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15/02/2018 Monstros, santos e intrigas: novo livro revela a fascinante história dos Papas | Cultura | EL PAÍS Brasil

CULTURA

Monstros, santos e intrigas: novo livro revela a fascinante história dos Papas
"O Vaticano é um lugar idôneo para cometer um crime", diz o historiador britânico John Julius
Norwich

JUAN G. BEDOYA

Madri - 13 FEV 2018 - 20:59 BRST

Lido a frio, qualquer história do Papado romano escandalizaria ao afirmar que “o Vaticano é um lugar idôneo para
cometer um crime”. Quem faz isso o historiador John Julius Norwich, autor do livro Os Papas. A história
(publicado em português por Civilização Editora). Norwich argumenta e documenta essa tese muito antes de
chegar ao capítulo dedicado a João Paulo I, que pontificou ali por apenas trinta dias, em meados de 1978. Morreu
assassinado enquanto dormia? Segundo Norwich, “é o maior mistério papal dos tempos modernos”. João Paulo I
detestava a pompa e estava empenhado em devolver a Igreja às suas origens, à humildade e à simplicidade,
honestidade e pobreza de Jesus Cristo. Sua recusa em ser coroado com toda a parafernália habitual havia
horrorizado os tradicionalistas. Se chegasse a viver muitos anos, sem dúvida teria realizado a revolução que João
XXIII não conseguiu levar a cabo com o Concílio Vaticano II. A Cúria estava claramente assustada.

“Ao iniciar minhas investigações, me pareceu que o mais provável é que tivesse morrido
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assassinado; agora já não tenho mais tanta certeza”, afirma o prestigioso historiador
Os ‘lobos’ retornam
ao Vaticano britânico. Salienta que João Paulo I, que morreu enquanto dormia, aos 67 anos, gozava de
uma saúde excelente, atestada poucas semanas antes, e que não foi feita nenhuma autopsia
E se no túmulo de
Cristo encontrassem ou exame post-mortem. “O Vaticano é um Estado independente, sem um corpo de polícia
seu corpo? próprio; a polícia italiana só pode entrar se for convidada, mas não foi”, observa.
 A morte de Jesus:
um fato sobre o qual
Do Sumo Pontífice da Igreja Católica se diz que é o Vigário de Cristo, Sucessor de Pedro e
não sabemos quase
nada Santo Padre, tudo em maiúsculas. Também recebe o tratamento de Sua Santidade e é o chefe
de Estado da chamada Santa Sé. O inquisidor Roberto Belarmino (1542-1621), o primeiro
Papa alerta sobre as
15 doenças que cardeal jesuíta e verdugo de Giordano Bruno e Galileu, em seu famoso catecismo respondia
atingem a Cúria assim à pergunta “Quem é cristão?”: “É cristão aquele que obedece ao Papa”. Um Deus, um

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Cristo, um Pontífice investido no extravagante dogma da infalibilidade. Caberia supor que essa papolatria teria
elevado aos altares, proclamados santos, todos os papas da história. Nada mais longe da realidade. Apenas 56
deles foram canonizados por seus sucessores, a imensa maioria como mártires durante alguma das perseguições
que os cristãos sofreram nos primeiros séculos. Mais tarde, a santidade oficial de Suas Santidades brilhou por sua
ausência. Por exemplo, entre são Pio V, papa de 1566 a 1572, e são Pio X, que reinou entre 1903 a 1914, houve 342
anos de seca. Por outro lado, este século XXI começa com dois papas santos e vários a caminho. São eles são
João Paulo II e são João XXIII, canonizados por Francisco em 2014. O primeiro, a quem se suprimiu a figura do
Advogado do Diabo para facilitar os trâmites, virou beato pelas mãos de seu amigo íntimo e sucessor imediato,
Bento XVI.

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“Se prosseguir a atual moda de canonizar todos os papas, a santidade, por princípio, vai virar uma piada”,
sentencia Norwich. Historiador de raça, na melhor tradição de Oxford, este segundo visconde de Norwich (nascido
em 15 de setembro de 1929) escreveu antes, entre seus muitos livros, as histórias de Veneza e do Império
Bizantino, e conheceu pessoalmente vários papas do século passado. Reconhece que desta vez poderia ter
escrito um livro de memórias, tamanho o seu conhecimento direto do papado no último século. O que publica,
porém, é uma grande saga, muitas vezes divertida, vista de fora, no melhor estilo irônico do grande Edward
Gibbon em seus relatos escabrosos sobre a decadência do Império Romano.

Norwich salienta a história de papas de enorme envergadura, como os dois únicos reconhecidos como Magnos:
Leão I, que libertou Roma do assédio de Átila; e Gregório Magno, que fez mais do que ninguém por consolidar o
poder temporal do pontificado, ao qual ascendeu após ser governador civil de Roma. Mas também se detém em
pontífices chaves-de-cadeia: papas que abusavam das donzelas do palácio, papas com filhos de várias mulheres,
papas bandidos. Embora não descubra nada que já não se soubesse, oferece uma obra deliciosa, irônica e às
vezes divertida sobre “a imponente, assombrosa e tantas vezes escabrosa, terrível, escandalosa e até criminosa
monarquia absoluta mais antiga do mundo”. Não exagera com esses qualificativos (usa outros ainda mais
taxativos), nem para elogiar tantos papas bons, nem para execrar tantos papas maus.

O livro contém um capítulo intitulado Os Monstros. “Apesar de tudo, a Igreja Católica Romana floresce como
talvez nunca antes. Se são Pedro pudesse vê-la agora, certamente ficaria orgulhoso”, resume, assombrado com a
 
maneira como a mensagem do judeu Jesus, que entrou em Jerusalém no lombo de um jumento e foi crucificado
junto a dois ladrões, pôde sobreviver a uma história tantas vezes extravagante, e que ele seja venerado e
conhecido em todo o mundo. Mais imponente ainda é o fato de que grande parte da Humanidade conte os anos e
os séculos, e desenvolva os calendários, a partir da data do nascimento do revoltoso nazareno, apesar de ninguém
conhecer essa data exata (mas sim que não foi a que se imaginava), nem sequer o lugar de seu nascimento.

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Os Papas não eram ninguém durante séculos. Nem sequer eram chamados assim, até o bispo Sirício assumir esse
nome como um título de honra, no final do século IV. Na verdade, a palavra Papa, de origem grega, significava
então bem pouca coisa: "pequeno pai". Até Sirício, que reinou em Roma entre 384 e 399, o termo “pequenos pais”
era usado para membros idosos das comunidades cristãs, perseguidos ou desprestigiados, até o imperador
Constantino proclamar, em 313, que o cristianismo era a religião oficial do Império Romano. Sessenta anos
depois, Teodósio proibiu os outros cultos. "Uma Igreja perseguida tornou-se uma Igreja perseguidora", conclui
John Julius Norwich.

Pompa perdida
Monarcas autocráticos, os Papas praticaram até muito recentemente a doutrina de Gregório VII em Dictatus
Papae, de 1075: somente o romano pontífice pode usar insígnias imperiais; "todos os príncipes só podem beijar os
pés do Papa"; só ele pode depor imperadores; suas sentenças não devem ser reformadas por ninguém, enquanto
ele pode reformar as de todos.

O último a acreditar nisso foi o aristocrático Pio XII, pontífice entre 1939 e 1958. Os oficiais tinham que se ajoelhar
quando o papa começava a falar, ir até ele de joelhos e deixar a sala caminhando para trás. O pontificado estava
há meio século sem poder temporário, pelo menos teórico, como Stalin supôs em 1945, na Conferência de Ialta,
em 1945, quando se surpreende após Winston Churchill sugerir a possível participação do Papa nas negociações
de paz. "Quantas divisões tem esse papa?", perguntou o ditador soviético. Mas nenhum monarca estava cercado
por tantos cerimoniais.

Norwich ilustra como essa pompa excessiva chegou ao nosso tempo. Por exemplo, sobre Leão XIII, papa entre
1878 e 1903, diz que seus visitantes tinham que permanecer ajoelhados durante toda a audiência e que os
membros de sua comitiva eram obrigados a ficar de pé em sua presença. "Dizem que, durante os 25 anos do seu
pontificado, não dirigiu nem uma só palavra a seu motorista".

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