas argumentou que grandes
toradores” (self-trackers) sobre seus estilos de empresas vieram a substituir religiões, institui-
vida para melhor monitorar a sua saúde. Os ções familiares e comunitárias na produção de
sentido, identidade pessoal, valores e conhe-
cimento. Tal influência de ideologias corpo-
1 WOLF, Gary; KELLY, Kervin. About the Quantified Self: self
knowledge through numbres. San Francisco: Quantified Self rativas sobre a sociedade tem sido chamada
Lab, 2015. Disponível em: <http://quantifiedself.com/about/>.

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de “colonização do mundo da vida”, segundo po específico. Este quadro teórico combinou


Habermas. Na mesma linha de pensamento, perfeitamente com os nossos dados obtidos
Foucault (2004) fala sobre a “biopolítica” para com bailarinos profissionais, pré-profissionais
o controle, vigilância e regulagem dos proces- e estudantes do Ensino Médio.
sos corporais. Geneviève Rail (2015) aponta
que Deborah Lupton (1995) escreveu sobre o
Uma noção
“imperativo de saúde” há 20 anos e que, re- múltipla de saúde
centemente, Cerderström e Spicer (2015) es-
tenderam o conceito a um maior domínio de Ao adotar uma epistemologia sócio-cons-
bem-estar. Como Rail, eu disponho desses trutivista2, a nossa investigação sobre a saúde
autores para falar sobre “saúde e bem-estar do bailarino é parte de um crescente corpo de
imperativos” nos discursos dominantes e sua literatura sobre como grupos culturais cons-
“cultura de automonitoramento”. troem a sua saúde de forma diferente. Apesar
Felizmente, os discursos não são estáveis. da definição de saúde fornecida pela Organi-
Além disso, são discursos muito numerosos zação Mundial de Saúde, cada subgrupo cul-
e frequentemente contraditórios que circulam tural tem sua própria definição de saúde. Por
em um determinado momento. Por exemplo, exemplo, para um grupo de estudantes corea-
poderíamos dizer que o yoga, a meditação e nos no Canadá, saúde consistia em ser capaz
a Educação Somática (às vezes situada sob o de passar seus anos na universidade supor-
termo genérico de práticas de consciência ple- tando a enorme pressão para o sucesso colo-
na) oferecem uma alternativa ao discurso da cada sobre eles por seus pais. Em outro exem-
saúde dominante. Até certo ponto, o desenvol- plo, um grupo de mulheres portuguesas idosas
vimento destas práticas oferece um discurso em Montreal via a saúde como a capacidade
marginal, uma vez que elas promovem a per- de cuidar de seu jardim no verão, depois do
cepção e a sensação como base dos pensa- inverno as ter forçado a reduzir suas atividades
mentos e ações. Na verdade, eu poderia ar- físicas (Rail et al., 2002).
gumentar que o yoga, com as suas inúmeras Os resultados de nossos estudos, que ana-
práticas derivadas especializadas para dife- lisaram as construções discursivas de saúde
rentes partes do corpo (abdo-yoga, butt-yoga, elaboradas por bailarinos do Ensino Médio,
etc.) ou funções (power yoga, yoga restaura- corroboram as descobertas de uma gran-
tiva, etc.) está se deslocando para o mercado de pesquisa semelhante em educação física,
de práticas do corpo e da saúde. O mercado conduzida por Margaret MacNeil e Geneviève
do bem-estar está se expandindo tremenda- Rail (2010). As autoras explicam que, para os
mente e é parte de um setor extremamente lu- jovens canadenses, saúde significa ter uma
crativo. Para Foucault, o discurso que domina forma particular de corpo e peso e, mais es-
em épocas e locais específicos produz o senso
comum do conhecimento naquele período e é
2 Uma epistemologia sócio-construtivista aponta que nossa
aceito como verdade. Portanto, discursos do- realidade é construída através de nossas experiências pes-
soais, valores e modos de ser que emergem de nossas in-
minantes constroem as verdades atuais e as terações no mundo. Enfatiza a construção individual do
relações de poder que vigoram por um tem- mundo e o discurso compartilhado com a sociedade (McCarty
& Schwandt, 2000).

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pecificamente, não ter muito sobrepeso ou o público em geral. Ao olhar para programas
obesidade. As narrativas foram altamente di- de TV como “So you think you can dance” ou
ferenciadas por gênero. Em geral, os jovens “Dancing with the stars”, vemos uma clara co-
do sexo masculino relacionaram saúde e um lonização3 do corpo. A saúde é uma questão
corpo “normal” como não gordo, e sim, mus- muito pessoal, mas também é extremamente
culoso e bem definido. Para as jovens, ser política. A mídia popular é obcecada por atrair
magra e com bom tônus muscular (mas não jovens com sonhos de fama. O Photoshop4
excessivamente) correspondeu à forma ade- tem 25 anos de idade. Imagens digitalmente
quada para o corpo feminino. A noção de saú- alteradas de corpos para fazer as pessoas pa-
de foi confundida com a aparência física e o recerem mais magras ou mais jovens fazem
peso. Nos estudos de Rail em educação físi- parte da nossa vida diária. A mídia popular e
ca, bem como em nossos estudos em dança, a dança teatral ocidental convergem para mol-
parecia que a preocupação dos jovens estava dar corpos de uma maneira muito específica
mais relacionada à “boa aparência” ou “não com maquiagem e figurinos extravagantes. O
ser gordo” do que a “ser saudável.” Portanto, sucesso das competições de dança como “So
concluímos que as elaborações sobre saúde you think you can dance” e “Dancing with the
dos bailarinos do Ensino Médio estavam muito stars” é enorme em todo o mundo. O primeiro
ligadas a discursos sociais dominantes e “saú- foi franqueado em 26 países e mais tarde, em
de imperativa”. 30.
Na mesma linha, o nosso estudo com
bailarinos contemporâneos tende a equiparar-
Os problemas de
se com o discurso dominante da dança teatral uma noção múltipla de saúde
ocidental que promove um corpo ideal, no qual
critérios estéticos de beleza, magreza, virtuo- Muitos podem pensar: “O que há errado com
sismo e devoção prevalecem, e onde a fadiga, isto?”. De fato, “O que há de errado em uma
as dores e as lesões são aceitos silenciosa- cultura internacional de dança que incentiva os
mente (Laws, 2005; Sorignet, 2010). Quando jovens a se mover?”. Ninguém pode ser con-
questionados sobre a relação entre saúde e tra isso. Na cultura ocidental, questões como
dança, os artistas em nosso estudo relegaram obesidade na juventude e a importância da ati-
a primeira a um papel secundário, valorizando vidade física são incansavelmente repetidas na
o extrapolar dos limites da arte e expandir as mídia. Até mesmo a Organização Mundial da
habilidades individuais, por vezes para além Saúde declarou que vivemos uma “epidemia
de limiares razoáveis. Os artistas entrevista- de obesidade global” (O.M.S., 2003). Concor-
dos consideraram a dança como um “trabalho do que não podemos ser contra o movimento.
arriscado”, uma vez que fazer dança envolve Mas o que eu estou discutindo aqui é que, no
“buscar a inovação”, e isso, invariavelmente, contexto das economias neoliberais, este tipo
“prejudica o corpo”.
O discurso dominante da dança tea- 3 Para uma reflexão sobre a colonização do corpo ver Rail
tral ocidental é uma força poderosa, não só (2006).

para artistas profissionais, mas também para 4 Photoshop é um software caracterizado como editor de im-
agens bidimensionais. (N. do T.)

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de programa de TV faz uma fusão entre as no- com o que foi afirmado anteriormente sobre
ções de atividade física, saúde, beleza e felici- o discurso, jovens com deficiência não são
dade. Para explicar o meu ponto de vista, eu simplesmente vítimas do discurso dominante,
vou mencionar os jovens marginalizados (por eles podem ser agentes ativos que resistem,
exemplo, com excesso de peso ou com defi- negociam ou desafiam o discurso dominante.
ciência na juventude), que, com base nesses Muitos exemplos podem ser facilmente en-
tipos de imagens dos discursos dominantes, contrados na Internet, que é um lugar rico para
são definidos como “fracassados”, a menos se conformar, negociar ou resistir a discursos
que tenham a força necessária para resistir a dominantes. Por exemplo, em Montreal, Luca
esta esmagadora mensagem. Patuelli, (chamado Lazylegz6 porque nasceu
Ao olhar para “So you think you can com uma artrogripose que limitava seus movi-
dance” ou “Dancing with the stars”, é possível mentos articulares e afetou o seu crescimento
sentir no corpo a injeção de adrenalina que a muscular) participou da versão canadense de
estimulação física, a liberação de endorfina (o “So you think you can dance”. No Canadá, ele
hormônio do bem-estar), a camaradagem de é conhecido por ser um bailarino solista que
dançar com os amigos, o desafio do virtuosis- dança em um grupo de corpos aptos. Ao fa-
mo e a sensação de estar vivo podem causar. zer isso, ele não normaliza a deficiência, mas
Mas seria possível ter programas de TV que sim comemora as diferenças corporais. Isso
criam essas sensações, oferecendo corpos me parece mais viável a longo prazo, pois não
menos estereotipados? Este tipo de programa existe corpo que funcione perfeitamente, de
produz o corpo capaz como norma. Na verda- forma consistente ou eternamente. Ele conse-
de, a dança, os esportes e a educação física gue quebrar as associações de corpo capaz e
são áreas fundamentais que influenciam a per- feliz e, por consequência, de corpo deficiente
cepção popular de corpos “normais” ou “anor- com sofrimento, tão atreladas ao discurso so-
mais”. cial dominante.
Em agosto de 2015, em Toronto, no Ca-
nadá, aconteceram os Jogos Pan-Americanos
A responsabilidade
seguidos pelos Jogos Parapan-Americanos
individual pela própria saúde e a culpa
para atletas com deficiência5. Seria concebí- generalizada
vel que um dia um produtor de TV se enco-
rajasse a apresentar o equivalente dos jogos Uma noção múltipla de saúde vinculada a
Parapan-Americanos para bailarinos com defi- um corpo capaz, a uma aparência corporal e
ciência? O título poderia ser: “Então você acha à magreza não apenas promove um só tipo
que eu não posso dançar?”. Dança e deficiên- de corpo no discurso social dominante, como
cia formam um campo em expansão. Em linha também leva a uma compreensão de saúde e
bem-estar estritamente individual e consumis-
5 Preferi manter o termo pessoa com deficiência, utilizado ta. Tais programas de TV ditam aspectos da
pelos Jogos Parapan-Americanos. Diferentes termos como
deficientes ou portadores de necessidades especiais refletem vida do jovem. Na tela, vemos os vencedores,
posições teóricas diferentes. O termo pessoa com deficiência
abrange a ideia de que a pessoa é vista como deficiente pela
sociedade, em oposição à ideia de que tem uma condição
médica restritiva. 6 “Pernas Preguiçosas” (N. do T.)

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que ganharam por causa de seu talento e dedi- lesões crônicas ou agudas.
cação. Quando vemos os perdedores, eles en- Com o intuito de serem saudáveis, bai-
fatizam o quão rica foi a experiência e o quão larinos empregavam várias estratégias para
mais fortes eles ficaram depois da competi- “preparar, proteger e reparar” seu corpo. Ao
ção. Nós não vemos aqueles que estão nos contrário de atletas, que costumam reunir da-
bastidores, fisicamente ou emocionalmente fe- dos sobre os seus comportamentos com dis-
ridos. As práticas menos favoráveis de dança positivos digitais portáteis, os artistas não o
e performance, que encontram expressão den- fazem, mas eles incorporaram completamente
tro e através destes programas, tendem a ser a atitude de automonitoramento que lhes ser-
ignoradas. Uma amiga psicóloga trabalhou na ve para trabalhar em busca do artista saudá-
versão de um desses programas para o estado vel capaz de cumprir com todas as exigências
de Quebec. Ela deveria garantir que os perde- dos coreógrafos. Quando lesionados, os bai-
dores não cometessem gestos condenáveis, larinos atribuíam esse fracasso a si mesmos,
já que a frustração da esperança dos jovens sentindo-se consequentemente culpados,
pela fama poderia afetar seu desejo pela vida. afirmando a si mesmos que poderiam ter tido
Os produtores da TV não a mantiveram para “uma melhor concentração”, “mais aqueci-
acompanhamento psicológico por muito tem- mento ou treinamento “, ou que “pararam de
po. Depois de algumas sessões, era de res- dançar muito cedo”, poderiam ter “comido
ponsabilidade do indivíduo a reconstrução do melhor, dormido mais”, etc. Confusão e incer-
seu eu, o que nos traz de volta ao discurso de teza quanto à eficácia das diferentes opções,
saúde e bem-estar no qual o individualismo é por vezes engendravam o que parece ser uma
um conceito chave. busca interminável e ansiosa por formas de
Ao entrevistar os bailarinos que partici- prevenir e curar lesões, ou para aliviar a dor
param do nosso estudo sobre o que a saúde e o sofrimento psíquico. Por exemplo, quando
significava para eles, detectamos discursos lesionados, os bailarinos vão ao fisioterapeu-
neoliberais em que o sucesso é de autor res- ta que diz para colocar gelo. Em seguida, vão
ponsabilidade e se faz em ações individualis- no acupunturista que diz para colocar calor. À
tas. Todos os artistas que foram entrevistados, noite, eles bebem infusões com ervas chine-
sem exceção, se consideravam “saudáveis, sas e tomam analgésicos convencionais. Se
mas prejudicados”. não funcionar, eles pensam que é culpa deles,
Eles não sentiam que as suas lesões atuais porque não encontraram um bom tratamento.
ou antigas conflitavam com o seu entendimen- Eles raramente questionam o seu ambiente de
to sobre ser saudável, já que a sua construção trabalho. Tais fatos compactuam com o que
sobre o que é ser saudável “deve ser funcio- dizem os críticos sobre o discurso dominante
nal”, isto é, torná-los capazes de responder às da saúde e do bem-estar, com seu foco na res-
exigências coreográficas, e isso é de sua res- ponsabilidade individual.
ponsabilidade. Nos esportes, isso poderia ser De fato, críticos com Crawford (2006)
comparado a um atleta avaliando a sua saúde afirmam que este discurso é promovido para
em termos de sua capacidade para atender as reduzir a carga econômica sobre os serviços
demandas do treinador, sem considerar suas públicos e, finalmente, acaba por diminuir a

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responsabilidade social em melhorar a saúde e ticular de governar o corpo. Para ele, práticas
o bem-estar. Embora alguns bailarinos tenham corporais poderiam visar à saúde, ao bem-es-
falado sobre questões coletivas, tais como tar, à felicidade e à sabedoria. Infelizmente, ele
baixa renda, emprego precário e condições de não teve tempo para desenvolver suas ideias
trabalho difíceis (tais como ensaios adicionais mais recentes que, à primeira vista, não coinci-
antes dos espetáculos, fadiga por ter de dar dem com seus primeiros escritos. O problema
conta de mais de um emprego, salas de ensaio com a ideia de pessoas envolvidas na prática
inadequadas, cronogramas apertados destina- da individualidade em busca de seus próprios
dos a minimizar os custos de deslocamento, interesses é que o neoliberalismo promove a
etc.), eles raramente agiram para combater es- autorresponsabilidade como parte de uma
tes problemas, o que não é surpreendente em estratégia que exerce uma autoridade “bran-
um ambiente de trabalho pequeno e compe- da” ao invés de uma autoridade “rígida”. Os
titivo. Neste contexto, o resultado provável é cidadãos são encorajados a assumir volunta-
agir de acordo com o discurso dominante de riamente o cuidado de si mesmos, mas o re-
saúde, e a mobilização coletiva dos bailarinos sultado deste autocuidado está alinhado com
em torno de questões de saúde é restrita. o interesse de outros, como os empregadores,
Defensores da saúde podem espe- o governo ou o mercado comercial. Assumir
rar que algum dia as agências de subvenção que as pessoas vão agir em seu próprio inte-
exigirão das companhias de dança formas resse é problemático, já que a saúde individual
abrangentes de lidar com aspectos de saúde está sujeita a forças externas (Crawford, 2006).
e de segurança no trabalho? E que escolas e Esse é o ponto principal da próxima seção.
organizações de dança venham a empenhar-
se seriamente em comportamentos que pro-
O silêncio como
movam a saúde? Espero que sim, porque, se
um determinante da saúde
a profissão da dança não encarar o desafio,
ela pode vir a ser considerada irrelevante pelos No Canadá, os mais importantes determi-
educadores, administradores e público em ge- nantes da saúde são o status sócio-econômico
ral. Em resumo, um foco na responsabilidade e o emprego. Não é preciso dizer que os baila-
individual, entrelaçado ao discurso de saúde e rinos têm uma renda muito baixa, na verdade,
bem-estar, afeta muitas dimensões da prática a menor entre as outras formas de artes (R.
artística. Artistas, como outros trabalhadores Q.D., 2011). Em termos de emprego, a maioria
profissionais, são encorajados a se engajar na dos bailarinos são freelancers com incerteza
cultura de automonitoramento como parte da em tempo integral. Na dança, as mulheres su-
saúde e da produtividade. peram os homens, o que resulta em uma com-
É importante acrescentar que a auto- petitividade que afeta estes aspectos da sua
manutenção não é errada em si. Pelo contrá- vida profissional e, consequentemente, a sua
rio, muitas vezes é gratificante e prazerosa. É saúde. Frequentemente, as mulheres tiveram
parte da nossa vida. No final de sua vida, ins- um processo de socialização maior que os ho-
pirado na Grécia antiga, Foucault (1994) escre- mens e têm profundamente encarnada “uma
veu sobre o cuidado de si como um modo par- cultura do silêncio”. Minimizar a experiência da

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dor e das lesões torna-se uma norma implícita coreógrafos mantém uma inclinação estética
na carreira da dança profissional para as mu- absoluta, querendo saber o menos possível
lheres, uma vez que expressar a dor pode ter sobre as lesões de seus bailarinos.
consequências negativas. Os dados do nosso Enquanto a vocação ou a paixão pela
estudo foram tão convincentes que decidimos forma de arte são muitas vezes apresentadas
apresentar o silêncio como um determinante como explicações para a razão pela qual os
da saúde. Quero ser clara: nossos dados não artistas colocam em risco a sua saúde e acei-
mostram que as mulheres se lesionam mais do tam condições de trabalho difíceis, concluí-
que os homens, mas mostram claramente que mos que o discurso dominante do teatro oci-
se expressam menos do que os homens em dental, ao valorizar a supremacia do trabalho
relação à dor, o que pode ter consequências artístico e a superação de limites, encabeça
para a sua saúde. Homens, por outro lado, po- uma longa sequência de decisões que im-
dem demonstrar suas lesões físicas, porque pactam negativamente na saúde dos artistas.
seu trabalho não é tão comprometido como é A menos que todos os participantes do meio
para as mulheres. Não se quer dizer que os ho- da dança, individual e coletivamente, abordem
mens não sofram por causa de lesões. Muitas criticamente os vários discursos e suas “ver-
vezes, eles começaram a dançar mais tarde, já dades” encarnadas, mudanças na saúde e no
adultos jovens. Devido à escassez de homens bem-estar do bailarino permanecerão restritas.
no ambiente profissional, eles às vezes rece- “Jogos da verdade” são inevitáveis, disse Fou-
bem ofertas de trabalho antes de ter concluído cault (1994), mas podem ser jogados levando
a formação corporal que uma carreira profis- em consideração uma ética baseada na preo-
sional requer, e podem acabar tendo lesões. cupação consigo e com os outros.
Independentemente de serem homens Uma vez que estes resultados vêm do meio
ou mulheres, todos os nossos entrevistados da dança, podemos nos perguntar se o silên-
sugeriram uma “lista negra virtual” de coreó- cio também pode ser visto como um determi-
grafos a evitar se um bailarino valoriza sua nante da saúde no contexto da educação física
saúde. Mas ninguém revelou os seus nomes; e dos esportes. Olhando para alguns esportes
o meio profissional é pequeno, e segredos como ciclismo, mais especificamente no fa-
permanecem. É importante acrescentar que moso caso de Lance Armstrong, mas também,
a saúde do bailarino está intimamente ligada mais perto de mim, o caso de Geneviève Jan-
aos outros atores do meio de dança: os co- son, uma ex-ciclista profissional do Canadá,
reógrafos, os diretores de teatro, os jornalistas, eu tenderia a dizer “sim”. Geneviève ganhou
as agências de financiamento, etc. Nós pode- os campeonatos World Junior Road e Time
ríamos usar o conceito holístico conhecido Trial em 1999. Em 2000, ela ganhou o Tour de
como “One Health”, para enfatizar a complexa Snowy e a World Cup. Depois de repetir pu-
interação entre todos estes componentes do blicamente que estava livre de drogas, admi-
ecossistema. Por exemplo, alguns coreógrafos tiu em 2007, que havia tomado EPO. Ela usou
se definem como muito abertos, e deploram o substâncias mais ou menos continuamente
fato de que às vezes os bailarinos não querem desde que tinha 16 anos. Ela manteve silêncio
revelar suas condições de saúde, mas outros durante anos por causa de seu treinador tirâ-

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nico e da pressão que sofria de seu médico e característica do discurso neoliberal. Apesar
patrocinador. Se ela tivesse falado antes, ima- da crescente popularidade, abordagens de
gino que sua aflição física e psicológica pode- Educação Somática não são uma panaceia.
ria ter sido atenuada mais cedo. O interessan- De acordo com Burkeman (2015), cada épo-
te é que, no caso de Armstrong, o silêncio foi ca precisa de uma prática que possa ser acei-
mantido através de uma grande conspiração ta como uma cura milagrosa (um “sistema de
dos envolvidos, e no caso de Janson ela esta- verdade” como diria Foucault). Assim como a
va sozinha em seu silêncio. Com base nesses psicanálise freudiana na década de 1930, a te-
dois casos, podemos considerar que o silên- rapia comportamental cognitiva na década de
cio é determinante da saúde no contexto do 1990 e a Educação Somática hoje - até que a
esporte, como é o caso na dança. Felizmente, pesquisas gradualmente revelem a sua falha,
existem diferentes discursos, alguns mais cor- como qualquer outra coisa.
rentes e outros mais alternativos. Especialistas A Educação Somática vem se desen-
do movimento devem ter mais consciência dos volvendo cada vez mais no meio da dança
discursos opostos em torno deles e dos efeitos desde o final dos anos de 1980. Originárias
sobre sua saúde e bem-estar. Um discurso al- de fora da área da dança, uma variedade de
ternativo ao discurso dominante da saúde oci- práticas, tais como Alexander, Body Mind
dental pode ser visto na Educação Somática. Centering ou Feldenkrais entraram em institui-
ções de dança. Estas práticas estão calcadas
no “ouvir o corpo, responder às sensações e
Educação Somática
conscientemente alterar hábitos de movimen-
como discurso alternativo
to e escolhas de movimento” (Eddy, 2009, p.7).
Educação Somática é ao que as pessoas De acordo com Shusterman (1999), o aumento
do público em geral recorrem quando querem da experiência sensorial subjetiva pode ajudar
“desacelerar”, quando procuram serenidade, a reduzir a proeminência de agentes externos
quando estão desesperados por uma pausa ao indivíduo. A Educação Somática proporcio-
no ritmo da vida moderna, quando a medicina na aos bailarinos um discurso alternativo para
tradicional não resolve seus problemas, quan- contrariar a fantasia de um corpo ideal, que é
do estão fartos dos dispositivos de automoni- muitas vezes removido da concretude do cor-
toramento, etc. Como disse anteriormente, a po percebido. Numa perspectiva foucaultiana,
Educação Somática se localiza sob o grande embora as pessoas sejam socialmente cons-
guarda-chuva de abordagens de consciência truídas nas práticas discursivas, ainda existem
plena e, até certo ponto, pode ser associada como sujeitos que pensam e sentem e como
a um discurso marginal, uma vez que con- de agentes sociais capazes de (oferecer) resis-
testa certos aspectos arraigados nos valores tência e (propor) inovação.
neoliberais como produtividade, meritocracia, De fato, em um de nossos estudos (For-
consumo, beleza, responsabilidade pessoal tin, 2008), descobrimos que bailarinos exer-
pela a saúde, etc. No entanto, esta abordagem cem agenciamentos individuais integrando o
ressalta, sim, uma responsabilidade mais in- discurso somático de três maneiras distintas.
dividual do que social pela saúde, que é uma Para um grupo de bailarinos, a percepção in-

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tensificada desenvolvida pela Educação So- ternas sobre a pessoa, mas sim, é atingido por
mática não serviu para melhorar o seu bem-es- uma internalização das normas pela pessoa.
tar; foi subvertida e usada para trabalhar para
o que era importante para eles, ou seja, rom- Conclusão
per os limites do seu desempenho. O que eles
aprenderam com o discurso marginal da Edu- Neste artigo, abordei como discursos so-
cação Somática foi usá-lo para diminuir os im- ciais que nos cercam podem impactar nos-
pactos negativos sobre a saúde do discurso sas elaborações sobre saúde. Argumentei que
dança dominante, que já havia sido apropriado nossas práticas corporais podem reforçar o
integralmente e considerado como inevitável discurso dominante ou desafiá-lo. Eu desta-
e até mesmo essencial para a construção de quei a importância de ser crítico sobre os seus
uma carreira na dança. Um segundo grupo de efeitos uma vez que estes discursos e suas
bailarinos, por um lado, manifestou pensamen- práticas associadas se entrecruzam na nossa
to crítico na forma como verbalizaram sua re- construção da saúde individual e coletivamen-
ticência sobre determinados aspectos do dis- te. Ofereci exemplos do campo da dança em
curso dominante; por outro lado, não parecem que existe uma noção múltipla de atividade fí-
experimentar fisicamente as alterações que sica, saúde, beleza e felicidade. Em contextos
professavam verbalmente. Num terceiro grupo, onde o corpo é altamente visível, as pessoas
a experiência em Educação Somática os per- tendem a se envolver com práticas de saúde
mitiu desenvolver uma autoridade interna. Eles dominantes e com discursos e práticas corpo-
fizeram escolhas com base na sua autocons- rais que podem levar, paradoxalmente, a prá-
ciência íntima, respeitando os limites de seus ticas insalubres. O silêncio tem sido sugerido
corpos. Para estes bailarinos, a normalidade como um determinante da saúde na medida
de dor ou os excessos de certas práticas artís- em que o ato de não expressar limitações físi-
ticas não eram mais tão cegamente tolerados cas pode resultar em lesões e sofrimento psí-
ou, se assim fossem, só em determinadas con- quico. Em um contexto social em que o corpo
dições e por um período limitado de tempo. recebe cada vez mais atenção, se faz impor-
Markula (2004) aponta apropriadamente tante que os profissionais da arte, fisioterapia
que qualquer discurso pode ser emancipatório e educação física reflitam de forma crítica so-
ou opressivo. Um discurso baseado em Educa- bre os valores entranhados tanto nas corren-
ção Somática não é exceção e precisa ser visto tes dominantes como em discursos alternati-
de forma crítica. O que realmente é importante vos. Nossa posição na rede social de relações
na negociação entre os diferentes discursos é de poder nos torna capazes de facilitar a mu-
saber como eles funcionam, cada um com seu dança, na esperança de que práticas futuras
próprio “jogo da verdade” ligado a um con- sejam menos desconfortáveis e dolorosas, e
senso sobre o que é conhecimento concreto e sim, mais igualitárias, não importando o peso,
quais são os procedimentos hegemônicos que a aparência, a idade, o gênero, a capacidade e
acompanham e legitimam as relações de poder. assim por diante.
O poder, de acordo com Foucault (1963), não é
exercido através da imposição de restrições ex-

13 Fortin // Práticas Corporais e Promoção de Saúde


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Agradecimentos ______. Les techniques de soi [5 oct. 1982].,


Dits et écrits, Tome 1V, Paris : Gallimard, 1994.
Agradeço especialmente a Genviève Rail,
do Instituto Simone de Beauvoir, da Concor- ______. Naissance de la biopolitique: cours au
dia University, que me ajudou a pensar critica- Collège de France, 1978-1979. Paris: Galli-
mente sobre a saúde. Eu também agradeço a mard, 2004.
meus assistentes de pesquisa cujos trabalhos
contribuíram enormemente para o desenvolvi- LAWS, H. Key finding of the 2nd National in-
mento das perspectivas aqui apresentadas. quiry into dancers’ health and injury. Dance UK
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