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Fls.

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Poder Judiciário da União
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios

Órgão : 2ª TURMA CÍVEL


Classe : APELAÇÃO
N. Processo : 20150110166626APC
(0004923-75.2015.8.07.0001)
Apelante(s) : CARLOS OBERTO CORREA DA COSTA
Apelado(s) : BANCO SAFRA S/A, BANCO J. SAFRA S/A
Relatora : Desembargadora LEILA ARLANCH
Acórdão N. : 943798

EMENTA

CIVIL. OBRIGAÇÕES. ADIMPLEMENTO. LOCAL DE


PAGAMENTO. DÍVIDA PORTÁTIL. BOLETO BANCÁRIO.
PAGAMENTO REITERADO EM PRAÇA DIVERSA.
RENÚNCIA DO CREDOR QUANTO AO LOCAL DE
PAGAMENTO. FERIADO MUNICIPAL. PRORROGAÇÃO
PARA O DIA SUBSEQUENTE. INEXISTÊNCIA DE MORA.
NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL. QUANTUM.
RECURSO PROVIDO.
1. Corroborando com o princípio da boa-fé e com a
possibilidade jurídica da supressio, o art. 330 do Código Civil
estabelece que "O pagamento reiteradamente feito em outro
local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto
no contrato."
2. Inviabilizado o pagamento na data avençada em razão de
feriado local devidamente comprovado, tem se por prorrogado
para o primeiro dia útil subsequente.
3. Caracterizada a inexistência de mora do devedor, impõe-se o
reconhecimento da indevida inscrição do devedor nos
cadastros de inadimplentes do SERASA por dívida paga no dia
subsequente à feriado local.
4. Esta Corte tem acompanhado o posicionamento adotado no
âmbito do Superior Tribunal de Justiça que assentou, em casos
de inscrição indevida de dados do devedor em órgãos de
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proteção ao crédito, não ser necessária a demonstração de


prejuízos experimentados, pois nestes casos, presume-se o
dano moral que decorre da mera inclusão ou manutenção
indevida (dano in re ipsa).5. No que tange à fixação do dano
moral, considerando os princípios da proporcionalidade e da
razoabilidade, a indenização deve servir de punição e alerta ao
ofensor, a fim de proceder com maior cautela em situações
semelhantes (efeito pedagógico e sancionador), considerando,
ainda, as especificidades do caso concreto.
6. Recurso conhecido e provido. Sentença reformada.

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ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores da 2ª TURMA CÍVEL do


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, LEILA ARLANCH - Relatora,
MARIO-ZAM BELMIRO - 1º Vogal, JOÃO EGMONT - 2º Vogal, sob a presidência
do Senhor Desembargador JOÃO EGMONT, em proferir a seguinte decisão: DAR
PROVIMENTO. UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas
taquigráficas.
Brasilia(DF), 18 de Maio de 2016.

Documento Assinado Eletronicamente


LEILA ARLANCH
Relatora

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RELATÓRIO

Trata-se de apelação interposta por CARLOS OBERTO CORREA


DA COSTA contra sentença que, em ação ajuizada em face de BANCO SAFRA
S.A., julgou parcialmente procedentes os pedidos para reconhecer a existência de
mora pelo pagamento da obrigação um dia após o seu vencimento, apesar deste
recair em feriado no local de domicílio do devedor, determinando a consequente
retificação da anotação em órgão de defesa ao crédito (fls. 114/118).
Alega o apelante, em síntese, a necessidade de reforma “in totum”
da sentença recorrida para que seja reconhecida a inexistência de mora ante o
feriado municipal do domicílio do devedor com fulcro nos artigos 132, § 1º, e 330 do
Código Civil, e o consequente dano moral, o que acarreta indenização. Requer,
ainda, a revisão da verba sucumbencial (fls. 121/134).
Comprovante de preparo a fls. 135
Contrarrazões a fls. 141/147, pugnando pela manutenção da
sentença.
É o relatório.

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VOTOS

A Senhora Desembargadora LEILA ARLANCH - Relatora


Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.
Ab initio, importante esclarecer que o Código de Processo Civil de
2015 passou a viger em 18 de março de 2016.
Não obstante, a controvérsia posta em juízo será dirimida à luz das
normas processuais vigentes à época da data da prolação da sentença, a saber,
Código de Processo Civil de 1973, uma vez que "a lei vigente na data do decisum é
a reguladora dos efeitos e dos requisitos da admissibilidade dos recursos". Adverte-
se, ainda, que serão "respeitados os direitos subjetivo-processuais adquiridos, o ato
jurídico perfeito, seus efeitos já produzidos ou a se produzir sob a égide da nova lei,
bem como a coisa julgada" (FUX, Luiz. Teoria Geral do Processo Civil. Rio de
Janeiro: Forense, 2014. p. 20).
Cuida-se de apelação interposta por CARLOS OBERTO CORREA
DA COSTA contra sentença que, em ação ajuizada em face de BANCO SAFRA
S.A., julgou parcialmente procedentes os pedidos para reconhecer a existência de
mora pelo pagamento da obrigação um dia após o seu vencimento, apesar deste
recair em feriado no local de domicílio do devedor, determinando a consequente
retificação da anotação em órgão de defesa ao crédito (fls. 114/118).
Alega o apelante, em síntese, a necessidade de reforma "in totum"
da sentença recorrida para que seja reconhecida a inexistência de mora ante o
feriado municipal do domicílio do devedor com fulcro nos artigos 132, § 1º, e 330 do
Código Civil, e o consequente dano moral, o que acarreta indenização. Requer,
ainda, a revisão da verba sucumbencial (fls. 121/134).
Cinge-se a controvérsia sobre a constituição da cidade de Unaí-MG
em local para pagamento do débito, de modo a, devido ao feriado local, afastar-se o
inadimplemento ocorrido pelo pagamento um dia após o vencimento da obrigação.
Consoante pactuado, trata-se de dívida portável, a ser paga no
domicílio do credor, São Paulo-SP, conforme cláusula 9 do contrato juntado a fls.
45/52.
O devedor informa, ainda, no contrato avençado, residir em Brasília-
DF, local para onde eram encaminhados os boletos de cobrança - com autorização
para serem pagos em qualquer banco até a data de vencimento e em qualquer
agência do Banco Safra após vencidos.
O instrumento prevê, ainda, a prorrogação do vencimento quando

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recair em sábados, domingos ou em feriados nacionais.


Da detida análise dos autos, extrai-se que não obstante o autor
tenho domicílio em Brasília, a matriz da sociedade empresária beneficiária do
empréstimo representado pela cédula de crédito objeto do contrato possuir sede em
Unaí/MG e houvesse sido pactuado a praça de pagamento em São Paulo/SP, as
parcelas eram quitadas por meio de boletos bancários, os quais admitiam o
pagamento em qualquer agência bancária até a data de vencimento.
Constam dos autos (fls. 69/81) comprovantes de pelo menos treze
parcelas cujos pagamentos foram efetuados por meio de agência do Banco do Brasil
(Agência 0508) localizada em Unaí/MG, o que corrobora com a alegação dos
recorrentes de que aquele era o domicílio comercial do recorrente e onde foram
efetuados todos os pagamentos das parcelas dos contratos.
Importa destacar, ainda, que a alegação do autor, corroborada pelos
documentos mencionados, de que os pagamentos eram realizados costumeiramente
por meio de boleto bancário na cidade de Unaí não foi impugnada pelo réu, fazendo
incidir a regra do art. 302 do CPC/1973 (art. 341 do CPC/2015). Com efeito, a
contestação do réu buscou desconstituir o direito vindicado na ação sob os
fundamentos de que domicílio do autor é Brasília, que a praça de pagamento é São
Paulo e que somente os feriados nacionais poderiam ensejar a prorrogação do
vencimento da obrigação.
Contudo, o ordenamento civil, em face do princípio da boa-fé, possui
norma expressa que flexibiliza a praça de pagamento, mesmo que prevista em
disposições contratuais.
A propósito, confira-se as disposições sobre o tema no Código Civil:

Do Lugar do Pagamento
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor,
salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o
contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das
circunstâncias.
Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao
credor escolher entre eles.
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel,
ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde
situado o bem.

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Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o


pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em
outro, sem prejuízo para o credor.
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local
faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto
no contrato. (grifo nosso)

No caso em apreço, a simples emissão do boleto facultando o


pagamento em qualquer agência bancária, bem como a prática reiterada de
pagamento dos boletos em agências do Banco do Brasil e do Banco Itaú na cidade
de Unaí-MG faz incidir as disposições do art. 330 acima transcritas, razão pela qual
resta caracterizada a renúncia tácita do credor relativamente à praça de pagamento.
Sobre o tema, confira-se abalizada doutrina[1]:

O art. 330 tem, no nosso entendimento, caráter cogente, não


estando no campo da autonomia privada o poder de
convencionar a sua não-incidência. Como observamos, visa, a
supressio, assegurar o interesse do devedor, que confiou no
fato de o credor não exercitar, por um razoável lapso temporal,
direito ou situação, estando no seu substrato a consideração do
valor confiança, manifestado, no âmbito do direito obrigacional,
pelo princípio da boa-fé, em sua dupla feição, a subjetiva
(crença) e a objetiva (regra que impõe conduta legal, proba e
atenta às legítimas expectavas da contraparte). Trata-se, pois,
de caso em que a boa-fé exerce função limitadora da
autonomia privada: a cláusula contratual que dispuser
diferentemente terá sua eficácia cortada.

Firmada essas balizas, importa reconhecer a regularidade dos


pagamentos efetuado fora da praça de pagamento disposta no contrato, sendo que
inviabilizado o pagamento na data avençada em razão de feriado local devidamente
comprovado, tem se por prorrogado para o primeiro dia útil subsequente.
Nesse sentido, é irrelevante se as disposições contratuais previam a

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prorrogação apenas para os feriados nacionais, porquanto a impossibilidade de


cumprimento da obrigação na data avençada em razão de as agências bancárias do
local de pagamento estarem fechadas o devedor afasta os efeitos da mora (art. 396
do Código Civil[2]).
Como é de sabença, os boletos bancários expedidos com data de
vencimento e com as advertências de que não devem ser recebidos por outros
bancos após o vencimento, nos exatos termos constantes dos boletos objeto da
presente testilha (fls. 61 e 62), só admitem o pagamento em outras agências até o
respectivo vencimento ou se restar caracterizado a impossibilidade de fazê-lo em
razão de ausência de expediente bancário.
No caso em apreço, não obstante o vencimento do boleto constar
dia 15/01/2015 e haver expressa menção que após essa data o pagamento somente
seria admissível nas agências do Banco Safra, ocorreu sua regular quitação no dia
subsequente, em razão da existência de feriado local na praça de pagamento
devidamente comprovado (fls. 43/44).
Diante desse contexto fático mostra-se inarredável a conclusão de
inexistência de mora do autor quanto às parcelas dos empréstimos vencidas em
15/01/2015.
Dessa forma, caracterizada a inexistência de mora do devedor,
impõe-se o reconhecimento da indevida inscrição de seu nome nos cadastros de
inadimplentes do SERASA (fls. 63/64).
Quanto à responsabilização civil, esta pode ser imposta àquele que
descumpre uma obrigação, infringe um contrato ou deixa de observar alguma regra
de convivência que regula a vida em comunidade. Portanto, a responsabilidade pode
ser contratual ou extracontratual.
Assim, para estabelecer a responsabilidade civil de um agente
deverá ser observada a existência de ato ilícito, conforme preceitua o artigo 186 do
Código Civil. No escólio de Flávio Tartuce o ato ilícito é a conduta humana que fere
direitos subjetivos privados, estando em desacordo com a ordem jurídica e causando
danos a alguém[3].
Deste modo, para aferir a existência do ato ilícito deve ser
observada a presença dos quatro elementos estruturantes, quais sejam: a conduta
(ação ou omissão), o nexo causal, o dano e a culpa genérica. Preenchidos os
requisitos, nasce a obrigação de reparar o dano, conforme preceitua o artigo 927 do
Código Civil. O nexo causal é o fio condutor que leva o fato gerador ao resultado
obtido, sendo que a culpa genérica pode ser compreendida como a intencionalidade
(dolo) ou a negligência, a imprudência ou a imperícia (culpa estrito sensu), sendo

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que todos esses requisitos desembocam na obrigação de indenizar.


Como preleciona Sérgio Cavalieri Filho[4] "o conceito de nexo causal
não é exclusivamente jurídico; decorre primeiramente das leis naturais."; mais ainda,
conforme é importante verificar que, sem este fato, o dano não teria ocorrido. Esta
interseção dos requisitos geradores da obrigação de indenizar encontra esteio no
brocardo latino neminem laedere (a ninguém se deve lesar).
Conforme assente na doutrina e na jurisprudência, a inscrição e
manutenção indevida do nome de devedor em cadastro de inadimplentes acarreta
dano moral in re ipsa, ou seja, não é necessário a comprovação do prejuízo e nem a
intensidade do sofrimento experimentado pelo ofendido, sendo certa a configuração
do dano à sua imagem, passível de ser indenizado.
No caso dos autos, a negativação está devidamente comprovada
com o documento de fls. 63/65 os quais demonstram que as únicas restrições
cadastrais do autor se referem aos contratos objeto da presente testilha.
Portanto, identificado o nexo causal entre o dano suportado pelo
autor e a conduta da parte requerida, surge, indubitavelmente, o dever de reparação.
Nesse sentido, confira-se o repertório jurisprudencial da Corte
Superior e deste Egrégio Tribunal:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITOS C/C
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. MANUTENÇÃO
INDEVIDA DA INSCRIÇÃO DO NOME DA RECORRIDA EM
CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL
CARACTERIZADO. OFENSA AO ART. 458 DO CPC.
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO
DISPOSITIVO FEDERAL VIOLADO. INCIDÊNCIA, POR
ANALOGIA, DA SÚMULA 284/STF. OFENSA A DISPOSITIVO
CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL - VIA
INADEQUADA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTOS QUE
JUSTIFIQUEM A ALTERAÇÃO DA DECISÃO AGRAVADA.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (AgRg no AREsp
396.247/SP, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO,
TERCEIRA TURMA, julgado em 02/09/2014, DJe 15/09/2014)

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AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL IN RE
IPSA. VALOR. REVISÃO. PROPORCIONALIDADE E
RAZOABILIDADE. ENTENDIMENTO ADOTADO NESTA
CORTE. VERBETE 83 DA SÚMULA DO STJ. NÃO
PROVIMENTO. 1. Consolidado neste Tribunal Superior "que a
inscrição ou a manutenção indevida em cadastro de
inadimplentes gera, por si só, o dever de indenizar e constitui
dano moral in re ipsa " (AgRg no Ag 1.379.761/SP, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, DJe de
2.5.2011). 2. Admite a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, excepcionalmente, em recurso especial, reexaminar o
valor fixado a título de indenização por danos morais, quando
ínfimo ou exagerado. Hipótese, todavia, em que o valor foi
estabelecido na instância ordinária, atendendo às
circunstâncias de fato da causa, de forma condizente com os
princípios da proporcionalidade e razoabilidade. 3.O Tribunal
de origem julgou nos moldes da jurisprudência pacífica desta
Corte. Incidente, portanto, o enunciado 83 da Súmula do STJ.
4. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no
AREsp 479.011/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI,
QUARTA TURMA, julgado em 06/05/2014, DJe 21/05/2014)

AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO CÍVEL.


RESPONSABILIDADE CIVIL. CONSUMIDOR. MANUTENÇÃO
INDEVIDA NO SPC. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. DANO IN RE IPSA.
COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL. CABIMENTO.
PARÂMETROS. 1. Comprovada a manutenção indevida do
nome do Autor em cadastro de proteção ao crédito e diante das
consequências deletérias a sua honra, a condenação do Réu à
compensação dos danos morais se impõe. 2. Para configurar o
dano moral é suficiente a comprovação do fato que gerou a
inscrição indevida (dano in re ipsa), sendo desnecessária a
prova de prejuízo. O dano moral está ínsito na ilicitude do ato
praticado. 3. Agravo regimental conhecido e improvido.

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(Acórdão n.677106, 20110110795443APC, Relator: J.J.


COSTA CARVALHO, 2ª Turma Cível, Data de Julgamento:
08/05/2013, Publicado no DJE: 17/05/2013. Pág.: 312)

DIREITO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. DÍVIDAS PAGAS. MULTA


CIVIL. IMPOSSIBILIDADE. COBRANÇA ADEQUADA. BANCO
DE DADOS DE INADIMPLENTES. MANUTENÇÃO INDEVIDA.
DANOS MORAIS IN RE IPSA. CONFIGURAÇÃO. PREJUÍZO.
1. É requisito para a aplicação da multa civil a cobrança de
dívida inexistente. Caso contrário, inviável o arbitramento. 2. O
consumidor que tem o seu nome indevidamente sujeito a
restrição em órgãos de proteção ao crédito suporta indiscutível
dano moral, que desafia adequada reparação, pois é lesionado
nas esferas da honra objetiva e subjetiva. 3. O dano moral
advindo de manutenção indevida nos órgãos de proteção ao
crédito é in re ipsa, haja vista que não carece de demonstração
sobre eventual prejuízo. Precedentes do STJ. 4. O valor da
indenização, contudo, deve guardar correspondência com o
gravame sofrido, devendo o juiz pautarse pelos princípios da
proporcionalidade e da razoabilidade, sopesando as
circunstâncias do fato, as condições pessoais e econômicas
das partes envolvidas, assim como o grau da ofensa moral e
sua repercussão. 5. Recursos conhecidos e desprovidos.
(Acórdão n.807844, 20120111814508APC, Relator:
MARIOZAM BELMIRO, Revisor: NÍDIA CORRÊA LIMA, 3ª
Turma Cível, Data de Julgamento: 24/07/2014, Publicado no
DJE: 01/08/2014. Pág.: 117)

Uma vez caracterizado o dano moral, impõe-se a fixação da


respectiva indenização reparatória/compensatória.
Como cediço, o valor da indenização por dano à esfera moral do
indivíduo comporta juízo subjetivo, na medida em que inexistentes parâmetros
objetivos previamente estabelecidos. Ao fixar o referido quantum, deve o Juiz cuidar
para que não seja tão alto, a ponto de proporcionar o enriquecimento sem causa;
nem tão baixo, ao passo de não ser sentido no patrimônio do responsável pela

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lesão, observando os princípios da proporcionalidade e razoabilidade.


Assim, o magistrado deve ponderar o grau de ofensa produzido, a
posição econômico-social das partes envolvidas, a prolongação da ilicitude,
proporcionando a justa recomposição à vítima pelo abalo experimentado e, de outra
parte, advertir o ofensor sobre sua conduta lesiva, mediante coerção financeira
suficiente a dissuadi-lo da prática reiterada do mesmo ilícito.
Nesse contexto, deve-se destacar as peculiaridades da presente
testilha, visto que o autor está negativado há mais de um ano e existem elementos
que indicam que tal circunstância lhe trouxe problemas negociais, consoante se
extrai do documento de fls. 68.
Nessa linha, trago à colação recentes arestos do Colendo STJ e
dessa Egrégia Corte de Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. DANO MORAL. MANUTENÇÃO INDEVIDA DE
INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO.
QUANTUM INDENIZATÓRIO FIXADO COM RAZOABILIDADE.
1.- A intervenção do STJ, Corte de Caráter nacional, destinada
a firmar interpretação geral do Direito Federal para todo o País
e não para a revisão de questões de interesse individual, no
caso de questionamento do valor fixado para o dano moral,
somente é admissível quando o valor fixado pelo Tribunal de
origem, cumprindo o duplo grau de jurisdição, se mostre
teratológico, por irrisório ou abusivo. 2.- Inocorrência de
teratologia no caso concreto, em que, para a manutenção
indevida de inscrição em cadastro de inadimplentes, foi fixada a
indenização no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a título
de dano moral. 3.- O Agravo Regimental não trouxe nenhum
argumento novo capaz de modificar o decidido, que se mantém
por seus próprios fundamentos. 4.- Agravo Regimental
improvido . (AgRg no AREsp 473.942/RS, Rel. Ministro SIDNEI
BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/03/2014, DJe
28/04/2014)

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO.

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INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE


INADIMPLENTES. LEGITIMIDADE PASSIVA. DANO MORAL
CONFIGURADO. VALOR PROPORCIONAL. TERMO A QUO
DA CORREÇÃO MONETÁRIA. SENTENÇA MANTIDA. 1. A
CIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO apresenta-se como
administradora do cartão de crédito, integrando a relação de
consumo no fornecimento dos serviços de crédito, juntamente
com a FINANCEIRA ITAÚ CBD S.A., já que compartilham os
seus clientes, restando, assim, coobrigadas perante estes. 2.
Não configura mero dissabor a manutenção do nome do
consumidor em serviços de proteção ao crédito após o
adimplemento da obrigação, já que isso ofende flagrantemente
a sua imagem e sua reputação. 3. A jurisprudência desta Corte
encontra-se pacificada no sentido de que a inscrição ou
manutenção indevida do nome do consumidor em cadastro de
proteção ao crédito enseja, por si só, dano moral. 4.
Considerando as circunstâncias particulares do caso concreto,
reputo ser suficiente a verba compensatória fixada na origem -
R$ 7.000,00 (sete mil reais) -, montante razoável e
proporcional, cumpridor da finalidade a que se propõe, sem
gerar enriquecimento sem causa ou implicar oneração
exacerbada da parte ofensora. 5. O termo inicial da correção
monetária incidente sobre a indenização por danos morais é a
data de seu arbitramento, consoante dispõe o enunciado nº
362 da Súmula do STJ. 6. Recurso desprovido. (Acórdão
n.823625, 20140110231233APC, Relator: SEBASTIÃO
COELHO, 5ª Turma Cível, Data de Julgamento: 01/10/2014,
Publicado no DJE: 10/10/2014. Pág.: 164)

Por esses motivos e, em homenagem aos princípios da


razoabilidade e proporcionalidade, pautando a fixação pelo grau de reprovabilidade
da conduta, a sua repercussão na esfera íntima do ofendido, ao caráter educativo, e
à capacidade econômica das partes, fixo a reparação moral em R$ 20.000,00 (vinte
mil reais).
Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso interposto para,

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reformando a sentença recorrida, julgar procedentes os pedidos exordiais, declarar a


inexigibilidade dos boletos bancários vencidos em 15/01/2015 cujo pagamento foi
efetuado no dia subsequente. Em consequência, condeno a ré a proceder a
exclusão da inscrição relativa ao respectivo débito em nome do autor nos cadastros
de inadimplentes, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de multa diária a ser fixada
pelo juízo da execução. Condeno, ainda, a ré ao pagamento ao autor de reparação
de dano moral no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a ser corrigida
monetariamente a partir da data deste julgamento e acrescidos de juros legais desde
a indevida inscrição.
Em face da sucumbência, a ré suportará, ainda, as custas
processuais e os honorários advocatícios que fixo em 20% do valor da condenação.
Deixo de constituir a hipoteca judiciária requerida pelo autor em face
de inexistência de elementos que a justifiquem, mormente considerando o valor da
condenação.
É como voto.

[1] MARTINS COSTA, Judith. Comentários ao novo Código Civil, volume V, tomo I:
do direito das obrigações, do adimplemento e da extinção das obrigações.
Coordenador: Sálvio de Figueiredo Teixeira. Rio de Janeiro: Forense, 203. p. 322
[2] Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor,
não incorre este em mora.
[3] TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Volume Único. 3ª
Edição. Editora Método. São Paulo, 2013, pg. 426.
[4] CAVALIERI, Sérgio Filho cit. STOCO, Rui. Tratada de
Responsabilidade Civil. Tomo I. 9ª Edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
p. 204.

O Senhor Desembargador MARIO-ZAM BELMIRO - Vogal


Com o relator.

O Senhor Desembargador JOÃO EGMONT - Vogal


Com o relator.

Código de Verificação :2016ACO5TMEYKOHM6UFAEFPADQP

GABINETE DA DESEMBARGADORA LEILA ARLANCH 14


Fls. _____
Apelação 20150110166626APC

DECISÃO

DAR PROVIMENTO. UNÂNIME

Código de Verificação :2016ACO5TMEYKOHM6UFAEFPADQP

GABINETE DA DESEMBARGADORA LEILA ARLANCH 15

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