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Mérito ou Objeto Litigioso do Processo - Uma Pausa

para Revisitar um Velho e Importantíssimo Conceito

Mérito, objeto litigioso, thema decidendum, lide, res in iudicium


detucta, fundo do litígio, questão principal, são muitas as designações para aquilo que
constitui o núcleo do processo de conhecimento.

Trata-se de noção antiquíssima, já presente na processualística romana1,


embora a moderna teoria do objeto litigioso (streitgegenstand), equiparado à pretensão
processual (prozessuale Anspruch), tenha sido desenvolvida pela doutrina alemã de fins do
século XIX2.
Pode-se dizer que preocupação do Direito Moderno com o tema exsurgiu a
partir da definitiva separação entre a pretensão de direito material e a pretensão de direito
processual, consolidada com os estudos de Oskar Von Bülow3, que deu início à fase
autonomista ou conceitual do direito processual civil, na qual surgiram as grandes teorias
sobre a natureza da ação e do processo, desenvolvendo-se uma autêntica ciência
processual4.
Com efeito, conquanto possa parecer um esforço acadêmico inútil - ainda
mais em tempos de "celeridade e efetividade a todo custo", no qual todos os olhos estão
voltados para a execução - buscar um conceito preciso de objeto litigioso é fundamental
para a compressão de muitos institutos do processo civil, tais como cognição, coisa
julgada, litispendência, conexão, questões prejudiciais, etc.
Todavia, o assunto é dos mais intrincados, razão pela qual, a despeito do
empenho dos juristas - destacadamente os alemães -, jamais se logrou chegar a um
consenso sobre a composição do objeto litigioso do processo, havendo duas correntes
principais: aquela segundo a qual ele seria representado apenas pelo pedido, e aquela que
o vê como um binômio formado por pedido e causa de pedir5.

1
BUZAID, Alfredo. apud SÁ, Renato Montans de. op. cit. Eficácia preclusiva da coisa julgada. 2010,
Dissertação (mestrado em Direito Processual Civil) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São
Paulo, 2010. Disponível em <http: www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp134829.pdf>
Acesso em: 03 set. 2014.p. 74
2
TUCCI, José Rogério Cruz e. A causa petendi no processo civil. 3 ed. São Paulo: RT, 2009. p. 95
3
BÜLOW, Oskar Von. La teoria de las excepciones procesales y los presupuestos procesales, trad.
Minguel Angel Rosas Lichtschein. Buenos Aires: Ejea, 1964. apud TUCCI, José Rogério Cruz. op. cit. p.
97
4
CINTRA, Antônio Carlos Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrino; DINAMARCO, Cândido Rangel.
Teoria geral do processo.28ed. São Paulo: Malheiros, 2012. p. 51
5
DIDIER JUNIOR, Fredie. Contradireitos, objeto litigioso do processo e improcedência. Disponível em
<http://www.editorajuspodivm.com.br/i/f/paginas_185_196.pdf> Acesso em: 15 de Dez. 2014.
Essa segunda corrente teve como principal defensor o alemão Walter J.
Habscheid, que propugnava a composição dúplice do objeto litigioso do processo, o qual
seria formado pela “coisa” demandada (Gegenstand), que corresponderia a uma
afirmação jurídica, e pela “causa” da demanda (Grund), consistente num estado de fato
da vida6.
Tal concepção também é aceita por outros célebres juristas, estrangeiros e
nacionais, tais como Manuel Ortells Ramos7, Araken de Assis8 e José Ignácio Botelho de
Mesquita9.
Contudo, no direito brasileiro, embora tenha crescido, nos últimos tempos, o
número de adeptos da concepção maximalista de mérito (pedido + causa de pedir), ainda
prepondera na doutrina mais tradicional o entendimento de que o objeto litigioso do
processo seria representado unicamente pelos pedidos autorais.

Assim aduz Sydney Sanches: “[...] só uma parte do objeto do processo


constitui o objeto litigioso do processo: é o mérito, assim entendido o pedido do autor
formulado na inicial e nas oportunidades em que o ordenamento jurídico lhe permita a
ampliação ou modificação”10.
Dinamarco se manifesta em idêntico sentido:
O objeto do processo consiste no petitum do demandante, e não nos
fundamentos invocados por ele e muito menos nas razões defensivas do
demandado. Sobre o pedido o juiz decide principaliter, sobre os
fundamentos, incidenter tantum. Eis por que, com plena legitimidade
sistemática, o art. 469 do Código de Processo Civil põe fora do alcance
da coisa julgada material todos os fundamentos da sentença e estende
essa regra à “apreciação da questão prejudicial incidentemente no
processo”11.

Ilustrado o dissenso doutrinário reinante sobre o tema, tomo a liberdade de


expor, a partir de agora, a minha visão sobre a matéria.

6
HABSCHEID, Walter J. L’oggetto del processo nel diritto processuale civile tedesco. In.: Rivista di
Diritto Processuale, II serie, 1980, p. 454 e ss. apud LEMOS, Jonathan Iovane de. Introdução ao estudo
do objeto litigioso do processo. Disponível em <http://www.tex.pro.br/home/artigos/73-artigos-set-
2007/5670-introducao-ao-estudo-do-objeto-litigioso-do-processo-sucintas-consideracoes-sobre-os-
elementos-individualizadores-do-meritum-causae> Acesso em: 11 de Dez. 2014.
7
RAMOS, Manuel Ortells. Derecho procesal civil. Navarra: Aranzandi, 2000. p. 255 apud PINTO,
Junior Alexandre Moreira. A causa de pedir e o contraditório. cit. p. 33
8
ASSIS, Araken. Cumulação de Ações. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002, p. 117-122.
9
MESQUITA, José Ignácio Botelho de. A causa petendi nas ações reivindicatórias. Revista da Ajuris, n.
20, 1980, p. 167-168.
10
SANCHES, Sydney. Objeto do Processo e Objeto Litigioso do Processo. Revista Ajuris. n° 16, 1979,
Porto Alegre. p. 155-156.
11
DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. 6ed. São Paulo: Malheiros,
2011. v.3. p. 540. Na mesma linha segue o magistério de Vicente Greco Filho (GRECO FILHO, Vicente.
Direito processual civil brasileiro. 15ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2002. v.2 p. 58)
Com o devido respeito, parece-me que o entendimento adotado por ambas as
correntes é falho, isso porque essas noções de objeto litigioso partem de uma
compreensão errônea sobre a atividade decisória, como se intentará demonstrar
doravante.
Como cediço, ao se deparar com um processo judicial litigioso, o magistrado
primeiro analisa e resolve as questões de fato e de direito pertinentes à lide, e depois disso,
decide ou julga o mérito, emitindo um comando representativo da tutela jurisdicional
cognitiva em favor daquele que se mostrou com razão. Esse é o curso normal do processo,
caso não haja nenhuma intercorrência impeditiva.

Também é assente que o que transita em julgado não são os fundamentos que
o magistrado emprega para justificar a decisão, ou mesmo a conclusão por ele obtida
sobre a lide, mas apenas o comando emitido a partir dessa conclusão, e que vem expresso
no decisório da sentença ou acórdão, comando esse que, além do aspecto declaratório,
pode ser condenatório e/ou constitutivo.

Ocorre que, diferentemente do que sugere a concepção de mérito sustentada


pela doutrina tradicional, o ato de decidir ou julgar é complexo, envolvendo, num
primeiro momento, atividade de cunho intelectivo ou deliberativo e, apenas em um
segundo momento, atividade de natureza preceptiva ou imperativa.

O próprio LIEBMAN, um dos grandes responsáveis por consolidar a noção de


objeto litigioso como pedido do autor, declarava que “julgar” é valorar determinado fato
ocorrido no passado, valoração essa que se dá sob a ótica do direito vigente,
determinando-se, em consequência, a norma concreta que passará a reger o caso12.

Vê-se, pois, que a não ser por esse segundo momento, relativo à emissão de
um comando imperativo com aptidão para se tornar imutável por efeito da coisa julgada,
e pelo objeto específico sobre o qual incide – o mérito -, o julgamento em nada mais difere
do ato da cognição, realizada sobre as questões incidentais, o que faz concluir que o
mérito seja também uma questão a ser resolvida (aliás, a principal delas), e não um
simples dado, como são os pedidos e a causa de pedir.

Deveras, tendo-se à vista a feição cognitiva do ato decisório, fica evidente


que não são propriamente os pedidos e/ou a causa de pedir que são julgados (analisados,
valorados e resolvidos), mas a questão relativa à procedência ou improcedência dos

12
MARINONI, Luis Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz. Comentários ao Código de Processo Civil:
do processo de conhecimento. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. v. 5. p. 29
pedidos em face de todo o material sujeito à cognição, essa sim a verdadeira “questão
principal”.

É, sem dúvida, um erro crasso afirmar que a questão principal diz respeito
unicamente ao pedido, ou mesmo a esse acrescido da causa de pedir, isso porque aquele
não é analisado no vácuo, ou em face apenas da causa petendi.

Em verdade, a existência de pretensão material (aqui entendida como direito


subjetivo oriundo de uma situação fática) e a compatibilidade dessa com os pedidos é
perquirida frente às conclusões obtidas pelo magistrado mediante a resolução de todas as
questões ligadas à matéria de fundo do litígio, questões essas oriundas não apenas da
demanda do autor, mas da defesa do réu, e da própria iniciativa do juiz, quanto às matérias
que a lei lhe faculta conhecer de ofício.

Outrossim, perceba-se que a corrente que defende o mérito como binômio


pedido/causa de pedir não o faz por considerar o aspecto cognitivo do ato decisório, mas
apenas em atenção à necessidade de identificação do pedido. Nesse sentido, veja-se a
lição de JOSÉ ROBERTO DOS SANTOS BEDAQUE, que, ao justificar a inclusão da causa de
pedir no objeto litigioso, aduz que a causa de pedir que revela o nexo existente entre
direito material e processo, possibilitando a identificação do próprio objeto mediato da
ação (o bem da vida pretendido), de modo que é a partir dos fatos e do fundamento
jurídico da demanda que se chega ao pedido13. Da mesma forma JUNIOR ALEXANDRE
PINTO: “a causa de pedir representa na demanda elemento indissociável do pedido, sendo
impossível o entendimento deste sem a ocorrência da primeira”14.

De fato, os pedidos não conseguem exprimir seu significado isoladamente,


dependendo, para isso, da causa de pedir, mas não é apenas a compreensão dos pedidos
que é buscada no ato do julgamento, mas a aferição de sua procedência ou improcedência.

De tal arte, a afirmação de que o thema decidendum ou mérito seria


representado apenas pelos pedidos, ou por esses em conjunto com a causa petendi, reflete
uma visão incompleta da atividade decisória, porquanto negligencia a sua feição cognitiva
- consistente na produção de juízo de valor sobre a lide, o qual vem expresso na

13
BEDAQUE, José Rogério dos Santos. Os elementos objetivos da demanda examinados a luz do
contraditório. Causa de Pedir e Pedido no processo civil (questões polêmicas). Coordenadores: José
Rogégio Cruz e Tucci; José Roberto dos Santos Bedaque. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002,
p. 30.
14
PINTO, Junior Alexandre Moreira. A causa petendi e o contraditório. São Paulo: Editora RT, 2007.
(Coleção Temas Atuais de Direito Processual Civil, v. 12). p. 33
fundamentação da sentença -, fazendo ressaltar apenas o seu caráter preceptivo, como
provimento jurisdicional expresso no decisório, que seria delimitado apenas pelo pedido
(identificado ou não através da causa de pedir), o qual funcionaria como um autêntico
“projeto de decisório”, um esboço do comando a ser exarado pelo juiz na parte final da
sentença.

A outro giro, mesmo que se quisesse compreender o ato decisório como


simples emissão de comando jurisdicional, sem caráter cognitivo, seria descabido
sustentar a identidade entre pedidos (ou pedidos + causa de pedir) e objeto litigioso, eis
que isso equivaleria a negar a possibilidade de decisão declaratória de improcedência, já
que esse comando, obviamente, não foi pleiteado pelo autor, sendo forçoso concluir que
essa decisão estaria fora dos limites do mérito, o que é um absurdo!

Assim, a todos os olhos, resta patente que não são os elementos objetivos da
demanda em si (causa de pedir e/ou pedido) que servem de base para a emissão do
provimento jurisdicional constante do decisório, mas sim a conclusão obtida pelo
magistrado a partir da resolução da questão principal, que envolve também outros
elementos, como demonstrado acima.

Destarte, penso que o mérito seja a questão relativa à procedência ou


improcedência dos pedidos frente às conclusões obtidas a partir da resolução das questões
incidentais, sendo certo que a resolução da questão principal pode resultar num comando
a favor do autor ou a favor do réu. Assim, não há equívoco em afirmar que todas as ações
são, em alguma medida, dúplices.

De mais a mais, seguindo a linha de raciocínio aqui proposta, é descabida a


diferenciação feita pela doutrina brasileira entre mérito e questões de mérito, já que o
próprio mérito é uma questão que se superpõe e, de certa forma, congloba todas as
questões ou pontos que se relacionam com a demanda e/ou a defesa. Não há, pois, o
mérito e as questões de mérito, mas apenas as questões atinentes ao fundo do litígio
(situação material discutida), subdivididas entre questões incidentais e questão principal.

O Mérito é o núcleo do processo civil de conhecimento. Não à toa, é a partir desse conceito
fundamental que se inicia a compreensão de diversos institutos processuais, como decisão,
cognição, coisa julgada, litispendência, questões, conexidade etc. Em suma, aquilo que se
entende por mérito é que dá o tom de toda a teoria do processo ou fase de conhecimento.

Devido à sua grande importância e complexidade, o conceito de mérito vem, há séculos,


provocado divergências entre os estudiosos. E foi buscando formar a minha própria opinião
sobre essa temática que escrevi

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