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As Relações Brasil-Angola: pivô da diplomacia africana

Paulo Fagundes Visentini*

Introdução

Dentre as nações africanas com as quais o Brasil mantém relações mais estreitas,
especialmente em termos de intercâmbio econômico sustentado, encontram-se a África
do Sul, Angola, Nigéria e Argélia. Apesar dos vínculos históricos, durante a fase
colonial Angola esteve afastada do Brasil por Portugal. Nigéria e Argélia mantiveram
uma relação crescente a partir dos anos 1970, mas com uma pauta fortemente
concentrada na importação de petróleo e, em certas fases, exportação de manufaturados.
Mas a relação pouco evoluiu para além disso. Já a África do Sul, há mais de um século
tem sido uma parceira de peso do Brasil, a maior, apesar dos percalços da diplomacia do
Apartheid.
Todavia, observando-se o processo de envolvimento do Brasil com a África em
perspectiva, Angola parece vir obtendo uma posição mais interessante. A elite dirigente
angolana (MPLA-PT) teve no Brasil um apoio vital para sua sobrevivência e
consolidação. Mesmo durante os piores anos da Guerra Civil (1975-2002), houve fortes
vínculos comerciais, de investimentos, de serviços, cooperação política, cultural e
técnica entre ambos países. Em sua atual fase pós-guerra, caracterizada por acelerado
crescimento, Angola ganha protagonismo na África e, mesmo, na política mundial. E a
importância da parceria Brasília-Luanda é mais importante para ambas, em termos do
continente africano, ainda que outras possam ter mais peso. Qual o papel de Angola na
política africana do Brasil? Estaria nascendo uma discreta Parceria Estratégica?

A dimensão histórica das relações Brasil-África-Angola

As relações Brasil-África
O Brasil constitui o quinto país do mundo em população e em extensão
territorial e sua economia oscila entre a sexta e a décima nos últimos anos. Já o
continente africano é o mais próximo do Brasil e ambos possuem grande semelhança
ambiental e humana, sendo que o Brasil teve com ele laços mais sólidos do que com
seus vizinhos sul-americanos ao longo da história. Contudo, hoje ainda há grande
desconhecimento recíproco e a recente aproximação desencadeou forte polêmica
política. Isso, apesar do continente africano apresentar uma das mais elevadas taxas de
crescimento econômico do mundo no século XX, além de ser objeto de uma disputa
estratégica entre as potencias do Atlântico Norte e as do BRICS.
A África ocupa 20% da superfície terrestre, constituindo um dos continentes
mais extensos (com imensos recursos naturais, especialmente metais nobres), embora
possua uma população de apenas um bilhão de habitantes (14% da população mundial).
Essa massa de terra está posicionada “no centro do mundo”, considerando-se os atuais
centros civilizacionais e os fluxos e conexões existentes entre eles. O continente
africano possui 54 Estados independentes, o que representa 27% dos membros das
Nações Unidas. Da mesma forma, eles constituem um terço dos Estados-membro do
Movimento dos Países Não Alinhados. A África possui, ainda, diversos processos de
integração em marcha, os quais tem atraído a atenção das grandes economias.

*
Professor Titular de Relações Internacionais na UFRGS, Pesquisador do CNPq e Coordenador do
Centro Brasileiro de Estudos Africanos/CEBRAFRICA (paulovi@ufrgs.br )
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A História africana e brasileira estão intimamente relacionadas, desde que os


colonizadores portugueses ocuparam as duas margens do Oceano Atlântico Sul, no
século XVI. Com a chegada ao Brasil da primeira leva de escravos africanos, em 1538,
inicia-se uma longa fase de íntima ligação, baseada principalmente no tráfico e no
comercio de mercadorias, que se estenderá até meados do século XIX, quando este
inicia seu declínio. Esse relacionamento não era irrelevante, pois no século XVII o
Atlântico Sul foi o centro dinâmico da economia mundial, com o Brasil impulsionando
o Império Atlântico Português. No século XVIII ele foi suplantado pelo Atlântico
Norte, devido à projeção de potências como a França e a Inglaterra1.
Durante a colônia e a maior parte do Império, mais de quatro milhões de
africanos foram trazidos como escravos para o Brasil, fazendo com que a europeização
das novas terras fosse acompanhada por sua africanização. A historiografia destaca a
contribuição africana para a formação da sociedade brasileira na cultura, arte e
religiosidade, além dos aspectos raciais. Mas os africanos também trouxeram técnicas
que impulsionaram a agricultura, a pecuária e o combate a enfermidades, pois os
conhecimentos portugueses eram inadequados para o desenvolvimento do mundo
tropical. A fundição de metais e a produção de utensílios, bem como a introdução de
determinados padrões de comportamento político e de organização social também foram
contribuições africanas importantes.
Houve uma intensa relação até 1860, primeiro na fase colonial, em que ambas
margens do Atlântico Sul faziam parte do mesmo Império e espaço econômico
(especialmente com Angola) e, depois, durante o período imperial, através de um
comércio persistente. Seguiu-se uma fase em que o término do tráfico e do comercio foi
acompanhado pela dominação européia sobre o continente africano. Ocorreu, então, um
afastamento concreto e, depois, um descaso pela parte brasileira, que não soube se
posicionar durante o processo de descolonização africano, nos marcos de uma aliança
contraproducente com Portugal, a primeira e a última potencia colonial. A situação
somente se alterou com a reaproximação (política) promovida por jânio Quadros e sua
Política Externa Independente (1961-1964). Embora tenha havido, com a implantação
do Regime Militar, em 1964, uma década de baixo perfil político nas relações, teve
início uma gradual, porém limitada, aproximação econômica.
Uma década depois, com o choque petrolífero e com o Governo Geisel, a África
passou a ocupar um lugar privilegiado na política externa e comercial brasileira, que se
estendeu até o final do Governo Sarney, em 1990. Durante esse período, do Regime
Militar e da Nova República, as relações Brasil-África foram intensas, especialmente no
campo econômico, diplomático e da cooperação técnica. Em diversos aspectos ela foi,
inclusive, mais sólida do que a do Governo Lula. O Brasil tinha um poder de decisão
mais forte e cruzou o limite tradicionalmente admitido na ordem internacional entre
nações da periferia. Foi a fase da acelerada industrialização por substituição de
importações brasileira.
O fim da Guerra Fria, o desgaste do modelo econômico brasileiro, as mudanças
econômicas mundiais e o advento da globalização neoliberal, todavia, impactaram
negativamente nas duas margens do Atlântico Sul. O comercio e os investimentos se
reduziram, e o interesse político declinou. Do lado brasileiro ocorreu, em meio ao
retrocesso, o estabelecimento de um foco nos países de língua portuguesa e na nova
África do Sul. Mas os caminhos abertos permaneceram, apesar da África passar por um

1
RODRIGUES, José Honório. Brasil e África: outro horizonte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1964. 2ª ed. rev. e aum.
3

período de difícil reajustamento. As empresas brasileiras internacionalizadas


continuaram no continente africano e ambos os lados se adaptavam às novas
circustância e regras. Houve um recuo, mas não uma interrupção das relações.
Já no século XXI o Brasil se estabilizava e a África voltava a crescer
economicamente, bem como a criar novas formas de articulação continental, com a
transformação da Organização da Unidade Africana em União Africana, além do
lançamento da Nova Parceria para o Desenvolvimento Econômico da África (NEPAD).
Grandes nações africanas recuperavam seu protagonismo, nos marcos do Renascimento
Africano, enquanto as economias asiáticas se voltavam para o continente em busca de
recursos, mercados e aliados. O Brasil seguiu o movimento e, com o advento do
Governo Lula, ampliou as formas de relacionamento e deu-lhes uma dimensão
estratégica mundial.
O novo governo, apesar de certa falta de coordenação e carência de recursos, deu
um salto qualitativo nas relações com a África, estabelecendo os fundamentos da
Cooperação Sul-Sul. A semi-periferia encontrava a periferia, forjando mecanismos
mutuamente vantajosos. Como parte do BRICS, tal relacionamento adquiria um
significado geopolítico e geoeconômico extremamente relevante. A África contribuiu
para a projeção internacional do Brasil, enquanto nosso país auxiliava na emergência
global das nações africanas. No campo econômico as empresas brasileiras, chinesas e
indianas, além de outras, foram ganhando o espaço até então dominado por companhias
européias e norte-americanas.
Para essas, é difícil competir com as chinesas, mas o Brasil era mais vulnerável.
Na esteira da Guerra ao Terror e da Primavera Árabe, iniciou-se um novo ciclo de
militarização Ocidental na África e campanhas para desacreditar a ação brasileira. O
Brasil, inclusive, passou a ser apontado nos meios políticos, jornalísticos e acadêmicos
dos países desenvolvidos, como uma nação racista (isso em pleno apogeu das políticas
afirmativas...). Tal campanha visava obstaculizar as relações Brasil-África, ao que se
somou a falta de interesse do Governo Dilma Rousseff em relação aos avanços logrados
por Lula. Hoje, tudo se encontra em compasso de espera. Mas as ações, e as reações,
geradas pela diplomacia africana do Brasil, constituem sinal inequívoco dos avanços
logrados.

Histórico das relações Brasil-Angola2


As relações entre o Brasil e Angola remontam a seu pertencimento ao mesmo
Império Colonial Português, onde as transações comerciais e o tráfico de escravos
criaram vínculos entre as elites coloniais nos dois lados do Atlântico, inclusive de
maneira independente à da metrópole. Estes fluxos, particularmente os humanos,
criaram laços culturais profundos entre os dois países. No entanto, a independência
brasileira e a manutenção de Angola como colônia portuguesa (por pressão britânica)
reduziram as conexões oficiais do Brasil com Angola, que passavam por Lisboa,
drasticamente após o fim do tráfico de escravos.
Esta situação afastou a independência das demais colônias portuguesa, inclusive
Angola, dos interesses do Itamaraty, que privilegiava as relações com Portugal
Salazarista. O anticolonialismo defendido pela Política Externa Independente foi a
primeira expressão favorável à libertação nacional de Angola, ainda que uma ação
concreta em relação à emancipação de Angola apenas ocorreria durante o Governo
Geisel. Em parte pela estratégia geral do Pragmatismo Responsável, que já vislumbrava
a potencialidade do relacionamento com Angola, em parte pelo arrefecimento da

2
Com a colaboração de Lucas Paes, Bolsista de IC do Nerint/UFRGS.
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posição portuguesa sobre suas colônias após a Revolução dos Cravos, o Brasil seria o
primeiro país a reconhecer a independência angolana sob governo do Movimento
Popular para Libertação de Angola (MPLA).
Desde a independência de Angola, ocorreram quatro impulsos de aproximação
brasileira com Angola. O primeiro impulso dá-se com o imediato reconhecimento, por
parte do Brasil, da independência angolana, em 1975, em uma política assertiva do
“pragmatismo responsável”, do Governo Geisel. Esse impulso mantém seus resquícios
em acordos de cooperação técnica, científica e cultural, assinados durante todo o
governo militar, ainda que com crescimento aquém do potencial nas relações comerciais
em função do conflito angolano (1975-2002), embora fosse um dos maiores parceiros
brasileiros no continente. E o apoio diplomático brasileiro foi também muito
importante.
O segundo impulso ocorreu no contexto da articulação da Zopacas, no Governo
Sarney, com Brasil e Angola reafirmando sua recusa ao Apartheid e à eventual presença
dos EUA Atlântico Sul. O terceiro impulso nas relações Brasil-Angola tem lugar com o
estabelecimento da CPLP, no ínicio dos anos 1990. Finalmente, o quarto impulso, o
mais intenso, ocorre a partir de 2003, com o Governo Lula.
Em 1961, com a formulação da Política Externa Independente por Jânio Quadros
e seu chanceler Afonso Arinos, o Brasil lançou uma ousada política africana e tomou
posição em favor do direito à autodeterminação dos povos coloniais, especialmente das
colônias portuguesas, que iniciavam a luta armada. Tal tomada de posição, que implicou
em forte tensão com Lisboa, não foi isenta de certos retrocessos, devido à ação do
poderoso lobby pró-português. Esse foi um divisor de águas com relação à África, mas
que, no tocante à Angola, não vai sobreviver à implantação do Regime Militar
(Visentini, 2011).
Na verdade, Quadros e Arinos desejavam aumentar o poder de barganha do
Brasil frente aos EUA (aumentando nossa presença internacional), aproveitar novos
nichos de mercado para a crescente produção industrial brasileira, projetar o país na
cena internacional e servir de elo do Ocidente com a África, no contexto de recuo do
colonialismo. Interessante, também preocupava o governo a “concorrência desleal” dos
paises africanos no tocante ao acesso privilegiado aos mercados europeus para seus
produtos tropicais (café, açúcar e cacau), seja como colônias, seja pelos vínculos
privilegiados estabelecidos após a independência.
O primeiro esboço de Relações Sul-Sul e de aproximação com a África,
ensaiado pela Política Externa Independente, todavia, sofreu um revés considerável com
o Golpe de Estado de 1964. O Marechal Castelo Branco, primeiro presidente do novo
regime, desejava acabar com a politização da PEI e deixou de lado o discurso terceiro-
mundista. Apesar de enviar uma missão comercial à África ocidental, o novo regime
tratou de recompor a relação com Portugal e, em nome da segurança do Atlântico Sul,
condenar os movimentos de libertação nacional de influência marxista na África
Austral.
Devido à situação vigente, o tema da segurança coletiva anti-esquerdista foi
resgatado (não pelo Brasil), tanto no tocante às Américas (proposta de uma Força de
Defesa Interamericana) como do Atlântico Sul (criação da Organização do Tratado do
Atlântico Sul – OTAS). Esta última implicava na cooperação com os regimes
colonialista de Portugal e racista da África do Sul.
O período compreendido entre 1974 e s segunda metade dos anos 1980 foi
marcado por intensas relações entre o Brasil e a África, nos campos econômico,
diplomático, e da cooperação técnica e educacional-cultural. Durante a PEI a África era
responsável por 1% do comercio brasileiro, que subiu para 1,7 no primeiro qüinqüênio
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do Regime Militar, 2,4% no governo Médici, 4,9% com Geisel, 6,7% com Figueiredo e
4,4% com Sarney. Cairia para 2,8% com Collor e subiria para 5,3% durante o Governo
Lula. Todavia, o fundamental não foi o aspecto quantitativo, mas o tipo de relações que
o Brasil manteve com a África entre 1974 e 1989. Além das Relações Sul-Sul entre
nações em desenvolvimento (atualmente chamadas Cooperação Sul-Sul), houve
também relações de tipo horizontal com países como Angola, Nigéria, Argélia, Líbia e
Egito, com projetos conjuntos em áreas sensíveis como indústria bélica. Nos foros
internacionais, a parceiria foi, igualmente, de alto perfil. A par da dimensão puramente
comercial e diplomática, o Brasil buscava manter o desenvolvimento autônomo e
difundi-lo para outras nações, como forma de se apoiar na nascente multipolaridade.

As relações com Angola e seu lugar na política africana do Brasil

A partir da independência de Angola, houvec quatro impulsos no processo de


aproximação Brasil- Angola. O primeiro impulso se deu com o imediato
reconhecimento do MPLA como governo de Angola e persistiu durantes os governos
militares de Geisel e Figueiredo. O segundo impulso dá-se em meio à articulação da
Zopacas, no Governo Sarney, pela qual Brasil e Angola reiteraram sua oposição à
África do Sul do Apartheid e a uma proposta de engajamento pró-estadunidense do
Atlântico Sul. Nesse período, o Brasil conheceu certo incremento nas relações
comerciais, com a exportação de peças automotivas e alimentos. Esse impulso, contudo,
foi subitamente interrompido pelo pessimismo com o Terceiro Mundo da política
externa do presidente Collor.
O terceiro impulso nas relações entre Brasil e Angola deu-se com a conformação
da CPLP, no ínicio da década de 1990. Esse impulso sustentou um grau relativamente
elevado de relações diplomáticas, mesmo em meio à política externa seletiva do
Governo FHC. O quarto impulso, e também o mais intenso, é o vivido a partir do
Governo Lula. A intensidade pode ser medida tanto do ponto de vista político-
diplomático e cultural quanto comercial-financeiro.

O Regime Militar e o Governo Sarney


No final de 1974, o Brasil já estava engajado nas discussões sobre a
descolonização de Angola. Diplomatas brasileiros discutiram com o MPLA, FNLA e
UNITA sobre as possibilidades de cooperação para independência. Ítalo Zappa, chefe
do Departamento da África, Ásia e Oceania encontrou em dezembro de 1974 Samora
Machel, da Frelimo de Moçambique. O relatório de Zappa, que foi promovido a
Embaixador quando atacado pela imprensa conservadora, auxiliou Geisel no desfecho
das negociações.
Em 1975, o Brasil foi o primeiro país a estabelecer relações com Angola. O
estabelecimento da representação em Luanda deu-se antes da independência oficial,
com a Missão do Diplomata Ovídio de Andrade Melo. Em 11 de novembro de 1975, no
mesmo dia em que as tropas portuguesas se retiraram de Angola, o Brasil reconheceu o
governo unilateral do MPLA, que estabelecia a República Popular de Angola. Em
Huambo, no planalto interior, os demais movimentos proclamavam a República
Democrática de Angola, mas a maioria dos países da África (inclusive a OUA) apoiava
um governo dos três partidos. A opção brasileira, no entanto, acabou sendo seguida pela
maioria.
Se observar-se os países que optaram pelo MPLA, encontrasse uma lista na qual
constam os mais nacionalistas, inclusive diversos países socialistas. Camargo afirma
que essa decisão foi habilmente calculada pela diplomacia brasileira. Angola era um dos
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países mais interessantes para o tipo de relacionamento que o Brasil buscava. Sua
riqueza em petróleo, minério de ferro e diamantes, e a língua comum, permitiria e
facilitaria o intercâmbio comercial, técnico e de know-how. O Brasil, a partir dos
estudos de Zappa, concluíra que o governo do MPLA, apoiado pela URSS, Cuba e
outros países socialistas, tinha mais chance de vencer a disputa pelo poder. Ora, o
cálculo brasileiro foi no sentido de ganhar a confiança dos membros do MPLA o mais
cedo possível, até para contrabalançar uma influência excessiva cubano-soviética. Além
disso, desejava a conservação da integridade territorial angolana (desejada pelo MPLA e
ameaçada pelos rivais) e seria uma decisão simpática a Moçambique.
O governo brasileiro sofreu forte pressão norte-americana no episódio da
independência angolana, mas Geisel se negou a participar de embargo contra Angola.
Os Estados Unidos apoiavam a FNLA, e esperavam que o Brasil assumisse essa
orientação. Camargo cita dois episódios nos quais essa pressão parece ter sido
explicitada: em janeiro de 1976, na Conferência de Energia de Paris, o Chanceler
Azeredo teria sido interpelado por Kissinger e durante esse ano’ quando o cônsul-geral
brasileiro em Luanda, partidário do MPLA foi substituído por outro funcionário3.
O reconhecimento do governo do MPLA auxiliou as relações brasileiras com
Moçambique, que estavam estremecidas. Moçambique realizou a sua independência em
junho de 1975, e, os dirigentes da Frelimo não convidaram as autoridades brasileiras,
por julgar que houve omissão em relação à sua luta pela independência. Na Assembléia
da ONU daquele ano, depois da declaração amistosa de Azeredo, foram estabelecidas
relações entre os dois países, que se normalizaram com a opção brasileira pelo MPLA,
que era a mesma da Frelimo. Durante o Governo Figueiredo há um aprofundamento
das relações com a África (foi o primeiro presidente a visitar o continente) e,
particularmente com Angola. Alem das relações comerciais, a declaração de Sarqaiva
Guerreiro em Luanda, de que o Brasil poderia prestar ajuda militar para expulsar os sul-
africanos do país, causou sensação.
O presidente Sarney visitou Cabo Verde e, posteriormente, Angola e
Moçambique, que atravessavam momentos difíceis face às investidas sul-africanas e à
guerra civil. Em 1986, em plena era Reagan e no contexto de militarização do Atlântico
Sul pós-Guerra das Malvinas, logrou que a ONU aprovasse o estabelecimento da Zona
de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS). Neste contexto, em 1988 promoveu
a I Conferência do Atlântico Sul, no Rio de Janeiro, com a participação de 19 países
africanos. A emancipação da Namíbia, a crítica ao Apartheid e o apoio à paz em Angola
(através da retirada das forças sul-africanas e cubanas) eram pontos importantes desta
política, ao lado da busca do desenvolvimento.
Todavia, as dificuldades eram crescentes. O impacto da crise da dívida era forte
no Brasil e fortíssimo na África, drasticamente enfraquecida pelos planos de ajuste do
FMI e pelos conflitos da Guerra Fria. Assim, o primeiro governo pós-militar buscou
focar sua ação em direção aos países de língua portuguesa, na esteira do espaço deixado
por Portugal, que ingressara na Comunidade Europeia. Em 1989 foi realizada a I Cúpula
dos Paises Lusófonos, em São Luis do Maranhão, com a presença do Brasil, de Portugal
e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), tendo sido criado o
Instituto Internacional da Língua Portuguesa, a ser sediado em Cabo Verde.

O Governo Fernando Henrique Cardoso


Quanto à CPLP, a chancelaria a visualizava como um mecanismo capaz de
reunir nações que, em torno de temas específicos ou genéricos, poderiam favorecer

3
Ibid, p: 50.
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objetivos em comum. Ademais, a CPLP passou a ser pensada como possível intersecção
entre vários processos de integração econômica em curso na região do Atlântico Sul,
podendo favorecer o intercâmbio entre os blocos em um momento de ofensiva norte-
americana com a ALCA. O Brasil também aproveitará a articulação com os países de
Língua Portuguesa para contribuir com o envio de tropas em missões de paz da ONU a
Angola (1995) e Moçambique (1994).
Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, a participação do Brasil nas
missões de paz na ONU em Angola (UNAVEM-III, para onde o Brasil enviou mais de
mil e cem homens) e Moçambique (ONUMOZ) demonstra a ideal brasileiro de articular
a política externa africana com as organizações internacionais. Em relação aos três
países que receberam atenção brasileira nesse período, as relações com a África do Sul
ganharam prioridade ímpar, o que pode ser expresso em um discurso presidencial sobre
a vontade brasileira de “construir uma ponte sobre o Atlântico” (CARDOSO, 1996,
169). A partir dessa ponte, o governo brasileiro almejava poder fortalecer os laços entre
o Mercosul e a SADC para liberalizar o comércio entre as duas regiões. Além disso,
houve visitas recíprocas dos chefes de estado em 1996 e 1997.
No âmbito Brasil-Angola, as relações econômicas caíram significativamente,
mas um novo acordo entre os dois países, sobre o reescalonamento da dívida angolana,
foi firmado em 1995. Além disso, houve visitas recíprocas dos chefes de Estados, o que
mostra o ímpeto de ambos de manter suas relações. Por último, a visita do Presidente da
República da Namíbia ao Brasil em 1995 mostra o interesse do aprofundamento das
relações entre os dois países, que pode ser vislumbrado também através dessas duas
iniciativas: “Projeto de Desenvolvimento Agrícola da região Norte da Namíbia, com
participação direta de técnicos brasileiros. Outra área exemplar (...) é a cooperação
naval: o Brasil está formando oficiais e soldados namibianos e está pronto a fornecer à
Namíbia bens e serviços necessários à sua futura Ala Naval” (CARDOSO, 1995, 189).
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa foi fundada em 1996, no
governo FHC, a partir dos projetos dos presidentes José Sarney e Itamar Franco. Ela
esta está construída sobre três pilares: a concertação política para a defesa e promoção
de interesses comuns, a cooperação para o desenvolvimento e a promoção e defesa da
língua portuguesa. Já de início a CPLP encontrou dificuldades, principalmente a
preocupação por parte dos países menores da comunidade acerca da falta de conteúdo
político e econômico nas formulações e práticas da CPLP. Outro problema é a política
brasileira de seleção de países dentro da própria CPLP: na reunião ministerial de 1997,
o Brasil apresentou três projetos para serem desenvolvidos em âmbito bilateral com
Angola, enquanto os outros países ganharam cada um apenas um projeto.

Governos Lula e Dilma Rousseff


Apenas no primeiro ano de Governo Lula, foram assinados doze acordos de
cooperação técnica nas mais diversas áreas, mais marcadamente a área de saúde e
educação. No âmbito da cooperação técnica, os resquícios do terceiro impulso são
marcantes, 38% da cooperação técnica entre Brasil e Angola dá-se no âmbito da CPLP.
Entre 2003 e 2013, foram sete viagens presidenciais entre os países (três do presidente
Lula – 2003, 2005 e 2009 –; uma da presidente Dilma Rousseff – em 2011 –; e três do
presidente José Eduardo dos Santos – 2005, 2009, 2010). Nessas viagens, foram
assinados mais de 40 acordos bilaterais de cooperação além de ser criado um crédito de
US$ 580 milhões ao governo angolano.
A esfera cultural realizou papel importante na aproximação entre Brasil e
Angola. Dentre os cerca de 36 mil brasileiros residentes na África, 30 mil estão
estabelecidos em Angola. Isso se deve, em grande parte, ao volume de projetos
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realizados por brasileiros no país africano seja pela cooperação técnica, pelo
investimento direto, ou pela prestação de serviços. Essa forte presença física de
brasileiros em Angola é correspondida com um volume bastante intenso de atividades
culturais no país, concentradas na Casa da Cultura Brasil – Angola e no Centro de
Estudos Brasileiros, mantido pelo MRE para difundir a cultura brasileira no meio
acadêmico angolano. Ademais, cerca de dois mil angolanos estudam atualmente em
instituições de ensino superior no Brasil, pelos programas PEC-G e PEC-PG do
MEC/MRE.
Além da via governamental, a esfera privada brasileira também aumenta sua
influência ideológico-cultural sobre o mercado angolano. Cerca de 150 mil lares
angolanos assinam a programação integral da Rede Globo Internacional de TV, fora os
programas comprados pelas emissoras locais da Angola. A Associação Brasileira de
Franchising (ABF) registrou, até 2008, treze franquias de marcas brasileiras
funcionando em Angola: O Boticário, Richards, Escolas FISK, Sapataria do Mundo,
Mundo Verde, Mister Sheik, Livraria e Papelaria Nobel, entre outras.
Do ponto de vista comercial e financeiro, a ascensão da presença brasileira em
seu quarto impulso é ainda mais evidente. Na última década, as exportações cresceram
cerca de 1.000% até o período pré-crise, no ano de 2008, mas ainda mantendo fluxos
cerca de 5 vezes maiores que os percebidos no começo da década. Este comércio está
fortemente embasado em produtos mecânicos, maquinário agrícola, da indústria
automotiva, da indústria alimentícia e da construção civil. O aumento nas exportações
para Angola encontra respaldo na realização de uma enormidade de eventos de
promoção comercial pela APEX-Brasil, como as feiras no Brasil e em Angola, estudos
anuais de oportunidade e abertura do escritório da Agência em Luanda. As Missões
Empresariais do MDIC também constituem um importante elemento catalisador das
relações comerciais entre Brasil e Angola.
Se observarmos as relações comerciais sob a ótica das importações, também nos
depararemos com um movimento ascendente nesse quarto impulso. Esse crescimento
(de mais de 10.000 %) dá-se quase exclusivamente à importação de petróleo e
derivados, a partir de 2006, quando a Petrobras passou a ter direitos de exploração e
produção em quatro blocos no país, sendo operadora em três deles e sócia não
operadora em um, além dos que já explorava, de menor porte, desde 1980. Em 2010, a
Petrobras confirmou descoberta de novos poços de petróleo, que começaram a ser
explorados pela estatal brasileira a partir de 2011. Portanto, o amplo volume de
importações de Angola, além de gerar empregos aos angolanos e recursos para o
governo de Angola, gera dividendos para uma empresa brasileira de controle estatal.
A presença de empresas e do investimento brasileiros em Angola não se
restringe à Petrobras. Mais de 50 empresas brasileiras (grandes, médias e pequenas)
estão já instaladas em Luanda e outras cidades, segundo a Associação de Empresários e
Executivos Brasileiros em Angola (AEBRAN). Somente o Grupo Odebrecht de
construção civil emprega 10 mil pessoas, e já construiu seis centrais hidroelétricas e
protagoniza com as construtoras brasileiras Camargo Correa e Andrade Gutierrez e as
chinesas o processo de reconstrução do país após a guerra civil. Portanto, além do forte
aparato diplomático e de promoção comercial, a conjuntura interna da Angola é
favorável à penetração de produtos e empresas no país.
Sob a ótica do Investimento Estrangeiro Direto (IED), a presença brasileira
ainda é tímida apesar de seu desempenho crescente. Em 2008, o IED do Brasil em
Angola alcançou a marca histórica de US$ 58 milhões, números tímidos, se comparados
aos US$ 2,9 bilhões do Fundo Chinês para Angola. No entanto, a tendência é de
crescimento; somente a Petrobras, em seu Plano de Negócios 2010 – 2014, planejaou
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destinar 5% de seus investimentos no exterior em Angola, somando um total de US$


795 milhões.
Portanto, as relações entre Brasil e Angola atendem a uma grande gama de
demandas que mesclam interesses privados com interesses públicos. Ao mesmo tempo
em que, para Angola, significou a oportunidade para uma presença incisiva da política
externa “ativa e afirmativa” do Governo Lula, a relação entre os dois países é uma
oportunidade aos angolanos e brasileiros. É importante também mencionar a crescente
presença de igrejas pentecostais brasileiras em Angola.

Angola e sua importância na África e para o Brasil4

O difícil nascimento da nação angolana


A República de Angola, com área de aproximadamente 1.2 milhões de km²,
situa-se na costa Ocidental da África Austral e sua capital é Luanda, sendo também a
cidade mais populosa. O clima tropical é dominante e seu solo é propício para a
agricultura e rico em recursos minerais, com destaque ao petróleo e diamantes. Os cerca
de 25 milhões de habitantes têm como língua oficial o português, apesar de uma
diversidade de línguas de origem bantu serem faladas. A educação perpetua-se como
um problema, pois a analfabetismo atinge a taxa de 30%.
Na década de 1950, intensificaram-se os movimentos de contestação à Portugal,
principalmente devido à crescente migração de fazendeiros brancos para as áreas rurais
e ao uso de trabalho forçado, além das políticas segregacionistas dos colonizadores.
Assim, em 1956 foi criado o Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA),
de orientação marxista, liderado por Agostinho Neto, que buscava a autodeterminação
angolana. Havia ainda a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA, pró-EUAe
Zaire), liderada por Holden Roberto. De uma dissidência da FNLA, teve origem a União
Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), liderada por Jonas Savimbi, e
que inicialmente buscou ajuda chinesa.
A luta pela independência teve início em 1961 e cada um desses grupos, que
lideraram a insurgência contra Portugal, tinha visões diferentes sobre como conduzir o
país após a independência e tinham como base diferentes segmentos da população
angolana. Suas fontes de apoio externo também divergiam; enquanto o MPLA era
apoiado pela URSS e Cuba, além de alguns países africanos já independentes, o FNLA
voltava-se mais para o Ocidente, recebendo o apoio dos EUA. Os estadunidenses,
entretanto, passaram a apoiar a UNITA quando consideraram sua vitória mais provável,
que já recebia apoio do governo sul-africano e do Zaire. Esse apoio foi reforçado
durante o governo de Ronald Reagan, sendo importante relembrar que tais ações
inseriam-se diretamente no contexto da Guerra Fria. Vale ressaltar, também, que ao
longo do conflito a UNITA e o MPLA conseguiram se autofinanciar por meio do uso
dos usos naturais do país; notadamente, a UNITA controlava as minas de diamante e o
MPLA o petróleo.
Após a Revolução dos Cravos, em 1974, o processo de independência teve
início, e iria finalizar-se em 1975. Mesmo após os esforços da Organização da Unidade
Africana (OUA) de firmar uma Constituição envolvendo o MPLA, a FNLA e a UNITA
no processo, devido às diferentes visões, principalmente sobre como dividir o poder e os
recursos no país, não foi possível criar um governo de coalizão, o que deu início à
guerra civil, quando a UNITA e o FNLA tentavam derrotar o MPLA.

4
Com a colaboração de Ana Paula de Mattos Calich, Bolsista de IC do CEBRAFRICA/UFRGS.
10

Neste ínterim, a intervenção externa no conflito aumentou consideravelmente e,


já em 1975, a África do Sul, administrada então pelo governo do Apartheid, invadiu
Angola. A FNLA foi derrotada militarmente, deixando a UNITA como principal
oposição ao MPLA. A luta intensificou-se nos anos subsequentes, havendo mais
intervenções da África do Sul no país. A ajuda cubana foi relevante para a vitória do
MPLA sobre os concorrentes e invasores e para que este grupo conseguisse manter o
poder durante os anos de guerra, mesmo com as interferências sul-africanas. Em 1979
Agostinho Neto faleceu, deixando a liderança do país para José Eduardo dos Santos.
Um dos pontos de inflexão mais importantes da guerra ocorreu cm 1987, quando as
tropas sul-africanas foram derrotadas na batalha de Cuito Cunavale, algo que foi
essencial para a mudança no balanço de poder da região da África Austral.
Em 1988, uma solução diplomática foi perseguida, quando acordou-se que a
África do Sul e Cuba retirariam suas tropas do país. Ainda assim, a animosidade entre a
UNITA e o MPLA teve continuidade. Em 1991, houve o firmamento de um acordo de
cessar fogo, seguido por eleições em 1992, as quais Santos ganhou com certa margem
em um processo reconhecido pela ONU. Mas a guerre civil reiniciou e durou mais dez
anos. Depois de anos de luta, os conflitos só cessaram completamente em 2002, quando
Savimbi, líder da UNITA, foi morto em combate e houve um acordo de cessar-fogo. A
guerra, que durou 27 anos, foi devastadora, deixando mais de 500 mil mortos e deslocou
mais de 3 milhões de sua área de origem, além de ter resultado em uma queda de 48%
do PIB. Pode-se inferir que a longa duração da guerra, assim como a grande incidência
de intervenção externa, foram, em parte, decorrência da grande quantidade de recursos
minerais e energéticos no país.

Condicionantes Políticos
Os legados da guerra fizeram com que o governo enfrentasse diversos
problemas. Ainda que a paz tenha sido instaurada, o país teve sua infraestrutura muito
comprometida, a economia fora prejudicada e a população se via em situação precária,
não tendo o governo capacidade de prover recursos mínimos. Vale ressaltar, também,
que devido à incidência da guerra durante grande parte do período de formação da
República de Angola, o exército ganhou proeminência política. Ademais, grande parte
das decisões ficaram centradas no Executivo, algo que pode se verificar até os dias
atuais.
Em 1991, houve uma mudança na Constituição e uma nova legislação deu fim
ao então monopólio de poder do MPLA, oficialmente sendo estabelecido o sistema
multipartidário. Internamente, a década de 1990 marcou para o MPLA uma tendência
mais clara ao regime democrático, o que coincidiu com mudanças políticas no antigo
bloco socialista. O desmantelamento da URSS significou a perda do maior aliado
político-militar do MPLA, o que levou o partido a reconsiderar a solução armada para o
conflito com a UNITA.
Mesmo com o a paz em 2002, novas fontes de disputas surgiram, como o
separatismo do enclave de Cabinda. Estima-se que os campos de exploração off-shore
de Cabinda sejam responsáveis por cerca de 70% do petróleo angolano. Em 2006,
chegou-se a um acordo com a FLEC, em que se concedeu o status de designação
especial para a região. Ainda assim, os movimentos separatistas realizaram um atentado
quando Angola estava hospedando a Copa Africana de Nações, em 2010, e no mesmo
ano, um atentado a mineiros chineses. Muitos países Ocidentais apoiam a
autodeterminação de Cabinda, o que, no entanto, seria desastroso para ambas as partes.
As Forças Armadas Angolanas (FAA) são presididas pelo presidente e foram
resultado da junção de antigos combatentes do MPLA com combatentes da UNITA. As
11

FAAs são uma das maiores forças militares da África subsaariana, e muita de sua
experiência advém da guerra civil. A saúde pública ainda é precária e, devido a
destruição quase completa da infraestrutura nos anos de guerra, a incidência de pessoas
morando em favelas é alta, o que faz com que saneamento básico seja também
prejudicado. Ademais, a guerra prolongada deixou milhões de minas terrestres
espalhadas pelo país, e estima-se que cerca de 100 mil pessoas foram mutiladas.
Hoje, após a longa e violenta guerra civil, Angola conhece um crescimento
econômico expressivo e busca a institucionalidade política. Em 2008, ocorrem eleições
parlamentares, as primeiras após o fim do conflito, em que o MPLA ganhou 191 dos
220 votos, mostrando sua dominância política e dando ao partido grande independência.
O segundo partido com maior votação foi a UNITA, com 10%5. Destaca-se, outrossim,
a participação feminina na Assembleia, que representam 82 dos cargos eleitos, sendo
uma das divisões mais paritárias do mundo.
Em 2010, uma nova Constituição entrou em vigor. O documento reitera o
multipartidarismo e prevê respeito às leis e aos direitos humanos, além de liberdade de
imprensa e de religião. Ademais, as eleições presidenciais passaram a ser indiretas,
seguindo o modelo que o partido com maior votação na Assembleia tem o direito de
nomear o chefe de Estado, e o cargo de primeiro-ministro foi instinto, passando a haver
a figura do vice-presidente. As eleições passam a ser a cada cinco anos e há
possibilidade de reeleição6. Nas eleições de 2012, o MPLA elegeu 175 congressistas,
mantendo a maioria. Com a vitória do MPLA na Assembleia, José Eduardo dos Santos
foi nomeado à presidência por meio de eleições indiretas, como previsto pela nova
Constituição.

Economia em transição
Quando o MPLA chegou ao poder a ideia era planificar e socializar a economia,
em consonância com os ideais socialistas do partido. Na década de 1980, vários setores
já haviam sido nacionalizados, como os bancos e a construção civil. Além disso, é desta
época que advém a aquisição de parte majoritária pelo Estado do setor petrolífero e da
indústria de diamantes, sendo criada a empresa estatal de petróleo em funcionamento
até hoje, a Sonangol. As aquisições estatais foram, em grande medida, facilitadas pelo
abandono português de muitas indústrias após a independência. Durante o período da
guerra civil, no entanto, a indústria enfrentou muitas dificuldades. Desde então, a
economia do país baseia-se na exportação de petróleo, e já datam desta época a entrada
de empresas estrangeiras7.
Ao final de década de 1980, a economia planejada e estatizada foi abandonada
gradualmente e Santos abriu vários setores à iniciativa privada. Esta orientação foi
solidificada com o Plano Ação, em 1990, que privatizou algumas empresas
consideradas não-estratégicas, além de liberalizar o comércio e os preços. Neste
momento, seguindo a tendência mundial, a economia angolana passou a se converter ao
mercado. A abertura deveu-se também à queda dos preços do petróleo na década de
1980 em decorrência do Choque do Petróleo, o que levou o país a ter que recorrer ao
endividamento externo.
Atualmente, Angola é o segundo maior produtor de petróleo do continente
africano, sendo que cerca de 85% do seu PIB, que somou mais de US$124 bilhões em

5
O novo líder da UNITA, desde 2003, é Isaias Samakuva.
6
Os mandatos de Santos antes da Constituição não são computados, o que significa que ele pode
permanecer no cargo, caso o MPLA manha a maioria na Assembleia, até 2022 (BAUER e TAYLOR,
2011).
7
Com destaque para empresas norte-americanas, europeias e brasileiras.
12

2013, advém desse setor. Grande parte dos lucros dos petróleos reinvestidos tem destino
em rodovias, sistema de saneamento e projetos de infraestrutura em geral. Cabe
ressaltar, também, que em 2007 o país tornou-se membro da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (OPEP). A maioria da força de trabalho, no entanto, ainda se
encontra na agricultura. A infraestrutura continua comprometida devido à longa guerra,
e minas terrestres continuam sendo uma adversidade. Outro grande problema é a
corrupção, que é prática comum nos principais setores da economia.
Além do petróleo, o país é o quarto maior produtor de diamantes do mundo,
tendo perspectiva de aumento na produção nos próximos anos. Desde 2002, o país tem
visto sua economia crescer exponencialmente, devido à extração de petróleo e ao maior
controle das minas de diamante. Entre 2005 e 2007 a economia cresceu a um ritmo de
cerca de 15% ao ano. O crescimento acentuado foi freado em 2009, quando a economia
sentiu fortemente os efeitos da crise mundial. Ainda assim, seis anos depois, a economia
tem mostrado sinais de recuperação; o PIB continua crescendo, a inflação está
controlada e a taxa de câmbio estável. O grande desafio do país hoje reside na sua
capacidade de transformar os ganhos com a indústria extrativa, em especial a
petrolífera, em melhoria da qualidade de vida da população e como instrumento de
combater a desigualdade de renda e regional8 que ainda impera, reinvestindo em outros
setores da indústria e em infraestrutura. Por fim, apesar de tudo, o Estado segue como
agente econômico decisivo, sem o qual o setor privado tem pouco dinamismo.

Política Externa e Relações Internacionais


A Guerra Civil angolana foi permeada pela dualidade estabelecida durante a
Guerra Fria, o que engessou a diplomacia do país. Em decorrência da aproximação do
MPLA ao bloco socialista, em especial à URSS, vários acordos foram firmados nesta
esfera. Destaca-se o grande contingente de armamentos soviéticos enviados ao país, que
correspondia a mais de 90% das importações de armas de Angola. As relações com
Cuba também foram de extrema importância, havendo uma presença contínua de cerca
de 20 mil soldados cubanos no país durante o período da guerra civil. Assim, a guerra
civil de Angola teve extrema relevância para a sua política externa no período, não se
resumindo a um conflito meramente interno.
Muitos dos interesses externos no país advêm da grande quantidade de recursos
minerais e de sua privilegiada posição estratégica, situando-se entre a África Central e a
Austral. Além disso, vale lembrar que Angola promoveu ajuda material para a
Organização do Povo do Sudoeste Africano (SWAPO) e para o Congresso Nacional
Africano (CNA), no contexto da defesa dos movimentos de libertação nacional.
A partir de 1992, no entanto, com ambos os conflitos interno e externo chegando
ao fim, houve a possibilidade de maior pragmatismo e estratégia diplomática por parte
do governo. Uma das primeiras ações de Santos foi a tentativa, que se mostrou bem
sucedida, de aproximação com Washington. Em 1993, durante o governo de Bill
Clinton, o governo de Angola foi reconhecido pelos EUA. Dessa forma, iniciou-se uma
fase de negociações com os EUA e com a África do Sul, principalmente sobre temas
regionais. Com o desmantelamento da URSS, as relações com a Rússia continuaram,
ainda que focadas em aspectos comerciais e no pagamento da dívida contraída no
período da guerra, havendo, portanto, uma mudança de perfil. Os laços com país
europeus e com o Brasil, que já haviam sido estabelecidos anteriormente, também foram
ampliados.

8
O litoral é muito mais desenvolvido do que o interior
13

Em 2002, houve outra inflexão na política externa, com o fim definitivo do


conflito armado. Além da estabilidade instaurada, a política regional passou a favorecer
Angola, uma vez consolidados os governos de maioria na África do Sul e na Namíbia,
além da deposição de Mobutu do Zaire. O Ministério das Relações Exteriores, hoje sob
o comando de Georges Rebelo Pinto Chikoti, busca aliados para o relativamente novo
regime, maior inserção internacional e coesão interna. Os princípios que norteiam as
relações internacionais do país encontram-se na Constituição, sendo eles:
“a) Respeito pela soberania e independência nacional; b) Igualdade entre os Estados; c) Direito
dos povos à autodeterminação e à independência; d) Solução pacífica dos conflitos; e) Respeito
dos direitos humanos; f) Não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados; g)
Reciprocidade de vantagens; h) Repúdio e combate ao terrorismo, narcotráfico, racismo,
corrupção e tráfico de seres e órgãos humanos; i) Cooperação com todos os povos para a paz,
justiça e progresso da humanidade” (ANGOLA, 2010)

Além disso, rechaça-se qualquer forma de colonialismo, agressão ou domínio


nas relações entre os povos, incentiva-se o fortalecimento da identidade africana e é
proibida a presença de qualquer base estrangeira em território angolano. Destaca-se,
outrossim, o papel do presidente na formulação da política externa, visto que Santos
exerce diplomacia presidencial. Salienta-se, também, que a inserção internacional,
portanto, é vista como mecanismo para o desenvolvimento nacional e desenvolvimento
conjunto com os países do continente.
Hoje, a política externa de angola baseia-se em grande medida em sua relação
com a China. O engajamento chinês no pós-guerra iniciou em 2004 e deveu-se ao
oferecimento de empréstimos a Angola, o que permitiu distanciamento do país do FMI.
A maioria destes empréstimos é pago em petróleo, o que facilita, outrossim, o
pagamento dos mesmos, além dos chineses não imporem condicionalidades para cessão
do crédito. Desta forma, configurou-se entre os dois países uma parceria estratégica, que
se mostrou de extrema importância para a reconstrução de Angola, provendo
principalmente capital e mão-de-obra especializada. A relevância da China reside, em
grande parte, em ser uma alternativa aos vínculos com o Ocidente, que impõe
condicionalidades políticas importantes, principalmente para um país passando por um
processo de transição como é o caso de Angola.
Como já mencionado, o comércio de petróleo é a base das relações China-
Angola, e a aproximação de Pequim deve-se majoritariamente pelo seu interesse nos
recursos naturais do país. Assim, com o estreitamento destes laços, tem se configurado
a possibilidade de exploração off-shore conjunta e desenvolvimento de uma nova
refinaria. Hoje, Angola é o maior exportador do continente de petróleo para a China. A
China também tem sido importante para a reconstrução da infraestrutura rodoviária do
país, além da construção de hospitais e projetos de construção civil. Desta forma, os
chineses foram essenciais para o estabelecimento da base para crescimento econômico
de longo prazo.
A presença estadunidense também é sentida no país, principalmente após a
tentativa de transferência de sua matriz energética do Oriente Médio para países da
África, estando algumas empresas norte-americanas presentes na exploração petrolífera.
As relações econômicas com os EUA têm se mostrado estáveis ao longo dos anos, ainda
que politicamente tenham havido alguns desentendimentos focados na questão da
exigência por parte dos EUA de maior “transparência” nas atividades do governo
angolano, assim como no questionamento acerca de gastos públicos (MALAQUIAS,
2011). As relações econômicas dos dois países têm sido incrementadas, seguindo os
14

preceitos do African Growth and Opportunity Act (AGOA)9. Além disso, em 2010, foi
firmado o Acordo de Diálogo sobre Parceria Estratégica, que previa maiores relações
bilaterais nas áreas de energia, segurança e comércio entre EUA e Angola
(MALAQUIAS, 2011).
As relações com a Rússia, por sua vez, que haviam sido tépidas após o
desmantelamento da URSS, voltaram a serem ativas nos anos 2000, especialmente após
a constituição dos BRICS. Neste ínterim, Santos fez uma visita oficial ao país em 2006,
revitalizando as relações entre tais Estados. Nos anos seguintes, acordos nas áreas de
mineração, energia, transporte, cooperação militar e educação foram firmados.
O Brasil, por sua vez, sempre foi um parceiro importante de Angola, posto que
os dois países apresentam raízes culturais comuns e falam a mesma língua, além de
compartilharem seu entorno estratégico, notadamente o Atlântico Sul. Ainda que tenha
havido um enfraquecimento dessa relação na década de 1990, houve a revitalização da
mesma a partir de 2003, quando houve uma mudança nas diretrizes da política externa
do Brasil sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A partir de então, destacam-se
projetos de cooperação técnica entre os dois países, como é o caso do projeto “Escola
para Todos”, além da presença de empresas brasileiras no país.
Angola também tem presença ativa em alguns blocos regionais, continentais e
multilaterais. Em primeiro lugar, é digno de destaque a sua atuação na União Africa
(UA), especialmente após a independência. Em 2004, foi por sua iniciativa a criação do
Conselho de Paz e Segurança desta instituição. Também no âmbito da UA, Angola
apoia a posição conjunta de reforma do Conselho de Segurança (CS) da ONU,
cogitando um assento permanente para si. Hoje, o país assume o assento de membro
não-permanente do CS. Ademais, Angola também tem um papel de protagonismo na
Cúpula América do Sul- África (ASA), juntamente com Brasil e Nigéria.
A atuação regional de Angola vem sendo um instrumento de ampliação de sua
credibilidade política e afirmação de sua liderança continental (JOSÉ, 2011), e o
aumento de sua influência regional é perceptível, sustentado pela sua importância
econômica e militar e partindo do princípio de boa vizinhança. A África é, portanto,
uma prioridade na política externa angolana. Neste contexto, Angola envolveu-se em
mecanismo de resolução de conflito, sendo ativa nos conflitos na Costa do Marfim,
Guiné Bissau e Zimbábue. Ademais, o país faz parte da Comunidade Econômica dos
Estados da África Central (CEEAC) e também da Comunidade para o Desenvolvimento
da África Austral (SADC), mostrando sua inserção em duas lógicas regionais distintas,
o que evidencia sua localização estratégica. No âmbito da CEEAC, a prioridade do
bloco é a busca de recursos externos para financiar obras em infraestrutura,
especialmente nos setores de energia e telecomunicações.
A SADC10, por sua vez, tem como metas o desenvolvimento econômico, a
segurança regional e o incentivo à utilização de produtos nacionais, visando, assim, o
fortalecimento global dos países-membros. Importante destacar que o bloco tem caráter
desenvolvimentista, pregando o dirigismo econômico. A conformação do mesmo teve
também importância na normalização das relações entre África do Sul e Angola.
Angola também faz parte da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul
(ZOPACAS), que data de 1986. O país teve importante papel em sua revitalização em

9
AGOA é uma legislação aprovada pelo Congresso norte-americano que visa o incremento das relações
econômicas com os países da África.
10
A SADC teve origem na formação dos Estados da Linha de Frente, que era uma organização que tinha
como objetivo lutar pela libertação nacional e contra regimes racistas, principalmente o sul africano. Era
composta por Zimbábue, Angola, Botsuana, Lesoto, Moçambique, Tanzânia e Zâmbia. Tais países
conformaram a SADCC, que seria o embrião do que hoje é a SADC.
15

2007, partindo dele a iniciativa para a mesma. A zona de cooperação é de grande


relevância, uma vez que representa a tentativa de defesa estratégica e contra a
ingerência de potências externas no Atlântico Sul, onde se situam grande parte dos
recursos energéticos do país. Deste foro também participam Brasil, Argentina e
Uruguai, além de outros 20 países africanos. A ZOPACAS representa, portanto, uma
possibilidade de estreitamento das relações de Angola com as países sul-americanos,
além de ser um instrumento para atingir a estabilidade em sua área lindeira.
Outra iniciativa da qual o país faz parte é a Comunidade de Países de Língua
Portuguesa (CPLP), que é um foro multilateral de cooperação entre países lusófonos,
notadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, Moçambique, Timor
Leste, Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe, sendo importante também para
fomentar o diálogo bilateral entre os membros. A organização parte dos seguintes
princípios:
“A concertação político-diplomática entre seus estados membros, nomeadamente para o reforço
da sua presença no cenário internacional; A cooperação em todos os domínios, inclusive os da
educação, saúde, ciência e tecnologia, defesa, agricultura, administração pública, comunicações,
justiça, segurança pública, cultura, desporto e comunicação social; A materialização de projectos
de promoção e difusão da língua portuguesa.” (CPLP, 2015)

Desde 2006, Angola pertence à Comissão do Golfo da Guiné (CGG), formada


também por Gabão, Nigéria, Guiné Equatorial, Camarões, República do Congo,
República Democrática do Congo e São Tomé e Príncipe. A iniciativa surgiu como
instrumento para promoção de estabilidade e de cooperação entre países que se situam
em uma região rica em recursos naturais. “A resolução de conflitos, a definição de
estratégias para o desenvolvimento e a gestão das riquezas minerais, com destaque para
o petróleo, são alguns dos objetivos que percorrem a criação do organismo da CGG”
(JOSÉ, 2011).

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RESUMO
As relações do Brasil com Angola tm constituído um vetor privilegiado da diplomacia
brasileira para um continente com 54 Estados. A tendência, baseada na evolução
histórica e nos condicionantes contemporâneos, é que continue havendo um aumento na
agenda política e econômica bilateral. Mais do que outras nações africanas, Angola
possui um perfil econômico e político que aponta para a busca de maior autonomia e
protagonismo internacionais, com o Brasil ocupando posição privilegiada. Muito
diferente de nações com limitados recursos, que oscilam muito em relação às parcerias
externas, ou de outros poderosos (como a África do Sul), que mantém vínculos
estruturais com a Europa. As relações bilaterais já atingiram patamar multidimensional,
independente de um agente único (o governo, por exemplo), e a elite política angolana
considera ter nos princípios da diplomacia brasileira uma garantia para sua
sobrevivência.

PALAVRAS-CHAVE
Relações Brasil-Angola; Diplomacia africana; Cooperação Angola-Brasil

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