CUIABÁ-MT
2019
MEURY JOICY BIAZATTI
CUIABÁ-MT
2019
SUMÁRIO
1 Introdução ............................................................................................................................. 4
1.1. Apresentação de tecnologia ............................................................................................. 4
1.2. Abordagem físico-matemática......................................................................................... 7
1.3. Aplicações industriais ...................................................................................................... 9
2. Equacionamento da operação ............................................................................................. 10
2.1. Hipóteses e abordagens matemáticas ............................................................................ 10
2.2. Equações de operação .................................................................................................... 12
3. Análise do sistema .............................................................................................................. 12
3.1. Dados do projeto: .......................................................................................................... 12
3.2. Influencia dos fatores na eficiência da filtragem ........................................................... 13
Referências ............................................................................................................................... 15
ANEXO 1 ................................................................................................................................. 17
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1 Introdução
1.1.Apresentação de tecnologia
A poluição do ar é considerada o produto indesejável mais visível da civilização. O ar
poluído é formado por componentes na forma de sólidos, líquidos gases ou vapores,
denominados particulados (HINDS, 1999).
A contínua descarga de poluentes na atmosfera tem acarretado em diversas
modificações climáticas, além de ser prejudicial à saúde humana. Este fato resulta no
surgimento de restrições e leis ambientais cada vez mais rígidas, tornando essencial a
instalações de equipamentos que filtrem esses resíduos, diminuindo-os ou eliminando-os
(BARBOSA & SILVA, 2013).
Dentro desse contexto, a filtração é definida como um processo de separação de
partículas dispersas em um fluido através de meios porosos, e caracteriza uma técnica
relativamente simples, versátil e econômica. A filtração é utilizada em diversas aplicações,
tais como proteção respiratória, limpeza de ar dos efluentes de caldeiras, processo com
materiais nucleares, limpezas de salas e recuperação de materiais particulados (HINDS,
1999).
A filtração pode ser rotulada em duas categorias, de acordo com o que acontece com o
meio filtrante, sendo a “deep filtration”, que ocorre dentro do meio filtrante, ou a “cake
filtration”, que advém na superfície do filtro, após a formação de uma camada de pó derivada
da captura de partículas. Este último tipo de filtração é o mais comum industrialmente, porém
há um aumento da perda de carga nesses casos, justamente pelo aumento da espessura da
torta. Portanto, esse acúmulo de particulado deve ser removido periodicamente para manter a
queda de pressão pelo filtro dentro dos limites práticos de operação (TIENI, 2005).
Um dos filtros mais eficientes para coleta de partículas a partir da filtração superficial,
quando se tem o fluido como ar, é o filtro de tecido ou filtro de manga, que é inclusive o mais
comum em sistemas de filtração para controle de poluição do ar (HESKRTH, 1996).
Durante o funcionamento em filtros de mangas, o gás poluído passa pelo tecido ou
também chamada manga, que, por sua vez, retém os particulados. Depois de vários ciclos de
filtração, uma fração dessas partículas fica presa permanentemente no tecido, formando a
torta de filtração, que junto com o tecido constituem o meio filtrante definitivo. Essa
construção é a razão da alta eficiência dos filtros de mangas, chegando a 99%, na filtragem de
partículas pequenas (LORA, 2002).
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O tecido utilizado na filtração depende da temperatura e acidez do gás filtrado, das
propriedades do pó, da razão de filtração gás/tecido, do tipo de limpeza do sistema, e da
geometria do coletor de pó. Esta escolha é determinante no desempenho de um filtro (TIENI,
2005).
A produção de tecidos se inicia com uma unidade estrutural básica, denominada fibra,
que pode ser originaria da natura ou de processos industrializados. As fibras naturais oriundas
de algodão e lã, por exemplo, são de alta qualidade, mas apresentam limitações de
temperatura. Por motivos como este, houve uma grande preocupação quanto ao
desenvolvimento de fibras sintéticas, como nylon, poliéster, acrílico e outras, que resistam a
condições elevadas de temperaturas, ataque químico, apresentando também um menor custo e
menor diâmetro de fibras (MARTINS, 2001).
Os tecidos utilizados nos filtros de mangas são produzidos em sua maioria a partir do
trançado de fibras, que oferecem baixa resistência ao fluxo de gás e possui acabamento
flexível com boas características de liberação. Já os nãos trançados são mais indicados para
filtros de mangas com sistema de limpeza por jato pulsante (MARTINS, 2001).
Pode haver um tratamento posterior aos tecidos, com diversos intuitos. Os tecidos
podem ser tratados com silicone para facilitar a liberação da torta, podem também ser lavados
antes da operação para evitar encolhimento, ou passarem por tratamentos térmicos, físicos e
químicos, como a calandragem, onde os tecidos passam por rolos para uniformizar a
superfície, dentre outras operações (TIENI, 2005).
Finalmente, devem-se considerar alguns fatores para o encurtamento útil e operacional
de uma manga, bem como as condições de fluxo de gás, o fator mais preocupante que leva em
conta a temperatura que o tecido suporta, sendo possível até mesmo resfriar o gás antes de
filtra-lo, mas garantir que o mesmo não possua umidade e ácidos condensáveis. O tecido deve
aguentar também a abrasão, resultada da fricção ente as mangas, vibrações e impactos do gás.
Ademais, a durabilidade do tecido é influenciada diretamente com a concretização da limpeza
(TIENI, 2005).
A limpeza é um dos fatores mais importantes a serem considerados num filtro de
manga, visto que se a mesma não for adequada, ela provoca um acréscimo da queda de
pressão residual ou danifica o filtro. As principais formas de limpeza dos filtros são: vibração
mecânica, pulso de ar reverso e fluxo de ar reverso (TIENI, 2005).
O sacudimento mecânico envolve a remoção do pó por agitação horizontal ou vertical,
e não tem resultado quando o particulado consiste em partículas aderentes. O ar reverso, por
5
sua vez, baseia-se na retirada dos sólidos pela inversão do sentido do fluxo do ar, e é
preferível em operações com baixas vazões. E, por fim, o jato pulsante de ar comprimido, o
mais utilizado, consiste em um tubo de Venturi acoplado ao topo de cada manga que gera um
jato de ar que percorre toda a extensão do tecido, expandindo-a e fazendo com que a camada
presa ao tecido se desprenda (SANTINI, 2011).
Mecanismos de filtração
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1.2.Abordagem físico-matemática
𝜇𝑔
∆𝑃𝑡 = ∗ 𝑣 ∗ 𝐿𝑡 (3)
𝐵𝑡
Onde:
𝜇𝑔 : Viscosidade do gás
v: Velocidade superficial do gás
𝐿𝑚𝑓 : Espessura média do filtro
𝐵𝑚𝑓 : Permeabilidade do filtro
𝐿𝑡 : Espessura média da torta
𝐵𝑡 : Permeabilidade da torta
Por sua vez, 𝐿𝑡 depende da massa da torta, que pode ser obtida pelo balanço mássico
indicado na equação 4.
𝑤 = 𝐿𝑡 ∗ 𝜌𝑝 ∗ (1 − 𝜀) (4)
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Onde:
𝑤: Massa de torta por unidade de área
𝜌𝑝 : Densidade das partículas
𝜀: Porosidade da torta
𝜇𝑔 𝜇𝑔 𝑤
∆𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐵 ∗ 𝑣 ∗ 𝐿𝑚𝑓 + 𝐵 ∗ 𝑣 ∗ 𝜌 (5)
𝑚𝑓 𝑡 𝑝 ∗(1−𝜀)
𝐿
A razão 𝐵𝑚𝑓 é chamada de resistência específica do meio filtrante, 𝐾𝑚𝑓 [m-1], e a razão
𝑚𝑓
1
é a resistência específica da torta de filtração, 𝐾𝑡 [m*kg-1].
𝐵𝑐 ∗𝜌𝑝 ∗(1−𝜀)
∆𝑃𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
𝑆= = 𝐾𝑚𝑓 + 𝐾𝑡 ∗ 𝑤 (6)
𝑣
Onde:
S: Arraste
Onde:
𝜀: Porosidade
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𝐷𝑝 : Diâmetro da partícula
𝜌𝑓 : Densidade do fluido
Ademais, o cálculo da área de filtração pode ser obtido com a equação 8 simplificada:
𝑄
𝐴= (8)
𝑣
Onde:
A: Área total de filtração
𝑣:Velocidade de filtração
𝑄:Vazão de ar
Por fim, a partir da área total de filtração, e da área de cada manga, pode-se obter o
número de mangas necessárias, pela equação 9.
𝐴
𝑁=𝐴 (9)
𝑚
Onde:
N: Quantidade de mangas
𝐴𝑚 : Área por manga
1.3.Aplicações industriais
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Segundo Pacheco (2012), a seleção de filtros manga para um processo fabril depende
de diversas variáveis industriais, com complexidades diferentes. Esses graus são enumerados
de um a 10 patamares tecnológicos para desempoeiramento. Para processos industriais que
envolvem cimento – o particulado aqui estudado - ferro-liga, cobre, e outros, são classificados
no nível seis, devido a exigência de filtros de manga de alto porte. Esse tipo de filtração
acarreta em uma necessidade maior de manutenção.
Industrialmente, o processo de purificação de ar começa no exaustor, que puxa o ar e
todos os particulados dispersos no ambiente, até o filtro de manga. Todo o sistema deve ser
bem planejado para que o material partilhado gerado na operação em questão chegue até o
filtro e tenha tratamento adequado, evitando a contaminação do ambiente e das pessoas
(ELETRIC, 2018). A figura 1 representa um filtro de manga de alto porte utilizado para esses
processos.
Figura 1 Filtro de Manga de alto porte
2. Equacionamento da operação
O sistema definido para a análise teórica realizada foi o de pulso de ar, que, segundo
Cooper (2002) demanda uma menor área filtrante, e é, portanto, compacto e econômico. Vale
ressaltar que esse sistema necessita de instalações de compressores de ar.
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Meio filtrante
Para particulados de cimento, o material definido para a filtração foi o tecido de feltro
de polipropileno (PP), que suporta uma temperatura de trabalho de 90ºC, aceitável visto o
cenário considerado (PACHECO, 2002). Embora o PP seja um pouco mais caro do que o
Poliéster (PL), o polipropeno apresenta resistência á água, SO2, e álcalis, compostos que
podem estar presentes no ambiente de trabalho proposto. Além disso, o PP também possui
resistência a combustão, o que é necessário, visto que a mistura da argamassa se apresenta de
forma exotérmica e deve ser considerada. A figura 2 apresenta um breve resumo das
principais características dos meios filtrantes mais utilizados.
Velocidade de filtração
Sistema de exaustão de ar
2.2.Equações de operação
A área filtrante é obtida pela relação da velocidade de filtração definida pela equação
8. Como já foram definidas a velocidade de filtração e a vazão de exaustão, tem-se que:
𝑚3
25 𝑚𝑖𝑛
2
𝐴= 𝑚 = 9,1134 𝑚
2,7432 𝑚𝑖𝑛
3.1.Dados do projeto:
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Tabela 1 Dados de Projeto
Para concluir o estudo apresentado, faz-se uma análise dos parâmetros de qualidade
considerados em um dimensionamento de filtro manga, de acordo com Pacheco (2002),
verificando a interferência desses na eficiência da filtragem:
Fibra: recobre a tela de sustentação em todos os sentidos. O material mais econômico
utilizado atualmente para a maioria dos processos filtrantes é o poliéster, entretanto, foi o
considerado no presente estudo o polipropileno, devido a sua resistência superior a certos
compostos.
Tela de sustentação: confere ao meio filtrante a resistência mecânica aos possíveis
jatos de lavagem, e a capacidade de retenção de pó. As características da tela dependem de
diversos outros fatores como:
Qualidade do fio da tela: o fio de maior resistência com preço de mercado é o
multifilamento. Esse fio também possui baixo alongamento de ruptura, fazendo com que a
manga possua estabilidade dimensional na limpeza e no trabalho de filtragem.
Gramatura da tela: deve se considerar a qualidade do fio da tela levando em conta
também o peso em g/m2. Telas leves resultam em materiais baratos e baixas resistências
mecânicas. Considera-se uma gramatura de tela equivalente a 30% da gramatura do feltro.
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Material da tela: Geralmente é o mesmo da fibra, porém pode haver certas aplicações
onde seja necessário uma mesclagem de materiais, resultante numa manga com maior vida
útil.
Gramatura do feltro: Baixas gramaturas resultam em uma menor vida útil da manga,
devido sua menor resistência a abrasão e maior permeabilidade do ar. Recomenda-se que as
mangas de jato pulsante, por exemplo, tenham 550 g/m2 para oferecer uma boa resistência a
abrasão.
Permeabilidade do ar: Uma maior permeabilidade resulta na maior penetração do pó e
consequente entupimento precoce da tela, além de uma menor perda do sistema que aumenta
a velocidade das partículas e o atrito entre as partículas, diminuindo a vida útil da manga.
Acessórios: são considerados como acessórios a cordoalha de cobre para
descarregamento da eletricidade estática e sistemas de fixação de mangas como anel de feltro,
anel de vedação e anel aço-mola.
Espessura: deve se considerar uma espessura não tão reduzida para evitar rasgos
precoces devido à abrasão. Esse fator depende diretamente da densidade do feltro.
Encolhimento na temperatura de trabalho: Se a manga não for termofixa na
temperatura de trabalho, a mesma pode encolher mais que 1%, ficando desta forma, justa
demais para a gaiola. Isso pode comprometer a limpeza pelo destacamento do pó pela ação do
jato de ar, aumentando a perda de carga progressivamente, até saturar o meio filtrante.
Tração de ruptura: Depende basicamente da tela de sustentação do feltro que compõe a
manga, e diminui no decorrer do uso desta, devido à fadiga mecânica derivada do jato. Logo,
quanto maior o valor da tração inicial, maior será o tempo de uso da manga.
Alongamento: Assim como a tração, também depende da tela de sustentação. Um
alongamento demasiado acarreta no esgarçamento da manga com o passar do tempo. Este fato
pode ocasionar também o encolhimento e sucessivamente os problemas já mencionados no
tópico anterior.
Dimensões: o dimensionamento da manga é crucial para eficiência desta. Devem-se
atentar principalmente as medidas nominais e reais, os sistemas métricos adotados, e os dados
fornecidos pelos catálogos das empresas.
Tratamentos e acabamentos: São operações adicionais que dependem das
especificações da manga, podendo ser químicos, físicos e outros, como citado nas seções
anteriores.
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Referências
BARBOSA, Marcelo Garcia; SILVA, Celso Luiz da. Eficiência de um filtro de mangas no
tratamento de gases oriundos de caldeira de queima de biomassa sólida. Fórum Ambiental
da Alta Paulista, p. 293-308, 2013.
BILLINGS, Charles E.; WILDER, J. Handbook of fabric filter technology. Volume I. Fabric
filter systems study. 1970.
COOPER, C. David; ALLEY, Forrest Christopher. Air pollution control: A design approach.
Waveland Press, 2010.
HESKETH, Howard E.; CAL, Mark P. Air Pollution Control: traditional and hazardous
pollutants. Journal of Environmental Quality, v. 26, n. 5, p. 1442-1442, 1997.
JEON, Ki-Joon; JUNG, Yong-Won. A simulation study on the compression behavior of dust
cakes. Powder technology, v. 141, n. 1-2, p. 1-11, 2004.
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PACHECO, T.A. “Como obter o rendimento máximo dos filtros de manga” Semana
Brasileira de Cimento - SBC & Derivados n° 407, 2002.
TIENI, Érica Flávia et al. Filtração de gases: Estudo do fenômeno da limpeza por blocos.
2005
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ANEXO 1
Ficha de dados do exaustor escolhido para o exemplo
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