2 - INTRODUÇÃO
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3- A Manutenção Centrada na Confiabilidade - MCC
3.1- Histórico
Tem-se observado, nos últimos tempos, que o preço final de um produto ou mesmo de um
serviço, tem sido definido, não pelo custo de fabricação ou pelos gastos, acrescidos da margem de
lucro, mas sim pelo mercado consumidor e pela concorrência cada vez maior. A manutenção e seu
custo é hoje, reconhecidamente, principalmente na Industria Aeronáutica, como um dos fatores que
pesam bastante na hora de se fazer a opção por um determinado produto. A preocupação com a
manutenção, surgiu a partir de 1930, e pode ser classificada em três fases ou gerações (ver Figura a
seguir):
Na primeira geração que durou até o período da Segunda Guerra Mundial, a preocupação com os
custos não era tão relevante, não havia quase concorrências e a indústria não era muito mecanizada, e a
produtividade não era considerada tão importante. Os equipamentos eram mais simples e
superdimensionados. O conceito básico nesta época era que os equipamentos falhavam de acordo com
o envelhecimento. A confiabilidade dos equipamentos era alta e então como resultado não existia
necessidade de nenhuma manutenção sistemática além de limpezas e lubrificações de rotina.
Após a Segunda Guerra Mundial, aumentou-se a demanda por produtos industriais e isto levou a um
aumento da mecanização industrial, e a indústria se tornou cada vez mais dependente delas. As perdas
de um certo ativo, passou a ser vistas com outro enfoque, e desta forma se fortaleceu a idéia que as
falhas dos equipamentos precisavam ser evitadas. Deste fato, surgiu a necessidade da manutenção
preventiva. A partir do final da década de 50 o tamanho da frota de aeronaves comerciais cresceu a um
ponto em que passou a existir dados suficientes para estudos de confiabilidade, a preocupação com a
manutenção agora também se devia ao fator segurança. A manutenção nesta fase se baseava nas
característica da curva da banheira. Este padrão prevaleceu até meados da década de 70. Atualmente
cada vez menos são fabricados equipamentos em que o envelhecimento e a mortalidade infantil
podem ser bem caracterizados. Mas nesta época ainda, o conceito de manutenção preventiva, estava
baseado principalmente na execução de Revisões Gerais dos equipamentos feitas a intervalos fixos.
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A partir da terceira geração, que se inicia em meados da década de 70 e se estende até hoje, é
que realmente se teve a necessidade de aumento de produtividade e redução de custos
operacionais. A partir de então a dependência das máquinas operarem continuamente sem
falhas, é cada vez maior e qualquer interrupção devido a falhas tomava proporções críticas.
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EVOLUÇÃO DAS VISÕES DOS PROCESSOS DE FALHAS
3a. Geração
2a. Geração
1a. Geração
CURVA DA BANHEIRA
A Curva D representa uma taxa de falha que é praticamente nula assim que o produto
sai da fábrica, seguida de um aumento significativo para um patamar constante ou quase
constante. A Curva E ilustra uma taxa de falha constante no tempo. Por fim, a Curva F é
representativa de um componente sujeito a mortalidade infantil, o qual após o período inicial,
passa a ter uma taxa de falhas constante ou praticamente constante. Como pode ser visto, os
três últimos padrões não apresentam uma fase de envelhecimento (a rigor, tampouco a Curva
C apresenta uma fase de desgaste distinta). Para equipamentos desses tipos, não faz sentido a
especificação de tarefas de Manutenção Preventiva baseadas em um intervalo de tempo fixo.
Hoje na Indústria Aeronáutica Mundial a metodologia amplamente utilizada para
elaboração de um plano de manutenção preventiva baseado em confiabilidade, é conhecida
como MSG-3. O MSG-3, introduziu diversos conceitos novos, e em especial mudou a
abordagem dos métodos anteriores de estabelecer processos de manutenção para uma
abordagem de estabelecer tarefas que sejam aplicáveis e efetivas. Com a utilização do MSG-3
na Industria Aeronáutica, assim como o RCM II na Industria em geral, se conseguiu otimizar
bastante a manutenção preventiva e evitar as conseqüências sérias de falhas, em relação a
segurança e ao ambiente. Muitas empresas hoje devem se adaptar a estes padrões. Esta
questão é complexa, e envolve estratégias de sobrevivência em um cenário cada vez mais
competitivo, onde é necessário assegurar o máximo retorno sobre o investimento e se manter
funcionando eficientemente.
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Os custos de manutenção, tanto preventiva como corretiva, passaram a ter uma grande
importância. Em algumas indústrias estão entre os mais altos custos operacionais. Este fato se
torna extremamente relevante se considerarmos que na maioria das vezes, este é um dos
poucos pontos que podem ser ajustado, e por isso hoje em dia estão entre as mais altas
prioridades dos custos a serem controlados.
Na Industria Aeronáutica, somente a uns dez anos atrás, se começam os estudos sobre
custos de manutenção. Os grandes fabricantes como Boeing e Airbus, começam a explorar os
fatores de custo e usa-los comparativamente. Isto levou a uma preocupação a mais durante a
fase de projeto de uma aeronave, além dos fatores de segurança e operacionalidade. O pessoal
de manutenção, agora passa a atuar junto com projeto, para definir a melhor localização,
instalação e acesso de um componente, bem como a melhor forma de mante-lo.
Numa primeira fase ainda, não havia a necessidade de garantir estes custos, o que surgiu
depois com o aumento da concorrência. Hoje, até mesmo na aviação regional, o fator custo
operacional, aliado ao seu fator custo de manutenção vem sendo garantido, e é um fator de
disputa entre os concorrentes.
A metodologia de MCC tem como objetivo principal era estabelecer um processo
racional e sistemático de análise que permitia a definição de tarefas de manutenção de
equipamentos para garantir a confiabilidade e a segurança operacional ao menor custo
possível.
A maioria dos programas de MP têm sido gerados a partir de uma série de processos
mais ou menos intuitivos que, tipicamente, incluem um ou mais dos seguintes argumentos :
F Experiência
"Tem sido feito desse modo nos últimos 15 anos, portanto, deve ser bom"
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Isto não significa que “experiência” não seja importante, mas sim que a experiência tem que
ser constantemente analisada para se poder tirar proveito dos resultados positivos e negativos.
F Julgamento
"Eu acho que isso deve ser uma boa coisa a fazer"
Muito semelhante à “”experiência’”. Na maioria das vezes, não há qualquer documentação
que indique as bases do julgamento .
F Recomendação
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de falha, enquanto o mantenedor conhece a fundo os equipamentos e componentes. Para o
bom desenvolvimento das reuniões de MCC, sugere-se que os grupos sejam limitados a, cerca
de, 5 participantes. Em reuniões específicas, entretanto, alguns especialistas podem ser
convidados (um exemplo comum é a presença de pessoal de instrumentação em reuniões de
FMEA).
O Diagrama de Decisão da MCC (DD) utiliza um conjunto de perguntas do tipo "sim ou não"
para classificar as conseqüências dos modos de falha e, em seguida, buscar tarefas de
manutenção que sejam aplicáveis e eficazes na prevenção ou mitigação destas falhas.
¨ Operacional
Continuidade operacional diretamente afetada (produção, qualidade, custos)
¨ Econômicas
Conseqüências associadas diretamente com o reparo da falha
Diagrama de Decisão - Classificação das conseqüências dos modos de falha
Sim Não
D
(2) Segurança ?
Este modo de falha tem
implicações na segurança Falha oculta
da planta?
Sim Não
A
(3) Continuidade Operacional ?
Este modo de falha causa
Problema de
uma parada total ou
Segurança parcial da planta?
Sim Não
B C
Sim Não
Especifique Sim Existe alguma tarefa BT que
as tarefas BT seja aplicável?
Não
Especifique Sim
Existe alguma tarefa BC que seja aplicável?
as tarefas BC
Não
Sim
Não
Especifique Sim Existe alguma tarefa TDF
as tarefas TDF que seja aplicável?
Não
Não Sim
Especifique as tarefas
BT/BC/TDF Manutenção Corretiva Executar reprojeto
ü Aplicável
A tarefa previne ou mitiga a falha, detecta o início do processo de falha, ou descobre uma
falha oculta
ü Custo-Eficiente
A tarefa é a opção mais eficaz as tarefas candidatas
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Manutenção Tradicional x MCC
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4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DRUCKER, Peter F., (1981). Fator Humano e Desempenho, Livraria Pioneira Editora.
MATA FILHO, José N. ; MIRANDA , Cláudia F., LIMA , Cezar E. (1998) ; Manutenção Baseada em
Confiabilidade e Controle de Custos de Manutenção - Um Time de Sucesso na Industria Aeronáutica.
13° Congresso Brasileiro de Manutenção
MOUBRAY, John, (1991), RCM, II Reability Centered Maintenance, Butterwerth, Heinemann Ltda.
Mundel, Marvin E., (1969). Estudo de Movimentos e Tempos - Princípios e Prática, Prentice-Hall,
Inc..
O`connor, Patrick D.T., (1985). Practical Reliability Engeneering, John wiley & Sons.
PRATHD, Than, S. (1994), Maintanance Strategy for Greater Availability. Hidrocarbon Process.
Retterer, B.L. and Kowalski, (1984). Maintenability - a Historical Perspective, IEEE, vol. R. 33, n1,
pp 56-61, april.
WIEL, Peter M. (1990), Maintenance e Profitable - Maintenance, London, Vol 5, n1, pg 8-12,
Jan/Mar.
WIEL, Peter M. (1990), Maintenance Police and Management - Maintenance, London, Vol 5, n2, pg
7-14, Abr/Jun.
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