INTRODUÇÃO
1
1.1. Objetivos
1.1.2.Objetivos Específicos
2
II. REVISÃO DE LITERATURA
3
O “amor romântico” é associado à intensa busca pelo outro, significando
também uma constante busca em que a autoidentidade espera a sua
valorização a partir da descoberta do parceiro, é como se sua existência só
fosse validada ou percebida a partir do momento que esse vazio de busca
for preenchido. (LIMA et al., 2013).
6
o sentimento do outro e tudo o que possa estar ocorrendo na intimidade psíquica do
outro e como mostra Jorge (2013), diante dessa impossibilidade de se apossar do
sentimento do cônjuge, a mulher que ama demais sofre, pois, o par pode não estar
sentindo aquilo que ela deseja que ele sinta ou pensando aquilo que ela espera que
ele pense.
Deste modo, na medida em que as pretensões de controle sobre os
sentimentos da pessoa amada não são contidas, ponderadamente ou refreadas,
surge uma poderosa inclinação a posse e ao domínio da pessoa amada. São
atitudes como essas que fogem ao controle e escapam da razão, tendo como
veículo de inspiração o amor, que estão colocando esse nobre sentimento no banco
dos réus (JORGE, 2013).
É importante salientar que, além de grupos de apoio como o MADA, a mulher
com problemas de Amor Patológico deve procurar ajuda profissional como Jorge
(2013) complementa que a maioria das pessoas que experimentam o Amor
Patológico, em grande parte das vezes, procura ajuda quando não suportam mais a
amargura, a aflição e frustração devido ao relacionamento. Segundo Sophia (2008),
o primeiro passo é o paciente ter consciência do problema, a referida autora elenca
alguns dos critérios utilizados para que seja possível identificar quem está amando
de maneira patológica:
7
5 Abandono de interesses e atividades antes valorizados.
Como o indivíduo passa a viver em função dos interesses do parceiro, as
atividades propiciadoras da realização pessoal e profissional são relegadas,
como cuidado com os filhos, atividades do trabalho e convívio com colegas.
6 O Amor Patológico é mantido, apesar dos problemas pessoais e familiares.
Mesmo consciente dos danos resultantes desse comportamento para sua
qualidade de vida, persiste a queixa de não conseguir controlar tal conduta.
Fonte: http://www.lersaude.com.br/quando-o-amor-vira-doenca/
8
2.3. MADA - Mulheres que Amam Demais Anônimas
1 Atualmente o termo para adictos em álcool é: Alcoolista e não mais alcoólatras ou alcoólicos.
9
isso, seja removida a ideia de controle obsessivo da vida de seus parceiros e de
suas próprias vidas. O intuito é que essas mulheres se recuperem da dependência
de relacionamentos destrutivos, aprendendo a se relacionar de forma considerada
saudável consigo e com os outros.
No quadro 1, fica evidente a aura religiosa impregnada nos doze passos de
MADA, expressões como “Viemos a acreditar que um Poder Superior”, “Decidimos
entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus”, “inventário moral”,
“perante Deus”, para além de análise mais profunda das relações de transferência
no relacionamento com o masculino, o parceiro terreno para O Parceiro celestial que
não é objetivo desta pesquisa.
Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, na forma em que o
03
concebíamos.
Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a
08
reparar os danos a elas causados.
Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo
09
quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem.
Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos erradas, nós o admitíamos
10
prontamente.
Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar o nosso contato consciente com Deus,
11 na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento da Sua vontade em relação
a nós, e forças para realizar essa vontade.
Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos transmitir
12 esta mensagem às mulheres que ainda sofrem e, praticar estes princípios em todos os nossos
relacionamentos.
Fonte: http://grupomadarj.blogspot.com.br/p/passos-e-tradicoes.html
10
De mesmo modo, evidenciamos as doze tradições de MADA, conforme
publicado para ilustrar a tentativa de manter a unidade de grupo.
Cada Grupo de MADA deve ser autônomo, salvo em assuntos que afetem a outros Grupos ou
04
a MADA como um todo.
Cada Grupo possui apenas um único propósito primordial: Transmitir a mensagem à mulher
05
que ainda sofre.
Nenhum Grupo de MADA jamais deverá sancionar, financiar ou emprestar o nome de MADA
06 a qualquer sociedade ou empreendimento alheios à Irmandade a fim de evitar que problemas
de dinheiro, propriedade ou prestígio nos desviem do nosso propósito primordial.
Todos os Grupos de MADA deverão ser absolutamente autossuficientes, rejeitando quaisquer
07
contribuições ou doações de fora.
MADA deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos centros de serviço possam
08
contratar funcionários especializados.
MADA jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar comitês ou juntas de
09
serviço, diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviço.
MADA não opina por questões alheias à irmandade, portanto o nome de MADA jamais deverá
10
aparecer em controvérsias públicas.
Nossa política de relações públicas baseia-se na atração, não na promoção. Cabe-nos
11 sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, rádio, cinema, televisão ou em outros
meios públicos de comunicação.
O anonimato é o alicerce espiritual de nossas Tradições, lembrando-nos sempre da
12
necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.
Fonte: http://grupomadarj.blogspot.com.br/p/passos-e-tradicoes.html
O Quadro 4 exibe questões para que a mulher ao acessar o site, faça sua
autoavaliação com a finalidade de descobrir se é uma MADA, segundo critérios do
site do grupo.
11
03 Você repete atitudes para controlar a relação?
04 Você culpa e acusa seus relacionamentos pela infelicidade da sua vida?
Você procura agradar as pessoas com quem se relaciona se esquecendo de si
05
mesma?
06 Você só se sente viva ou completa quando tem um relacionamento amoroso?
07 Você já tentou diversas vezes sair de um relacionamento, mas não conseguiu?
08 Você sofre mudanças de humor inexplicáveis?
09 Você sofre acidentes devido à distração?
10 Você pratica atos irracionais?
11 Você tem ataques de ira, depressão, culpa ou ressentimentos?
Você já teve ataques de violência física contra si mesma ou contra outras
12
pessoas?
13 Você sente ódio de si mesma e se auto justifica?
14 Você sofre doenças físicas devido às enfermidades produzidas por estresse?
15 Você cuida excessivamente dos membros de sua família?
16 Você não consegue se divertir sem a presença do (a) seu (sua) parceiro (a)?
Você se sente exausta por assumir mais responsabilidades num
17
relacionamento?
18 Você se sente incompreendida por todos?
Fonte: http://grupomadarj.blogspot.com.br/p/sou-uma-mulher-que-ama-demais.html
Se você respondeu SIM a mais de 4 perguntas, é mais provável que você seja uma MADA.
Mesmo que você não se encaixe nas perguntas acima, mas ainda assim sofra por amor e queira
ajuda, você será bem-vinda em MADA.
Fonte: http://grupomadarj.blogspot.com.br/p/sou-uma-mulher-que-ama-demais.html
12
2.4. O desenvolvimento psicológico da mulher
14
dependência e a carência maior da mulher no relacionamento com um homem e a
aparente independência maior do homem para com a mulher.
De acordo com Corneau apud Campelo (2010, p. 32), se a criança se sentiu
acolhida e amada em seu desenvolvimento, provavelmente desenvolverá um
complexo materno originalmente positivo. A marca deste complexo auxilia o
indivíduo na afirmação do ego e na forma de se relacionar com a vida.
Ao contrário dos sentimentos positivos do complexo materno originalmente
positivo acima citado no complexo materno originalmente negativo segundo Kast
apud Campelo (2010, p. 32) encontra-se o sentimento vital da solidão, do estar à
mercê de alguém, o sentimento de não receber o suficiente para a vida, mas em
demasia para morrer. Por tanto, a mulher que durante o seu desenvolvimento
adquire a experiência de complexo materno negativo tenderá possuir como
características principais em sua vida adulta ser desvalorizada e desprezada. Sendo
assim, a vivência do complexo materno negativo impossibilita buscar a si mesmo,
impede a ampliação da consciência e como isso paralisa o caminho rumo a
individuação.
15
confrontos e vicissitudes do cotidiano do relacionamento. Para Carotenuto apud
Parisi (2009, p.42), o amor “revela o homem a si mesmo”, pois este só conhece a
sua verdadeira natureza no momento em que se enamora.
O mundo do apaixonado e do amante não é o mundo dos mortais. Ele está
tocado pelo que o transcende, pelo divino. E sendo ou não correspondido, já está
ferido. Paixão (pathos) é sofrimento insaciável, pois o outro a quem se deseja fundir
está sempre apontando sua alteridade e, por tanto, a solidão existencial e a
impossibilidade desta fusão. Mas é justamente por esta característica que entregar-
se a este “sofrimento” traz a possibilidade de uma abertura para a própria
singularidade, para a forma de sentir e ser no mundo. Como expressa Clarice
Lispector apud Parisi (2009, p. 42):
16
relacionamentos que abarque, por um lado, a liberdade de dispor do próprio desejo
e, por outro, a sensibilidade às demandas do outro. Certamente, uma tarefa nada
fácil. Nesse ponto, aqui talvez esteja o maior desafio a ser enfrentando para a
instalação de uma nova utopia amorosa.
17
nós, que nos repugnam e que por isso reprimimos, nós as projetamos no
outro. E assim permanecemos inconscientes de que as abrigamos dentro de
nós. A sombra é quem abrange os aspectos que foram suprimidos no
desenvolvimento da persona que contém conteúdos que nem chegaram a
passar pelo crivo do consciente. Estes conteúdos podem emergir a qualquer
momento na consciência. A sombra habita o inconsciente pessoal.
Anima e Animus: são os arquétipos feminino e masculino. São componentes
contrassexuais inconscientes, ou seja, a medida que a consciência do homem
é masculina, haverá uma outra parte feminina em seu inconsciente e vice-
versa para a mulher. A Anima geralmente é representada por princesa, fada,
sereia etc. Já o Animus é representado como príncipe, herói, feiticeiro etc.
Para Jung, a Anima e a personificação das tendências psicológicas femininas
na psique do homem, tais como: sentimentos, estados de humor,
sensibilidade e outros. Já na mulher o Animus personifica as características
masculinas, como pensamentos rígidos. Estes são arquétipos que
determinam o encontro do eu com o outro.
Consciente: É a área da psique onde se desenrolam as relações entre os
conteúdos psíquicos e o ego, que é o centro do consciente. Para que um
conteúdo se torne consciente terá que passar pelo ego. Conteúdos que não
se relacionam com o consciente são do domínio do inconsciente e é o
consciente quem processa o conteúdo que vem do inconsciente. A Persona
se localiza no consciente.
Ego: Centro da consciência. Fornece um sentido de consistência e direção
em nossas vidas conscientes. Ele tende a contrapor-se a qualquer coisa que
possa ameaçar esta frágil estabilidade da consciência e tenta convencer-nos
de que sempre devemos planejar e analisar conscientemente nossa
experiência. Somos levados a crer que o ego é o elemento central de toda a
psique e chegamos a ignorar sua outra metade, o inconsciente. De acordo
com Jung apud Silveira (2006), a princípio a psique é apenas o inconsciente.
O ego emerge dele e reúne numerosas experiências e memórias,
desenvolvendo a divisão entre o inconsciente e o consciente. Não há
elementos inconscientes no ego, só conteúdos conscientes derivados da
experiência pessoal.
18
Inconsciente Pessoal: é composto de conteúdos cuja existência decorre de
experiências individuais. Refere-se às camadas mais superficiais do
inconsciente cujas fronteiras com o consciente são bastante imprecisas. Nele
habitam os complexos e a sombra.
Complexos: Para Jung apud Silveira (2006) os complexos são os caminhos
que nos permitem chegar ao inconsciente. Portadores de uma grande carga
energética, os complexos têm como núcleo o arquétipo e, em torno deste
núcleo vão se concentrando ideias ou pensamentos cheios de
afetividade. Estruturam-se como entidades autônomas quando uma parte da
psique for cindida por causa de um trauma, um choque emocional ou um
conflito moral. Quando totalmente inconscientes atuam livremente e podem
tomar o ego.
A referida autora ainda chama a atenção para a origem dos complexos que
são causados por um choque doloroso do indivíduo com o meio. São memórias
congeladas de eventos traumáticos reprimidos e cada nova experiência emocional
que se associa a um determinado complexo ‘grava’ uma nova camada em torno de
seu núcleo e move-se do local de origem. Quando isso ocorre sentimos incômodo
maior ou menor de acordo com a proximidade daquele complexo em relação ao ego.
Quanto mais próximo, mais consciente a pessoa está daquele complexo e menor
sua autonomia. Porém, caso esteja muito distante da consciência, quando
mobilizado pode interferir profundamente na vida psíquica do indivíduo gerando
graves perturbações na adaptação da pessoa ao meio. É o que comumente se
conhece por possessão. A pessoa age como se fosse outra pessoa, ela é dominada
por algo que foge ao seu controle.
Isso ocorre pelo fato do complexo ser autônomo, ou seja, não depende da
vontade do ego. O complexo pode gerar atitudes que, muitas vezes, não são
percebidas pelas pessoas, ele toma conta de sua personalidade invadindo a
consciência e as pessoas podem agir de forma estranha até para si mesmas. Em
sua maioria o complexo aparece como negativo, trazendo perturbações às pessoas,
mas ele também pode assumir uma postura positiva, criativa trazendo novas
perspectivas a vida da pessoa quando integrados à vida consciente (SILVEIRA,
2006).
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Geralmente, aquelas situações em que ocorrem alterações da consciência e
também comportamentais, sem motivo aparente, são manifestações da possessão
do complexo sobre o ego. Os complexos não são em si negativos, seus efeitos, no
entanto, poderão ser. Porém como são nós de energia que possibilitam a
movimentação da psique acabam por se tornarem grandes aliados que impulsionam
o ser humano para o desenvolvimento psíquico. Podemos superar um complexo
vivendo-o intensamente e compreendendo o papel que exercem nos padrões de
comportamento e nas reações emocionais. No seu sentido positivo, os complexos
poderão ser uma fonte de inspiração para futuras realizações (SILVEIRA, 2006).
Inconsciente Coletivo: Funciona, na interpretação psicológica, comum
denominador comum quere une e explica numerosos fatos impossíveis de
entender, no momento atual da ciência, sem sua postulação. Os conteúdos
que constituem o inconsciente coletivo são impessoais, comuns a todos os
homens e transmitem-se por hereditariedade.
Arquétipos: São estruturas psíquicas que têm formas sem conteúdo próprio
que servem para organizar ou canalizar o material psicológico. Um bom
exemplo para comparar os arquétipos é a porta de uma geladeira, onde
existem formas sem conteúdo, ou seja, existem as formas arredondadas para
se colocar os ovos, existem também os espaços para se colocar refrigerantes,
mas isso só acontecerá se a vida ou o meio onde você vive lhe oferecer tais
produtos. De qualquer modo, as formas estão ali prontas para serem
preenchidas. Assim acontece com os arquétipos, existindo uma forma, por
exemplo, para colocar Deus, mas isso depende das circunstâncias
existenciais, culturais e pessoais de cada um.
Si-mesmo (Self): a denominação de Self não cabe unicamente a esse centro
profundo, mas também à totalidade da psique. O reconhecimento da própria
sombra, a dissolução de complexos, a liquidação de projeções, assimilação
de aspectos parciais do psiquismo, a descida ao fundo dos abismos, em
suma o confronto e a integração entre consciente e inconsciente.
Função Transcendente: É aquela dotada da capacidade de unir todas as
tendências opostas dos diversos sistemas e de trabalhar para a meta ideal de
totalidade perfeita. É a função que, aproximando consciente de inconsciente,
produz a amplificação da consciência e a integração psíquica.
20
III. MATERIAL E MÉTODOS
21
individuação da mulher podendo ser relacionado à mulher com dependência afetiva
por seus parceiros, tema do presente trabalho de conclusão de curso.
22
IV. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
A cena inicial do conto mostra a mãe de Vasalisa que jazia no seu leito de
morte acompanhada de sua filha e marido. A mãe moribunda chama Vasalisa e
entrega-lhe uma minúscula boneca que se parecia como a própria Vasalisa e se
despede da filha dizendo que se ela se perdesse ou precisasse de ajuda, poderia
perguntar para a boneca o que fazer que receberia ajuda, disse para guardar para
sempre a boneca e nunca falar a ninguém sobre o presente. A mãe ainda,
recomenda que sempre alimente a boneca quando a mesma estiver com fome e
completa dizendo que tudo o que foi dito era uma promessa de mãe e antes de seu
último suspiro de morte disse para a filha: “minha bênção, querida”.
Análise
24
assim, o complexo materno originalmente positivo e negativo. (CAMPELO, 2010, p.
32).
A mãe de Vasalisa em seu leito de morte transmitindo sua bênção através da
boneca, sendo que a boneca representa aquela que irá continuar protegendo
Vasalisa e ajudando-a em suas dificuldades. Tal bênção transmitida a Vasalisa pela
mãe representa o inconsciente coletivo segundo Jung (1999) que diz que os
conteúdos que constituem o inconsciente coletivo são impessoais, comuns a todos
os homens e transmitem-se por hereditariedade. Desta forma, a boneca representa
o inconsciente coletivo que foi transmitido pela mãe de forma hereditária e através
da boneca, Vasalisa recebe tais conteúdos inconscientes a respeito do feminino que,
por sua vez também foram adquiridos pela mãe via gerações anteriores. Sendo
assim, por analogia, a mulher que sofre de Amor Patológico também munida dos
conteúdos inconscientes a respeito do feminino recebidos por sua mãe (inconsciente
pessoal) e de gerações anteriores (inconsciente coletivo).
Com a morte da mãe de Vasalisa, promoveu-se um abrupto rompimento
como por providência da necessidade de amadurecimento da menina, para que
fosse possível a ampliação de sua consciência pois, esta mãe-boa-demais devido
aos seus valores de proteção, impede esta ampliação. Vasalisa quer continuar no
colo dessa mãe protetora. Portanto, para mulheres que sofrem de Amor Patológico
ampliem seu desenvolvimento no processo de individuação é necessário reconhecer
que não precisa depender afetivamente de seu parceiro para viver, não precisa
depositar toda a sua segurança em seu parceiro, segurança essa, semelhante ao
nível psíquico do Arquétipo da Grande Mãe. É preciso deixar o colo protetor e
aconchegante da mãe para começar a dar seus primeiros passos.
Assim como aconteceu com Vasalisa, as mulheres que sofrem de Amor
Patológico também precisam que surja uma tensão psíquica na vida delas, tensão
essa que irá impulsioná-las para frente, neste caso, a morte da mãe de Vasalisa
gerou essa tensão, é necessário que aconteça esse afastamento da boa mãe da
psique dando espaço para algo novo que irá surgir e que permitirá assim, que se
amplie a consciência psíquica e o fortalecimento do ego.
Vasalisa por ter sido uma criança que se sentiu acolhida e amada por sua
mãe, desenvolveu um complexo materno originalmente positivo como explicitado no
conto ao presentear a filha com uma boneca, provisões que irão ajuda-la nas
25
dificuldades da vida. Então podemos dizer que Vasalisa recebeu através do
complexo materno originalmente positivo a possibilidade de se firmar em um ego
melhor preparado para se relacionar com a vida.
Sendo assim, ao contrário de Vasalisa a mulher que sofre de Amor
Patológico, provavelmente obteve um excesso de problemas psicológicos no início
da vida — não havendo a presença uniforme da mãe supridora de afeto nos
primeiros anos de vida, não obteve a experiência com o Arquétipo da Grande Mãe,
este começo do desenvolvimento pode ser que ficou suspenso ou que ficou
incompleto gerando posteriormente a falta de amor, falta essa que a mulher que
sofre de Amor Patológico irá tentar completar através do parceiro, criando assim
sofrimento, pois é este amor que lhe falta desde sempre e que ela projeta e busca
este amor no outro mas, só sabe se relacionar de forma patológica. Campelo
(2010, p. 32) identifica esta situação como sendo o complexo materno originalmente
negativo. A mulher que durante o seu desenvolvimento adquire a experiência de
complexo materno negativo tenderá possuir como características principais em sua
vida adulta ser desvalorizada e desprezada. Não sendo capaz de desenvolver sua
identidade, se mantendo fixado ao polo negativo do arquétipo materno, a Madrasta
bruxa má.
No caso do complexo materno negativo, é sabido que se torna impossível
extingui-lo por completo, entretanto, poderá se modificar e ser integrado ao
consciente na medida em que for vivenciado conscientemente e houver um diálogo
do ego com os componentes do complexo.
Esta cena ilustra a saída de Vasalisa de casa em busca de fogo pelo caminho
percorrido até chegar ao casebre de Baba Yaga.
Um dia a madrasta e suas filhas combinaram de deixar o fogo se apagar com
o intuito de mandar Vasalisa pedir fogo para Baba Yaga pensando que, se a floresta
não a matasse, a bruxa o faria. Vasalisa inocentemente achando que estaria
ajudando a trazer de volta o fogo para a cabana, vai para floresta sozinha e no
escuro tentando encontrar a casa da bruxa.
26
No caminho encontra diversos obstáculos que consegue superar com ajuda
de sua boneca. Na estrada quando se sentia assustada Vasalisa utilizava a boneca
em seu bolso e ao tocar na boneca se sentia melhor. Então continua na estrada
consultando a boneca que lhe respondia mostrando o caminho correto na estrada.
Enquanto ia caminhando alimentava a boneca com um pouco de pão,
seguindo o que sentia estar emanando da boneca.
Um homem de branco num cavalo branco passou galopando, e o dia nasceu.
Mais adiante, um homem de vermelho passou montado em seu cavalo e o sol
apareceu. E bem na hora em que estava chegando ao casebre de Baba Yaga, um
cavaleiro vestido de negro passou trotando e entrou direto no casebre.
Imediatamente fez-se noite. Vasalisa consulta novamente sua boneca para saber se
encontraram a casa de Baba Yaga e a boneca confirma.
Análise
27
identificar seus padrões e por consequência, pode modifica-lo tornando-se mais forte
e mais sábia para realizar suas escolhas.
A mulher que sofre de Amor Patológico se sente presa por exigências triviais
da sua psique que a incentivam a atender qualquer desejo de qualquer um,
principalmente e alguns casos exclusivamente viver em função das necessidades
apenas do seu parceiro. Para a mulher com que sofre de Amor Patológico e acaba
gerando dependência afetiva como um dos sintomas desse jeito de se relacionar o
que a faz ceder ao desejo do seu parceiro e, isso faz com que ela se isole dela
mesma (ESTÉS,1994).
A Anima geralmente é representada por princesa, fada, sereia, entre outras,
neste conto é representada por Vasalisa que traz a personificação das tendências
psicológicas femininas na psique do homem, tais como: sentimentos, estados de
humor, sensibilidade e outros. Já o Animus é representado como príncipe, herói,
feiticeiro, entre outros, neste conto é representado pela “força” que impulsiona
Vasalisa e que personifica as características masculinas, como pensamentos
rígidos. Para a mulher o masculino é o fator que impele para diante, por isso a
mulher tende a possuir dependência e a carência maior no relacionamento com um
homem. A mulher que sofre de Amor Patológico deve aprender a utilizar o seu
animus sem depender do homem para isso, ela precisa aprender a usar o seu
animus (podemos definir as características do animus como ser ativo, rígido,
cobrador, ligado à razão, à lógica, usar mais o amor condicional, buscar o conflito, a
agressividade e a destruição) sem ficar dependendo desse homem real que
representa a força que falta nela.
As mulheres no geral precisam apreender a desenvolver os aspectos
masculinos da psique sem desistir de seu feminino. A mulher precisa apreender a
utilizar o masculino (que impulsiona seu desenvolvimento nas fases iniciais), mas
sem distanciar demais do princípio do feminino que é sua origem. (NEUMANN apud
PARISI, 2009).
Vasalisa neste momento do conto também aprende a fortalecer seu ego para
enfrentar as dificuldades que passam a surgir, representado ao Vasalisa alimentar a
boneca em todo o percurso e por ouvir e seguir as instruções (lembrando que a
boneca recebeu todos os conteúdos do inconsciente coletivo a respeito do feminino).
A mulher que sofre de Amor Patológico também precisa aprender a fortalecer seu
28
ego abandonando sua velha vida de sofrimento e adentrar numa nova vida com um
ego melhor, fortalecido e baseado em conhecimentos interiores mais antigos, mais
sábios.
29
meu Dia, o homem de vermelho no cavalo é o meu Sol Nascente, e o homem de
negro no cavalo negro é a minha Noite.
A velha finaliza a conversa quando Vasalisa diz ter sido abençoada por sua
mãe, a bruxa ordena que a menina procure seu caminho e vai empurrando Vasalisa
para o lado de fora. Baba Yaga tira uma caveira de olhos com fogo e a enfia numa
vara e entrega para Vasalisa e pede para ela levar a caveira na vara até sua casa,
dizendo que esse é o seu fogo. Diz para Vasalisa não dizer mais uma palavra
sequer e que só vá embora.
Análise
30
Ao final dessa jornada, espera-se que a mulher que “ama demais” aprenda a
selecionar melhor seus parceiros e a se relacionar com os outros de forma menos
ingênua e com sabedoria ao reconhecer e interiorizar a Baba Yaga que possui
dentro de si.
A cena final do conto retrata a volta de Vasalisa para casa e o reencontro com
a madrasta e suas duas filhas. Ela voltou correndo para casa, seguindo as curvas e
voltas da estrada com a boneca lhe indicando o caminho, carregando a caveira e de
repente ela sentiu medo de uma luz espectral que saia da caveira e pensou em jogá-
la fora, mas a caveira falou com ela, insistindo para que se acalmasse e
prosseguisse para a casa da madrasta e das filhas. Quando Vasalisa ia se
aproximando da casa, a madrasta e suas filhas olharam pela janela e viram uma luz
estranha que vinha dançando pela e mata que cada vez chegava mais perto. Elas
não podiam imaginar o que aquilo seria. Já haviam concluído que a longa ausência
de Vasalisa indicava a essa altura sua morte, que seus ossos haviam sido
carregados por animais, e que ela havia desaparecido. Ao chegar em casa, a
madrasta e suas filhas lhe dizem que ficaram sem fogo, sem energia enquanto ela
estava fora e que não importa o que fizessem, não conseguiram acender o fogo.
Vasalisa entrou na casa, sentindo-se vitoriosa por ter sobrevivido à sua perigosa
jornada e por ter trazido o fogo para casa. No entanto, a caveira na vara ficou
observando cada movimento da madrasta e suas filhas, queimando-as por dentro.
Antes de amanhecer, a caveira havia reduzido a cinzas aquele trio perverso.
Análise
32
O companheiro destrutivo deve ser evitado. Um tipo melhor de companheiro é
o que é companheiro que for pouco ligado ao psíquico, uma pessoa que possa
"enxergar no fundo" do seu coração.
A mulher que sofre de Amor Patológico deve seguir os exemplos e os passos
(tarefas) como Vasalisa, realizar o que ela realizou e seguir pela trilha que ela
deixou, pois é esse o caminho rumo ao seu processo de individuação. Porque
Vasalisa foi ousada, foi criativa e ao mesmo tempo destruiu, deixou morrer o que
precisava morrer. Ela entrou na floresta que está à nossa volta e começou a lidar
com a vida a partir dessa perspectiva nova e original. Portanto, aqui no final, temos
uma jovem mulher com experiências espantosas que aprendeu a seguir seu
conhecimento. Ela suportou todas as tarefas para chegar à uma vida mais plena.
33
V. CONSIDERAÇÕES FINAIS
34
Para melhor esclarecimento e fechamento da conclusão é importante dizer
que o problema da mulher que ama demais não está na manifestação do amor em
si, como foi mostrado ao longo deste trabalho, mas na forma patológica que ela se
relaciona, sendo a possibilidade de “cura” através da reflexão de sua totalidade.
Os recursos atualmente disponíveis para que a mulher que sofre de Amor
Patológico possa buscar ajuda são grupos de mulheres com o mesmo tipo de
sofrimento e a terapia individual, indicando aqui a terapia analítica que irá trabalhar
rumo ao processo de individuação, assim como Vasalisa.
O grupo MADA – Mulheres que Amam Demais Anônimas mencionado neste
presente trabalho é uma opção de atendimento que está em funcionamento
atualmente no Brasil distribuídos em 9 estados brasileiros e no Distrito Federal.
E além de grupos de apoio como o MADA, a mulher com problemas de Amor
Patológico também deve procurar ajuda de um profissional da psicologia.
35
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, J. F. Sem Fraude Nem Favor: estudos sobre o amor romântico. Rio de
Janeiro: Rocco, 1998.
GRUPO MADA - Mulheres que Amam Demais Anônimas. Disponível em: <
http://www.grupomada.com.br/site >. Acessado em: 01 mai. 2015.
LIMA, A. T. B. et al. MULHERES QUE AMAM DEMAIS: Uma discussão teórica sobre
o amor patológico em seus aspectos histórico-culturais e psicodinâmicos. Brasília,
2006.
SILVEIRA, N. Jung – Vida e Obra. 20. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2006.
VON FRANZ, Marie-Louise. A interpretação dos contos de fada. 7.ed. Trad. Marica
Elci Spaccaquerche Barbosa. São Paulo: Paulus, 2008.
37