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AVALIAÇÃO DOS BASÓFILOS E SUA INTERAÇÃO COM OS EOSINÓFILOS: ANTES E APÓS

AUTOMAÇÃO
Maria de Lourdes Pires Nascimento, MD
mlpnascimento@uol.com.br
Presidente da Fundação para Assistência as Anemias, Parasitoses e Desnutrição (FANEPA)

Publicado em Diagnostica: Edição Especial

RESUMO

Nos resultados de leucogramas por contagem Manual (CM), os Basófilos (Bas) nem sempre são referidos, sendo
freqüente a sua ausência. Através da liberação de histamina, os Bas junto com os Mastócitos são os maiores indutores
e efetores da quimiotaxia dos Eosinófilos (Eos). Por causa da ação coordenada entre Bas e Eos, estes Resultados
devem ser Incoerentes (RI): 1) ausências de Bas, 2) ausências de Bas + Eos e 3) Eosinofilia + ausência de Bas.
Objetivo: Através da Contagem Relativa de Leucócitos, comparar a freqüência de casos com RI entre a CM e a
Contagem por Automação (AU). Metodologia: em 367 casos foram executados: a) CM em esfregaço sangüíneo
(corante Wright), leitura microscópica, total de 100 a 200 leucócitos contados; b) AU, sangue (com EDTA), leucograma
executado em Contador Hematológico Pentra 120 Retic ABX/Horiba, através da contagem de 20.000 células. Para as
duas metodologias (CM e AU), os casos foram reunidos em 4 grupos: 1) AusBas = ausência de Bas, 2) AusBas+Eos =
ausência de Bas e Eos, 3) AusBas+Eofilia = ausência de Bas + Eosinofilia e 4) PresBas + Eos = presenças de Bas +
Eos. Resultados Principais: AusBas - CM = 45.5 % e AU = 0.0 %, AusBas + Eos - CM = 18.0 % e AU = 0.0 %,
AusBas + Eofilia - CM = 28.1 % e AU = 0.0 %.PresBas + Eos - CM = 8.4 % e AU = 100.0 %. Conclusões: Para um
total de 367 casos tivemos a presença de RI em 91.6 % dos casos (N = 336) através da CM e 0.0 % dos casos para
AU. Destacamos as principais diferenças entre as duas metodologias, que devem ser responsáveis pela grande
freqüência de casos RI na CM: a) total de leucócitos contados (100 a 200 na CM e 20.000 na AU); b) tipo de corante
(somente 1 para todos os leucócitos na CM e diferenciados para os Basófilos e Eosinófilos na AU); c) tipo de
distribuição para a contagem dos leucócitos (em uma superfície plana na CM e por volume isto é por mm/3 na AU).

PALAVRAS CHAVES

Basófilos, Eosinófilos, Metodologia Manual, Automação, Contagem Relativa, Contagem Absoluta

ABSTRACT

In the results shown by leukogram manual count (MC), the basophols (BAS) are not usually referred, what makes their
absence very frequent in such procedures. Through the histamine liberation, the BAS together with the Mastocytes
become the most effective Eosinophil (EOS) chemotaxis inducers and effectors, as well. Because of the coordination
between the BAS and the EOS such results have appeared to be incoherent (IR): 1) BAS absence, 2) BAS+EOS
absence and 3) Eosinophilia+BAS absence. Objective: through the leukocyte relative count, comparing the frequency
of cases with IR between MC and automated hematological counter (AU). Methodology: in 367 reported cases the
following procedures were performed: a) MC, blood smear (Wright stain), microscopic reading, a total of 100 up to 200
leukocytes counted in the sample; b) AU, blood sample with EDTA, leukpgram performed in na automated
hematological counter Pentra 120 Retic ABX/Horiba, through a count of 20.000 cells and for both methodologies (CM
and AU) the reported cases were divided into four groups: 1) AbsBAS = BAS absence, 2) AbsBAS+EOS = absence of
BAS and EOS, 3) AbsBAS+ EOLIA = BAS absence + Eosinophilia and 4) PresBAS + EOS = presenca of BAS + EOS.
Main Results: AusBAS - MC = 45.5 % cases and AU = 0.0 % cases, AbsBAS+EOS - MC = 18.0 % cases and AU = 0.0
% cases, AbsBAS+EOLIA - MC = 28.1 % cases and AU = 0.0 % cases, PreBAS+EOS - MC = 8.4 % cases and AU =
100.0 %. Conclusions: in 91.6 % out of 367 cases, the IR was presente (N=336) within the MC and in 0.0 % of the
cases for AU. The difference berween both methodologies was rematkable, what makes them responsible for the great
frequency in IR cases upon the MC: a) a total of counted leukocytes (100 up to 200 on MC and 20.000 on AU); b) the
stain type (just one for all leukocytes on MC and different for the BAS and EOS on AU; c) by the distribution type for
the leukocyte count (in one plain surface on MC and by volume, i. e. by mm/3 in AU).

KEY WORDS

Basophils, Eosinophils, Manual Counting, Hematological Counter, Relative Leukocytes Values, Absolute Leukocytes
Values.

INTRODUÇÃO

Nos resultados de leucogramas por contagem Manual, os Basófilos nem sempre são referidos, e quando presentes tem
pouca freqüência se comparados aos outros tipos de leucócitos.

Devemos lembrar que a menor quantidade de Basófilos não significa menor importância em relação as suas atividades
biológicas para o organismo humano, entre elas destacamos as ações coordenadas que existem entre Basófilos e
Eosinófilos (1, 2, 3, 4, 5).

Quem é o Basófilo - São leucócitos do grupo dos granulócitos formados na medula óssea do esterno, vértebras, ossos
do crânio e costelas, fazem parte do sistema mielóide. Apresentam granulações grandes, grossas e metacromáticas
que podem ocupar todo o citoplasma, ficando quase sempre sobrepostas ao núcleo e o encobrem.
Os Basófilos tem o mesmo ritmo diurno que os Eosinófilos, estando em concentração máxima durante a noite e mínima
pela manhã; não se encontrando flutuações dos seus valores durante o dia em relação as refeições ou ao exercício
físico (6, 7).

Os hormônios esteróides produzem uma diminuição na concentração sangüínea de Basófilos e Eosinófilos (7, 8), sendo
que nas mulheres, a concentração de Basófilos pode variar, durante o ciclo menstrual, com valores mais elevados
durante o primeiro dia de sangramento (9).

Na presença de proteínas estranhas, os Basófilos do sangue se movem lentamente para a pele ou o peritoneo, se
acumulando nos tecidos cutâneos quando os índividuos já estão sensibilizados para estas proteínas estranhas (10, 11).

Os Basófilos contem em suas granulações específicas grandes quantidades de histamina e heparina. Existe maior
quantidade de histamina nos Basófilos do que nos outros leucócitos, sendo que os Basófilos humanos por conter
histidina decarboxilasa é capaz de sintetizar a histamina (12, 13, 14, 15). É provável que os Basófilos sejam
responsáveis por toda a histamina liberada para o sangue (16).

Os Basófilos possuem capacidade de fagocitar, porém esta não parece ser a sua principal função (14).

As Basofilias estão presentes em dois grupos de situações (1, 17): Basofilias Reacionais (estados de hipersensibilidade,
administração de estrógeno, hiperlipidemia, sindrome hipereosinofílica idiopática, mixedema, colite ulcerativa) e nas
Sindromes Mieloproliferativas (leucemia mielóide crônica, policitemia vera, trombocitemia essencial, leucemia
basofílica).

Interação do Basófilo com o Eosinófilo - O processo de liberação da histamina é denominado degranulação do Basófilo.
Na presença de estimulos antigênicos ou de complexos antígenos/anticorpos ocorre a degranulação dos Basófilos, que
é um processo relacionado com a imunoglogulina E ou IgE (2, 3, 18, 19).

Os Eosinófilos são atraídos aos locais onde ocorre liberação de histamina, sendo esta substância o agente quimiotático
para o Eosinófilo. A seguir, os Eosinófilos atuam como inibidores da reativação dos Basófilos, dificultando
degranulações posteriores (1).

Os Basófilos junto com os Mastócitos (que são celulas do tecido conjuntivo) são os maiores indutores e efetores da
reação inflamatória alergica (20).

Contagem de Basofilo e Resultados Laboratoriais Incoerentes - As alterações na contagem dos Basofilos estão
relacionadas com as reações alergicas. Durante o processo de sensibilização existe um aumento do número de
Basofilos, que diminue quando a sensibilização se completa sendo que o mecanismo da degranulação, liberador da
histamina, é responsável pelo desaparecimento do Basófilo (21). Entretanto quando a histamina provoca a maior
mobilização dos Eosinófilos, estes dificultam que outros Basófilos degranulem e consequentemente não despareçam
(1).

Pelo exposto vemos que:


- a Eosinofilia é a maior mobilização dos eosinófilos, e para que isto aconteça é necessária a existência do Basófilo, e
que este tenha liberado histamina;
- os Eosinófilos , após terem sido mobilizados, bloqueiam a degranulação de outros Basófilos, e deste modo impedem a
destruição daqueles Basófilos que não liberaram histamina, logo na presença de Eosinofilia deve existir presença de
Basófilos.

As Eosinofilias são achados freqüentes em resultados de leucogramas, estando relacionadas, principalmente, aos
estados de hipersensibilidade, infestações parasitárias e outras situações clínicas (22, 23, 4, 25, 26, 27, 28).

Através da contagem diferencial de leucócitos por método Manual, não raro, se vê resultados laboratoriais com
Basófilos = 0 % e Eosinofilos = 0 %, significando ausência de Basófilos e ou de Eosinófilos.

Levando-se em conta a ação coordenada que existe entre Basofilos e Eosinófilos, acreditamos que determinados
resultados laboratoriais, tais como:
- as Ausências de Basófilos com presença de Eosinófilos Normais,
- Ausência de Basófilos associada a Ausência de Eosinófilos,
- Ausência de Basófilos com Eosinofilia,
são "Resultados Incoerentes".

É provável que deve ser muito raro casos com Ausência real (0.0 %) de Basófilos e ou de Eosinófilos. A literatura
especializada sempre se refere as situações em que encontramos Basófilos e Eosinófilos com valores diminuídos (1,
29), mas não encontramos referencias científicas para a ausência.

A existência real da Ausência para os Basófilos e ou Eosinófilos, quando presentes, devem ter outras implicações
clínicas e laboratoriais, pois Basófilos, Eosinófilos e Neutrófilos são granulócitos e tem caracteristicas semelhantes: a)
são os responsáveis direto pela defesa do organismo e suas estruturas químicas estão relacionadas com esta função;
b) possuem enzimas que estão nas estruturas granulares que intervêm nos processos de ataque e morte aos
microorganismos; c) na sua formação tem linhagem morfológica semelhante (mieloblastos, promielócitos e
mielócitos); d) em condições normais são produzidos na região medular dos ossos chatos do índidivuo adulto (1).

Em trabalho anterior (30) mostramos que para a interpretação de leucogramas se deve utilizar os resultados da
contagem Absoluta, porque:

- para a contagem Absoluta por Automação a distribuição dos leucócitos é mais semelhante a que que eles estão no
organismo humano, ou seja por mm3;
- nem sempre os resultados Relativos (diminuídos, normais e elevados) coincidem com os resultados Absolutos
(diminuídos, normais e elevados), e para resultados que não coincidiram os Basófilos tiveram 4.5 % dos casos e os
Eosinófilos = 9.5 % dos casos.

Após a existência dos equipamentos para Automação Hematológica, cuja metodologia tem diferenças importantes em
relação ao Metodo Manual (31), principalmente no que se refere ao total de leucócitos avaliados e tipo de distribuição
dos leucócitos para a contagem diferencial, acreditamos que os fatos referidos até aquí justificam a necessidade da
avaliação das contagens Relativas dos Basófilos e Eosinófilos através das duas metodologias: Manual e por Automação.

OBJETIVOS

1) Levantar e comparar a freqüência de casos para os diversos valores de Basófilos e Eosinófilos - ausentes,
diminuidos, normais e elevados - por método Manual e Automação.
2) Para associação Basófilo/Eosinófilo: levantar a freqüência de "Resultados Incoerentes" nas metodologias Manual e
por Automação.
3) Para a Contagem Absoluta por Automação dos grupos com associação Basófilos/Eosinófilos levantar a freqüência de
casos e os valores médios para aqueles com Basofilias.

METODOLOGIA

A amostra desse estudo foi constituida de 367 casos do Arquivo de Dados da Fundação para Assistência às Anemias,
Parasitoses e Desnutrição (FANEPA).

Em todos os casos foram foram faitas contagens diferenciais de leucócitos por dois métodos: Manual e Automação.

Contagem Relativa Manual: esfregaço sangüíneo em lâmina (sangue sem anticoagulante) após coloração supra-vital
(solução corante de Wright) foi feita a leitura por microscócopia ótica. Comumente são contadas um mínimo de 100
células e um máximo 200 células. Para a Contagem Relativa por leitura Manual a faixa de normalidade considerada
neste trabalho foi: Basófilos = 0.0 a 1.0 % e Eosinófilos = 2 a 4 % (32).

Contagem Relativa por Automação: o exame foi executado em todas as amostras 24 horas após a coleta sangüínea
com anticoagulante EDTA. No período de 24 horas após a coleta as amostras foram conservadas em refrigeração. O
Leucograma foi executado em Contador Hematológico Pentra 120 RETIC ABX, que permite a reprodutibilidade do
exame, com eficiência, até 48 horas após a coleta.

Para este trabalho foram destacados os seguintes exames da Automação: Contagem Relativa e Absoluta de Basofilos e
Eosinófilos, sendo estas as faixas de normalidade (33):
- Contagem Relativa: Basófilos de 0.1 a 2.0 % e Eosinófilos = 0.2 a 5.0 %,
- Contagem Absoluta: Basófilos de 1 a 200 / mm3 e Eosinófilos de 50 a 400 / mm3.

Com os resultados das Contagem Relativa Manual e das Contagens Relativa e Absoluta por Automação os casos foram
agrupados na dependencia da associação de resultados Basófilos com Eosinófilos nos seguintes grupos:

- Basofilopenia + Eosinopenia,
- Basofilopenia + Eosinófilo Normal,
- Basofilopenia + Eosinofilia,
- Basófilo Normal + Eosinófilo Normal,
- Basófilo Normal + Eosinofilia,
- Basofilia + Eosinófilo Normal e
- Basofilia + Eosinofilia.

Para as análises estatisticas foi usado o programa Epi-Info, Teste de Kruskal-Wallis H com nível de significância
p<0.05, adotando-se as siglas: S = significante e NS = não significante.

RESULTADOS

Tabela I - Contagem Relativa de Basófilos e Eosinófilos por Metodologia Manual e Automação: Freqüência de casos.

Manual Automação Significância


f...............% f...............% (p<0.05)</< TD>
BASÓFILOS
Ausente 335...........91.3 -.................-
Valor Normal 30.............8.2 352............95.9 S (p=0.000)
Valor Elevado 2.............0.5 15...............4.1
Total 367.........100.0 367..........100.0
EOSINÓFILO
Ausente 66............18.0 -................-
Valor Diminuído 74.............20.1 -................-
Valor Normal 106............28.9 252..........68.7
Valor Elevado 121...........33.0 115...........31.3 S (p=0.000)
Total 367.........100.0 367........100.0

Tabela II - Contagem Relativa Manual e Associação Basófilos / Eosinófilos: Freqüência de Casos

BASÓFILOS
Basofilopenia
Valor Normal (1 %) Basofilia(>2 %) Total
(Ausência = 0.0%)
f................% f................% f................% f................%
EOSINÓFILOS
Ausencia
65.........19.4 1............3.3 -............- 66...........18.0
(0.0 %)
Eosinopenia
71.........21.2 4..........13.3 -...........- 75...........20.4
(0.1 a 1.9 %)
Valor Normal
96.........28.7 8..........26.7 1.........50.0 105..........28.6
(2 a 5.0 %)
Eosinofilia
103........30.7 17.........56.7 1.........50.0 121.........33.0
(>5.1 %)
Total 335......100.0 30.......100.0 2.......100.0 367.......100.0

Tabela III - Contagem Relativa por Automação e Associação Basófilos / Eosinófilos: Freqüência de Casos

BASÓFILOS
Basofilopenia
Valor Normal (1 a 2%) Basofilia(>2,1 %) Total
(Ausência = 0.0%)
f................% f................% f................% f................%
EOSINÓFILOS
Eosinopenia
-...........- -...........- -...........- -...........-
(0.1%)
Valor Normal
-...........- 242..........68.8 10..........66.7 252..........68.7
(0.2 a 5.0 %)
Eosinofilia
-...........- 110...........31.2 5..........33.3 115.........31.3
(>5.1 %)
Total -...........- 352........100.0 15.......100.0 367.......100.0

Tabela IV - Contagens Relativa e Absoluta por Automação e Associação Basófilos / Eosinófilos: Freqüência de Casos e
Significâncias

Grupos Contagem Relativa Contagem Absoluta Significância


Basófilos/Eosinófilos f................% f................% (p<0.05)
EOSINÓFILOS
Basófilo Normal + 242..........65.9 243............66.2
Eosinófilo Normal

Basófilo Normal +
110..........30.0 108............29.4
Eosinofilia
NS (p=0.816)

Basofilia + 10...........2.7 8..............2.2


Eosinofilo Normal

Basofilia +
5..........1.4 8..............2.2
Eosinofilia
Total 367......100.0 367..........100.0

Tabela V - Contagem Absoluta por Automação e Grupos com Resultados da Associação Basófilos / Eosinófilos: Valores
Médios (D.P.) e Signicâncias para os Basófilos e Eosinófilos.

Basófilo Normal + Basófilo Normal + Basofilia + Basofilia +


Eosinófilo Normal Eosinofilia Eosinófilo Normal Eosinofilia
(N = 243) (N = 108) (N = 8) (N = 8)
EOSINÓFILOS

76 (+ 42 77 (+ 38) 371 (+ 235) 300 (+ 131


Basófilos / mm3
Eosinofilos / mm3 171 (+ 97) 1.027 (+ 842) 196 (+ 86) 1.240 (+ 956)

Basofilia + 10...........2.7 8..............2.2


Eosinofilo Normal

Significâncias Kruskal-Wallis H (p < 0.05)

Grupo Basófilo Normal + Eosinófilo Normal X


Basófilo Normal + Basofilia + Basofilia +
Eosinofilia Eosinófilo Normal Eosinofilia
Basófilo NS (p=0.510) S (p=0.000) S (p=0.000)
Eosinófilo S (p=0.000) NS (p=0.340) S (p=0.000)

DISCUSSÃO

Objetivo 1 - Freqüência de Casos na Contagem Relativa de Basófilos e Eosinófilos por método Manual e Automação

Tabela I - tomando-se como referencia os valores de normalidade específicos para cada metodologia, os principais
destaques foram:

- na Contagem Manual, 91.3 % apresentaram ausência de Basófilos e 18.0 % com Ausência de Eosinófilos;
- na Contagem por Automação - a maioria dos casos apresentaram valores Normais ou seja Basófilos = 95.9 % dos
casos e Eosinófilos = 68.7 % dos casos.

Vale apenas lembrar, que a faixa de normalidade para os valores Relativos dos Basófilos é semelhante nas duas
metodologias, contagem Manual = Basófilos < 1 % (32) e por Automação, Basófilos = 0.1 a 1.0 % (33). Então se, na
contagem por Automação não foram vistos casos com Ausências = 0.0 % de Basófilos nem de Eosinófilos é provável
que isto se deva a que:
- na Automação temos corante e canal específico para avaliação dos Basófilos (ABX Basolyse e BASO channel) e
corante específico para os Eosinófilos (ABX Eosinofix);
- além de maior número de células avaliadas: Automação = contagem de 20.000 leucócitos (33, 34) e Manual =
contagem máxima de 200 leucócitos como preconizam a maioria dos autores (16, 21, 29, 32)

Para que exista um nível de comparação aceitável entre a contagem Manual e a contagem por Automação é necessário
que na contagem Manual sejam avaliadas no mínimo 1.000 células (34).

Objetivo 2 - Associação Basófilo/Eosinófilo, Resultados Incoerentes, Contagens Manual e por Automação


Para as associações Basófilos/Eosinófilos e "Resultados Incoerentes" encontramos os seguintes destaques:

Metodologia Manual - Tabela II - todas as ausências de Basofilos (Basofilopenias) estiveram associadas a todos os tipos
de resultados para Eosinófilos:
Basofilopenia + Ausência de Eosinófilos = 19.4 % dos casos,
Basofilopenia + Eosinopenia = 21.2 % dos casos,
Basofilopenia + Valor Normal para Eosinófilos = 28.7 % dos casos e
Basofilopenia + Eosinofilia = 30.7 % dos casos.
Por Automação - Tabela III - não encontramos casos com ausências nem de Basófilos nem de Eosinófilos.

Na análise do item anterior - Objetivo 1 - já fizemos referencias a duas diferenças metodológicas entre a Contagem
Manual e a Automação, aquí vamos lembrar mais outra diferença que é o tipo de distribuição das células para serem
avaliadas:

Metodologia Manual: utiliza um esfregaço sangüíneo que é submetido a uma coloração (Giemsa, Leishman, Wright,
etc.) procedendo-se a identificação e contagem. Em vista das diferenças de tamanhos, gravidades específicas e
aderencias entre os diversos tipos de leucócitos, existe uma distribuição irregular, sendo que nas margens e na cauda
do esfregaço predominam os neutrófilos e monócitos, e no corpo do esfregaço os linfócitos (21, 35). Geralmente se
conta aceitando que a distribuição dos leucócitos foi regular, o que não é verdade.

Neutrófilos, Linfócitos e Monócitos são os leucócitos que em condições normais estão em maior número. Questiona-se:
Em que local do esfregaço sangüíneo ficam aqueles leucócitos que em condições normais estão em menor número,
Basófilos e Eosinófilos?

Acreditamos que em decorrencia das imprecisões metodológicas da Contagem Manual, aquelas células que
normalmente tem menores freqüências - Basófilos e Eosinófilos - podem nem sempre serem detectadas.

Por causa das falhas da metodologia da Contagem Manual em relação aos Eosinófilos e Basófilos existem técnicas
específicas para a contagem percentual destas células: Teste de Thorn, Método da Gôta Grossa de Schilling e Método
de Dunger para os Eosinófilos, Teste de Cooper e Cruickshank para os Basófilos (21, 36, 37, 38).

Metodologia por Automação: em sangue com anticoagulante após o uso de diluente eletrolítico (ABX Alphalyse) e
corantes específicos (ABX Basolyse e ABX Eosinofix) duas contagens de 10.000 são feitas através da emissão de pulsos
elétricos que são gerados pela passagem das células por uma micro-abertura. Os resultados liberados - Relativo e
Absoluto - são obtidos através de fórmulas para corrigir a diluição. Neste tipo de avaliação os leucócitos estão
suspensos em líquido, e este fato é semelhante a condição que elas estão na circulação sangüínea ou seja suspensas
no plasma, com distribuição por volume, isto é em mm3 (33).

A constância de resultados obtidos por metodologia Manual com ausência de Basófilos, ao longo dos anos, teve como
conseqüência uma "educação informal" de que é comum a aus~encia de Basófilos em resultados de leucogramas, e
assim quando em resultados da Automação não aparecem leucogramas com Basófilos = 0.0%, este fato vem sendo
motivo de questionamentos da validade do resultado. Entretanto, através de informações científicas sobre a interação
do Basófilo com Eosinófilo (1, 2, 3, 18, 19, 20) se conclue que só em condições excepcionais (patológicas) deve existir
ausência de Basófilos, porque para a mobilização dos Eosinófilos é necessário a atuação do Basófilo e as Eosinofilias
são resultados frequentes em Leucogramas.

Objetivo 3 - Resultados da Automação para as Basofilias nas associações Basófilos/Eosinófilos

Para análise dos valores Relativos e Absolutos, Tabela IV, vemos que não houve diferenças significativas para a
freqüência de casos nos resultados das associações Basófilos + Eosinófilos. A maior freqüência de casos para os dois
tipos de contagem foi para associação de Basófilo Normal + Eosinófilo Normal:
- Contagem Relativa = 65.9 % do casos e
- Contagem Absoluta = 66.2 % dos casos.

Na Tabela V vemos que os casos com Basófilos Normais + Eosinófilos Normais se comparado com aqueles em que
existe a presença de Basofilias podemos ter ou não associações com Eosinofilia, porém as diferenças de valores médios
para estas Basofilias são significantes:
Basófilo Normal + Eosinófilo Normal (66.2 % dos casos) - Basófilos = 76 / mm3 (+ 42) e Eosinófilos = 171 / mm3 (+
97);
Basofilia + Eosinófilo Normal (2.7 % dos casos) - Basofilia = 371 / mm3 (+ 235) e Eosinófilos = 196 / mm3 (+ 86) e
Basofilia + Eosinofilia (2.7 % dos casos) - Basofilia = 300 / mm3 (+ 131) e Eosinofilia = 1.240 / mm3 (+ 956).

A favor da análise de resultados da contagem Absoluta é importante recordar que:


a) em 1995 o International Council for Standardization in Haematology (39) recomendou que na interpretação de
leucogramas só se deve utilizar os resultados dos Valores Absolutos;
b) representa um resultado de leucócitos por mm3 de sangue, ou seja é a distribuição dos leucócitos que mais se
assemelha a que existe no organismo humano, quando estão exercendo as suas respectivas funções.

As variações numéricas dos Basófilos (Basófilos Normais e Basofilias), quando detectadas por Automação, analizadas e
valorizadas, são importantes porque poderão trazer mais contribuições sobre a presença dos Basófilos, desde quando
uma das suas atividades é a interação com os Eosinófilos tendo também relações com a Imunoglobulina E (1, 2, 3, 18,
19). Vimos que para a existência das Eosinofilias é necessária a participação dos Basófilos e as Eosinofilias estão
presentes em processos patológicos que são muito frequentes, com destaque para as infestações parasitárias e os
estados de hipersensibilidade (22, 23, 24, 25, 26, 27, 28).

AGRADECIMENTOS

A autora agradece a:
- ABX - Horiba Diagnostics Ltda / Brasil.
- Altina Brandão Ribeiro dos Reis e Lúcia Lima da Silva, farmacêuticas bioquímicas pela execução das Contagens
Diferenciais de Leucócitos por método Manual;
- Ma. Auxiliadora L. Dias da Silva, professora de inglês da UFBA e UNI-Bahia, por ter transcrito o Resumo para o inglês.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1) Jamra, M; Lorenzi, T F - Leucócitos, Leucemias e Linfomas, pgs. 20, 21, 28 - Ed. Guanabara Koogan S A, Rio de
Janeiro, 1983.

2) Wada, T; Toma, T; Shimura, S; Kudo, M; Kasahara, Y; Koizuni, S; Ra, C; Seki, H; Yachie, A - Age-dependent
increase of IgE-binding and FxepsilonRI expression on circulating basophils in children - Pediatr Res; 46 (5): 603-7,
Nov, 1999.

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Texto reproduzido com permissão. Nossos agradecimentos aos autores. Procurei ser fiel e cuidadoso na
reprodução dos textos embora, erros possam existir. Agradeceria correções ou retificações.

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