ciencia politica
formas de governo
lisboa
1996
título: ciência política - formas de governo autor:
jorge miranda
nota prÉvia
formas de governo
em geral
capitulo 1
conceitos e tipologias
fundamentais
i.preliminares
em geral
1 - num relance geral pelas tipologias de formas políticas’ dir-se-á antes de mais:
a) que nelas se encontram (como salienta, por exemplo, bobbio) quase sempre
elementos de duas ordens: não só descritivos mas também prescritivos - donde,
classificações, umas sistemáticas e outras axiológicas;
1. cfr., entre tantos, bluntschli, théorie générale de l’etat, trad., 3.’ ed., paris, 1891,
págs. 294 e segs.; g. jellinek, allgemeine staatslehre, 1900, trad. cast. teoria general
del estado, buenos aires, 1954, págs. 501 e segs.; nlçrnoco e sousa, direito político
-poderes do estado, coimbra, 19 10, págs. 83 e segs.; c. scmitt, verfassungslehre,
1927, trad. cast. teoria de la constitucián, madrid-méxico, 1934-1966, págs. 259 e
segs.; emilio crossa, ”sulla teoria delle forme di stato”, in rivista internazionale di
filosofia del diritto, 193 1, págs. 18 e segs.; h. kelsen, teoria general del estado, trad.
cast., barcelona-madrid, 1934, págs. 408 e segs.; santi romano, principii di diritto
costituzionale generale, 2. ed., milão, 1947,
12
págs. 142 e segs.; charles eisen1~ cours de droit constitutionnel comparé, policopiado,
paris, 1950-195 1; cabral de moncada, filosofia do direito e do estado, i, 2. ed.,
coimbra, 1955; queiroz lima, teoria do estado, 8.2 ed., rio de janeiro, 1957, págs. 218 e
segs.; k. lowenstein, verfassungslehre, trad. cats. teoria de la constitución, barcelona,
1964, págs.
41 e segs.; george catlin, systematic politics, toronto, 1962, trud. port. tratado de
política, rio de janeiro, 1964, págs. 193 e segs.; robert mac iver, the web of
government, 1965, trad. cast. teoria del gobierno, madrid,
1966, págs. 139 e segs.; g. burdeau, traité de science polítique, v, 2. ed., paris, 1970;
c. mortati, lezione sulle forme de governo, pádua, 1973, maxime págs. 73 e segs.;
manuel ji21enez de parga, los regimenes políticos contemporaneos, 5.2 ed., madrid,
1974, maxime págs. 120 e segs.; reinhold zippelius, allgemeinstaatslehre, trad. port.
teoria geral do estado, lisboa, 1974, págs. 72 e segs.; klaus von bey1vie, ”formas de
dominación”, in marxismo y democracia - enciclopedia de conceptos básicos. política 3,
trad. cast., madrid, 1975, págs. 70 e segs.; norberto bobbio, la teoria delle fórme di
governo, turim, 1976; marcello caetano, direito constitucional, 1, rio de janeiro, 1977,
págs. 409 e segs.; josÉ alfredo oliveira baracho, regimes políticos, são paulo,
1977; adriano moreira, ciência política, lisboa, 1979, págs. 137 e segs.; paulo
bonavides, ciência política, 6.l’ ed., rio de janeiro, 1986, págs. 223 e segs.; jean-louis
quermonne, les régimes politiques occidentaux, paris, 1986; constatin l. georcopoulos,
contribution à la elassification des régimes politiques, paris, 1987; vitalino canas,
preliminares de estudo da ciência política, macau, 1992, págs. 37 e segs.; giuseppe de
vergottini, diritto costituzionale comparato, 4.2 ed., pádua, 1993, págs. 95 e segs.;
gomes canotilho, direito constitucional,
6.-1 ed., coimbra, 1993, págs. 707 e segs.
13
partir da idealização de uma forma concreta verificada (como atenas ou
esparta na antiguidade, a inglaterra ou a suíça na idade moderna),
sejam pensados a partir de uma síntese de elementos bons de várias
formas de governo (dando origem aos chamados governos mistos), ou
sejam pensados em termos de pura construção ideal ou utopia’;
1. À letra, utopia significa porém (ou por isso mesmo) não lugar, lugar
inexistente, nenhures.
14
15
a) adoptam critérios extremamente variados e, não raro, critérios
múltiplos;
17
c) ao mesmo tempo, nos estados unidos (madison) e depois, durante a maior
parte do século xix, a república como governo representativo contraposto à
democracia pura ou governo directo’.
e segs.
18
3) a democracia;
19
11 - mas a mais célebre das análises das formas de governo pertence a
aristóteles (política, cap. v do livro 111), se bem que o critério
fundamental em que assente remonte a heródoto.
20
22
aristocracia e demo-
- monarquia aristocrática;
- monarquia democrática;
- aristocracia aristocrática;
- aristocracia monárquica;
- aristocracia democrática;
- democracia monarquica;
- democracia aristocrática; e
- democracia democrática.
23
com isto, chega-se a formas aparentemente mistas. só que o próprio
bodin vem, polemicamente, pÔr em causa a existência de governos
mistos, afirmando que, em qualquer estado, há sempre um princípio que
prevalece.
haveria três idades: a dos deuses, a dos heróis e a dos homens. a idade
dos deuses corresponderia à teocracia, a dos heróis à aristocracia e a
dos homens quer à democracia ou república popular quer à monarquia.
a sucessão de formas políticas seria: aristocracia (a primeira forma de
estado), democracia e monarquia.
24
25
daqui passa montesquieu para uma segunda classificação, agora sob
prisma prescritivo e valorativo, declarando a monarquia e a república
governos moderados e contrapondo-lhes o governo despótico. e é nesta
distinção fundamental que vai entroncar a separação dos poderes,
porque os governos moderados se definem não já pela titularidade ou
pelo exercício, mas sim pela limitação de poder.
viii - também kant se ocupa (na paz perpétua) da análise das formas
políticas, observando a diferença das pessoas que possuem o supremo
poder do estado e o modo de governar o povo.
27
sociedade e a realização plena da ideia de história e da ideia de
sociedade.
29
loewenstein, por isso, apresenta uma bipartição das formas de governo
em razão de um critério da limitação:
são animados por uma força única ou por uma pluralidade de forças). os
governos monocráticos englobam as monocracias autoritárias e as
monocracias populares. os governos deliberativos são aqueles em que
há discussão e oposição.
31
2. sistemas tradicionais - correspondentes a não acesso das pessoas,
dos súbditos, ao poder;
por curiosidade, vale ainda a pena citar o quadro das formas de governo
de fernando pessoa (”considerações pós-revolucionárias”, in páginas de
pensamento político - 1, 1910-1919, com organização de antônio
quadros, lisboa, 1986, pag. 58):
32
aristocratismo democratismo
monarquismo monarquia absoluta monarquia democrática
individualismo integral
anarquia pura
33
ii - quando pensamos em estado temos de pensar sempre numa certa
concretização do estado, numa certa manifestação histórica de estado;
pois é disso que se cuida quando se fala em tipos de estado’. É
diferente o estado moderno do estado romano, por exemplo; e aqui só
cabe cuidar do estado moderno.
34
35
pelo contrário, pouco conteúdo político tem hoje, corno se notou já, o
contraste entre monarquia (a monarquia constitucional) e república. não
deixa, porém, apesar de tudo, de revestir algum significado a nível
institucional e de cultura cívica, pelo que se justifica propor um conceito
autónomo para o contemplar - o de forma institucional.
36
a forma de governo é definida nos arts. 9.% alínea c), e 10.9, n.9 2 como
democracia política e no art. 112.2 como sistema democrático; e
recortada através de elementos como a soberania popular (arts. 2.2,
3.% ri.!’ 1. e 111.2), o pluralismo (art. 2.2), a representação política
(arts. 10.9, 49.` e 116.l» e a separação e a interdependência de órgãos
de soberania (arts. 113.2 e 114.9).
1. cfr., por todos, david easton, the political system, nova iorque, 1953;
georges burdeau, traité .... vii, págs. 578 e segs.
37
0 sistema de governo decorre dos poderes, das acções recíprocas e dos
estatutos dos vários órgãos políticos - a nível nacional, do presidente da
república, da assembleia da república e do governo (maxime arts. 123.2,
124.9, 136.1’ e segs., l64.2 e segs., 193.l> e segs. e 201.2 e segs.); e a
nível regional, da assembleia legislativa e do governo regional (art.
233.2).
38
capitulo ii
os problenias cardeais
§ 1.o legitimidade
5. sentido da legitimidade
1. v., entre tantos, max weber, wirtschaft und geselischaft, 1922, trad. cast. economia
y sóciedad, méxico, 1944-1969, 1, págs. 170 e segs.; guguelmo ferrero, pouvoir - les
génies de la cité, nova iorque, 1942; lidêe de légitimité, obra colectiva, paris, 1967;
alessandro passerin uentrÈves, obedienza e resistenza in una società democratica,
milão,
1970; reinhold zippelius, op. cit., págs. 255 e segs.; marcello caetano, op. cit., 1, págs.
293 e segs.; pouvoirs, n.9 5, 1978; afonso queiró, ”tirania”, in verbo, x-vh, págs. 1579 e
segs.; legitimation of regimes, obra colectiva ed. por bogi)an denitch, beverly hilis e
londres,
1979; conflict and control - challenge oflegitimacy ofmodern governments, obra
colectiva ed. por anthon j. vidich e ronald m. glossman, beverly hilis e londres, 1979;
gomes canotilho, constituição dirigente e vinculação do legislador, coimbra, 1982,
págs. 14 e segs.; dictatures et légitimité, ob. col. sob direcção de maurice duverger,
paris, 1982; joÃo baptista
41
todas as formas de governo assentam numa determinada justificação.
pretendem fundamentar-se, legitimar-se em certo princípio (ou ideia de
direito, para usar uma expressão de
42
43
tradições, as crenças, as doutrinas políticas); mais recentemente,
privilegiam-se os factores económicos, seja o domínio de classe ou a
conjuntura de riqueza ou bem-estar; e também se tem procurado
interpretá-los em meros moldes sociológicosi.
6. a legitimidade na história
44
não é por acaso que ocupa um grande lugar na doutrina cristã da idade
média, quando se procura, no meio de enormes convulsões, estabelecer
situações políticas com estabilidade e que, ao mesmo tempo, sejam
situações de limitação de poder (porque legitimar o poder é ao mesmo
tempo limitá-lo de acordo com os fins correspondentes à legitimidade). e
é então que bçrtolo fórmula a contraposição entre legitimidade de
título (ou legitimidade derivada do modo de designação) e
legitimidade de exercicio (ou legitimidade derivada do modo de
exercício das funções ou do poder político).
nem é por acaso que a questão volta a ter uma grande acuidade na
europa nos séculos xviii e xix. se na inglaterra se transita, como se sabe,
com relativa facilidade, para a monarquia parlamentar, já na maior parte
do continente tal não acontece e, em alguns países - entre os quais
portugal - a instauração de formas liberais e democráticos mostra-se
lenta e precária’.
0 século xx, século de revoluções e de transformações radicais por toda
a parte, viria a ser, finalmente, também ele marcado pela legitimidade:
destruição de antigas legitimidades monarquicas ainda subsistentes e-
de legitimidades imperiais, conflitos de legitimidades, assim como, em
alguns casos, consolidação ou sedimentação de princípios de
legitimidade antes apenas afirinados nos textos constitucionais.
45
11 - a propósito da passagem da legitimidade monárquica absoluta do
século xviii para a legitimidade democrático-liberal ou monárquico-
liberal ou monárquico-constitucional ao longo do século xix, giglielmo
ferrero apontou três formas de governo:
46
48
49
111 - importa também aqui fazer referência à mais sugestiva e fecunda
das teses empíricas, de matriz sociológica, sobre legitimidade: a da
legitimação pelo procedimento i. pensada para o sistema jurídico em
geral, aplica-se ainda à legitimidade do poder e dos govemantes.
50
- objecto da legitimidade;
- fundamento;
- causa;
- função; forma.
51
no tocante às formas de governo, cabe considerar quatro princípios: o
da legitimidade teocrática, o da legitimidade monocrática, o da
legitimidade aristocrática e o da legitimidade democrática. a estes
princípios podem corresponder grandes concepções de regime e de
governo.
52
participacÃo poutica
56
o governo.
58
1. cfr. marnoco e sousa, op. cit., pág. 99, falando (embora incidentalmente) na
importância da participação real dos cidadãos no governo, para determinar a
diversidade e fazer a classificação das suas formas.
60
democracia participativa .
i. por exemplo: a petição ou representação dirigida a titulares de órgãos
electivos.
aos govemantes.
62
1 . compreende-se, sob este foco, por que razão a luta pela conquista de
direitos políticos, nomeadamente, do direito de sufrágio, não se esgota
nunca na simples participação, nem é sequer movida pela ideia de
participação pela participação. essa luta faz-se quase sempre pela
defesa de interesses sectoriais ou por certa maneira de interpretar o
interesse geral, na medida em que os direitos políticos constituem
instrumento primacial de protecção dos interesses dos seus titulares.
63
a representação é aqui, não uma representação da comunidade política como um
todo, mas dos sectores ou ordens provenientes da idade média e que subsistem com
maior ou menor autonomia; e os representantes estão vinculados às instruções que
recebem, num mandato imperativo semelhante ao mandato civil. por isso, e porque ao
rei se reconhece a plenitude do poder, a função da representação exaure-se,
praticamente, na garantia dos interesses e privilégios dos estamentos uns perante os
outros e perante o rei.
por seu lado, quando no continente, entre os séculos xviii e xix, se tenta a superação
do ancien régime e a construção de uma nova ordem política, assente nos direitos
individuais e na divisão do poder, a ela se liga, necessariamente, a formação de uma
ou mais de uma assembleia representativa de cidadãos enquanto tais. sem
representação de cidadãos não há liberdade e não há constituição, no sentido do art.
16.9 da declaração de 1789.
1 . cfr., entre tantos, montesquieu, de 1 Ésprit des lois, cap. vi do livro xl; rousseau, du
contrat social, cap. xv do livro 11j; sieyÈs, quest-ce que le tiers état, cap. iii, § ii e cap.
iv, s v11; benjamin constant, príncipes de politique, paris, 1815, págs. 23 e 62; de
lolme, constitution de 1 angleterre, paris, 5. ed., 1819, págs. 269 e segs.; custódio
rebelo de carvalho, bases de todo 0 governo representativo ou condições para que a
carta constitucional da monarquia portuguesa seja uma realidade, londres, 1832; stuart
mill, considerations on representative government, londres, 1861; antónio custódio
ribeiro da costa, princípios e questões da filosofia política - i - condições científicas do
direito de sufrágio, coimbra, 1878; a. esmein, ”deux fonnes de gouvernemenf’, in
revue du droitpublic, 1894, 1, págs. 15 e segs.; v. e. orlando, ”du fondementiuridique
de ia réprésentation politique”, ibidem, 1895, págs. 1 e segs,; rocha sar_aiva ”as
teorias sobre a representação política e a nossa constituição-, in revista de justiça, ano
1, 1916, págs. 233 e segs. e 313 e segs.; lenine, as eleições para a assembleia
constituinte e a ditadura do proletariado, trad. port., coimbra, 1975; carl schmitt, qp,
cit., págs. 231 e segs.; carrÉ de malberg, ”considérations théoriques sur ia question de
ia combinaison du reférendum avec le parlementarisme”, in revue du droit public, 193
1, págs. 225 e segs.; luigi rossi, ”la reppresentanza politica”, in scritti vari di diritto
pubblico, v, milão, 1939, págs. 79 e segs.; carlo esposito, ”la rappresentanza
istituzionale”, in séritti in onore di santi romano, 1, pádua, 1940; gerhardt lei13holz,
”déniocratie réprésentative et État de partis moderne”, in revue internationale
dhistoire politique et constitutionnelle, janeiro-março de 1952, págs. 51 e segs., e die
reprãsentation in der demokratie, 1973, tradução italiana la rapprensentazione nella
democrazia, milão, 1989; vincenzo zangara, la rappresentanza istituzionale, pádua, 2.
ed., 1952; maurice duverger, ”esquisse d’une théorie de ia réprésentation politique”, in
65
11 - a doutrina da representação política é elaborada quase ao mesmo tempo pela
doutrina política inglesa (desde locke a burke) e francesa (desde montesquieu a sieyÈs
e a b. constant). no entanto, ainda no século xviii, sofre a sua primeira grande
contestação, a de rousseau. vale a pena recordar os elementos mais significativos do
pensamento destes autores, com os seus matizes específicos.
alcuni organi dello stato”, in jus, 1985, págs. 88 e segs.; e.w. bõckenfõrde, ”democrazia
e rappresentanza”, in quaderni costituzionali, 1985, págs. 227 e segs.; pedro vega,
”significado constitucional de ia representación política”, in revista de estudios
políticos, março-abril de
1985, págs. 25 e segs.; la réprésentation, obra colectiva sob a direcção de françois
d’arcy, paris, 1985; representatives of the people? - parliamenis and constituents in
western democracies, obra colectiva, cambridge, 1985; paulo bonavides, qp. cit., págs.
235 e segs. e 309 e segs.; angel rodriguez dias, ”un marco para el analisis de ia
representación política en los sistemas dernocraticos11, in revista de estudios politicos,
outubrodezembro de 1987, pags. 137 e segs.
67
montesquieu e, posteriormente, os autores liberais pronunciam-se
contra os sistemas democráticos, por temerem que em sistemas
democráticos se verificasse uma concentração do poder num único
titular, que seria o povo, ou em órgãos, que, baseados no povo, viessem
a pôr em causa as liberdades individuais. só a representação permitiria
a divisão de poder.
direitos políticos nos deixa tempo para o exercício dos nossos direitos
privados, mais esta liberdade nos é preciosa. e daí, a necessidade do
sistema representativo, que não é outra coisa senão uma organização
com a ajuda da qual uma nação descarrega nalguns indivíduos dela
mesma aquilo que ela não pode fazer por si só.
”os pobres tomam conta dos seus próprios negócios; os ricos tomam
intendentes. É a história das nações modernas. 0 sistema representativo
é uma procuração dada a um certo número de homens pela massa do
povo que quer que os seus interesses sejam por eles defendidos.”
69
e mais adiante: ”não sendo a lei senão a declaração da vontade geral, é
claro que no poder legislativo o povo não pode ser representado; mas
pode e deve sê-lo no poder executivo, que é apenas a face aplicada da
lei.”
a ser:
70
71
a representação reduz-se à legitimação dos govemantes pelo
consentimento dos governados, e a renovação que naqueles propicia
resulta, sobretudo, da preocupação de impedir os abusos da demasiado
longa ocupação do poder. mais importante do que promover a
participação de todos os cidadãos parece aos teóricos do liberalismo
promover um governo conforme à razão e que salvaguarde as
liberdades e garantias individuais.
detentores do poder.
74
b) nem como essência dos seus órgãos - pois o órgão não representa o
estado, é um elemento do estado, e os actos que pratica são-lhe,
directamente, imputados sem distinção de esferas jurídicas; -
76
pode é este ou aquele sistema eleitoral, confonne os casos, ser mais ou menos
integrador da unidade política’.
1 . c fr. infra.
2. ou monarquias não electivas em momentos de vacatura de trono, como
sucedeu em portugal em 1385, com a eleição do mestre de avis, d. joão i.
79
com efeito, ter um poder jurídico significa ter um poder de querer; por
conseguinte, atribuir o poder no estado ao povo significa em democracia
que a vontade do povo se há-de converter em vontade do estado;
configurada, primeiro, fora do aparelho estadual, a eleição (fonte da
índole representativa dos órgãos governativos) é agora um acto do
estado e o colégio eleitoral, porventura, um órgão sui generis.
80
111 - resta o problema mais delicado hoje: o das relações entre os repre
sentantes e os partidos. dele se tratará adiante ao estudar-se o
fenômeno partidário.
82
§ 3.’ pluralismo
83
como qualquer liberdade, a liberdade política (que se decompõe em
liberdade de imprensa, de expressão por quaisquer outros meios, de
associação, de reunião, de manifestação, etc.) destina-se à realização
da pessoa, individual ou institucionalmente considerada. todavia, o ter
por objecto os poderes políticos leva-a, quase de imediato, a
correlacionar-se com a participação política. não há regime político
favorável à liberdade que seja contrário à participação política dos
cidadãos (mesmo se logo daí não tira o corolário do sufrágio universal);
nem pode haver participação sem liberdade política’.
85
instituições em que se traduz variam bastante (não são as mesmas
nesses países ou em qualquer deles e na suíça ou nos países nórdicos);
mas, no fundo, para lá dos sistemas de governo e das instituições são as
características comuns que prevalecem.
1. cfr., por exemplo, a obra colectiva editada por j.l. se=, la démocratie
pluraliste, paris, 1981; ou feliks gross, toleration and pluralism, in il
politico, 1985, págs. 181 e segs. (num relance mais amplo, por abranger
também a religião, este autor distingue quatro modelos de estado:
estado inquisitorial, estado intolerante, estado tolerante e estado
pluralista).
86
até ao século xviii não havia senão a atitude individual dos que,
invocando a sua consciência ética, negavam a legitimidade de certos
governantes ou de alguns dos actos destes; ou a atitude colectiva de
insurreição, muitas vezes conduzindo à guerra civil ou internacional.
90
91
§ 4.’
divisÃo do poder
94
nem por isso são menos nítidas as diferenças entre estas duas
manifestações de divisão de poder e a moderna concepção de
separação de poderes:
1. cfr. cícero de legibus, trad. port. das leis, são paulo, 1967, pág. 101:
se um magistrado único tivesse mais autoridade que todos os seus
pares, teríamos apenas trocado a denominação do rei, sem alterar a
essência da realeza.
95
1.2) tanto às magistraturas romanas como à organização estamental falta uma ideia
de especialização orgânico-funcional ou de distribuição de diversas faculdades,
objectivamente consideradas, por mais de um centro subjectivo de poder;
2.2) tanto a uma como a outra falta a conexão com a ideia de direitos fundamentais,
porque os antigos não conheceram a liberdade política e o estado medieval não curou
senão de assegurar diante do rei imunidades, privilégios, prerrogativas em concreto de
estamentos, e não direitos individuais dos homens enquanto tais.
1. sobre a separação de poderes, deve, antes de mais, ler-se locke, the second treatise
of governinent (capítulos vii, x11 e xiv); montesquieu, de l’esprit des lois (capítulos iv e
v do livro xi); rousseau, du contrat social (capítulo 1 do livro 111); madison, the
federalist (n.os 47 e 48).
e depois, para aprofundamento da problemática, entre tantos, saint girons, essai sur la
séparation des pouvoirs dans pordre politique, administratif etjudiciaire, paris, 1881; e.
art=, liséparation des pouvoirs, et separation des fonctions”, in revue du droitpublic,
xiii, 1900, págs. 214 e segs. e 470 e segs., xiv, 1900, págs. 34 e segs. e 436 e segs.),
xvii, 1902, págs. 78 e segs., 234 e segs. e 439 e segs.,-xx, 1903, págs. 415 e segs.; j. j.
chevalier, ”de ia distinction établie par montesquieu. entre ia faculté de statuer et ia
faculte d’empêcher”, in mélanges maurice hauriou, 1929, págs. 139 e segs.; charles
eisenmann, ”’l’Ésprit des lois’ et ia separation des pouvoirs”, in mélanges r. carré de
malberg, paris, 1933, págs. 163 e segs.; balladore pallieri, ”appunti sulia divisione dei
poteri nella
96
vigente costituzione italiana”, in rivista tilmestrale di diritto pubblico, 1952, págs. 811 e
segs.; louis althusser, montesquieti, la politique.et l’hístoire, paris, 1959; m.c.j. vile,
constitution and the separation of powers, oxónia, 1969; rogÉrio soares, direito público
e sociedade técnica, coimbra, 1969, págs. 145 e segs.; marques guedes, ”separação
de poderes”, in verbo, xv, pág. 353; afonso queiró, ”poderes do estado”, ibidem, págs.
353 e segs.; reinhold zippelius, op.cit., págs.
146 e segs.; georges vlachos, la politique de montesquieu, 1974; arnd merkel e gerd
meyer, ”división de poderes”, in marxismo y democracia - enciclopedia de conceptos
basicos - política, 2, trad., madrid,
1975, págs. 143 e segs.; marcello caetano, op.cit., 1, págs. 232 e segs e 370 e segs.;
pierre lavigne, ”l’unité du pouvoir d’État dans le doctrine constitutionnaliste socialiste
contemporaine”, in mélanges offei-ts à georges burdeau, paris, 1977, págs. 599 e
segs.; agostino carrino, ”uni critica marxista alla ’divisione dei poteri”’, in rivista
internazionale di filosofia del diritto, 1977, págs. 904 e segs.; gaetano silvestri, la
separazione dei poteri, 1, milão, 1979; solozabal echavarria, ”sobre el principio de ia
separación de poderes”, in revista de estudios políticos, novembrodezembro de 1981,
págs. 215 e segs.; paulo bonavides, op. cit., págs.
145 e segs.; sÉrvulo correia, legalidade e autonomia contratual nos contratos
administrativos, lisboa, 1987, págs. 25 e segs.; jorge reis novais, contributo para uma
teoria do estado de direito, coimbra, 1987, págs. 82 e segs.; nuno piÇarra, a separação
de poderes como doutrina e princípio constitucional, coimbra, 1989.
mas o livro de locke não teve o impacto do de 1’esprit des lois não só
por causa de uma menor difusão como por ter sido escrito ainda cedo
(ainda no século xvii) e demasiado voltado para a situação inglesa após
1688. de resto, ele não propugnava uma completa divisão de poder,
visto que entendia que o poder primordial no estado era o poder
legislativo (o qual determinava
4 diferentes formas de governo).
98 ’
99
”não há também liberdade se o poder de julgar não está separado do
poder legislativo e do poder executivo. tudo estaria perdido se o mesmo
homem ou o mesmo corpo de magistrados ou do povo exercesse esses
três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de
julgar os crimes ou os diferendos de particulares.”
100
101
neste capítulo 1 (sob a epígrafe ”do governo em geral”) do livro 111 do
contrato social, rousseau claramente vem opor-se à separação de
poderes. rousseau admite uma distinção de funções - legislativa e
executiva. mas considera que a função legislativa é a única que é
soberana, ao passo que a função executiva é uma função intermediária,
não soberana, que não tem nenhuma virtualidade de limitar o poder
legislativo.
102
104
105
quanto ao poder conservador não é simplesmente paráfrase do poder
moderador de benjamin constant, pois que lhe cabe não apenas manter a
independência e harmonia dos outros quatro poderes mas também fazer
observar os direitos de cada cidadão. os órgãos dos diferentes poderes
exerceriam atribuições de poder conservador e deveria haver ainda uma
autoridade especial: o conselho de inspecção e censura constitucional,
composta por cinco membros escolhidos nas eleições gerais nos graus mais
elevados da hierarquia civil .
106
107
em contrapartida, nos estados unidos, o sistema de governo presidencial
tem-se traduzido numa separação orgânica muito mais nítida do que
nos países europeus de governo parlamentar ou aparentado, nos quais
os ministros fazem parte dos parlamentos e estes podem ser dissolvidos
pelo chefe do estado.
108
110
111
capitulo iii,
formas e sistemas
de governo
22. as oito formas de governo modernas
115
5) monarquia limitada, que corresponde a uma primeira época da
restauraçao e a monarquia que ira prevalecer na alemanha e na Áustria
no século xix;
8) governo fascista, que, não sendo uma forma tão homogénea como
a do governo leninista, é, mesmo assim, historicamente
bem demarcada.
elas resultam, com mais ou menos nitidez, das diferentes respostas aos
problemas cardeais acabados de expor, da sua consideração como
critérios taxonónicos. mas não pode, simultaneamente, deixar de se
salientar a conexão histórica entre elas, bem como a relatividade de
alguns aspectos de distinção.
116
117
repare-se como duas formas de democracia, duas formas de governo
que tão fortemente invocam a democracia, podem chegar a resultados
aparentemente tão diferentes - a democracia jacobina e o governo
cesarista - ainda que não tão antagónicos em termos de pluralismo
político (pois uma e outro conduzem ao monismo).
118
120
121
e observe-se que pluralismo não equivale a pluricracia. esta significa
pluralidade de centros de poder, como houve no estado grego, no
romano, na idade média e no estado estamental. mas pluralismo
(político e ideológico) é mais do que isso: é a liberdade assumida como
valor político com todas as suas consequências oá o dissemos).
formas de governo
quanto à legitimidade
legitimidade monárquica.
monarquia.
república aristocrática.
democracia directa.
democrático.
122
quanto ao pluralismo
monismo: monarquia:
monocracia: monarquia:
república democrática
123
podemos dizer (embora isto carecesse de um mais longo exame) que as formas de
governo pluricráticas, ou mesmo as pluricracias, tendem a uma pluralidade também de
sistemas de governo e que as formas de governo monistas ou monocráticas tendem a
um número reduzido de sistemas de governo. mas não há correlação necessária.
pags. 235 e segs.; k. loewenstein, op- cit., págs- 173 e segs.; manuel jimenez de parga,
op. cit., págs. 128 e segs.; manuel garcia pelayo, derecho constitucional comparado, 8.
ed., madrid, págs. 249 e segs.; comparative government, obra colectiva editada por
jean blondel, londres, 1969; paolo biscaretti di ruffia, introduzione al diritto
costituzionale comparato, milão, 1969, págs. 51 e segs.; maurice duverger, op. cit., 1,
págs. 229 e segs.; costantino mortati, op- cit., págs. 157 e segs.; theo stammen,
sistemas politicos actuales, trad. cast., madrid, 1974; marcello caetano, op. cit., 1,
págs. 416 e segs.; jean-claude colliard, les regimes politiques contemporains, paris,
1978; marcel prÉlot e jean boulois, institutions politiques et droit constitutionnel, 8.4
ed., paris,
1980, págs. 49 e segs.; andrÉ gonÇalves pereira, 0 semipresidencialismo em portugal,
lisboa, 1984; paulo bonavides, qp. cit., págs. 357 e segs; les régimes semi-
presidentiels, obra colectiva editada por maurice duverger, paris, 1986; arend lijphart,
las democracias contemporaneas, trad., barcelona, 1987; bernard chantebout, droit
constitutionnel et science politique, 9.2 ed., paris,
1989, págs. 297 e segs.; armando marques guedes, sistemas políticos, coimbra, 1990;
vitalino canas, op. cit., págs. 129 e segs.; giuseppe, de vergottini, op. cit., págs. 542 e
segs.
124
devemos partir da visão jurídica para a política. em primeiro lugar, porque os sistemas
de governo se definem, antes de mais, com base num determinado enquadramento de
órgãos e estes vão ser descritos e depender, antes de mais, das normas
constitucionais. em segundo lugar, mesmo quando os factores de ordem política
prevalecem sobre os jurídicos, mesmo assim estes conseguem resistir com autonomia;
e em momentos de crise ou de ruptura, ainda é o factor jurídico que vai agir e permitir
determinadas formas de transição.
125
26. a perspectiva jurídica dos sistemas
de governo
126
128
1 0 sistema parlamentar;
2.’ - 0 sistema presidencial;
3.’ - 0 sistema directorial;
130
131
sistemas de concentração de poder:
1 - monarquia limitada
b - governo de chanceler
3 - sistema convencional
- sistema parlamentar
imperfeito
sistema directorial
semipresidencial.
132
133
111 - a diferença entre sistemas de governo parlamentar de gabinete
e sistema de governo parlamentar de assembleia decorre,
exclusivamente, de condições extrínsecas às normas constitucionais de
repartição de competências. decorre do sistema eleitoral e do sistema
de partidos.
134
11 - assim:
135
projectos políticos próprios, mas realizam-nos através de um governo
misto ou formalmente civil, ainda que presidido, quase sempre, por um
militar.
137
titulo 11
a democracia representativa
capítulo 1
principios e problemas
gerais
29. democracia e soberania do povo
1. cf. carlo esposito (ia costituzione italiana, pádua, 1954, pág. 10): o
conteúdo da democracia não é que o povo constitua a fonte histórica ou
ideal do poder, mas que ele tenha o poder; não que ele tenha só o poder
constituinte, mas que lhe pertençam poderes constituídos; não que ele
tenha a soberania nua, mas sim o exercício da soberania.
144
145
se incorporam podem ser objecto de direitos compreendidos na
soberania ou, mais rigorosamente, sujeitos de relações jurídicas com o
estado.
146
poderá talvez atalhar-se que esta distinção não deixa de ser ainda
excessivamente formal. a objecção, porém, não procede, porque, para
qualificar qualquer sistema político não basta ler as proclamações
constitucionais, importa confrontá-las com as consequencias que o
direito, decretado e vivido, extrai das mesmas; e se se recorrer a uma
investigação interdisciplinar para se procurar o suporte real do poder
(chefe do estado, governo ou parlamento, órgãos formais ou partidos,
govemantes ou classes dominantes, etc.), haverá sempre aí que concluir
pela coincidência ou não coincidência do efectivo exercício do poder
com o título jurídico da sua atribuição ou não ao povo
147
iv - para designar o princípio democrático, a revolução francesa lançou as locuções
”soberania do povo” e ”soberania nacional”, as quais persistem ainda em numerosas
constituições, na linguagem doutrinal e na prática política’.
1. cfr., entre tantos, edmond velley, ”la souveraineté national&’, in revue de droit
public, 1904, págs. 5 e segs.; Émile boutmy, ”À propos de ia souveraineté du peuple”,
in Études polítiques, paris, 1907, págs. 31 e segs.; maurice hauriou, la souveraineté
nationale, paris, 1912; a. esmein, Éléments de droit constitutionnelfrancais et
comparé, v ed., 1, paris, 1921, págs. 284 e segs.; vezio crisafulli, ”la sovranità popolare
nella costituzione italiana”, in scritti giuridici in memoria di v.e. orlando, obra colectiva,
1, pádua, 1957, págs. 409 e segs.; emilio crosa, ”variazioni su un tema di v.e. orlando”,
ibidem, págs. 479 e segs.; le mong nguy1en, ”contribution à ia théorie de ia
constitution souveraine par le peuple”, in revue du droit public, 197 1, págs. 923 e
segs.; costantino mortati, ”la costituente”, in scritti, 1, milão, 1972, págs. 73 e segs.;
antonio pÉrez luf40, «aproximación analitico-linguistica al términe ”soberania
popular”», in derecho y soberania popular - anales de la catedra francisco suarez
(universidad de granada), n.2 16, 1976, págs. 137 e segs.; martin krielle, introducción
a la teoria del estado, trad., buenos aires, 1980, págs. 315 e segs.; guillaume bacot,
carré de malberg et vorigine de la distinction entre souveraineté du peuple et
souveraineté nationale, paris, 1985.
148
com efeito, se a certa altura, no moderno estado europeu, se pôde afirmar que os reis
eram soberanos foi apenas porque eram os orgãos unicos ou supremos de estados que
já não dependiam do papa ou do sacro império, nem se compadeciam com autoridades
feudais. É sabido que, aproveitando a identificação entre poder central e poder real, os
teóricos do absolutismo dos séculos xvi a xv111 quiseram ir mais além e afirmar uma
soberania sem limites jurídicos. mas isso mais não era que um desvio, de que nem
sempre se aperceberam os políticos e juristas quando supuseram transferir a soberania
dos govemantes para o povo.
por isso, não pode entender-se, apesar da apontada transposição, que a soberania do
povo deva ser ilimitada, sob pena de se abrir a porta à democracia absoluta. pois esta,
nas suas principais concretizações conhecidas oacobina, cesarista e soviética),
encontra-se nos antípodas dos princípios enformadores da democracia representativa,
por ser tão negadora como a monarquia absoluta das liberdades individuais e
institucionais e tão contrária como ela aos processos jurídicos de limitação do poder
político que o constitucionalismo se esforçou por instituir.
por outro lado, tomar a soberania do povo no sentido de supremacia do povo no estado
tem de ser entendido em termos hábeis. se tal supremacia significa a necessidade de
os govemantes serem da
149
confiança política do povo que os elege, e se significa mesmo que ao
povo incumbe (ou deve incumbir) o poder de tomar certas decisões mais
transcendentes para a vida colectiva através de ou referendo, nenhuma
ob ecção há a fazer. se soberania ou supremacia do povo j
e segs.
150
151
vi - a despeito de todas estas observações e advertências, as
constituições directa ou indirectamente influenciadas pelo
constitucionalismo francês têm falado e continuam a falar em
soberania do povo, soberania da nação, soberania popular,
soberania nacional. mas as expressões não podem deixar de ser
interpretadas nos respectivos contextos sistemáticos (assim, nos arts.
2.2 e
3.9 da actual constituição portuguesa, no contexto do estado de direito
democrático).
152
153
por isso, os cidadãos com direito de voto denominam-se cidadãos
optimojure (na expressão romana) ou cidadãos activos (na expressão
devida, ao que parece, a sieyÈs); e o conjunto dos cidadãos activos
forma o povo activo.
mas diz-se também, numa acepção algo diversa, povo activo o povo em
que, não apenas uma minoria de pessoas, mas sim o maior número de
cidadãos possível tem acesso à vida política com o exercício do direito
de sufrágio’. a quantidade de cidadãos eleitores permite aqui qualificar a
situação da comunidade política’.
154
por uma banda, a eleição não se reduz à escolha dos candidatos mais
capazes ou mais aptos. É também a escolha de progra-
156
3 1. 0 princípio da maioria
1. sobre o princípio da maioria, cfr. kelsen, von wesen und wert der
demokratie, trad. fi-ancesa la démocratie - sa nature, sa valeur, paris,
1932, págs. 5 e segs. e 63 e segs.; henry b. mayo, an introduction to
democratic theory, nova iorque, 1960, págs. 67 e segs. e 166 e segs.;
rogÉrio soares, direito público e sociedade técnica, coimbra, 1969, pág.
72;
157
0 povo vota para eleger os seus representantes e elege-os na base de um princípio de
maioria (o que não inculca, de per si, um único sistema eleitoral stricto sensu), assim
como os eleitos, uma vez convertidos em governantes, decidem à pluralidade de votos,
por maioria.
158
111 - por que motivo deve ser a maioria o critério da democracia? por que devem
governar os que recebem mais votos? por que deve ser a lei a expressão da
maioria?
de acordo com a ideia de liberdade (sobretudo enfatizada por kelsen), a maioria resulta
da autodeterminação dos membros da comunidade política; qualquer decisão imposta
deve ser reduzida
159
ao mínimo; tendo de haver uma ordem social, esta não pode estar em
contradição senão com a vontade do menor número possível de indivíduos’.
160
políticas a ela estão sujeitas, porque a maioria não pode afectar limites
transcendentes do poder político e, por maioria de razão, limites do poder
político democrático; e, além disso, há casos em que a regra da maioria não se
afigura suficiente, ou suficientemente adequada.
a maioria não é critério de verdade. não há, nem deixa de haver verdade nesta
ou naquela opção política; há só (ou tem de se pressupor que haja) referência
ao’bem comum. pelo contrário, quando se suscitem problemas de verdade,
sejam quais forem
- religiosos, morais, filosóficos, e até científicos ou técnicos - não cabe decisão
por maioria.
1. 0 que pode acontecer é, para decisões sobre estas questões e sobre outras
de maior relevância (entre as quais as decisões irreversíveis - v.g. as que
afectam a independência nacional ou o património cultural e natural),
requererem-se maiorias agravadas ou qualificadas. isso depende, porém, de
cada direito constitucional positivo.
161
de fora têm, contudo, de ficar os limites transcendentes do
poder constituinte, como sejam os respeitantes aos mais
fundamentais dos direitos fundamentais (direito à vida e à
integridade pessoal e outros constantes do art. 19.2, n.2 6, da
constituição); e os limites imanentes traduzidos no pluralismo e
na existência da oposição. para que a democracia subsista a
maioria não pode pôr em causa os direitos das minorias.
não quer isto dizer que a divergência entre uma ou outra seja de natureza
afectiva ou simbólica, que apenas tenha que ver com tradições de cultura
política ou com efeitos de imagem interna ou externa decorrentes da
instituição de chefia do estado ou de outras conexas. ela também acarreta
consequências importantes a nível de sistema de governo, conforme se
depreende do quadro classificatório exposto no capítulo anterior.
164
e, por aqui também mais uma vez se confirma o interesse das distinções
conceituais enunciadas desde o início.
165
111 - mas, mais, o princípio republicano postula:
166
167
n.2 l)i. significa isto que regra semelhante se não possa decretar ou
aplicar a titulares de outros órgãos do estado, das regiões autónomas e
do poder local?
3. arts. 156.q a 161% a respeito dos deputados; art. 199.2, quanto aos
membros do governo; art. 146.2, quanto aos conselheiros de estado; art.
224.2, quanto aos juizes do tribunal constitucional.
168
169
a constituição actual não encerra preceito análogo, por força (mais uma vez) do
princípio republicano - da igualdade. apenas circunstâncias históricas associadas à
recente proclamação da república poderão ter explicado os preceitos de 1911 e de
1933.
e democracia participativa
e no mesmo sentido, alargando a regra a todos os cargos politicos, iarn 0 art. 260.2 do
nosso projecto de constituição de 1975 e proposta que apresentámos (mas foi
rejeitada) na assembleia constituinte (v. diário, cit.).
1. cfr., além da bibliografia já citada sobre participação em geral, por exemplo, pier
luigi zampetti, ”demoerazia rappresentativa e democrazia partecipativa”, in studi in
memoria di carlo esposito, obra colectiva, iii, pádua,
1973, págs. 1473 e segs.; j.r. lucas, democracy and participation,
170
londres, 1976; pietro ciarlo, ”la participazione dei lavoratori alla determinazione
dell’indirizzo político”, in rivista trimestrale di diritto e procedura civile, 1977, págs.
1648 e segs.; mario p. chiti, partecipazione popolare e pubblica amministrazione, pisa,
1977; gomes canotilho e vital moreira, constituição da república portuguesa anotada,
1. ed., coimbra, 1978, págs. 459 e segs.; jorge mi1lknda, a constituição de 1976 -
formação, estrutura, princípiosfundamentais, lisboa, 1978, págs.
459 e segs.; manuel sanchez moran, laparticipación del ciudadano en la administración
publica, madrid, 1980; jeanne lemasurier, ”vers une démocratie administrative: du
refus d’infonner au droit d’être informé”, in revue du droit public, 1980, págs. 1239 e
segs.; joÃo baptista machado, participação .... cit., págs. 69 e segs. e 95 e segs.; aryeh
botwinter e peter bachrach, ”democracy and scarcity - toward a theory of participatory
democracy”, in international political science review, 1983, pags. 361 e segs.; citoyen
et administration, obra colectiva ed. por francis deipérée, lovaina, 1985; gomes
canotilho, direito constitucional, cit., págs. 428-429; freitas do amaral, curso de direito
administrativo, 1, 2.` ed., coimbra, 1994, págs. 726-727.
1 . observe-se como no art. 9.2,alínea c) da constituição, se liga a ”dernocracia
política” à tarefa do estado de ”assegurar e incentivar a participação
171
quando se fala em democracia participativa, pensa-se, porém,
numa participação de grau mais intenso ou mais frequente do
que o voto de tantos em tantos anos, ou mais próximo dos
problemas concretos das pessoas. e isto em três sentidos
distintos ou dimensões:
172
174
175
mente, a democracia pluralista de grupos, a democracia
associativa ou (se se quiser) a democracia neocorporativa.
176
177
parcelares - vindas dessas organizações; teria de o ser a título de
presunção ou ficção de vontade popular ou mesmo de representação, e
não a título de governo directo pelo povo.
nas sociedades modernas para que haja liberdade política o único poder
popular parece ser o poder democrático de todos os trabalhadores e
moradores do país, por sufrágio universal, directo e secreto.
178
1. sobre o assunto, cfr-, entre tantos, harry eckstein, ”group theory and
the comparative study of pressure group”, in comparative politics, obra
colectiva, nova lorque, 1963, págs. 339 e segs.; k. loewenstein, teotia ....
cit., págs. 422 e segs.; jorge estebçn, ”la representación de interesses y
su institucionalización: los diferentes modelos existentes-, in revista de
estudios políticos, set.-out. de 1967, págs. 43 e segs.; rogÉrio soares,
direito público e sociedade técnica, coimbra, 1969, págs. 86 e segs.: g.
leibholz, problemas fundamentales de la democracia moderna, trad.,
madrid, 1971, págs. 97 e segs.; g. burdeau, traité..., cit., 2.! ed., vii,
paris,
1972, págs. 559 e segs.; r. zippelius, op. cit., págs. 111 e segs.; e.
forsthoff, el estado de ia sóciedad industrial, trad., madrid, 1975, págs.
199 e scgs.; klaus von beyme, ”organizaciones sociales. grupos de
interesses. associaciones-, in marxismo y democracia politica, vi, trad.,
madrid,
1975, págs. 1 e segs.; rainer. eisfeld, il pluralismo tra liberalismo e
179
11 - sem embargo de algumas semelhanças entre este pluralismo social
e o corporativismo dos anos 30, 40 e 50 do século xx, não deixam de ser
nítidas as diferenças.
180
1. cfr., sobre o assunto, kelsen, la démocratie ..., cit., págs. 104 e segs.;
georges burdeau, traité .... vii, 2.<1 ed., paris, 1973, págs. 459 e segs.;
carl cohen, op. cit., págs. 79 e segs.; juan ferrando badía,
182
e segs.
183
pela legitimidade, pela participação, pelo pluralismo e pela divisão de
poder-
inaçao a crit
185
c) a reserva da função jurisdicional aos tribunais, independentes e
dotados de garantias de independência dos juizes;
186
187
do cerne da democracia moderna à luz das respectivas pré-compreensões filosóficas e
teóricas’.
1. além das grandes obras clássicas, como as de rousseau (du contrat social) ou de
alexis de tocqueville (de ia déniocratie en amerique), v., dentre autores dos últimos
cinquenta anos, cabral de moncada, ”valor e sentido da democracia”, 1930, in estudos
filosóficos e históricos, 1, coirabra, 1958, págs. 1 e segs.; domingos monteiro, bases da
organização política dos regimes democráticos - i - a organização da vontade popular e
a criação da vontade legislativa, lisboa, 193 1; kelsen, la démocratie - sa nature, sa
valeur, cit., e general theory of law and state, 1945, trad. portuguesa teoria geral do
direito e do estado, brasília, 1990, págs. 278 e segs.; rudolph laun, la démocratie -
essai sociologique, juridique et de politique morale, paris, 1933; joseph schumpeter,
capitalisni, sócialisni and democracy, 1942, trad. fi-ancesa capitalisme, socialisme et
déniocratie, paris, 1972, maxime págs. 354 e segs.; alf ross, why democracy?, trad.
castelhana por que democracia?; henry b. mayo, an introduction to democratic theory,
cit.; gustav radbruch, filosofia do direito, 4. ed. portuguesa, 1, coimbra, 1961, págs.
170 e segs.; georges burdeau, la déniocratie - essai synthétique, trad. portuguesa a
democracia, lisboa, 1962; herbert tingsten, the problems of democracy, trad., nova
lorque,
1965; c.j. friedrich, la democracia comoforma politica y comoforma de vida, 2.l’ed.
castelhana, madrid, 1966; jean lacroix, crise da democracia, crise da civilização, trad.
portuguesa, lisboa, 1968; carole pateman, participation and democratic theory, cit.,
págs. 1 e segs.; pontes de miranda, democracia, liberdade, igualdade, 2.9 ed., são
paulo, 1979, págs.
135 e segs.; dorothy pickles, democracy, londres, 1970; glovanni sartori, democrazia e
definizioni, trad. fi-ancesa théorie de la démocratie, paris, 1973 e ”democrazia”, in
elementi di teoria política, bolonha, 1990, págs. 25 e segs.; barry holden, the nature of
democracy, londres,
1974; carl coben, democracy, cit.; c.b. macpilerson, ne life and times of liberal
democracy, 1977, trad. castelhana la democracia liberal y su Época, madrid, 1991;
barbosa de melo, democracia e utopia, cit.; juan ferrando badía, democracia frente a
autocracia, cit.; norberto bobbio, c. off e lombardini, democrazia, maggioranza e
188
vamos resumir algumas (só algumas) das mais paradigmáticas ou significativas que
foram propostas nas últimas décadas: as de kelsen, rudolph laun, schumpeter, alf ross,
renÉ capitant, karl popper e norberto bobbio.
minoranze, cit.; rene capitant, Études constitutionnelles, paris, 1982, págs. 19 e segs.;
gomes canotilho, constituição diligente e vinculação do legislador, cit., págs. 462 e
segs.; teorias de ia democracia, obra colectiva editada por m. gonzçlez garcía e
fernando quesada castro, barcelona, 1988; norberto bobbio, liberalismo e democracia,
trad. portuguesa, brasília, 1988, e ”democracia e paz”, in balanço do século, obra
colectiva, lisboa, 1990, págs. 25 e segs,: karl popper, em busca de um mundo melhor,
trad., lisboa, 1989, págs. 141 e segs., e ”alguns problemas práticos da democracia”, in
balanço do século, págs. 75 e segs.; ramón cotarelo, en torno a ia teoria de la
democracia, madrid, 1990; john s. dryzek e jei7frey bererikjan, ---reconstructive
democratic theory”, in american political science review, março 1993, págs. 48 e segs.;
enzo sciaia, interpretacióli de la democracia, trad. madrid, 1994.
1. la démocratie ..., cit., pág. 104. em teoria geral do direito e do estado, kelsen fala,
porém, numa síntese das ideias de liberdade e igualdade (págs.
278 e segs.)
189
laun define a democracia como o estado cuja constituição positiva não repousa
sobre direitos suprapositivos que possuam determinadas pessoas ou
determinados grupos de pessoas à competência da soberania ou a uma parte
da competência da soberania. a democracia é um estado livre de direitos
dogmáticos de domínio’ .
190
por sua vez, karl popper contrapõe àquilo a que chama a teoria clássica da
democracia uma teoria realista. ela há-de ser o sistema em que os
govemantes podem ser afastados do poder sem violência, pacificamente,
através do voto da maioria2.
2. alguns problemas práticos ..., cit, loc.cit., págs. 79-80. v. também h. marcuse
e karl popper, revolução ou reforma? uma confrontação, lisboa, 1974, págs. 33,
34 e 42.
191
111 - seguindo o pensamento de kelsen poderia quicá
depreender-se que a democracia não se carregaria de quaisquer
valores. 0 relativismo dir-se-ia o seu cunho próprio, o que não
seria correcto.
193
a liberdade revela-se, portanto, do mesmo passo, fundamento e limite
de democracia. revela-se fundamento, visto que a participação na
condução dos destinos comuns pressupoe a liberdade. e revela-se
limite, visto que a democracia (insistimos ainda) não pode pôr em causa
a liberdade, e a maioria é sempre maioria de conjuntura, não maioria
definitiva, pronta a esmagar os direitos da
minoria’.
194
capitulo ii
a eleiÇÃo
e 0 referendo
§ 1.2
a eleiÇÃo
por certo, quase todos os estados europeus foram erguidos por dinastias
que com eles se identificavam e só no caso de uma dinastia se extinguir
se recorria à eleição (que, de todo o modo, nunca era considerada a
fonte de autoridade do novo rei). em compensação, ainda muito depois
de terminado o período estamental ou da
197
monarquia limitada pelas ordens subsistiram instituições municipais, de
mesteres, de universidades ou de ordens religiosas, em que o modo
normal de selecção dos dirigentes era a eleição.
198
200
201
imediatamente se há-de reconhecer que a estrutura jurídica do acto de
sufrágio fica, por seu turno, afectada pela estrutura do colégio em que
decorre: pois se é fácil reconduzir a eleição praticada no seio de um
colégio eleitoral restrito de tipo orgânico a um acto jurídico unitário
similar ao que praticam os órgãos colegiais, imensas são as dúvidas
acerca da exacta natureza da eleição efectuada por milhões de eleitores
dispersos e acerca até da própria colegialidade técnico-jurídica do corpo
eleitoral que constituem.
não significa isto, porém, que a eleição valha como acto do povo, sem
poder ser tomada como acto do estado. há quem o sus-
202
204
entação política.
para qualquer tipo de eleição - geral ou local, política ou não política, do presidente da
república ou do parlamento - tem de ser definido o respectivo sistema eleitoral, mas
esta definição tem-se tomado sobretudo objecto de análise e discussao a respeito da
eleição dos membros das assembleias políticas. pois, embora os deputados
representem todo o povo, pode haver diferentes valorações jurídicas das correntes
políticas que se manifestam através do sufrágio.
205
0 que é a vontade eleitoral? ela identifica-se matematicamente
com a vontade da maioria ou, independentemente da distinção
entre maioria e minoria, o eleitorado pode entender-se cindido
em tantos colégios eleitorais ideais ou abstractos quantos os
partidos ou tendencias que, de harmonia com a lei eleitoral,
conseguem estar presentes no parlamento?
206
207
111 - a representação de minorias assume as seguintes modalidades:
b) voto único não transferível, em que cada eleitor vota num único
candidato e são eleitos os candidatos que, no conjunto do colégio,
obtiverem maior número de votos;
208
não admira, pois, que, salvo o sistema de voto único vigente no japão, a
representação das minorias esteja por toda a parte abandonada.
210
211
111 - por seu turno, só a representação proporcional leva à constituição de
uma assembleia à imagem do eleitorado, na qual tomem assento todas as
tendências políticas significativas do país.
212
É difícil dizer em geral qual destas funções há-de prevalecer. importa situá-las
em cada ordenamento em concreto.
4. entre nós, andrÉ gonÇalves pereira (op. cit., pág. 11) adianta várias
hipóteses de trabalho, entre as quais as que se prendem com o
funcionamento
214
215
espírito compromissório. não por acaso, ao longo deste século, tem dominado
na maior parte dos países do continente europeu e tem sido sempre adoptada
por novas democracias.
216
218
219
”por cada círculo eleitoral local, é eleito um só deputado mas não se
quebra o princípio da proporcionalidade, visto que:
220
3. v., por exemplo, que reforma eleitoral?, obra colectiva ed. pela
comissão nacional de eleições, lisboa, 1992.
221
a constituição de 1976 não se limita a contemplar de novo aspectos
versados nas constituições do século xix. vai muito além, quer no plano
dos preceitos, quer na tentativa de explicitação de princípios gerais; e
isto quer por considerações de ordem técnico-jurídica, quer por
considerações de ordem política, ligadas a uma mais clara afirmação
das regras de democracia representativa e à defesa contra as
desvalorizações do voto que se deram durante o estado novo e por
parte de certos sectores político-militares, em 1975.
222
224
226
1) marcação de eleições;
2) apresentação de candidaturas
3) campanha eleitoral; 5
227
são regras tradicionais do nosso contencioso eleitoral duas: que
as irregularidades ocorridas no decurso da votação e do
apuramento apenas podem ser apreciadas em recurso, desde
que hajam sido objecto de reclamação ou protesto apresentado
no acto em que se tenham verificado (assim, por toda a
legislação actual, o art.
117.9 da lei ri.!’ 14/79, de 16 de maio); e que a votação em
qualquer assembleia de voto (ou em qualquer círculo eleitoral)
só é julgada nula, implicando a sua repetição, quando as
irregularidades possam influir no resultado geral da eleição (art.
119.2 da mesma lei n.2 14/79).
228
229
ix - 0 direito eleitoral político constante da constituição e da lei
serve de direito subsidiário da regulamentação de quaisquer
outras eleições, públicas ou privadas, que decorram no âmbito
da ordem jurídica portuguesa. e há alguns princípios
constitucionais tão essenciais que se lhes aplicam directamente.
230
§ 2.2
0 referendo
quer patrícios. por seu lado, na idade média, os procuradores do povo, quando
chamados a participar em decisões para além dos seus poderes ou instruções, faziam-
no sob reserva de confinnação, ou seja, ad referendum (e esta expressão subsiste na
prática internacional, na conclusão de tratados).
496 e segs.; pedro cruz villalon, ”el referendura consultivo como modelo de
racionalización constitucional”, in revista de estudios politicos, n.9 13, janeiro-fevereiro
de 1980, págs. 145 e segs.; michele guillaume-hofnung, ”l’expérience italienne du
référendum abrogatif’, in revue internationale de droit comparé, 1983, págs. 108 e
segs.; achille chiaptetti, ”plebiscito”, in enciclopedia del diritto, xxxiii, págs. 945 e
segs.; çlvaro marques e thomas b. smith, ”referendums in the third world”, in electoral
studies, 1984, págs. 85 e segs.; référendum, obra colectiva sob a direcção de francis
deipérée, bruxelas, 1985; jean-louis quermone, ”le référendum: essai de typologie
prospective”, in revue du droitpublic, 1985, págs. 577 e segs.; ernst-wolfang
bõckenfõrde, ”democrazia e rappresentanza”, in quaderni costituzionali, 1985, págs.
227 e segs.; ricardo leite pinto, referendo local e descentralizaçâo política, coimbra,
1988; referendum e democrazia e referendum, obras colectivas, roma-bari, 1992 e
1994; luís barbosa rodrigues, 0 referendo português a nível nacional, lisboa, 1993,
págs. 19 e segs.; francis hamon, le référendum - Étude comparative, paris, 1995.
233
111 - entre estas, apontem-se:
236
manual...,
111, 3. ed., coimbra, 1991, págs. 93-94 e 157-158, respectivamente.
237
cados certos pressupostos constitucionais ou legais, e referendo
dependente de uma livre iniciativa de certos órgãos ou sujeitos);
111 - na passagem do século xix para o século xx, o avanço das ideias
democráticas, a extensão do suftágio e algum desencanto
240
242
tal como a eleição, o referendo, em sistemas não pluralistas, não pode traduzir
uma opção livre e aberta as diversas correntes de opinião - o que não significa
que não possa desempenhar um papel de relevo ao serviço de finalidades
precisas (afirmação da unidade política, legitimação e reforço do poder dos
govemantes, superação de antagonismos culturais, religiosos ou
etnicos, efeitos para o exterior).
243
a sua antenticidade tem sido, contudo, bastante variável, em face das
circunstâncias, dos estádios de desenvolvimento sociocultural e dos
sistemas políticos envolventes, mais ou menos pluralistas.
e segs.
244
veu
0 referendo, escre então marnoco e sousa, permitiria ao povo
disciplinar e orientar a administração local. e, assim, a lei ny 88 de 7 de
agosto de 1913 previu a intervenção obrigatória dos eleitores da
paróquia relativamente a certas deliberações das respectivas juntas e a
intervenção facultativa dos eleitores do município a pedido de 1/10
deles para se tomarem executórias certas deliberações das respectivas
câmaras; e a lei n.9 621, de 23 de junho de 1916, estabeleceu o
referendo obrigatório para a criação de novas freguesias ou concelhos.
245
ill - 0 regime sa;do da revolução de 1926 não convocou uma assembleia
constituinte para a feitura da sua constituição. ao invés, foi o govermo
(na realidade, oliveira salazar) que elaborou um projecto e que o
apresentou, primeiro, a discussão pública em
1932 e, depois, a ”plebiscito nacional” em 1933.
caminho do referendo.
247
0 intuito de não fazer da’assembleua nacional um corpo político de posição
superior a dos outros corpos políticos (porque nenhum outro feria as suas
prerrogativas) ganharia maior força diante de proposta de alteração
constitucional que reduzisse, se rejeitada por ela, ou diante de projecto de
alteração que as aumentasse, aprovado por ela. neste segundo caso, a
oposição chefe do estado, em vez de revestir a forma recusa de promulgação
com o consequente reenvio decreto com as alterações a câmara, viria revestir
a forma de veto translativo, na medida que transferia para o eleitorado a
decisão
248
249
eram: o referendo a nível local, de que poderiam ficar dependentes, por força
da lei, as deliberações dos órgãos representativos das autarquias e das regiões
(art. 149.2, n.2 2, do projecto do partido popular democrático); o referendo
sobre leis já aprovadas, excepto em matéria de impostos, por deliberação da
assembleia legislativa por maioria de dois terços (art. 93.2 do projecto do
centro democrático social); o direito de 50.000 eleitores apresentarem um
projecto de lei perante o parlamento (art. 92.2 do projecto do partido
socialista); e a iniciativa legislativa e o parecer das organizações populares
(arts. 103 e 104.£’ do projecto do partido comunista português)’.
1. projecto de lei n.!’ 501-1, e proposta de lei &’ 365-1, in diário da assembleia
da república, 2. série, u legislatura, 4. sessão legislativa, n.05 69 e 74,
respectivamente.
251
0 referendo serviria para enfrentar a questão dos limites materiais da
revisão constitucional, pois só o povo, titular da soberania, os poderia
ultrapassar; ou para vencer o bloqueamento ideológico que a
constituição traria consigo; ou para eliminar a regra da maioria
qualificada de dois terços para a aprovação de alterações a
constituição; ou, ainda, na hipótese de não se formar na assembleia da
república a maioria qualificada exigida no art. 286.2 para viabilizar a
própria revisão. sendo, embora, diversas as funções esperadas do
referendo, era comum a fundamentação: o princípio democrático - por o
povo, por direito natural (segundo alguns), estar acima da constituição e
esta mesma apelar para a participação directa e activa dos cidadãos na
vida pública (arts. 48.2 e 112.2).
mas a fraqueza jurídica dos argumentos era notória, a face dos cânones
gerais de interpretação e das regras básicas do constitucionalismo
ocidental (em que todo o poder público tem de estar previsto e contido
em regras jurídicas e em que prevalecem os mecanismos
representativos e pluralistas sobre os de democracia directa).
252
e percebe-se porque:
253
2.2 - por se considerar mais prudente começar pelo referendo a nível
local, sobre matérias mais concretas e imediatas, antes de se passar ao
referendo a nível nacional - e, efectivamente, a assembleia consagrou-
o’.
254
255
11 - a esta luz, são os seguintes os traços essenciais do regime do
referendo político nacional:
b) 0 referendo tem por objecto questões que devam ser decididas pela
assembleia da república ou pelo governo através da aprovação de
convenção internacional ou de acto legislativo (art. 118.9, n.2 2, 2.
parte); não tem por objecto, directamente, essa aprovação;
256
258
259
enfim, por isso mesmo, o referendo encontra-se na dependência
da maioria parlamentar - embora não de modo absoluto, visto
que só pode efectuar-se se o presidente da república concordar.
e, ainda que o presidente políticamente esteja em sintonia com
a maioria parlamentar, e de supor que a sua postura
independente dentro do sistema o leve a impedir que o
referendo se converta em meio de reforço da maioria ou do
governo em detrimento do equilíbrio geral.
dade. para que não parece que possa servir e para arma da
minoria contra a maioria; a minoria, a oposição terá de buscar
noutras instâncias a forma de garantir os seus direitos ou de se
afirmar como alternativa.
260
261
e) um órgão deliberativo não pode promover um referendo sobre
matérias da competência de um órgão executivo, ou vice-versa;
0 art. 5.2 da lei n.2 49/90 fixa, porém, eficácia deliberativa sempre.
262
capítulo 111
partidos politicos
53. noÇÃo de partidos pouticos
266
- 1.
267
d) serviço do interesse geral à luz das concepções perfilhadas pelos
seus membros, ou capacidade de definição de objectivos de política
geral (o partido pode servir interesses sectoriais, profissionais ou
regionais, mas tem sempre de os enquadrar numa visão dos interesses
gerais; não é partido o grupo de pressão);
268
271
continuam a dominar os esquemas interpretativos a partir do número de partidos:
sistemas monopartidários, bipartidários (perfeitos e imperfeitos) e multipartidários
(atomizados ou não). mas não parece que o critério numérico baste: é necessário
atender ainda à força relativa dos partidos, ao seu grau de aproximação ou
distanciamento e ao papel que efectivamente desempenham’.
1. a mais brilhante análise nesta linha é talvez a de sartori (parties and party systems,
cit., págs. 119 e segs.), para quem o número não é importante só por si (só o é
enquanto afecta a mecânica ou o funcionamento do sistema) e que considera também
os conceitos de pólo, polaridade (estado do sistema) e polarização (processo).
sartori começa por discernir sete sistemas de partidos, segundo um critério numérico:
1.2) de partido único; 2.2) de partido hegemónico; 3.9) de partido predominante; 4.) de
bipartidarismo; 5.l) de pluralismo (multipartidarismo) limitado; 6.9) de pluralismo
(multipartidarismo) extremo; e, 7.2) de atomização.
unipartidarismo/sistemas unipolares/monopartidarismo
bipartidarismo - sistemas -
bipolares
sistemas multipolares j
272
dos partidos
pelo contrário, as leis e, muitas vezes, também as constituições do século xx, cuidam
dos partidos sob múltiplos aspectos, seja no âmbito dos direitos fundamentais, seja no
da organização do poder político ou num e noutro; e conferem-lhe um estatuto
1. cfr., por todos, domenico fisichella, sviluppo democratico e sistemi elettorali, cit.,
págs. 109 e segs.; dieter noblen, sistemas electorales del mundo, cit., págs. 161 e
segs.
273
peculiar, mesmo se não os conformam como pessoas colectivas públicas ou (muito
menos) como órgãos do estado’. constem ou não da constituição forinal, eles
inscrevem-se, necessariamente,
1. sobre o tratamento constitucional dos partidos políticos, cfr., entre tantos, robert
pelloux, ”les partis politiques dans les constitutions d’après-guerre”, in revue du droit
public, 1934, págs. 238 e segs.; segundo linares quintana, los partidos políticos
instrumentos de gobierno, buenos aires, 1945; pietro virga, il partito nelvordinamento
giuridico, milão, 1948; pascal arrighi, le statut des partis politiques, paris,
1948; carlo esposito, ”i partiti nella costituzione italiana”, in la costituzione italiana -
saggi, pádua, 1954, págs. 215 e segs.; c. mortati, ”note introdutive a uno studio sui
partiti politici nell’ordinamento costituzionale italiano”, in studi in memoria di v e.
orlando, ii, pádua,
1957, págs. 111 e segs.; gustave peiser, ”l’institutionnalisation des partis politiques en
république fédérale allemande”, in revue du droit public, 1959, págs. 639 e segs.;
francisco leoni, ”a regulamentação do partido político nos países democráticos do
ocidente”, in revista forense,
1966, págs. 43 e segs.; francisco ruiz massieu, normación constitucional de los
partidos políticos en america latina, méxico, 1984; giuseppe ugo rescigno, ”alcune
considerazioni sul rapporto partito-statocittadino”, in séritti in onore di costantino
mortati, 111, milão, 1977, págs. 957 e segs.; otto bachof, 0 direito eleitoral e o direito
dos partidos políticos na república federal da alemanha, coimbra, 1982; paolo ridola,
”partiti politici”, in enciclopedia del diritto, xxx11,
1982, págs. 66 e segs.; cesare pinelli, discipline e controlli sulla vemocrazia interna”
dei partiti, pádua, 1984; pilar del castillo vera, la financiación de partidos y candidatos
en las democracias occidentales, madrid, 1985; n.2 3 do ano viii, dezembro de 1988,
de quaderni costituzionali; derecho de partidos, obra colectiva coordenada por jost juan
gonzalez encinar, madrid, 1992; alessandro somma, aspetti della disciplina dei partiti
nell’ordinamento tedesco: dal bgb al parteiengesetz, in política del diritto, 1993, págs.
67 e segs.
274
2. para maior desenvolvimento, v. jorge miranda, op. cit., iv, págs. 277 e
segs., e autores citados.
276
cia política e direito constitucional, ii, cit., págs. 443 e segs.; marcelo
rebelo de sousa, os partidos.--- cit., págs. 147 e segs. e 157 e segs.;
jorge miranda, manual.... cit., pág. 278.
1. cfr., por todos, marcelo rebelo de sousa, op. cit., págs. 167 e segs.
(fala em multipartidarismo de partido dominante).
278
3. contra: marcelo rebelo de sousa, op. cit., págs. 223 e segs., maxime
págs. 231-232.
279
parlamentares e locais - que realizou com toda a regularidade (embora
sem valor substantivo): foi a união nacional, depois acção nacional
popular, tendo sempre como presidente de comissão central, salvo
entre 1968 e 1970, o presidente do conselho de ministros (que também
por essa via, como se verificou especialmente em 1958, dominava o
presidente da república). a fraquíssima consistência desta organização,
a sua criação pelo próprio poder político e a sua reduzidíssima
actividade não permitem qualificá-la como partido
1. cfr. marcello caetano, manual .... cit., 1, 1970, págs. 389-390, nota;
marcelo rebelo de sousa, op. cit., págs. 180 e segs.; arlindo m. caldeira,
”a união nacional: antecedentes, organização e funções”, in análise
social, n.2 94, 1986, págs. 343 e segs.; manuel braga da cruz, opartido e
o estado no salazarismo, lisboa, 1988, maxime págs. 127
e segs.
280
281
2.2 - governos maioritários do partido social-democrata (o décimo
primeiro e o décimo segundo);
282
amaras e que
283
as primeiras normas de força constitucional que se lhes reportaram
viriam a ser o art. 1.9 da lei n.2 4/75, de 13 de março, ao prever a
suspensão da actividade de partidos ”cujo programa seja contrário ao
programa do movimento das forças armadas ou cujo comportamento se
caracterize pelo incitamento à violência ou pelo seu uso perturbe a
disciplina das forças armadas”, e o art. 4.2, n.2 2, da lei n.q 6/75, de 26
de março, ao instituir um conselho de ministros restrito de que faziam
parte os ministros sem pasta, ”representativos de cada um dos partidos
da coligação governamental”.
284
285
60. partidos e direitos, liberdades e garantias na constituiÇÃo actual
ninguém pode ser obrigado a fazer parte de um partido nem coagido por
qualquer meio a permanecer nele ( art. 46.2, ri.!’ 3), ou privado do exercício de
um direito por estar ou deixar de estar inscrito em partido legalmente
constituído (arts. 51.2, ri.!’ 2,
2. parte, 59.2, n.l> 1, e 269.2, ri.!> 2).
286
ter suspensas as suas actividades senão nos casos previstos na lei e mediante
decisão judicial (art. 46.2, n.2 2).
não podem constituir-se partidos que, pela sua designação ou pelos seus
objectivos programáticos, tenham índole ou âmbito regional (art. 51.% ri.9 4).
os partidos não podem, sem prejuízo da filosofia ou ideologia inspiradora do
seu programa, usar denominação que contenha expressões directamente
relacionadas com quaisquer religiões ou igrejas, bem como emblemas
confundíveis com símbolos nacionais ou religiosos (arts. 51.2, n.q
3,e295.2).
2. esta segunda regra não tem tido até agora aplicação prática, até
porque a lei não prevê nenhuma forma de verificação.
288
289
n.2 1, que os partidos teêm o direito de apresentar candidatos a todas as
eleições por sufrágio directo, salvo quando a constituição disponha o contrário
como sucede com a eleição do presidente da república (art. 127y); esse direito
é-lhes reservado quanto à assembleia da república, o que não impede que as
listas integrem cidadãos não inscritos nos respectivos partidos (art. 154.2, n.2
1); nas eleições das assembleias de freguesia, a constituição garante o direito
de apresentação também a grupos de cidadãos eleitores (art. 246.% n.2 2);
nas demais eleições a lei pode ou não estabelecer o exclusivo dos partidos’, 2.
por seu turno, perde o mandato o deputado que se inscreva em partido diverso
daquele pelo qual foi apresentado a sufrágio (art. 163.2, n.2 1, alínea c)
3. a lei (mas só a lei) poderia estender esta regra às demais eleições para
assembleias representativas.
290
291
são, todavia, os partidos representados na assembleia, e não
especificamente os grupos parlamentares, que devem ser
ouvidos pelo presidente da república aquando da nomeação do
primeiro-ministro (art. 190.2, n.> 1) ou da dissolução da própria
assembleia da república (art. 136.2, alínea b». e todos os
partidos representados em quaisquer assembleias que não
façam parte dos respectivos executivos têm o direito de ser
informados, regular e directamente, sobre o andamento dos
principais assuntos públicos (art. 117.9, n.9 2).
292
1. assim, designadamente:
294
que relação deve haver, porém, entre deputados e partidos? qual o grau
de autonomia de cada deputado enquanto membro do parlamento?
como inserir os deputados eleitos pelos diversos partidos uns em face
dos outros, formando todos uma mesma câmara? e como proceder em
caso de conflito’9
295
que os sujeitos da acção parlamentar acabam por ser não os deputados,
mas os partidos ou quem aja em nome destes. por conseguinte,
deveriam ser os órgãos dos partidos a decidir, com maior ou menor
democraticidade ou com maior ou menor centralismo democrático,
sobre as orientações de voto dos deputados, sujeitos estes a uma
obrigação de fidelidade a que não poderiam escusar-se senão em casos-
limite de consciência.
296
297
relhos ou as bases se sobrepusessem aos deputados e aos seus
eleitores.
298
1. cfr. marcelo rebelo de sousa, os partidos .... cit., págs. 512 e segs.; ou
antónio costa, ”a natureza jurídica do mandato parlamentar”, in revista
jurídica, n.2 5, janeiro-março de 1986, pág. 156.
299
eleitoral e, quando temporária, é um direito dos deputados, e
não dos partidos (art. 156.2, ny 2).
300
tudo estará ainda, como resulta óbvio (mas não é fácil de alcançar), em que os
direitos e as interferências dos partidos não extravasem da esfera político
-constitucional para outras áreas, como a função pública, a da economia ou a
das escolas.
2. cft. supra.
302
111 - numa óptica de jure condendo podem ser encaradas algumas reformas
ou melhorias do direito eleitoral, umas mais viáveis, outras menos; assim como
reformas no sentido de democracia semidirecta.
a primeira dessas reformas (à volta de cuja vantagem se vai fazendo um
consenso alargado) consiste na possibilidade de candidaturas independentes
nas eleições para os órgãos dos municípios e das futuras regiões
administrativas. se nas eleições parlamentares - em que prevalecem linhas de
orientação ideoló-
303
gico-programáticas - os partidos são as entidades naturalmente
vocacionadas para a propositura de candidatos’, já nas eleições locais -
nas quais avultam questões concretas - os candidatos independentes
podem desempenhar uma função valiosíssima; podem-na desempenhar
ainda mais na própria lógica do princípio da descentralização2.
304
305
indice
título 1
capitulo 1
1. preliminares ..................................... 11
2. as tipologias de formas políticas em geral ............. 12 i
capítulo 11
§ 2.2 participação
§ 3.9 pluralismo
47
50
55
55
59
63
70
75
80
83
83
85
88
93
93
97
103
capítulo ill
formas e sistemas de governo
113
115
116
308
titulo 11
a democracia representativa
capítulo 1
capítulo ii
a eleiÇÃo e 0 referendo
309
39. sufrágio e colégio eleitoral ........................ 199
40. os sistemas eleitorais ............................. 203
41. tipos de sistemas eleitorais ........................ 207
42. representação majoritária e representação proporcional . . 211
43. sistemas eleitorais e sistemas políticos ............... 213
44. os sistemas eleitorais em portugal ................... 216
45. 0 regime jurídico da eleição política ................. 221
capítulo 111
311