ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE MATERIAIS
ENG02002 - MATERIAIS CONSTRUÇÃO MECÂNICA I
Porto Alegre
2018
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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE MATERIAIS
ENG02002 - MATERIAIS CONSTRUÇÃO MECÂNICA I
Porta Alegre
2018
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RESUMO
O aço tem ganhado cada vez mais terreno no campo da engenharia através de um
grande papel no funcionamento do mundo moderno; suas aplicações são muito variadas,
sendo assim utilizado em ferramentas, estruturas de construção civil, equipamentos
industriais, indústria bélica, automotiva entre outros. Ciente da real importância desse
material, serão explorados os conhecimentos teóricos para analisar metalograficamente
um parafuso. Retirou-se alguns corpos de prova do nosso parafuso, a fim de não
desperdiçar material - cada amostra passou por um processo de embutimento, lixamento,
polimento, ataque químico, secagem e análise metalográfica. As amostras apresentavam
tratamento térmico específico: recozimento, normalização, têmpera em óleo, têmpera em
água e original (sem nenhum tratamento térmico) e cada tratamento apresentava um nível
de dureza diferente, nos quais a medida foi obtida em Rockwell. Todo esse processo é de
extrema importância para identificar o tipo de aço, inclusões de elementos químicos na
peça, percentual de carbono e outras possíveis informações relevantes. Com a finalidade
de analisar os processos utiliza-se as seguintes ferramentas: microscópios, curva
Continuous Cooling Transformation (CCT), diagrama de fase Ferro-Carbono, além de
referências bibliográficas.
ABSTRACT
Steel has been gaining more ground in the field of engineering through a major
role in the workings of the modern world; its applications are varied, being thus used in
tools, civil construction structures, industrial equipment, war industry, automotive and
others. Aware of the real importance of this material, the theoretical knowledge will be
explored to analyze metallographically a screw. Some specimens were removed from our
screw in order to not waste material - each sample underwent a process of inlay, sanding,
polishing, etching, drying and finally metallographical analyzes. The samples had a
specific heat treatment: annealing, normalization, oil quenching, water quenching and
original (without any heat treatment) and each treatment had a different hardness level, in
which the measurement was obtained in Rockwell. All this process is extremely important
to identify the type of steel, inclusions of chemical elements in the part, the percentage of
carbon and other possibly relevant information. In order to analyze the processes, the
following tools are used: microscopes, Continuous Cooling Transformation (CCT), Ferro-
Carbon phase diagram, in addition to bibliographical references.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12
2.4 Dureza.................................................................................................................... 16
5. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 55
5.1 Reengenharia..........................................................................................................55
LISTA DE TABELAS
Tabela 5 – Tabela das medidas de dureza da peça Temperada em óleo HRC ................ 44
LISTA DE FIGURAS
Figura 22 – Região central da amostra recozida com aumento de 100x atacada com
Nital 2%........................................................................................................................... 52
Figura 23 – Região central da amostra recozida com aumento de 1000x atacada com
Nital 2%........................................................................................................................... 52
1. INTRODUÇÃO
1.1.OBJETIVOS
1.2.METODOLOGIA EXPERIMENTAL
Está escolha deve ser efetua de maneira cuidadosa e seletiva para poder extrair as
informações e características mais relevantes do material. Os cortes são complementares e
ambos trazem informações de extrema importância. O corte transversal nos permite
identificar se o material é ferro fundindo ou aço, entre outros. Também auxilia na
determinação de inclusões e a ocorrência de tratamentos térmicos. O corte longitudinal,
tem por objetivo identificar se a peça foi fundida ou conformada (por forjamento ou
laminação). Definir tratamentos térmicos superficiais, soldas, segregações e inclusões
A intenção é obter uma superfície plana, porém sabendo que o lixamento será
essencial para alcançar melhores resultados.
Nesse trabalho foi realizado o embutimento a quente, pelo simples fato de que o
equipamento fornecido embute, somente, a quente. Entraremos em mais detalhes sobre
esse procedimento na seção de Fundamentação Teórica.
Essa etapa tem como finalidade evitar possíveis deformações plásticas e mecânicas
que os procedimentos anteriores possam ter ocasionado na amostra. Desta forma o
objetivo é atingir uma superfície lisa, mas sempre tomando cuidado para não criar dois ou
mais planos.
6- Secagem
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8- Observação ao microscópio
2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Alotropia
2.2 Baquelite
2.4 Dureza
2.6 Embutimento
Processo metalográfico que visa obter a amostra embutida para melhor manejo nas
etapas do processo e protegê-la de possíveis danos ao material ou à pessoa que o
manuseia.
2.7 Eutetoide
Liga de aço que possuem tear carbônico menor que o do ponto eutetoide, ou seja,
entre 0,2 e 0,76%C. Neste tipo de aço a ferrita está presente tanto na perlita quanto como
uma fase que se formou ao longo da região das fases. Basicamente é composto por perlita
e ferrita proeutetoide, sendo a perlita composta por cementita mais ferrita eutetoide.
2.8 Inclusões
2.9 Microconstituintes
É uma fase ou agregado de fases (como martensita, perlita, bainita) que estão
presentes nos materiais metálicos (em especial o aço). Essas fases variam de acordo com o
percentual de carbono ou impurezas presentes nos materiais ou de acordo com a
temperatura a qual eles são formados. Existem vários tipos de microconstituintes que
podem se formar nos materiais metálicos, contendo eles impurezas ou não.
2.9.1 Ferrita
Também conhecido como Fe-α, a ferrita é a estrutura formada em aços com baixo
teor carbônico. É o constituinte menos duro dos aços, porém o mais tenaz e maleável.
Possui uma estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC) e, nos aços, constitui parte
da perlita.
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2.9.2 Austenita
2.9.3 Perlita
2.9.4 Cementita
2.9.5 Bainita
2.9.6 Martensita
2.12.1 Recozimento
referente a zona crítica, observando que para cada porcentagem de carbono haverá uma
temperatura A3 correspondente. Em relação ao tempo de permanência para cada
centímetro de espessura da peça é recomendado 20 minutos de permanência. Durante o
processo de resfriamento, quanto maior o teor de carbono da peça, mais lento deve ser o
tempo de resfriamento. Os aços de baixo teor de carbono (até 0,3% podem ser resfriados
ao ar), porém se forem peças pequenas com teores mais elevados, deve-se esfriar dentro
do forno.
2.12.2 Normalização
2.12.3 Têmpera
É o tratamento térmico que visa aumentar a dureza e resistência dos aços. É feita
com base no aquecimento da peça até a fase de austenitização (onde se organizam os
cristais do metal) e em seguida fazer um resfriamento rápido em água ou óleo. O
aquecimento é feito em fornos e ultrapassa a temperatura crítica (727ºC). O tempo de
exposição também influencia das propriedades finais do material obtido com a têmpera. Já
o resfriamento ocorre rapidamente para evitar que as propriedades obtidas com o
aquecimento mudem. A têmpera é sempre acompanhada de revenimento para eliminar as
tensões superficiais da peça obtidas com o aquecimento.
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2.12.4 Revenimento
2.12.5 Cementação
3.PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
A peça escolhida teve como critério de escolha o fato de ser uma peça de aço já
submetida a tratamento térmico e não ser um aço de alta liga. Então foi escolhido um
parafuso industrial, parafusos são elementos de fixação, empregados na união não
permanente de peças, estas peças por estarem submetidas a grandes esforços devem ser
feitas com algum aço que tenha suas características modificadas para que não sogra
desgaste mecânico. Isso significa que a peça deve ter grande resistência mecânica.
Para esta fase, a peça foi cortada em cinco corpos de prova (corpo de prova de
corte transversal, corpo de prova do corte longitudinal, corpo de prova para recozimento,
corpo de prova para normalização, corpo de prova para têmpera em água, corpo de prova
para têmpera em óleo).
2 - Ensaio de dureza.
3 - Embutimento da peça.
5 - Ataque dessa superfície por um reagente químico adequado em uma das amostras.
7 - Análise Microscópica.
Após a escola da peça, a mesmo sofreu o corte ou desbaste, a qual passou por um
disco a fim de ser seccionada em 5 amostras similares para passarem por diferentes
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3.6 Lixamento
3.7 Polimento
Esta etapa tem o objetivo de obter uma superfície isenta de risco, de modo a se
atingir uma imagem clara ao microscópio. Para atingir uma superfície perfeitamente
polida, foi necessário a escolha adequada do material de polimento e o cuidado para que a
amostra estivesse limpa, isenta de poeira a fim de não provocar risco. Após a sequência de
lixamento, as peças foram polidas na politriz (Figura 13 apresentada a seguir). O pano de
polimento foi um feltro e juntamente foi utilizado a alumina como material abrasivo,
sendo água empregada como lubrificante. Tomou-se o cuidado para evitar de colocar a
mão no pano de polimento a fim de evitar que diferentes partículas abrasivas entrassem
em contato com a amostra. Para efetuar o polimento, pressiona-se a amostra contra o pano
aplicando uma leve força na mesma e rotaciona-se a peça na periferia do pano, no sentido
contrário à rotação do mesmo. É importante rotacionar a peça sobre o próprio eixo em 90º
frequentemente, a fim de evitar com que as marcas de polimento fiquem visíveis.
3.8 Secagem
Após o polimento, a peça foi lavada em água corrente e secada com um algodão
umedecido em álcool, enquanto era aplicado ar quente sobre a peça de uma distância
considerável (aproximadamente 20 cm).
Após a peça ter sido limpa, realizou-se um ataque químico em Nital 2% (2% de
ácido nítrico e 98% de etanol) de modo que a peça foi imersa na solução e analisada
seguidamente, com objetivo de perceber a alteração da cor da amostra para um tom fosco.
Quando o aspecto visual foi atingido a peça foi limpa em água corrente. Após o ataque
químico, foi realizado a secagem da amostra. As imagens apresentadas a seguir foram
obtidas na análise microscópica.
A segunda amostra após ser recozida foi medida no durômetro, mas dessa vez as
medidas registradas foram em escala Rockwell B (HRB), em função de que os valores
apresentados no durômetro de escala Rockwell C apresentavam medidas inferiores a 10
HRC no relógio, o que prova que houve uma diminuição na dureza do aço a ponto de ser
impossível medir na escala Rockwell C (HRC). Os valores obtidos serão apresentados na
seção 5.2.1.
Figura 15 – Imagens referentes a aços com 0,1% e 0,3% de carbono respectivamente, resfriados
lentamente. Fonte: Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns
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Por último, utilizou-se o Software Image J. Este nos permite estimar com precisão,
por diferença de cor, a quantidade de área clara e área escura presenta na peça. O
Objetivo destes três procedimentos consistiu em tentar diminuir a incerteza e os erros de
cada etapa ao utilizá-las neste processo. A equação utilizada para calcular o percentual de
carbono da peça foi:
𝑻 = 𝑻(𝜸) + 𝟓𝟎 °C
T – Temperatura de forno
Após o tempo determinado, as amostras foram retiradas do forno, e cada uma das
amostras foi resfriada em um meio diferente, sendo eles ar, água e óleo, onde cada meio
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4. ANALISES E DISCUSSÕES
Analisando os valores acima, percebe-se uma baixa variação nos valores entre o
centro e a superfície da amostra. Essa homogeneidade pode sugerir que a peça não passou
por algum tratamento térmico apenas superficial, bem como dificilmente passou por
processo de cementação.
Figura 18- Inclusões do tipo Sulfureto na seção longitudinal da amostra original; aumento de 100x.
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Figura 19 - Inclusões do tipo Sulfureto na seção longitudinal da amostra original; aumento de 1000x.
Figura 20 - Microestrutura central da amostra original atacada com Nital 2%; aumento de 1000x.
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Figura 21 - Microestrutura periférica da amostra original atacada com Nital 2%; aumento de 1000x.
Foram feitas ao todo sete medidas de dureza na amostra recozida, tais medidas
trazem mais informações sobre o material original da peça. Pelo fato de o recozimento
pleno ter retirado possíveis tratamentos térmicos anteriores, os dados de dureza que
encontrarmos são próprios do material. Na tabela 3, abaixo, se encontram os valores
adquiridos em escala HRB. São apenas apresentados seis resultados, pois, o primeiro
ensaio de dureza foi feito em escala HRC, onde foi constatado que a dureza estava
reduzida e seria melhor representada em escala HRB.
norma ASTM E112, podemos classificar a amostra com tamanho de grão número 9
(TG9).
Figura 22 – Região central da amostra recozida com aumento de 100x atacada com Nital 2%.
Figura 23 – Região central da amostra recozida com aumento de 1000x atacada com Nital 2%.
Como segundo procedimento, foi realizada a comparação visual entre a figura 22,
e as figuras presente no livro de Colpaert. Na página 158 do livro citado, correspondente a
3ª edição encontrou-se duas fotografias de 0,1% de carbono e de 0,3% de carbono
respectivamente (Figura 15). Confirma grande semelhança visual entre nossa amostra e o
exemplo do livro, tem se reforçada a hipótese que nosso material é um hipoeutetóide com
cerca de 0,3% de carbono.
Com base nos dados de carbono e o fato de não possuir elementos nobres em
quantidade significativa na liga, pode se classificar nosso aço como um Aço SAE 1030,
cujo pela norma possui baixa liga e percentual de carbono variando entre 0,28% a 0,34%.
Para a amostra normalizada, tendo em vista que nosso aço se caracteriza como
hipoeutetóide, era esperado encontrar apenas microestruturas perlita e ferrita, em grãos
menores, proporcionando assim uma maior dureza.
Figura 24 – Região central da amostra normalizada com aumento de 100x atacada com Nital 2%.
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Figura 25 – Região central da amostra normalizada com aumento de 1000x atacada com Nital 2%.
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Ao analisar o diagrama CCT para um aço SAE 1030, figura X, sabendo que a
dureza media da tempera em óleo é 47 HRC, pode se constatar no diagrama que as
microestruturas formadas são exatamente as observadas, bainita e martensita.
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Figura 26 – Região central da amostra temperada em óleo com aumento de 1000x atacada com Nital 2%.
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Figura 27 – Região central da amostra temperada em óleo com aumento de 1000x atacada com Nital 2%.
5.CONCLUSÃO
Após a análise das amostras retiradas da peça a ser caracterizada, chagamos ao fato
de que o aço é homogêneo, contendo percentual de 0.32% nas bordas e no centro da peça.
Acredita-se que isso acorre pelo fato de a peça possuir um pequeno diâmetro e não ter
sofrido cementação ou tratamento térmico superficial.
O fato de o aço ter um médio percentual de carbono em toda a peça nos da uma
importante característica para um parafuso industrial: Uma dureza considerável
juntamente com uma boa tenacidade em toda a peça.
Fez-se também a analise das inclusões no aço, que se apresentam em uma forma:
tipo sulfeto, nível 2. Foram realizados diversos tratamentos térmicos com as amostra
retiradas e todos em comparação com os experimentos relatados na bibliografia deram
resultados adequados.
5.1 Reengenharia
O fato de a peça apresentar mesmo valores de dureza tanto em seu centro quanto
em sua superfície, bem como similar microestrutura entre ambas, nos indica que a passa
não passou por nenhum tipo de endurecimento superficial.
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHANDLER, H. Heat Treater's Guide: Practices and Procedures for Irons and
André Luiz V. da Costa e Silva. Quarta edição, São Paulo: Edgard Blucher, 2008.