Anda di halaman 1dari 4

Método discursivo e método intuitivo

[...]

A primeira coisa que nos perguntaremos é: que é a intuição? Em que consiste a


intuição?

A intuição se nos oferece, em primeiro lugar, como um meio de chegar ao


conhecimento de algo, e se contrapõe ao conhecimento discursivo. Para
compreender bem o que seja o método intuitivo convém, por conseguinte, que o
exponhamos em contraposição ao método discursivo. Será mais fácil começar pelo
método discursivo.

Como a palavra "discursivo" indica, este método tem relação com a palavra
"discorrer" e com a palavra "discurso". Discorrer e discurso dão a idéia, não de um
único ato encaminhado para o objeto, mas de uma série de atos, de uma série de
esforços sucessivos para captar a essência ou realidade do objeto.

Discurso, discorrer, conhecimento discursivo é, pois, um conhecimento que chega


ao fim proposto mediante uma série de esforços sucessivos que consistem em ir
fixando, por aproximações sucessivas, umas teses que logo são contraditas,
discutidas cada qual consigo mesma, melhoradas, substituídas por outras novas
teses ou afirmações e assim até chegar a abranger por completo a realidade do
objeto, e, por conseguinte, obter dessa maneira o conceito.

O método discursivo é, pois, essencialmente um método indireto. Em lugar de ir o


espírito direto ao objeto, passeia, por assim dizer, ao redor do objeto, considera-o e
contempla-o de múltiplos pontos de vista: vai sitiando-o cada vez mais de perto,
até que por fim consegue forjar um conceito que se aplica perfeitamente a ele*.

Frente a este método discursivo está o método intuitivo. A intuição consiste


exatamente no contrário. Consiste num único ato do espírito que, de repente,
subitamente, lança-se sobre o objeto, apreende-o, fixa-o, determina-o com uma só
visão da alma. Por isso a palavra "intuição" tem relação com a palavra "intuir", a
qual, por sua vez, significa em latim "ver". Intuição vale tanto como visão, como
contemplação

O caráter mais evidente do método da intuição é ser direto, enquanto que o


método discursivo é indireto. A intuição vai diretamente ao objeto. Por meio da
intuição obtém-se um conhecimento imediato, enquanto por meio do discurso, do
discorrer ou do raciocinar, obtém-se um conhecimento mediato, ao final de certas
operações sucessivas*.

A intuição sensível

Existem na realidade intuições? Existem. E o primeiro exemplo, e mais


característico, da intuição, é a intuição sensível, que todos praticamos a cada
instante. Quando com um só olhar percebemos um objeto, um copo, uma árvore,
uma mesa, um homem, uma paisagem, com um só ato conseguimos ter, captar
esse objeto. Esta intuição é imediata, é uma comunicação direta entre mim e o
objeto.

Por conseguinte, fica claro e evidente que existem intuições, embora não fosse
mais que esta intuição sensível; porém, esta intuição sensível não pode ser a
intuição de que se vale o filósofo para fazer o seu sistema filosófico. E não pode ser
a intuição de que se vale o filósofo por duas razões fundamentais. A primeira é que
a intuição sensível não se aplica senão a objetos que se oferecem aos sentidos, e,

1
por conseguinte, só é aplicável e válida para aqueles casos que, por meio das
sensações, nos são imediatamente dados. Em vez disto, o filósofo necessita
tomar, como base do seu estudo, objetos que não se apresentam imediatamente
na sensação e na percepção sensível; tem que tomar como termo do seu esforço
objetos não sensíveis. Não pode servir-lhe por conseguinte a intuição sensível.

Mas, além disso, há outra razão que impediria ao filósofo usar a intuição sensível, e
é porque esta, em rigor, não nos proporciona conhecimento, pois como não se
dirige mais que a um objeto singular, a este que está diante de mim, que
efetivamente está aí, a intuição sensível tem o caráter da individualidade, não é
válida mais que para esse objeto particular que está diante de mim. Em vez disso,
a filosofia tem por objeto não o singular que está aí, diante de mim, mas objetos
gerais, universais. Por conseguinte, a intuição sensível, que está, pela sua essência,
atada à singularidade do objeto, não pode servir em filosofia, a qual, pela sua
essência, se encaminha à universalidade ou generalidade dos objetos.

A intuição espiritual

Se não houvesse mais intuição que a intuição sensível, a filosofia ficaria muito mal
servida.

Mas é o caso que há na nossa vida psíquica outra intuição além da intuição
sensível. Existe, digo, outra intuição que, desde já, antes de trocar-lhe o nome,
vamos denominar "intuição espiritual". Assim, por exemplo, quando eu aplico o
meu espírito a pensar este objeto: "Que uma coisa não pode ser e não ser ao
mesmo tempo", vejo sem necessidade de demonstração (a demonstração é
discurso e conhecimento discursivo), com uma só visão do espírito, com uma
evidência imediata, direta e sem necessidade de demonstração, que uma coisa não
pode ser e não ser ao mesmo tempo. O princípio de contradição, como o chamam
os lógicos, é, pois, intuído por uma visão direta do espírito, é uma intuição.

Quando eu digo que a cor vermelha é distinta da cor azul, esta diferença entre o
vermelho e o azul, vejo-a também com os olhos do espírito mediante uma visão
direta e imediata. Eis um segundo exemplo de uma intuição que já não é sensível.
É sensível a intuição do vermelho, é sensível a intuição do azul, porém a intuição da
relação de diferença — a intuição de que o vermelho é diferente do azul — essa já
não é uma intuição sensível, porque seu objeto, que é a diferença, não é um objeto
sensível, como o azul e o vermelho.

Quando eu digo que a distância de um metro é menor do que a distância de dois


metros, esta diferença, esta relação, é o objeto de uma intuição e não é um objeto
sensível.

Por conseguinte a intuição, que estes exemplos nos descobrem, não é uma intuição
sensível. Existe, pois, uma intuição espiritual, que se diferencia da intuição sensível
em que seu objeto não ó um objeto sensível. Esta intuição tampouco se faz por
meio dos sentidos, mas por meio do espírito.

Até agora vou falando do espírito em geral, sem maior precisão. Mas agora é
preciso ir depurando, purificando, esclarecendo mais esta noção que já temos da
intuição.

Se considerarmos os exemplos com que ilustramos esta intuição espiritual, dar-


nos-emos conta imediatamente de que eles nos colocam diante de um gênero de
objetos que são sempre relações, e estas relações são de caráter formal. Referem-
se à forma dos objetos. Não ao seu conteúdo, mas a esse caráter, por assim dizer,
exterior, que todos os objetos têm de comum: a dimensão, o tamanho etc. Então,

2
por meio da intuição espiritual, no sentido em que a empregamos até agora,
percebemos diretamente, intuímos diretamente formas dos objetos: ser maior ou
ser menor; ser grande ou ser pequeno em relação a um módulo; poder ser ou não
ao mesmo tempo. Mas todas estas são formalidades.

A intuição espiritual nos exemplos que acabo de oferecer é, pois, uma intuição
puramente formal. Se não houvesse outra na vida do filósofo, mal andaria ele. Se
não pudesse ter mais intuições que intuições formais, também não poderia
construir a sua filosofia porque com simples formalismos não se pode penetrar na
essência, na realidade roesma das coisas, como o filósofo pretende mais do que
nenhum outro pensador.

Porém, há na vida do filósofo outra intuição que não é puramente formal, há outra
intuição que, para contrapô-la a intuição formal, chamaremos "intuição real". Há
outra intuição que penetra no fundo mesmo da coisa, que chega a captar sua
essência, sua existência, sua consistência. Esta intuição que vai diretamente ao
fundo da coisa é a que aplicam os filósofos. Não uma simples intuição espiritual,
mas uma intuição espiritual de caráter real, por contraposição à intuição de caráter
formal a que antes me referia. E esta intuição de caráter real, esta saída do
espírito, que vai tomar contacto com a íntima realidade essencial e existencial dos
objetos, esta intuição real, podemos, por sua vez, dividi-la em três classes,
segundo predomine nela, ao verificá-la, por parte do filósofo, a atitude espiritual,
ou a atitude emotiva, ou a atitude volitiva.

A intuição intelectual, emotiva e volitiva

Quando na atitude da intuição, o filósofo põe principalmente em jogo suas


faculdades intelectuais, então temos a intuição intelectual. Esta intuição intelectual
tem no objeto seu correlato exato. Já sabemos que todo ato do sujeito, todo ato do
espírito na sua integridade, se encaminha para os objetos, e o ato do sujeito tem
então sempre seu correlato objetivo, consistente, para tal intuição, na essência do
objeto. A intuição intelectual é um esforço para captar diretamente mediante um
ato direto do espírito, a essência, ou seja, aquilo que o objeto é.

Mas existe, além disso, outra atitude intuitiva do sujeito em que atuam
predominantemente motivos de caráter emocional. Esta segunda espécie de
intuição, que chamamos intuição emotiva, tem também seu correlato no objeto. O
correlato a que se refere intencionalmente a intuição emotiva já não é a essência
do objeto, já não é aquilo que o objeto é, mas o valor do objeto, aquilo que o
objeto vale.

No primeiro caso a intuição nos permite captar o éidos, como se diz em grego, a
essência ou a consistência do objeto. No segundo caso, ao contrário, o que
captamos não é aquilo que o objeto é, mas aquilo que o objeto vale, ou seja, se o
objeto é bom ou mau, agradável ou desagradável, belo ou feio, magnífico ou
mísero.

Todos estes valores que estão no objeto são captados por uma intuição
predominantemente emotiva.

E existe uma terceira intuição na qual as motivações internas do sujeito, que se


coloca nessa atitude, são predominantemente volitivas. Esta terceira intuição em
que os motivos que se entrechocam são derivados da vontade, derivados do
querer, tem também seu correlato no objeto. Não se refere nem â essência, como a
intuição intelectual, nem ao valor, como a intuição emotiva. Refere-se à existência,
à realidade existencial do objeto.

3
Por meio da intuição intelectual propende o pensador filosófico a desentranhar
aquilo que o objeto é. Por meio da intuição emotiva propende a desentranhar aquilo
que o objeto vale, o valor do objeto. Por meio da intuição volitiva desentranha não
aquilo que é, senão que é, que existe, que está aí, que é algo distinto de mim. A
existência do ser manifesta-se ao homem mediante um tipo de intuição
predominantemente volitiva.

Fonte
MORENTE, Manuel Garcia. Método discursivo e método intuitivo. In:______.
Fundamentos de filosofia: lições preliminares. Tradução Guillermo da Cruz
Coronado. São Paulo: Mestre Jou, 1976. Disponível em:
<http://www.consciencia.org/fundamentosfilosofiamorente3.shtml>. Acesso em:
21 jan. 2007.

Anda mungkin juga menyukai