)
Cristiane NOVA
Este livro é
Educação e
Cristiane Nova é
Tecnologia
distintos, refletem
sobre as relações da Andrea Ramal Educação e
doutoranda em Cinema e
educação com as Andréa Lago Audiovisual (Paris III).
tecnologias da
informação e da Arnaud Soares Desenvolve projetos de
pesquisa e produção,
comunicação. Os Cláudia Magnavita relacionados às áreas das
textos estão
Cristiane Nova Trilhando Caminhos mídias digitais (vídeo, cinema
organizados em três e hipermídias) e da EAD. É
trilhas principais. Edméa dos Santos professora da Universidade do
Uma que Estado da Bahia, da Fac.
problematiza a Lídia Pinho Hélio Rocha e da Fac. de
Educação a Lynn Alves Tecnologia e Ciência.
EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
Distância (EAD),
outra que analisa Luis Lordelo Lynn Alves é
experiências de Mario Brito pedagoga, mestre
Comunidades de e doutoranda em
Aprendizagem e Simone de Lucena Educação e
ainda artigos que Vani Kenski Comunicação
refletem sobre a (UFBA). Atua há mais de
utilização de Vânia Valente sete anos na área de
algumas linguagens Educação e Tecnologia, como
e dispositivos professora, pesquisadora,
tecnológicos na assessora de projetos de
prática de ensino/ implantação de laboratórios e
aprendizagem. coordenadora de cursos de
Convidamos, você, extensão e pós-graduação.
leitor, a percorrer as Atualmente, é professora da
trilhas entrecruzadas Universidade do Estado da
desse hipertexto. Bahia.
Educação e Tecnologia
Trilhando Caminhos
Educação e Tecnologia
Trilhando Caminhos
Organização
Cristiane Nova
Lynn Alves
Educação e Tecnologia: Trilhando Caminhos / Cristiane Nova, Lynn
Alves organizadoras. — Salvador: Editora da UNEB, 2003.
Vários autores.
CDD 371.35
SUMÁRIO
Apresentação ....................................................................07
Mapas Virtuais:
Ambientes Colaborativos de Aprendizagem ....................160
Alexandra Okada
9
Salvador, dezembro de 2002,
EDUCAÇÃO
Cristiane Nova e Lynn Alves . E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
E
10
EDUCAÇÃO TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Dea entra no texto – E aí
Escrever um texto (ou dar meninas, vamos fazer um
texto à escrita?) é sempre artigo juntas?
um pretexto para Crisnova entra na texto –
Topo. Sobre Interatividade?
sistematizar idéias, Lynn entra na texto – Pode
ressignificar e construir ser. Acho que Interatividade
e EAD poderia ser uma boa.
conceitos, consolidar O que acham?
idéias e práticas. Dea – Massa. Interatividade
É uma prática ao mesmo ... Somos inerentemente
interativos e conectados.
tempo prazerosa e Inicialmente pelo cordão
dolorosa, entre os gozos e umbilical; hoje, pelo cordão
digital. Devaneios
os medos que se permitidos pelo pensar
encontram presentes na sobre as tecnologias.
Lembro do exemplo citado
produção do por Edvaldo Couto, do
conhecimento e da arte. parque em Poitier, onde
chuviscava cheirinho de
Quase sempre um ato pêssego enquanto se via a
solitário, envergonhado ... imagem numa enorme tela.
Que só se exterioriza Crisnova – Poderíamos
pensar em um formato
quando todo arrumado. diferente!
Parecendo ter vergonha de Lynn – É algo que rompesse
com a linearidade da escrita
seu próprio processo de convencional.
construção. Dos percalços Dea –Legal essa coisa de ler
e empréstimos intelectuais em movimento (ler-
escrever-pensar) ... me
vividos da primeira página lembrei de um texto que 11
em branco à formatação falava da máquina de
EDUCAÇÃO
leitura, criada em 1588:
final. “muito útil e eficiente para
Quando “finalizado”, aqueles que queriam ler uma
E
(1978), Telecurso
possibilidades de acesso a informações 2000 (1995) e TV
e conhecimentos sistematizados, assim Escola (1996).
(Preti, 1998)
como a interação entre diferentes
sujeitos educacionais, ampliaram-se Rede
Hoje, praticamente
significativamente. Isso é todos os cursos
potencializado pelo fato de que a de Educação a
E
EDUCAÇÃO
instituições de
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
retenção de
EDUCAÇÃO
Segundo
sendo realizadas no sentido de tornar a Couchot, “a
Educação a Distância uma modalidade obra interativa
só tem
de comunicação mais interativa. As
existência e
possibilidades de ampliação da sentido na
interatividade permitidas por essas medida em que
o espectador
redes de comunicação e informação interage com
tornaram-se o núcleo mais importante ela”. Sem isso
e avançado das discussões em torno “a obra
permanece
da EAD. uma
Com as novas mídias digitais, potencialidade”
(1997:140).
defrontamo-nos com novas
modalidades de interatividade, Chats
O Chat é um
oferecidas principalmente pelas exemplo de
tecnologias do tipo síncrono que comunicação
disponibilizam, em tempo real, o acesso caótica e
interativa:
a conteúdos e formas comunicacionais Diferente da
vivas, que podem ser modificadas e discussão da
sala de aula
transformadas permanentemente. Os presencial, o
Chats, RPGs, Muds, sistemas de Chat permite que
mensagens instantâneas, videocon- os autores
(entendendo de
ferências e ambientes de produção forma horizontal
colaborativa se constituem, desse o processo
modo, em espaços abertos para educativo) falem,
expressem-se de
interações virtuais, nos quais os sujeitos forma caótica,
intercambiam diferentes saberes que obedeçam a uma
ordem interna,
podem oscilar do conhecimento oculta, um desejo
espontâneo ao conhecimento científico. de cada indivíduo
Para Alava (2002), essas diferentes e de todos juntos
que determina a
possibilidades de intervenção (consulta melhor hora de
de dados, simulação, videogame, emitir uma
realidade virtual, etc.) no dispositivo opinião, não
precisando
tecnológico e/ou no ambiente levantar o braço
18 informático se constituem na forma ou dar qualquer
sinal de que,
mais comum e ampliada de
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
numa
interatividade, no contexto atual. “seqüência”,
Quando conectamos a rede, transmu- pede-se a vez
tamo-nos em multitarefas, numa cadeia para poder falar.
O poder da fala é
de multiusuários onde lemos / o clicar.
escrevemos / pensamos e, a cada
RPGs
clique, em timer’s indeterminados,
E
Roleplaying
EDUCAÇÃO
personagens,
de imersão, navegação, exploração e atuando no
conversação presentes nos suportes de mundo virtual,
exercendo o
comunicação em rede, privilegiando um poder da
visual enriquecido e “recorporalizado”, palavra por
em contraponto com um visual retiniano meio do
teclado.
(linear e seqüencial), que recompõe
uma outra perspectiva do sensível
(Couchot, 1997), instaurando, assim,
uma lógica que rompe com a
linearidade, com a hierarquia, para dar
lugar a uma lógica heterárquica,
rizomática, hipertextual.
Teríamos a possibilidade de alcançar
aquilo que Pierre Lèvy (1994) chamou
de terceiro nível de interatividade, não
mais de tipo Um - Todos, nem Um -
Um, mas do tipo Todos - Todos, em que
Rizomática
os sujeitos podem trocar, negociar e Esta lógica
intercambiar diferentes saberes ao caracteriza-se
mesmo tempo. pela possibilidade
de favorecer
Logo, a interatividade passa ser conexões em
compreendida como a possibilidade do qualquer sentido,
sem caráter
usuário participar ativamente da hierárquico, onde
construção do conhecimento, “qualquer ponto
interferindo no processo com ações, pode ser
conectado a
reações, intervindo, tornando-se qualquer outro e
receptor e emissor de mensagens que deve sê-lo”,
ganham plasticidade e dinamicidade podendo
inclusive ocorrer
(Lèvy, 1994), criando novos caminhos, rompimento entre
novas trilhas, novas cartografias, pontos, sem, no
entanto,
valendo-se do desejo do sujeito. acarretar perdas
20 Acrescenta-se, portando, a capacidade ao sistema. Não
desses novos sistemas de “acolher as existe ponto
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
central no rizoma,
necessidades do usuário e satisfazê-lo” um eixo a partir
(Battetini, 1997:69). do qual
No entanto, como já apontado acima, emergiriam
caminhos e
os resultados desses investimentos no pontos
domínio da EAD ainda se mostram conectáveis.
Apenas linhas,
pouco relevantes. A maior parte dos
E
que apesar de
EDUCAÇÃO
informações no
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
professores
seria descartado, como temem muitos. aprendem ao
Sua importância, em vez de ser mesmo tempo
minimizada, seria potencializada e sua que os
estudantes e
responsabilidade social aumentada. atualizam
“Seu lugar de saber seria o do saber continuamente
tanto seus
humano e não o do saber informações” saberes
(Babin e Kouloumdjian, 1988), sendo a ‘disciplinares’
comunicação mais importante do que quanto suas
competências
a informação. Sua função não mais pedagógicas”.
seria a de passar conteúdos dos quais (Lèvy,
“só ele possuiria”, mas a de orientar o 1999:200)
processo de construção do
conhecimento pelo aluno, apontando-
lhe a necessidade de uma atitude crítica
e ativa em relação ao mundo de
informações a que é submetido
diariamente. Caberia ao professor fazer
o aluno compreender que, com as
informações recebidas, ele pode
construir conhecimento e fazer ciência
e/ou arte, mostrando-lhe alguns
possíveis caminhos para isso,
possibilitando-o a recombinação e
ressignificação contínua de saberes,
fantasias, desejos e lembranças, numa
prática pedagógica que viabilizaria a
concretização daquilo que a
comunidade necessita e deseja.
As formas e objetivos práticos que
adquiririam esses sujeitos teriam que
ser pensados a partir das situações e
necessidades concretas, assim como as
26 tão desejadas metodologias, dado que
com a velocidade das transformações
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
propostas
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Pulsão
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Andréa LAGO andreal@ufba.br
é pedagoga, mestranda em ciências da informação (UFBA) e
professora de informática do Colégio Social.
34
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
E
EDUCAÇÃO
Os Meios de Comunicação:
Um Problema para a EAD1
Notas
1. Texto apresentado no INTERCOM - Sociedade Brasileira de Estudos
Interdisciplinares da Comunicação XXV Congresso Brasileiro de Ciências
da Comunicação - Salvador/BA - 1 a 5 Set 2002.
Referencias Bibliográficas
ASSIS PICANÇO, Alessandra. Educação a Distância e Outros Nós: uma
análise das telessalas do Telecurso 2000 coordenadas pelo SESI na Bahia.
Salvador, 2002. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de
Pesquisa e Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal da Bahia/
Faculdade de Educação.
BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância. Campinas, SP: Autores
Associados, 1999.
_________. Educação para a mídia: missão urgente da escola. Brasília:
UnB, mimeo.
BRASIL/MEC/ Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília,
MEC, dez./1996
CARVALHO, Celso. A Educação Cidadã na Visão Empresarial: O
Telecurso 2000. Campinas, SP: Autores Associados, 1999. 47
FONSECA, Marília. O Banco Mundial e a Educação à distância. In:
EDUCAÇÃO
PRETTO, Nelson (org). Globalização e educação. Ijuí: UNIJUÍ, 1999.
JAMBEIRO, Othon et all. A televisão no Brasil e a regulamentação de
E
jul/dez 1996.
LÈVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na
era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.
PETERS, Otto. Didática do Ensino a Distância. São Leopoldo, RS: Editora
Unisinos, 2001.
SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Rio de Janeiro: Quartet, 2000.
____________Um convite à interatividade e à complexidade: novas
perspectivas comunicacionais para a sala de aula. GONÇALVEZ, M. A.
R. Educação e Cultura: pensando em cidadania. Rio de Janeiro, Editora
Quartet, 1999.
Alessandra Assis Picanço (alessand@ufba.br)
é Mestre e Doutoranda em Educação (UFBA)
e professora da FACED/UFBA e da UNEB/
Campus XVI.
48
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
E
EDUCAÇÃO
Educação a Distância:
Repensando o Fazer Pedagógico
Notas
1
Para maiores detalhes desse histórico, pode-se consultar a Revista Em
Aberto. Educação a Distância. Brasília, ano 16, n. 70, abr/jun. 1996,
dentre outros textos.
BRASIL/MEC / Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília,
2
MEC, dez./1996.
Referências Bibliográficas
CORRÊA, Juliane. Devemos aplaudir a educação a distância? In: Revista
Pátio, ano V, nº 18, AGO/SET2001. p.21-24
LÈVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo:Ed 34, 1999.
___________ In: Revista Pátio, ano V, nº 18, AGO/SET 2001. p.28-31
LITWIN, EDITH, Das Tradições à Virtualidade.
In:LITWIN(ORG.)Educação a distância: temas para o debate de uma
nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente:
implicações na formação do professor e nas práticas pedagógicas. In: Em
Aberto. Brasília, 16 (70), p. 57 - 69, 1996.
NEDER, Maria Lúcia C. A Orientação Acadêmica na educação a Distância:
54 a perspectiva de (re)significação do processo educacional. IN: PRETI,
Oreste(org). Educação a Distância: Construindo significados.
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Cláudia Magnavita
EDUCAÇÃO
As redes interativas de computadores estão
crescendo exponencialmente, criando novas
E
Notas
1
Esses autores remetem aos conceitos de telêmica (deslocamento do
corpo) e de telemática (deslocamento das mensagens) e estabelecem uma
importante relação entre o aumento da velocidade do deslocamento das
pessoas pelo aperfeiçoamento dos meios de transportes, e o aumento da
velocidade de transmissão de mensagens, através dos novos meios de
comunicação.
60 2
Citado por BARRETO, Raquel Goulart. As políticas de Formação de
professores: Novas Tecnologias e Educação a Distância. In: BARRETO,
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Referências Bibliográficas
BARRETO, Raquel Goulart. As políticas de Formação de professores:
E
EDUCAÇÃO
EDUCAÇÃO
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Tecnologias para a EAD
Via Internet
HTML
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
navegador.
E-mail
Como ratificado por Laudon e Laudon (1999) e
Goldwein (1998), o e-mail, correio eletrônico, é um dos
serviços mais utilizados na Internet. Com ele é possível
E
EDUCAÇÃO
Chat
O Chat, mais conhecido no Brasil como bate-papo, é
outra ferramenta que pode ser aplicada a EAD, tendo como
objetivo principal o estabelecimento de discussões síncronas
por via textual (Fischer, 2000). Os participantes do chat,
identificados por pseudônimos, podem enviar e ler
mensagens, estabelecendo uma discussão em grupo e, ainda,
trocar mensagens de forma reservada e particular.
Esta possibilidade de “conversar on-line” pode ser
utilizada com diversos objetivos na EAD: esclarecimento
de dúvidas, discussões ou debates, dentre outros. No
entanto, existe grande possibilidade de apresentar
desmotivação e/ou desvio do objetivo pretendido. Como o
69
mecanismo é aberto, ou seja, não existe controle de software
sobre o que será discutido, ou mesmo na ordem da discussão,
EDUCAÇÃO
muitos alunos podem perder o estímulo em participar da
discussão ou desviar o papo para um assunto adverso à
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
finalidade do encontro.
Muitos alunos podem, ainda, sentir-se inibidos a emitir
opiniões, seja por receio de expor suas idéias ao grupo e ser
repreendido ou chacoteado, ou simplesmente pela falta de
experiência com o ambiente utilizado, ou por não conseguir
acompanhar o ritmo ágil e de certa forma desordenado de
uma seção de chat.
Assim, o professor exerce um papel fundamental para
o bom aproveitamento deste instrumento. Ele deve estar
atento para identificar os alunos que não estão participando
e instigá-los a se expressar, com o cuidado de não parecer
uma obrigatoriedade, o que poderia provocar maior retração
por parte do aluno. É preciso, ainda, que o professor esteja
atento a desvios na discussão, emitindo considerações que
levem o grupo a retomar o objetivo pretendido.
Para que o professor possa melhor desempenhar sua
função de coordenador de debates ou discussões em chats,
é preciso que a ferramenta utilizada lhe forneça uma série
de informações gerenciais que o auxiliem na identificação
de possíveis problemas. Dentre as possibilidades gerenciais
estão o controle de autorização, permitindo acesso apenas
a alunos de uma turma, quando necessário; saber a
freqüência de intervenção dos participantes; excluir da sala
usuários que não respeitem as normas estabelecidas; saber
quais alunos estão realizando conversas paralelas, pois a
depender da freqüência isto pode interferir no debate do
grupo; além de várias outras possibilidades que auxiliem o
professor na tarefa de coordenar a discussão (Fischer,
2000).
Outro aspecto importante é a possibilidade de
armazenar toda a discussão realizada e disponibilizar o
conteúdo para que um aluno que não participou do evento
70 possa se inteirar do que foi discutido, ou para que algum
membro do grupo possa examinar com mais cuidado a
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
EDUCAÇÃO
De forma semelhante, o The Palace (Fig. 2), a
conversação é realizada por meio de balões, com os
E
Realidade Virtual
Segundo Whatis, a realidade virtual pode ser definida
E
Videoconferência
A videoconferência é definida por Oliveira (1996)
como um conjunto de facilidades de telecomunicações que
73
permite aos participantes, em duas ou mais localidades
distintas, estabelecer uma comunicação bidirecional
EDUCAÇÃO
mediante dispositivos eletrônicos de comunicação, enquanto
compartilham, simultaneamente, seus espaços acústicos e
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
interação.
É claro, como já foi dito, existem limitações
tecnológicas e estruturais para um bom funcionamento da
videoconferência. Se não forem tomados os cuidados
necessários, pode se tornar em um instrumento de
desmotivação do aluno, visto que tentará falar com o
professor e apenas verá uma imagem intercalada por uma
seqüência de outras imagens que apenas sugerem a
ocorrência de algum movimento e sons que de tão
interrompidos se torna impossível produzir um significado
compreensível.
Alguns softwares para videoconferência via Internet
já estão disponíveis para uso, tais como: Cu-SeeMe da
desenvolvido por Tim Dorcey na Universidade de Cornell,
EUA; o NV, desenvolvido por Ron Frederick na Xerox
PARC, EUA; o VIC, desenvolvido por Steven McCane e
Van Jacobson no Lawrence Berkeley Laboratory e
University of California, Berkeley, EUA; o IVS,
desenvolvido por Thierry Turletti no Inria, Sophia-Antipolis,
França; o sistema do MCRLab, desenvolvido por Louis
Lamond e Grant Henderson na Universidade de Ottawa,
Canadá; o TVS do Laboratório TeleMídia, PUC-Rio; e o
NetMeeting, da Microsoft (Oliveira, 1996).
Os softwares de videoconferência para Internet são
geralmente baseados em uma interface que apresenta as
imagens daqueles que estão conectados no momento. A
maioria disponibiliza ainda outras ferramentas adicionais
como um chat (bate-papo) para a interação via texto. Este
recurso é fundamental para superar obstáculos de
comunicação, substituindo parte do que seria dito, em áudio,
por textos.
76 Quadro Branco
Quadro Branco é uma ferramenta que possibilita
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Outras Tecnologias
Uma gama variada de tecnologias estão disponíveis
nos diversos cursos e ambientes de EAD existentes em
todo o mundo, sendo impossível catalogar toda sua extensão.
Entretanto, na seqüência deste estudo serão apresentados
alguns ambientes de EAD, que reúnem várias tecnologias
em um único website, possuindo ainda características
necessárias para o gerenciamento do curso, como por
exemplo, funções administrativas de um curso.
Ambientes de EAD
Ambientes de EAD, denominados por Fischer (2000)
como Sistemas de Gerenciamento para a EAD (SGEAD),
são ferramentas que possibilitam a criação, administração
e manutenção de cursos a distância, ofertando diversos
recursos de interação que visam proporcionar o fácil
estabelecimento de comunicação, síncrona ou assíncrona,
entre os envolvidos no processo de ensino, bem como sua
78
relação com o conteúdo didático disponível.
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Aulanet
O Aulanet é um ambiente desenvolvido pelo
Laboratório de Engenharia de Software (LES), do
Departamento de Informática da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), com apoio do CNPq.
Desde o início de seu projeto, em 1997, o Aulanet tem
conquistado grande espaço, sendo utilizado por diversas
instituições brasileiras e internacionais, tendo mais de 4 mil
cópias distribuídas. Apesar de ser um software de
distribuição gratuita, é representado e distribuído,
exclusivamente, pela empresa Eduweb (http://
www.eduweb.com.br).
Segundo Lucena et al (1999), o ambiente foi
concebido com o objetivo de proporcionar a manipulação
de cursos por usuários leigos, não necessitando que o autor
seja um expert em informática. Assim, com uma interface
79
mais amigável, o Aulanet pode proporcionar uma transição
da sala de aula convencional para a sala de aula virtual de
EDUCAÇÃO
maneira mais tranqüila, possibilitando, também, sua utilização
como ferramenta de apoio a cursos presenciais (Fischer,
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
2000).
O Aulanet prevê a existência de três grupos de
usuários:
o administrador: que desempenha as funções
administrativas, gerenciamento do cadastro de alunos e
professores, configuração da interface, dentre outras;
o professor: que cria os cursos a serem ministrados,
gerencia o conteúdo, controla a agenda do curso, dentre
outras funções. É possível ainda existir outros professores,
co-autores, no mesmo curso;
o aluno: é o usuário final do curso, que pode acessar
o conteúdo disponibilizado pelo professor, interagir com os
demais usuários por meio de ferramentas de comunicação
disponíveis no ambiente, além de poder receber o status de
co-autor e colaborar com o professor na produção de
material.
Estes usuários interagem entre si e com o ambiente
por meio de ferramentas disponíveis em mecanismos
definidos pelo sistema como de comunicação, cooperação
e coordenação. Elas são definidas pelo professor durante a
configuração de cada curso, indicando quais recursos
estarão ou não disponíveis àquele curso, de acordo com as
necessidades instrucionais de cada público alvo e/ou área
de estudo.
Mecanismos de Comunicação: Com eles é realizada
a comunicação entre professores e alunos e entre alunos.
Este mecanismo dispõe de ferramentas de comunicação
assíncrona, tais como: o e-mail; o grupo de discussão,
semelhante a uma lista de discussão, onde é possível o envio
de mensagens que são distribuídas para todos os membros
do curso e, ainda, armazenadas no ambiente, podendo ser
acessadas no futuro; o grupo de interesse, onde a discussão
se dá no sistema de fóruns de discussão. Para a comunicação
80 síncrona, existem as ferramentas de debate, onde a interação
entre os participantes pode ser realizada por meio de
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
WebCT
Desenvolvido pela University of British Columbia, no
Canadá, é uma ferramenta voltada à construção de
ambientes educacionais para a web. É uma das mais
utilizadas em todo o mundo, sendo atualmente usada por
mais de 1500 instituições em 61 países (BOLETIM-EAD,
2001, Cunha; Campos; Santos, 1999, Fischer, 2000).
Todo o funcionamento do curso se dá por meio de
páginas WWW, construídas pelos próprios professores, que
podem ainda personalizar o ambiente incorporando novas
ferramentas ou alterando o layout do curso.
O ambiente dispõe de uma variedade de ferramentas,
como chat, auto-avaliação, controle de acesso, lista de
discussão, correio eletrônico, geração de índices automáticos,
calendário de curso, homepage de alunos, pesquisa de
conteúdo de cursos, caderno de anotações, dentre outras.
Outra ferramenta interessante é a possibilidade de
criar grupos de trabalhos, determinando uma área onde um
grupo de alunos pode interagir. Nesta área apenas os
membros do grupo podem escrever, porém os demais alunos
podem observar as colaborações que foram realizadas.
Os usuários do WebCT estão divididos em quatro
classes:
Administrador: tem a responsabilidade de administrar
82 a inclusão e exclusão de cursos no ambiente, além de
controlar senhas de usuários. Após a criação de um curso,
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Lotus® LearningSpace
O Lotus® LearningSpace é um ambiente de EAD
desenvolvido pela Lotus® Education e pela IBM®, com
base no software Domino. É um software comercial que
cria uma infra-estrutura virtual necessária para o ensino a
distância, permitindo que apostilas, anotações de aula,
gráficos, tabelas e vídeos sejam acessados de forma remota,
via Internet ou na intranet de uma instituição.
O LearningSpace é um ambiente composto por
módulos:
· programação (schedule): é utilizado para
apresentar uma lista de tarefas e atividades que serão
realizadas durante o curso. A partir desta o usuário poderá
ter acesso ao conteúdo de qualquer uma das aulas, exercícios
e testes relacionados. Pode ser exibido em tópicos, provendo
uma estruturação hierárquica do curso, ou por um calendário.
· centro de recursos (media center): este módulo
funciona como uma biblioteca do curso armazenando textos,
imagens, áudio e vídeo disponíveis. Estes recursos multimídia,
mantidos pelos responsáveis pelo curso, podem ser
classificados por título, autor, palavra-chave ou tipo da mídia,
além de dispor de uma área de anotações.
· sala de aula (course room): é o local onde serão
realizadas as discussões e tarefas do curso. A ferramenta
de discussão permite a criação de tópicos a serem discutidos
no formato de fórum, que pode ser apresentado por aluno
ou por data. Possibilita, ainda, a criação de enquetes
84 automáticas gerenciadas pelo próprio aluno, além do envio
de arquivos anexados. As tarefas sugeridas pelo professor
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
TopClass
Software desenvolvido pela WBT Systems (Web-
Based Training Systems) que é utilizado por mais de 600
organizações e instituições em todo o mundo. Dispõe de
ferramentas de colaboração e administração que permitem
o gerenciamento do ambiente e a comunicação e interação
entre os participantes. O TopClass dispõe uma ferramenta
de autoria, o TopClass Publisher, que permite ao professor
a rápida criação, estruturação e publicação de cursos. É
possível a adição de recursos multimídia como áudio, vídeo,
animações, dentre outros (Micropower, 2002).
85
O ambiente usa o conceito de turmas, onde os alunos
matriculados terão a sua disposição os cursos oferecidos,
EDUCAÇÃO
que podem ser ofertados para apenas um aluno, ou turma
específica.
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Referências Bibliográficas e
Webgráficas
ANDRADE, Adja Ferreira; BEILER, Adriana. Análise de ferramentas
computacionais colaborativas visando aprendizagem a distância. 1999.
Disponível em: <http://c5.cl/ ieinvestiga/actas/tise99/html/papers/
ferramentas>. Acesso em: 30 jan. 2002.
BITTENCOURT, Dênia Falcão. A construção de um modelo de curso
“lato sensu” via internet – a experiência com o curso de especialização
para gestores de instituições de ensino técnico UFSC / SENAI. 1999.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina.
Disponível em: <http://www.eps.ufsc.br/disserta99/denia/>. Acesso em:
04 jan. 2002.
BOLETIM-EAD. Ambientes. Boletim-EAD Unicamp. n.3, 15 jan. 2001.
Disponível em: <http://www.ead.unicamp.br>. Acesso em: 03 mar. 2001.
CARDOSO NETO, Celso. Tecnologia para EAD: videoconferência.
Disponível em: <http://www.cciencia.ufrj.br/educnet/videconf.htm>.
87
Acesso em: 07 dez. 2001.
EDUCAÇÃO
CARNEIRO, Mara Lúcia Fernandes. Videoconferência: Ambiente para
educação a distância. In: Workshop Informática na Educação - PGIE/
UFRGS. Porto Alegre, 1999. Disponível em: <http://penta.ufrgs.br/pgie/
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
fev. 2002.
WHATIS. Disponível em <http://www.whatis.com>. Acesso em 04 dez.
2001.
Mário Sérgio da Silva Brito (brito@uefs.br)
é graduado em Informática (UCSal),
especialista em informação em saúde, mestre
em saúde coletiva (UEFS) e professor da
Universidade Estadual de Feira de Santana/
BA (UEFS).
89
EDUCAÇÃO
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Interfaces Gráficas
e Educação a Distância
(Silva, 1998).
Mesmo não tendo noção da sua importância, ou de
sua complexidade, as interfaces gráficas têm se tornado
cada vez mais presentes no cotidiano pessoal e profissional
em todo o mundo. Sua definição pode ser baseada em várias
vertentes do saber, entretanto seja à luz da semiótica, da
E
EDUCAÇÃO
91
Ergonomia
A ergonomia tem como papel fundamental a
adaptação do trabalho ao homem, para tanto estuda o
E
EDUCAÇÃO
(Kleis, 2001:100).
EDUCAÇÃO
(modularidade, manutenção...);
· Implementação do plano (participação dos usuários,
redação do manual, definição da formação);
· Definição de um bom ambiente de comunicação;
· Preparação da evolução futura.
Estas etapas reforçam o aspecto multidisciplinar da
equipe que buscará atender os princípios citados, já que
envolvem questões de software, hardware, avaliação,
relações humanas, dentre outras, e sobretudo a participação
de profissionais que estejam envolvidos com o objeto alvo
do sistema a ser elaborado.
Assim, é preciso que esta equipe tenha uma visão
integral do sistema a ser desenvolvido e não apenas atender
as necessidades funcionais primárias. Hix (1993) salienta
que interfaces projetadas unicamente por pessoal de
software, desenvolvidas por decomposição funcional, não
atendendo especificações de usabilidade documentadas e
mensuráveis, sem um processo de refinamentos interativos
e/ou não avaliada empiricamente, têm grandes possibilidades
de apresentarem problemas de interação. Destaca ainda
que muitos problemas de usabilidade de interfaces podem
ser atribuídos a características dos projetistas, como não
possuir conhecimentos prévios sobre as tarefas e os usuários,
não prever erros humanos, concebê-las segundo critérios
de desempenho dos sistemas, prover excesso de
informações, dentre outras.
As etapas sugeridas, à primeira vista, parecem mais
voltadas a questões de análise de sistemas. Entretanto, são
de grande importância para os demais profissionais da
equipe, já que também necessitam ter um conhecimento 101
projeto da interface.
Nesse sentido, Bastien e Scapin (1993) apresentam
oito critérios que determinam a ergonomia de interfaces: a
condução, a carga de trabalho, o controle explícito, a
adaptabilidade, a gestão de erros, a homogeneidade/
coerência, o significado dos códigos e denominações e,
finalmente, a compatibilidade.
A Condução
É característica de um software ergonômico orientar,
informar e conduzir o usuário na interação com o
computador, por meio de mensagens, alarmes, dentre outros.
Neste processo de condução, a interface deve prover meios
para que o usuário tenha sempre a ciência de sua localização
numa seqüência de interações, além de conhecer as ações
que lhe são permitidas e suas conseqüências e, dispor de
informações complementares sempre que for demandado
pelo usuário.
Ao presumir este comportamento, durante a etapa
de planejamento, o projetista da interface estará
proporcionando que o software terá um aprendizado mais
fácil e rápido pelo usuário, gerando, conseqüentemente, um
melhor desempenho e menor ocorrência de erros em sua
operação.
Portanto, para melhor estabelecer a condução do
usuário na manipulação do sistema, a interface deve ser
prestativa, poupando-o do aprendizado de comandos em
excesso ao deixar exposto onde ele está, o que já foi feito, o
que poderá fazer, e como fazê-lo. Para tanto, é necessário
que a interface disponha de um feedback imediato das ações
do usuário, emitindo de forma rápida, clara e concisa uma
resposta a estas ações, proporcionando ao usuário uma
102 sensação de domínio do sistema.
A forma como a interface se comunica com o usuário
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Carga de Trabalho
A carga de trabalho cognitivo para o usuário deve
ser minimizada, ou seja, as informações dispostas não devem
necessitar de esforço para seu entendimento. Quanto mais
concisas e claras, menor será o tempo de leitura e a
ocorrência de erros. Neste sentido, o número de entradas e
passos a serem executados devem ser reduzidos ao máximo,
evitando-se numerosas e complexas ações para se atingir
um objetivo, além de reduzir a densidade informacional,
aumentando a performance do usuário do sistema.
Controle Explícito
O usuário deve possuir o controle sobre
processamento do sistema e isto deve estar explícito, ou
seja, o software deve responder de forma obediente às
solicitações do usuário, executando apenas as ações
solicitadas e somente quando ele requisitar. O controle total
do processamento do sistema implica em dar ao usuário a
possibilidade de ativar, interromper, cancelar suspender e
continuar uma determinada ação. Assim, as possíveis ações
do usuário devem ser antecipadas e um tratamento
adequado deve ser previsto. Isto favorece a aprendizagem
do sistema e a redução de erros, pois o usuário tem a
previsibilidade das ações e conseqüências do sistema.
Adaptabilidade
Uma interface não pode ser preparada para atender
a toda variedade de usuário de uma única forma. É preciso
103
que ela tenha meios para identificar o perfil do usuário e
EDUCAÇÃO
oferecer recursos e facilidades de acordo com a experiência
de cada indivíduo. Quanto mais inteligente for a interface E
Homogeneidade/Coerência
Deve haver uma padronização para os códigos,
denominações e formatos usados na interface, mantendo
padrões e contextos semelhantes. Isto facilita a
aprendizagem, diminui a ocorrência de erros, e facilita a
localização de informações, por dispor de uma linguagem
única que pode ser reconhecida facilmente pelo usuário.
Compatibilidade
EDUCAÇÃO
Percepção Visual
Sob o aspecto visual das interfaces gráficas, também
é preciso considerar critérios que possam corroborar para
maior interação entre o usuário e o sistema. Munari (1997)
destaca que a comunicação visual pode ser causal, sendo
livremente interpretada por quem recebe a mensagem, ou
intencional, que deve conter a totalidade do significado
105
pretendido pela intenção do emissor. Assim, é preciso
elaborar um projeto visual da interface com o máximo de
EDUCAÇÃO
rigor possível no intuito de estabelecer com o usuário uma
comunicação intencional.
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Cores EDUCAÇÃO
E
complementar;
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Fundos
Na comunicação visual, as relações entre figura e o
fundo são de extrema importância para o sucesso da
informação, pois de sua distinção depende a clareza da
mensagem.
O plano de fundo que possuir as mesmas cores dos
elementos dispostos neste, impossibilita o destaque dos
mesmos, prejudicando a simplicidade e a clareza da
comunicação. As cores menos saturadas, mais claras de
preferência em tons azul acinzentado ou claro sem brilho
são as mais indicadas para plano de fundo. Salientando que,
a escolha de cores para esse fim depende dos objetivos a
112
serem alcançados na mensagem, e que o excesso de
elementos sempre é prejudicial ao destaque da figura (Tiski-
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Franckowiak, 1997)
Segundo Parizotto (1997) a composição de fundo
para uma Interface é composta por padrões de texturas e/
ou cores, sua escolha está totalmente ligada ao aumento do
interesse do projeto visual e para que este fundo esteja em
sintonia com o restante do elementos, o mesmo deve seguir
E
EDUCAÇÃO
Fontes
As fontes englobam características, formas e
propriedades de um estilo de letras para leitura. Para
Parizotto (1997), as fontes auxiliam na organização da
informação e aumentam a capacidade de transmissão de
informações das formas textuais.
Atualmente, existe uma grande infinidade de fontes
disponíveis e este número é cada vez mais incrementado.
Variam desde a forma da letra, a possibilidades de cores ao
tamanho e estilo. Bem utilizadas, as fontes podem servir
para atrair a atenção do usuário, variando em peso, tamanho
e cores.
113
No entanto, o uso indiscriminado e não planejado de
EDUCAÇÃO
fontes pode acarretar em perda de legibilidade da informação
e muitas vezes em uma completa confusão que gera uma E
AbC AbC
Figura 3 - Fontes com serifa e sem serifa
Ícones
Apesar do ícone possuir significado que transcende
a sua utilização em computadores, aqui, sua concepção
E
Educação a Distância
Após a problematização de aspectos relacionados ao
projeto e construção de interfaces gráficas, realizaremos
abaixo uma discussão sobre a necessidade de aplicar os
critérios já levantados na elaboração de interfaces voltadas
ao desenvolvimento da Educação a Distância. Para tanto, é
preciso trazer para o leitor algumas considerações sobre a
Educação a Distância, a forma como ela vem sendo
desenvolvida e, principalmente, ressaltar os mecanismos
tecnológicos de mediação atualmente utilizados, para assim,
destacar a importância dos aspectos ergonômicos e visuais
para suas interfaces.
A origem da EAD pode ser relacionada a vários
momentos históricos. Para alguns autores, como Alves
(2001), a EAD se inicia com a invenção da imprensa por
Joanes Guttenberg no século XV, que possibilitou aos alunos
117
da época o acesso aos livros impressos, que até então eram
EDUCAÇÃO
manuscritos, raros e dispendiosos e, em sua maioria, de
propriedade do clero, que detinha o poder e controle sobre
E
Ergonomia e EAD
Como mencionado, educar a distância é uma prática
antiga e sempre baseada em algum tipo de tecnologia. O
livro, o correio, o rádio e a televisão são exemplos de
tecnologias que há muito vêm sendo empregada no ensino
a distância. No entanto, constata-se que as NTIC, originadas
na década de 60 e consolidadas nos anos 90, vêm sendo
cada vez mais utilizada por esta modalidade de ensino. Isto
porque estas tecnologias podem produzir um aumento da
velocidade, das possibilidades de acesso e da perspectiva
de estabelecer maior interação entre professores e alunos
(Brito, 2002).
Nesse contexto, a Internet tem se mostrado como
um meio natural para a difusão da EAD em todo o mundo,
já que reúne uma infinidade de tecnologias que podem ser
empregadas de acordo com as necessidades e anseios de
seus usuários. Bittencourt (1999) aponta que a Internet
possibilita o rompimento de barreiras geográficas de espaço
e tempo, permitindo ainda o compartilhamento de
informações em tempo real, apoiando o estabelecimento de
cooperação e comunicação entre grupos de indivíduos.
A análise de algumas tecnologias, como websites, e-
mail, Chat, videoconferência, assim como algumas
plataformas de EAD, tais como AulaNet e LearningSpace,
nos dá possibilidade de levantar algumas considerações sobre
a ergonomia na Educação a Distância.
Se a princípio as interfaces gráficas visam facilitar a
interação entre usuários e o computador, no caso dos
ambientes de EAD, este aspecto avança no sentido de
proporcionar a interação não só com o computador, mas
entre os sujeitos do processo de ensinar / aprender,
120 permitindo o acesso ao conteúdo didático que será
disponibilizado pelo professor.
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
***
Este estudo destacou a importância de se adotarem
critérios ergonômicos e visuais na elaboração de interfaces
de produção de softwares e de ambientes de EAD, contudo
não integra o escopo deste trabalho esgotar todas as
possibilidades existentes.
É importante salientar ainda que o desempenho dos
122
envolvidos em um curso a distância não tem como fator
preponderante a qualidade da interface, ou mesmo, dos
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
4 ed.
EDUCAÇÃO
Lynn Alves
Delineando a Proposta
A experiência4 surgiu a partir da realização de duas
disciplinas (na modalidade de ensino presencial),
denominadas “Projeto Colaborativo de Aprendizagem em
Rede” e “Educação a Distância”, cada uma com trinta
horas/aula, que se constituiram nas últimas disciplinas de
129
um curso de especialização (pós-graduação lato sensu) em
Informática e Educação, com carga horária total de 360
EDUCAÇÃO
horas. O curso ofereceu disciplinas que objetivavam uma
articulação teórica/prática e outras que enfatizavam a
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
O Caminho Trilhado....
Estávamos vivendo um momento diferente das
disciplinas anteriores, na medida em que, além das aulas
presenciais, realizávamos atividades a distância, adotando
uma metodologia que exigia a participação ativa dos sujeitos,
indo além da mera transmissão de informações. Nos
encontros presenciais, discutíamos os textos, esclarecíamos
as categorias teóricas e metodológicas que pautaram a
proposta de trabalho e interagíamos com os suportes
tecnológicos, já que três alunos não dispunham de
computador conectado a Internet em casa para participar
das atividades propostas, limitando-se ao laboratório da
instituição.
136
É interessante pontuar que, apesar de já estarem no
final de um curso de especialização cujo objeto era a
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
O Revés do Processo
Para realizar o exercício de aprender com o diferente
e romper com o modelo de prática tradicional, centrada no
discurso do professor, tentamos concretizar um processo
de troca que tinha como base a comunicação síncrona e
assíncrona. Contudo, a experiência de produzir
coletivamente apontou diferentes reveses em cada
ferramenta utilizada, como podemos ver na análise abaixo.
Ou ainda
17
Histórico da EAD; Aspectos legais; Ações públicas e privadas;
Perspectativas instrucional ou construtivista; Tutor ou professor?
Netiqueta e Direito autoral e a Internet;. Instituições de EAD no Brasil;.
Experiências de EAD e Universidade Corporativa.
18
www.forumnow.com.br.
19
http://geocities.yahoo.com.br/.
20
Os textos dos sujeitos foram transcritos na integra, sem correção
gramatical.
21
Relato de dois membros do grupo.
22
Grifo meu.
Referências Bibliográficas
FREUD, Sigmund. Conferencia XV – realização de um desejo. Tradução
Christiano Monteiro Oiticica, Rio de Janeiro: Imago Editora, Obras
Completas, 1976, v. 15.
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Comunicação XXV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação –
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Brasília: Plano, 2000, p. 125-146.
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processos psicológicos superiores. Org. Michael Cole...[et al.]; tradução
José Cipolla Neto [et al.], São Paulo, Martins Fontes, 1994.
LÈVY, Pierre.A inteligência colectiva - Para uma antropologia do
ciberespaço. Lisboa: Ed. Instituto Piaget, 1994.
TURKLE. Sherry. La vida em la pantala – La construcció de la identidad
en la era de Internet. Barcelona: Paidós, 1997.
Desmistificando o Conceito de
Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Ambientes virtuais de aprendizagem, expressão muito
utilizada contemporaneamente por educadores,
comunicadores, técnicos em informática e tantos outros
sujeitos e grupos interessados pela interface educação e
comunicação com mediação tecnológica, mas
especificamente pelas relações sócio-técnicas entre
humanos e redes telemáticas de informação e comunicação. 147
Mas afinal o que quer dizer Ambientes Virtuais de
EDUCAÇÃO
Aprendizagem - AVA?
Por ambientes podemos entender tudo aquilo que
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
153
156
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Notas
*
Este trabalho foi apresentado na modalidade de comunicação científica
158 no I Seminário Nacional de Educação e Contemporaneidade promovido
pela Programa de Mestrado da UNEB em novembro de 2002.
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
1
www.abed.org.br.
2
BRASIL/MEC/SEED, Portaria nº 2.253. Brasília, SEED/MEC, out./
2001.
Referencias Bibliográficas
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
E
EDUCAÇÃO
159
EDUCAÇÃO
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Mapas Virtuais:
Ambientes Colaborativos
de Aprendizagem
Alexandra Okada
Site
Mapa
163
Durante a leitura, é fundamental que o leitor construa
seu próprio contexto,2 articulando as informações que
aparecem na web (durante uma navegação intencional ou EDUCAÇÃO
do mapa.
Figura 2 – Texto e Mapa Virtual elaborado no
Nestor Web Cartographer
Segundo Santaella
Notas
1
http://ausweb.scu.edu.au/aw99/papers/eklund2. Tradução feita pela
autora do artigo.
2
Contexto refere-se a todos os elementos que situam o indivíduo em um
lugar no tempo e no espaço. O contexto é uma circunstância que possibilita
o leitor identificar uma informação naquele dado momento.
3
Idem.
4
Tradução da autora do artigo.
Referências Bibliográficas e
Webgráficas
COSTA, R. A Cultura Digital. São Paulo: PubliFolha, 2002.
DODGE, M e KITCHEN, R. Mapping cyberspace. London: Routledge, 167
2001.
EKLUND J, Sawers J e ZEILIGER R. NESTOR Navigator: A tool for EDUCAÇÃO
the collaborative construction of knowledge through constructive
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
navigation. http://ausweb.scu.edu.au/aw99/papers/eklund2
Nestor Web Cartographer. http://www.gate.cnrs.fr/~zeiliger/nestor/
nestor.htm
OKADA, A. A construção coletiva do conhecimento como redes de
significados em ambientes virtuais de aprendizagem. Data: 2002.
Dissertação (Mestrado) - PUC-SP. Orientadora: Prof. Dra. Maria Cândida
Moraes.
SANTAELLA, L. Comunicação e pesquisa: projetos para mestrado e
doutorado. São Paulo: Hacker Editores, 2001.
WURMAN, R. Ansiedade de informação: Como transformar informação
em compreensão. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1991.
Alexandra Okada (ale@projeto.org.br) é
mestre e doutoranda em educação (PUC-SP),
professora da Universidade Mackenzie de São
Paulo e do Colégio Dante Alighieri.
Pesquisadora e mediadora – tutora em vários
projetos de Educação a Distância: ProInfo,
Instituto Vanzolini – USP e OEA –
Organização dos Estados Americanos.
168
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
E
EDUCAÇÃO
Educação e NTIC:
do Pensamento Dialético ao
Pensamento Virtual
1995).
Figura nessa caosmose, como um significativo EDUCAÇÃO
abordagem crítica.
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
EDUCAÇÃO
uma situação, um acontecimento, um objeto
ou uma entidade qualquer (grifo meu), e que
chama um processo de resolução: a
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Notas
*
Texto publicado na Revista da FAEEBA, ano 6, nº 8, Julho a dezembro
de 1997: 89 – 98.
1
Esta palavra está sendo utilizada, em síntese, no sentido de composição
178 em rede; composição através de associações complexas, sempre abertas e
sem um único centro norteador.
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
2
Pierre Lèvy questiona a crença numa instância puramente humana onde
se situa a razão. Para ele, quem pensa é um denso coletivo composto de
pessoas, coisas, instituições e suportes tecnológicos, daí o termo
agenciamento sociotécnico.
3
Autores como Deleuze, Foucault, por exemplo, consideram o papel do
desejo humano no complexo jogo de poder instaurado pela sociedade
capitalista. O que nunca foi cogitado pelo materialismo dialético ortodoxo
E
classes.
Referências Bibliográficas
ADORNO, W., HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
LÈVY, Pierre. As tecnologias da inteligência - o futuro do pensamento na
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ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1994 (Col. Educação
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um olhar sobre o Projeto Internet nas Escolas - Salvador/Ba. Dissertação
de Mestrado, Salvador -Ba: Universidade Federal da Bahia, 1997.
LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna, 2ª ed. Lisboa:
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PRETTO, Nelson de Luca. Uma escola sem/com futuro – educação e
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SAVIANI, Dermeval. Educação: do senso comum à consciência filosófica,
11ª ed. São Paulo: Autores Associados, 1993.
SCHAFF, Adam. A sociedade informática: as conseqüências sociais da
segunda revolução industrial. São Paulo: Editora da Universidade Estadual
Paulista: Brasiliense, 1995.
VATTIMO, Gianni. A sociedade transparente. Biblioteca de Filosofia
Contemporânea, Edições 70, 1991.
Cristiane Nova
A Imagem do Mundo
Seguindo o rastro de autores como Arnaldo Rascovsly
(1986) e Herbert Read (1947), dentre outros2 que tratam
da questão, postulo a idéia de que, no homem, a imagem é a
principal (além de ser a primeira) forma de ver e expressar
o mundo, seja este o universo endógeno de cada ser humano
ou o mundo exterior dos objetos que nos aparecem
oticamente desde que nascemos. Parte-se da premissa de
que, como afirma Arlindo Machado, existe, em algum lugar
dentro de nós, uma instância produtora de imagens, uma
espécie de cinematógrafo interior (1994:9) de onde
emergem imagens mentais que configuram, em boa medida,
o nosso pensar, sentir e agir. Não é por acaso que as
182
primeiras manifestações da criatividade humana foram
exteriorizadas em formas imagéticas. As imagens
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Notas
1
Refiro aos participantes das “primaveras de 1968”, mais especificamente
aos franceses e tchecos.
2
ARNHEIM, R. Arte & percepção visual: uma psiculogia da visão
criadora. São Paulo: USP, 1986; DENIS, M. Image et cognition . Paris:
PUF, 1989. JOHNSON-LAIRD, P. N. Mentals models . Inglaterra:
Harward University Press, 1983. PAIVIO, A. Imagery and verbal process
. Nova York: Holt, Rinehard & Winston, 1971. BARWISE, J., PERRY, J.
194
Situations and attitudes. S. l.: MIT, 1986.
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
3
Evidentemente que eu não poderia abordar com profundidade, num
trabalho desta natureza, o tema explicitado aqui, cuja complexidade não é
pequena. Busco aqui, baseada na bibliografia consultada, apenas trazer
alguns dados e formular uma hipótese geral sobre a temática.
4
A rigor, não se trata de eras, no sentido mais comum do termo, dado que
as características desses “momentos” não surgem e desaparecem de
repente na história, as novas superpondo-se às anteriores. Trata-se mais
de uma questão predominância destas características nas instâncias
E
EDUCAÇÃO
subjetivas e sóciohistóricas.
5
BAUDRILLARD, J. Televisão / Revolução: o Caso Romênia.
PARENTE, A. (Org.)., op. cit., p.147-54.
6
SANTOS, L. G. A televisão e a Guerra do Golfo. PARENTE, A. (Org.).,
op. cit., p.155-61.
7
Júlio Plaza afirma que com as técnicas de numeração e digitalização, as
imagens estão abertas a múltiplas transformações que oferecem imensas
possibilidades no campo da criação de novos imaginários, de realismos
conceituais e a tradução de múltiplas linguagens. (PLAZA,
1993: 83).
8
Pedagógicos, históricos, antropológicos, cognitivos, simbólicos,
imaginários, etc.
Referencias Bibliográficas
AUMONT, J. A imagem. Campinas: Papirus, 1993
BAUDRILLARD, J. Televisão / Revolução: o Caso Romênia. PARENTE,
A. (Org.). Imagem-máquina: a era das tecnologias do virtual. Rio de
Janeiro: Ed. 34, 1993.
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tecnologia e educação. Rio de Janeiro: UFRJ, s. d.
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Imagem-máquina: a era das tecnologias do virtual. Rio de Janeiro: Ed. 34,
EDUCAÇÃO
1993.
LÉVY, P. A ideografia dinâmica: rumo a uma imaginação artificial?. São
E
196
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
E
EDUCAÇÃO
Que Tempo para a Educação?
Uma Leitura Psicanalítica
Previsibilidade e Conhecimento
O interesse em cumprir fielmente o prazo estipulado
produziu uma forte ansiedade, sensação de impotência e
temor em não conseguir concluir o trabalho, e se
manifestaram nos estudantes através de verbalizações do
tipo: Pô, professor, impossível terminar!, assim como
pedidos de aula extra mesmo que fosse das 12 às 12: 30
e exclamações de preocupação quando o sino da escola
tocava, anunciando o término da aula.
As reclamações dos estudantes com o curto prazo
são confirmadas pela preocupação dos professores João e
Ana com o tempo e sua articulação com um prazo prévio a
cumprir. Os relatos do professor João, que afirma só ver
desvantagem no curto tempo, e da professora Ana, que diz
que perder um dia de aula já complica, convergem com o
ditado popular a pressa é inimiga da perfeição e contraria
as idéias de Lacan citado por Quinet (1993), que considera
203
que um tempo curto e que gere incerteza quanto a sua
duração apressa questões pessoais importantes, Segundo
EDUCAÇÃO
ele, a pressa é amiga da conclusão (Lacan apud
Quinet,1993:72), sendo que conclusão para ele não tem
E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
tempo parece passar mais rápido e talvez por isso haja tanto
incômodo com a demora de acesso a Internet. EDUCAÇÃO
Referências Bibliográficas e
Webgráficas
ASSMANN, Hugo. Tempo pedagógico: chrónos e kairós na sociedade
aprendente. In: Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. 4
ed. Petrópolis: Vozes, 2000. p. 189–238.
CLEGG, C. Psychology and information technology: the study of
cognition in organizations. British Journal of psychology. nov., 1994,
v.85, n.4. Disponível em: http://www.cognito.com/cgi-bin/cgi-appl-cgi/
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KAUFMAN, P. Dicionário enciclopédico de psicanálise. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor,1996.
PINHO, Lidia Maria de Menezes. O computador na sala de aula: sua
especificidade na organização e expressão do conhecimento do estudante.
Dissertação de mestrado: UFBA, 2001.
POULICHET, Sylvie. O tempo na psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Editor, 1996.
212
QUINET, Antonio. Que tempo para a análise? In: As 4 + 1 condições da
análise. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993. p.55-81.
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Notas
1
Roleplaying games – Jogo de tabuleiro que surgiu na década de setenta
nos Estados Unidos, no qual o participante vive uma história sem ter de
obedecer a uma posição apenas passiva, sendo parte ator, parte roterista
de um texto que ainda não foi completamente escrito. As regras se
constituem em um apoio que podem, ou não, serem utilizadas, não há
ganhadores: todos se divertem e todos ganham. Este tipo de jogo vem
sendo adaptado para a WEB.
2
São jogos on line nos quais os participantes podem construir diferentes
personagens, atuando no mundo virtual, exercendo o poder da palavra
por meio do teclado.
Referencias Bibliográficas
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede – A era da informação: 223
economia, sociedade e cultura. v.1. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
EDUCAÇÃO
FISCHER, Rosa M B. Mídia e Produção de sentidos: a adolescência em
discurso. In: SILVA, Luiz H. da (org.) A Escola Cidadã no Contexto da
E
224
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
E
EDUCAÇÃO
Ação Docente e Livro Didático
nos Ambientes Digitais
Internet.
Como vemos, para o professor acima, nada mudou
em sua maneira de ensinar a não ser a introdução dos
textos e espaços no ambiente digital como suporte para as
suas aulas. A aula em si, continua a mesma, centrada na
exposição oral do professor. Muitos dos cursos e
E
EDUCAÇÃO
Notas
1
Magda Becker Soares. Livro didático: uma história malcontada. in
http://www.moderna.com.br/escola/prof/art02.html Agosto/97.
234 2
Umberto Eco. From Internet to Gutenberg. A lecture presented by at
The Italian Academy for Advanced Studies in America. November 12,
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
1996.
3
Luli Radfahrer. Design/web/design. São Paulo, Market Press, s/d.
4
Luli Radfahrer, op. cit.
5
Luli Radfahrer, op. cit.
6
Adriana de Souza e Silva e Luciana Ferreira. Z ou como estar imerso no
espaço digital. In 404nOtF0und ANO 1, VOL 1, N. 6, julho 2001 -
E
Cibercultura www.facom.ufba.br/ciberpesquisa/404nOtF0und.
7
Adriana de Souza e Silva e Luciana Ferreira, op.cit.
8
Arthur and Marilouise Kroker. Eye-Through Images. The Post-Alphabet
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E
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
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supermodernidade. Campinas, SP: Papirus,1994.
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
Notas
A primeira versão deste texto foi apresentada no IV Seminário de Pesquisa
da Região Sul, realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
em novembro de 2002.
1
Mudanças rápidas e constantes.
2
Para maiores informações sobre os programas de informática educativa
no Brasil, ver Moraes (1993).
3
Até o momento apenas 2.851 escolas foram contempladas com os
laboratórios de informática e nem todas estão conectadas à Internet. Ver
informações no site: www.proinfo.gov.br.
4 O termo professor “multiplicador” foi criado pelo MEC e utilizado nos
documentos oficiais do Programa para designar os que atuam na formação
249
dos demais professores das escolas públicas.
EDUCAÇÃO
5
O hipertexto é, para Silva, uma teia de conexões de um texto com
inúmeros textos (2000:14). E
6
Ver maiores informações e dowloand do Livro Verde no site: http://
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
www.soinfo.org.br.
7
As consultas públicas do Livro Verde já foram realizadas. Atualmente já
esta sendo discutido o Livro Branco.
8
Embora no dia 27.11.02, tenha sido divulgado que “Morreu o programa
que levaria a Internet às escolas. Ficará somente no papel, no próximo
ano de 2003, o programa de instalação de computadores e de acesso à
Internet nas mais de 13 mil escolas públicas de ensino médio e fundamental
do país. A proposta orçamentária do governo para 2003, que deve ser
aprovada pelo Congresso, ainda este ano, prevê investimentos para o
programa das escolas de apenas R$ 21 milhões, ou 3,76% da previsão de
arrecadação em 2003. Estavam previstos, inicialmente, R$ 460 milhões.
O governo não explica oficialmente, mas, segundo um técnico, se não
fossem usados recursos do Fust para ajudar no superávit primário, a
alternativa seria cortar investimentos de outros setores. (retirado do Jornal
do Brasil, Seção Economia de 26.11.2002)”.
250
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS
E
EDUCAÇÃO
A Hipertextualidade como
Ambiente de Construção de Novas
Identidades Docentes
EDUCAÇÃO
contadores impregnavam as histórias de suas marcas
pessoais, recontando os fatos com seu estilo próprio. E
correta.
As pessoas que se formam nas sociedades da escrita
são fruto dessa relação com o conhecimento. Portanto, pode-
se dizer que são pessoas que entendem o mundo de um
modo mais linear, que tendem a fragmentar os saberes em
visões parciais da realidade (por exemplo, em disciplinas ou
E
EDUCAÇÃO
Conclusões
Um certo tipo de professor – o simples transmissor
de conteúdos – já está com os dias contados. Aquele era o
professor da educação bancária, que pensava que
dominava todos os saberes, precisava trazer tudo pronto
para seus alunos e devia avaliar quantos conteúdos eles
haviam memorizado. Isolado em sua ilha de conhecimentos,
ele se achava auto-suficiente e acreditava que nada do que
ocorria tinha impacto suficiente a ponto dele ter que mudar
algo em suas aulas, preparadas há anos. Não creio que haja
mais lugar para esse tipo de professor no mercado
educacional, em pouco tempo. Tudo o que ele faz um
programa de computador pode fazer melhor, e com mais
diálogo e interatividade do que normalmente ele permitia
haver em suas aulas.
Hoje surge uma figura mais importante, decisiva: um
novo mestre, que precisa ajudar a construir a escola mais
coerente com a era da cibercultura.
Uma escola menos linear e mais integrada, na qual
os alunos trabalhem por projetos de seu interesse, e não
precisem recortar os conteúdos como se eles não tivessem
nenhuma relação entre si. Uma escola que seja capaz de
desenvolver competências, disposições de aprendizagem –
como autonomia para aprender, capacidade crítica para
selecionar a informação, consciência para utilizar os
conhecimentos em prol da sociedade, como cidadãos... Muito
mais do que simplesmente prover informações cujo único
sentido para o aluno era dizer que eles iam “cair na prova”. 265
Notas
1
- Conversas com maior ou menor grau de (in)formalidade, mantidas via
Internet.
2
Tradução da autora.
3
- Ao dizer que a investigação é realizada sob uma perspectiva crítica,
entende-se que nela há uma intenção de, mais do que conhecer a realidade,
modificá-la. Deste modo, ao invés de constituir um conjunto de diretrizes
e regulamentações, a pesquisa aparece como uma aliada para a prática,
visando capacitar os indivíduos para o conhecimento de si mesmos e das
suas situações e conscientizando-os quanto ao processo de formação e
transformação social, a partir do estudo das tensões, lutas e interesses
que a rotina oculta.
4
Tradução da autora.
266
Referências Bibliográficas
TECNOLOGIA: TRILHANDO CAMINHOS