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I.

INTRODUÇÃO

Neste trabalho abordamos a mulher que sofre de Amor Patológico e que de


forma obsessiva tenta controlar seu parceiro ou se sujeita a todas as suas vontades
e deste modo, acabando por se anular e buscar por parceiros e relações
problemáticas.
A partir da perspectiva da psicologia analítica de Carl Gustav Jung, traçando
um paralelo com o tradicional conto de fadas russo “A boneca no bolso: Vasalisa, a
sabida” versão descrita por Clarissa Pinkola Estés para que, com a jornada da
protagonista, essas mulheres possam superar suas dificuldades.
Conforme Sophia (2008), mediante levantamento de dados históricos e
psicopatológicos, pesquisas e estudos de casos clínicos relacionados, as mulheres
que sofrem de Amor Patológico apresentam dificuldades para viver relacionamentos
saudáveis junto de seus parceiros, apresentam inclinação a interferir
excessivamente na vida de seus parceiros, podendo ficarem ligadas de forma
patológica a estes e cronificando sua dependência de relacionamentos destrutivos.
A referida autora ainda afirma que estas mulheres possuem medo incontrolável de
se tornarem dispensáveis na vida dos seus parceiros e são tomadas pelo ciúme
exacerbado e dependência dos parceiros.
Na psicologia analítica o processo de individuação que tem como meta o
encontro com o Self que é chamado por Jung apud Silveira (2006) de arquétipo
central, ou seja, o arquétipo da ordem, da totalidade da personalidade, e organizador
que determina o desenvolvimento psíquico. Como o processo de individuação é uma
aproximação entre consciente e inconsciente, ou seja, eles se complementam, então
o Ego não será mais o centro. Este centro se constituirá num ponto de equilíbrio
que irá garantir uma base sólida para a personalidade.
Desta forma, este trabalho buscará apresentar o processo de individuação
que é o caminho para que a mulher possa atingir sua potencialidade, seu
autodesenvolvimento, ou seja, tornar-se um ser único. É importante para essas
mulheres descobrirem a si mesmas a fim de que se tornem capazes de viver uma
vida saudável no relacionamento com seus parceiros e em outras áreas de sua vida
como no contexto familiar, profissional e social.

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1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo Geral

Compreender os processos de superação psíquica da mulher que sofre de


Amor Patológico.

1.1.2.Objetivos Específicos

Esta pesquisa buscou compreender o padrão de mulheres identificadas por


sofrer de “Amor Patológico” e pelo viés da teoria da psicologia analítica traçamos um
paralelo com o conto de fadas russo “A boneca no bolso: Vasalisa, a sabida” de
Estés (1994) como jornada para a superação de tal padrão patológico.

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II. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. O Amor através da história

O amor pode ser compreendido e catalogado sob várias formas, está


relacionado aos mais diversos “objetos de amor” e suas diferentes representações.
Dentre estes objetos de amor existem: amor devocional a uma divindade; amor à
ciência; amor platônico (filosófico); amor à pátria; amor a si mesmo (autoestima);
amor materno; amor fraterno e dentre tantas outras possibilidades há o amor
romântico. As intenções do amor também podem ser distintas, desde a satisfação do
desejo sexual até o chamado “amor puro” dos teólogos, que é totalmente abnegativo
e visa o próprio Deus como o objeto de amor.
A ideia do amor romântico surge em meados do século XII na Idade Média
onde é característico por transmitir a crença de que o amor tido como verdadeiro,
envolve a adoração do seu amado, e o termo “romance” deriva do francês “romans”,
referindo-se à literatura ocidental do século XII (LIMA et al., 2013).
Os mesmos autores ainda refletem que na Idade Média, a visão do amor
cortês sofreu grande influência das ideias religiosas, onde os relacionamentos entre
homens e mulheres tinham como base o ideário do masculino e feminino perfeitos,
como o parceiro adorado, “o divino estava personificado no humano” (CARDELLA,
1994, p. 34 apud LIMA, 2013).
Tendo assim, a ideia de romance um importante papel, pois o sentido
assumido no século XIX, tanto expressou como foi influência para mudanças
seculares que atingiu a vida social em sua totalidade.
Lima et. al. (2013) chama a atenção para o fato de que na Europa pré-
moderna, o amor não se fazia elemento relevante já que os casamentos eram
arranjados por questões financeiras, e entre os mais pobres, o casamento era uma
forma de contribuir para o trabalho agrário.
As referidas autoras informam que na atualidade, a expressão amor
romântico é culturalmente utilizada para se referir a maioria das formas de atração
idealizadas com conotação mais positiva do que o amor apaixonado, este com
status de fugaz e superficial devido a aproximação do cunho mais sexual. As autoras
refletem que:

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O “amor romântico” é associado à intensa busca pelo outro, significando
também uma constante busca em que a autoidentidade espera a sua
valorização a partir da descoberta do parceiro, é como se sua existência só
fosse validada ou percebida a partir do momento que esse vazio de busca
for preenchido. (LIMA et al., 2013).

Com a conquista da liberdade sexual da mulher na modernidade,


proporcionou um aumento de encontros e combinações de parceiros e encontros
amorosos ates de priorizar o envolvimento sexual e afetivo sérios. Pelo fato de se
manterem em constante procura desde jovem, é comum que logo após o fim de um
relacionamento inicie-se outro, é possível observar que ao fim da adolescência
muitas garotas já tiveram suas primeiras decepções amorosas e estão tomando
consciência que o amor não pode mais ser vinculado à permanência (LIMA et al.,
2013).
As autoras lembram que o romântico não é necessariamente um ser que
compreende a natureza do amor, mas sim, apenas possui um modo específico de
organizar a vida pessoal em relação ao futuro e a construção da autoidentidade.
Ainda assim, para a maior parte dos homens o conceito de amor e o ato de amar
entram em conflito com as regras de sedução. A propósito de toda esta resistência,
contudo os homens possuem dentro de si o amor e de alguma forma eles
expressam este sentimento em algum dado momento, pois este sentimento é
fundamental para vida do indivíduo e independente do sexo encontra-se na essência
do ser humano, como na definição de Agaton, “O amor é delicado porque não
caminha no chão nem anda sobre as cabeças, [...] mas caminha e habita em tudo o
que o universo tem de mais delicado: os corações e as almas dos deuses e dos
homens” (PLATÃO, 1956, p.48).
Como discorrem Lima et al. (2013), as mulheres da atualidade não excluíram
de sua essência o romantismo e suas projeções por mais independentes que
tenham se tornado, continuam sendo compreendidas como o lado sensível da
relação, o que de maneira alguma é depreciativo, mas no sentido de profundeza dos
sentimentos e a capacidade de poder proporcionar os pilares para uma relação
madura e um relacionamento duradouro como reforça Cardella (1994) quando
apresenta:

A vivência dos aspectos femininos dá sentido à nossas vidas. Torna os


relacionamentos mais profundos, amorosos e gratificantes. Traz a
consciência dos sentimentos, dos valores espirituais, através da
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interiorização e da busca da sabedoria. [...] Através de seus
relacionamentos apaixonados, o homem busca inconscientemente a si
mesmo em alguém que simbolize a própria “alma” e torne sua vida plena e
extática (p. 35).

Deste modo, o amor que é experimentado em diversos momentos, formas e


intensidades. E por ser multifacetado o que impede a possibilidade de
relacionamentos iguais, o amor não é algo que se aprende, espera-se apenas o
momento em que aconteça, “porque ninguém pode comunicar o que não possui nem
ensinar o que ignora”, (PLATÃO, 1956 p. 50). Tornando-se algo complexo e
independente das mudanças de cultura e de décadas, o amor é um sentimento
igual, porém interpretado e expressado de modos diferentes.

2.2. Do “amor normal” ao “amor patológico”

Entre as diversas facetas do amor, esta pesquisa elegeu o Amor Patológico,


conceito que, apesar de não constar nos manuais de doenças utilizados pela saúde,
é possível identificá-lo amplamente no trabalho de alguns autores, profissionais e
instituições que nele se debruçaram, dentre eles o MADA – Grupo de Mulheres que
Amam Demais.
O verbete que corresponde à definição de amor no dicionário talvez seja um dos
mais extensos da obra. Do latim amore, é definido como a emoção que predispõe
alguém a desejar o Bem a outra pessoa ou coisa; como sentimento que impulsiona o
indivíduo para o belo, digno ou grandioso; grande afeição de uma pessoa a outra do
sexo oposto; ligação espiritual, amizade; desejo sexual, e tem sido descrito há
séculos por estudiosos de várias áreas do conhecimento (MICHAELIS, 1996).
Certa feita, Platão (428/27 a.C. – 347 a.C.) ao ter publicado O Banquete,
considerado o primeiro tratado sobre o amor, esta publicação narra o momento de
um banquete, em que os convidados se revezavam para esclarecer o amor,
estudando os diferentes tipos de amantes, a essência do relacionamento amoroso e
os mais diversos componentes do amor (PLATÃO, 1976).
Um dos convidados do banquete, Aristófanes em seu discurso expôs que, em
tempos remotos, a terra era habitada por seres esféricos que possuíam duas
cabeças opostas e exatamente iguais, quatro braços, quatro pernas e duas
genitálias. Alguns destes possuíam ambas as genitálias masculinas, outros duas
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femininas e, outros ainda, uma feminina e uma masculina. Eles não utilizavam suas
genitálias para reprodução, mas se multiplicavam feito sementes, enterravam-se no
solo e, deste modo, brotavam outros seres.
Esses seres resolveram dominar o Olimpo, a morada dos deuses, mas Zeus
irado com tamanha afronta daqueles seres ordenou a Apolo que os cortasse ao
meio enfraquecendo-os ao tornar-lhes humanoides. Deste modo, cada ser passou a
ter uma cabeça, dois braços, duas pernas e uma genitália, suas costas ficaram
expostas com o corte, então, Zeus ordenou que Apolo pegasse as bordas da ferida
e as esticasse, deixando apenas uma pequena abertura, o umbigo, para que se
lembrassem do castigo divino. Somente as genitálias ficaram para trás (PLATÃO,
1976).
Com o castigo, as metades deixaram de comer e beber, não se enterravam
mais a fim de se reproduzir, perderam a vontade de viver, passando a vagar à
procura de suas respectivas metades e, quando se olhavam, reconheciam-se de
imediato e se abraçavam como se quisessem se unir novamente e permaneciam
assim até a morte. Com isso, espécie foi desaparecendo e preocupado com a
possível extinção da espécie, Zeus ordenou que Apolo adaptasse as genitálias das
metades para frente para que, ao se abraçarem, se unissem sexualmente (PLATÃO,
1976).
Jorge (2013) indica que esse mito ilustra a origem do conceito de “amor
complementar” que é um dos conceitos fundamentais da psicopatologia do amor, no
qual cada indivíduo seria uma metade que busca no outro a sua “alma gêmea”.
Nesse sentido, ama-se porque não se tem, sendo o amor um desejo de suplantar
uma deficiência do Eu, a longínqua e inacessível busca da perfeição própria e,
consequentemente, o outro passa a ser o responsável direto pela felicidade do Eu.
A partir desses conceitos trazidos por Jorge (2013), Platão distinguiu o “amor
autêntico”, que liberta o indivíduo do sofrimento e o leva ao “banquete divino”, o qual
em analogia identificamos como o “amor normal” ou saudável daquele que é o Amor
Patológico, o “amor possessivo” ou “complementar”, que o leva a perseguir o outro
como um objeto de consumo e posse (PLATÃO, 1976).
Mais diante iremos aprofundar o MADA, grupo que atende mulheres que
sofrem por amar demais e, dentre as relações patológicas há ainda aquelas onde a
pessoa que ama não deseja apenas o outro, mas deseja também o desejo do outro,

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o sentimento do outro e tudo o que possa estar ocorrendo na intimidade psíquica do
outro e como mostra Jorge (2013), diante dessa impossibilidade de se apossar do
sentimento do cônjuge, a mulher que ama demais sofre, pois, o par pode não estar
sentindo aquilo que ela deseja que ele sinta ou pensando aquilo que ela espera que
ele pense.
Deste modo, na medida em que as pretensões de controle sobre os
sentimentos da pessoa amada não são contidas, ponderadamente ou refreadas,
surge uma poderosa inclinação a posse e ao domínio da pessoa amada. São
atitudes como essas que fogem ao controle e escapam da razão, tendo como
veículo de inspiração o amor, que estão colocando esse nobre sentimento no banco
dos réus (JORGE, 2013).
É importante salientar que, além de grupos de apoio como o MADA, a mulher
com problemas de Amor Patológico deve procurar ajuda profissional como Jorge
(2013) complementa que a maioria das pessoas que experimentam o Amor
Patológico, em grande parte das vezes, procura ajuda quando não suportam mais a
amargura, a aflição e frustração devido ao relacionamento. Segundo Sophia (2008),
o primeiro passo é o paciente ter consciência do problema, a referida autora elenca
alguns dos critérios utilizados para que seja possível identificar quem está amando
de maneira patológica:

Quadro 1 – Critérios para diagnóstico do Amor Patológico

Critérios para diagnóstico de Amor Patológico


1 Sinais e sintomas de abstinência.
Quando o parceiro está distante (física ou emocionalmente) ou perante ameaça
de abandono, podem ocorrer: insônia, taquicardia, tensão muscular, alternância
de períodos de letargia e intensa atividade.
2 O ato de cuidar do parceiro ocorre em maior quantidade do que o indivíduo
gostaria.
O indivíduo costuma se queixar de manifestar atenção ao parceiro com maior
frequência ou período mais longo do que pretendia de início.
3 Atitudes para reduzir ou controlar o comportamento patológico são
malsucedidas.
Em geral, já ocorreram tentativas frustradas de diminuir ou interromper a
atenção despendida ao companheiro.
4 Excessivo dispêndio de tempo no controle das atividades do parceiro.
A maior parte da energia e do tempo do indivíduo são gastos com atitudes e
pensamentos para manter o parceiro sob controle.

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5 Abandono de interesses e atividades antes valorizados.
Como o indivíduo passa a viver em função dos interesses do parceiro, as
atividades propiciadoras da realização pessoal e profissional são relegadas,
como cuidado com os filhos, atividades do trabalho e convívio com colegas.
6 O Amor Patológico é mantido, apesar dos problemas pessoais e familiares.
Mesmo consciente dos danos resultantes desse comportamento para sua
qualidade de vida, persiste a queixa de não conseguir controlar tal conduta.

Fonte: http://www.lersaude.com.br/quando-o-amor-vira-doenca/

É importante salientar que, embora se reconheça a existência do Amor


Patológico, o fato de “amar demais” não está classificado no DSM – Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual
of Mental Disorders) nem no CID – Classificação Estatística Internacional de
Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, ou do inglês ICD (International
Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems), porém, o que
fica evidente nessa patologia das relações amorosas são as comorbidades
psiquiátricas associadas que geralmente vêm acompanhadas de quem sofre por
amar demais, tais como: quadros depressivos e ansiosos, depressivos incidindo
sobre transtornos específicos de personalidade (Transtorno Esquizóide e Paranóide
por exemplo).
Assim, em determinadas personalidades, diante de um eventual estado de
estresse prolongado haveria exagerada liberação adrenérgica, predispondo a
pessoa a extrema ansiedade, angústia, insegurança (entre outros fenômenos mais
patológicos) favorecendo o surgimento do Amor Patológico.
Para Sophia (2008), assim como ocorre com o dependente químico, que se
adere à "droga de escolha" para alívio da angústia, ansiedade, inibição psíquica,
busca do prazer, o portador de Amor Patológico acredita que conseguirá tudo isso
através do lenitivo proporcionado pelo “parceiro de escolha” (SOPHIA, 2008).
O tratamento, segundo Sophia (2008), inclui psicoterapia psicodinâmica, que
se fixa aos aspectos conscientes e inconscientes do funcionamento da mente. Esse
recurso pode aliviar sintomas que, possivelmente, estão presentes desde a infância.
O diagnóstico de um psiquiatra também é considerado importante, pois este pode
indicar se a pessoa sofre de algum outro distúrbio, associado ao Amor Patológico,
que poderá ser tratado a partir de medicamentos.

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2.3. MADA - Mulheres que Amam Demais Anônimas

O MADA - Mulheres que Amam Demais Anônimas nasceu a partir dos


estudos da psicoterapeuta familiar norte-americana Robin Norwood que em 1986
lançou o livro Mulheres que Amam Demais, fruto de sua própria experiência de
trabalho com mulheres de álcool e outras toxicodependências. Lima (2006) aponta
que Norwood percebeu um padrão mórbido de relacionamento amoroso naquelas
mulheres, classificando-as deste modo, como “mulheres que amam demais”. Em seu
livro, Norwood explica a origem do padrão obsessivo, ligado a dependência de
relacionamentos destrutivos iniciada na infância e prolongada pela vida adulta
O MADA é um grupo de atendimento às mulheres que procuram a entidade
pois acreditam que sofrem do Amor Patológico, ou como dizem no grupo, mulheres
que “amam demais”. As reuniões funcionam nos moldes dos AA – Alcoólicos
Anônimos1. Com base na pesquisa dos vários sites no território nacional (São Paulo,
Rio de Janeiro, Paraná, Bahia, Paraíba e Rio Grande do Sul) pudemos observar o
funcionamento geralmente dentro uma atmosfera religiosa/cristã na filosofia do
grupo já que sua idealizadora, escreveu os passos e atividades com base em
orações e meditações diárias, com isso, é comum que no início de cada reunião do
grupo MADA, assim como no seu término, seja proferida a oração: “Concedei-me,
Senhor, a serenidade necessária para mudar as coisas que não posso modificar;
coragem para modificar aquelas que posso, e sabedoria para distinguir uma das
outras”, trecho extraído da Oração da Serenidade de Rinhold Niebuhr.
Com isso, mesmo não admitindo vínculo com nenhuma organização religiosa,
percebe-se na tradição do MADA uma atmosfera que permeia os moldes da
mitologia cristã, ao trabalhar com suas atendidas no sentido da admissão de um
“poder superior”, tal como cada integrante possa definir esse suposto poder, o grupo
tenta alargar esse sentido na tentativa de acolher variadas crenças, incluindo ateias
e agnósticas.
O mecanismo evocado pelo grupo, é que suas atendidas devam entregar
suas vidas aos cuidados desse “poder superior”, independente de como este seja
concebido, no intuito de, como primeiro passo do Programa de Recuperação MADA,
suas integrantes admitam a patologia de “amar demais”, na esperança de que com

1 Atualmente o termo para adictos em álcool é: Alcoolista e não mais alcoólatras ou alcoólicos.
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isso, seja removida a ideia de controle obsessivo da vida de seus parceiros e de
suas próprias vidas. O intuito é que essas mulheres se recuperem da dependência
de relacionamentos destrutivos, aprendendo a se relacionar de forma considerada
saudável consigo e com os outros.
No quadro 1, fica evidente a aura religiosa impregnada nos doze passos de
MADA, expressões como “Viemos a acreditar que um Poder Superior”, “Decidimos
entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus”, “inventário moral”,
“perante Deus”, para além de análise mais profunda das relações de transferência
no relacionamento com o masculino, o parceiro terreno para O Parceiro celestial que
não é objetivo desta pesquisa.

Quadro 2 – Os doze passos da MADA

OS DOZE PASSOS DE MADA


Admitimos que éramos impotentes perante os relacionamentos e que tínhamos perdido o
01
domínio sobre nossas vidas.
02 Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós mesmas poderia devolver-nos à sanidade.

Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que o
03
concebíamos.

04 Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmas.


Admitimos perante Deus, perante nós mesmas e perante outro ser humano, a natureza exata
05
de nossas falhas.
06 Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.

07 Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossas imperfeições.

Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a
08
reparar os danos a elas causados.
Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo
09
quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.
Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos erradas, nós o admitíamos
10
prontamente.
Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar o nosso contato consciente com Deus,
11 na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento da Sua vontade em relação
a nós, e forças para realizar essa vontade.
Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos transmitir
12 esta mensagem às mulheres que ainda sofrem e, praticar estes princípios em todos os nossos
relacionamentos.

Fonte: http://grupomadarj.blogspot.com.br/p/passos-e-tradicoes.html

10
De mesmo modo, evidenciamos as doze tradições de MADA, conforme
publicado para ilustrar a tentativa de manter a unidade de grupo.

Quadro 3 – As doze tradições de MADA

AS DOZE TRADIÇÕES DE MADA


Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; A reabilitação individual depende da
01
unidade de MADA.
Somente uma autoridade preside, em última análise, ao nosso propósito comum: - um Deus
02 amantíssimo que se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossas líderes são apenas
servidoras de confiança, não têm poderes para governar.

03 Para se membro de MADA, o único requisito é o desejo de evitar relacionamentos destrutivos.

Cada Grupo de MADA deve ser autônomo, salvo em assuntos que afetem a outros Grupos ou
04
a MADA como um todo.
Cada Grupo possui apenas um único propósito primordial: Transmitir a mensagem à mulher
05
que ainda sofre.
Nenhum Grupo de MADA jamais deverá sancionar, financiar ou emprestar o nome de MADA
06 a qualquer sociedade ou empreendimento alheios à Irmandade a fim de evitar que problemas
de dinheiro, propriedade ou prestígio nos desviem do nosso propósito primordial.
Todos os Grupos de MADA deverão ser absolutamente autossuficientes, rejeitando quaisquer
07
contribuições ou doações de fora.
MADA deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos centros de serviço possam
08
contratar funcionários especializados.
MADA jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar comitês ou juntas de
09
serviço, diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviço.
MADA não opina por questões alheias à irmandade, portanto o nome de MADA jamais deverá
10
aparecer em controvérsias públicas.
Nossa política de relações públicas baseia-se na atração, não na promoção. Cabe-nos
11 sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, rádio, cinema, televisão ou em outros
meios públicos de comunicação.
O anonimato é o alicerce espiritual de nossas Tradições, lembrando-nos sempre da
12
necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.

Fonte: http://grupomadarj.blogspot.com.br/p/passos-e-tradicoes.html

O Quadro 4 exibe questões para que a mulher ao acessar o site, faça sua
autoavaliação com a finalidade de descobrir se é uma MADA, segundo critérios do
site do grupo.

Quadro 4 – Autoavaliação de identificação de uma MADA

SOU UMA MADA? SOU UMA MULHER QUE AMA DEMAIS?


Responda sinceramente: SIM NÃO
01 Você se torna obsessiva com os relacionamentos?
02 Você mente ou evita pessoas para disfarçar o que ocorre numa relação?

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03 Você repete atitudes para controlar a relação?
04 Você culpa e acusa seus relacionamentos pela infelicidade da sua vida?
Você procura agradar as pessoas com quem se relaciona se esquecendo de si
05
mesma?
06 Você só se sente viva ou completa quando tem um relacionamento amoroso?
07 Você já tentou diversas vezes sair de um relacionamento, mas não conseguiu?
08 Você sofre mudanças de humor inexplicáveis?
09 Você sofre acidentes devido à distração?
10 Você pratica atos irracionais?
11 Você tem ataques de ira, depressão, culpa ou ressentimentos?
Você já teve ataques de violência física contra si mesma ou contra outras
12
pessoas?
13 Você sente ódio de si mesma e se auto justifica?
14 Você sofre doenças físicas devido às enfermidades produzidas por estresse?
15 Você cuida excessivamente dos membros de sua família?
16 Você não consegue se divertir sem a presença do (a) seu (sua) parceiro (a)?
Você se sente exausta por assumir mais responsabilidades num
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relacionamento?
18 Você se sente incompreendida por todos?

Fonte: http://grupomadarj.blogspot.com.br/p/sou-uma-mulher-que-ama-demais.html

O critério de avaliação do quadro 4 acima é disposto no quadro 5.

Quadro 5 – Avaliação das questões do quadro 4

Avaliação das questões do quadro 4


Se você respondeu SIM a 2 ou 3 das perguntas acima, é possível que você seja uma MADA.

Se você respondeu SIM a mais de 4 perguntas, é mais provável que você seja uma MADA.

Mesmo que você não se encaixe nas perguntas acima, mas ainda assim sofra por amor e queira
ajuda, você será bem-vinda em MADA.

Fonte: http://grupomadarj.blogspot.com.br/p/sou-uma-mulher-que-ama-demais.html

Lembramos que em momento algum nos sites do MADA consultados foram


encontradas explicações científicas detalhadas para tais avaliações de seleção das
possíveis mulheres que amam demais, apontando somente algumas referências de
livros do próprio Norwood, seu idealizador, entre outros autores que escreveram
orações e meditações diárias adotados pelo grupo.

12
2.4. O desenvolvimento psicológico da mulher

Neumann (2000) apud Parisi (2009, pp. 20-21) destaca que o


desenvolvimento psicológico da mulher que se dá através de três estágios ou fases
que se inter-relacionam:
O primeiro estágio: o desenvolvimento tanto feminino quanto masculino é de
uma unidade psíquica de não diferenciação entre ego e inconsciente, em que não há
uma separação mãe-filho (a). Não se trata de fantasmas abstratos de um passado
histórico, mas antes imagens de constelações inconscientes que estão em ação
agora, como em épocas anteriores, sendo necessárias ao desenvolvimento da
consciência. Este estágio é simbolizado pelo uroboro2 e se pode dizer que a criança
está contida no uroboro materno ou na Grande mãe. Mesmo nesta fase, em que não
há qualquer consciência da diferença entre os sexos, este autor considera que há
uma diferença na maneira como a filha e o filho percebem a mãe. O autor parte do
pressuposto de que há uma diferenciação biopsíquica entre os sexos que se
manifesta de maneira simbólica e arquetípica. Desta forma, a filha experiência a
mãe como um “tu” semelhante e não diferente. Assim, ao contrário do
desenvolvimento do ego do menino que vai ocorrer em oposição à mãe
(inconsciente), o ego da menina se desenvolve em relação a seu inconsciente. Esta
identidade da filha com a mãe pode continuar a existir, ou seja, mesmo mulher
adulta, pode continuar no relacionamento primal, fixada dentro da esfera da Grande
mãe, permanecendo desta forma imatura, mas não distanciada de si mesma.
Neumann apud Parisi (2009) pontua que embora esta fase, que denomina de
“conservação do Self”, possa ser vivida de modo saudável (não neurótico) pela
mulher, é negativa em termos de desenvolvimento da consciência. Ela permanece
dentro do clã materno. Pode haver uma hostilidade para com o masculino e com os
homens que são vistos como “estrangeiros”. Este domínio do materno dificulta um
relacionamento e encontro individual entre homem e mulher.
O segundo estágio: é denominado de uroboro paterno ou patriarcal. Nesta
fase há uma invasão de um poder desconhecido e numinoso. Neumann apud Parisi
(2009) descreve que para a mulher esta fase é marcada pela experiência de ser
dominada e penetrada, mas sem que haja projeção em um homem concreto; é

2 Serpente que engole a própria cauda.


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sentida de modo impessoal e anônimo. Com o surgimento do uroboro, forças
interiores inconscientes irrompem na personalidade: “Porque o poder do
inconsciente penetra e domina, a mulher o experiencia como algo masculino que a
arrebata, a toma, a transpassa e a transporta para além de si mesma”, Neumann
apud Parisi (2009, p.20).
O terceiro estágio: é o patriarcado. A figura do herói masculino que liberta a
donzela do uroboro patriarcal é a imagem mitológica que simboliza a passagem para
esta fase. Se antes o masculino era impessoal e anônimo, agora aparece de forma
pessoal, uma força externa e interna na mulher, em geral projetado em um homem
real. O perigo para a mulher nesta fase é a perda do Self, da essência feminina. A
transição para o patriarcado leva a uma identificação parcial da menina com o lado
masculino, propiciando o desenvolvimento de uma pseudomasculinidade. Para
Neumann apud Silveira (2009) este estágio é exteriormente vivenciado no
casamento patriarcal tradicional, no qual a consciência da mulher é puramente
feminina e a do homem é puramente masculina, criando uma simbiose considerada
por este autor como a coluna vertebral da cultura patriarcal.
Nesta fase de descoberta do Self, o encontro com o masculino agora
acontece de forma internalizada. Reaparece a mãe, o relacionamento primal, mas
sob a ótica de uma integração da personalidade. O trabalho da mulher nesta fase é
conectar-se com a Grande Mãe, o solo feminino que, na fase do patriarcado, tinha
sido abandonado. E é o próprio Self feminino que a impele a sair do patriarcado.
Neumann apud Parisi (2009) ressalta que a grande tarefa da mulher em
nossa cultura está em desenvolver os aspectos masculinos e patriarcais da psique
sem desistir de seu feminino. Exige-se mais dela do que do homem, pois a
masculinidade e a feminilidade são, ambas, exigidas da mulher (do homem exige-se
apenas masculinidade, pontua Neumann). Segundo este autor, a complicação maior
para a mulher é que ela precisa do princípio masculino (que impulsiona seu
desenvolvimento nas fases iniciais), mas não pode se distanciar demais do princípio
do feminino que é sua origem.
A partir das ideias apresentadas até agora, é possível observar que para a
mulher o masculino é o fator que impele para diante, enquanto que para o homem, o
feminino retém. Desta característica, Neumann apud Parisi (2009), depreende a

14
dependência e a carência maior da mulher no relacionamento com um homem e a
aparente independência maior do homem para com a mulher.
De acordo com Corneau apud Campelo (2010, p. 32), se a criança se sentiu
acolhida e amada em seu desenvolvimento, provavelmente desenvolverá um
complexo materno originalmente positivo. A marca deste complexo auxilia o
indivíduo na afirmação do ego e na forma de se relacionar com a vida.
Ao contrário dos sentimentos positivos do complexo materno originalmente
positivo acima citado no complexo materno originalmente negativo segundo Kast
apud Campelo (2010, p. 32) encontra-se o sentimento vital da solidão, do estar à
mercê de alguém, o sentimento de não receber o suficiente para a vida, mas em
demasia para morrer. Por tanto, a mulher que durante o seu desenvolvimento
adquire a experiência de complexo materno negativo tenderá possuir como
características principais em sua vida adulta ser desvalorizada e desprezada. Sendo
assim, a vivência do complexo materno negativo impossibilita buscar a si mesmo,
impede a ampliação da consciência e como isso paralisa o caminho rumo a
individuação.

2.5. O relacionamento amoroso sob o viés da psicologia analítica

O encontro amoroso entre o homem e a mulher simboliza a união dos


princípios masculino e feminino, que constituem os opostos universais. A
diferenciação da consciência ao longo da vida se processa principalmente através
das vivências dos opostos e de sua integração. Através de sucessivas identificações
e diferenciações a pessoa vai se tornando uma individualidade mais plena, “torna-se
aquilo que é”, meta da individuação. Segundo Di Yorio apud Parisi (2009, p.41) a
relação conjugal pode ser considerada um dos caminhos mais propícios ao processo
de individuação, expressão da vicência de união das polaridades.
O encontro amoroso é uma experiência arquetípica, como afirma Moraes
apud Parisi (2009, p.41). Esta afirmação significa que as formas deste encontro
podem ser as mais variadas, mas em essência, representa sempre a busca pela
completude através do parceiro que espelha o “outro” desconhecido dentro de nós.
O que é vivido no palco do relacionamento amoroso tem um grande poder de
transformação na vida dos parceiros envolvidos, através das crises, separações,

15
confrontos e vicissitudes do cotidiano do relacionamento. Para Carotenuto apud
Parisi (2009, p.42), o amor “revela o homem a si mesmo”, pois este só conhece a
sua verdadeira natureza no momento em que se enamora.
O mundo do apaixonado e do amante não é o mundo dos mortais. Ele está
tocado pelo que o transcende, pelo divino. E sendo ou não correspondido, já está
ferido. Paixão (pathos) é sofrimento insaciável, pois o outro a quem se deseja fundir
está sempre apontando sua alteridade e, por tanto, a solidão existencial e a
impossibilidade desta fusão. Mas é justamente por esta característica que entregar-
se a este “sofrimento” traz a possibilidade de uma abertura para a própria
singularidade, para a forma de sentir e ser no mundo. Como expressa Clarice
Lispector apud Parisi (2009, p. 42):

Existir é tão completamente fora do comum que se a consciência de


existir demorasse mais de alguns segundos, nós enlouqueceríamos. A
solução para esse absurdo que se chama “eu existo”, a solução é amar um
outro ser que, este, nós compreendemos que exista. (PARISI, 2009, p. 42).

Segundo observa Sanford apud Parisi (2009, p.44) os opostos só podem se


unir dentro de uma personalidade individual, um ser inteiro. Portanto, a união do
masculino com o feminino, a coniunctio, não pode ser realizada enquanto
projetamos uma metade de nós em um parceiro humano: “Se quisermos que nossos
relacionamentos humanos sejam bem-sucedidos, teremos de ser capazes de
distinguir os parceiros divinos dos humanos”. Sanford se refere à projeção de
anima/animus que estão por trás de nossos envolvimentos amorosos e constituem
os principais fatores de atração e vinculação. Por trás destes movimentos da psique
e do coração está o Self que nos leva à busca de inteireza, primeiramente de forma
projetada no outro. Partes inconscientes serão vividas de forma externa,
personificadas no parceiro. É através da difícil e dolorosa tarefa de reintegração
destas partes projetadas que se pode trilhar a individuação, unindo os pares de
opostos na psique.
A partir das ideias apresentadas é possível refletir juntamente com Moraes
apud Parisi (2009, p.45) que na atualidade emerge a crença na possibilidade de um
relacionamento amoroso baseado no interesse partilhado, menos contaminado com
projeções, capaz de tolerar e conviver com diferenças e de suportar a
vulnerabilidade da entrega afetiva, o que levará à criação de uma nova ética nos

16
relacionamentos que abarque, por um lado, a liberdade de dispor do próprio desejo
e, por outro, a sensibilidade às demandas do outro. Certamente, uma tarefa nada
fácil. Nesse ponto, aqui talvez esteja o maior desafio a ser enfrentando para a
instalação de uma nova utopia amorosa.

2.6. O Processo de Individuação como cura

Segundo Jung (SILVEIRA, 2006) o processo de individuação consiste em um


desenvolvimento de circunvolução que conduz a um novo centro psíquico. Jung
denominou este centro de Self. Quando o nosso consciente e inconsciente vêm
ordenar-se em torno do Self, a personalidade completa-se.
Processo de individuação consiste no desenvolvimento da personalidade
total, é tornar-se si mesmo. A grande busca de Jung apud Silveira (2006) consistia
em conhecer a si mesmo e o significado da vida. Em suas pesquisas, percebeu que
a psique trilha um único objetivo, que é o encontro com seu próprio centro, a
unicidade, é o retorno do ego às suas origens. Deu então a esse objetivo da vida
psíquica o nome de Individuação, que não é repentino, mas sim, se apresenta como
um processo.
Para que este processo se realize é necessário que o ser humano percorra as
seguintes estâncias apontadas por Silveira (2006):
 Persona: É a forma pela qual nos apresentamos ao mundo. É o caráter que
assumimos; através dela nós nos relacionamos com os outros. O nome vem
da antiga máscara usada no teatro grego para representar esse ou aquele
papel numa peça e tem, para Jung, o mesmo sentido, ou seja; persona é a
máscara ou fachada aparente do indivíduo exibida de maneira a facilitar a
comunicação com o seu mundo externo, com a sociedade onde vive e de
acordo com os papéis dele exigidos. O objetivo principal é o de ser aceito
pelo grupo social a que pertence. A persona é muito importante, na medida
em que dependemos dela em nossos relacionamentos diários, no trabalho, na
roda de amigos ou na convivência com o nosso grupo.
 Sombra: A sombra é a fonte de tudo o que existe de melhor e de pior no ser
humano. Como todo elemento psíquico possui aspectos positivos e negativos
para o desenvolvimento da personalidade. As coisas que não aceitamos em

17
nós, que nos repugnam e que por isso reprimimos, nós as projetamos no
outro. E assim permanecemos inconscientes de que as abrigamos dentro de
nós. A sombra é quem abrange os aspectos que foram suprimidos no
desenvolvimento da persona que contém conteúdos que nem chegaram a
passar pelo crivo do consciente. Estes conteúdos podem emergir a qualquer
momento na consciência. A sombra habita o inconsciente pessoal.
 Anima e Animus: são os arquétipos feminino e masculino. São componentes
contrassexuais inconscientes, ou seja, a medida que a consciência do homem
é masculina, haverá uma outra parte feminina em seu inconsciente e vice-
versa para a mulher. A Anima geralmente é representada por princesa, fada,
sereia etc. Já o Animus é representado como príncipe, herói, feiticeiro etc.
Para Jung, a Anima e a personificação das tendências psicológicas femininas
na psique do homem, tais como: sentimentos, estados de humor,
sensibilidade e outros. Já na mulher o Animus personifica as características
masculinas, como pensamentos rígidos. Estes são arquétipos que
determinam o encontro do eu com o outro.
 Consciente: É a área da psique onde se desenrolam as relações entre os
conteúdos psíquicos e o ego, que é o centro do consciente. Para que um
conteúdo se torne consciente terá que passar pelo ego. Conteúdos que não
se relacionam com o consciente são do domínio do inconsciente e é o
consciente quem processa o conteúdo que vem do inconsciente. A Persona
se localiza no consciente.
 Ego: Centro da consciência. Fornece um sentido de consistência e direção
em nossas vidas conscientes. Ele tende a contrapor-se a qualquer coisa que
possa ameaçar esta frágil estabilidade da consciência e tenta convencer-nos
de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa
experiência. Somos levados a crer que o ego é o elemento central de toda a
psique e chegamos a ignorar sua outra metade, o inconsciente. De acordo
com Jung apud Silveira (2006), a princípio a psique é apenas o inconsciente.
O ego emerge dele e reúne numerosas experiências e memórias,
desenvolvendo a divisão entre o inconsciente e o consciente. Não há
elementos inconscientes no ego, só conteúdos conscientes derivados da
experiência pessoal.

18
 Inconsciente Pessoal: é composto de conteúdos cuja existência decorre de
experiências individuais. Refere-se às camadas mais superficiais do
inconsciente cujas fronteiras com o consciente são bastante imprecisas. Nele
habitam os complexos e a sombra.
 Complexos: Para Jung apud Silveira (2006) os complexos são os caminhos
que nos permitem chegar ao inconsciente. Portadores de uma grande carga
energética, os complexos têm como núcleo o arquétipo e, em torno deste
núcleo vão se concentrando ideias ou pensamentos cheios de
afetividade. Estruturam-se como entidades autônomas quando uma parte da
psique for cindida por causa de um trauma, um choque emocional ou um
conflito moral. Quando totalmente inconscientes atuam livremente e podem
tomar o ego.
A referida autora ainda chama a atenção para a origem dos complexos que
são causados por um choque doloroso do indivíduo com o meio. São memórias
congeladas de eventos traumáticos reprimidos e cada nova experiência emocional
que se associa a um determinado complexo ‘grava’ uma nova camada em torno de
seu núcleo e move-se do local de origem. Quando isso ocorre sentimos incômodo
maior ou menor de acordo com a proximidade daquele complexo em relação ao ego.
Quanto mais próximo, mais consciente a pessoa está daquele complexo e menor
sua autonomia. Porém, caso esteja muito distante da consciência, quando
mobilizado pode interferir profundamente na vida psíquica do indivíduo gerando
graves perturbações na adaptação da pessoa ao meio. É o que comumente se
conhece por possessão. A pessoa age como se fosse outra pessoa, ela é dominada
por algo que foge ao seu controle.
Isso ocorre pelo fato do complexo ser autônomo, ou seja, não depende da
vontade do ego. O complexo pode gerar atitudes que, muitas vezes, não são
percebidas pelas pessoas, ele toma conta de sua personalidade invadindo a
consciência e as pessoas podem agir de forma estranha até para si mesmas. Em
sua maioria o complexo aparece como negativo, trazendo perturbações às pessoas,
mas ele também pode assumir uma postura positiva, criativa trazendo novas
perspectivas a vida da pessoa quando integrados à vida consciente (SILVEIRA,
2006).

19
Geralmente, aquelas situações em que ocorrem alterações da consciência e
também comportamentais, sem motivo aparente, são manifestações da possessão
do complexo sobre o ego. Os complexos não são em si negativos, seus efeitos, no
entanto, poderão ser. Porém como são nós de energia que possibilitam a
movimentação da psique acabam por se tornarem grandes aliados que impulsionam
o ser humano para o desenvolvimento psíquico. Podemos superar um complexo
vivendo-o intensamente e compreendendo o papel que exercem nos padrões de
comportamento e nas reações emocionais. No seu sentido positivo, os complexos
poderão ser uma fonte de inspiração para futuras realizações (SILVEIRA, 2006).
 Inconsciente Coletivo: Funciona, na interpretação psicológica, comum
denominador comum quere une e explica numerosos fatos impossíveis de
entender, no momento atual da ciência, sem sua postulação. Os conteúdos
que constituem o inconsciente coletivo são impessoais, comuns a todos os
homens e transmitem-se por hereditariedade.
 Arquétipos: São estruturas psíquicas que têm formas sem conteúdo próprio
que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Um bom
exemplo para comparar os arquétipos é a porta de uma geladeira, onde
existem formas sem conteúdo, ou seja, existem as formas arredondadas para
se colocar os ovos, existem também os espaços para se colocar refrigerantes,
mas isso só acontecerá se a vida ou o meio onde você vive lhe oferecer tais
produtos. De qualquer modo, as formas estão ali prontas para serem
preenchidas. Assim acontece com os arquétipos, existindo uma forma, por
exemplo, para colocar Deus, mas isso depende das circunstâncias
existenciais, culturais e pessoais de cada um.
 Si-mesmo (Self): a denominação de Self não cabe unicamente a esse centro
profundo, mas também à totalidade da psique. O reconhecimento da própria
sombra, a dissolução de complexos, a liquidação de projeções, assimilação
de aspectos parciais do psiquismo, a descida ao fundo dos abismos, em
suma o confronto e a integração entre consciente e inconsciente.
 Função Transcendente: É aquela dotada da capacidade de unir todas as
tendências opostas dos diversos sistemas e de trabalhar para a meta ideal de
totalidade perfeita. É a função que, aproximando consciente de inconsciente,
produz a amplificação da consciência e a integração psíquica.

20
III. MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho parte da metodologia qualitativa de pesquisa, tendo como


foco a pesquisa qualitativa e bibliográfico-documental. A pesquisa qualitativa foi
escolhida por possibilitar um aprofundamento maior da análise do objeto de estudo
escolhido e é essencial para o tipo de análise que este trabalho faz, além de ser
mais flexível que a pesquisa quantitativa, no que diz respeito à seleção dos objetos
de estudo e à análise de dados.
Além disso, o estudo de caso se apresenta como metodologia capaz de
explicar ligações causais entre fenômenos psíquicos que são complexas demais
para serem retratadas através de levantamento de dados quantitativos.
No caso deste trabalho de conclusão, o estudo de caso se deu a partir da
análise do tradicional conto de fadas russo “A boneca no bolso: Vasalisa, a sabida”
de Estés (1994), que depois de descrito foi interpretado segundo a perspectiva
teórica da Psicologia Analítica.

3.1. Procedimento: análise do conto de fadas

Analisar um conto de fadas é sinônimo de decompô-lo. E embora não exista


uma metodologia universalmente aceita em Psicologia para se proceder à análise de
um conto podemos dizer que analisar implica duas etapas importantes: em primeiro
lugar decompor, ou seja, descrever e, em seguida, estabelecer e compreender as
relações entre esses elementos decompostos, ou seja, interpretar.
Para a psicologia junguiana, os contos de fada são o material mais rico de
investigação cientifica do inconsciente, superando qualquer outro material, pois o
material arquétipo presente nos contos está na sua forma mais simples e plena.
“Nessa forma pura, as imagens arquetípicas fornecem-nos as melhores pistas para a
compreensão dos processos que se passam na psique coletiva” (VON FRANZ,
2008, p.9).
O conto objeto de análise deste trabalho é “A boneca no bolso: Vasalisa, a
sabida”, um conto tradicional russo, recuperado e interpretado por uma importante
autora da psicologia analítica chamada Clarissa Pinkola Estés (1994). Foi escolhido
por ser um exemplo bastante ilustrativo das dinâmicas psicológicas e o processo de

21
individuação da mulher podendo ser relacionado à mulher com dependência afetiva
por seus parceiros, tema do presente trabalho de conclusão de curso.

22
IV. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

4.1. Descrição do conto de fadas “A boneca no bolso: Vasalisa, a sabida”

Dentre inúmeras versões deste tradicional conto de fadas russo, esta


pesquisa selecionou como base de análise a versão descrita por Clarissa Pinkola
Estés (1994).
Vasalisa era uma jovem camponesa que morava em uma casa na floresta
com seus pais. Sua mãe ficou muito doente e antes de morrer, com o intuito de
proteger a filha, a presenteia com uma minúscula boneca que usava as mesmas
vestimentas de Vasalisa: botas vermelhas, avental branco, saia preta e colete todo
bordado com linha colorida. Seu pai, pouco depois, se casa com uma viúva que já
tinha duas filhas. E nesta nova família, nem a madrasta e a novas irmãs gostavam
de Vasalisa. Certo dia, a madrasta em um plano para matar Vasalisa, apaga o fogo
que aquece a casa para fazer com que a menina entre na perigosa floresta e
procure a igualmente temida bruxa Baba Yaga para pedir fogo e reacender o fogo de
sua casa. A bruxa detém uma chama sagrada. Vasalisa se embrenha na floresta
com a ajuda da boneca que a guia e protege, encontra a casa da bruxa que aceita
lhe dar o fogo, mas não sem antes a menina cumprir algumas tarefas muito difíceis.
Das personagens do conto de fadas, destacamos:
Vasalisa era uma filha obediente, doce e era dotada de frondosa beleza.
Solícita, não se queixava de nada que a mandavam fazer.
A mãe de Vasalisa demonstrou ser protetora deixando o presente para a filha
que iria lhe ajudar em momentos difíceis pelo resto de sua vida.
O pai demonstrava sofrer com a morte da esposa e chorou por muito tempo
sua morte junto a única filha, Vasalisa. O pai, demonstrando preocupação com a
filha, depois de algum tempo desposa uma viúva que tinha duas filhas para que
ajudem a cuidar de Vasalisa quando estivesse ausente.
A madrasta e suas duas filhas detestavam Vasalisa, tinham inveja de sua
beleza e doçura, quando as três estavam sozinhas com Vasalisa, elas a
atormentavam, forçavam-na a lhes servir de criada. A madrasta e as duas filhas
eram, entre si mesmas, como ratos no monte de lixo à noite, detestavam tanto
Vasalisa que planejaram se livrar dela para que morresse ao encontrar a velha
Bruxa Baba Yaga ao ir pedir o fogo para a cabana que elas mesmas apagaram.
23
Baba Yaga por sua vez, morava em uma casa que ficava em cima de
enormes pernas amarelas e escamosas de galinha que andava de um lado para o
outro sozinha. A casa às vezes girava e girava como uma bailarina em transe. As
cavilhas nas portas e janelas eram feitas de dedos humanos das mãos e dos pés, a
tranca da porta da frente era um focinho com muitos dentes pontiagudos.
A bruxa viajava num caldeirão com o formato de um graal que voava sozinho.
Ela remava esse veículo com um remo que parecia o socador de um pilão e o tempo
todo varria o rastro por onde passava com uma vassoura feita dos cabelos de
alguém morto há muito tempo. Baba Yaga, sarcástica e maldosa, pediu para
Vasalisa realizar várias tarefas difíceis em troca de dar-lhe o fogo que foi pedir,
porém ameaça Vasalisa dizendo que se a menina não cumprir todas as tarefas a
mataria para comê-la. Diz isso já acreditando que a menina não iria conseguir
concluir todo o serviço por se tratar de tarefas impossíveis de se realizar.

4.2. Cenas Selecionadas e suas respectivas análises

Cena 01 - A morte da mãe de Vasalisa

A cena inicial do conto mostra a mãe de Vasalisa que jazia no seu leito de
morte acompanhada de sua filha e marido. A mãe moribunda chama Vasalisa e
entrega-lhe uma minúscula boneca que se parecia como a própria Vasalisa e se
despede da filha dizendo que se ela se perdesse ou precisasse de ajuda, poderia
perguntar para a boneca o que fazer que receberia ajuda, disse para guardar para
sempre a boneca e nunca falar a ninguém sobre o presente. A mãe ainda,
recomenda que sempre alimente a boneca quando a mesma estiver com fome e
completa dizendo que tudo o que foi dito era uma promessa de mãe e antes de seu
último suspiro de morte disse para a filha: “minha bênção, querida”.

Análise

As tarefas psíquicas desse estágio na vida da mulher são as seguintes:


receber os conteúdos do Inconsciente Coletivo, deixar que a mãe-boa-demais e
protetora representado pelo arquétipo da Grande-Mãe se afaste, reconhecendo

24
assim, o complexo materno originalmente positivo e negativo. (CAMPELO, 2010, p.
32).
A mãe de Vasalisa em seu leito de morte transmitindo sua bênção através da
boneca, sendo que a boneca representa aquela que irá continuar protegendo
Vasalisa e ajudando-a em suas dificuldades. Tal bênção transmitida a Vasalisa pela
mãe representa o inconsciente coletivo segundo Jung (1999) que diz que os
conteúdos que constituem o inconsciente coletivo são impessoais, comuns a todos
os homens e transmitem-se por hereditariedade. Desta forma, a boneca representa
o inconsciente coletivo que foi transmitido pela mãe de forma hereditária e através
da boneca, Vasalisa recebe tais conteúdos inconscientes a respeito do feminino que,
por sua vez também foram adquiridos pela mãe via gerações anteriores. Sendo
assim, por analogia, a mulher que sofre de Amor Patológico também munida dos
conteúdos inconscientes a respeito do feminino recebidos por sua mãe (inconsciente
pessoal) e de gerações anteriores (inconsciente coletivo).
Com a morte da mãe de Vasalisa, promoveu-se um abrupto rompimento
como por providência da necessidade de amadurecimento da menina, para que
fosse possível a ampliação de sua consciência pois, esta mãe-boa-demais devido
aos seus valores de proteção, impede esta ampliação. Vasalisa quer continuar no
colo dessa mãe protetora. Portanto, para mulheres que sofrem de Amor Patológico
ampliem seu desenvolvimento no processo de individuação é necessário reconhecer
que não precisa depender afetivamente de seu parceiro para viver, não precisa
depositar toda a sua segurança em seu parceiro, segurança essa, semelhante ao
nível psíquico do Arquétipo da Grande Mãe. É preciso deixar o colo protetor e
aconchegante da mãe para começar a dar seus primeiros passos.
Assim como aconteceu com Vasalisa, as mulheres que sofrem de Amor
Patológico também precisam que surja uma tensão psíquica na vida delas, tensão
essa que irá impulsioná-las para frente, neste caso, a morte da mãe de Vasalisa
gerou essa tensão, é necessário que aconteça esse afastamento da boa mãe da
psique dando espaço para algo novo que irá surgir e que permitirá assim, que se
amplie a consciência psíquica e o fortalecimento do ego.
Vasalisa por ter sido uma criança que se sentiu acolhida e amada por sua
mãe, desenvolveu um complexo materno originalmente positivo como explicitado no
conto ao presentear a filha com uma boneca, provisões que irão ajuda-la nas

25
dificuldades da vida. Então podemos dizer que Vasalisa recebeu através do
complexo materno originalmente positivo a possibilidade de se firmar em um ego
melhor preparado para se relacionar com a vida.
Sendo assim, ao contrário de Vasalisa a mulher que sofre de Amor
Patológico, provavelmente obteve um excesso de problemas psicológicos no início
da vida — não havendo a presença uniforme da mãe supridora de afeto nos
primeiros anos de vida, não obteve a experiência com o Arquétipo da Grande Mãe,
este começo do desenvolvimento pode ser que ficou suspenso ou que ficou
incompleto gerando posteriormente a falta de amor, falta essa que a mulher que
sofre de Amor Patológico irá tentar completar através do parceiro, criando assim
sofrimento, pois é este amor que lhe falta desde sempre e que ela projeta e busca
este amor no outro mas, só sabe se relacionar de forma patológica. Campelo
(2010, p. 32) identifica esta situação como sendo o complexo materno originalmente
negativo. A mulher que durante o seu desenvolvimento adquire a experiência de
complexo materno negativo tenderá possuir como características principais em sua
vida adulta ser desvalorizada e desprezada. Não sendo capaz de desenvolver sua
identidade, se mantendo fixado ao polo negativo do arquétipo materno, a Madrasta
bruxa má.
No caso do complexo materno negativo, é sabido que se torna impossível
extingui-lo por completo, entretanto, poderá se modificar e ser integrado ao
consciente na medida em que for vivenciado conscientemente e houver um diálogo
do ego com os componentes do complexo.

Cena 02 – Vasalisa vai sozinha para floresta

Esta cena ilustra a saída de Vasalisa de casa em busca de fogo pelo caminho
percorrido até chegar ao casebre de Baba Yaga.
Um dia a madrasta e suas filhas combinaram de deixar o fogo se apagar com
o intuito de mandar Vasalisa pedir fogo para Baba Yaga pensando que, se a floresta
não a matasse, a bruxa o faria. Vasalisa inocentemente achando que estaria
ajudando a trazer de volta o fogo para a cabana, vai para floresta sozinha e no
escuro tentando encontrar a casa da bruxa.

26
No caminho encontra diversos obstáculos que consegue superar com ajuda
de sua boneca. Na estrada quando se sentia assustada Vasalisa utilizava a boneca
em seu bolso e ao tocar na boneca se sentia melhor. Então continua na estrada
consultando a boneca que lhe respondia mostrando o caminho correto na estrada.
Enquanto ia caminhando alimentava a boneca com um pouco de pão,
seguindo o que sentia estar emanando da boneca.
Um homem de branco num cavalo branco passou galopando, e o dia nasceu.
Mais adiante, um homem de vermelho passou montado em seu cavalo e o sol
apareceu. E bem na hora em que estava chegando ao casebre de Baba Yaga, um
cavaleiro vestido de negro passou trotando e entrou direto no casebre.
Imediatamente fez-se noite. Vasalisa consulta novamente sua boneca para saber se
encontraram a casa de Baba Yaga e a boneca confirma.

Análise

As próximas tarefas psíquicas que precisam ser percorridas por Vasalisa e,


em analogia, com a mulher que sofre de Amor Patológico serão: utilizar a sua força
(O Animus), que representa a força que a impulsiona para entrada de Vasalisa na
floresta. Aprender a reconhecer os aspectos sombrios de sua própria sombra.
Aprender a alimentar/fortalecer seu Ego.
Ser boazinha, gentil e simpática não será o suficiente para ter uma vida plena
e satisfatória. Isso faz de Vasalisa uma escrava de suas novas irmãs e madrasta,
que se aproveitam de sua ingenuidade. A mulher que sofre de Amor Patológico
poderá se tornar “escrava” de seu parceiro, prisioneira dessa dependência na ilusão
de se completar apenas e exclusivamente através de seu parceiro, portanto de nada
adiantará toda essa dependência afetiva e todo o sofrimento que virá junto.
Vivenciar os aspectos negativos da sua própria sombra, especialmente os aspectos
exploradores, ciumentos e rejeitadores do Self (a madrasta e suas filhas). É preciso
se apropriar desses aspectos negativos e criar o melhor relacionamento possível
com as piores partes de si mesma. No entanto, o material sombrio negativo também
pode ser útil, no movimento de autoconhecimento pois, quando ele brota e é
identificado (se torna consciente) a mulher com dependência afetiva agora pode

27
identificar seus padrões e por consequência, pode modifica-lo tornando-se mais forte
e mais sábia para realizar suas escolhas.
A mulher que sofre de Amor Patológico se sente presa por exigências triviais
da sua psique que a incentivam a atender qualquer desejo de qualquer um,
principalmente e alguns casos exclusivamente viver em função das necessidades
apenas do seu parceiro. Para a mulher com que sofre de Amor Patológico e acaba
gerando dependência afetiva como um dos sintomas desse jeito de se relacionar o
que a faz ceder ao desejo do seu parceiro e, isso faz com que ela se isole dela
mesma (ESTÉS,1994).
A Anima geralmente é representada por princesa, fada, sereia, entre outras,
neste conto é representada por Vasalisa que traz a personificação das tendências
psicológicas femininas na psique do homem, tais como: sentimentos, estados de
humor, sensibilidade e outros. Já o Animus é representado como príncipe, herói,
feiticeiro, entre outros, neste conto é representado pela “força” que impulsiona
Vasalisa e que personifica as características masculinas, como pensamentos
rígidos. Para a mulher o masculino é o fator que impele para diante, por isso a
mulher tende a possuir dependência e a carência maior no relacionamento com um
homem. A mulher que sofre de Amor Patológico deve aprender a utilizar o seu
animus sem depender do homem para isso, ela precisa aprender a usar o seu
animus (podemos definir as características do animus como ser ativo, rígido,
cobrador, ligado à razão, à lógica, usar mais o amor condicional, buscar o conflito, a
agressividade e a destruição) sem ficar dependendo desse homem real que
representa a força que falta nela.
As mulheres no geral precisam apreender a desenvolver os aspectos
masculinos da psique sem desistir de seu feminino. A mulher precisa apreender a
utilizar o masculino (que impulsiona seu desenvolvimento nas fases iniciais), mas
sem distanciar demais do princípio do feminino que é sua origem. (NEUMANN apud
PARISI, 2009).
Vasalisa neste momento do conto também aprende a fortalecer seu ego para
enfrentar as dificuldades que passam a surgir, representado ao Vasalisa alimentar a
boneca em todo o percurso e por ouvir e seguir as instruções (lembrando que a
boneca recebeu todos os conteúdos do inconsciente coletivo a respeito do feminino).
A mulher que sofre de Amor Patológico também precisa aprender a fortalecer seu

28
ego abandonando sua velha vida de sofrimento e adentrar numa nova vida com um
ego melhor, fortalecido e baseado em conhecimentos interiores mais antigos, mais
sábios.

Cena 03 – O Encontro de Vasalisa com Baba Yaga

A seguir, a próxima cena mostra o encontro de Baba Yaga com Vasalisa e o


que acontece com a menina na busca do fogo que irá salvar a vida de sua família.
Eis que Baba Yaga surge assustando Vasalisa que logo explica vir atrás de fogo
para que o pessoal de sua casa não morra de frio e fome. A velha bruxa diz que
dará o fogo se Vasalisa realizar algumas tarefas e explica que se a menina não as
concluísse a mataria. Então pede que Vasalisa realize várias tarefas muito difíceis
de serem concluídas:
 Primeira Tarefa: Baba Yaga pede para Vasalisa alimenta-la com a comida que
estava no forno. Lá havia comida suficiente para dez pessoas, e a Yaga comeu
tudo, deixando uma pequena migalha e um dedal de sopa para Vasalisa.
 Segunda Tarefa: Que separasse o milho mofado do milho bom e que se
certificasse de que tudo estivesse em ordem.
Antes de ordenar a terceira tarefa, Baba Yaga reconhece que Vasalisa é uma
menina de sorte por conseguir concluir as duas primeiras tarefas. A bruxa convoca
seus fiéis criados para moer o milho, três pares de mãos apareceram em pleno ar e
começaram a raspar e esmagar o milho. Os resíduos pairam no ar como uma neve
dourada. Finalmente, o serviço termina, e Baba Yaga se senta para comer. Come
por horas a fio e transmite ordens a Vasalisa para que no dia seguinte limpasse a
casa, varresse o quintal e lavasse a roupa.
 Terceira Tarefa: Deu ordens para Vasalisa separar milhões de sementes de
papoula de um monte de estrume. A boneca realiza todas as tarefas para ajudar
Vasalisa e Baba Yaga fica surpresa que a menina tenha concluído todas as
tarefas.
Vasalisa enquanto alimentava a velha faz algumas perguntas e a mesma
responde alertando que saber demais envelhece as pessoas antes do tempo.
Vasalisa então pergunta quem era os homens que surgiram na floresta e que
passaram por ela no caminho. A velha então responde com carinho: O primeiro é o

29
meu Dia, o homem de vermelho no cavalo é o meu Sol Nascente, e o homem de
negro no cavalo negro é a minha Noite.
A velha finaliza a conversa quando Vasalisa diz ter sido abençoada por sua
mãe, a bruxa ordena que a menina procure seu caminho e vai empurrando Vasalisa
para o lado de fora. Baba Yaga tira uma caveira de olhos com fogo e a enfia numa
vara e entrega para Vasalisa e pede para ela levar a caveira na vara até sua casa,
dizendo que esse é o seu fogo. Diz para Vasalisa não dizer mais uma palavra
sequer e que só vá embora.

Análise

As tarefas psíquicas que as mulheres que sofrem de Amor Patológico


precisam cumprir são: usar a Persona agora já mais fortalecida ao vestir a máscara
de Baba Yaga, a mulher que percorre essa jornada curativa de seu Self, precisa
assimilar os conteúdos de cada persona para se empoderar do feminino ancestral
da mulher selvagem descritos por Estés (1994). A mulher que sofre de Amor
Patológico precisa aprender com a metáfora da “separação do joio do trigo”,
selecionar os elementos que, sempre tem sua serventia. Mesmo o milho mofado
assim como a separação da papoula do monte de estrume.
Tanto a papoula como o milho mofado são utilizados para dele se extrair
compostos inebriantes. O Sentido dessas tarefas mais uma vez é aprender sobre
seleção, mesmo que a primeira feita possa parecer nojento e degradante, o conto
mostra que se pode tirar algo de útil ao aprender selecionar pontos específicos,
nesse caso, as sementes que simbolizam o germinar de possibilidades.
As mulheres que sofrem de Amor Patológico e todas as demais mulheres de
modo geral possuem em sua psique, de forma inconsciente e com origem no
inconsciente coletivo, o Arquétipo da Grande Mãe , mencionado acima em análise
de cena anterior e por sua vez, também possuem o oposto disto, o Arquétipo da
Mãe Terrível aqui neste conto representado por Baba Yaga, arquétipo este que irá
ensinar Vasalisa.
Deste modo, a mulher que sofre de Amor Patológico precisa assim como
Vasalisa que alimentou Baba Yaga, alimentar a velha porção da mulher ancestral e
selvagem dentro de si mesma pois, ela é enérgica e poderosa, precisa ser
alimentada para ressurgir.

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Ao final dessa jornada, espera-se que a mulher que “ama demais” aprenda a
selecionar melhor seus parceiros e a se relacionar com os outros de forma menos
ingênua e com sabedoria ao reconhecer e interiorizar a Baba Yaga que possui
dentro de si.

Cena 04 – Vasalisa volta para casa com a Caveira

A cena final do conto retrata a volta de Vasalisa para casa e o reencontro com
a madrasta e suas duas filhas. Ela voltou correndo para casa, seguindo as curvas e
voltas da estrada com a boneca lhe indicando o caminho, carregando a caveira e de
repente ela sentiu medo de uma luz espectral que saia da caveira e pensou em jogá-
la fora, mas a caveira falou com ela, insistindo para que se acalmasse e
prosseguisse para a casa da madrasta e das filhas. Quando Vasalisa ia se
aproximando da casa, a madrasta e suas filhas olharam pela janela e viram uma luz
estranha que vinha dançando pela e mata que cada vez chegava mais perto. Elas
não podiam imaginar o que aquilo seria. Já haviam concluído que a longa ausência
de Vasalisa indicava a essa altura sua morte, que seus ossos haviam sido
carregados por animais, e que ela havia desaparecido. Ao chegar em casa, a
madrasta e suas filhas lhe dizem que ficaram sem fogo, sem energia enquanto ela
estava fora e que não importa o que fizessem, não conseguiram acender o fogo.
Vasalisa entrou na casa, sentindo-se vitoriosa por ter sobrevivido à sua perigosa
jornada e por ter trazido o fogo para casa. No entanto, a caveira na vara ficou
observando cada movimento da madrasta e suas filhas, queimando-as por dentro.
Antes de amanhecer, a caveira havia reduzido a cinzas aquele trio perverso.

Análise

Depois de cumprir com sucesso todas as tarefas psíquicas de Vasalisa, a


mulher que sofre de Amor Patológico estará apta para: tornar-se si mesmo (Self) e
exercer a função transcendente (SILVEIRA, 2006).
Depois de receber o inconsciente coletivo, deixar a mãe-boa-demais e
protetora se afastar (representando pelo Arquétipo da Grande-Mãe), reconhecer o
complexo materno originalmente positivo e modificar e integrar ao consciente o
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complexo originalmente negativo, usar a persona agora já mais fortalecida (vestir a
máscara de Baba Yaga), utilizar o inconsciente pessoal ao seu favor através das
experiências adquiridas com as tarefas realizadas. Vasalisa poderá voltar para a
casa, poderá voltar-se para si mesma. A mulher que sofre de Amor Patológico
estará apta a tornar-se ela mesma (Self). Será possível para esta mulher unir todas
as tendências opostas dos diversos sistemas e de trabalhar para a meta ideal de
totalidade perfeita. Será possível exercer a função transcendente: que aproxima o
consciente de inconsciente, produzindo a amplificação da consciência e a integração
psíquica (SILVEIRA, 2006).
Tendo criado, através de sua experiência de servir à Yaga, uma capacidade
interior que antes não possuía, Vasalisa recebe uma parte do poder do arquético da
Mãe Terrível. Algumas mulheres que sofrem de Amor Patológico receiam esse
profundo conhecimento, que tornar mais claro, mais conscientes aspectos negativos
da sombra poderiam torná-las irresponsáveis, mas esse é um medo infundado.
(ESTÉS,1994).
Vasalisa volta para casa com a caveira incandescente dada por Baba Yaga
como presente/recompensa e esta tem poderes mágicos que amplia os sentidos de
Vasalisa, a menina com isso, terá uma vida longa e feliz daí por diante
(ESTÉS,1994).
Vasalisa, que costumava ser uma garota ingênua agora é uma mulher que
possui a visão mais clara e conhecimento devido às experiências adquiridas em sua
jornada. Agora ela possui todas as ferramentas necessárias para viver a vida de
forma mais firme, preparada e atenta com as provisões conquistadas. A mulher que
sofre de Amor Patológico também carrega consigo a mesma chama do
conhecimento mas precisa despertar dentro de si esses conteúdos que o conto
ilustra.
Quando a mulher que sofre de Amor Patológico chega nesse ponto, consegue
largar a proteção da sua própria mãe-boa-demais interior, aprende a enfrentar as
adversidades no mundo externo e a lidar com ela num estilo forte ao invés de
“patinar” no seu complexo.
A mulher que sofre de Amor Patológico deve escolher seus amigos e
companheiros com prudência, pois tanto uns quanto os outros podem se tornar
parecidos com a madrasta má e suas filhas perversas.

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O companheiro destrutivo deve ser evitado. Um tipo melhor de companheiro é
o que é companheiro que for pouco ligado ao psíquico, uma pessoa que possa
"enxergar no fundo" do seu coração.
A mulher que sofre de Amor Patológico deve seguir os exemplos e os passos
(tarefas) como Vasalisa, realizar o que ela realizou e seguir pela trilha que ela
deixou, pois é esse o caminho rumo ao seu processo de individuação. Porque
Vasalisa foi ousada, foi criativa e ao mesmo tempo destruiu, deixou morrer o que
precisava morrer. Ela entrou na floresta que está à nossa volta e começou a lidar
com a vida a partir dessa perspectiva nova e original. Portanto, aqui no final, temos
uma jovem mulher com experiências espantosas que aprendeu a seguir seu
conhecimento. Ela suportou todas as tarefas para chegar à uma vida mais plena.

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V. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O caminho que traçamos até aqui nos possibilitou a compreensão do


desenvolvimento psíquico dentro de uma visão arquetípica da psicologia analítica. O
objetivo deste caminho, de acordo com Jung (1999), é a ampliação da consciência e
o fortalecimento do ego, para posteriormente, na segunda metade da vida, realizar o
processo de individuação. Este processo envolve uma necessidade de introspecção,
uma reaproximação com o Self, com o arquétipo da totalidade, porém agora com um
ego estruturado, que consiga manter a discriminação consciente e se perceba
fazendo parte de algo mais complexo.
O fenômeno da mulher que sofre de Amor Patológico por seus parceiros, nos
mostra uma paralisação deste processo de desenvolvimento da psique. Podemos
considerá-lo como uma tentativa de retorno e de aproximação ao Self, sem que, no
entanto, este ego esteja fortalecido suficientemente para que o faça de forma
discriminada, correndo assim o risco de uma identificação idealizada, onde o ego se
confunde com o Self e se ilude com a sensação de onipotência. Esta idealização
leva a mulher que sofre de Amor Patológico à fragilização de suas forças dificultando
o caminho de volta, caminho este que só é possível através de um eixo Ego-Self
estruturado, que tenha sido fortalecido pela luta contra o desejo de regressão e
dessa paralisação psíquica. Este eixo central se constituirá num ponto de equilíbrio
que irá garantir uma base solida para a personalidade.
A mulher que sofre de Amor Patológico está ferida e sua ferida é o sentimento
da falta. Não se sentindo completa ele sai em busca do “objeto perdido”, buscando
algo que faça sentido e dê significado à sua vida, neste caso a busca no parceiro do
que esta faltando, busca no parceiro o amor próprio que lhe falta.
A sua possibilidade de “cura” está na reflexão, assim como nos mostra o
caminho percorrido por Vasalisa. A mulher que sofre de amor patalógico necessita
ser refletida em sua totalidade podendo assim formar sua autoimagem dentro de
uma perspectiva real, levando-o a desenvolver atitudes criativas e a alterar sua
realidade objetiva e subjetiva rumo ao desenvolvimento psíquico. Necessita ser
“olhada” em sua totalidade, e compreendida em sua complexidade, uma vez que
esta é a sua ferida. Ele está “gritando” por ajuda.

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Para melhor esclarecimento e fechamento da conclusão é importante dizer
que o problema da mulher que ama demais não está na manifestação do amor em
si, como foi mostrado ao longo deste trabalho, mas na forma patológica que ela se
relaciona, sendo a possibilidade de “cura” através da reflexão de sua totalidade.
Os recursos atualmente disponíveis para que a mulher que sofre de Amor
Patológico possa buscar ajuda são grupos de mulheres com o mesmo tipo de
sofrimento e a terapia individual, indicando aqui a terapia analítica que irá trabalhar
rumo ao processo de individuação, assim como Vasalisa.
O grupo MADA – Mulheres que Amam Demais Anônimas mencionado neste
presente trabalho é uma opção de atendimento que está em funcionamento
atualmente no Brasil distribuídos em 9 estados brasileiros e no Distrito Federal.
E além de grupos de apoio como o MADA, a mulher com problemas de Amor
Patológico também deve procurar ajuda de um profissional da psicologia.

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VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Especialização Psicologia Analítica), Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da
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Janeiro: Rocco, 1998.

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mulher selvagem. Trad. Waldéa Barcellos. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

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