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O DIREITO AMBIENTAL NA SOCIEDADE DE RISCO

Prescila Alves Pereira Francioli1

RESUMO
Ao falar em Direito Ambiental na sociedade de risco, significa dizer tutela do direito a um
ambiente ecologicamente equilibrado em uma geração que se desenvolve a todo vapor.
Para que a sociedade possa se desenvolver economicamente, é necessário utilizar-se dos
meios naturais fornecidos pelo meio ambiente. Mas como utilizar os recursos do meio sem
colocar em risco o direito a uma vida saudável? É o que tentar-se-à demonstrar no presente
artigo.
PALAVRAS-CHAVE: Dano Ambiental. Sociedade de risco. Externalidade negativa.
Princípios da precaução, prevenção e poluídos/usuário pagador. Sociedade sustentável

SUMÁRIO
1 Crise Ambiental; 2 As Novas Gerações dos Direitos Fundamentais; 3 Sociedade de
Risco; 4 Conclusão; 5 Referências Bibliográficas.

1. CRISE AMBIENTAL
A crise ambiental é vista com as diversas catástrofes a nível planetário e a
escassez dos recursos naturais, que tem origem nas atitudes degradadoras do ser
humano na natureza.2
Entende MORATO LEITE que:
A tomada da crise ambiental é deflagrada, principalmente, a partir da
constatação de que as condições tecnológicas, industriais e formas de
organização e gestões econômicas da sociedade estão em conflito com a
3
qualidade de vida.

No entendimento do autor, o avanço tecnológico, bem como suas


conseqüências, são incompatíveis com a qualidade de vida. Tem havido grande
avanço tecnológico e econômico, no entanto esse avanço não tem sido dentro de
um contexto que assegure um viver com qualidade.

1
Acadêmica do 10º período do curso de Direito do Integrado - Colégio e Faculdade de Campo Mourão/PR.
2
Relatório Brundtland: The World Commission on Environment and Development. Our comon future. New
York: Oxford University, 1987. p.383, Apud LEITE, José Rubens Morato.Dano Ambiental: do individual ao
coletivo, extrapatrimonial. 2.ed. rev. e atual. e ampl. São Paulo: RT, 2003. p. 21.
3
LEITE, José Rubens Morato.Dano Ambiental: do individual ao coletivo, extrapatrimonial. 2.ed. rev. e atual. e
ampl. São Paulo: RT, 2003. p. 21.

1
Entende o autor HARDIN que “o crescimento demográfico é incompatível com
a preservação da natureza, causando assim a crise ambiental.”4 O que significa
dizer que o avanço tecnológico, as organizações industrial e econômica da
sociedade estão em desequilíbrio com a qualidade de vida, pois esse
desenvolvimento não tem se amoldado ao que estipula a Carta Magna, de que todos
têm direito a uma vida saudável, em um meio ecologicamente equilibrado, sendo
esse direito indisponível. Ocorre que a atividade econômica não tem demonstrado
muito interesse em fazer com que o habitat natural do homem permaneça saudável.

Assim sendo, a crise ambiental é configurada por um esgotamento dos


modelos de desenvolvimento econômico e industrial experimentados. A revolução
industrial que prometia uma vida melhor para todos, não cumpriu o que prometeu.
Apesar dos muitos benefícios tecnológicos, a revolução industrial trouxe devastação
indiscriminada para o meio ambiente, comprometendo desta forma, a qualidade de
vida do homem. 5
Dois são os modelos da Revolução Industrial:

a) “Modelo capitalista, se funda em objetivos puramente


econômicos, com base no individualismo e no mercantilismo,
sendo dessa forma extremamente agressivo ao meio
ambiente, por não levá-lo em conta”.
b) Modelo coletivista baseia-se na economia de escala,
apostando em uma economia suja, sendo assim igualmente ou
até mais prejudicial ao meio ambiente.”6

Nesse contexto, a economia e o meio ambiente têm vivido em tensão. Com o


apoio dos poderes políticos, a sociedade tem confundido a qualidade de vida e o
bem estar com o consumismo, com o avanço tecnológico irresponsável, com a
utilização dos meios naturais de forma ilimitada, causando depredação ao habitat do
homem, de forma injusta e insustentável para as gerações presentes e futuras.

4
HARDIN, Garret. The Tragedy of the commons. In: CAMPBELL, Rez(Coord.). Society and environment: the
coming collision. Boston: Ally and Bacon, 1972. p. 50 Apud LEITE, José Rubens Morato.Op. Cit., p. 22.
5
BENJAMIM, Antonio Herman. A Proteção do Meio Ambiente nos Países Menos Desenvolvidos: o caso da
América Latina. Revista Direito Ambiental. São Paulo, n. 0, p.83.
6
FRANCO, Antônio Souza. Ambiente e Desenvolvimento. In: Textos: Ambiente e consumo. Lisboa: Centro de
Estudos Jurídicos, 1996. p.14.

2
Ambos os modelos, capitalista e coletivista, tiveram alicerce na visão clássica
de crescimento e desenvolvimento econômico, com fundamento no industrialismo,
sendo assim, extremamente agressivo aos recursos naturais. 7
Nos modelos capitalistas e coletivistas, a regra é“o acúmulo de capital e a
produção de riqueza, sendo ignorada a preservação dos recursos naturais, como
elemento de uso limitado.”8
Assim sendo, não são contabilizados os recursos naturais em seus sistemas
econômicos sendo, dessa forma, o crescimento econômico e a defesa do meio
ambiente, vistos como inconciliáveis e como excludentes. 9
A separação entre o avanço tecnológico econômico e o meio ambiente resulta
em crise ambiental de grande preocupação para toda a humanidade.
Da mesma forma, a função da assimilação está em crise face ao intenso ritmo
de produção. Como exemplo, cita-se o efeito estufa, associado à diminuição da
camada de ozônio, que denuncia que a crise ambiental é um fenômeno integrado
das três dimensões, ou seja, a oferta de recursos, assimilação de resíduos e
disponibilização de serviços ambientais.10
Os recursos naturais são recursos da própria natureza, que são renováveis
por si só, como o petróleo, por exemplo. Mas esses recursos se encontram em
escassez, como sintoma da crise ambiental. A assimilação de resíduos, em razão do
intenso ritmo de produção, não tem absorvido os rejeitos industriais, que é função da
própria natureza. Quanto a disponibilização de serviços ambientais, refere-se às
belezas naturais que fornece ao homem o beneficio do lazer, do bem estar, mas este
também se encontra degradado. De acordo com MORATO LEITE, que “o efeito
estufa associado à diminuição da camada de ozônio, denuncia, que a crise
ambiental é um fenômeno integrado das três dimensões referidas.”11
A pergunta que se faz mediante o fracasso do desenvolvimento econômico
dos Estados, e da constante ameaça de crescimento dessa crise ambiental que se
apresenta é: Quais as alternativas para se resolver o problema da crise ambiental,
ou ainda, remediar e qual o remédio de prevenção?12
Duas são as propostas apresentadas pelos estudiosos do tema, a saber:

7
MILARÉ, Edis. A Política Ambiental Brasileira. São Paulo: Queiroz, 1995. p.16.
8
Ibidem., loc.cit.
9
LEITE, José Rubens Morato. Op. Cit., p. 23.
10
Ibidem., loc. cit.
11
Ibidem., p. 24.
12
Ibidem.,loc. cit.

3
a) “Primeira proposta: economia do meio ambiente, que se
funda em síntese, em utilizar os meios naturais de forma
limitada e estabelecer um valor para a conservação desses
recursos naturais”.
b) Segunda proposta: é a do desenvolvimento durável,
sustentável, ou seja, satisfazer as necessidades do presente
sem por em risco a capacidade das gerações futuras de terem
suas próprias necessidades satisfeitas.” 13

É a segunda proposta a mais aceita, levando em consideração que as


gerações presentes não tem o direito de desperdiçar o que recebeu e, muito menos,
de degradar, de comprometer o meio ambiente das gerações futuras, impedindo-as
de gozarem do benefício de um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

2. AS NOVAS GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


Para se falar em novas gerações dos direitos fundamentais, mister é falar
sobre os direitos de primeira, segunda, terceira geração e quarta geração, que são
tutelados pela Legislação Maior, ou seja, a Constituição Federal.
Ao que diz respeito aos direitos fundamentais, direitos estes que representam,
na verdade, direitos reconhecidos constitucionalmente sem os quais é impossível ao
homem alcançar seu pleno desenvolvimento, que com o passar dos anos vão de
certa forma acompanhando o evoluir histórico da humanidade. Esses direitos podem
ser classificados da seguinte forma: 1) direitos de primeira geração, são direitos
individuais, que dizem respeito ao direito à vida, à integridade física, à liberdade, à
igualdade, à segurança, entre outros; 2) os direitos de segunda geração se referem
aos direitos sociais, de natureza econômica, como direito ao trabalho, a um salário
justo, direito de propriedade, de associação, de participação política, de assistência
à saúde, à educação, direito de voto e de elegibilidade, o direito de petição, entre
outros; 3) os chamados direitos de terceira geração, é o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado e à qualidade de vida; 4) e os direitos de quarta geração,
ou os tidos como direito ao pluralismo, porque engloba os direitos de segunda e

13
LEITE, José Rubens Morato. Op. Cit.,p. 24.

4
terceira geração, sem no entanto, eliminar os direitos de primeira geração, que diz
respeito ao indivíduo como ser único.14
No entendimento de VALERY MIRRA “ o direito ao meio ambiente é um
direito fundamental de terceira geração, incluídos entre os chamados direitos da
solidariedade ou direitos dos povos.”15
Há de se ressaltar que com a Constituição de 1988, o legislador reservou um
capítulo inteiro para tratar do Direito Ambiental, mais precisamente o art. 225, caput,
16
parágrafos e incisos do referido diploma legal. Antes, o direito ambiental
encontrava respaldo em legislações esparsas, não sendo tratado o meio ambiente
de modo específico. 17
Os preceitos inscritos no art. 225 da CF traduzem a consagração do direito
ambiental em nosso sistema positivo, de uma das mais expressivas prerrogativas
asseguradas às formações sociais contemporâneas. Consiste esta prerrogativa em
reconhecer que todos possuem direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, inclusive as gerações futuras, bem como sendo o dever do Estado e de
toda a coletividade preservá-lo, o que é de vital importância, pois o direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado é direito individual e coletivo, sendo assim de
interesse de toda a humanidade.
À primeira vista, o benefício do meio ambiente ecologicamente equilibrado é
de caráter social e individual, mas convém esclarecer que não advém de nenhuma
prerrogativa privada. Assim sendo, é lícito se apropriar de recursos naturais para uso
individual, no entanto devem estes, apesar de ser de propriedade individual
permanecer à disposição de toda a sociedade, como exemplo, cita-se as águas de
um rio que podem estar dentro de uma propriedade particular, mas que todos podem
dela utilizar. Pois, o meio ambiente ecologicamente equilibrado possui caráter de uso
comum do povo.18 A solidariedade é imprescindível, quando se trata da preservação
do meio ambiente. Nesse mesmo entendimento, MORATO LEITE observa que:

14
ROZICKI, Cristiane.Nova versão do contrato por tempo determinado: inconstitucionalidade, retração a
direitos trabalhistas - Revista Jurídica da Faculdade de Direito da UFSC Vol. 1 - 98, pág. 31.
15
MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Ação Civil Pública e a Reparação do Dano ao Meio Ambiente.2.ed.atual., São
Paulo: Juares de Oliveira, 2004. p. 57.
16
Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.
17
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos de Direito Ambiental: parte geral.. 2. ed. rev. atual. e ampl. São
Paulo: RT, 2005. p. 57.
18
DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad, 1997. p. 256.

5
Não há como negar que a conscientização global da crise ambiental exige
uma cidadania participativa, que compreende uma ação conjunta do
Estado e da coletividade na proteção ambiental. Não se pode adotar uma
visão individualista sobre a proteção ambiental, sem solidariedade e
19
desprovida de responsabilidades difusas globais.

Ao dissertar sobre os direitos das gerações futuras no que concerne ao meio


ambiente ecologicamente equilibrado, considera BOBBIO que “o mais importante
deles é o reivindicado pelos movimentos ecológicos: o direito de viver num ambiente
não poluído.”20
Afirmar que o meio ambiente equilibrado é direito fundamental, é reconhecer
o papel fundamental do Estado e de toda a coletividade para obter a eficácia deste
direito.21 Nesse sentido, afirma REZEK que:

[...] a preocupação com a preservação ultrapassa o plano das presentes


gerações, e busca proteção para as gerações futuras. É, de fato, a
proclamação de um direito fundamental intergeracional de participação
solidária e, como conseqüência, extrapola, em seu alcance, o direito
nacional de cada Estado soberano e atinge um patamar intercomunitário,
22
caracterizando-se como um direito que assiste a toda humanidade.

Assim sendo, para garantir a eficácia do direito fundamental de um meio


ambiente ecologicamente equilibrado das gerações presentes e gerações futuras,
necessárias se faz um trabalho em conjunto de toda a humanidade e do Poder
Público, para que os direitos proclamados no art. 225 da CF sejam uma realidade
presente e futura, e não mera norma. O contrário disso é concordar com a
degradação presente do meio, e legar para as gerações futuras o viver em um meio
ambiente totalmente degradado, sem qualquer qualidade de vida, desprovido de
equilíbrio ecológico, e como conseqüência mais drástica, um amontoado de conflitos
insolúveis.

3. SOCIEDADE DE RISCO
A sociedade de risco pode ser descrita como sendo:
Uma fase do desenvolvimento da sociedade moderna, onde os riscos
sociais, políticos, ecológicos e individuais, criados pelo momento da

19
LEITE, José Rubens Morato. Op. Cit., p. 33.
20
BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. p. 6.
21
LEITE, José Rubens Morato. Op. Cit, p. 88.
22
REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 1989. pp. 223-224.

6
inovação, iludem cada vez mais as instituições de controle e proteção da
23
sociedade industrial.

Assim sendo, pode se dizer que são sintomas da crise paradigmática, a


conversão do progresso em acumulação capitalista, transformando a natureza em
mera condição de produção.
Há de se considerar que toda vez que o capitalismo teve de confrontar-se
com suas endêmicas crises de acumulação, fê-lo estendendo-a a novos bens e
serviços e a novas relações sociais e conseqüentemente ampliando a
mercadorização da vida.
Essa atitude impensada e irresponsável da sociedade de risco constitui perigo
e riscos incalculáveis, trazendo em seu ínterim, a possibilidade de catástrofes e
24
resultados imprevisíveis na dimensão da estrutura social. Esses riscos
incalculáveis serão sentidos, de forma mais intensa, pela terceira e quarta geração.
A crise ambiental situa-se no contexto da sociedade de risco, tendo como
características, o domínio dos riscos civilizatórios.
Na sociedade de risco, há que se considerar três espécies de risco, a saber:

a) “Riscos com dimensões planetárias, como o uso irracional


da madeira, recursos minerais e outros”;
b) Riscos que não revelam situações de excepcional
gravidade, como a erosão;
c) Riscos invisíveis e anônimos, aqui cita-se o hiper-
aquecimento da camada de ozônio que causa o efeito estufa,
que apesar de invisível, constitui grande risco para a
humanidade.”25

A grande questão é: o que gerou estes riscos? Entende-se que os riscos


foram gerados pela progressiva sofisticação da tecnologia e da ciência a qual, agora
não consegue encontrar um meio para reagir de forma adequada aos mesmos.
Apesar dos riscos causados ao meio ambiente como conseqüência do

23
(LASH, Scott; SZERSZYNSKI, Bronislaw & WYNNE, Brian (Coord.). Risk, environment & modernity:
towards a new ecology. London: Sage Publications, 1998. p. 27) Apud Leite, José Rubens Morato. Op. Cit., p.
25.
24
LEITE, José Rubens Morato.Dano Ambiental: do individual ao coletivo, extrapatrimonial. 2.ed. rev. e atual. e
ampl. São Paulo: RT, 2003. p. 25.
25
Ibidem., p. 28.

7
desenvolvimento econômico, este é indispensável para a sociedade moderna, que
busca incessantemente um viver de conforto. Assim sendo, a Constituição Federal
garantiu o desenvolvimento econômico como sendo uns direitos constitucionais,
sendo esse direito expresso em seu artigo 170, caput, inciso VI.26
Com esse dispositivo constitucional, o legislador reconheceu que a atividade
econômica possui impacto sobre o meio ambiente devendo assim, ter toda cautela
no sentido de prevenção contra o impacto negativo advindo dessa atividade. Em
concordância, observa RODRIGUES que:

Nenhuma atividade econômica poderá ser desenvolvida sem as cautelas


ambientais e cabe ao empreendedor da mesma a comprovação da
27
existência ou inexistência dos prejuízos e agressões ao meio ambiente.

Considerando que a sociedade de risco possui fundamento no


desenvolvimento social (direitos de segunda geração), econômico e no avanço
tecnológico (direitos de terceira geração), essa sociedade suporta os impactos
negativos causados ao meio ambiente, em virtude de seu próprio conforto.
Para haver o desenvolvimento econômico, se faz necessário muitas vezes,
retirar da natureza a matéria prima que possibilita esse desenvolver. Ocorre que
retirando matéria prima do meio ambiente sem compensar essa perda, acaba
produzindo efeitos negativos, que em Direito Ambiental é chamado de externalidade
negativa. Esses efeitos negativos acabariam prejudicando os direitos das gerações
futuras.
As externalidades negativas são os efeitos da produção e correspondem aos
custos econômicos que circulam externamente ao mercado, sem qualquer
compensação pecuniária, e que acabam sendo socializados. Como exemplo, cita-se
as empresas que utilizam os recursos naturais em grande escala em detrimento do
prejuízo de todos, sem contabilizar esses recursos. Uma forma de lidar com isso é o
projeto de licenciamento para utilizar esses recursos.28

26
A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a
todos a existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
[...] defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme impacto ambiental dos
produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação.
27
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos de Direito Ambiental: parte geral.. 2. ed. rev. atual. e ampl. São
Paulo: RT, 2005. p. 223.
28
Ibidem., pp. 192, 193.

8
As sociedades de risco se valem dos chamados limites de tolerabilidade, ou
seja, as externalidades negativas são muitas vezes considerados riscos socialmente
toleráveis, em virtude do risco constituir o padrão da sociedade normal.29
No ano de 1950, concluiu-se através do Clube de Roma, que se o homem
continuasse a usar a natureza, a vida estaria ameaçada. A ONU, concluiu que
ninguém, após conhecer o conforto da vida moderna vai deixar de viver com o
conforto oferecido por essa sociedade (sociedade de risco).30
O Direito e a economia andam em linhas paralelas, objetivando formular uma
nova ordem econômica e jurídica. Há de se considerar que, para efetivar o princípio
do desenvolvimento sustentável, far-se-á necessário que a economia e o Direito se
unam, andem juntos, com o objetivo único de criar uma sociedade sustentável.31
Que é o que estipula os direitos de quarta geração, uma união da economia com os
direitos do homem, sem que esse pluralismo afete o meio ambiente ecologicamente
equilibrado.
É necessário estabelecer controles, limites para o crescimento econômico. A
partir disso, necessário se faz uma regra de conduta, sendo introduzido o Direito
Ambiental. Porque a economia utiliza os meios naturais para crescer, para se
desenvolver. Mas essa utilização tem que ser tutelada através de normas, no caso, a
norma ambiental.32
De acordo com a Lei Maior, em seu art. 225, todos possuem o direito a um
meio ambiente ecologicamente equilibrado, a uma vida saudável. Assim sendo,
todos de forma solidária devem cuidar para que isso seja possível. “33
Assim, é necessário um cuidado minucioso, para que o dano ambiental seja
com um mínimo de sustentabilidade, não configurando conseqüências maiores para
o meio ambiente.
O Direito Ambiental esta calçado nos princípios da precaução, da atuação
preventiva e poluidor/usuário pagador. O princípio da precaução esta disposto no
art. 15 da Declaração do Rio de 1992. Esse princípio se resume em ter a máxima
precaução ao que se refere ao meio ambiente, mesmo não havendo provas
29
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos de Direito Ambiental: parte geral.. 2. ed. rev. atual. e ampl. São
Paulo: RT, 2005, p. 193.
30
SOUZA, Paulo Roberto. O Direito Ambiental e a Sociedade Sustentável. Palestra proferida no dia 06/06/02 na
I Semana de Estudos Jurídicos: Temas de Direito Contemporâneo, promovida pelo Centro Integrado de Ensino
Superior.
31
Ibidem.
32
Ibidem.
33
Ibidem.

9
científicas da ocorrência de um dano, é necessário tomar certas medidas
preventivas para precaver a degradação do meio ambiente, bem como reparar os
danos já causados. A dúvida é fundamento eficaz para tomar as medidas
necessárias, objetivando evitar qualquer espécie de dano que seja. O princípio é
justificado em que sendo o dano consumado, sua reparação é incerta e muitas
vezes de custo exorbitante, assim sendo, melhor é precaver. 34
Os princípios da precaução e da atuação preventivas têm como finalidade
prevenir um dano, a diferença é que no princípio da precaução o risco é
desconhecido, devendo tomar a atitude de precaver para que o dano não seja
causado. Como exemplo, cita-se a não instalação de torres de celular no centro da
cidade, como medida de prevenção. Já o princípio da prevenção, o risco é
conhecido, ou porque o dano já foi causado, ou porque já existem técnicas que
podem apurar o dano que determinada atividade irá causar ao meio ambiente.
Conhecendo o dano, toma-se as medidas necessárias de prevenção desse dano.
O princípio do poluidor/usuário pagador é o alicerce da norma ambiental.
Conceitua-se esse princípio como sendo “a exigência de que o poluidor arque com
os custos da medida de prevenção e controle da prevenção,”35 devendo ser
observado, antes de poluir e depois de poluir. Importante observar que não significa
que alguém possa pagar para poluir, mas que ao utilizar os recursos naturais deve
arcar com as despesas necessárias para repor ou reparar aquilo que utilizou,
observando sempre, o limite tolerável da utilização desses recursos.
É nesse sentido que os princípios do poluidor/usuário pagador, da precaução
e atuação preventiva fazem todo o sentido, porque utilizam todos os meio para
precaver, prevenir a degradação que possa vir a ocorrer no meio ambiente. Com
isso, tenta-se manter um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as
gerações presentes (primeira, segunda, terceira e quarta gerações) e manter um
meio saudável para as gerações futuras, as que irão sentir o efeito de tudo aquilo
que for realizado pelas gerações presentes. É nesse sentido, que os direitos de
quarta geração tenta englobar o social e o econômico, tendo como base o princípio
da solidariedade, onde toda a sociedade conjuntamente com o Estado, busca o
desenvolvimento sócio-econômico, sem, no entanto prejudicar os direitos das

34
LEITE, José Rubens Morato. Op. cit. p. 46.
35
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Op. Cit. p.191.

10
gerações futuras, sem descartar os direitos individuais, ou direitos de primeira
geração.
Falar sobre sociedade é falar sobre desenvolvimento. Para se falar em
desenvolvimento, é necessário pensar na riqueza dos recursos naturais, porque não
há desenvolvimento sem esses recursos.
Sustentável se origina na palavra sustentar, que segundo definição do
Dicionário Brasileiro significa “suportar, impedir que caia, equilibrar-se, suster-se,
etc.”36
Com base nessas definições, pode-se conceituar sociedade do
desenvolvimento sustentável como sendo aquela que usufrui os recursos naturais
oferecidos pelo meio, sem colocar em risco o meio ambiente das gerações futuras.37
Isso é sociedade de risco dentro de um mecanismo de desenvolvimento
sustentável. Porque a sociedade de risco é aquela que suporta os riscos da
degradação do meio ambiente em prol de seu próprio conforto, e a sociedade de
desenvolvimento sustentável, trabalha em prol do desenvolvimento econômico
dentro de um limite de tolerabilidade, procurando utilizar-se dos meios naturais, sem,
no entanto, colocar em risco o meio ambiente, que é o habitat de toda geração
humana.
De acordo com RODRIGUES, o desenvolvimento econômico e a sociedade
consumista devem estar fundamentados em três pontos:

a) evitando a produção de bens supérfluos e agressivos ao meio ambiente;


b convencendo o consumidor da necessidade de evitar o consumo de
bens inimigos do meio ambiente;
c) estimulando o uso de tecnologias limpas no exercício da atividade
38
econômica.

Porém, não significa que conseguindo realizar esses três pontos o problema
da devastação do meio ambiente estará resolvido, mas apenas que é um meio
provável de se prevenir uma degradação maior no presente, bem como no futuro.

36
BUENO, Francisco da Silveira. Mini Dicionário da Língua Portuguesa. Ed. rev. e atual. São Paulo: FTD,
2000. p. 739.
37
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Op. Cit., pp. 170-171.
38
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Op. Cit., p.172.

11
4. CONCLUSÃO
Conclui-se que o meio ambiente está passando por uma devastação, de certa
forma incalculável. Essa devastação trouxe à tona os conceitos de dano ambiental,
sociedade de risco, externalidade negativa, sociedade sustentável, entre outros.
Dano ambiental é o problema causado pela sociedade de risco, ou seja, a
sociedade em busca desenfreada pelo desenvolvimento econômico, acabou
causando danos ao meio ambiente, muitas vezes irreparáveis. O impacto negativo
ao ambiente natural é causado pela utilização ilimitada dos recursos oferecido pelo
meio ambiente, sem os quais não há desenvolvimento econômico. Em prol do
próprio conforto, a sociedade tolera tais impactos causados ao meio ambiente. Esse
conforto é buscado pelos produtores que enriquecem às custas da degradação do
meio ambiente sem no entanto, reparar o impacto causado, que em síntese é o
conceito de externalidade negativa.
Os princípios da precaução, da atuação preventiva atuam com a finalidade de
prevenir, precaver os danos que poderão vir a ocorrer, e o princípio do
poluidor/usuário pagador, busca arcar com os custos da prevenção, bem como com
o controle dessa prevenção, dos danos oriundos da atividade econômica
desenvolvida por aquele que utiliza os meios naturais.
Assim, surge o desenvolvimento sustentável, que significa dizer que através
das normas de proteção ao meio ambiente, busca utilizar-se dos recursos naturais,
para alcançar o almejado desenvolvimento econômico sem, no entanto, colocar em
risco o ambiente ecologicamente equilibrado da sociedade presente, tão pouco da
sociedade futura, que não pode, não deve suportar conseqüências danosas com as
quais não colaborou para a sua existência, que é a proposta dos direitos de quarta
geração.

5. Referências
BENJAMIM, Antonio Herman. A Proteção do Meio Ambiente nos Países Menos
Desenvolvidos: o caso da América Latina. Revista Direito Ambiental. São Paulo, n. 0.

BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

BUENO, Francisco da Silveira. Mini Dicionário da Língua Portuguesa. Ed. rev. e


atual. São Paulo: FTD, 2000.

CARLI, Vilma Maria Inocêncio. A Obrigação Legal de Preservar o Meio Ambiente.


Campinas: ME Editora, 2004.

12
Constituição Federal, Coletânea de Legislação de Direito Ambiental.
Organizadora ODETE MEDAUAR. 5. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: RT, 2006.

DERANI, Cristiane. Direito Ambiental Econômico. São Paulo: Max Limonad,, 1997.

FRANCO, Antônio Souza. Ambiente e Desenvolvimento. In: Textos: Ambiente e


consumo. Lisboa: Centro de Estudos Jurídicos, 1996.

LEITE, José Rubens Morato.Dano Ambiental: do individual ao coletivo,


extrapatrimonial. 2.ed. rev. e atual. e ampl. São Paulo: RT, 2003.

MILARÉ, Edis. A Política Ambiental Brasileira. São Paulo: Queiroz, 1995.

MIRRA, Álvaro Luiz Valery. Ação Civil Pública e a Reparação do Dano ao Meio
Ambiente.2.ed.atual., São Paulo: Juares de Oliveira, 2004.

MULLER, Mary Stela. CORNELSEN, Julce Mary .Normas e Padrões para Teses,
Dissertações e Monografias. 5. ed. atual. Londrina: Eduel, 2004.

REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 1989.
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Elementos de Direito Ambiental: parte geral.. 2. ed.
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ROZICKI, Cristiane.Nova versão do contrato por tempo determinado:


inconstitucionalidade, retração a direitos trabalhistas - Revista Jurídica da
Faculdade de Direito da UFSC Vol. 1 – 98.

SOUZA, Paulo Roberto. O Direito Ambiental e a Sociedade Sustentável. Palestra


proferida no dia 06/06/02 na I Semana de Estudos Jurídicos: Temas de Direito
Contemporâneo, promovida pelo Centro Integrado de Ensino Superior.

TRINDADE, A.A. Cançado. Direitos Humanos e Meio Ambiente. Porto Alegre: Sérgio
Fabris, 1993.

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