Anda di halaman 1dari 22

HAROLDO DUTRA DIAS

amostra

SER

estudando

À LUZ DO ESPIRITISMO
Série de estudos do Antigo Testamento | vol.1
Organizado por:
Eleonora Escobar Tosetto
Josiane Guimarães Botteon
Melissa Diniz

Dedicamos este livro a todos quantos acompanham os estudos de


GÊNESIS e que nos motivam a continuar. Que possamos juntos
“conhecer, meditar, sentir e viver o Evangelho”.
1ª Edição

1a Impressão - Maio/2018 - 5.000 unidades


Instituto SER
CNPJ: 97.525.813/0001-37
Endereço: Rua Caetano Pirri, 930 Anexo 01
Bairro: Milionários - Cidade: Belo Horizonte,
Estado: Minas Gerais - CEP: 30620-070
55 31 3243-6601

Adaptação literária dos estudos em vídeo realizados por


Haroldo Dutra Dias sobre o Livro de Gênesis à luz do
Espiritismo (1º ao 12º episódios), disponíveis em
www.evangelhoeespiritismo.com.br

Organização: Eleonora Escobar Tosetto


Josiane Guimarães Botteon
Melissa Diniz
Capa e diagramação: Júlio Corradi
Revisão: Melissa Diniz, Josiane Guimaraes Botteon,
João Gualberto, Haroldo Dutra Dias,
Eleonora Escobar Tosetto

Dias, Haroldo Dutra


D541p Estudando Gênesis à luz do Espiritismo. / Haroldo Dutra Dias.
Organizado por Eleonora Tosetto; Josiane Botteon e Melissa Diniz. Belo
Horizonte: Editora SER, 2018. (Série de Estudos do Antigo Testamento; 1).
176f. il. v. 1.

ISBN: 978-85-54314-00-2

1. Gênesis. 2. Espiritismo. 3. Antigo Testamento. I. Instituto SER.


III. Título.

CDU: 291.211.2

Iaramar Sampaio – CRB6/1684


“Estudemos, sentindo, compreenden-
do, construindo e ajudando sempre.
Auxiliemos o próximo, sustentando,
ainda, todos aqueles que procuram
auxiliar.
Jesus chamou a equipe dos apóstolos
que lhe asseguraram cobertura à obra
redentora, não para incensar-se e nem
para encerrá-los em torre de marfim, mas
para erguê-los à condição de amigos fiéis,
capazes de abençoar, confortar, instruir e
servir ao povo que, em todas as latitudes
da Terra, lhe constitui a amorosa família
do coração.”

Missão do Templo Espírita,


Livro Educandário de Luz
Francisco Cândido Xavier/ Emmanuel
Haroldo Dutra Dias - SER
4
sumário
Apresentação
...................................................................................................6
Introdução
...................................................................................................9
Temática central: Deus Criador
capítulo primeiro ......................................................21
Estrutura literária
capítulo segundo .....................................................35
Um único Deus, uma só Lei
capítulo terceiro ........................................................53
Múltiplas interpretações
capítulo quarto. .........................................................67
Os Cristos e sua união com Deus
capítulo quinto ..........................................................79
A separação das águas:
ordenação do fluido cósmico
capítulo sexto. ..........................................................101
Fluido cósmico: manifestação do
pensamento divino
capítulo sétimo. ......................................................111
Diálogo Inter-religioso
capítulo especial
Aíla Pinheiro e Haroldo Dutra Dias. ..........125
Referências bibliográficas
.............................................................................................149
Bônus: Árvore do Evangelho
Livro Celeiro de Redenção. ............................153
Estudando GÊNESIS à luz do Espiritismo
VOL.1 5
Apresentação

O ano era 2015 e o dia 5, do mês de fevereiro, quando


o Instituto SER, sob a coordenação e inspiração de Haroldo
Dutra Dias, começou um novo projeto intitulado “Estudo do
Velho Testamento: livro de Gênesis”, gravado semanalmente e
transmitido online. A proposta era o resgate dos ensinamentos
do Antigo Testamento sob a luz da Doutrina Espírita.

Já no primeiro dia, nós, os membros do SER, e toda a


comunidade que assistia às transmissões ao vivo sentimos
em nosso íntimo a vanguarda que este estudo iria ocupar.
Percebemos que a mente inspirada de nosso amigo Haroldo,
profundo conhecedor dos assuntos bíblicos do Antigo e do
Novo Testamento, realizava preciosas conexões entre o
livro de Gênesis e a Boa Nova de Jesus, tendo como chave
a Doutrina Espírita. Kardec afirmou na introdução de O
Evangelho Segundo o Espiritismo que “muitos pontos dos
Evangelhos, da Bíblia e dos autores sacros em geral por si só
são ininteligíveis, parecendo alguns até irracionais, por falta
da chave que faculte se lhes apreenda o verdadeiro sentido”I.
Essa chave está no Espiritismo.

I KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. (Tradução de Guillon Ribeiro).


93 ed. 1 imp. (Edição Histórica), Brasília: FEB, 2013, introdução.

Haroldo Dutra Dias - SER


6
Este livro foi realizado por diversas mãos e inúmeros
corações amigos. O projeto teve início quando Josiane
Guimarães Botteon realizou o trabalho de transcrição atenta
e minuciosa dos estudos. Posteriormente, Melissa Diniz,
jornalista de formação, editou o texto, adequando-o à
linguagem escrita. A mim, Eleonora Escobar Tosetto, coube a
pesquisa bibliográfica e a tarefa de encontrar, em cada frase
do Haroldo, o texto e o contexto correspondentes. Durante
três anos, apesar da distância física, reunimo-nos incontáveis
vezes, graças aos recursos tecnológicos, para leitura, revisão
e finalização do livro, a fim de buscarmos a máxima clareza
possível.

Durante esse período, outros amigos colaboraram,


trazendo novas sugestões e adequações. Agradecemos
imensamente pela dedicação de Sirlene Maria Cheriato, João
Gualberto e Andrea Ulisses, que se debruçaram sobre o livro,
fazendo revisões atentas e questionadoras.

Nesta primeira edição, estão compilados os estudos


de 1 a 11, gravados em vídeo e disponíveis online no site
Evangelho e EspiritismoII. Em anexo, segue também o estudo
12, um bate-papo entre Haroldo e Irmã Aíla.III Aos que
acompanham os estudos em vídeo, salientamos que, para
facilitar a compreensão dos temas, parte do conteúdo de
alguns vídeos foi agrupada em capítulos diferentes do livro,
bem como a entrevista foi editada para se adequar ao texto
escrito, sem que isso alterasse o sentido final da obra.

Este volume está dividido em 7 capítulos e, já que


na simbologia judaica este é o número de Deus, é a Ele
que agradecemos primeiramente pela oportunidade de

II Disponível em: www.evangelhoeespiritismo.com.br ou pelo aplicatico para celulares


Espiritismo.tv
III Aíla Pinheiro é doutora em Teologia Bíblica com ênfase em Judaísmo. Professora
de exegese na Faculdade Católica de Fortaleza e Irmã do Instituto Religioso Nova
Jerusalém.

Estudando GÊNESIS à luz do Espiritismo


VOL.1 7
nos candidatarmos às fileiras dos trabalhadores da última
hora. Nossa profunda gratidão a Haroldo Dutra Dias pela
dedicação ao estudo, compartilhado com todos nós. Por fim,
ressaltamos o apoio amigo de Júlio Corradi que nos ofereceu
a oportunidade de tornar esta obra realidade.

Nas páginas a seguir, que humildemente oferecemos a


vocês, as três revelações brilham entrelaçadas, e podemos
sentir a Árvore do Evangelho, em cuja presença frondosa
podemos fortalecer as esperanças de uma Nova Era.

Esperamos, assim, que este material propicie o


surgimento de novos grupos de estudos que se dediquem
a trabalhos de pesquisa, a fim de ampliar horizontes de
percepção que não se encerram nesta obra.

Eleonora Escobar Tosetto

Grupo de Estudos e Pesquisas Instituto SER

Haroldo Dutra Dias - SER


8
Introdução

Nosso objeto de estudo é o primeiro livro do Pentateuco


mosaico: Gênesis. Todos os demais livros da Bíblia, quer
no Novo ou no Velho Testamento, fazem referência, pelo
menos indireta, ao livro de Gênesis. É um livro tão poderoso,
com tantas imagens, linguagem forte e temas importantes,
que acaba inspirando todos os livros subsequentes. Basta
lembrarmos, por exemplo, o Evangelho de João, que começa
usando a mesma expressão de Gênesis – “No princípio” (Gn
1:1) – e, a partir dali, vai construindo o seu enredo, sempre
dialogando com aquele. É como se criasse um contraponto,
qual ocorre num coro de vozes, como se o Evangelho de João
fosse, na verdade, um canto em resposta ao ecoar de Gênesis.

Este é o primeiro volume de uma série de estudos e,


de início, faremos uma análise da estrutura geral da obra,
passando, em seguida, à sequência natural dos capítulos. O
livro de Gênesis, em si, é bastante esquemático (praticamente
um programa de estudo), o qual está disposto em uma ordem
lógica e também poética. É interessante seguir essa ordem,
porque o estudo flui naturalmente, como se estivéssemos
navegando nas águas de Gênesis.

A abordagem deste estudo será realizada à luz da


Doutrina Espírita. Ressaltamos que, de nossa parte, não há

Estudando GÊNESIS à luz do Espiritismo


VOL.1 9
nenhuma intenção de estabelecer disputas teológicas ou
interpretativas com nossos irmãos de outras religiões. Nossa
contribuição, entretanto, está em trazer uma visão amparada
particularmente nas obras do codificador da Doutrina Espírita,
Allan Kardec1, que tratou do tema em muitas oportunidades.

Além disso, é importante frisar que para nós, espíritas,


o Evangelho de Jesus é central. Como diz Emmanuel, no
prefácio do livro Vinha de Luz, pela psicografia de Francisco
Cândido Xavier: “O Evangelho é o Sol da Imortalidade que
o Espiritismo reflete, com sabedoria, para a atualidade do
mundo.”2

Afirma ainda Emmanuel, na mensagem Evangelização,


retirada do livro Educandário de Luz:

O Espírito do Evangelho de Cristo, porém, é sempre


a luz da vida. (...) O Evangelho, todavia, é como um
Sol de espiritualidade. Todas essas obras notáveis dos
missionários humanos, na sua tarefa de interpretação,
funcionam como telescópios, aclarando-lhe a grandeza.
É que a sua luz se dirige à atmosfera interior da criatura,
intensificando-se no clima da boa vontade e do amor,
da sinceridade e da singeleza. (...) Resumindo, somos
compelidos a concluir que, em Espiritismo, não basta crer.
É preciso renovar-se. Não basta aprender as filosofias e
as ciências do mundo, mas sentir e aplicar com o Cristo.3

Portanto, o Evangelho é um sol e nós gravitamos em


torno dele. Reconhecemos que mais próximo de Jesus
gravitam corações muito mais experientes que os nossos,
os quais possuem uma intimidade com o Cristo que os torna
1 Hippolyte Léon Denizard Rivail foi influente educador, autor e tradutor francês.
Sob o pseudônimo de Allan Kardec, notabilizou-se como o codificador da Doutrina
Espírita.
2 XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. (Emmanuel). 14ª ed. Brasília:FEB 1996,
p.12.
3 XAVIER, Francisco Cândido. Educandário de Luz. (Espíritos diversos). Ideal, 1984,
p. 21.

Haroldo Dutra Dias - SER


10
capazes de serem porta-vozes de sua vontade e de seu
sentimento com relação aos tutelados da Terra. Em torno
desses corações gravitam outros, e assim sucessivamente,
em círculos, como se fossem planetas em torno do Sol.

Nós nos consideramos corações mais distanciados da


esfera imediata do Cristo, mas que, nem por isso, deixam
de sentir sua presença, seu magnetismo, sua luz, seu amor
e seu esclarecimento. Afinal, quando nos referimos ao
Evangelho, estamos nos referindo a um coração vivo: ao
coração do próprio Cristo. Sendo assim, os livros do Velho
Testamento, as obras da Doutrina Espírita e outras com as
quais vamos trabalhar funcionam como telescópios, são
tentativas de ampliarmos a nossa percepção deste sol,
que é o nosso centro. Os livros do Novo Testamento, por
sua vez, funcionam, neste estudo de Gênesis, como uma
bússola para que cheguemos ao nosso destino, que é a
renovação pessoal.

Não temos a intenção de despejar, inadvertidamente,


um conjunto de conhecimentos para impressionar os leitores.
A informação, aqui, é tratada com muita seriedade, porque
sabemos que cada centímetro absorvido representa um
degrau a mais de responsabilidade em nossa renovação
íntima.

É importante ressaltar que Gênesis é um patrimônio


cultural do povo hebreu. Paulo de Tarso, na Carta aos
Romanos, faz uma pergunta muito interessante: “Qual é a
vantagem de ser judeu?”4. Primeiramente, ele estabelece
todas as virtudes de quem não é judeu e coloca todas as
criaturas humanas no mesmo patamar de dificuldades,
de lutas, de necessidades, de anseios, de desafios, de
provações e, então, pergunta qual é a vantagem de ser
4 “Qual é logo a vantagem de ser judeu? (...) Muita, em toda a maneira, porque,
primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas.” (Rm 3:1-2)

Estudando GÊNESIS à luz do Espiritismo


VOL.1 11
judeu, respondendo, em seguida, que é muita, em diversos
aspectos. Afinal, a eles foram confiados os oráculos divinos.

Não podemos nos esquecer de que o Cristo, na


qualidade de governador espiritual do orbe, e a Espiritualidade
Superior que o assessora confiaram um patrimônio espiritual
ao povo hebreu, o qual está parcialmente registrado nos
livros do Velho Testamento. Neste estudo, entraremos em
contato com um dos principais livros do Velho Testamento,
que é Gênesis. Sobre a grandeza espiritual de Jesus,
Emmanuel narra que:

Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção


de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma
Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor
Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam
as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades
planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e
perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que
nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades
da Terra, para a solução de problemas decisivos da
organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes
no curso dos milênios conhecidos. A primeira, verificou-se
quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar,
a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as
balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos
da vida na matéria em ignição do planeta, e a segunda,
quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra,
trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho
de amor e redenção.5

Desta forma, estamos lidando com um patrimônio


espiritual de grande relevância e devemos tratá-lo com
muito respeito. Respeito que estendemos a quem o guardou
por mais de 3.000 anos com muita seriedade e dedicação,
5 XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz, História da Civilização à luz do
Espiritismo. (Emmanuel). 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007, p. 18.

Haroldo Dutra Dias - SER


12
como quem guarda um tesouro, uma cripta preciosa. O povo
hebreu, ao longo de muitos séculos, interpretou, estudou,
escreveu e refletiu sobre Gênesis. Não consideramos
prudente, portanto, desprezar seu legado intelectual.

Assim, citaremos ao longo do estudo de Gênesis


várias obras da interpretação judaica, escritas por mestres
e sábios do povo hebreu que deixaram registradas suas
experiências, intuições, vivências e concepções de um
modo muito particular, sofisticado, artesanal e artístico,
criando uma hermenêutica insuperável. Tão insuperável que
Jesus chega a afirmar:

(...) os escribas e os fariseus sentaram-se na cadeira


de Moisés. Portanto, tudo quanto vos disserem fazei e
observai, mas não façais de acordo com suas obras, pois
eles dizem e não fazem (Mateus 23:2-3).

Percebemos que o próprio Cristo chamou a atenção para


o patrimônio que os hebreus possuíam. Eram extremamente
felizes na atividade de ensinar, estudar, interpretar e extrair
o espírito da letra. Muito de nossa tradição interpretativa no
movimento espírita de Belo Horizonte, tendo como figura
central o Sr. Honório Abreu6 (em torno da qual gravitam
muitos outros corações), é fruto desta experiência do povo
hebreu, uma vez que ele era um grande estudioso da cultura
judaica. Portanto, vamos incluir neste estudo muitas obras
de vários comentadores, e isso será uma grande experiência
porque, quando deixamos que eles falem, o texto ganha vida,
ângulos, aspectos e nuances que, do contrário, passariam
despercebidos.

Sabendo que este livro foi escrito há mais de 3.000


anos e que, durante todo esse período, tem sido estudado
e comentado, não podemos ser ingênuos a ponto de achar
que o assunto se inicia agora. Em outras escolas religiosas,
6 Presidente da União Espírita Mineira (UEM) entre 2002 e 2007.

Estudando GÊNESIS à luz do Espiritismo


VOL.1 13
especialmente na católica e na protestante, encontramos
alguns gigantes da interpretação: grandes intelectuais e
teólogos que deixaram uma magnífica produção literária de
comentários sobre o livro de Gênesis.

É natural, no entanto, que, ao longo do estudo, fiquemos


ansiosos por respostas, cheios de indagações. É preciso
esvaziar o copo, tendo humildade e paciência para concluir
esta jornada sem se deixar atropelar pelas dúvidas que,
certamente, surgirão durante o percurso.

Destacamos, também, que iremos utilizar neste estudo


as seguintes traduções da Bíblia:

1) João Ferreira de Almeida7: edição revista e corrigida.


Optamos por esta no lugar da edição revista e atualizada, que
tende a facilitar muito a interpretação, perdendo, assim, a
profundidade do texto.

2) A Bíblia de Jerusalém8: trata-se de uma tradução


conservadora, moderada e elegante. Em alguns aspectos,
deixa de observar certos elementos importantes, mas é, ainda,
uma tradução muito respeitada. Representa um esforço da
comunidade bíblica em absorver a tradição judaica, a partir da
década de 1950, quando foram descobertos os Manuscritos do
Mar Morto, que trouxeram à tona toda a riqueza dos costumes
do povo judeu. Então, as inteligências do Catolicismo e do
Protestantismo resolveram adotar, em parceria, um projeto
de tradução que refletisse essas características. A Bíblia de
Jerusalém é o resultado deste trabalho hercúleo realizado por
grandes intelectuais.

3 - A Bíblia do Peregrino9, do espanhol Alonso Schökel.


Possui algo insuperável: as notas de rodapé. Schökel é um
7 BÍBLIA: Almeida, João Ferreira de. Trad. São Paulo: Sociedade Bíblica Brasileira,
1993.
8 BÍBLIA: A Bíblia de Jerusalém, São Paulo: Editora Paulus, 2000.
9 BÍBLIA: A Bíblia do Peregrino. Comentários de L. A. SCHÖCKEL. São Paulo:
Paulus, 2002.

Haroldo Dutra Dias - SER


14
gigante da teologia e dos estudos bíblicos, escrevia com
muita propriedade, e a tradução traz conexões com os demais
livros da Bíblia, sobretudo com os do Novo Testamento.

Durante nossos estudos, buscamos ouvir o texto original


em hebraico narrado por um locutor de Jerusalém, um judeu
genuíno. Pudemos observar, dessa forma, a dificuldade que
é traduzir do hebraico para o português e o quanto esse
trabalho exige prudência, pois muitas traduções seguem
uma direção diferente do significado original. Tomamos esse
cuidado para alertar que não se pode ter uma fé cega em texto
traduzido. É importante salientar, também, que o Pentateuco
mosaico, especialmente o livro de Gênesis, foi escrito para
ser cantado. Essa talvez seja a grande surpresa do nosso
estudo. As edições em hebraico, inclusive, possuem mais de
250 sinais que indicam acentos para quem vai cantar, como
se fosse uma partitura, que pontua quando a voz começa
baixa, quando aumenta etc.

Portanto, a experiência que o hebreu tinha –


principalmente os apóstolos de Jesus – é a mesma que nós
temos quando ouvimos Tim e Vanessa10 cantando as músicas
compostas em parceria Gladston Lage11. Imaginemos, daqui
a cinco séculos, as pessoas estudando as letras dessas
canções sem poder ouvir a melodia, a voz e o violão. Muito
do brilho se perderia, pois, quando se ouve a melodia,
percebe-se que o texto é poético. Este é o próximo ponto
que gostaríamos de abordar: Gênesis é literatura poética. Nós
precisamos remover de nossa mente a ideia de que o livro
seja um tratado científico. Os estudiosos da Cosmologia e da
Física Quântica sabem que a esse respeito existem grandes
cientistas dando excelentes aulas. Mas o livro de Gênesis não
foi escrito por físicos ou cosmólogos.

10 Músicos espíritas. Disponível em: www.timevanessa.com.br


11 Pedagogo, professor, escritor e poeta autor de grande parte das letras das músicas
cantadas por Tim e Vanessa.

Estudando GÊNESIS à luz do Espiritismo


VOL.1 15
Não se trata de Ciência nem de Filosofia, mas de
Religião. É religiosidade no mais alto nível: fé. Uma fé de
agricultor, de pastor de ovelhas, de camponês, o qual teve
uma experiência tão forte com Deus que precisou comunicá-
la. Por ser uma experiência tão íntima, tão subjetiva, tão
rica de emoções, só poderia ser manifestada por expressão
artística, como a poesia. Esse é um ponto fundamental para
entender o livro de Gênesis. Qual é, dessa maneira, o caráter
do livro? Se pudéssemos fazer uma edição só de Gênesis,
o colocaríamos junto à obra de Ariano Suassuna, de William
Shakespeare, de Carlos Drummond de Andrade, para que
as pessoas tivessem uma percepção de que se trata de
literatura, na sua mais alta expressão religiosa e espiritual.

Estamos frisando isso porque Gênesis foi violentado


e agredido por olhares embrutecidos ao longo dos séculos,
submetido a um processo de interpretação de leitura brutal.
Nossa fé pode ser violenta, desajeitada, assim como um
filhote de leão que quer brincar e não sabe que tem garras.

Quando Galileu Galilei, por exemplo, começou a dizer,


com base na interpretação de Copérnico, que, de fato, em
suas observações, a Terra girava em torno do Sol, a Igreja
enviou uma intimação a ele para que pudesse se explicar, sob
a justificativa de que aquele posicionamento estava contrário
ao livro de Gênesis e, se não retificasse sua afirmação, seria
morto. Então, Galileu, querendo dar continuidade a seus
estudos, negou. Ao contrário do teólogo Giordano Bruno —
visionário que já imaginava outros sóis, cada qual com seus
planetas habitados —, que, por não abjurar, foi queimado
vivo.

O curioso é que tiraram conclusões sobre o movimen-


to de translação da Terra com base em Gênesis. Mas,
como puderam tirar conclusões astronômicas de um livro
poético e literário, cujo objetivo é dizer que tudo o que

Haroldo Dutra Dias - SER


16
existe foi criado por um único Deus? Sim, o propósito de
Gênesis é dizer que há um só Deus. Mais do que isso: esse
Deus é Deus-Criador. Um Criador que está presente, dirige,
acompanha a sua obra e – pasmem! – interfere e atua muito
na criação.

Por exemplo, o livro começa contando os momentos


iniciais da criação dos elementos ali descritos. “No princípio,
Deus criou o céu, a terra…” (Gn 1:1) e há um abismo. Mas
não se fala quem criou o abismo. Nós subentendemos.
Também não há a data em que o abismo foi criado. “Havia
trevas sobre a face do abismo e o Espírito de Deus pairava
sobre as águas.” (Gn 1:2). Do mesmo modo, não se fala
quando essas águas foram criadas. E mais curioso: há dois
tipos de águas, as de cima e as de baixo, que estão na
terra. Tudo foi criado em seis dias e, Deus descansou no
sétimo. Lá, encontramos a ordem de tudo o que foi criado
em cada dia.

Fala-se em primeiro dia, segundo dia, terceiro dia,


mas o Sol só foi criado no quarto dia. Foi isto que chocou os
religiosos. Como Galileu podia afirmar que a Terra girava em
torno do Sol, se o astro só foi criado no quarto dia? Então,
estes símbolos profundos e sutis mostram que o texto não
é um tratado de Física, Cosmologia ou Astronomia. É uma
obra literária falando sobre uma experiência com Deus-
Criador.

No imaginário dos povos da época, existiam muitos


deuses: do abismo, do trovão, entre outros, cada um
responsável por criar algo. Então, essa ideia de que um
só Deus havia feito tudo era o suprassumo da inovação.
Era quase inconcebível! No fundo, Gênesis entrava em
contradição com as crenças e costumes da época, afinal,
todas as civilizações tinham seus templos, seus altares,
um conjunto de pessoas que viviam do sacerdócio, rituais

Estudando GÊNESIS à luz do Espiritismo


VOL.1 17
e um sistema educacional coordenado pelos sacerdotes.
Assim, seria o mesmo que chegar para um egípcio e dizer:

- Nós temos um livro, escrito em uma outra língua –


não está em hieróglifo, está em hebraico – , a língua dos
escravos.
- A língua de quem? De escravos? Vocês escreveram um
livro na língua dos escravos? O que este livro está dizendo?
- Está dizendo que algumas pirâmides não têm muito
sentido porque são templos erguidos a deuses que não
existem.
- Você está querendo que nós tiremos as pirâmides e
paremos de adorar os nossos deuses?
- Sim, a proposta é esta.
- E o que nós faremos com os sacerdotes?
- Bem,... há muitas ovelhas, muito campo para plantar,
serviço não falta. Agora, sacerdote de deus que não existe
não faz muito sentido.

Ao enxergarmos dessa perspectiva, é óbvio que o


surgimento do livro resultou em um conflito!

Em Gênesis, Deus diz a Abraão: “sai da tua parentela e


da tua família e vai para um lugar que Eu vou te mostrar” (Gn
12:1). Não é fácil sair das próprias raízes para construir algo
totalmente novo. E esse Deus não tem forma, não é material,
não é possível tocá-lo, não necessita de templos. Portanto,
foi um grande desafio. Não é como ir para a Universidade
de Harvard e propor algo novo a um conjunto de doutores,
mestres e intelectuais. É uma nova proposta para pastores
e camponeses – homens e mulheres comuns – vivendo uma
vida muito concreta e material.

Assim, quando abrimos o livro e percebemos sua força


poética, sua intensidade, sua riqueza no uso das palavras,
a sonoridade, a cadência rítmica das frases, vemos que não

Haroldo Dutra Dias - SER


18
pode ser obra humana. De fato, é preciso reconhecer que
este livro foi inspirado. Fica claro, portanto, que ao longo
deste estudo, vamos precisar desconstruir uma série de
conceitos. Do contrário, teremos muitas dificuldades por
conta dos atavismos religiosos, das fixações mentais e das
interpretações arraigadas que, muitas vezes, são tão fortes
em nós que algo novo nos causa desconforto. É preciso
ter coragem para entrar nessa aventura, porque a nossa
mentalidade será renovada e, ao final, nós mesmos vamos
sair transformados dessa experiência.

Estudando GÊNESIS à luz do Espiritismo


VOL.1 19
Haroldo Dutra Dias - SER
20
preciso ter coragem
para entrar nessa
aventura, porque
a nossa mentalidade
será renovada. Sairemos
transformados dessa
experiência.

A proposta aqui empreendida é


estudar o livro de Gênesis estabelecendo
conexões com o Novo Testamento e com a
Doutrina Espírita para extrair, através dos
instrumentais que o Espiritismo oferece,
outra perspectiva de leitura do texto.

Haroldo Dutra Dias

VEJA O QUE HAROLDO DUTRA DIAS


E OS ORGANIZADORES DESTE LIVRO
amostra TEM A DIZER SOBRE O PROJETO.

INSTALE O APP:
ESPIRITISMO.TV
E ACOMPANHE OS ESTUDOS

ISBN: 978-85-54314-00-2
PRODUZIDO POR INSTITUTO SER - 2018
SER CNPJ 97.525.813/0001-37 - R. CAETANO PIRRI, 930
ANEXO 01, MILIONÁRIOS - BH - MG - 30620-070
TEL.: 31 3243.6601 / WWW.PORTALSER.ORG

Anda mungkin juga menyukai